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Prevenção de acidentes e cuidados de ordem pessoal e geral Durante o procedimento necroscópico, diferentemente do procedimento médico-cirúrgico hospitalar, o fator segurança está todo voltado para os profissionais que atuam neste procedimento, peritos e auxiliares, uma vez que esta preocupação passa a ser irrelevante em relação ao cadáver. Enquanto que no ato cirúrgico terapêutico a preocupação relativa a riscos de infecção é tanto para a equipe cirúrgica, como também para o paciente, no caso da necropsia o cuidado de prevenção contra infecção está todo direcionado para os peritos e auxiliares. O termo Segurança Profissional Durante Procedimento de Necropsia” traduz para os peritos e auxiliares que a prática deste ato técnico deve estar revestida de toda garantia de segurança. Uma vez que durante a necropsia os profissionais se expõem às áreas com solução de continuidade na pele ou nas mucosas do cadáver, a fluídos, secreções orgânicas e dejetos humanos. Qualquer pessoa em vida pode ser portadora de microorganismos altamente patogênicos, o que, mesmo após a morte, põe em risco a saúde de quem entra em contato com eles, principalmente, os profissionais de necropsia. Agentes infecciosos como vírus, bactérias, fungos, parasitas e prions podem infectar esses profissionais, em especial quando as barreiras usuais do corpo são ultrapassadas ou não estão íntegras. Em geral, os organismos penetram no corpo através de feridas feitas acidentalmente por agulhas ou pontas afiadas, gotículas em membranas mucosas, inalação ou passagem de microrganismos por feridas preexistentes. Portanto, peritos médicos-legistas e auxiliares técnicos que realizam necropsias, estão expostos a risco de contaminação caso medidas adequadas de proteção não sejam rigorosamente observadas. 2. SEGURANÇA PROFISSIONAL E AMBIENTAL 2. SEGURANÇA PROFISSIONAL E AMBIENTAL 2.1 - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE SEGURANÇA EM NECRÓPSIA Uma série de cuidados deve ser empreendida para se evitar a exposição a riscos físicos, químicos e biológicos durante a realização de trabalho na área da Tanatologia Forense do IMOL.

10 - Prevenção de acidentes e cuidados de ordem pessoal e geral

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Prevenção de acidentes e cuidados de ordem pessoal e geral

Durante o procedimento necroscópico, diferentemente do procedimento médico-cirúrgico hospitalar, o fator segurança está todo voltado para os profissionais que atuam neste procedimento, peritos e auxiliares, uma vez que esta preocupação passa a ser irrelevante em relação ao cadáver. Enquanto que no ato cirúrgico terapêutico a preocupação relativa a riscos de infecção é tanto para a equipe cirúrgica, como também para o paciente, já no caso da necropsia o cuidado de prevenção contra infecção está todo direcionado para os peritos e auxiliares.

O termo “Segurança Profissional Durante Procedimento de Necropsia” traduz para os peritos e auxiliares que a prática deste ato técnico deve estar revestida de toda garantia de segurança. Uma vez que durante a necropsia os profissionais se expõem às áreas com solução de continuidade na pele ou nas mucosas do cadáver, a fluídos, secreções orgânicas e dejetos humanos.

Qualquer pessoa em vida pode ser portadora de microorganismos altamente patogênicos, o que, mesmo após a morte, põe em risco a saúde de quem entra em contato com eles, principalmente, os profissionais de necropsia. Agentes infecciosos como vírus, bactérias, fungos, parasitas e prions podem infectar esses profissionais, em especial quando as barreiras usuais do corpo são ultrapassadas ou não estão íntegras. Em geral, os organismos penetram no corpo através de feridas feitas acidentalmente por agulhas ou pontas afiadas, gotículas em membranas mucosas, inalação ou passagem de microrganismos por feridas preexistentes.

Portanto, peritos médicos-legistas e auxiliares técnicos que realizam necropsias, estão expostos a risco de contaminação caso medidas adequadas de proteção não sejam rigorosamente observadas.

2. SEGURANÇA PROFISSIONAL E AMBIENTAL2. SEGURANÇA PROFISSIONAL E AMBIENTAL

2.1 - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE SEGURANÇA EM NECRÓPSIA

Uma série de cuidados deve ser empreendida para se evitar a exposição a riscos físicos, químicos e biológicos durante a realização de trabalho na área da Tanatologia Forense do IMOL.

