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C a d e r n o s d e

aCO

LE ÇÃO

Segurança e Saúde

no Trabalho

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A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que

gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda

não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um

sistema de educação que os acolha.

Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o

exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.

Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias

para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos

tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não

completaram o Ensino Fundamental.

Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta

de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que

ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,

valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.

Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o

1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da

abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.

A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com

a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea

de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-

dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.

A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-

trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-

do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.

Bom trabalho!

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad/MEC

Apresentação

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Sumário

TEXTO Subtema

1. Os riscos de cada jornadaRelicostumes 6

2. Equipamentos de proteção individual 8

3. O direito dos passivosDiversidades regionais 12

4. Ambiente tem de ser saudável Maturidade social 13

5. Dinheiro com gosto de sangueMiscigenação 14

6. As CIPAS são portas de entrada Crítica social 18

7. Proteger é de lei Trabalhadores 19

8. Local de risco Cultura suburbana 20

9. O templo da saúdea luta dos negros 21

10. Ler/Dort: fatores de risco Ambiente de trabalho 22

11. Na forma da lei Identidade nacional 23

12. Reunião de OIT/UNAIDS sobre AIDS

e o mundo do trabalho na América commbiente de trabalho 28

13. Na corda bamba Índios do Brasil 26

14. Os males do barulho e culi28

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15. Pioneers go first Direitos civis 29

16. Foram-se os dedos Origenhadores 30

17. Modelo mexicanondios do Brasil 32

18. Completely beneficial 37

19. Na construção civil, o perigo é a dermatose causada pelo cimento Olhos38

20. Mercedes Benz promove acordo mundial pela saúde do trabalhador Art41

21. Pacto contra o regime de escravidãorte culinária 42

22. Leis nós temosArte culinária 44

23. A saúde na sociedade 24 horasArte culinária 46

24. Responsabilidade, a parte da empresaArte culinária 47

25. A voz do corpoArte culinária 48

26. O que é assédio moral no trabalho?a 50

27. Índios do Xingu ameaçados por DST, diabetes e obesidadeArte culinária52

28. Sóbria decisãoArte culinária 56

29. Fora, amianto!Arte culinária 63

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• Segurança e Saúde no Trabalho6

Riscos do ambiente de t rabalhoTEXTO 1

OS RISCOSDE CADA JORNADA

De acordo com o Ministério do Trabalho, os perigos

no ambiente laboral podem ser classificados em cinco tipos

Foto: Celso Junior / AE

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Foto

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Extraído de www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/tipos_de_riscos.html

Risco de acidente

Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possaafetar sua integridade e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de

risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade deincêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc.

Risco ergonômico

Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicasdo trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São exem-

plos de risco ergonômico: levantamento de peso, ritmo de trabalho excessivo,monotonia, repetitividade, postura inadequada, etc.

Risco físico

Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia aque possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio,

pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc.

Risco biológico

Consideram-se agentes de risco biológico bactérias, vírus, fungos, parasitos,entre outros.

Risco químico

Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou pro-dutos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respirató-

ria, na forma de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que sejam,pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato com o organismo ouser absorvidos por ele através da pele ou por ingestão.

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RISCOS E SEUS AGENTES

Segurança e Saúde no Trabalho • 7

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Considera-se EPI, para os fins de aplicaçãodesta Norma, todo dispositivo de uso indi-vidual destinado a preservar e proteger aintegridade física do trabalhador.O empregador rural é obrigado a fornecer,gratuitamente, EPI adequados ao risco e emperfeito estado de conservação e funciona-mento nas seguintes circunstâncias:a) sempre que as medidas de proteção

coletiva forem tecnicamente inviáveis ounão oferecerem completa proteção con-tra os riscos de acidentes de trabalhoe/ou doenças profissionais;

b) enquanto as medidas de proteção cole-tiva estiverem sendo implantadas;

c) para atender a situações de emergência.

Atendidas as peculiaridades de cada ativi-dade, o empregador rural deve forneceraos trabalhadores os seguintes EPI:

I - Proteção da cabeça:a) capacete de segurança contra impactos

provenientes de queda ou projeção deobjetos;

b) chapéu de palha de abas largas e corclara para proteção contra o sol, chuva,salpicos, etc.;

c) protetores de cabeça impermeáveis eresistentes nos trabalhos com produtosquímicos.

Todo trabalhador tem direito a dispositivos que preservem sua integridade física

Normas de segurançaTEXTO 2

• Segurança e Saúde no Trabalho8

EQUIPAMENTO DE

PROTEÇÃOINDIVIDUAL( )

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II - Proteção dos olhos e da face:a) protetores faciais destinados à proteção

contra lesões ocasionadas por partículas,respingos, vapores de produtos químicose radiações luminosas intensas;

b) óculos de segurança para trabalhos quepossam causar ferimentos provenientesdo impacto de partículas, ou de objetospontiagudos ou cortantes;

c) óculos de segurança contra respingospara trabalhos que possam causar irrita-ção e outras lesões decorrentes da açãode líquidos agressivos;

d) óculos de segurança contra poeira epólen.

III - Proteção auditiva:Protetores auriculares nas atividades emque o ruído seja excessivo.IV - Proteção das vias respiratórias:a) respiradores com filtros mecânicos para

trabalhos que impliquem produção depoeira;

b) respiradores e máscaras de filtro químicopara trabalhos com produtos químicos;

c) respiradores e máscaras de filtros com-binados (químicos e mecânicos) para ati-vidades em que haja emanação de gasese poeiras tóxicas;

d) aparelhos de isolamento, autônomosou de adução de ar para locais de tra-

Segurança e Saúde no Trabalho • 9

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balho onde o teor de oxigênio (O2)seja inferior a 18% (dezoito por cen-to) em volume.

V - Proteção dos membros superiores:Luvas e/ou mangas de proteção nas ativi-dades em que haja perigo de lesões provo-cadas por:a) materiais ou objetos escoriantes, abrasi-

vos, cortantes ou perfurantes;b) produtos químicos tóxicos, alergênicos,

corrosivos, cáusticos, solventes orgâni-cos e derivados de petróleo;

c) materiais ou objetos aquecidos;

d) operações com equipamentos elétricos;e) tratos com animais, suas vísceras e detri-

tos e na possibilidade de transmissão dedoenças decorrentes de produtos infec-ciosos ou parasitários;

f) picadas de animais peçonhentos.

VI - Proteção dos membros inferiores:a) botas impermeáveis e com estrias no

solado para trabalhos em terrenos úmi-dos, lamacentos, encharcados ou comdejetos de animais;

b) botas com biqueira reforçada para tra-balhos em que haja perigo de queda de

• Segurança e Saúde no Trabalho10

Texto 2 / Normas de segurança

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materiais, objetos pesados e pisões deanimais;

c) botas com cano longo ou botina comperneira onde existam animais peço-nhentos;

d) perneiras em atividades nas quais hajaperigo de lesões provocadas por materi-ais ou objetos cortantes, escoriantes ouperfurantes;

e) calçados impermeáveis e resistentes emtrabalhos com produtos químicos;

f) calçados de couro para as demais ativi-dades.

VII - Proteção do tronco:Aventais, jaquetas, capas e outros para pro-teção nos trabalhos em que haja perigo delesões provocadas por:a) riscos de origem térmica;b) riscos de origem mecânica;c) riscos de origem meteorológica;d) produtos químicos.

VIII - Proteção contra quedas com diferença de nível:Cintas e correias de segurança.

Os EPI e roupas utilizados em tarefas emque se empregam substâncias tóxicas ouperigosas serão rigorosamente higienizadose mantidos em locais apropriados, onde nãopossam contaminar a roupa de uso comumdo trabalhador e seus familiares.

Compete ao empregador rural, exigir deseus subcontratantes de mão-de-obra,quanto aos EPI:a) instrução e conscientização do trabalha-

dor quanto ao uso adequado; b) substituição imediata do equipamento

danificado ou extraviado; c) responsabilidade pela manutenção e

esterilização. Compete ao trabalhador:a) usar obrigatoriamente os EPI indicados

para a finalidade a que se destinarem;b) responsabilizar-se pela danificação dos

EPI, que pode ser ocasionada pelo uso ina-dequado ou fora das atividades a que sedestinam, bem como pelo seu extravio.

Compete aos órgãos regionais do Minis-tério do Trabalho:a) orientar os empregadores e trabalhado-

res rurais quanto ao uso dos EPI, quan-do solicitados ou em inspeção de rotina;

b) fiscalizar o uso adequado e a qualidadedos EPI.

O Ministério do Trabalho poderá determi-nar o uso de outros EPI, quando julgarnecessário.

Extraído de http://www.ceset.com.br/dbf/ler/NRR_41.pdf

Segurança e Saúde no Trabalho • 11

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O DIREITO DOSPASSIVOS

Oartigo 192 da Consolidação das Leisdo Trabalho garante adicional de até40 por cento do salário no caso de o

ambiente de trabalho ser insalubre. Nosúltimos anos, juristas têm considerado queo trabalhador não-fumante tem direito aesse adicional, no caso de o fumo ser per-mitido no local de trabalho.

Os médicos há décadas constataramque os chamados fumantes passivos, isto é,aqueles que aspiram a fumaça emitida pe-los cigarros, charutos e cachimbos e pelospulmões daqueles que, estando no am-biente, efetivamente fumam, correm o riscode sofrer todos os males provocados pelotabaco, a partir do câncer do pulmão atéataques cardíacos. Entre fumantes e não-fumantes, morrem por ano no mundo, se-gundo estatísticas da Organização Mundialde Saúde, 3 milhões de pessoas, por causade males causados pelo tabagismo.

Os não-fumantes, ou fumantes pas-sivos, correm riscos até maiores do que osfumantes, pois inalam a fumaça saídaimediatamente da ponta do cigarro, sempassar pelo filtro que fica na boca do fu-

mante, e assim recebem substâncias aindamais perigosas do que o próprio fumante.

O artigo 192 da Consolidação das Leisdo Trabalho foi originalmente concebidopara os casos de insalubridade provocadospor substâncias tóxicas oriundas da ma-téria-prima ou que surgem a partir das al-terações físico-químicas provocadas peloprocesso de trabalho. Também foi conce-bido para o caso de ambientes de trabalhonaturalmente insalubres, como minas sub-terrâneas cheias de gases tóxicos, ou am-bientes em que há riscos de explosão.Afinal, quando a CLT entrou em vigor, nosanos 1940, ainda não havia consciência dosriscos em que incorrem os fumantes pas-sivos – na verdade nem estava prevista ainsalubridade causada por agrotóxicos, se-jam fertilizantes, sejam pesticidas. Atual-mente, porém, muitos juristas consideramque o tabagismo passivo está incluído nainsalubridade e dá direito ao adicional desalário.

Renato Pompeu é escritor e jornalista.

Ambiente insalubreTEXTO 3

• Segurança e Saúde no Trabalho12

Cigarro no trabalho é insalubridadee pode dar direito a adicional

Renato Pompeu Ilust

raçã

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Saúde e sustentabi l idadeTEXTO 4

AMBIENTE TEM DE SER

SAUDÁVELV

ivem dizendo que os atuais padrõesde produção e consumo no mundosão insustentáveis, que estão muito

acima da capacidade da biosfera terrestrede repor os recursos naturais consumidos.Também se diz que é insustentável a atualconcentração de renda no mundo, comapenas 20 por cento de toda a populaçãoda Terra, aqueles que habitam os paísesindustrializados, detendo 80 por cento darenda do planeta. Tudo isso representa amais grave crise no mundo de hoje.

Há, entretanto, um ângulo dessa dis-cussão que só agora está começando a apa-recer, mas que já envolve alguns setoressociais no Brasil, principalmente na áreasindical. É a que trata da sustentabilidadedos recursos humanos, que são as pessoasque integram o mercado de trabalho.

Pergunta-se, por exemplo, quais osefeitos da exigência de uma produtividadecada vez maior sobre a saúde de trabalha-

dores. Também se quer saber quais asconseqüências da instalação no Brasil deempresas poluidoras que são impedidas defuncionar em seus países de origem e aquiencontram as facilidades de uma legislaçãoou fiscalização que não funcionam direito.Quais as conseqüências para a populaçãodo fato de alguns Estados ofereceremvantagens a empresas poluidoras para seinstalarem em seus territórios? Quais asconseqüências sociais de as empresasrestringirem cada vez mais a admissão detrabalhadores a partir de determinadaidade? (Algumas já não contratamninguém com mais de 30 anos.)

