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Aula nº10: Peixes e Animais aquáticos: Aquacultura: - ao longo dos últimos 30 anos, tem aumentado muito a produção de peixes e animais aquáticos em aquacultura; - espécies aquacultivados: crustáceos, peixes, moluscos, répteis e anfíbios; - espécies poiquilotérmicos: não gastam energia para produção de calor; - diversos tipos alimentares: herbívoros, detritívoros, omnívoros e carnívoros. Por vezes animais herbívoros são juntos a detritívoros e carnívoros, de forma a haver um melhor reaproveitamento e limpeza de tanques. Aspectos Anatomo-fisiológicos: - Boca; - Esófago; - Estômago: monogástricos (mais comum) ou agástricos (como a carpa). Podem Ter ou não esômago, que pode ser mais ou menos desenvolvido; - Intestino anterior: aumenta a digestibilidade (cecos pilóricos, pâncreas e figado); - Tubo digestivo longo; - Existem peixes com HCl, pepsina e/ou quitinases (ausentes em vertebrados, permitem a digestão da quitina dos crustáceos apesar da quitina não ter valor energético ou nutricional, a eliminação da casca de crustáceos permite o acesso à parte interior e energética do animal) Peixes: - de água doce ou salgada; - de água quente ou fria. Crustáceos: - Braquíceros = caranguejos; - Macrurus= camarão (maiores produtores na Columbia); - Existência de hepatopâncreas e Aparelho GI desenvolvido; - preços elevados (principalmente camarão e lagostas); Moluscos: 1

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Aula nº10: Peixes e Animais aquáticos:

Aquacultura:- ao longo dos últimos 30 anos, tem aumentado muito a produção de peixes e animais

aquáticos em aquacultura;- espécies aquacultivados: crustáceos, peixes, moluscos, répteis e anfíbios;- espécies poiquilotérmicos: não gastam energia para produção de calor;- diversos tipos alimentares: herbívoros, detritívoros, omnívoros e carnívoros. Por vezes

animais herbívoros são juntos a detritívoros e carnívoros, de forma a haver um melhor reaproveitamento e limpeza de tanques.

Aspectos Anatomo-fisiológicos:- Boca;- Esófago;- Estômago: monogástricos (mais comum) ou agástricos (como a carpa). Podem Ter ou não

esômago, que pode ser mais ou menos desenvolvido;- Intestino anterior: aumenta a digestibilidade (cecos pilóricos, pâncreas e figado);- Tubo digestivo longo;- Existem peixes com HCl, pepsina e/ou quitinases (ausentes em vertebrados, permitem a

digestão da quitina dos crustáceos apesar da quitina não ter valor energético ou nutricional, a eliminação da casca de crustáceos permite o acesso à parte interior e energética do animal)

Peixes:- de água doce ou salgada;- de água quente ou fria.

Crustáceos:- Braquíceros = caranguejos;- Macrurus= camarão (maiores produtores na Columbia);- Existência de hepatopâncreas e Aparelho GI desenvolvido;- preços elevados (principalmente camarão e lagostas);

Moluscos:- Bivalves: ostras, vierias, mexilhões, ameijoas, ...- Cefalopodes;- Gastropodes;- em regiões costeiras;- consome-se mais berbigões, a nível nacional, que qualquer outro tipo de molusco;- no que diz respeito à comercialização de cefalópodes estamos um pouco atrasados

relativamente a outros países.

Novos animais de produção:

- Crocodilae: crocodilos e aligatores (muito comuns no Sul dos E.U.A- ex.: Florida, onde a existência

de quintas para a produção intensiva destes animais, assim como o consumo da sua

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carne e aproveitamento das matérias primas provenientes do mesmo, se encontra bastante implementada)

movimentam-se muito lentamente;

vantagens deste tipo de animais: comem um pouco de tudo (não exigentes a nível alimentar), as suas necessidades energéticas, dado a sua baixa mobilidade e não uso energético

para manutenção da homeotermia, são diminuídas, aproveitamento de quase todo o animal (carne, pele, ossos e dentes), bastantes resistentes a doenças (pouca selecção por parte do homem).