2.1.1 - Terminologia:

Anti-sepsia – uso em tecido vivo de uma substância bactericida ou bacteriostática capaz de impedir a proliferação de microorganismos (é a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo).

Assepsia - é o método empregado para impedir que determinado meio seja contaminado (conjunto de meios utilizados para impedir a entrada de microorganismos onde não existam).

Artigo - compreendem instrumentos de naturezas diversas: utensílios, instrumental, vasilhames.

Artigo descartável – é o produto que, após o uso, perde suas características originais não deve ser reutilizado e nem reprocessado.

Área crítica - áreas de procedimentos onde o risco de contato com sangue ou secreções humanas seja concreto (sala de exame ginecológico do IMOL; sala de radiologia do IMOL; câmara fria do IMOL e sala de necropsia do IMOL).

Área semi crítica - áreas onde transitam pacientes e materiais sem o risco iminente de contato com secreções e sangue humano (salas de consultório de perícia no IMOL).

Contaminação - ato de sujar objetos inanimados ou matéria viva com material danoso, potencialmente infeccioso ou indesejável.

Descontaminação - é o processo de desinfecção ou esterilização terminal de objetos e superfícies contaminados com microorganismos patogênicos, de forma a torná-los seguros para manipulação.

Desinfecção - é a eliminação de microorganismos, por meio físico ou químico, que destrói microorganismos presentes em objetos inanimados, mas não necessariamente os esporos bacterianos.

Desinfetante de alto nível - produto químico capaz de eliminar vida microbiana, apresentando capacidade tuberculicida.

EPI – Equipamento de Proteção Individual: máscaras, gorros, visor facial ou óculos, avental com mangas sanfonadas, jaleco, luvas de borracha, luvas de látex, botas, avental impermeabilizado.

Fonte de infecção - onde os microorganismos patogênicos estão em crescimento ou já cresceram e de onde são transmitidos aos pacientes.

Hamper – saco ou vasilhame onde se deposita roupa utilizada na Tanatologia.

Infecção - é o resultado da penetração, aderência e multiplicação de um agente infeccioso específico no organismo humano ou animal onde possam causar efeitos adversos. A transmissão pode ocorrer por contato direto dos tecidos com líquidos biológicos infectados, inalação de partículas aerossóis e inoculadas através de bordas cortantes e instrumentos contaminados.

Janela imunológica - é o intervalo entre a infecção e a possibilidade de detecção de anticorpos anti-HIV por técnicas laboratoriais.

Limpeza - procedimento de higiene utilizando água, sabão e ação mecânica (escovação e fricção) com a finalidade de eliminar toda a sujeira e reduzir o número de microorganismos presentes.

Material pérfuro-cortante – materiais pontiagudos, fios ortodônticos, agulhas, lâminas de bisturis, fragmentos de vidro, ampolas, limas, matriz e outros que apresentem as mesmas características.

Período de incubação - período em que o indivíduo se encontra contaminado, mas não apresenta sinais clínicos da doença, varia de uma patologia para outra.

Prevenção e Controle de Infecção - ações desenvolvidas visando à prevenção e controle de infecção.

Reservatório - local onde os patógenos conseguem sobreviver fora do organismo e de onde podem ser transferidos, direta ou indiretamente a pacientes.

Resíduos - todo material gerado, resultante do processo de trabalho, pode ser biológico ou não, sendo classificado em potencialmente infectante ou doméstico respectivamente.

Segregação – operação de separação dos resíduos no momento e local de geração.

Sepse - presença de inflamação, formação de pus e outros sinais, em lesões colonizadas por microorganismos.

2.1.2 - Cuidados de segurança

Dentre os cuidados de segurança preconizados, para o IMOL os mais importantes são:

A - Cuidados Gerais:A.1 equipamentos de Proteção Individual (EPI)A.2 lavagem das Mãos

B - Cuidados Específicos:B.1 limpeza e desinfecção de material e higienização de ambiente B.2 profilaxia para acidentesB.3 procedimento em caso de acidenteB.4 saúde do funcionário

2.2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

A fim de minimizar o risco de se infectar, barreiras adequadas devem ser acionadas.

É bastante difícil determinar quais casos de necropsias envolvem agentes infecciosos e quais não. Portanto, é prudente considerar que todas as necropsias são potenciais fontes de agentes infecciosos. O plano central de todo programa de biossegurança em necropsia é a utilização de precauções-padrão de controle de infecções.