É uma discussão difícil, principalmen-te no momento em que as empresas lutampara permanecer num mercado altamentecompetitivo. Mas é preciso criar regras paraproteger as pessoas. Sem elas, não haveráquem consuma. Nem quem produza.

Washington Novaes, Jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco e consultor de meio ambiente da TV Cultura - SP. Extraído de http://www.tvcultura.com.br

Segurança e Saúde no Trabalho • 13

Washington Novaes

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DINHEIRO COM GOSTO DE SANGUE

Érico Verissimo

Atravessou o pátio interno da fábrica. Os grandes pavi-lhões de concreto pareciam estremecer ao ritmo dasmáquinas. Eugênio ouviu aquela pulsação surda que

lhe sugeria o bater dum enorme coração subterrâneo. Elalhe dava uma vaga angústia, causava-lhe um indefiníveltemor: dir-se-ia a aflição dum homem que sente no subsoloo agitar-se duma subumanidade que trabalha com silêncioseus propósitos de destruição. O atroar das máquinas eraum ruído ameaçador.

O escritório lhe pareceu mais frio e convencional quenos outros dias. Sentou-se à mesa, abriu uma das gavetas,remexeu nos papéis... Não encontrando os que procurava,chamou a secretária, uma rapariga magra de ar cansado.

– Boa tarde, D. Ilsa. Alguém me procurou?– Não senhor, ninguém.– Onde estão aquelas folhas que vão para o Ministério

do Trabalho?– Na gaveta do centro.Tornou a abrir a gaveta e encontrou os papéis.– Tem razão, cá estão eles.Pô-los em cima da mesa, tomou da caneta.– A senhora anda muito pálida e com jeito de cansada.

Por que não tira umas férias?

Acidentes de t rabalhoTEXTO 5

• Segurança e Saúde no Trabalho14

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Assinava os papéis automaticamente, sem revisá-los.Sentia agora um interesse fraternal pela secretária. A cria-tura tinha um jeito encolhido de passarito doente.

– E a dor nas costas... ainda não passou?– Às vezes, quando me deito, ela vem.– Deve ser da posição em que fica quando escreve à

máquina. Precisa cuidar-se, D. Jisa.A moça sorria, meio constrangida.Eugênio se perguntava a si mesmo o que era que de

repente o fazia assim tão solícito, tão atencioso, como umirmão mais velho. concluiu que era porque tinha pena damoça: pena de todos os que sofriam. Por um breve instantese sentiu reconciliado consigo mesmo. Entretanto seu eupuro e implacável lhe cochichou que se ele se demonstravaassim fraternal para com a secretária e para com os outrosempregados da fábrica era para com essa atitude comprar acumplicidade, a boa vontade e a simpatia deles. Porquetodos ou quase todos sabiam da sua situação de inferiorida-de naquela firma. Não passava dum manequim, dum autô-mato que assinava papéis preparados pelos que realmenteentendiam do negócio, pelos que trabalhavam de verdademas que no entanto, em questões de ordenado, se achavammuito abaixo dele. Aquela gente sabia que ele ali era apenaso marido da filha do patrão. E, mostrando-se benevolente eatencioso, ele como que procurava comprar-lhes pelo menosa tolerância, já que a simpatia não era possível.

Escreveu o nome com raiva, a pena rasgou o papel, umpingo de tinta saltou e espalhou-se no centro da folha. Asecretária avançou com a prensa de mata-borrão.

– Obrigado.O telefone tilintou. Eugênio levantou o fone ao ouvido. – Alô! Aqui fala Eugênio. (Tinha escrúpulos de dizer

“doutor” Eugênio, podia parecer um acinte aos que nãoeram formados, ou uma exibição vaidosa) – Quem?... ah!...

Segurança e Saúde no Trabalho • 15

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Ficou escutando em silêncio, enquanto seu rosto seenevoava numa expressão de contrariedade.

Repôs o fone no lugar e ergueu-se. No pavilhão no 3, ochefe das máquinas o esperava. Tinha apanhado um de seushomens a escrever imoralidades numa das paredes do lava-tório. Queria que Eugênio visse com seus próprios olhos.Tratava-se dum operário chamado Galvez, que já estiverapreso como agitador comunista: Era um sujeito perigoso –garantia o chefe das máquinas –, um tormento de desordem.

Eugênio encaminhou-se para o pavilhão no 3. Ia contra-riado. Tinha horror a questões daquela natureza, era-lhedesagradável tratar com o pessoal da fábrica, resolverpendências, dar conselhos, aplicar sanções... Seria mil vezesmelhor viver longe de todas aquelas coisas!

– Galvez é um patife! – disse o homem com os lábiosapertados. – Venha ver.

Seu rosto era uma máscara de pedra.– Onde está ele?Entrou. Deu três passos sobre o chão de cimento do

pavilhão. E, como ao sinal dum invisível e cruel contra-regraque estivesse apenas esperando a sua entrada em cena, algode pavoroso aconteceu.

– Galvez! – berrou o alemão.Sua voz, que tinha uma qualidade metálica, soou acima

do surdo matraquear das máquinas. Eugênio olhou na dire-ção em que o outro lançara o grito. E viu, horrorizado, quea polia grande de uma das máquinas naquele instanteapanhava o corpo dum operário. Ouviu-se um grito agudo.O corpo rodopiou enrolado na polia e depois, como umboneco de pano, foi lançado ao ar, caindo longe no meio deoutras máquinas. Houve um momento de atarantamento.De todos os lados partiam exclamações. O alemão precipi-tou-se para a tábua dos comutadores e puxou a chave geral.As máquinas pararam. O silêncio que se seguiu gelou o

• Segurança e Saúde no Trabalho16

Texto 5 / Ac identes de t rabalho

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sangue de Eugênio. Os homens correram numa só direção.Trouxeram depois um corpo ensangüentado e o puseramaos pés de Eugênio, como se – deus cruel – ele tivesse pedi-do aquele sacrifício. Fazendo um enorme esforço paravencer o tremor das pernas, ele se inclinou. Não havia maisnada a fazer. O crânio do operário estava todo esfacelado,seu rosto absolutamente irreconhecível. O corpo perderaquase a forma humana. No chão ao redor do cadáver, seformava uma poça de sangue.

O pavor estrangulava aqueles homens, reduzindo-os aosilêncio. Os olhos do chefe das máquinas se conservaramfrios e seu rosto era uma máscara inumana de pedra.

Quando tornou a sentar-se à sua mesa, Eugênio teve aimpressão de que saíra dali não apenas havia vinte minutosmas sim vinte anos. Sentia-se mais velho, mais cansado eamargurado. Ficou com os cotovelos fincados na mesa, asmãos segurando o rosto, a olhar fixamente para o tinteiro.Do pátio interno chegava até ele, através das janelas, umrumor de vozes.

– Mandem tocar de novo as máquinas – disse o gerente.– Não podemos ficar parados. Tempo é ouro.

Ouro... Por que era que os homens não se esqueciamnunca do ouro? Ouro lhe lembrava outra palavra: sangue.Tempo também era sangue. Ouro se fazia com sangue.

Segurança e Saúde no Trabalho • 17

Trecho do livro Olhai os Lírios do Campo, Porto Alegre, Globo, 1981.

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ACIPA, Comissão Interna de Pre-venção de Acidentes, é velha co-nhecida dos trabalhadores brasi-

leiros. Foi criada em novembro de1944, por ato do Presidente GetúlioVargas. Ao longo desses mais de sessen-ta anos, muita coisa mudou no Brasil,mas na estrutura de funcionamentodas CIPAs, quase nada.

No dia-a-dia, os “cipeiros”eleitos pelos companheirosencontram muitas barrei-ras para desenvolver suasfunções, mas, apesar dosproblemas impostos pelalei e pelos patrões, devemcontinuar procurando utilizar aCipa como instrumento de organiza-ção e de melhores condições de traba-lho e saúde. Para isso é fundamental:

•Que os cipeiros eleitos trabalhem emconjunto e de forma organizada emtorno dos principais objetivos.

•Que nunca trabalhem rachados, pois adesunião enfraquece a luta.

•Que façam um planejamento de traba-lho, para cada mandato, pois ele é muitocurto e sem organizar o trabalho não seobtêm conquistas.

•Que os cipeiros vão as reuniões bem pre-parados, com clareza dos problemas queserão discutidos: devem organizar apauta de reivindicações e discutir os pro-blemas por ordem de prioridade.

•Que os funcionários tomem cuidadopara não se deixar envolver por falsas

promessas de solução dos problemasque os cipeiros indicados costu-

mam fazer. Não esquecer queeles representam os interessesda empresa.

•Que o cipeiro acompanhe ainvestigação dos acidentes e

levante suas possíveis causas.Isto também é válido quando hou-

ver suspeita ou diagnóstico de doenças.

•Os cipeiros devem ter em mente queforam eleitos pelos companheiros de tra-balho para representá-los. Por isso, éfundamental discutir com eles e encami-nhar suas reivindicações.

Sem o apoio dos colegas, os cipeirosnão têm força para negociar com a em-presa. Buscar informação e assessoria nosindicato também é importante.

AS CIPAS SÃO PORTAS DE ENTRADA

Prevenção de ac identesTEXTO 6

• Segurança e Saúde no Trabalho18

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Extraído de Livro da CIPA, publicação da FUNDACENTRO – MTE.

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Segurança e Saúde no Trabalho • 19

Prevenção de ac identesTEXTO 7

EPI (Equipamento de Proteção Indivi-dual) são ferramentas de trabalho quevisam proteger a saúde do trabalhadorrural que utiliza produtos fitossanitários,

reduzindo os riscos de intoxicações. Ouso de EPI é uma exigência da legislaçãotrabalhista brasileira e o seu cumprimen-to poderá acarretar processos, além demultas aos infratores.

Por que usar EPI?

A função básica dos EPI é proteger oorganismo do produto tóxico, minimizandoo risco de contaminação. Intoxicação du-

rante o manuseio ou a aplicação de pro- dutos fitossanitários é considerada acidente de trabalho.

PROTEGER É DE LEIO equipamento individual, em certos casos, é obrigatório

Extraído e adaptado de http://www.andef.com.br/epi/

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INALATÓRIAP NARIZ

ORALP BOCA

OCULARP OLHOS

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AS VIAS DE EXPOSIÇÃO SÃO:

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!

Durante muito tempo acreditou-se queo problema dos acidentes e doençasrelacionados ao trabalho era assunto

para engenheiros de segurança, médicos,gerentes e outros especialistas. Pensava-seque só eles tinham conhecimento paraanalisar os riscos e propor soluções. Nessavisão, os trabalhadores seriam meros epassivos coadjuvantes, apenas para forne-cer informações ou se submeter aos examese responder perguntas aos médicos. Issoquando não eram acusados como responsá-veis pelos acidentes...

Obviamente, essa falsa visão não inte-ressa aos trabalhadores, embora ainda hojeesteja presente em muitas empresas. Aanálise dos riscos nos locais de trabalhodeve contar com a vivência, o conhecimen-to e a participação dos trabalhadores, jáque são eles que realizam o trabalho coti-diano e sofrem seus efeitos. Portanto, sãoeles os mais indicados para identificar,eliminar e controlar os riscos.

LOCAL DE RISCO

Os trabalhadores passam a ter voz ativa na análise dos perigos típicos de seu ambiente profissional

Cuidados com o local de t rabalhoTEXTO 8

• Segurança e Saúde no Trabalho20

Extraído de www.instcut.org.br/pub3.htm Série: Cadernos de Saúde do Trabalhador - Nº3

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Já diz a sabedoria popular que nossocorpo é nosso maior tesouro. E opovo sabe muito. O nosso corpo é

nossa morada e nossa melhor ferramen-ta. A ciência ensina que ele é uma má-quina perfeita, feito para durar e fun-cionar por muito tempo. Comer, andar,correr, dan- çar, nadar no rio ou no mar,tomar chuva de vez em quando, des-cansar e dormir são cuidados impor-tantes que devemos ter para que estamáquina funcione de maneira equilibra-da e supra suas próprias necessidades.

