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Maj Art EDUARDO DINIZ A AVIAÇÃO DO EXÉRCITO, DEZ ANOS APÓS SEU RESSURGIMENTO: EXPERIÊNCIAS COLHIDAS E PROPOSTAS PARA SEU APERFEIÇOAMENTO MONOGRAFIA APRESENTADA COMO EXIGÊNCIA CURRICULAR PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DO CURSO DE ALTOS ESTUDOS MILITARES ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR RIO DE JANEIRO - 1996

10 Anos de Aviaçao do Exército

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Page 1: 10 Anos de Aviaçao do Exército

Maj Art EDUARDO DINIZ

A AVIAÇÃO DO EXÉRCITO, DEZ ANOS APÓS SEU RESSURGIMENTO:

EXPERIÊNCIAS COLHIDAS E PROPOSTAS PARA SEU APERFEIÇOAMENTO

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO EXIGÊNCIA CURRICULAR

PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DO CURSO DE ALTOS

ESTUDOS MILITARES

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR

RIO DE JANEIRO - 1996

Page 2: 10 Anos de Aviaçao do Exército

c1996

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITOPraça General Tibúrcio 125 - Praia Vermelha - Rio de Janeiro

Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitosautorais, é considerado propriedade da ESCOLA DE COMANDO EESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME).

É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou menção ao mesmo, paracomentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita areferência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e nãodefinem uma orientação institucional da ECEME.

( Ficha catalográfica elaborada pelo autor )

DINIZ, Eduardo A Aviação do Exército, dez anos após seu ressurgimento: experiências colhidas e propostas para seu aperfeiçoamento. Rio de Janeiro : ECEME, 1996. 47 p. il.

Monografia(Curso de Altos Estudos Militares ),ECEME.

1. Aviação do Exército. 2.Operações aeroterrestres e aeromóveis. I.Autor. II.Título

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................05

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO................................................................................06

CAPÍTULO 2 - RESUMO HISTÓRICO ...................................................................08

CAPÍTULO 3 - EVOLUÇÃO DA DOUTRINA3-1. O PONTO DE PARTIDA..................................................................................133-2. OS PRIMEIROS PASSOS................................................................................143-4. A BRIGADA DE AVIAÇÃO DO EXÉRCITO......................................................163-4. O EMPREGO COM O BATALHÃO DE INFANTARIA LEVE............................173-5. O APROVEITAMENTO DAS EXPERIÊNCIAS ................................................193-6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................20

CAPÍTULO 4 - FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO PILOTO4-1. OS PRIMEIROS PASSOS ...............................................................................214-2. O CIAvEX ........................................................................................................224-3. A PROBLEMÁTICA DA FORMAÇÃO E DO APERFEIÇOAMENTO DO PILOTO ...........224-4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................27

CAPÍTULO 5 - ADESTRAMENTO E OPERAÇÃO5-1. GENERALIDADES ..........................................................................................285-2. O DESDOBRAMENTO DA UNIDADE AÉREA ................................................285-3. O VÔO DE COMBATE ....................................................................................315-4. A CONDIÇÃO TERRESTRE DO TRIPULANTE DE HELICÓPTERO .............345-5. A OPERAÇÃO EM LOCALIDADE ...................................................................355-6. O APOIO LOGÍSTICO .....................................................................................36

CAPÍTULO 6 - O VOCACIONAMENTO DA AVIAÇÃO6-1. GENERALIDADES ..........................................................................................396-2. O CARÁTER EVENTUAL DA REALIZAÇÃO DO ASSALTO AEROMÓVEL ...406-3. AS VANTAGENS OPERACIONAIS DA REALIZAÇÃO DAS MISSÕES DEATAQUE E RECONHECIMENTO AEROMÓVEL ...................................................416-4. A GRANDE DEMANDA DE MEIOS PARA A REALIZAÇÃO DO ASSALTOAEROMÓVEL .........................................................................................................426-5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................43

CAPÍTULO 7 - CONCLUSÃO ................................................................................44

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................46LISTA DE ESQUEMAS

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Primeiros trabalhos de terraplanagem na área da antiga 12ª Bia AAAe

......................................................................................................................09

FIGURA 2 - Pátio de estacionamento de aeronaves do 1° B Av Ex no ano de

1989..............................................................................................................10

FIGURA 3 - Pátio de estacionamento de aeronaves do 1° B Helcp no ano de 1992

......................................................................................................................11

FIGURA 4 - O C Av Ex no ano de 1993 .................................................................12

FIGURA 5 - A B Av T no ano de 1994, com sua pista de 1150 m ..........................12

FIGURA 6 - Adestramento com o 5° BIL ................................................................17

FIGURA 7 - Vôo de instrução dos oficiais do Exército no Curso de formação de

pilotos da Marinha do Brasil ........................................................................21

FIGURA 8 - Desdobramento de um Esqd Av Ex ....................................................29

FIGURA 9 - Helicóptero em Z Reu Pel ...................................................................30

FIGURA 10 - Conjunto individual de sobrevivência ...............................................34

FIGURA 11 - Reservatório flexível de combustível ................................................37

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DINIZ, Eduardo. Aviação do Exército, dez anos após seu ressurgimento:experiências colhidas e propostas para seu aperfeiçoamento. ECEME : 1996.Monografia.

O trabalho versa sobre os dez anos de atividade da Aviação do Exércitodecorridos desde o seu ressurgimento. O estudo desse período visa registrar asexperiências colhidas e apresentar sugestões para o aperfeiçoamento daquelaaviação. Para alcançar tal objetivo, o tema foi dividido em sete capítulos. Noprimeiro deles, destaca-se o contexto da realização do trabalho e os seusobjetivos. O capítulo seguinte apresenta um resumo histórico dos principais fatosdessa época, destacando as várias e rápidas transformações vividas pela Aviação.O terceiro capítulo contém as informações referentes à evolução da doutrina deemprego, incluindo as operações em conjunto com os Batalhões de Infantaria Levee outras experiências. O capítulo subseqüente mostra a evolução e o atual estágioda formação e aperfeiçoamento do piloto, registrando o papel do CIAvEx e osóbices e dificuldades dessas atividades. No quinto capítulo, mostra-se comoaconteceram e vêm se desenvolvendo o adestramento e a operação, ressaltando-se o vôo de combate, o desdobramento das unidades e o apoio logístico. Nopenúltimo capítulo, aborda-se o assunto mais relevante do trabalho, questionando-se a validade de manter-se até a atualidade o vocacionamento da Aviação, queprioriza o assalto aeromóvel. Finalmente, o trabalho conclui destacando aspropostas para o aperfeiçoamento tratadas em cada capítulo e , em especial, anecessidade de alterar a priorização dada ao assalto aeromóvel.

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CAPÍTULO1

INTRODUÇÃO

A Aviação do Exército, após um longo período em que permaneceu

desativada, iria ressurgir no ano de 1986. A reativação de uma atividade de

enorme complexidade, envolvendo elevados custos, avançada tecnologia,

meticuloso preparo de pessoal, modernas concepções doutrinárias, impôs um

grande desafio à Força Terrestre.

Dez anos após esse ressurgimento, o programa de implantação da Aviação

prossegue, mas já é possível realizar-se um retrospecto e contabilizar-se os

progressos feitos.

Com esse objetivo, este trabalho procurará listar as experiências colhidas e,

avaliando os acertos e erros, propor medidas que visem a aperfeiçoar a referida

implantação.

Pela grande amplitude do tema, buscar-se-á delimitá-lo àqueles aspectos

julgados de maior importância e que estão diretamente relacionados à experiência

do autor.

Sendo assim, será apresentado, inicialmente, um breve histórico, procurando

ressaltar os fatos mais importantes ocorridos nesse período de implantação e, em

capítulos subseqüentes, tratar-se-á da evolução da doutrina, da formação e do

aperfeiçoamento do piloto, do adestramento e da operação e, por último, do

vocacionamento dado à Aviação do Exército para o atendimento às necessidades

da Força Terrrestre.

Esse trabalho foi desenvolvido tomando por base os documentos definidores

do programa de implantação (estudos de estado-maior, portarias de criação e

extinção de unidades), quadros de organização e quadros de distribuição de

material das organizações militares, os manuais “O Batalhão de Helicópteros” (ME

1-20) e “Emprego da Aviação do Exército” (C 1-3), nos programas-padrão de

adestramento do Esquadrão de Aviação do Exército, e nas normas operacionais do

Comando de Aviação do Exército.Naqueles assuntos relacionados ao emprego, ainda não regulados por

manuais, tomou-se por base a documentação a eles referente e utilizada nos

cursos ministrados no Centro de Instrução de Aviação do Exército.

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O enfoque dado aos assuntos aqui tratados será o de um oficial da Aviação do

Exército, possuidor do curso de piloto, que, além de ter estagiado por um ano e

seis meses em unidade de aviação da Marinha do Brasil (MB), serviu de 1991 a

1995 apenas em unidades operacionais de Aviação, tendo sido, na maior parte do

tempo, o Chefe da 3ª Seção do antigo 1° Batalhão de Helicópteros.

Fruto da experiência vivida, procurar-se-á dar um destaque especial ao

aspecto do vocacionamento da Aviação, procurando questionar a validade de se

considerar como verdadeira, até hoje, a priorização dada ao assalto aeromóvel.

Tal questão será tratada com tão elevado grau de importância, não só por

considerar que dela resulta a explicação sobre a necessidade de existência da

aviação num Exército de poucos recursos como o nosso, mas também porque

dessa definição se determinam fatores de suma importância como : material a se

adquirir, objetivos da formação do pessoal, estruturação das unidades, aspectos

doutrinários do emprego e outros.