Assim, toda necropsia e seus objetos devem ser tratados como se portassem algum agente infeccioso. Toda a área do procedimento e seus conteúdos são designados como áreas de ameaça biológica e, portanto, devem ter placas informativas. A sala de necropsia ideal deve ser bem ventilada, com sistema exaustor negativo. É muito útil ter um segundo auxiliar de necropsia que se mantenha limpo, a fim de registrar pesos, medidas e outras observações quanto aos órgãos, e também para circular quando for necessário qualquer auxílio. Todos os procedimentos devem visar diminuir o risco de derramamentos, respingos ou aerossóis. Equipamentos contaminados, instrumentos, bacias e demais objetos devem ser confinados a áreas designadas até sua desinfecção (mesa de necropsia, mesa de instrumentos, mesa de dissecção, pia e etc.).

Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI são dispositivos usados individualmente para proteger a integridade física do trabalhador e incluem: luvas, protetores oculares ou faciais, protetores respiratórios, aventais e proteção para os membros inferiores. São equipamentos de uso obrigatório nos ambiente da sala de necropsia e nas salas de radiologia pericial.

A utilização de equipamentos como barreira contra as infecções externas passa por constantes modificações, sobretudo, na busca de novos materiais que sejam impermeáveis a

microorganismos sob pressão, flexíveis, distensíveis e confortáveis, além de permitir a boa prática nos procedimentos.

2.2.1. As principais funções dos EPI são:

I - redução da exposição humana aos agentes infecciosos;II- redução de riscos e danos ao corpo provocados por agentes físicos ou mecânicos;III - redução da exposição a produtos químicos tóxicos;IV- redução da contaminação de ambientes.

2.2.2. Tipos de EPI

Gorro: serve de proteção do couro cabeludo contra partículas biológicas e/ou químicas.

Máscara: serve de prevenção a passagem de bactérias para as vias respiratórias (orifícios nasais e orais).

Pró-pés (sapatilha): pode ser reutilizável após higienização ou de preferência descartáveis. A utilização deste tem por objetivo a prevenção de contato dos calçados com agentes infectantes.

Bota de borracha: é o mais recomendável, principalmente nestes procedimentos, pois os pés têm maiores risco de exposição a sangue e fluidos.

Avental: deve proteger o corpo do profissional e cobrir do pescoço até abaixo dos joelhos. Além de permitir ajuste confortável, já existe o tipo impermeável adequado principalmente para extensas exposições e manipulação de grandes quantidades de fluidos orgânicos.

Luva: normalmente são de borracha natural (látex) ou borracha sintética. Deve ser sempre observado se não estão com furos ou rasgadas, o que pode ocorrer em 50 a 70% dos procedimentos necroscópicos. Um defeito puntiforme, em 20 minutos, pode deixar passar 40.000 microorganismos. Deve-se evitar lesionar as mãos. Caso as luvas sejam rasgadas ou puncionadas durante qualquer procedimento, elas devem ser removidas imediatamente, e as mãos devem ser lavadas cuidadosamente. É recomendável o uso de duas luvas de látex sobrepostas.

Óculos de segurança: propicia proteção para os olhos.

Protetor facial de acrílico: propicia proteção para toda a face.

2.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E SEGURANÇA

2.3.1. Lavagem das mãos

A ação de lavar as mãos utilizando água, sabão ou detergente é considerado o mais importante modo de atuar na prevenção e controle de infecções.

O objetivo da lavagem das mãos é impedir que microorganismos mantenham-se nas mãos do profissional de necropsia, e que este carreie os mesmos para outras áreas ou demais pessoas. Portanto, a lavagem das mãos é, sem dúvida, a rotina mais simples, mais eficaz, e de maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções, devendo ser praticada por toda equipe, sempre ao iniciar e ao término de uma tarefa.

2.3.2. Técnica da lavagem

É o simples ato de lavar as mãos com água e sabão, visando à remoção de bactérias transitórias.

A lavagem das mãos deve ser feita em uma pia distinta daquela usada para a lavagem do instrumental, vidrarias ou materiais de uso na sala de necropsia.

A técnica de lavagem das mãos consiste em uma rotina padronizada como descrito abaixo:

- Retirar anéis, pulseiras e relógio.

- Abrir a torneira e molhar as mãos sem encostar-se a pia.