Sentimentos, sensações e atitudes nãoestão fora de nosso corpo. Eles têm funçõesdiferentes e sustentam a vida tanto quantoa respiração, a digestão ou a circulação denosso sangue. O corpo é bom para trabal-har, para brincar, para descansar, paraamar, para estar com outro corpo. E,evidentemente, ninguém vive sem umcorpo!

Nosso tesouro, morada, máquina ésempre bonito.

Estar de bem com ele é sinal de muitasaúde..

O TEMPLO DA SAÚDENosso corpo é uma máquina perfeita, mas exige manutenção

Cuidados com o corpoTEXTO 9

Trecho do livro Crianças em Férias - Alcides P. da Fonseca - Quatá -SP, 1943, citado em CUT – Todas as Letras, Caderno do Educando.

Segurança e Saúde no Trabalho • 21

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LER/DORT significa lesão por esforçorepetitivo e distúrbios osteomuscularesrelacionados ao trabalho. A sigla foi

criada para identificar um conjunto dedoenças que atingem músculos, tendõese membros superiores (dedos, mãos, pu-nhos, antebraço, braços e pescoço). Sãoinflamações provocadas por atividades dotrabalho que exigem movimentos ma-nuais repetitivos, continuados, rápidos ouvigorosos, durante um longo período detempo.

Não há uma causa única e determina-da para a ocorrência de LER/DORT – vá-rios fatores podem contribuir para seusurgimento: repetitividade de movimen-tos, manutenção de posturas inadequadas

por tempo prolongado, esforço físico, in-variabilidade de tarefas, pressão mecâni-ca sobre determinadas partes do corpo,trabalho muscular estático, choques eimpactos, vibração, frio etc.

Outros fatores, como exigência deritmo intenso de trabalho, conteúdo dastarefas, pressão, autoritarismo das chefiase avaliação de desempenho baseados emprodutividade também favorecem o apa-recimento de LER/DORT. Entretanto, pa-ra que esses fatores sejam consideradoscomo de risco, é preciso observar suaintensidade, duração e freqüência.

LER/DORT:FATORES DE RISCOO Ministério da Saúde adverte: repetir movimentos sem pausas causa inflamação

Conseqüências do excesso de t rabalhoTEXTO 10

• Segurança e Saúde no Trabalho22

Extraído do Protocolo de Investigação, Diagnostico, Tratamento ePrevenção de LER / DORT. Ministério da Saúde / 2000 – pg. 10.

O uso excessivo do teclado pode

causar LER/DORT

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Uma funcionária da empresa CMR –Indústria e Comércio Ltda. entroucom reclamação na 1a Vara do

Trabalho de Jundiaí, SP, pedindo indeni-zação por danos morais e materiais peladoença que adquiriu no trabalho. Conde-nada em 1a instância, a empresa recorreuao Tribunal Regional do Trabalho alegan-do que não teve culpa pela doença da tra-balhadora.

Para a empresa, a empregada não erasubmetida a ritmo acelerado de trabalho,já que cumpria jornada semanal de 36 a40 horas. Mas a empresa foi condenadapelo Tribunal a pagar uma indenização deR$ 50 mil à trabalhadora.

O juiz da 5a Câmara do Tribunal Regio-nal do Trabalho da 15a Região – Campinas,SP, deu a seguinte sentença:

O empregador é obrigado a concederaos empregados intervalos extras paradescanso quando as atividades exigiremmovimentos repetitivos. Também devepermitir e exigir que seus funcionários reali-

zem exercícios de alongamento e respirató-rios, a fim de evitar a LER/DORT (distúrbioosteomuscular relacionado ao trabalho).Não adotando essas medidas, a empresadeverá indenizar o funcionário por danosmorais e materiais pela doença adquiridaem decorrência do trabalho realizado.

A perícia realizada concluiu que afuncionária adquiriu LER/DORT no braçoesquerdo, o que limitou a força e execuçãode movimentos repetitivos, e que por issoela ficou impedida de desempenhar o seutrabalho de costureira.

Para o juiz, a empresa agiu com culpa,pois, embora soubesse que a atividade exigiamovimentos repetitivos, não incluiu nenhu-ma pausa extra, o que poderia evitar os efei-tos maléficos do trabalho desenvolvido.

Segurança e Saúde no Trabalho • 23

Empresa é condenada a indenizar trabalhadoracom LER/DORT

Extraído de www.observatoriosocial.org.br/portalcontent/view/759/112/

NA FORMA DA LEI

Conseqüências do excesso de t rabalhoTEXTO 11

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Cuidados com o corpoTEXTO 12

• Saúde e Segurança no Trabalho24

REUNIÃO DE OIT/UNAIDS SOBRE AIDS E O MUNDO DO TRABALHO NA AMÉRICA

Foto: Dida Sampaio / AE

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AOrganização Internacional do Traba-lho, OIT, está propondo que se inten-sifique nos locais de trabalho a mobi-

lização contra o HIV/AIDS na AméricaLatina e no Caribe.

“Precisamos de mobilização, mobiliza-ção e mais mobilização”, disse o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. “Nossodesafio é fazer com que o local de traba-lho seja um local de proteção, prevenção,atenção e esperança no coração da respos-ta ao HIV e à AIDS.”

Cerca de 2 milhões de pessoas vivemcom o vírus na América Latina e 600 milmorreram nos últimos 20 anos. A estimati-va é de que cerca de 500 pessoas contraemo vírus diariamente na região, conformeinformação divulgada no encontro “AIDS eo mundo do trabalho na América Latina eno Caribe”, realizado em Brasília em 2005.

“O local de trabalho é um reflexo dasociedade”, disse Somavia, acrescentandoque “a lógica do compromisso da OIT éclara: a pandemia golpeia com maior forçaos indivíduos em idade produtiva”. Segun-do dados divulgados na reunião, nomundo, 36 milhões de pessoas em idadeprodutiva estão afetadas pelo HIV/AIDS.

Na reunião se discutiu sobre a maneirade abordar o tema HIV/AIDS no local detrabalho. Foram discutidas ações que po-derão ser levadas adiante por governos,empregadores e trabalhadores.

Desde 2000 existe o ProgramaOIT/AIDS, que cuida especialmente de en-frentar os desafios gerados pela pandemiano local de trabalho e que atualmentecoopera com os esforços nacionais em maisde 40 países.

Para Somavia, um desafio fundamen-tal é lutar contra a discriminação – um dosprincípios da Agenda de Trabalho Decentepromovida pela Organização –, de forma agarantir a vida laboral de pessoas afetadase seu acesso a um tratamento adequado:“É possível contribuir para eliminar omedo, a desconfiança, o estigma e adiscriminação”.

As ações no local de trabalho tambémsão consideradas fundamentais para inten-sificar a prevenção por meio da educação ede medidas práticas de apoio aos traba-lhadores e proporcionar atenção e trata-mento.

Saúde e Segurança no Trabalho • 25

Extraído de www.oitbrasil.org.br/news/nov/ler_nov.php?id=1439

Para maiores informações sobre OIT/AIDS: www.ilo.org/aids

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NA CORDABAMBA

Ambiente de t rabalhoTEXTO 13

• Segurança e Saúde no Trabalho26

As ameaças ao equilíbrio emocional do trabalhador

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A pesquisa também mostra que 4,37% dos ban-cários já pensaram em suicídio devido à pressãoemocional que sofrem no trabalho. “Tremores nasmãos”, “falta de apetite” e “chorar mais do que decostume” foram outros itens mencionados.

A principal conseqüência relatada pelas vítimasé nervosismo, tensão ou preocupação. Em menorescala, o bancário dorme mal, se cansa com facilida-de, se sente triste, tem dores de cabeça, dificuldadepara realizar com satisfação suas atividades, sente-se cansado o tempo todo, tem sensações desagra-dáveis no estômago e má digestão.

Os sintomas de depressão muitas vezes apare-cem porque a pessoa pensa que a culpa é dela, estácom esse peso e não consegue distinguir o que éerro dela e o que é do chefe.

Mais da metade das mulheres e um poucomenos dos homens entrevistados se dizem estres-sados. Diferentemente do esperado, boa parte dasagressões morais sofridas pelos bancários no am-biente de trabalho não são feitas pelo chefe. Elecontinua sendo o maior agressor, mas não o único.Os colegas, inclusive os subordinados, são aponta-dos por boa parte dos entrevistados.

Apesquisa "Assédio Moral no Traba-lho: Impactos sobre a Saúde dosBancários e sua Relação com Gênero

e Raça", realizada pelo Sindicato dosBancários de Pernambuco em 2006, apon-tou que mais de 40% dos bancários de todoo país sofrem agressões morais no trabalhoe quase um terço dos trabalhadores dosetor se diz estressado. Foram ouvidos2.609 trabalhadores e trabalhadoras debancos públicos e privados de todo o país.

De acordo com o estudo, as agressõesduram quase o ano todo: metade dos casosocorre várias vezes por semana. A maiorqueixa é de que “o chefe o enche de traba-lho”. Outras situações descritas: “O chefeprejudica sua saúde”; “Dá instruções confu-sas e imprecisas”; “Pede trabalhos urgentessem nenhuma necessidade”.

Entre as 20 situações colocadas como

agressivas, estão também: “chefe falar malde você em público”; “proibir seus colegasde falar/almoçar com você”; “forçar você apedir demissão” e “insinuar e fazer correrboato de que você está com problema men-tal ou familiar”. Esta última é a situaçãomais freqüente entre as mulheres. Já paraos entrevistados do sexo masculino é o fatode o chefe “não lhe dar qualquer ocupa-ção”.

De acordo com os pesquisadores, a vio-lência moral é “a exposição do trabalhadora situações constrangedoras com objetivode desestabilizar a relação no ambiente detrabalho, diminuir a auto-estima e atentarà dignidade da pessoa”. A diferença entre afalta de educação e o assédio moral, é “usarde valores culturais, sexuais ou que deixema pessoa fragilizada para humilhá-la, paraatingir a dignidade”.

Segurança e Saúde no Trabalho • 27

Fonte P http://www.cut.org.br/

SUICÍDIO

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Obarulho nas fábricas é um grave pro-blema que ainda está longe de serresolvido, e a surdez profissional tal-

vez seja o seu efeito mais conhecido.Durante a década de 1980, ela foi a

principal moléstia entre os metalúrgicos eatingia mais de 60% da categoria. Lutou-se muito para diminuir o barulho nas fábri-cas, e esse esforço, somado às novas tecno-logias, permitiu uma sensível redução donúmero de casos da doença. O uso obriga-tório de protetores auditivos, por exemplo,contribuiu para essa redução.

OS MALES DO BARULHO

Riscos do ambienteTEXTO 14

• Segurança e Saúde no Trabalho28

Extraído de http://www.smabc.org.br/mostra_materia.asp?id=6199

Coração em perigoUma pesquisa realizada com quatro mil pacientescardíacos, na Alemanha, levou à conclusão de quehomens que vivem ou trabalham em ambientesmuito barulhentos correm um risco 50% maior queos demais de sofrer ataques cardíacos. Para as mu-lheres, o risco é triplicado. Os pesquisadores con-cluíram que os problemas cardíacos são causadospela maior liberação de hormônios ligados aoestresse provocado pelo barulho.

Normas não são seguras É interessante notar que a maior parte das ocorrênciasde problemas cardíacos foi em trabalhadores de empre-sas com níveis de ruído próximos dos 85 decibéis – con-siderados saudáveis pelas normas internacionais de segu-rança e saúde. Mas se mesmo assim estão colaborandopara o aumento dos riscos cardíacos, sua segurança deveser reavaliada pelos responsáveis pelas normas.

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Workers’ health and safety

All workers, whether they are perma-nent staff, agency or contractors,need to be aware of issues that affect

their health and safety at work.These web pages are about helping

workers become more aware of the healthand safety issues that affect them andtheir responsibilities, so they can playtheir part in improving health and safetyin the workplace.

Did you know that:

• all workers have a right to work in placeswhere risks to their health and safety areproperly controlled? The primary respon-sibility for this is down to the employer.

• workers have a right to join and be repre-sented by a trade union?