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CAPÍTULO 2

RESUMO HISTÓRICO

A Aviação Militar nasceu em 1876, quando, na Guerra da Tríplice Aliança, pelo

esforço do Patrono do Exército Brasileiro, o Duque de Caxias, as forças brasileiras

se utilizaram pela primeira vez de balões para a observação do campo de batalha.

A trajetória então iniciada só seria interrompida em 1941, com a criação do

Ministério da Aeronáutica que, ao herdar os meios e o pessoal especializado da

Marinha e do Exército, tornou-se a única força dotada do vetor aéreo.

Já na década de 70, seguindo uma tendência mundial, o Exército, após a

Marinha do Brasil (MB) já tê-lo feito, passou a estudar a possibilidade de possuir a

sua própria Aviação para o atendimento das novas demandas da guerra moderna.

A necessidade da aeromobilidade para a Força Terrestre levou o Estado-Maior

do Exército (EME) a criar, a partir de 24 setembro de 1985, uma comissão para

confeccionar a proposta de implantação da Aviação do Exército.Terminado o

trabalho da comissão, o EME, em 27 de novembro de 1985, encaminhou a

proposta para aprovação do Senhor Ministro do Exército.

Após a aprovação ministerial, foi estabelecida uma comissão de implantação

da Aviação. Essa comissão, além de trabalhar sobre a mencionada proposta, deu

início à seleção da primeira turma de pilotos e mecânicos a ser formada na MB e

na Força Aérea Brasileira (FAB). Tais cursos tiveram início em março de 1986.

A comissão de implantação da Aviação do Exército terminou seus trabalhos

em 25 de agosto de 1986, apresentando uma Proposta de Criação da Aviação, que

foi encaminhada à Presidência da República para aprovação.

A 03 de setembro de 1986, o então Presidente José Sarney, através do

Decreto Nr 93206 , criava a Aviação do Exército e com esta a Diretoria do Material

de Aviação e o 1° Batalhão de Aviação do Exército (1° BAvEx ).

Um ano após sua criação, a Aviação do Exército contava com a primeira turma

de pilotos e mecânicos já formados na MB e na FAB. Até o início do funcionamento

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do 1° BAvEx, estes militares permaneceram realizando estágio naquelas forças.

A cidade deTaubaté foi designada como sede do 1° BAvEx sendo, a partir do

dia primeiro de janeiro de 1988, estabelecido o núcleo de comando da futura

unidade no modesto aquartelamento que pertencera a 12ª Bateria de Artilharia

Antiaérea (12ª Bia AAAe) .

FIGURA 1 - Primeiros trabalhos de terraplanagem na área da antiga 12ª Bia

AAAe

Findo o processo de licitação de compra do material, do qual saiu vitorioso o

consórcio liderado pela empresa francesa Aerospatiale, estabeleceu-se na sede

desta uma comissão de recebimento, encarregada de acompanhar o cumprimento

do contrato, sobretudo quanto aos prazos e ao atendimento das especificações

técnicas do material adquirido.

A idéia inicial da comissão de implantação era receber, primeiramente, os

helicópteros de manobra, uma vez que se priorizava o emprego de aeronaves no

transporte de tropa. Tal idéia foi abandonada por se verificar que, para a operação

daquele tipo de helicóptero, seria necessária uma grande experiência dos pilotos, o

que não seria possível naquele estágio da implantação. Dessa forma, resolveu-se

receber inicialmente os helicópteros de reconhecimento e ataque, concretizando-se

essa decisão em abril de 1989, com o recebimeto da primeira unidade.

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A partir de então, intensificaram-se as atividades de instrução e de

estruturação do 1° BAvEx. Ressalta-se, nessa fase, o trabalho pioneiro das

equipes que organizaram a instrução, o apoio de solo1 e, principalmente, os

trabalhos e a infra-estrutura de manutenção e suprimento. A grande dificuldade

para a manutenção das aeronaves foi o estabelecimento de rotinas que

permitissem o controle do material e a realização dos serviços. O apoio irrestrito

das forças irmãs e o excelente nível do pessoal envolvido contribuíram para o

sucesso de tais atividades.

FIGURA 2 - Pátio de estacionamento de aeronaves do 1° B Av Ex no ano de

1989

Estruturalmente, a Aviação do Exército passou, a partir de então, por uma

série de transformações. A primeira ocorreu a 24 de novembro de 1989 com a

criação da Brigada de Aviação do Exército.

Como marco na instrução ressalte-se a criação do Centro de Instrução de

Aviação do Exército (CIAvEx) que estabeleceu-se como núcleo em 1991 e,

efetivamente, passou a funcionar a partir de janeiro de 1992.

Além do 1° Batalhão de Helicópteros (1° B Helcp), antigo 1° BAvEx, a Brigada

de Aviação do Exército (Bda Av Ex) passou a contar , também em janeiro de 1992,

1 compreende os serviços de bombeiro, controle tráfego aéreo e de busca e resgate

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com o Batalhão Logístico de Aviação do Exército (B Log Av Ex), a Companhia de

Precursores de Aviação do Exército (Cia Prec Av Ex) e o Destacamento do 1°

Batalhão de Helicópteros, este último localizado em Manaus e sob o controle

operacional do Comando Militar da Amazonia (CMA).

FIGURA 3 - Pátio de estacionamento de aeronaves do 1° B Helcp no ano de

1992

Esta fase da implantação foi marcada pelo início da preparação para o

emprego operacional, acelerando-se a aquisição dos conhecimentos doutrinários

necessários, o implemento de exercícios das frações de helicóptero e as primeiras

participações em exercícios de grande comando.

A Bda Av Ex existiu com esse nome até julho de 1993 quando foi extinta para a

criação do Comando de Aviação do Exército (C Av Ex).

Em agosto do mesmo ano, foi extinto o 1° B Helcp e foram criados o 1° Grupo

de Aviação do Exército (1° GAvEx), os 1° , 2° e 3° Esquadrões de Aviação do

Exército (Esqd Av Ex) e o 1° /2° Grupo de Aviação do Exército (1° /2° GAvEx).

Enquanto os primeiros mantiveram-se em Taubaté, o 1° /2° GAvEx instalou-se em

Manaus, absorvendo o pessoal e o material da unidade aérea ali existente e

ficando subordinado diretamente ao CMA.

Essa estrutura mantém-se até os dias atuais, dez anos após a criação da

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Aviação do Exército.

Nesse período, mais precisamente até junho de 1996, foram voadas cerca de

sessenta e uma mil e oitocentas horas em missões de instrução , adestramento,

manutenção e operações reais. Na B Av T, já trabalhavam cerca de dois mil

militares, existiam sete quartéis e duzentas e trinta e seis unidades residênciais .

FIGURA 4 - O C Av Ex no ano de 1993

FIGURA 5 - A B Av T no ano de 1994, com sua pista de 1150 m

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Foi um curto espaço de tempo em que foram efetivadas grandes metas e seexperimentaram e vivenciaram valorosas experiências.

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CAPÍTULO 3

EVOLUÇÃO DA DOUTRINA

3-1. O PONTO DE PARTIDA

Os primeiros preceitos doutrinários, desta fase da Aviação do Exército, foram

emanados pela Comissão de Estudo para implantação da Aviação do Exército.

Nos documentos confeccionados pela comissão foram definidos a missão

geral, as missões básicas, as missões especiais, a estrutura geral da Aviação do

Exército e os requisitos básicos operacionais dos helicópteros.

A missão geral definida foi:

“ Proporcionar aeromobili dade à Força terrestre, nasações de combate, de apoio ao combate e de apoio admi-nistrativo, aumentando sua capacidade operacional” .

Foram prescritas como missões básicas: o assalto aeromóvel, o ataque, o

reconhecimento e segurança, a ligação e observação, o comando e controle, as

operações de guerra eletrônica e o apoio logístico.

Ao tratar da estrutura organizacional das unidades aéreas e, em particular das

companhias de helicópteros, um aspecto dessa proposta deve ser ressaltado: a

prioridade dada para a missão de assalto aeromóvel. As companhias, que eram

mistas, possuiriam três pelotões de helicópteros de manobra e um de

reconhecimento e ataque.

A observação, feita pela comissão, considerava que no caso brasileiro, a

semelhança de outros países do continente, dever-se-ia levar em conta tal

priorização pelas características próprias do teatro de operações continental, onde

avultam os rios caudalosos, os grandes espaços e uma deficiente rede rodoviária.

A validade dessa argumentação será analisada no capítulo 6 deste trabalho.

A comissão definiu, ainda, que um mesmo helicóptero deveria cumprir asmissões de reconhecimento e ataque uma vez que essa seria uma solução viável ebarata.

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Os fundamentos doutrinários acima referidos passaram a ser aperfeiçoados e

complementados com as experências adquiridas ao longo desses dez anos.

3-2. OS PRIMEIROS PASSOS

Ao dar seus primeiros passos, apoiada pela FAB e pela MB, a Aviação do

Exército não pôde usufruir dos conhecimentos doutrinários de emprego das Forças

irmãs haja vista a diversidade da sua missão.

A FAB, apesar de operar já há bastante tempo no tranporte de tropas do

Exército, o fazia , quase sempre, num quadro de guerra irregular, de forma diversa

do que seria preconizado para um assalto aeromóvel.

As maiores mudanças ocorreram no ano de 1990. Foi nesse ano que a Escola

de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) editou o manual “O Batalhão de

Helicópteros” (ME 1-20). Baseado na experiência de outros Exércitos e adaptado a

nova organização da Aviação que previa, a Bda Av Ex, esse manual orientaria as

primeiras iniciativas no campo do emprego operacional das unidades aéreas.