- Anfíbios: Rãs: “perninhas de rãs”;

Nutrientes ingeridos/digeridos:- proteínas de origem animal: próximo de 90% da sua alimentação total- grandes

necessidades proteicas. As proteínas de origem animal são bem digeridas, contrariamente às de origem vegetal;

- açúcares simples são facilmente digeridos, contrariamente aos oligossacarídeos, como a rafinose, que para além de serem dificilmente digeridos per si, diminuem a digestibilidade do alimento final (ex.: nunca adicionar melaço ao amido).

- pode ser incluído entre 20 a 40% de amido (existência da enzima alfa-amilase), excepto em carnívoros, os quais não devem ingerir mais de 10% de glucidos;

- Apesar da facilidade que têm em digerir açúcares simples, a glicose que utilizam para a manutenção das funções vitais, provém do catabolismo de ácidos aminados. Assim, e dado a incapacidade mobilização do glicogénio após a sua acumulação no fígado, o alimento consumido pelos peixes deve ser baixo em açúcares simples (após um certo valor de acumulação de glicogénio no fígado, este atinge o seu máximo de capacidade, aumentando os níveis de açúcar no sangue, processo irreversível para este tipo de animais, podendo causar graves problemas de saúde- processo idêntico ao açúcar no sangue de indivíduos diabéticos).

- Digestão de lípidos: Lipases muito activas e não específicas; Ácidos gordos essenciais devem ser incluídos na alimentação, não esquecendo os ácidos

gordos de cadeia longa, também essenciais para este tipo de animais, dado a impossibilidade de alongarem cadeias de ácidos gordos;

Inexistência de delta-5 desnaturase nos peixes marinhos (Ácido Araquidónico + EPA + DHA = n3 HUFA, um ácido gordo insaturado;

Nos peixes de água doce, LA + ALA = C18 PUFA (ácido gordo poli-insaturado C18, como o ácido linoleíco)

As quantidade de ácidos gordos fornecidos em aquacultura são maiores que na vida natural- peixe em aquacultura tem mais calorias e gordura (nomeadamente AGE Omega 3 e 6), que os pescados no habitat natural.

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- 90% do que necessitam é lhes fornecido e são lhes dados um grande número de refeições: seis por dia, ou mais.

- A regulação da ingestão é feita com base no valor energético do alimento que consome.

Técnicas de processamento de alimento: extrusão- foi sem dúvida uma descoberta bastante útil para a alimentação dos peixes. A técnica é

idêntica à usada para o processamento de alimentos para animais domésticos terrestres, ou seja, através de variações de temperatura e pressão, promove-se a gelificação do alimento final.

- O alimento deve ser processado consoante o peixe em questão e os hábito adoptados. Assim, os salmonídeos, por exemplo, peixes flutuantes que permanecem grande parte da sua vida à superfície da água, devem ser dados alimentos mais leves, enquanto que peixes que permaneçam grande parte da sua vida junto de rochas ou no fundo do mar/rio, devem ser dados alimentos mais pesados, acessíveis a estes. A extrusão permitiu controlar a densidade e outras características do alimento.

Factores determinantes que afectam o Metabolismo basal:1. Temperatura;2. Disponibilidade de oxigénio;3. Tamanho corporal;4. Osmorregulação;

Factores que não afectam o Metabolismo basal:1. Crescimento das gónadas na fêmeas;2. Locomoção;

Efeito da temperatura das águas:- à medida que a temperatura das águas aumenta, aumenta também as necessidades em

energia metabolizável;- dado as necessidades acrescidas em ambientes quentes, os peixes expostos a tais

temperatura, crescem mais rapidamente que os peixes expostos a temperaturas mais baixas;- os peixes de água quentes crescem assim mais rapidamente que os de água fria, mas

necessitam de mais energia para sobreviverem.- Lei de Arrhenius: com o aumento de 10ºC na temperatura, a velocidade de processamento

dos alimentos duplica, assim como a sua velocidade de deslocação (não podem estar muito tempo parados porque as suas necessidades em oxigénio são maiores, estando continuamente à procura de espaços com mais oxigénio- num meio onde o oxigénio é escasso).