• both workers and employers have a legalresponsibility to look after health andsafety at work together?

• workers who contribute to health andsafety at work are safer and healthierthan those who do not?

The United Kingdom laws were the inspiration for other countries

Dire i to ao t rabalho decenteTEXTO 15

Fonte P http://www.hse.gov.uk/workers/

Segurança e Saúde no Trabalho • 29

GLOSSARYwhether. sehealth. saúdebecome. tornar-seaware of. consciente(s) deimproving. melhorarto join. unir-setrade union. sindicatoboth. ambos; tanto um quanto ooutro

PIONEERS GO FIRST

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Ooperador de máquinas João RoqueCorreia Neto, de 20 anos, teve qua-tro dedos da mão esquerda esmaga-

dos quando operava uma calandra sem pro-teção (sensor) na Usimatic, em SãoBernardo, no dia 5 de maio de 2006. Apesarde imediatamente levado por companhei-ros ao hospital, João teve amputados osdedos anular e médio nesta semana.

O trabalhador era contratado pelaPremium Serviços Temporários Terceiri-zados e estava apenas há dois meses naUsimatic. Seu contrato venceria dia 12.Casado, pai de um filho de três meses ecom o aluguel atrasado, o metalúrgicoreclama que não recebe qualquer ajudada empresa ou da agência sequer paracomprar remédio.

“O ferimento dói pra caramba e pioracom todo esse frio. Eles passaram unscomprimidos mais fortes, mas não tenhodinheiro para comprar”, reclama João,

que recebe pouco mais de R$ 500,00 eestá gastando cerca de R$ 400,00 emmedicamentos.

“Se o pessoal na fábrica não fizesseuma vaquinha e meu pai não ajudasse noaluguel não sei como seria”, conta. “Aempresa e a agência ficam me jogando deum lado para outro sem resolver nada”,protesta ele.

Sobre a perda dos dedos, João revelaque está tentando se conformar. “Sei quevou ficar muito abalado. Não tem dinheirono mundo que pague. Ainda mais agora,que estou no começo da carreira”, lamenta.

O diretor do Sindicato, José PauloNogueira, disse que a luta agora é paragarantir a João todos os direitos previstosna convenção coletiva e na legislação. “Afábrica tem de assumir suas responsabili-dades”, avisa.

“Era previsível que este acidente como João iria acontecer. O pior é que ele

Acidentes de t rabalhoTEXTO 16

• Segurança e Saúde no Trabalho30

FORAM-SE OS

DEDOS

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poderia ter sido evitado”. O autor dadenúncia é Clayton Luciano, do CSE naUsimatic. Ele conta que, quando a máqui-na foi instalada, a empresa foi informadapela CIPA de que a falta do sensor pode-ria provocar algum acidente.

“O problema é que a Usimatic é omis-sa na questão da segurança do trabalha-dor, eles só querem produção”, prossegueClayton. Ele mesmo perdeu quatro falan-ges de uma mão em uma prensa. Só depoisdo acidente a empresa trocou as máquinas.“O técnico de segurança é sobrinho dopatrão e só faz o que a empresa manda,nunca escuta o cipeiro”, diz o membro doCSE. Outra crítica é a jornada absurdamen-te longa que os encarregados obrigam ostrabalhadores a cumprir. “Eles ameaçamcom demissão quem não fizer horas extras.O acidente de agora ocorreu por esse exces-so de pressão”, afirma Clayton.

João teve os dedos esmagados às 3h30da manhã, quando seu horário é das 13h40às 22h. Mesmo assim estava sozinho,aumentando o estresse da longa jornada.Quando esticou a mão para pegar a peça,encostou no cilindro da calandra. A máqui-na puxou sua mão e triturou os dedos.

Se a calandra tivesse um sensor fun-cionando como deveria, o acidente com orapaz não teria acontecido.

Segurança e Saúde no Trabalho • 31

Trecho extraído da Tribuna Metalúrgica do ABC.Terça-feira, 30 demaio de 2006. Publicação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

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MODELOMEXICANO

• Segurança e Saúde no Trabalho32

Seguridad en el Trabajo es el conjuntode acciones que permiten localizar y evaluarlos riesgos, y establecer las medidas paraprevenir los accidentes de trabajo.

La seguridad en el trabajo es respon-sabilidad compartida tanto de las autori-dades como de empleadores y trabajadores.

Cuando se presenta un accidente en laempresa intervienen varios factores comocausas directas o inmediatas de los mismos.

las normas para las Comisiones deSeguridad e Higieneen el Trabajo sonmuy rigorosas

•Estructuras o instalaciones de losedificios y locales deteriorados,impropiamente diseñadas, construidaso instaladas.•Falta de medidas de prevención yprotección contra incendios.•Instalaciones en la maquinaria oequipo impropiamente diseñadas,construidas, armadas o en mal esta-do de mantenimiento.•Protección inadecuada, deficiente

o inexistente en la maquinaria, en elequipo o en las instalaciones.•Herramientas manuales, eléctricas,neumáticas y portátiles, defectuosaso inadecuadas.•Equipo de protección personaldefectuoso, inadecuado o faltante.•Falta de orden y limpieza.•Avisos o señales de seguridad e

higiene insuficientes, faltantes oinadecuados.

Prevenção de ac identesTEXTO 17

CONCEPTOS BÁSICOS DE SEGURIDAD EN EL TRABAJO

Las condiciones inseguras más frecuentes son:

Estos pueden clasificarse en dos grupos:a) Condiciones Inseguras:

Se refieren al grado de inseguridad quepueden tener los locales, la maquinaria,los equipos, las herramientas y los pun-tos de operación.

b) Actos Inseguros: Es la causa humana que actualiza lasituación de riesgo para que se produzcael accidente. Esta acción lleva aparejadoel incumplimiento de un método onorma de seguridad, explícita o implíci-ta, que provoca dicho accidente.

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Segurança e Saúde no Trabalho • 33

Los actos inseguros más frecuentes que los trabajadores realizanen el desempeño de sus labores son:

Los factores que pueden propiciar la ocurrencia de la condición o del actoinseguro, como causas indirectas o mediatas de los accidentes son:

1La falta de capacitación yadiestramiento para el pues-to de trabajo, el desconoci-

miento de las medidas preventi-vas de accidentes laborales, lacarencia de hábitos de seguridaden el trabajo, problemas psicoso-ciales y familiares, así como con-flictos interpersonales con loscompañeros y jefes.

2Características personales: laconfianza excesiva, la actitudde incumplimiento a normas

y procedimientos de trabajo esta-blecidos como seguros, los atavis-mos y creencias erróneas acerca delos accidentes, la irresponsabilidad,la fatiga y la disminución, por cual-quier motivo, de la habilidad en eltrabajo.

• Llevar a cabo operaciones sinprevio adiestramiento.

• Operar equipos sin autorización.• Ejecutar el trabajo a velocidad

no indicada.• Bloquear o quitar dispositivos

de seguridad.• Limpiar, engrasar o reparar

maquinaria cuando se encuen-tra en movimiento.

• Realizar acciones de manteni-miento en líneas de energíaviva, sin bloqueo.

• Viajar sin autorización en vehí-culos o mecanismos.

• Transitar por áreas peligrosas.• Sobrecargar plataformas, carros,

montacargas, etc.• Usar herramientas inadecuadas.• Trabajar sin protección en luga-

res peligrosos.• No usar el equipo de protección

indicado.• Hacer bromas en el sitio de tra-

bajo.

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Texto 17 / Prevenção de ac identes

• Segurança e Saúde no Trabalho34

Los controles de seguridad quedeben considerarse en los centrosde trabajo son:

A) CONTROLES DE INGENIERÍA:• Diseño de procesos con seguridad.• Aislamiento por sistemas cerrados.• Sistemas de extracción y humidifi-

cación.• Protecciones en los puntos de opera-

ción y mecanismos de transmisión.• Diseños ergonómicos.

B) CONTROLES ADMINISTRATIVOS:• Supervisión.• Rotación de personal.• Descansos periódicos.• Disminución del tiempo

de exposición.

C) EQUIPO DE PROTECCIÓN PERSONAL:• Caretas.• Mandiles.• Mascarillas.• Guantes.• Zapatos de seguridad, etc.

La supervisión debe hacerse, de acuer-do con las necesidades, en forma periódica(diaria, semanal o por lo menos mensual)y siguiendo una guía que contenga lospuntos por comprobar, que debe comple-mentarse con la observación de otros de-talles importantes de seguridad.

En esta actividad, las Comisiones deSeguridad e Higiene deben apoyar a las au-toridades, para que se dé cumplimiento ala normatividad.

El orden y la limpieza en la prevenciónde los riesgos de trabajo, son de granimportancia, ya que la falta de los mismosen los centros laborales son las causas deun gran número de accidentes, especial-mente en: incendios, explosiones, contactocon corriente eléctrica; golpeado por:caídas, resbalones y sobreesfuerzos.

Además, con el orden, la limpieza y laprevención de riesgos de trabajo, se obtieneun ambiente más agradable para el de-sarrollo de las actividades laborales.

El Reglamento Federal de Seguridad,Higiene y Medio Ambiente de Trabajo,establece que los patrones tienen laobligación de proveer el equipo de protec-ción personal necesario para proteger laintegridad física, la salud y la vida de lostrabajadores; que éstos deben usarloinvariablemente en los casos en que serequiera, y que para su selección, losempleadores deben realizar un análisis delos riesgos a los que aquéllos se exponen(artículo 101).

La supervisión, como una actividadplaneada, sirve para conocer oportuna-mente los riesgos a que están expuestoslos trabajadores, antes de que ocurra unaccidente o una enfermedad de trabajo,que pueda provocar una lesión o la pérdi-da de la salud del trabajador.

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Segurança e Saúde no Trabalho • 35

Las propias Comisiones de Seguridade Higiene reportarán a los patrones y alas autoridades del trabajo, cualquierfalla en el cumplimiento de estas disposi-ciones. El equipo de protección personalmás usado para seguridad, por regiónanatómica, es:

a) Protección de la cabeza•Casco de seguridad, de diseño ycaracterísticas adecuadas. b) Protección de la cara y los ojos•Caretas, pantallas o cualquier otroequipo de protección contra radiacionesluminosas más intensas de lo normal,infrarrojas y ultravioletas, así como con-tra cualquier agente mecánico. c) Protección del cuerpo y de losmiembros•Guantes, guanteletes, mitones, man-gas y cualquier otro equipo semejante,construido y diseñado de tal maneraque permita los movimientos demanos y dedos, y que pueda quitarsefácil y rápidamente.

•Polainas construidas con materialesde acuerdo con el tipo de riesgo, quepuedan quitarse rápidamente en casode emergencia.•Calzado de seguridad.•Mandiles y delantales construidoscon materiales adecuados al trabajo ytipo de riesgo de que se trate.•Cinturones de seguridad o arneses;cuerdas de suspensión o líneas de viday equipos de protección semejante.

Riesgos de Trabajo:

"Son los accidentes y enfermedadesa que están expuestos los trabajadoresen ejercicio o con motivo del trabajo"(artículo 473, Ley Federal del Trabajo).

Accidente de Trabajo:

"Es toda lesión orgánica o pertur-bación funcional, inmediata o poste-rior,o la muerte, producida repentinamenteen ejercicio, o con motivo del trabajo,cualesquiera que sean el lugar y el

Las Comisiones de Seguridad e Higiene deberán vigilar:

1. Que el equipo de protección perso-nal se seleccione de acuerdo con losriesgos a que estarán expuestos lostrabajadores.

2. Que el equipo sea facilitado siem-pre que se requiera.

3. Que el equipo se mantenga en ópti-mas condiciones higiénicas y defuncionamiento; y

4. Que sea utilizado por los trabajado-res en forma adecuada y correcta.

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Texto 17 / Prevenção de ac identes

• Segurança e Saúde no Trabalho36

tiempo en que se preste. Quedan inclu-idos en la definición anterior los acci-dentes que se produzcan al trasladarseel trabajador directamente de su domi-cilio al lugar del trabajo y de éste aaquél" (artículo 474, Ley Federal delTrabajo).