Foi também em 1990 que o Exército enviou os primeiros pilotos para realizar

curso relacionado com o emprego na Aviação do Exército Francês. Através do

primeiro contato que os pilotos tiveram com o vôo de combate e exercícios

empregando frações de helicópteros, foi possível montar o currículo do primeiro

curso de piloto de combate, ministrado no Núcleo do CIAvEx em 1991.

A partir de então, passaram a ser exploradas as técnicas dos diferentes tipos

de vôo o vôo a baixa altura, o vôo de contorno e o vôo desenfiado bem como

a manobra das frações de helicópteros nas diferentes missões de combate. Foram

definidos, também, dados de planejamento, formas de atuação e coordenação

entre as frações e foi desenvolvido o método de planejamento do comandante da

fração de helicóptero, o seu estudo de situação.

Outro grande avanço seria vivido a partir do cumprimento das primeiras

missões das quais a Aviação participou.

Assim, operações como a Ajuricaba, Águia I e Perroloco, levaram as unidades,

que até então se preocupavam em treinar suas tripulações nas atividades

denominadas de habilitação operacional (operação de guincho, gancho, “mac-

guire”, “hello-casting” e outros), a experimentar o emprego das frações em combate

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sem que se tivesse, ainda, a experiência necessária para tal. Essas operações

ocorrendo nos anos de 1990 e 1991, coincidiram com os primeiros experimentos

doutrinários feitos no então núcleo do CIAvEx.Essas e outras operações realizadas na Amazônia trouxeram grandes ensina-

mentos quanto aos preceitos gerais de concentração estratégica e às atividades de

suprimento e manutenção.

No que diz respeito à concentração estratégica os seguintes aspectos foramobservados:

- as dificuldades de condução de uma força que tenha mais de cinco

helicópteros (devido ao tempo de abastecimento, às más condições meteorológicas

porventura existentes, à manutenção do sigilo e à maior complexidade das

operações de pouso e decolagem);

- o grande gasto de horas de vôo em deslocamento comparativamente às

horas voadas em missão2; e

- dificuldade de apoio nos pernoites, devido ao grande número de

tripulantes.

Com relação às grandes formações de helicópteros e à dificuldade de apoio

das mesmas nos pernoites, a solução adotada para as operações subsequentes foi

a constituição de várias unidades de marcha que, dentro do possível, percorreriam

rotas de vôo diferentes.

No que tange ao gasto de horas de vôo em deslocamento, as soluções

visualizadas e , de difícil execução até o momento, são as que consideram o

empenho, no transporte dos helicópteros para a zona de combate, dos meios da

FAB e MB. Considerando-se, principalmente, a imensa costa brasileira seria

bastante compensador a utilização de navios aeródromos para este fim.

As grandes distâncias de apoio, existentes na realização de missões deste

porte, forçaram, com relação ao Ap Log, a adoção de soluções muito próximas das

situações de conflito. O B Log Av Ex, na época, desdobrando-se junto à área de

trens do B Helcp, deixou em sede pessoal que fazia as vezes de Unidade logística

com atribuição de parque de manutenção, e junto às Bases Logísticas (Ba Log) do

comando enquadrante, destacou equipes para figurar a Base Logística de Aviação

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do Exército (Ba Log Av Ex), procurando dessa forma testar o fluxo do suprimento

desde a Zona de Interior (ZI) até os B Log Av Ex na Zona de Combate (ZC).

Utilizando-se de meios mobilizáveis em situação de conflito, a realização do

suprimento em itens de aviação mostrou-se bastante rápida, permitindo, às vezes,

que um equipamento solicitado num dia chegasse ao seu destino na manhã do dia

seguinte. Dessa forma, os trabalhos de manutenção, o ponto crucial para o

sucesso das operações, foram bastante facilitados. Maiores considerações acerca

da manutenção e suprimento serão feitas no Capítulo 5 que trata do adestramento

e da operação.

3-3. A BRIGADA DE AVIAÇÃO DO EXÉRCITO.

A primeira experiência da Aviação como grande unidade , aconteceu no ano

de 1992, quando da participação da Bda Av Ex na Operação Guanandi. Exercício

de posto de comando (Exercício de PC) realizado pelo Comando Militar do Oeste,

permitiu uma primeira avaliação acerca das frentes de atuação de uma brigada de

aviação e de suas unidades. Contribuiu, ainda, para a exploração das possibilida-

des da Aviação em uma ação em profundidade, bem como, para a avaliação da

performance dos tipos de vôo, considerando-se as condicionantes do terreno

(orografia e hidrografia) característico da Região do Pantanal.

A base doutrinária da Bda Av Ex considerava que o B Log Av Ex prestaria o

apoio especializado em aviação (suprimento, manutenção, pessoal) aos B Helcp. O

exercício desenvolveu-se em área operacional de continente (AOC), ficando os

três B Helcp desdobrados com distância entre os mesmos de cem a duzentos

quilômetros. A primeira constatação foi que em AOC seria normal a necessidade

de abertura de subárea de apoio logístico (S A Ap Log). Também seria importante

que a área de apoio logístico (A Ap Log), as S A Ap Log e as áreas de trens (AT)

dos batalhões estivessem servidas por uma boa malha rodo-ferroviária. A

existência de helicópteros pesados para a realização do suprimento seria

importante nessas situações.

No exercício foi figurado o emprego de um batalhão de helicópteros cuja

missão era realizar um assalto aeromóvel a cento e vinte quilômetros no interior

2 Para um deslocamento de Taubaté a Manaus e retorno, gastava-se, em média, 42 horas de vôo, sendo

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das linhas inimigas. Dentro dos preceitos válidos na época, observou-se a grande

dificuldade para a realização de um assalto com tal profundidade e, também, pôde

se constatar a influência daquele terreno bastante peculiar sobre o tipo de vôo a

ser realizado. As considerações acerca dos aspectos aqui observados serão

tratadas com mais profundidade no Capítulo 5 desta monografia.

No campo da doutrina, a Bda Av Ex desempenhou papel importante ao auxiliar

a ECEME, na confecção do anteprojeto do manual “Emprego da Aviação do

Exército” (C 1-3). Diferentemente do ME 1-20 a elaboração desse manual contou

com alguma experiência dos oficiais que viviam a Aviação. Os preceitos gerais,

nele preconizados, orientaram o currículo dos cursos, os programas-padrão das

unidades aéreas e o emprego operacional da aviação até a atualidade.

3-4. O EMPREGO COM O BATALHÃO DE INFANTARIA LEVE (BIL)

A partir de 1993 a Bda Av Ex passou a operar com o 5° BIL, unidade sediada

em Lorena. O primeiro exercício ocorreu no início desse ano, antes mesmo do

início do ano de Instrução, com a Operação Mantiqueira e, depois, se repetiu nos

períodos de instrução de qualificação e adestramento. Com uma programação

aperfeiçoada, os exercícios em conjunto com o BIL aconteceram novamente em

1994 e em 1995, sendo nesse último realizados, também, com os 6° e 39° BIL.

normalmente previstas 25 horas de vôo na missão.

Page 19: 10 Anos de Aviaçao do Exército

FIGURA 6 - Adestramento com o 5° BIL

Desde o início, algumas necessidades básicas evidenciaram-se:

- o planejamento conjunto desde o recebimento da missão até a execução

da mesma;

- a dificuldade de integrar os planejamentos com a força de superfície, em

virtude, não só da distância entre ambas as forças, mas também pela falta de

hábito e de padrões que definam a ligação entre elas;- a manutenção da ligação entre a força de superfície e força de

helicópteros desde o aprestamento até o estabelecimento da cabeça-de-ponte

aeromóvel;

- a necessidade de preservação dos meios aéreos nos momentos que

antecedem à operação, possibilitando uma maior disponibilidade3 de meios;

- a dificuldade de obterem-se os meios necessários à realização do assalto,

bem como, da obtenção da certeza de que as expectativas de disponibilidade dos

mesmos seriam atendidas;

- a facilidade da realização de assalto, contando-se com precursores

aeromóveis;

- a necessidade de uma preparação conjunta intensa; e

- a definição, com maior precisão, da forma de atuação das frações de

helicópteros de reconhecimento e ataque no reconhecimento dos itinerários de

infiltração, na escolta da força de helicópteros, na liberação da zona de pouso de

helicópteros, na cobertura ao desembarque e no estabelecimento da cabeça-de-

ponte.

Após os exercícios realizados as principais lições obtidas foram:

- a necessidade de definição, nos regulamentos que tratam do planejamento

das missões de assalto aeromóvel, da forma como deve se dar a integração dos

planejamentos e de um maior detalhamento das relações de comando entre os

elementos que constituem a força-tarefa aeromóvel ( FT Amv) durante as várias

fases da missão;

- a necessidade da existência de um helicóptero posto de comando (PC), a

3 Situação do helicóptero que possibilita a sua utilização levando em conta os requisitos técnicos de

manutenção

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partir do qual tanto o comandante da força de superfície como o da força de

helicópteros possam controlar o movimento, o desembarque, as condutas e até

mesmo, se for o caso, a consolidação da cabeça-de-ponte;- a ordenação do embarque levando em conta a prioridade de cada fração,

tendo em vista diminuir os remanejamentos em caso de indisponibilidade de

aeronaves;

- a utilização de oficiais de ligação (O Lig), não apenas por ocasião do

planejamento, mas também na área de embarque, acompanhando o aprestamento

e o embarque propriamente dito;

- a limitação ao uso do precursor, função do tempo necessário à sua

infiltração nesses casos, a liberação da zona de pouso de helicóptero (ZPH)

será feita pela fração de helicópteros de reconhecimento e ataque que anteceder

ao movimento;

- a dificuldade de se obter a disponibilidade de meios ideal, fruto da normal

ocorrência de panes inopinadas no equipamento;

- a necessidade de existência de meios em reserva, tendo em vista atender

aos imponderáveis listados acima; e

- a necessidade de helicópteros pesados para o transporte de suprimento e

dos meios de apoio de fogo orgânicos da Brigada de Infantaria Leve.