- Colocar nas mãos aproximadamente 3 a 5 ml de sabão. O sabão deve ser de preferência, líquido e hipoalergênico.

- Ensaboar as mãos friccionando-as por aproximadamente 15 segundos.

- Friccionar a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares, espaços interdigitais, articulações, polegar e extremidades dos dedos.

- Os antebraços devem ser lavados cuidadosamente, também por 15 segundos.- Enxaguar as mãos e antebraços em água corrente abundante, retirando totalmente o

resíduo do sabão.- Enxugar as mãos com papel toalha.

- Fechar a torneira utilizando o papel toalha.

A lavagem das mãos deve ser realizada:

- após o atendimento de cada periciando nas perícias em pessoas vivas;- sempre antes de se retirar os EPI;- após procedimentos, mesmo que tenham sido efetuados com as mãos enluvadas*;- quando tocar superfícies e objetos nos ambientes de risco (sala de necropsia e de

radiologia); - após manusear materiais e equipamentos na sala de necropsia e radiologia.

* O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos.

2.3.3. Medidas de proteção dos profissionais

Para o procedimento de necropsia, o agente de polícia científica (auxiliar da necropsia) e o perito médico-legista deverão fazer uso de gorro, máscara cirúrgica descartável, óculos de proteção ou protetor facial de acrílico, capote de tecido, avental impermeável, luvas de látex (dupla) e bota de borracha. Após o procedimento a máscara cirúrgica será descartada, os óculos de segurança ou o protetor facial de acrílico será limpo com água e sabão, e higienizado com o uso de álcool comercial a 70% antes da próxima reutilização.

2.4. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE AMBIENTE E MATERIAL

2. 4.1. Limpeza mecânica do ambiente e superfícies

Para que a desinfecção se processe de forma eficaz é necessário que, inicialmente, seja realizada a limpeza (a remoção física dos detritos ou fluídos orgânicos coagulados - carga orgânica), das superfícies da sala de necropsia e sala de radiologia forense. Esta remoção reduz, em muito, a quantidade de microorganismos, pois eles ficam aderidos à matéria orgânica removida do cadáver através de fragmento de tecidos, sangue e outros fluídos ou pela mão dos profissionais.

As bancadas, macas, mesa de radiologia, mesa de necropsia e demais móveis devem ser limpos com água e sabão (detergente) através de fricção em movimento único, de cima para baixo, utilizando pano diferenciado (parede, porta, armário, pia, mesas e maca). Deve-se evitar espirrar água sobre as superfícies. A limpeza deve ser iniciada pelo local de menor

probabilidade de contaminação para o de maior probabilidade de contaminação, e deve ocorrer após cada procedimento necroscópico e/ou radiológico.

A limpeza do piso é feita com água e sabão (detergente), com uso de vassoura (esfregão), pano diferenciado, através da técnica do duplo balde (2 baldes para enxágüe do pano e a água deve ser renovada constantemente). A limpeza deve ocorrer após cada procedimento necroscópico e/ou radiológico.

O funcionário da limpeza deverá estar paramentado com máscara, capote, luvas de procedimentos e luvas de borracha de cano longo por cima, óculos de acrílico, gorro e botas de borracha.

Os utensílios de limpeza, exclusivos para a higienização destes ambientes, serão guardados em área própria (depósito de material de limpeza da C.G.P.) após a desinfecção dos mesmos.

2.4.2. Desinfecção do ambiente e superfícies

Após a limpeza dos ambientes (sala de necropsia e radiologia) procede-se a desinfecção de pisos, paredes e janelas com hipoclorito a 1%; desinfecção das outras superfícies com álcool a 70%, após cada atendimento necroscópico. A limpeza e desinfecção do banheiro deverão ser realizadas com luvas e panos diferentes. Após a limpeza, as luvas de borracha deverão ser higienizadas com hipoclorito a 1% para serem secas e armazenadas. Descartar o gorro e a mascara na lixeira própria, e o capote no coletor de vestimentas usadas. Desinfetar os óculos e as botas com álcool a 70%, descartar as luvas de procedimento e lavar as mãos ainda na sala. Calçar nova luva de borracha para transporte do material de limpeza para área própria.

Evitar que líquidos se espalhem cobrindo com material absorvente seco para em seguida colocar o desinfetante e depois descontaminar o material absorvente.