Los accidentes de trabajo no solamenteocurren en el local cerrado de la fábrica onegociación, sino también en cualquierotro lugar, incluyendo la vía pública queuse el trabajador para realizar una labor dela empresa, así como cualquier medio detransporte que utilice para ir de su domi-cilio al centro de trabajo y de éste a aquél.

Se les llama tipo o mecanismo de acci-dente de trabajo a las formas según lascuales se realiza el contacto entre los traba-jadores y el elemento que provoca la lesióno la muerte. Los más frecuentes, son:

• Golpeado por o contra...• Atrapado por o entre...• Caída en el mismo nivel• Caída a diferente nivel• Al resbalar o por sobreesfuerzo• Exposición a temperaturas extremas• Contacto con corriente eléctrica• Contacto con objetos o superficies con

temperaturas muy elevadas que pue-dan producir quemaduras

• Contacto con sustancias nocivas, tóxi-cas, cáusticas o de otra naturaleza,que provoquen daños en la piel o enlas membranas mucosas, o bien se

introduzcan en el organismo a travésde las vías respiratorias, digestiva opor la piel y que den lugar a intoxica-ciones agudas o muerte

• Asfixia por inmersión (ahogados)• Mordedura o picadura de animales

El responsable de dar aviso sobre losaccidentes de trabajo es el patrón.

La Ley Federal del Trabajo, en su artícu-lo 504, fracción V establece, entre otras, lasiguiente obligación a los patrones:

"Dar aviso a la Secretaría del Trabajo yPrevisión Social, al Inspector del Trabajo ya la Junta de Conciliación Permanente o ala de Conciliación y Arbitraje, dentro de las72 horas siguientes, proporcionando lossiguientes datos o elementos:

1. Nombre y domicilio de la empresa;2. Nombre y domicilio del trabajador, así

como su puesto o categoría y el montode su salario;

3. Lugar y hora del accidente, con expre-sión suscinta de los hechos;

4. Nombre y domicilio de las personasque presenciaron el accidente; y

5. Lugar en que se presta o haya prestadoatención médica al accidentado.

Texto publicado pela Subsecretaría del Trabajo, Seguridad y PrevisiónSocial. Dirección General de Seguridad y Salud en el Trabajo delMéxico

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Cuidados com o corpoTEXTO 18

http://www.selfhelpmagazine.com/psychtoons/glasbergen/workout.gif

“I exercise every morning before work. It increases my energy, reduces stress, and makes me smell so bad that nobody comes into my cubicle to bother me.”

GlasbergenCOMPLETELY BENEFICIAL

Segurança e Saúde no Trabalho • 37

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Riscos do ambiente de t rabalhoTEXTO 19

• Segurança e Saúde no Trabalho38

NA CONSTRUÇÃO CIVIL, O PERIGO É A

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Segurança e Saúde no Trabalho • 39

Ocimento, a massa de cimento ouconcreto, quando em contato fre-qüente com a pele de muitos trabal-

hadores da construção civil, pode:•Ressecar, irritar ou ferir as mãos, os pésou qualquer local da pele onde a massade cimento permanecer por certo tempo.

•Produzir reações alérgicas, e isso de-pende do contato do cimento com essaspartes do corpo.Se as mãos ou os pés de um trabal-

hador da construção civil estiverem feridosou irritados após contato com o cimento,ele deve fazer o seguinte:

•Procurar o serviço médico da empresa.•Caso esse serviço não exista, o traba-

lhador deverá procurar o posto de saú-de mais próximo de sua casa ou de seutrabalho.

•Nessa fase, deve evitar o contato comcimento até as mãos ou os pés melho-rarem.

•Será preciso usar luvas e/ou botas aovoltar ao trabalho.

•Se for obrigado a trabalhar ou insistirem fazê-lo com as mãos ou os pés irri-tados ou feridos poderá piorar e atéficar alérgico ao cimento.

•Se sofrer algum arranhão ou ferimentono serviço, deve procurar rapidamentepelo socorro médico. Antes disso, é pre-ciso lavar bem o local ferido com águacorrente e sabão ou sabonete, e desin-fetar com água oxigenada.

•A dermatose ocorrida no serviço é comose fosse acidente de trabalho. Deve,pois, ser tratada pelos serviços médicosdo SUS que atendem a esses casos. Se

DERMATOSECAUSADA PELO CIMENTO

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isso acontecer, a empresa de-verá emitira Comunicação de Acidente doTrabalho (CAT), a fim de assegurar osalário do trabalhador e o tratamentointegral da dermatose gratuitamente.Para proteger sua pele, siga estas

recomendações:•Na preparação da massa de cimento use

luvas e botas de borracha forradas inter-namente.

•Não trabalhe descalço ou de sandáliahavaiana, ou de bermuda.

•Se sua roupa estiver suja de massa oucalda de cimento ou concreto, troque-alogo que possível.

•Deve-se evitar trabalhar de bermuda, omelhor é usar calça comprida. Trabalharde sandália havaiana prejudica a pele:botas de borracha ou couro protegemos pés.

•Sempre que possível, quando trabalharem contato com a massa de cimento,use luvas de borracha forradas.

•Luvas ou botas rasgadas ou furadas sãoum perigo! Precisam ser trocadas ime-diatamente.

•Se cair massa ou calda de cimento den-tro da luva, é preciso retirá-la imediata-mente e lavar as mãos e as luvas por den-tro e por fora. Deixe escorrer toda a água.

•Se a bota furar ou rasgar, deve ser tro-cada rapidamente. Não trabalhe combota furada ou rasgada

•Pó ou cavaco de madeira dentro dossapatos ou das botas pode irritar os pés.O melhor é usar meias de futebol.

•Se entrar massa ou calda de cimentopelos furos ou rasgos da bota, podeprovocar dermatoses graves nos pés.

•Se cair massa de cimento ou calda deconcreto dentro da bota, o trabalhadordeve retirar a bota e a meia imediata-mente e lavar os locais atingidos.

•Não deixe a calça úmida de calda docimento em contato com a pele.

•Nunca use o agitador sem proteção esempre use óculos de segurança, luvas,botas e capacete.

•Se cair concreto dentro da luva ou bota,deve-se lavá-los imediatamente, assimcomo as mãos e os pés. Isto evitará feri-mentos e queimaduras pelo cimento.

•Ao final do trabalho diário, os pés e asmãos devem ser muito bem lavados,para retirar restos de cimento queficaram na pele e nas unhas.

Extraído da cartilha Dermatose profissional na Construção civil causada pelo cimento, publicação da FUNDACENTRO – MTE

40 • Saúde e Segurança no Trabalho

Texto 19 / R iscos do ambiente de t rabalho

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MERCEDES BENZ PROMOVE ACORDO MUNDIAL PELA

SAÚDE DO TRABALHADOR

A luta pelo t rabalho decenteTEXTO 20

Segurança e Saúde no Trabalho • 41

Adireção da Mercedes Benz e o Co-mitê Mundial dos Trabalhadoresassinaram protocolo estabelecendo

princípios de saúde e segurança a seremseguidos em todas as fábricas da multi-nacional.

A empresa se compromete a desenvol-ver processos integrados de saúde e segu-rança, garantindo todos os investimentosnecessários. A prevenção das doenças ocu-pacionais e de acidentes de trabalho passaa fazer parte das metas da empresa.

“É um avanço, pois a Mercedes colo-cou no papel as conquistas acumuladaspelos trabalhadores na área de saúde e

segurança”, disse Valter Sanches, secretá-rio geral da Confederação Nacional dosMetalúrgicos da CUT. Outro avanço é quetais princípios valem também para os tra-balhadores nas empresas fornecedoras.Princípios que devem, a partir de agora,constar do contrato entre a Mercedes e asterceiras. “É mais uma bala na agulhapara melhorar a qualidade dos empregosnas fornecedoras e terceiras, exigindoinvestimentos”, comentou Sanches.

A Mercedes tem fábricas em 21 paí-ses e emprega 372 mil trabalhadores.

Extraído de http://www.smabc.org.br/mostra_materia.asp?id=6888

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PACTO CONTRA O REGIME DE ESCRAVIDÃOTrabalho decente e trabalho escravo não se resolvem da noite para o dia

Trabalhador mantido em regime escravo em fazenda no interior do

Rio Grande do Sul: mais de 30 pessoas foram libertadas depois

que a situação foi denunciada.

A luta pelo t rabalho decenteTEXTO 21

• Segurança e Saúde no Trabalho42

Foto: Ricardo Wolffenbuttel

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Na Conferência Internacional Empre-sas e Responsabilidade Social 2006,realizada pelo Instituto Ethos, foram

analisados os desafios de disseminar me-lhores práticas de promoção do TrabalhoDecente e de avançar na aplicação do Pactode Combate ao Trabalho Escravo.

Utopia ou Possibilidade?

A socióloga Laís Abramo, diretora daOrganização Internacional do Trabalho(OIT) no Brasil, apresentou conceitos cria-dos pela OIT que estão incluídos na AgendaNacional do Trabalho Decente. Segundoela, “entende-se por trabalho decente umtrabalho adequadamente remunerado,exercido em condições de liberdade, eqüi-dade e segurança, capaz de garantir umavida digna”. A socióloga reconheceu que o pensamentopode ser chamado de utópico, mas acredi-ta que cada sociedade deve definir quais aspossibilidades e necessidades a ser aborda-das e persegui-las com afinco: “O trabalhodecente é uma condição fundamental paraa superação da pobreza, a redução dasdesigualdades sociais, a garantia da gover-nabilidade democrática e o desenvolvimen-to sustentável”, declarou Laís Abramo.Apesar de a Agenda propor diversos planospara o combate ao trabalho escravo e aotrabalho infantil, entre outros, ainda não éum programa. Para a socióloga, esses são

problemas possíveis de eliminar num hori-zonte razoável.

Empenho na Busca

O presidente do Instituto Observatório So-cial, Kjeld Jakobsen, apresentou algumasmetas e objetivos ligados ao trabalhodecente, dizendo que o principal é verificare medir os problemas trabalhistas. E afir-mou que não é de responsabilidade doInstituto resolver esses problemas, masapresentá-los de forma que as empresas eorganizações ligadas ao trabalho, porexemplo, os sindicatos, se empenhem nabusca pelo trabalho decente.

Agenda para Diálogo

A Agenda Nacional do Trabalho Decenteprocura demonstrar quais os aspectos aser abordados para chegar ao respeito àsnormas internacionais do trabalho, à pro-moção do emprego de qualidade, à exten-são da proteção social e, principalmente,ao diálogo social, ponto em que o Brasiltem avançado imensamente nos últimosanos.“Nenhum desses problemas se resol-ve da noite para o dia, por isso, estamoslutando para acabar com eles de formaorganizada e multidimensional”, finalizouLaís Abramo.