3-5. O APROVEITAMENTO DAS EXPERIÊNCIAS

As experiências colhidas foram várias, no entanto, muitas das lições delas

decorrentes, não estão sendo aproveitadas, devido à própria estruturação da

Aviação do Exército.

O órgão difusor da doutrina é o Centro de Instrução de Aviação do Exército

que não dispõe de estrutura capaz, pela sua própria natureza, de experimentar em

sua plenitude a doutrina preconizada.

Quem opera com a tropa e se adestra com frações constituídas são as

unidades aéreas. Como não existe uma ligação maior destas com o CIAvEx,

permitindo uma retroalimentação do sistema, alguns preceitos doutrinários

passíveis de modificação ou mesmo inclusão permanecem sem difusão.

Dessa forma as experiências vividas, seja na operação com os BIL, seja nos

exercícios de grande comando, seja em operações em ambiente de selva, deixam

Page 21: 10 Anos de Aviaçao do Exército

de figurar nos cursos ministrados pelo CIAvEx. Sendo assim, aquele conhecimento

que já se considerava estar assimilado, tem de ser novamente repassado aos

oficiais recém- egressos de tais cursos.

Para se solucionar o problema acima apresentado, sugere-se a implantação,

no C Av Ex, de uma seção de doutrina, encarregada de processar os ensinamentos

colhidos, em função da operação e do adestramento das unidades aéreas,

repassando-os para o CIAvEx, supervisionar os estudos doutrinários desenvolvidos

naquele estabelecimento de ensino e promover experimentos com emprego das

unidades aéreas.

3-6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pode-se observar, os avanços experimentados no campo da doutrina de

emprego da Aviação foram vários, destacando-se dentre eles a operação em

grandes frentes e profundidades, a concentração estratégica para a aviação, a

necessidade de exercitar os meios mobilizáveis desde os tempos de paz, as

peculiaridades do apoio logístico de aviação e a operação com o BIL.

A despeito de todo esse avanço, o aproveitamento no campo da doutrina não

tem sido ótimo, devido ao tratamento dado a evolução que atualmente não

privilegia a experiência. A restruturação da Aviação, dando igual atenção a

pesquisa e a experiência, permitirá uma evolução mais rápida e mais coerente com

a realidade.

Page 22: 10 Anos de Aviaçao do Exército

CAPÍTULO 4

FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO PILOTO

4-1. OS PRIMEIROS PASSOS

Como já foi destacado no capítulo 2, a preparação do pessoal para o

desempenho das funções mais críticas, tais como piloto e mecânico de vôo,

começou antes mesmo da aprovação da proposta de implantação da Aviação do

Exército.

Os apoios da FAB e da MB foram importantíssimos para que, já no ano de

1989, a Aviação do Exército, ao receber seus primeiros helicópteros, pudesse, com

grande segurança, iniciar os seus passos.

FIGURA 7 - Vôo de instrução dos oficiais do Exército no Curso de Formação

de Pilotos da Marinha do Brasil

Até o início do funcionamento do CIAvEx, o Exército ainda contava com as

Forças co-irmãs para a formação de mecânicos, pilotos e especialistas da área de

Page 23: 10 Anos de Aviaçao do Exército

proteção ao vôo. Além dessa ajuda, a partir do recebimento do primeiro

helicóptero, na base em Taubaté, o Exército contou com pilotos daquelas Forças

que auxiliaram, não apenas na formação das tripulações do helicóptero recém-

adquirido, mas também no preparo da estrutura de instrução que passaria a

funcionar em breve.

4-2. O CIAVEX

Com a criação do CIAvEx, uma série de cursos foi implementada nas mais

diversas áreas.

Para os graduados, além dos cursos de Mecânico de Helicópteros e de

Mecânico de Aviônica, passaram-se a ministrar os cursos de Informações

Aeronáuticas, de Bombeiros e de Transporte Aéreo e Serviços Especializados de

Aviação (TASA).

Ainda se necessita, até hoje, do concurso da MB e FAB para a realização dos

cursos de Mecânico de Armamento, Meteorologista e Controlador de Tráfego

Aéreo.

Para os oficiais, além dos cursos para piloto, tiveram início os cursos de

Gerente de Manutenção de Aeronaves, de Gerente de Manutenção de Aviônica e

de Gerente Administrativo de Aviação, estes destinados, respectivamente, aos

oficiais de Material Bélico, Comunicações e Intendência.

No que tange aos pilotos, o CIAvEx ainda conduziria o Curso de Formação de

Piloto de Aeronaves, os cursos de Habilitação aos modelos de helicópteros

existentes, o Curso de Vôo por Instrumento, o Curso de Piloto de Combate (CPC)

e, mais recentemente, o Curso Avançado de Aviação.

Os únicos cursos para oficiais realizados fora da Força são o de Medicina de

Aviação e o de Oficial de Segurança de Vôo.

Em um curto período de tempo, o CIAvEx montou cursos de excepcional

qualidade, fazendo com que as unidades recebam militares especializados do mais

alto nível.

4-3. A PROBLEMÁTICA DA FORMAÇÃO E DO APERFEIÇOAMENTO DO

PILOTO

A despeito da excelência dos cursos, as unidades aéreas não vêm se

beneficiando de forma satisfatória do pessoal formado. Além disso ocorrem

Page 24: 10 Anos de Aviaçao do Exército

distorções com relação ao plano de carreira, fruto não só dos cursos realizados

mas também da própria situação do oficial piloto.

a. Óbices ca usados pelos cursos às unidades aéreas e ao p lano decarreira.

(1) Gerais.

(a) O primeiro deles diz respeito à necessidade de afastamento dos

pilotos de suas unidades para a realização de cursos. As unidades, longe de terem

seus quadros completos, têm esta situação agravada quando seus pilotos são

obrigados a se afastar para realizarem cursos como o CPC e o Avançado de

Aviação, que duram de três a quatro meses. Esse problema tomará dimensões

maiores ainda, quando houver um maior número de unidades fora de Taubaté.

(b) O grande número de cursos direcionados para o piloto apresenta os

seguintes inconvenientes:

- O desvio de pessoal e material da atividade-fim, haja vista a

grande necessidade dos mesmos para as atividades de instrução. Enquanto as

unidades aéreas, com um efetivo previsto de cinqüenta e três pilotos dispõem em

média de apenas dezessete, o CIAvEx, que tem previsão de quarenta e três,

possui vinte e quatro4.

- Todos os cursos hoje existentes são necessários para que o piloto

de helicóptero possa exercer as funções operacionais nas unidades aéreas,

devendo, pois, ser encarados como uma continuação impositiva da formação do

oficial piloto e não como cursos de extensão de caráter opcional. O mais lógico,

pois, é que seja realizado inicialmente um curso de formação mais completo,

contendo partes de cada um dos cursos existentes. Depois, de acordo com a

evolução individual e com o plano de carreira os pilotos devem realizar estágios

seja de habilitação para o exercício de funções operacionais seja de habilitações

técnicas específicas.

- A realização de cursos cria grupos mais e menos especializados,

diferenciados até visualmente pelo uso de brevês, o que pode influir

negativamente sobre o espírito de corpo.

(2) Pelo Curso de Piloto de Combate

4 Dados do relatório de pessoal do C Av Ex datado de 13 de junho de 1996

Page 25: 10 Anos de Aviaçao do Exército

O CPC tem por objetivo preparar o oficial piloto a desempenhar a função

de comandante de fração de helicópteros no cumprimento de missões

operacionais. O aluno aprende a comandar um helicóptero (Cmt de bordo), dois

helicópteros (Cmt Seção), o Pelotão (Cmt Pelotão) e a Esquadrilha (Cmt Esqda).

Devido aos requisitos impostos para matrícula, o CPC é realizado um ou

dois anos após a conclusão do curso de piloto. Durante esse tempo, a unidade

aérea não pode contar com aquele oficial na sua plenitude. Pelo fato de não ter o

menor conhecimento do emprego da Aviação, esse piloto não participa do adestra-

mento da unidade, perdendo-se grande oportunidade de difusão de experiência.

Isso seria evitado se, ao invés de se aguardar a realização do CPC, o oficial

recebesse todo o embasamento teórico do emprego da Aviação do Exército já no

seu curso de formação.

Assim sendo feito, e depois de realizar o estágio de pilotagem tática, como

atualmente já é previsto anteriormente tudo era feito no CPC , o piloto

participaria do adestramento da sua fração, sendo formado comandante de bordo,

de seção e pelotão, de acordo com as necessidades da unidade.

(3) Pelo Curso Avançado de Aviação

Esse curso foi idealizado a partir da necessidade de habilitar oficiais

pilotos para o desempenho das funções de estado-maior de unidade aérea ou de

oficial de ligação de aviação, correspondendo, dessa forma, a um curso de

aperfeiçoamento para oficiais de Aviação.

É um curso bastante completo, no qual se dá grande ênfase à

coordenação do espaço aéreo, passando-se por conhecimentos de guerra

eletrônica, sistema de defesa aérea, atuação da artilharia antiaérea, dentre outros.

Pela própria dificuldade logística de montagem do curso, haja vista a existência de

várias viagens de visita, não se pode estendê-lo a todos os que deveriam fazê-lo,

ou seja, a todos os capitães possuidores do curso da Escola de Aperfeiçoamento

de Oficiais (EsAO).