Evitar que materiais sejam carregados nas solas de sapato ou roupas.

Higienização de superfície

2.4.3. Limpeza mecânica do instrumental cirúrgico.

Na limpeza de rotina, do instrumental cirúrgico, todos os instrumentos devem ser lavados usando-se água, sabão (detergente) e escova de náilon. Utilizar uma cuba plástica para colocar a solução de limpeza (água e sabão).

A escovação do material deve ser criteriosa, pois é esse processo mecânico que ira promover a remoção física dos detritos ou fluídos orgânicos coagulados (carga orgânica). Essa remoção mecânica reduz em muito a quantidade de microorganismos, preparando, adequadamente, o instrumental para a etapa seguinte de desinfecção.

Durante a escovação do material deve-se evitar a aspersão de aerossóis. Utilizar falso tecido descartável ou tecido (deve ser lavado após o uso, e ser exclusivo) para enxugar os artigos.

A limpeza e secagem do artigo são obrigatórias antes da desinfecção.

Após o procedimento os utensílios devem ser limpos (cuba, escovas, etc.), pode fazer a desinfecção com Hipoclorito de sódio 0,5 – 1%.

Preparação do instrumental para higienização Limpeza do instrumental pela escovação

2.4.4. Desinfecção do equipamento e materialPara a desinfecção deve-se usar solução apropriada, ou seja, germicida para agentes

suspeitos ou conhecidos. Na desinfecção de rotina todos os instrumentos e aparelhos, após a limpeza mecânica e enxágüe, devem ser desinfetados por imersão em glutaraldeído aquoso a 2% por 30 minutos. Após esse período os instrumentos devem ser enxaguados em água corrente, secos e guardados (para os procedimentos necroscópicos não há preocupação em se

esterilizar o instrumental utilizado). O importante é a limpeza mecânica e a desinfecção química após cada procedimento, como prevenção de contágio para os profissionais.

Deve-se enxaguar a superfície de trabalho com água e, em seguida, com solução de álcool a 70%. Deve-se evitar espirrar água.

2.4.5. Cuidados com o cadáver.

Após a necropsia, deve-se lavar o corpo com solução de detergente seguida da aplicação de hipoclorito a 1%. O corpo deve ser enxaguado. Em casos de constatação de doenças infecciosas no corpo examinado, a vigilância sanitária deve ser notificada. Contudo, não se podem tratar corpos "não infecciosos" com menos cuidado. É importante inspecionar os corpos que estão guardados em refrigeradores diariamente, para ver se há algum respingo de fluido de qualquer natureza. Obviamente, os acúmulos de fluido que se formem devem ser corretamente retirados ou aspirados, seguido de desinfecção do local com solução de hipoclorito a 1% por 30 minutos. Se necessário, recomenda-se colocar um aviso externamente no saco plástico em casos nos quais há possibilidade de saída de líquidos.

2.5 - CUIDADOS COM A VESTIMENTA

Todas as roupas devem ser consideradas contaminadas e desinfetadas rotineiramente. Qualquer pano úmido, capote ou outro material deve ser colocado em sacos apropriados antes do transporte.

No IMOL as vestimentas reutilizáveis são higienizadas e esterilizadas no Serviço de Lavanderia Hospitalar do Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Como o fluxo de roupa do IMOL pode ser agente de transmissão de infecção, as mesmas após uso devem ser acondicionadas em sacos plásticos comuns e posteriormente acondicionadas em saco plástico especifico padronizado pelo H.U. devidamente fechados antes de seu transporte. Durante este procedimento o funcionário deverá fazer uso de EPI. Antes do encaminhamento da rouparia deve-se elaborar um rol de controle do material encaminhado para a devida conferencia no seu retorno conforme normatização especifica da direção do IMOL.

3. PRODUTOS PARA LIMPEZA E DESINFECÇÃO3. PRODUTOS PARA LIMPEZA E DESINFECÇÃO

3.1. AGENTES QUÍMICOS EM USO NO IMOL

Os desinfetantes químicos ou germicidas de alto nível são antimicrobianos e atuam sobre a célula do organismo infectante. Sua ação letal decorre da alquilação de hidrogênio do grupo.

A utilização de produtos químicos para a desinfecção de materiais é indicada para artigos sensíveis ao calor e quando não se dispõe de Autoclave à Gás de Óxido de Etileno. Esses produtos são também utilizados para desinfetar objetos contaminados antes de serem preparados para esterilização.