Saúde e Segurança no Trabalho • 43

Extraído de http://www.gestaosindical.com.br/atualidades/materia.asp?idmateria=256

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21.1 Nos trabalhos realizados a céu aberto, é obrigatória a exis-tência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger ostrabalhadores contra intempéries. (121.001-7 / I1)

21.2 Serão exigidas medidas especiais que protejam os traba-lhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umida-de e os ventos inconvenientes. (121.002-5 / I1)

21.3 Aos trabalhadores que residirem no local do trabalho, deve-rão ser oferecidos alojamentos que apresentem adequadascondições sanitárias. (121.003-3 / I1)

21.4 Para os trabalhos realizados em regiões pantanosas oualagadiças, serão imperativas as medidas de profilaxia deendemias, de acordo com as normas de saúde pública.(121.004-1 / I2)

21.5 Os locais de trabalho deverão ser mantidos em condi-ções sanitárias compatíveis com o gênero de atividade.(121.005-0 / I1)

21.6 Quando o empregador fornecer ao empregado moradiapara si e sua família, esta deverá possuir condições sanitáriasadequadas. (121.006-8 / I1)

21.6.1 É vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva dafamília. (121.007-6 / I1)

LEIS NÓS TEMOSNo que diz respeito às atividades ao ar livre, elas são incrivelmente detalhadas

Dire i to ao t rabalho decenteTEXTO 22

• Segurança e Saúde no Trabalho44

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21.7 A moradia deverá ter:a) capacidade dimensionada de acordo com o número demoradores; (121.008-4 / I1)b) ventilação e luz direta suficiente;(121.009-2 / I1)c) as paredes caiadas e os pisos construídos de materialimpermeável. (121.010-6 /I1)

21.8 As casas de moradia serão construídas em locais arejados,livres de vegetação e afastadas no mínimo 50 m (cinqüentame-tros) dos depósitos de feno ou estercos, currais, estábulos,pocilgas e quaisquer viveiros de criação. (121.011-4 / I1)

21.9 As portas, janelas e frestas deverão ter dispositivos capazesde mantê-las fechadas, quando necessário. (121.012-2 / I1)

21.10 O poço de água será protegido contra a contaminação.(121.013-0 / I1)

21.11 A cobertura será sempre feita de material impermeável,imputrecível, não combustível. (121.014-9 / I1)

21.12 Toda moradia disporá de, pelo menos, um dormitório,uma cozinha e um compartimento sanitário. (121.015-7 / I1)

21.13 As fossas negras deverão estar, no mínimo, 15 m (quinzemetros) do poço; 10 m (dez metros) da casa, em lugar livrede enchentes e à jusante do poço. (121.016-5 / I2)

21.14 Os locais destinados às privadas serão arejados, com ven-tilação abundante, mantidos limpos, em boas condições sani-tárias e devidamente protegidos contra a proliferação de inse-tos, ratos, animais e pragas. (121.017-3 / I1)

Segurança e Saúde no Trabalho • 45

Fonte P NR21 do Ministério do Trabalho e Emprego

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De acordo com o recenseamento de2000, no Brasil há cerca de 64 mi-lhões de pessoas ocupadas em vários

tipos de trabalho. Quase metade delas tra-balha mais que as 44 horas semanais pre-vistas na Constituição como a jornadamáxima de trabalho semanal.

Assim sendo, existe muita gente que,além de trabalhar mais que o número dehoras semanais previstas em lei, ainda o fazem horário noturno.

Calcula-se que mais de 10% da popu-lação brasileira ativa trabalha em turnos ouà noite. Talvez essa porcentagem seja atémaior, já que a oferta de serviços que fun-cionam dia e noite, inclusive nos fins desemana e feriados, aumentou muito dealguns anos para cá: são serviços de teleco-municações, de processamento bancá-rio, de distribuição de correspondência,

shopping centers e supermercados, hotéis,cinemas, restaurantes, academias de ginás-tica, clubes sociais e esportivos etc.

Como se pode observar, além dos servi-ços essenciais, há uma quantidade cada vezmaior de produção de bens e prestação deserviços que funcionam o tempo todo. Paraque esses bens sejam produzidos e os servi-ços prestados, aumenta a população quetrabalha em turnos, em horário noturno ouem horários irregulares.

Não há como negar, portanto, a exis-tência de uma "sociedade 24 horas", quedepende de um grande contingente detrabalhadores. Trabalhadores estes sujeitosà exposição de fatores que podem estragara sua saúde.

A SAÚDE NA SOCIEDADE 24 HORAS

Excesso de t rabalhoTEXTO 23

• Segurança e Saúde no Trabalho46

Fonte P (São Paulo em Perspectiva ISSN 0102-8839 versão impressaSão Paulo Perspec. v.17 n.1 São Paulo jan./mar. 2003 - fragmento)

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A legislação trabalhista específica

para a indústria e a aplicação de

produtos tóxicos prevê que:

RESPONSABILIDADEA PARTE DA EMPRESA

Normas de segurançaTEXTO 24

Extraído de http://www.andef.com.br/epi/

Oempregador poderá responder naárea criminal ou cível, além de sermultado pelo Ministério do Traba-

lho. O funcionário está sujeito a sançõestrabalhistas, podendo até ser demitido porjusta causa.

É recomendado que o fornecimento deEPI, bem como treinamentos ministradossejam registrados através de documentaçãoapropriada para eventuais esclarecimentosem causas trabalhistas.

Os responsáveis pela aplicação devemler e seguir as informações contidas nosrótulos, bulas e nas Fichas de Informaçãode Segurança de Produto (FISPQ) forneci-

dos pelas indústrias sobre os EPI que devemser utilizados para cada produto.

O papel do engenheiro agrônomodurante a emissão da receita é fundamen-tal para indicar os EPI adequados, pois,além das características do produto, comoa toxicidade, a formulação e a embalagem,o profissional deve considerar os equipa-mentos disponíveis para a aplicação (costal,trator de cabina aberta ou fechada, tipos depulverizadores e bicos), as etapas da mani-pulação e as condições da lavoura, como oporte, a topografia do terreno, etc.

É obrigação do empregador

P fornecer os EPI adequados ao trabalho

P instruir e treinar quanto ao uso dos EPI

P fiscalizar e exigir o uso dos EPI

P repor os EPI danificados

É obrigação do trabalhador

P usar e conservar os EPI

Segurança e Saúde no Trabalho • 47

Quem falhar

nestas obrigações

poderá ser

responsabilizado

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A VO

ZDO

CORP

O As reclamações do organismo podem ser aomesmo tempo inoportunas e salvadoras

Ele não saberia dizer exatamente quando isso aconteceu, maslá pelas tantas começou a ouvir a voz de seu corpo. Ou, me-lhor dizendo, as vozes eram várias. Mas tinham um carac-

terístico comum: sempre reclamavam. “Você está acabandoconosco”, protestavam os pés quando ele tinha de assistir a algu-ma cerimônia sem poder sentar. “Você está me castigando comessa comida”, gemia o estômago cada vez que ele comparecia aum jantar da empresa. Ele escutava, apreensivo, tais protestos,rezando para que não fossem audíveis, para que ficassem só entreele e o corpo, inesperadamente transformado em adversário.

Por algum tempo optou por ignorar as reivindicações. Mas,então, ocorreu o incidente que mudou sua existência. Ele estavanuma reunião importante, com dois diretores da companhia emque trabalhava, quando, de repente, ouviu uma voz surda, caver-nosa, vinda das profundezas do ventre:

— Quero ir ao banheiro.Era o intestino, claro. E o pedido tinha fundamento: saíra

apressado, sem tempo de fazer as necessidades. Agora vinha acobrança.

Mas não podia ir ao banheiro, não naquele momento. Demodo que sussurrou:

— Agora não dá. Esta reunião é muito importante.— Você disse alguma coisa? – perguntou um dos diretores,

franzindo o cenho. Ele desconversou: não, não dissera nada, res-mungara algo para si próprio. O homem ainda desconfiadovoltou à longa agenda da reunião, mas aí ele ouviu de novo avoz, insistente:

Cuidados com o corpoTEXTO 25

Moacyr Scliar

• Segurança e Saúde no Trabalho48

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Segurança e Saúde no Trabalho • 49

— Vamos ao banheiro, ou faço aqui mesmo, e você vai mor-rer de vergonha.

Era uma ameaça terrorista, obviamente, mas ele sabia queera para valer. Levantou-se e, pedindo desculpas, disse que tinhade ir ao banheiro.

— O momento não é oportuno – disse o outro diretor, numtom ácido, ominoso, um tom que continha uma clara advertên-cia: se você sair desta sala, seu emprego pode ir para o espaço.

Mas agora ele já não agüentava mais. Saiu correndo, embara-fustou pelo banheiro. E ficou lá muito tempo: o intestino, numaespécie de brincadeira perversa, resolvera funcionar lentamente.

Mas foi sua sorte. Porque, enquanto ele estava sentado novaso, quatro seqüestradores entraram na sede da empresa elevaram os dois diretores. Que ainda estão em lugar incerto enão sabido.

Com o que ele resolveu mudar de vida. Pediu demissão doemprego, mora num sítio, onde passa a maior parte do tempo depapo para o ar. Só que o dinheiro economizado está para termi-nar, e a mulher (de quem está separado) quer saber o quepretende fazer no futuro. Ele não diz nada. Aguarda pela voz docorpo. Que, no entanto, nunca mais se fez ouvir.

Trecho do do livro O Imaginário Cotidiano, de Moacyr ScliarEditora Global – São Paulo – 2a edição 2002.

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AOIT considera a exposição dos tra-balhadores e trabalhadoras a si-tuações humilhantes e constrange-

doras, repetitivas e prolongadas durantea jornada de trabalho e no exercício desuas funções, sendo mais comuns emrelações hierárquicas autoritárias e assi-

métricas, em que predominam condutasnegativas, relações desumanas e aéticasde longa duração, de um ou mais chefesdirigida a um ou mais subordinado(s),desestabilizando a relação da vítima como ambiente de trabalho e a organização,forçando-a a desistir do emprego.

O QUE É ASSÉDIO MORAL

NO TRABALHO?

A OrganizaçãoInternacional doTrabalho classifica a violência comopraga global

Riscos do ambiente de t rabalhoTEXTO 26

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Caracteriza-se pela degradação deli-berada das condições de trabalho em queprevalecem atitudes e condutas negativasdos chefes em relação a seus subordina-dos, constituindo uma experiência subje-tiva que acarreta prejuízos práticos eemocionais para o trabalhador e a orga-nização. A vítima escolhida é isolada dogrupo sem explicações, passando a serhostilizada, ridicularizada, inferiorizada,culpabilizada e desacreditada diante dospares. Estes, por medo do desemprego eda vergonha de serem também humilha-dos, associado ao estímulo constante àcompetitividade rompem os laços afetivoscom a vítima e, freqüentemente, reprodu-zem e reatualizam ações e atos do agres-sor no ambiente de trabalho, instaurandoo “pacto da tolerância e do silêncio” nocoletivo, enquanto a vítima vai gradativa-mente se desestabilizando e fragilizando,“perdendo” sua auto-estima.

O desabrochar do individualismoreafirma o perfil do “novo” trabalhador:“autônomo, flexível”, capaz, competitivo,criativo, agressivo, qualificado e empre-gável. Estas habilidades o qualificam paraa demanda do mercado, que procura aexcelência e saúde perfeita. Estar “apto”significa responsabilizar os trabalhadorespela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobre-za urbana e miséria, desfocando a reali-

dade e impondo aos trabalhadores umsofrimento perverso.

A humilhação repetitiva e de longaduração interfere na vida do trabalhador etrabalhadora de modo direto, comprome-tendo sua identidade, dignidade e relaçõesafetivas e sociais, ocasionando graves da-nos à saúde física e mental*, que podemevoluir para a incapacidade laborativa,desemprego ou mesmo a morte, constitu-indo um risco invisível, porém concreto,nas relações e condições de trabalho.

A violência moral no trabalho consti-tui um fenômeno internacional, segundolevantamento recente da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT) comdiversos países desenvolvidos. A pesquisaaponta distúrbios da saúde mental rela-cionados com as condições de trabalhoem países como Finlândia, Alemanha,Reino Unido, Polônia e Estados Unidos.As perspectivas são sombrias para as duaspróximas décadas, pois, segundo a OIT eOrganização Mundial da Saúde estasserão as décadas do “mal, estar na globa-lização”, em que depressões, angústias eoutros danos psíquicos, relacionados comas novas políticas de gestão na organiza-ção de trabalho e que estão vinculadas aspolíticas neoliberais.

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Extraído de http://www.assediomoral.org/site/assedio/AMconceito.php

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Omédico sanitarista Douglas Rodri-gues é coordenador do projeto Xinguda Universidade Federal de São

Paulo (Unifesp) e responsável pelo atendi-mento médico de 2.263 índios que vivemnas aldeias do Médio e Baixo Rio Xingu.Nesta entrevista, ele conta como enfrenta odesafio de estancar o avanço de “novas”enfermidades, como as doenças sexual-mente transmissíveis (DSTs), obesidade,hipertensão e desnutrição infantil.

ISA: Como o senhor avalia o sistema desaúde indígena atual?Douglas Rodrigues: Eu sou do tempo emque a Fundação Nacional do Índio (Funai)era a responsável pela saúde indígena eacompanhei a mudança a partir de 1999,com a entrada da Funasa (Fundação Na-cional de Saúde) e a criação dos DistritosSanitários Especiais Indígenas os Dseis, e ainclusão dos indígenas no atendimentopelo SUS, Sistema Único de Saúde. Amelhora é inquestionável, mas existem

propostas para a Funai reassumir o siste-ma. Acho que isso vai ser uma catástrofe,pois a Fundação não tem estrutura nemgente qualificada para um trabalho desseporte. Já demonstrou isso.