Pelo objetivo a que se propõe, o curso não poderia ficar restrito a um

pequeno grupo. O ideal seria redimencioná-lo, em forma de estágio, e ministrá-lo a

todos os capitães recém-egressos da EsAO, uma vez que não existe a

possibilidade de realizar um Curso de Aperfeiçoamento de Aviação naquele

Page 26: 10 Anos de Aviaçao do Exército

estabelecimento de ensino.

(4) Pelo Curso de Vôo por Instrumento

Esse curso visa a habilitar os pilotos a voar sob condições instrumento. Em

princípio, todo piloto operacional deve possuir tal habilitação. Atualmente, isso não

acontece devido a impossibilidade de o CIAvEx ministrar o curso para todos os que

necessitam possui-lo.

Houve algum avanço nesse sentido ao se permitir que algumas etapas do

curso fossem realizadas nas unidades aéreas. Todavia, persistem as imposições

da realização, no CIAvEx, das partes teórica e prática iniciais e do cheque final do

curso.

A situação seria bastante facilitada caso a formação básica de vôo por

instrumento fosse executada também no curso de formação e a habilitação final

ocorresse nas unidades, de acordo com as necessidades destas e em

cumprimento a um programa-padrão.

Uma das justificativas para a realização, tanto deste como de outros cursos no

CIAvEx, é que só assim se poderá obter um mínimo de padronização. Como

existem outros instrumentos que possibilitariam se manter a padronização em

níveis aceitáveis (estágios de padronização, inspeções, pogramas-padrão e

outros), pode-se dizer que essa não é uma argumentação de todo válida para se

manterem os cursos como se apresentam na atualidade, prejudicando-se, dessa

forma, o rendimento do trabalho nas unidades aéreas e o plano de carreira dos

oficiais pilotos.

b. Dificuldade de adequação do p lano de carreira do o ficial a atividade de

piloto

(1) O oficial piloto

O oficial inicia a sua formação como piloto, na melhor das hipóteses, como

segundo-tenente. Assim, apenas quando estiver no seu último ano de tenente ou já

for Capitão, terá adquirido o grau de experiência que lhe proporcione condições

para comandar um pelotão de helicóptero. Como um pelotão é basicamente

constituído por oficiais pilotos e sargentos mecânicos, a grande maioria dos oficiais

não terá a oportunidade de comandar o pelotão e posteriormente, a esquadrilha.

Para um oficial que, no futuro, poderá vir a comandar uma unidade, essa não é a

Page 27: 10 Anos de Aviaçao do Exército

situação desejável.

Considerando-se que o cumprimento de missões de combate é da

competência das esquadrilhas de aviação, é nessa fração que deveriam estar os

pilotos mais experientes. De acordo com as condicionantes atuais da formação de

pilotos, dificilmente esse objetivo será alcançado. O oficial tem atingido um grau de

experiência aceitável em torno de mil e quinhentas horas de vôo, já como capitão

antigo ou major, quando, normalmente, deverá desempenhar funções no estado-

maior da unidade. Forçosamente, as esquadrilhas de aviação não poderão contar

com o concurso daqueles oficiais, e estes, no momento em que mais poderiam

produzir, estarão desempenhando funções administrativas.

Cabe ressaltar que, na atualidade, pela grande falta de pilotos, vêm sendo

aproveitados aqueles que se encontram em função administrativa para constituírem

as frações de helicópteros operacionais. Tal procedimento, contudo, deve ser

encarado como transitório, por trazer uma série de prejuízos a cadeia de comando

e ao adestramento das frações.

Além das imposições acima apresentadas, a carreira do oficial exige que este

realize cursos de Aperfeiçoamento de Oficiais e de Comando e Estado-Maior.

Também é interessante para o oficial que, em sendo convidado para assumir a

função de instrutor em um estabelecimento de ensino, não perca tal oportunidade ,

haja vista a valorização que o Exército Brasileiro dá a esse profissional. Tais

afastamentos da atividade fazem com que, não só, haja interrupções no ganho de

experiência, como também, a Aviação do Exército deixe de contar, por longos

períodos, com pilotos com alguma experiência e de formação cara.

Por tudo que foi apresentado acima, é importante que, desde já , o Exército

passe a estudar uma alternativa para a situação atual, que prevê a função de piloto

sendo ocupada exclusivamente pelo oficial de carreira. A solução mais viável, no

momento, seria extinguir com a exclusividade e estender essa especialização ao

sargento.

Diferentemente dos oficiais, esses militares estariam restritos a exercer as

funções de piloto tático e de comandante de bordo. O desempenho dessas funções

pelo sargento é perfeitamente possível, por estar mais relacionada à condição

psicomotora da pilotagem, não exigindo grande conhecimento do emprego nem

Page 28: 10 Anos de Aviaçao do Exército

exercício da liderança em alto grau, atributos indispensáveis ao oficial piloto.

Dessa forma, com o passar do tempo, as esquadrilhas, não perderiam pilotos

de grande experiência. Com um menor efetivo de oficiais na subunidade reduzir-

se-ia o número daqueles que não conseguiriam comandar um pelotão ou

esquadrilha de helicóptero. Analogamente, como o número de oficiais pilotos

ficaria menor que o atual evitar-se-ia o afunilamento nos postos mais elevados.

(2) O piloto e a arma, o quadro ou serviço de origem

Uma outra questão, ligada ao plano de carreira e a atividade de piloto, diz

respeito ao relação existente entre a sua arma, quadro ou serviço de origem e o

seu aproveitamento em uma determinada subunidade aérea. Atualmente,

independentemente da arma quadro ou serviço, o oficial piloto pode pertencer a

uma esquadrilha de helicópteros de manobra ( Esqda Helcp Man) ou de

reconhecimento e ataque (Esqda Rec Atq).

As esquadrilhas têm missões distintas, exigindo assim que as características

de um e outro piloto sejam diferentes. Um tripulante da Esqda Helcp Man não

deverá apresentar, em princípio, o mesmo grau de arrojo e iniciativa que o da

Esqda Rec Atq.

Considerando que o plano de carreira não desvincula o oficial piloto de sua

antiga arma, quadro ou serviço, a forma mais coerente de atender a essa

necessidade, seria adequar as características e conhecimentos pertinentes a cada

curso de formação ao tipo de subunidade ou unidade aérea onde o oficial deverá

servir.

Assim sendo, deveria se evitar que oficias não combatentes servissem na

Esqda Rec Atq e, da mesma forma, que oficiais de cavalaria não fizessem parte

dessa esquadrilha.

O mesmo raciocínio deverá ser adotado no que diz respeito ao comando das

unidades. Unidades de emprego em combate, nos moldes dos atuais esquadrões

de aviação, devem ser comandadas por oficiais de arma combatente.

4-4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do excelente nível dos cursos para piloto realizados na atualidade,

algumas mudanças deverão ser feitas visando a um melhor aproveitamento dos

pilotos na atividade-fim. Para isso, sugere-se que: o piloto realize uma formação

Page 29: 10 Anos de Aviaçao do Exército

mais completa, num único curso, realizando as demais habilitações ou

aperfeiçoamentos através de estágios ministrados no CIAvEx ou na própria

unidade aérea; a potencialidade de cada arma quadro ou serviço seja melhor

aproveitada estabelecendo-se critérios para o preenchimento das vagas nas

diferentes esquadrilhas e unidades aéreas; e ainda, se iniciem estudos para o

emprego do sargento como piloto.

Page 30: 10 Anos de Aviaçao do Exército

CAPÍTULO 5

ADESTRAMENTO E OPERAÇÃO

5-1. GENERALIDADES

Durante a fase inicial de implantação da Aviação do Exército e, por um curto

período de tempo, as atividades aéreas por ela desenvolvidas restringiram-se aos

aspectos técnicos de pilotagem. Todavia, muito antes do que se pudesse esperar,

passou-se a realizar o vôo de acordo com o que se definia como sendo sua missão

operacional.

Neste capítulo, vão-se apresentar as experiências colhidas relativamente ao

desdobramento das unidades aéreas, ao vôo de combate, à condição terrestre do

aeronavegante, à operação em localidade e à manutenção e suprimento, tudo sob

o enfoque da operação e adestramento.

5-2. O DESDOBRAMENTO DA UNIDADE AÉREA

Ao longo dos últimos dez anos, buscou-se adotar, nos exercícios realizados no

terreno, o modelo de desdobramento preconizado pelo CIAvEx e ensinado através

dos seus cursos.

Esse modelo, baseado na experiência das aviações dos exércitos de países

como os Estados Unidos da América e a França, enfatiza a dispersão dos órgãos e

instalações e a pouca permanência dos mesmos num único local.

Dessa forma, o desdobramento das zonas de reunião de pelotão de

helicópteros (Z Reu Pel), das zonas de reunião de esquadrilhas (Z Reu Esqda), e

das áreas de trens de unidade (AT/U), foi amplamente exercitado, explorando-se,

não só, o trabalho das frações no interior de cada uma dessas áreas, mas também,

a ligação entre as mesmas.

Para se obter a necessária dispersão a Unidade deverá desdobrar todos os

seus meios aéreos em Z Reu Pel a uma distância de segurança da linha de contato

(LC) ou do limite anterior da área de defesa avançada (LAADA).

As Z Reu Pel, além dos meios aéreos, terão em seu interior um posto de

Page 31: 10 Anos de Aviaçao do Exército

ressuprimento de classes III e V de Aviação. Nessa Z Reu, diferentemente do que

se observa num aeródromo, os helicópteros são camuflados, aproveitando-se da coberturavegetal e de redes de camuflagem. O tempo de ocupação da Z Reu não deve passar de vinte e

AT

XXX

X

XXX

XX

LC/LP LC/LP

+30 Km

- 20 Km

Máximo: DMA

Figura 8 - Esquadrão de Aviação do Exército desdobrado

Page 32: 10 Anos de Aviaçao do Exército

quatro horas.