Distribuição do seu peso:- 30 a 40% do seu peso vivo, corresponde às gónadas- milhões de ovos podem ser incubados

e fecundados (incubação de 10000 ovos, num litro de água).- A manutenção do equilíbrio é facilitada pela água e flutuação do seu corpo na mesma.

Aspectos fisiológicos:

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- excretam de azoto: 85% de amoníaco pelas guelras; 15% também sob a forma de amoníaco; este amoniaco é excretado tal e qual é produzido, não necessitando de sistemas de

desintoxicação (menor gasto energético);

- Eficiência energética acrescida retêm cerca de 78% da energia ingerida (contrariamente aos 30% por parte das aves, por

exemplo); eficiência energética é variável (entre 21 e 60%), sendo mais constante nos mamiferos

domésticos; índice de conversão energético muito elevado pode ser, por vezes, =1, ou seja, 1kg

de alimento, corresponde a 1kg de peso ganho.- Síntese e catabolismo proteico: a energia que utilizam é usada principalmente na síntese

proteica (nas ligações moleculares) e catabolismo proteico (para a obtenção de glicose)- padrão de aminoácidos das proteínas é a medida da qualidade das mesmas.

- Taxas de alimentação: cuidado com sobre-alimentações.

Necessidade em Micronutrientes e outros:- Vitamina C: hidrossolúvel, sendo pouco estável no meio aquático tem de ser

administrada sob formas mais estáveis em água;- Carotenoides e xantóficos : pigmentantes para a cor do peixe- não têm função orgânica ou

fisiológica, sendo administrados apenas para tornar o peixe mais “bonito” e aceitável comercialmente (ex.: salmão é pescado branco em certas regiões do mundo);

- Cálcio : é absorvido pelas guelras e existem geralmente em quantidades suficientes no meio aquático para suprir as necessidades;

- Fósforo : impossibilidade de utilizar o fósforo das águas- necessidade de adicionar fitases.

Ciclo de vida:1º- Postura e fecundação dos ovos;2º- Eclosão e desenvolvimento larvar (não procuram alimento);3º- Crescimento de juvenis a adultos.

Crescimento larvar: de ovo a larva- Primeiros 3 a 6 dias: as larvas utilizam as reservas vitelinicas do ovo (ácidos aminádos), à

medida que desenvolvem a boca, o anus, intestino, ... É muito rápido e ainda não procuram activamente alimento (excepto os salmonídeos que já são capazes da microcapsulação de alimentos inertes);

- Após os 6 dias: seres microscópicos que existem na água;- Até ao 3 meses: tempo de desmame corresponde à passagem de alimento biológico para

alimento inerte, nomeadamente farinhas de carne, pescado, entre outros;

- Esta é uma altura crítica para os peixes, registando-se durante esta época, a taxa máxima de mortalidade.

Fitoplanctôn:- microalgas necessárias para a alimentação do zooplanctôn;

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- necessidade de renovação frequente da água de cultura, dado o crescimento continuo do fitoplactôn e produção cada vez maior de detritos e produtos de digestão;

- injecta-se CO2 e ar;- necessidade de luz para o processo de fotossíntese;- sistema fechado com passagem para recipientes sucessivamente maiores;- isolamento de estirpes: manutenção em estado puro.

Zooplanctôn:- alimentam-se de fitoplanctôn;- deficientes em ácidos gordos essenciais;- ex.: larvas de crustáceos e moluscos;- adição de levedura de cerveja com o fitoplanctôn para enriquecer o zooplantôn em ácidos

gordos essenciais.

Matérias-primas:- Farinhas de pescado e sangue;- Bagaço de soja (nunca acima de 25%);- Cereais (em quantidades reduzidas).

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