ISA: Por que o trabalho da Funasa nãofunciona direito?Douglas Rodrigues: Porque a Funasa con-tinua trabalhando com os índios como notempo em que controlava malária no meiodo mato. As pessoas precisam entender queo trabalho de saúde indígena é muitocomplexo. São 400 mil índios aldeados noBrasil, mas cada grupo de mil é diferente deoutros mil e estes de outros 500 e por aí vai.Assim, os critérios comuns de saúde públi-ca, como um médico para dois mil habitan-tes – que valem para cidades como SãoPaulo –, não servem para os índios doXingu, nem para os ianomâmis, onde talvezseja necessário um médico para 500, 300habitantes. Os índios são muito vulneráveis,estão em locais distantes e de difícil acesso.

ÍNDIOS DO XINGU AMEAÇADOS POR DST, DIABETES E OBESIDADEApesar de ter bom atendimento médico, os índios do Xingu estãoameaçados por doenças modernas, como câncer de colo de útero,obesidade, hipertensão e diabetes.

Saúde indígenaTEXTO 27

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ISA: Qual a mudança necessária maisurgente?Douglas Rodrigues: Preparar as associa-ções indígenas para defender os direitosdos índios junto ao Estado e brigar poresses direitos. E não agir como no mode-lo atual, que as torna dependentes dofinanciamento, e elas ficam com o rabopreso. Hoje, o que mais se encontra nascoordenações regionais são os “consulto-res”, muitas vezes apadrinhados políticosem cargos totalmente loteados, commuita rotatividade e nenhum entendi-mento do trabalho. Cada um que entraquer reinventar a roda. Isso ocorre emtodos os lugares, com raras exceções, e o

Xingu é uma delas, graças à presença daUnifesp.

ISA: Qual o diferencial do Xingu?Douglas Rodrigues: O diferencial do aten-dimento de saúde no Xingu é que tem umauniversidade por trás, que atua na regiãohá mais de 40 anos e que acumulou conhe-cimento sobre a população indígena e temo seu apoio. Sei de ONGs e associações indí-genas que ficam seis meses sem recebersalário. E se não há dinheiro para salário,também não tem para gasolina, paramotor, para remédio. E isso é para asações que chamamos de curativas. As depromoção de saúde, que são as que deve-

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Galpão comunitário em aldeia Araweté, no Xingu: diversidade dos povos complica o servço médico.

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riam ser priorizadas neste modelo, nemchegam a acontecer.

ISA: Qual deveria ser a prioridade,prevenção ou cura? Douglas Rodrigues: Tem que ter recursospara as duas coisas. A prevenção é funda-mental para evitar doenças no futuro,mas há momentos em que você precisa derecursos, humanos e financeiros, paracuidar das doenças que estão acontecen-do naquela hora. O ideal é que as doen-ças fossem tão poucas que se pudessetrabalhar basicamente com prevenção.Mas na situação atual isso nunca vaiacontecer, pois não há recursos paramelhorar a saúde indígena. Então ficamossempre apagando incêndio, correndoatrás da doença. E ainda tendo que esco-lher quais tratar, pois muitas vezes só dápara cuidar das que oferecem risco devida.

ISA: Quais são os principais problemasde saúde no Xingu?Douglas Rodrigues: Há uma epidemia decâncer de colo de útero. Em abril de 2006operamos 21 mulheres com lesões graves,uma proporção altíssima, já que só há cercade 900 mulheres sexualmente ativas noparque, que é o grupo de risco para o HPV,o vírus causador das lesões. Algumas paci-entes morreram pela demora nos diagnós-ticos e realização das operações. O câncer

de colo de útero é uma doença nova, apare-ceu há uns quinze anos no parque. Quan-do comecei a trabalhar no Xingu, há 25anos, uma gripe derrubava um índio adul-to e forte na rede, com 39 graus de febre, opulmão chiando. Era um agente agressornovo. Com o tempo, os organismos vão seadaptando às infecções e as manifestaçõesclínicas deixam de ser tão intensas.

ISA: As doenças modernas são maisameaçadoras do que a tuberculose, gripeou malária? Douglas Rodrigues: Sim. O Xingu não émais um lugar isolado, as pessoas entram esaem o tempo todo, ficam em permanentecontato com a sociedade branca, e com issovem o contágio. Diminuiu a incidência dasdoenças chamadas tradicionais, mas háoutras doenças surgindo, muitas delas liga-das ao estilo de vida mais sedentário e àalimentação. Antes a malária matava terri-velmente, até a década de 1980 apareciam30 ou 40 casos semanalmente, enquantohoje esse número é registrado ao longo deum ano. Em compensação, naquela épocanão havia praticamente casos de hiperten-são arterial, obesidade ou diabetes. Háaldeias com quase 40 pessoas hipertensas,precisando tomar remédios. Tivemos doisóbitos por acidente vascular cerebral, osprimeiros da história do Xingu. Já há índiosusando marca-passos, devido a cardiopatiasconseqüentes de hipertensão arterial.

Texto 27 / Saúde Indígena

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ISA: Quais os outros impactos destamudança no estilo de vida dos índiosdo Xingu?Douglas Rodrigues: A mudança de hábi-tos alimentares leva a dois extremos: obesi-dade e desnutrição, principalmente nasgrávidas, nas crianças e nos idosos. Adesnutrição em crianças praticamente nãoexistia, e hoje temos 15 a 20% das criançasmenores de cinco anos com algum grau dedesnutrição. No Xingu não temos casosgraves, tirando uma ou outra exceção. Masisso está avançando e é intrigante. Comopode ter criança desnutrida numa aldeiacom tanta fartura de alimentos? A conclu-são, a partir dos relatos dos próprios ín-dios, é que isso tem a ver com mudança dehábitos relativos aos cuidados com as crian-ças. Por exemplo, alimentação especial. NoXingu, uma criança pequena não comeuma série de coisas, só um ou outro peixe,ela se alimenta basicamente de caldos. Essehábito está se perdendo. Os antigos Kaiabicontam que antigamente as crianças anda-vam com uma cuiazinha cheia de farinhade peixe para comerem quando tivessemfome, isso não existe mais. As roças estãodiminuindo, a rapaziada está mais interes-sada nas coisas da cidade do que em abrirroça. Querem mais é arrumar emprego ecomprar o arroz e o feijão.

Outra coisa que está acabando noXingu é o intervalo interpartal, o períododurante o qual o casal não mantém rela-

ções sexuais, que entre os índios é de uma dois anos, exatamente para evitar quevenha um filho atrás do outro. A tradiçãomanda que o homem não mexa com amulher até o filho começar a andar. Porisso é que muitos homens têm duas outrês mulheres. Hoje em dia ninguém res-peita mais isso. E dizem que é “porque éassim que os brancos fazem”. É comumver mulher grávida e amamentando, quedaqui a algum tempo vai ter sete, oito cri-anças para dar de comer, a roça vai terque aumentar, e a mãe acaba cuidandomais de uns do que de outros. Portanto,os problemas de saúde não são por faltade comida.

ISA: A obesidade também é problema? Douglas Rodrigues: Também. Antigamen-te todo mundo remava seus barcos paracima e para baixo. Agora é só barco a motor.Cortavam madeira no machado, agora écom motosserra. E estão consumindo maissal e açúcar. Gastando menos energia nasatividades diárias, e tendo comida o tempotodo, o cara fica obeso e pode desenvolverdiabetes. Esse problema atinge os índiosnorte-americanos desde a década de 1960e agora está acontecendo no Brasil. Sãoameaças importantes, atuais, e a Funasanão está nem pensando em tratar, o negó-cio deles é vacinar e controlar diarréia.

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Extraído de http://www.metaong.infoTexto adaptado de entrevista concedida a Bruno Weis, do ISA

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SÓBRIA DECISÃO

Cuidados com o corpoTEXTO 28

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Foto: Caio Guatelli / AE

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Krishma Carreira

Geraldo mal abre os olhos pela manhãe com a luz do dia vem uma vonta-de visceral: bebida! Quando menos

espera está com o copo de cachaça na mãotrêmula. Sem fome, segue para a fábrica.De vez em quando, corre para o armárioonde esconde uma garrafa. Um gole, outro,e volta ao trabalho. Na saída, mais umtrago. Por dia, enxuga duas garrafas e, porcausa disso, chega a dar o cano quinze diaspor mês. Geraldo está com 32 anos e come-çou a beber aos 18.

Na época, arrumou emprego de insta-lador de cortinas. “No final do serviço, ocliente pagava uma bebidinha.” Logocomeçou a tomar cerveja todos os dias. Umdia, a situação saiu de controle. Depois debeberem umas e outras, Geraldo e ocompanheiro de trabalho começaram atrocar socos enquanto o amigo dirigia, porcausa da divisão da gorjeta. Saldo: um

acidente de trânsito, ferimentos e demis-são. O patrão toleraria um acidente detrânsito, mas não um empregado bêbado.

Esta história já está no passado deGeraldo de Souza, hoje com 45 anos e há13 sem beber. “Antes, eu não tinha iden-tidade. Eu nem me olhava no espelho.”Ele atribui à conquista da abstinência arealização de antigos sonhos. Fez cursode fotografia. Comprou apartamento –onde vive com a mulher e dois filhos –,que temeu perder durante a era dosporres. E virou atleta. No futuro pretendepedalar 535 quilômetros até Belo Hori-zonte, sua cidade natal.

Geraldo ainda vive uma luta diáriacontra o vício. “Quando vejo alguémtomando uma cervejinha me dá vontade,mas eu resisto.” Ele é dependente químico.A Organização Mundial de Saúde conside-ra que o alcoolismo é doença – que não temcura, mas tem controle. Está em quartolugar na lista das doenças que mais inca-pacitam os trabalhadores. Pode ter causahereditária, psicológica, sociocultural ou

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Doença muitas vezes favorecida pela atividade profissional, o alcoolismo tem sido enfrentado por empresas e seus funcionários dependentes

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todas juntas. Segundo o Centro Brasileirode Informações sobre Drogas Psicotrópicas(Cebrid), 11,2% dos brasileiros são alcoó-latras. No Nordeste, a média chega a16,9%. Quem começa a beber com menosde 15 anos tem quatro vezes mais chancesde se tornar dependente do que quemcomeça entre os 15 e os 21.

Muito a oferecer

Antônio Ribeiro Santos tomou aprimeira pinga aos 10 anos, em casa, como pai. “Disseram: ‘este é homem pravaler’”, lembra. Antônio é alcoólatra emrecuperação há 15 anos. Parou de bebercom terapias em grupo e com o apoio dosamigos, e ainda faz parte do programa deajuda aos dependentes químicos da Ford,onde trabalha há 13 anos. O grupo, de 24pessoas, reúne-se a cada quinze diasdurante duas horas para apoio mútuo etroca de experiências.

“O grupo está mais forte a cada dia.Aqui é uma família”, diz Ana Maria Feli-ciano, assistente social da companhia,que lembra casos de recuperação, como ode um funcionário que pegou um carrona linha de produção para beber na porta-ria. “A pessoa em recuperação tem muitoa oferecer para a firma. Depositaramconfiança em mim e me deram até funçãocom maior responsabilidade”, diz umintegrante do grupo, que chegou a ficarinternado por um mês e em cujo trata-mento a fábrica empregou 7 mil reais.

Programas de prevenção e de recupe-ração de dependentes químicos dentro dasempresas – públicas e privadas – são cadavez mais comuns, ainda que a embriaguezhabitual ou em serviço possam levar àdemissão por justa causa. Edson Lisboa,superintendente regional do Sesi do RioGrande do Sul, acompanhou de perto umaexperiência de sucesso que tem 11 anos ebeneficiou mais de 100 mil trabalhadores.Com orçamento de 30 mil reais, o Sesi fazdurante um ano e meio um mapeamentosobre os problemas de uma empresa emrelação ao álcool e outras substânciasquímicas. Com o levantamento em mãos,são traçadas ações específicas para cadafábrica. A identidade dos dependentes épreservada.