Nas Z Reu Esqda, situadas mais à retaguarda que aquelas, desdobram-se,

em seu interior, os órgãos de direção e controle da Esqda, a seção de manutenção

de aeronaves e os trens de subunidade, todos normalmente sobre rodas,

permitindo uma rápida troca de posição. A Z Reu deve se mudar em até 48 horas.

A AT/U, bem mais à retaguarda que as Z Reu, deverá dispor, em suas proximi-

dades, de uma pista de pouso para atender as necessidades de ressuprimento aé-

reo. Nessa AT desdobram-se a esquadrilha de comando e serviços (Esqda C Sv)

e a esquadrilha de manutenção e suprimento (Esqda Mnt Sup)5, realizando,

respectivamente, as atividades de apoio logístico (Ap Log) não-específicas e as

específicas de aviação. As operações de manutenção mais complexas e

demoradas serão realizadas nessas instalações, justificando-se, assim, a sua

maior permanência num mesmo local.

Devido à necessidade de dispersão das instalações, a unidade aérea deverá

desdobrar um Posto de Comando (PC) e um Posto de Comando Recuado (PCR).

Considerando-se, ainda, as frentes e profundidades em que a mesma atua, será

normal, quando empregada de forma centralizada, o estabelecimento de um PC

móvel sobre plataforma aérea.

Além de os exercícios terem servido como fonte de dados para se

confeccionarem propostas de modificação dos quadros de organização (QO) das

unidades aéreas e dos seus quadros de distribuição de material (QDM), eles

enfatizaram a grande dependência de meios adequados para a manutenção da

ligação entre as Z Reu e a AT.

A dispersão e a transitoriedade da permanência em Z Reu determinaram ser

vital a existência tanto de viaturas para o transporte de pessoal e material, como de

meios de comunicação seguros, confiáveis e de instalação rápida.

O helicóptero, a despeito da sua capacidade de transporte e dotação de meios

rádio, nem sempre consegue e pode substituir as viaturas e os meios de comunica-

5 Nos QO em vigor, essa subunidade só existe no 1°/2° G Av Ex, havendo previsão de implantação da

mesma em todas as outras unidades, nas quais, atualmente, existe ,em seu lugar, um Pel da Esqda C Sv .

Figura 9 - Helicóptero na Z Reu Pel

Page 33: 10 Anos de Aviaçao do Exército

ções, o que torna estes imprescindíveis para a obtenção da dispersão dos órgãos

e instalações. Sempre que não se contou com os mesmos, a dispersão foi prejudi-

cada.

5-3. O VÔO DE COMBATE

a. Generalidades

A grande letalidade dos sistemas de defesa antiaérea no campo de batalha

moderno e a necessidade de surpresa nas operações em profundidade

condicionam o tipo de vôo nas diversas fases da operação.

O CIAvEx, seguindo o exemplo dos exércitos mais desenvolvidos do

mundo, optou pela adoção do processo segundo o qual se divide o terreno por

faixas definidoras do maior ou menor grau de ameaça de detecção pelos radares

inimigos. A delimitação destas faixas é feita por linhas. A partir de uma primeira

linha Linha de Aproximação (LA) em que a possibilidade de detecção é

menor, deve-se realizar o vôo de contorno. A partir de uma segunda linha Linha

de Engajamento (LE) com uma ameaça maior , realiza-se o vôo desenfiado.

Devido à grande dificuldade em definir-se o grau de ameaça, o que exige

criterioso estudo do relevo e profundo conhecimento das características dos

radares inimigos, procurou-se, na falta de maiores informações, trabalhar

considerando-se a pior hipótese.

Dessa forma, sem se conseguirem maiores dados, convencionou-se que a

LE deveria coincidir com a LC ou LAADA, realizando-se o vôo desenfiado, a partir

dela, independentemente da profundidade do objetivo.

Entretanto, as operações realizadas, ao longo destes dez anos, vêm

demonstrando que a opção pelo vôo desenfiado, como forma de se obter maior

segurança ,sem considerar outros aspectos, talvez não seja a melhor linha de

ação. Esta observação toma por base os seguintes aspectos: as consideráveis

desvantagens da realização do vôo desenfiado em grandes distâncias, a boa

segurança face à detecção propiciada pelo vôo de contorno, a influência do terreno

e as experiências de outros países. Cada um desses aspectos será verificado a

seguir.b. As desvantagens da realização do vôo d esenfiado a grandes distâncias

Para fugir à detecção pelos radares inimigos, esse tipo de vôo utiliza-se das

partes mais baixas do terreno, com o helicóptero alterando velocidade e direção e

contornando as elevações no seu itinerário. Relativamente aos demais tipos de

Page 34: 10 Anos de Aviaçao do Exército

vôo, ele é feito a baixa velocidade, com bruscas mudanças de atitude do

helicóptero.

Por essas razões apresenta as seguintes desvantagens:

- diminuição do raio de ação da força de helicópteros em função da baixa

velocidade e do aumento do percurso;

- aumento da dificuldade de navegação, uma vez que ela é feita acompa-

nhando-se cada elevação e cada ravina;

- desconforto para a tropa, podendo, por maior que seja o seu grau de

treinamento, indisponibilizá-la momentaneamente para o combate;

- maior tempo de reação do inimigo em caso de detecção, em função da

menor velocidade; e

- maior tempo de deslocamento.

c. A boa segurança face à detecção prop iciada pelo vôo d e contorno

Diferentemente do vôo desenfiado esse vôo é realizado numa única direção

e em velocidade constante, acompanhando-se o perfil do terreno até uma altura

de cem pés (trinta metros, aproximadamente) do solo. É um vôo mais veloz e de

navegação mais simples, tendo como maior desvantagem, em relação àquele

outro, o risco de detecção no momento da transposição das cristas topográficas.

Além de ter a vantagem de propiciar melhores condições para a surpresa,

uma vez que o objetivo será atingido com maior rapidez, a provável desvantagem

acima mencionada não chegou a ser comprovada na prática.

Quando participava de um exercício da Escola de Artilharia de Costa e

Antiaérea, em 1995, uma aeronave em vôo de contorno, realizou uma incursão na

direção de um sítio radar distante cinqüenta quilômetros. A central de direção de

tiro conhecia a direção de aproximação do helicóptero e, mesmo assim, este só foi

detectado a um quilômetro daquela, no momento em que ascendia para simular um

disparo sobre a mesma. O fato de o radar não ter detectado a aeronave, mesmo

nos momentos em que esta saltava as cristas topográficas, pode ser explicado pela

dificuldade que aquele tem para distinguir um alvo voando a menos de cinqüenta

metros do solo. Assim pode-se afirmar que a segurança do vôo de contorno é

grande.

d. A influência do terreno

Page 35: 10 Anos de Aviaçao do Exército

Na Operação Guanandi, ocorrida na região Centro-Oeste, em 1992, ao

efetuar o planejamento de um assalto aeromóvel a uma profundidade de cento e

vinte quilômetros, verificou-se que, devido à velocidade do vôo desenfiado, não

seria possível realizar a missão, sem que houvesse um reabastecimento no interior

do território inimigo. Após alguns reajustes, em que se adiou o lançamento do

assalto, este foi previsto para uma distância de noventa quilômetros.

Para verificar a viabilidade do planejamento, figurou-se o lançamento do

assalto empregando-se dois helicópteros. O terreno pouco movimentado trouxe

sérias dificuldades para a navegação realizada através da técnica do vôo

desenfiado. A maior performance do vôo de contorno nesse tipo de terreno foi

confirmada posteriormente, por ocasião das operações Surumu, ocorrida em 1993,

na região dos campos de Roraima, e Ibirapuitã, nos pampas gaúchos em 1995

e. Experiência de outros países

No ano de 1994, realizou-se, na BAvT, um intercâmbio doutrinário com a

participação, dentre outros, de oficiais da Aviação do Exército dos Estados Unidos

da América e da França.

A delegação americana, discorrendo sobre a realização do assalto

aeromóvel, quando inquirida sobre o tipo de vôo que realizava, foi taxativa ao

preferir o vôo de contorno para tal operação devido a sua maior velocidade.

f. Considerações finais

Levando-se em conta todos os aspectos acima apresentados sugere-se

que se devam realizar novos estudos, com comprovação prática, para que se

possa tomar uma posição mais firme a respeito desse assunto de grande

relevância no planejamento de uma operação aeromóvel.

5-4. A CONDIÇÃO TERRESTRE DO TRIPULANTE DE HELICÓPTERO

As experiências recentes de conflitos como o da Guerra do Golfo e aquele

ocorrido no território da ex- Iugoslávia, e a troca de informações com exércitos

mais avançados, incutiram na Aviação do Exército Brasileiro uma preocupação

com um aspecto de grande influência no moral das tripulações envolvidas em

combate.

Trata-se do preparo do tripulante de aeronave para o enfrentamento de

situações em que deverá abandonar o seu helicóptero, abatido ou em pane, no

interior das linhas inimigas e evadir-se para um local seguro onde deverá ser

resgatado.

Page 36: 10 Anos de Aviaçao do Exército

Para lograr sucesso em tais situações, o combatente aeromóvel deve, não só

passar por uma preparação física, técnica e mental, mas também ser dotado de

equipamentos que lhe permitam um melhor desempenho e, ainda, contar com o

apoio de equipes de busca e resgate.No que diz respeito ao material, os tripulantes já têm acesso a equipamentos

que podem auxiliá-los de forma razoavelmente satisfatória. Os helicópteros são

dotados de conjuntos de sobrevivência coletivos e os pilotos e mecânicos contam

ainda com o seu conjunto individual acondicionado em um colete de sobrevivência.