O período para ocorrer a desinfecção é variado entre 10 a 30 minutos. Os artigos devem ser previamente limpos e os elementos químicos, em concentrações adequadas.

O material deve, previamente, passar pelo processo de limpeza manualmente com escova de cerdas macias com detergente. Passar pelo enxágüe com água. Colocar os instrumentos abertos, submersos no líquido desinfetante escolhido, pelo tempo determinado

pelo fabricante. O enxágüe deve ser feito com água e a secagem com compressas. No caso específico do material para procedimento necroscópico não é necessário que o enxágüe seja com água estéril.

3.2. ÁLCOOL (ETÍLICO E ISOPROPÍLICO)

3.2.1. Espectro de ação: são bactericidas, tuberculocidas, fungicidas e virulicidas; mas não são esporicidas,

3.2.2. Concentração de uso: álcool etílico a 70% em peso, 30 segundos de aplicação e evaporação natural.

3.2.3. Indicação de uso: desinfecção de nível intermediário de artigos e superfícies com tempo de exposição de 10 minutos na concentração indicada. Ex.: ampolas de vidros, termômetros, estetoscópios, superfícies externas de equipamentos metálicos, macas, bancadas etc.

3.2.4. Cuidados gerais: Resseca a pele. Produto volátil e inflamável na forma líquida. É inativo na presença de resíduo orgânico. Fixa matéria orgânica quando esta não foi devidamente removida no processo de limpeza.

3.3. HIPOCLORITO DE SÓDIO

3.3.1. Espectro de ação: é de largo espectro e de ação rápida, tuberculocida? Não é esporicida.

3.3.2. Concentração de uso: A concentração mais comum para desinfecção é a de 1% por um tempo de 30 minutos. 3.3.3. Indicação de uso: é apropriado para a desinfecção de superfícies e ambientes. Apresenta ação residual.

3.3.4. Cuidados gerais: altamente corrosivo. Baixo nível de toxidade e irritabilidade. É inativado por matéria orgânica. Produto de baixo custo. São fatores que levam à sua decomposição, interferindo em suas propriedades, temperatura, concentração, presença de luz e pH. Habitualmente a apresentação comercial do hipoclorito de sódio é a água sanitária em solução que contém 2.5% de cloro ativo em água. Para se obter a solução de hipoclorito de sódio a 1%, deve-se diluir 1.000 ml de água sanitária 2.5% em 1.500 ml de água, obtendo-se, assim, 2.500 ml de solução de hipoclorito de sódio a 1%.

3.4. ALDEIDOS: GLUTACID, CIDEX, GLUTA-LABOR e OUTROS.

3.4.1. Espectro de ação: é bactericida, tuberculocida, fungicida, viruscida e esporicida.

3.4.2. Concentração de uso: Glutaraldeído a 2% 3.4.3. Indicação de uso: Indicado para materiais corrosivos. Desinfecção de alto nível do instrumental cirúrgico utilizado na necropsia. Para efeito Bactericida, fungicida e viruscida tempo de ação de 10 minutos, para efeito tuberculicida tempo de ação de 20 a 30 minutos e efeito esporicida tempo de ação de 05 a 18 horas. Cuidados aos instrumentos a serem desinfectados: 1- O recipiente que receberá a solução ativada deve possuir tampa e ser mantido fechado todo o tempo de utilização do produto. Pode ser aberto pelo tempo suficiente

para inserir os instrumentais. 2- Após rigorosa limpeza, enxágüe e secagem, o instrumental deve ser completamente submerso no produto e, com todos os lumes preenchidos pela solução de glutaraldeído, pelo tempo necessário ao tipo de processamento desejado.

3.4.4. Cuidados gerais: produto instável com tempo de validade variando entre 2 semanas e 30 dias (checar o prazo especificado pelo fabricante na embalagem). Tóxico para pele e mucosa (utilizar máscara e luva na manipulação). O enxágüe com água deve ser rigoroso e abundante. Não é para ser usado na desinfecção ambiental. Fixa matéria orgânica quando esta não foi devidamente removida no processo de limpeza mecânica. Normalmente, a apresentação comercial da solução é a 2%, requerendo bicarbonato sódio (acompanha a embalagem) para ativar solução por meio de alcalinização a pH 7,5 a 8,5 (após a ativação do produto, o mesmo deve ser mantido na embalagem original, sem contato direto com o ar atmosférico ou luz, deve-se especificar o tempo de validade do produto, e quem realizou a ativação).