Num universo de 73 firmas atendidas,o consumo de álcool diminuiu, em média,13%. As faltas, 8%. Os atrasos, 32%. E osacidentes de trabalho, 34%. Para 70% dosalcançados pelo programa, o ponto departida para enfrentar a dependênciaforam as empresas, que deixaram deperder 50 milhões de reais com os impac-tos da doença – de gastos com atendimen-to a perda de produtividade.

Ver o fundo

O programa de controle e recupera-ção de dependência química desenvolvidopela Embraer detectou que o álcool apare-ce em quarto lugar na lista de drogas maisconsumidas e que aproximadamente 13%

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dos 14 mil funcionários da empresa têmrelação problemática com a bebida. “Nosúltimos seis anos, houve uma redução de53% no número de faltas na empresa”,comemora Carmine Sarao, diretor de RHda Embraer. A companhia estende açõesde recuperação à participação da família,faz exames toxicológicos e usa bafômetrosperiodicamente nos funcionários. “Desde2000, para cada trabalhador identificadono exame toxicológico, outros dois procu-raram ajuda voluntariamente”, completaCarmine.

O exame é polêmico. O médico JoãoCarlos Dias, da Associação Brasileira dePsiquiatria, diz que o exame só pode serrealizado se for consentido pelo trabalha-dor ou por acordo coletivo, e não podeser usado de forma punitiva. “Tem quefazer parte de um programa de preven-ção e dar direito ao contraditório. Oexame mostra que o trabalhador usa umasubstância química, mas não indica se eleé dependente. Ele pode ser útil em profis-sões cujo erro pode prejudicar seriamen-te outras pessoas, como no caso de umpiloto de avião”, explica Dias.

Jefferson Luiz da Silva era funcionárioda Embraer, trabalhava na administraçãodo aeroporto de São José dos Campos (SP)e várias vezes chegou bêbado ao trabalho.“Eu maltratava as pessoas, assustava.Como conseguia ficar algum tempo sembeber, até um ano, eu achava que não eraalcoólatra. Mas bastava começar. Quando

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Sintomas da Síndrome deDependência do Álcool eExplicação

P Estreitamento do repertório de beber – Noinício, a pessoa bebe alguns dias, em outrosnão. Com o aumento da dependência,começa a beber todos os dias, principalmenteà noite. Depois, passa a ingerir bebidas noalmoço até chegar a beber ao acordar. Noauge, bebe de hora em hora.

P Priorização do comportamento da buscado álcool – A pessoa passa a beber até nassituações socialmente inaceitáveis (no tra-balho, no carro etc.)

P Aumento da tolerância ao álcool - Odependente passa a beber mais para ter omesmo efeito e consegue fazer tarefas comaltas concentrações de álcool no sangue.

P Sintomas repetidos de abstinência – Nocomeço, os sintomas são leves e incapacitampouco. A intensidade deles aumenta com otempo. Exemplos: tremores, náusea, cãibras,inquietação, depressão e pesadelos.

P Consumo de álcool para aliviar ou evitaros sintomas de abstinência – Nas fasesmais severas, o dependente bebe pelamanhã para sentir-se melhor. Mas este sin-toma também está presente nas fases inici-ais: a pessoa pode sentir a ansiedadediminuir após beber, sem atribuir isso àabstinência.

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eu abria a garrafa tinha que ver o fundo.Saí da casa da minha mãe por causa dodescontrole”, descreve. Aos 31 anos, Jeffer-son procurou ajuda na empresa. “O trata-mento é excelente porque o alcoólatraconta com uma estrutura e tem motivação.”Ele não bebe há 15 anos e mudou de ativi-dade: hoje, é consultor de empresas quedesejam implantar programas de preven-ção e recuperação de dependentes.

Empresa lúcida

Para a médica e professora da Funda-ção Getúlio Vargas, Edith Seligmann,ajudar funcionários em vez de punir é, alémde inteligente por parte da empresa, umaquestão de justiça, já que algumas ativida-des favorecem o alcoolismo. Quem exerceum trabalho muito perigoso, por exemplo,pode passar a beber compulsivamente para“anestesiar”. O agente penitenciário Luiz daSilva Filho, diretor de saúde do sindicatoda categoria em São Paulo, reitera a expli-cação da professora. “Em geral, após seismeses de trabalho como agente penitenciá-rio a pessoa começa a ter problemas comdrogas; é estressante demais suportar tantapressão. Temos muitos problemas comagentes alcoólatras.”

As profissões monótonas tambémpodem gerar problemas com álcool, poisa bebida passa a ser usada como recursocompensatório que gera euforia e prazer.Atividades que causam afastamento

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Profissões de alto risco

Edith Seligmann Silva, professora da FundaçãoGetúlio Vargas, médica e especialista em psi-quiatria e saúde pública, aponta as profissõesnas quais há maior ocorrência de alcoolismo:

1. Atividades socialmente desprestigiadaspor envolverem atos ou materiais considera-dos desagradáveis ou repugnantes;

2. Situações em que a tensão gerada é cons-tante e elevada, especialmente quando nãoocorrem apoio social ou reconhecimento:

P Trabalho perigoso;

P Trabalho mental intensivo sob altas exigên-cias de desempenho e rapidez;

P Trabalho que exige auto controle emocionalintenso e constante (exemplos: funcionáriospúblicos que atendem pessoas, bancários,vendedores etc.);

P Trabalho monótono, que gera tédio e insa-tisfação;

P Trabalho em situação de isolamento (comovigias, maquinistas de trem etc.);

P Atividades que envolvem afastamento pro-longado do lar (mineração, viajantes comerci-ais, etc.).

Ao lado: cartaz de estímuloa freqüentadores de clínica

para dependentes de álcool.

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prolongado do lar também podem ajudarno desenvolvimento de dependência. OItamaraty mantém um programa dirigi-do a diplomatas que abusam do álcool.Médicos são também grandes vítimas dadoença. A proximidade constante damorte e a exigência de auto-controle convidam para umdrinque.

“Os programas deprevenção que podem efeti-vamente apresentar resulta-dos são aqueles que primei-ro vão estudar, comparticipação de especialistase dos próprios funcionários,as condições do ambiente detrabalho e as relações que ele proporcio-na”, alerta a professora Edith. “A partir daí,identifica-se como surge o risco. O segun-do passo é desenvolver as transformaçõesdos aspectos nocivos do trabalho.” Paraisso, a empresa também precisa empreen-der um esforço semelhante ao do depen-dente: admitir que tem problemas.

“Levei um choque e decidi me tratar”Antônio Ribeiro Santos tem 52 anos e,

hoje, considera-se um vencedor. “Eu gostode viver intensamente...” Chefe do serviçodo departamento de trânsito da prefeiturade Diadema (SP), Antônio conseguiucomprar uma casa para viver com os pais.

Foi uma conquista para quem chegou amorar em um porão e até mesmo a dormirno local de trabalho após se separar damulher. Antônio bebia quando acordava.Bebia no almoço. Antes de chegar emcasa. Antes de dormir... Perdeu o controle

e três empregos. “Fiqueidisplicente, chegava aotrabalho com ressaca... Emum deles eu analisavaprojetos, mandava execu-tar e dava problema por-que eu não tinha racioci-nado direito. Depois queme separei, fui chamadona escola do meu filhoporque ele estava com

problemas. Perguntei para a psicólogaqual era o problema dele e ela disse queera eu. Levei um choque e decidi metratar. Estou sem beber há 15 anos. Nocomeço foi muito difícil; hoje me achoimportante. Vou em festa e me policiodiariamente. Parei de beber com ajuda deterapia e não precisei tomar medicamen-to.” Antônio pode não ter decifrado osmotivos da dependência, mas o confortodos amigos e o sorriso dos filhos forambons motivos para se livrar dela.

Texto de Krishma Carreira disponibilizado pela Agência Carta Maior

(…) fui chamado naescola do meu filho

porque ele estava comproblemas. Pergunteipara a psicóloga qualera o problema dele eela disse que era eu.

Levei um choque e deci-di me tratar. estou sem

beber há 15 anos.

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Washington Novaes

Recentemente, a França divulgou umrelatório apontando o amianto comoresponsável por uma catástrofe que

matou 35 mil pessoas em 30 anos, e aindacausará a morte de outras milhares de pes-soas nos próximos 25 anos. Na França,assim como em mais 41 países, a substân-cia é proibida, mas no Brasil, apesar devários Estados terem aprovado a lei proi-bindo, como Pernambuco, Rio Grande doSul e Rio de Janeiro, além de vários muni-cípios, em São Paulo e Mato Grosso do Sulo amianto continua sendo explorado.

Nosso país é um dos maiores consumi-dores e exportadores de amianto da varie-dade crisotila. Os produtores alegam queesta variedade não é prejudicial à saúde e

tem regras de controle, ao contrário da queera mais utilizada na Europa. Mas os cien-tistas afirmam que não há muita diferençaentre as duas. Tanto que a Grã-Bretanha jáproibiu também a crisotila.

Enquanto isso, no Brasil, não se con-segue chegar a uma conclusão a respeito,embora muitos representantes do meioambiente, da saúde e dos trabalhadoressejam favoráveis ao banimento do amianto,usado principalmente em caixas d’água,tubulações e telhas.

Não faz sentido protelar uma decisãoquando a saúde da população está em jogo.

Extraído do portal virtual da TV Culturawww.tvcultura.com.br

Riscos do ambiente de t rabalhoTEXTO 29

O Brasil é fortementecriticado por usar

amianto, apontadocomo causa de boaparte dos casos de

câncer dos pulmões

FORA, AMIANTO!

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ExpedienteComitê Gestor do ProjetoTimothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/UnitrabalhoDiogo Joel Demarco (Unitrabalho)

Coordenação do ProjetoFrancisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)Luna Kalil (Coordenadora de Produção)

Equipe de Apoio TécnicoAdan Luca ParisiAdriana Cristina SchwengberAndreas Santos de AlmeidaJacqueline BrizidaKelly MarkovicSolange de Oliveira

Equipe PedagógicaCleide Lourdes da Silva Araújo Douglas Aparecido de CamposEunice RittmeisterFrancisco José Carvalho MazzeuMaria Aparecida Mello

Equipe de ConsultoresAna Maria Roman – SPAntonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SPArmando Lírio de Souza – UFPA – PACélia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SPEloisa Helena Santos – UFMG – MGEugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SPGiuliete Aymard Ramos Siqueira – SPLia Vargas Tiriba – UFF – RJLucillo de Souza Junior – UFES – ESLuiz Antônio Ferreira – PUC-SPMaria Aparecida de Mello – UFSCar – SPMaria Conceição Almeida Vasconcelos – UFS – SPMaria Márcia Murta – UNB – DFMaria Nezilda Culti – UEM – PROcsana Sonia Danylyk – UPF – RSOsmar Sá Pontes Júnior – UFC – CERicardo Alvarez – Fundação Santo André – SPRita de Cássia Pacheco Gonçalves – UDESC – SCSelva Guimarães Fonseca – UFU – MGVera Cecilia Achatkin – PUC-SP

Equipe editorialPreparação, edição e adaptação de texto: Editora Página Viva

Revisão:Ivana Alves Costa, Marilu Tassetto, Mônica Rodrigues de Lima, Sandra Regina de Souza e Solange Scattolini

Edição de arte, diagramação e projeto gráfico: A+ Desenho Gráfico e Comunicação

Pesquisa iconográfica e direitos autorais: Companhia da Memória

Fotografias não creditadas: iStockphoto.com

Apoio

Editora Casa Amarela

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)

Segurança e saúde no trabalho / [coordenação do projeto

Francisco José Carvalho Mazzeu, Diogo Joel Demarco,

Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-Fundação

Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho ;

Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-Secretraria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007,

-- (Coleção Cadernos de EJA)

Vários colaboradores.

Bibliografia.

ISBN 85-296-0063-0 (Unitrabalho)

ISBN 978-85-296-0063-5 (Unitrabalho)

1. Higiene do trabalho 2. Livros-texto (Ensino Fundamental)

3. Segurança do trabalho I. Mazzeu, Francisco José Carvalho.

II. Demarco, Diogo Joel. III. Kalil, Luna. IV. Série.

07-0384 CDD-372.19

Índices para catálogo sistemático:

1. Ensino integrado : Livros-texto :

Ensino fundamental 372.19

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