FIGURA 10 - Conjunto individual de sobrevivência

Quanto ao preparo do homem, algumas iniciativas isoladas já vêm sendo

tomadas, especificamente através de palestras e exercícios de fuga e evasão e de

sobrevivência.Esse preparo poderia ser feito de forma mais adequada caso fizesse parte de

um programa englobando os mais diversos campos. Para tal, seria necessária a

realização de estudos para se modificarem os padrões de desempenho físico do

aeronavegante, os programas-padrão de adestramento das unidades aéreas e a

qualificação dos especialistas, incluindo os planos de matérias do CIAvEx e, até

mesmo, os padrões de seleção do aeronavegante.

5-5. A OPERAÇÃO EM LOCALIDADE

Page 37: 10 Anos de Aviaçao do Exército

Operações de combate ao crime organizado (Operação Rio) e operações

antiterror desencadeadas por ocasião da Conferência Mundial sobre Ecologia

(ECO-92), realizadas na cidade do Rio de Janeiro, trouxeram grandes experiências

para a Aviação de Exército em relação a esse tipo de ambiente operacional.

A realização de reconhecimentos aéreos, transporte de pequenas frações,

escoltas a comboios, patrulhamento de eixos, permitiu que se colhessem vários

ensinamentos.

Nesse ambiente, o helicóptero é forçado a realizar suas ações a baixa altura e

com pouca velocidade, tornando-se alvo fácil para qualquer tipo de armamento. A

cada novo dia, forças terroristas ou o crime organizado passam a dispor de

armamentos cada vez mais especializados. Atesta-se, assim, a necessidade de

proteção blindada nos helicópteros, privilegiando as suas partes mais sensíveis e o

compartimento de passageiros e tripulantes.

Os helicópteros utilizados pela Aviação do Exército, além de não disporem da

blindagem necessária, não contam com um armamento adequado que lhes

permitisse a defesa em situações de maior probabilidade de exposição ao fogo

inimigo, como nos momentos de desembarque de tropa ou na realização de vôo

estacionário. Os poucos aparelhos armados existentes, o foram de forma

improvisada, não se garantindo, assim, que o tiro fosse preciso e seguro o

suficiente. Para prover os helicópteros da segurança necessária e não se correr o

risco de atirar sobre inocentes, foi levantada a necessidade de dotá-los com

armamentos laterais visando a sua segurança imediata.

A operação com as forças antiterror do Batalhão de Forças Especiais

demonstrou ser bastante eficiente o emprego de atiradores de escol embarcados.

A realização do tiro a partir da aeronave em vôo estacionário, é bastante precisa,

viabilizando o uso dessa técnica contra ameaças em pontos elevados.

Uma das maiores dificuldades ao transportar equipes antiterror era encontrar

locais de pouso em regiões densamente povoadas. Isso evidenciou que a realiza-

ção de treinamento de técnicas especiais para desova e resgate em locais de difícil

acesso é de grande importância.

A segurança e o sigilo das operações foram ameaçadas várias vezes pela

presença de aeronaves civis de transporte geral ou mesmo daquelas utilizadas

pela imprensa. Para permitir a operação sem interferência de outros tráfegos,

Page 38: 10 Anos de Aviaçao do Exército

vislumbrou-se a necessidade da existência de corredores especiais e do

estabelecimento de áreas de sobrevôo restrito.

O emprego em conjunto dos meios aéreos de Exército, Marinha e Força Aérea

foi normal nessas operações. Pelo ineditismo da situação, foram observados vários

problemas de coordenação e de responsabilidade de comando sobre as missões.

Isso demonstrou a necessidade de uma participação mais efetiva da Aviação nos

planejamentos iniciais e da necessidade de estabelecimento de procedimentos pa-

drão para todos.

5-6. O APOIO LOGÍSTICO

a. Generalidades

A operação do helicóptero depende bastante das condições de apoio

logístico principalmente no que diz respeito às atividades de manutenção e de

suprimento. Disso resultou a elevada atenção dada a esse importante componente

do combate nesses dez anos de existência da Aviação do Exército.

As experiências passadas pelas forças irmãs, os ensinamentos colhidos de

países mais experientes e as próprias atividades exercitadas de forma exaustiva

contribuíram para todos os avanços conseguidos nesse campo, os quais poderiam

ser assunto para um único capítulo. Passar-se-á a enunciar alguns desses

avanços, restringindo-se às atividades de suprimento e manutenção.

a. Suprimento

Diferentemente de qualquer unidade, devido às suas peculiaridades de

material e capacidade de atuar em grandes frentes e profundidades no campo de

batalha, as unidades aéreas serão supridas em ítens de aviação pelo B Mnt Sup

Av e nos demais ítens pelas instalações logísticas de grande unidade ou grande

comando localizadas mais próximas de suas áreas de trens.

Em operação as unidades aéreas necessitam de um grande volume de

suprimento classe III. Uma das dificuldades impostas à manutenção do fluxo de

suprimento é o fato de que a Z Reu Pel Helcp localiza-se normalmente em regiões

de difícil acesso. A adoção de reservatórios flexíveis para o acondicionamento do

combustível de aviação possibilita chegada do suprimento o mais próximo possível

das Z Reu e, às vezes, até a frente destas.

Tais tipos de reservatórios, garantem a segurança no manuseio do

combustível, dificultando a contaminação por fungos, por serem totalmente

vedados, e ainda podem ser transportados por viaturas do tipo qualquer terreno ou

Page 39: 10 Anos de Aviaçao do Exército

por helicópteros. Estas características favorecem a instalação de postos de

ressuprimento avançado (PRA), permitindo a realização de operações em

profundidade.

Figura 11 -Reservatório

flexível de combustível

No que diz respeito ao suprimento de peças e conjuntos de reparação de

aviação, cumpre destacar a adoção do Depósito Alfandegado existente na Base de

Aviação de Taubaté. Essa instalação, onde o fabricante francês armazena ítens

ainda não vendidos, permite a aquisição de peças sem os embaraços

alfandegários normais, diminuindo o tempo de importação do suprimento e

possibilitando baixos níveis de estoque, o que traz um ganho econômico

substancial.

A informatização do sistema possibilitou uma velocidade cada vez maior no

fornecimento dos pedidos feitos pelas unidades aéreas seja na própria base, ou

seja em missão fora de sede, quando o processo se desencadeia via “modem”6 .

6 Equipamento que permite a conexão dos meios de informática para troca de dados através da rede

telefônica

Page 40: 10 Anos de Aviaçao do Exército

b. Manutenção

A manutenção em campanha além de depender da chegada do suprimento

em tempo hábil, sofre as restrições impostas pelo controle das horas voadas por

cada um dos ítens da aeronave. A informatização e o emprego de meios de

comunicação modernos e flexíveis, utilizando bandas exclusivas de sinais via

satélite, vêm permitindo a realização desse controle de forma imediata, sem que

haja a necessidade da condução de volumosos fichários de registro para a área de

combate.

Procedimentos como os aqui listados começaram a ser experimentados em

operações como a Surumu, foram repetidos na Tarauacá e definitivamente

aprovados na Operação Ibirapuitã, resultando em grande rapidez e segurança para

os serviços de manutenção.

Todos esses procedimentos foram viabilizados graças ao excelente nível

dos gerentes de manutenção, cujo trabalho tem sido orientado pela técnica do

controle e da obtenção da qualidade, desde o ressurgimento da Aviação do

Exército.

Page 41: 10 Anos de Aviaçao do Exército

CAPÍTULO 6

VOCACIONAMENTO DA AVIAÇÃO

6-1. GENERALIDADES

No capítulo 3, concernente à evolução da doutrina, afirmou-se que o plano de

implantação da Aviação do Exército priorizava o vocacionamento desta para a

realização do assalto aeromóvel.

Assim sendo, a estrutura organizacional das unidades, o tipo de equipamento

adquirido, a instrução e o adestramento das unidades aéreas foram idealizados

para o atendimento dessa priorização.

Na época dos estudos para a implantação da Aviação, a experiência de

emprego bem sucedido de helicópteros em combate, externa e internamente, era a

do transporte de tropa, haja vista o seu largo emprego na Guerra do Vietnã e no

combate a guerrilhas no Brasil.

Naquela oportunidade, a operacionalização da aeronave de asa rotativa como

sistema de armas, através do emprego do míssil era coisa recente. Helicópteros de

ataque e reconhecimento, realizando a guerra anticarro, começavam a

experimentar sua doutrina nos exércitos de países europeus e no dos Estados

Unidos da América. A utilização desse tipo de aeronave como arma parecia ser

algo distante. O valor dessa nova forma de emprego do helicóptero só iria se

confirmar para o mundo na Guerra do Golfo.

É, pois, perfeitamente aceitável que, considerando-se a área operacional de

continente com grandes obstáculos e pouca rede viária se vislumbrasse , na

ocasião, o emprego prioritário do helicóptero como sendo o transporte de tropa.

Apesar dessa situação também favorecer aos helicópteros de reconhecimento

e ataque, a sofisticação requerida pelos mesmos conduzia o pensamento para a

priorização do assalto aeromóvel, em razão das restrições impostas pelo

orçamento federal.

Page 42: 10 Anos de Aviaçao do Exército

Passados dez anos, surgem, fruto da experiência e dos estudos realizados,

fatos que colocam em cheque a priorização anteriormente feita, estabelecendo

nova relação custo-benefício. Esses aspectos relevantes são: o caráter eventual da

realização do assalto aeromóvel; as vantagens operacionais propiciadas à força

através da execução de missões de ataque e reconhecimento aeromóvel; e a

grande demanda em meios necessários ao sucesso do assalto aeromóvel.