3.5. FORMALDEIDO (formol) 3.5.1. Espectro de ação: uso como preservativo (fixador), desinfetante e anti-séptico. Também é usado para embalsamar peças de cadáveres.

3.5.2. Concentração de uso: a concentração mais comum para uso como fixador de peças anatômicas é a solução de formaldeído a 10%. 3.5.3. Indicação de uso: a ser usado como fixador de tecido celular.

3.5.4. Cuidados gerais: O formol é um líquido incolor, com cheiro sufocante, miscível em água, acetona, benzeno, clorofórmio, álcool e éter etílico. O formol é tóxico quando ingerido, inalado ou quando entra em contato com a pele, por via intravenosa, intraperitoneal ou subcutânea. Em concentrações de 20 ppm (partes por milhão) no ar causa rapidamente irritação nos olhos. Sob a forma de gás é mais perigoso do que em estado de vapor. É obrigatório o uso de luvas e máscaras durante a manipulação do produto. A máscara deve ter filtro especial para vapores orgânicos. Deve ser estocado em temperatura ambiente, mas não inferior a 15 C°, ambiente seco e ventilado e longe de risco de fogo. Deve ser protegido da luz e hermeticamente fechado para evitar contato com a atmosfera, os vasilhames vazios deste material são tóxicos e retêm resíduos, devem-se observar todos os avisos e precauções com relação ao produto. É comercializado em solução aquosa, geralmente na proporção de 37%, para se obter a solução de formol a 10%, deve-se diluir 1.000 ml de formol a 37% em 3.700 ml de água, obtendo-se, assim, 4.700 ml de formol a 10%. Em caso de derramamento deve-se usar papel absorvente para retirada do líquido. Deve-se retirar toda a roupa contaminada e colocá-la em recipiente adequado para ser higienizada. Caso tenha havido contato com a pele, deve-se lavar a superfície com sabão e água.

4. PREVENÇÃO DE ACIDENTES4. PREVENÇÃO DE ACIDENTES

De acordo com a Lei 8.080/90, especialmente, em relação à saúde do trabalhador, temos no § 3, do Art. 6º, o seguinte conceito:

§ 3º - Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e a

reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, (...).

A Vigilância em Saúde do Trabalhador tem como objetivo detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos epidemiológico, tecnológico, organizacional e social, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos de forma a eliminá-los ou controlá-los por meio de uma atuação planejada contínua e sistemática.

Os servidores do Núcleo de Tanatologia do IMOL e dos Núcleos Regionais de Medicina Legal deverão estar vacinados contra hepatite B e manter imunidade contra tétano e difteria. Outra imunização como rubéola para os funcionários do sexo feminino também deve estar regular.

O reconhecimento de acidentes com produtos químicos no ambiente ou patógenos que podem ser transmitidos por cadáveres deve criar uma mentalidade preventiva contra lesões que presumivelmente podem ser evitadas. Atualmente os microorganismos mais temidos são: Vírus HIV e HTLV, da hepatite C e D. Pessoas com feridas abertas ou dermatites, ao auxiliar uma necropsia, a pele deve ser completamente coberta com vestimenta impermeável ou outra barreira aceitável.

4.1. PRECAUÇÕES PADRÕES OU BÁSICAS

Os princípios da proteção universal que o profissional da Tanatologia do IMOL deve ter em mente são:

a- uso obrigatório do Equipamento de Proteção Individual – EPI seja na manutenção do ambiente e equipamento, ou no manuseio do cadáver;

b- conhecer e cumprir rigorosamente as normas estabelecidas oficialmente pela Instituição;

c- ter sempre claro que qualquer cadáver pode ser portador de infecção e, por isso, o cuidado rigoroso é para com todos, e não somente com aqueles sabidamente portadores de doenças, passiveis de transmitir patógenos através do sangue ou líquidos orgânicos;

d- estar ciente que a falha nas precauções estabelecidas pode tornar o profissional da Tanatologia vetor de doenças para fora do setor ou mesmo do IMOL.