Levando em conta o emprego da aviação num quadro de guerra regular, cada um

destes aspectos será abordado a seguir .

6-2. O CARÁTER EVENTUAL DA REALIZAÇÃO DO ASSALTO AEROMÓVEL

A realização do assalto aeromóvel é função da ocorrência de uma série de

condicionantes, em conseqüência, principalmente, de se tratar de uma operação

de alto risco, sendo este caracterizado por:

- provável necessidade de infiltração em território inimigo;

- grande volume de meios envolvidos, dificultando o sigilo;

- dificuldade de obtenção de informações sobre a situação do inimigo em

profundidade, relativas, não só, às zonas de pouso e ao objetivo, mas também aos

itinerários de infiltração;

- vulnerabilidade das formações de helicópteros no momento do desembar-

que;

- dificuldade de prover a força de assalto com meios adequados para a con-

dução de uma defesa (apoio de fogo, carro de combate e outros) o que torna

aquela força bastante vulnerável; e

- incerteza da junção.

Função do alto risco envolvido, uma série de condicionantes deve ser atendida

para que o lançamento do assalto seja vantajoso:

- existência de um objetivo em profundidade que, de posse de um BIL, traga

vantagem significativa para a força enquadrante;

- existência de regiões passivas que permitam a infiltração e a exfiltração

das formações de helicópteros;

- existência de zonas de pouso de helicópteros favoráveis nas proximidades

do objetivo ou sobre o mesmo;

- existência de informações relativamente precisas sobre a ausência ou a

Page 43: 10 Anos de Aviaçao do Exército

fraca presença de inimigo, nas proximidades do objetivo ou na zona de pouso de

helicópteros escolhida;

- superioridade aérea local durante toda a operação ;- necessidade de adequar o momento da garantia de junção com a

oportunidade de lançamento do assalto aeromóvel este não pode ser tão cedo

que resulte em alto grau de incerteza quanto à realização da junção, nem tão tarde

que impeça a conquista e consolidação do objetivo em tempo hábil para opor-se a

prováveis e iminentes ameaças sobre o mesmo;

- condições meteorológicas favoráveis essa condicionante avulta de

importância no assalto aeromóvel devido ao maior volume de meios aéreos

presentes o que acarreta aumento das exigências de coordenação e controle.

6-3. AS VANTAGENS OPERACIONAIS DAS MISSÕES DE ATAQUE E

RECONHECIMENTO AEROMÓVEL

As Missões de Ataque e Reconhecimento Aeromóvel apresentam as seguintes

vantagens:

- possibilidade de realização em qualquer fase da operação e em várias

oportunidades o seu caráter não é eventual;

- envolvem pequenas frações de helicópteros e poucos efetivos facilita-

se, assim, o sigilo e a coordenação e não se corre o risco da ocorrência de um

grande número de baixas (esse último aspecto talvez seja, atualmente, um dos

mais importantes, considerando-se a influência da opinião pública sobre os

conflitos atuais);

- possibilidade de atuar com grande letalidade sobre o inimigo desde o mais

longe possível;

- possibilidade de impor retardo a forças em movimento;

- aumento da velocidade das tropas nas operações de movimento, graças ao

esclarecimento da situação à sua frente;

- acompanhamento, em tempo integral, do movimento do inimigo antes do

estabelecimento do contato;

- possibilidade de, pelo reconhecimento, desbordar grandes efetivos de

forças inimigas e permitir a concentração das forças apoiadas nos momentos e

locais em que o inimigo apresentar-se mais fraco; e

Page 44: 10 Anos de Aviaçao do Exército

- maior preservação dos meios em conseqüência do desgaste infringido ao

inimigo desde o mais longe possível e da segurança proporcionada pelo

esclarecimento da situação, o que levará a um emprego mais judicioso desses

meios.

6-4. A GRANDE DEMANDA DE MEIOS PARA A REALIZAÇÃO DO ASSALTO

AEROMÓVEL

Num primeiro momento de reflexão, poder-se-ia imaginar, que para a

realização do assalto, seria necessário o concurso apenas de helicópteros de

manobra, realizando o transporte da força de superfície.

No entanto, tal situação não se configura, devido à complexidade da missão e

o maior apoio que necessita uma unidade atuando de forma isolada,.

Os ensinamentos colhidos de aviações de outros países e de exercícios já

realizados mostram, ainda, a necessidade dos seguintes meios:

- uma esquadrilha de helicópteros de reconhecimento e ataque para prover

a escolta da força em movimento e a segurança ao desembarque e ao assalto;

- um helicóptero “posto comando”;

- dois ou mais helicópteros com equipes de resgate embarcadas para atuar

em caso de aeronaves abatidas;

- helicópteros de manobra em reserva, para substituição daqueles que se

indisponibilizem, por apresentarem pane ou por sofrer alguma avaria decorrente

das ações do inimigo;

- helicópteros devidamente equipados para evacuação aeromédica;

- helicópteros pesados seja para o transporte de suprimento para o BIL,

notadamente de classe V e I, seja de classe III e V de aviação, dependendo da

profundidade e condições da operação; e

- helicópteros pesados, ainda, para o helitransporte dos meios de apoio de

fogo orgânicos da Brigada de Infantaria Leve;

Ao tratar-se dessa grande demanda de meios, cabe lembrar o considerável

esforço de manutenção que deve ser feito visando a disponibilizar todos os meios

envolvidos para o lançamento do assalto.

Devido às dificuldades de mobilização de meios, foi preconizado na base

doutrinária dos Esquadrões da Aviação do Exército que os mesmos deveriam ser

Page 45: 10 Anos de Aviaçao do Exército

capazes de transportar apenas o escalão de assalto de um BIL, impondo-se,

assim, a realização do assalto em vagas. Nos exercícios já realizados, tal

procedimento mostrou-se bastante prejudicial à operação, haja vista que o

comandante não pode contar com todas suas peças de manobra desde os

primeiros momentos. O mais viável, pois, é que se raciocine com o Esquadrão

transportando todo o BIL, sob pena de, procurando adequar-se aos meios, não se

consiga cumprir a missãoConsiderando-se que é normal um índice de disponibilidade de aeronaves de

setenta porcento e que, para o transporte de todo o efetivo do BIL com os meios

atuais, necessita-se de trinta e cinco helicópteros, um esquadrão de helicópteros

teria que ter cinqüenta helicópteros de manobra. Caso se somem a esse dado

todas as necessidades acima listadas entre helicópteros PC, helicópteros de

resgate, helicópteros para evacuação aeromédica, helicópteros pesados e uma

esquadrilha de reconhecimento e ataque constatar-se-á que o volume de meios

necessários é enorme.

6-5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não há dúvida de que sempre será interessante para um Exército possuir a

capacidade de realizar o assalto aeromóvel. Todavia, considerando-se tudo que

acima foi apresentado, há de se ponderar o que é mais vantajoso para o emprego

da Força Terrestre: uma pequena força de helicópteros de reconhecimento e

ataque de elevado poder de destruição, podendo ser empregada em todas as

fases da operação, ou uma grande força de helicópteros, com capacidade de

transporte de um BIL, cujo lançamento é de caráter eventual e incerto. Ë importante

ressaltar que, para um quadro de guerra irregular, as condicionantes serão outras

e, com certeza, uma aviação direcionada para o transporte de tropa terá grande

valor.

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CAPÍTULO 7

CONCLUSÃO

A Aviação do Exército, dez anos após o seu ressurgimento viveu uma

evolução, jamais imaginada, nem mesmo, pelo mais otimista dos seus criadores.

As experiências colhidas com relação à doutrina, à formação do pessoal, ao

adestramento e às operações serviram para que, num curto período de tempo, e

muito antes do esperado, o Exército pudesse contar com uma Aviação eficiente e

colimada com os objetivos da Força.

Apesar do sucesso alcançado, é aceitável e natural que alguns pontos

mereçam atenção especial, carecendo de modificação para o aperfeiçoamento de

todo o sistema. Com tal objetivo sugere-se a implementação das seguintes

medidas:

- a extinção dos diversos cursos previstos para piloto e a criação de um curso

de formação mais completo complementado por estágios ao longo da vida desse

especialista;

- a formação também de pilotos que não sejam oficiais de carreira;

- adequação do tipo de piloto a sua arma quadro ou serviço;

- criação de uma seção de doutrina no C Av Ex capaz de orientar as

pesquisas e os experimentos neste campo;

- maior detalhamento dos manuais de operações aeromóveis, definindo-se um

método que facilite a integração dos planejamentos entre as forças de superfície e

forças de helicópteros e defina como se processaram as relações de comando das

mesmas;

- realização de estudos mais intensos acerca do tipo de vôo que preferencial-

mente deva ser executado, considerando a situação do terreno, as prováveis

ameaças inimigas e o ganho obtido com cada tipo de vôo;

- melhor adequação do material para a realização de missões antiterror e de

combate ao crime organizado, privilegiando a segurança das tripulações e tropas

Page 48: 10 Anos de Aviaçao do Exército

embarcadas e de civis no solo;

- a dotação da unidade aérea em viaturas e meios de comunicações

confiáveis e seguros de maneira a lhe permitirem a necessária dispersão quando

do desdobramento em campanha;

- a realização de exercícios de concentração estratégica, contando-se para tal

com os meios da FAB e MB;

- uma reorientação do vocacionamento da Aviação do Exército, haja vista os

grandes óbices enfrentados quando da realização de um assalto aeromóvel e o

maior rendimento para a força de superfície, quando esta pode dispor de uma

Aviação com capacidade de executar missões de reconhecimento e ataque

aeromóvel.

__________________________________

EDUARDO DINIZ - Maj Art

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