4.2. INSTRUMENTOS PERFURANTES, CORTANTES OU PERFURO-CORTANTES

Deve-se ter máximo cuidado ao manusear instrumentos perfurantes, cortantes ou perfuro-cortantes, a fim de minimizar o risco de acidente com os mesmos. Quando possível, o uso de agulhas deve ser evitado. Atenção meticulosa pode prevenir, quase que totalmente, ferimentos por agulha durante a realização de necropsias. Para se aspirar fluído, quando possível, usar sempre seringas sem agulha, uma vez que, vários acidentes com agulhas acontecem quando se descartam as mesmas, elas não devem ser re-encapadas. Deve-se, de imediato, descartar as agulhas e outros instrumentos de corte já utilizados. O descarte será sempre feito, diretamente, no recipiente apropriado. Não se deve deixá-los dispersos na área de trabalho.

Cortes acidentais dos dedos, principalmente na parte distal do polegar, no indicador e no dedo médio, são as lesões mais comuns que os profissionais de necropsia causam em si mesmos. Esse tipo de ferimento costuma ocorrer durante a dissecção do cadáver ou o corte

dos tecidos durante o preparo para microscopia (anatomopatologia). A freqüência de feridas nas mãos durante a realização de necropsias pode diminuir em decorrência de práticas muito simples. Um par de tesouras pode, tranqüilamente, substituir o bisturi durante a maioria dos procedimentos, como a evisceração. O uso de tesoura de ponta romba, em vez de ponta fina, é adequado em quase todas as dissecções realizadas, pelo perito médico-legista e auxiliar, na necropsia. Quando se disseca com faca ou tesoura em uma mão, deve-se aplicar tensão contra-lateral nos tecidos com a outra mão, usando uma compressa sobre o tecido; não se devem segurar os órgãos com os dedos livres ou a outra mão. Para casos de alto risco de contaminação, luvas de liga de aço ou outro material resistente a cortes podem ser utilizados. Luvas de plástico resistente a cortes também fornecem proteção e, ao mesmo tempo, permitem destreza com as mãos, sendo altamente recomendáveis.

Tesouras ou costótomos são utilizados para cortar a cartilagem costal próximo à junção costocondral quando o esterno é retirado. Recomenda-se muita atenção à superfície de corte, com possível fragmento ósseo, para se proteger de acidente com solução de continuidade da pele. Ao se fazer fatias grossas de órgãos, uma esponja (de aproximadamente 7,5cm) deve ser utilizada para estabilizar o órgão com uma mão, enquanto se segura a faca com a outra. Quando se sutura as incisões da parede toracoabdominal ao final da necropsia, devem-se segurar os retalhos de pele e músculo com um fórceps denteado ou outro instrumento, e não com as mãos.

Regras que reduzem lesões por bisturis ou outros instrumentos afiadosTente minimizar o uso de bisturis para a dissecção dos tecidos (dar preferência a tesouras).Nunca use um bisturi para cortes as cegas (ter sempre visão direta do instrumento).Prepare um número suficiente de facas ou bisturis antes da necropsia a fim de evitar a troca da lâmina.Remova as lâminas somente com um removedor de lâminas seguro (use sempre uma pinça).Permita que apenas uma pessoa use o bisturi por vez, em um local isolado.Lembre onde deixou os bisturis e outros instrumentos afiados; não os ponha desordenadamente na mesa de necropsia, mas sim na mesa de instrumentos (mesa auxiliar).Nunca manuseie as lâminas diretamente com as mãos.Sempre anuncie os movimentos que pretende fazer com instrumentos afiados.

Todo instrumento perfurante, cortante ou perfurocortante após seu uso deve ser descartado em recipiente próprio e padronizado, conforme determinação da Vigilância Sanitária, e seu preenchimento não devem ultrapassar 2/3 da capacidade do recipiente.

Recipiente para material perfurante, cortante ou pérfuro-cortante

4.3. ASPERSÃO DE LÍQUIDOS E AEROSSÓIS (SPRAY)

As pessoas que realizam e assistem à necropsia correm maiores risco de contrair tuberculose via aerossóis que se soltam durante o procedimento. Outras infecções, como raiva, praga, legionelose, meningite, riquetsiose, paracoccidiomicose e antrax, podem ser adquiridas a partir de aerossóis produzidos em necropsias. Portanto, fica claro que é preciso tomar máximo cuidado para evitar a contaminação por aerossóis e/ou espersão de fluídos. Para a proteção contra doenças transmissíveis por aspersão de fluídos como, por exemplo, a tuberculose, usa-se protetores faciais sobre a máscara.

A aspersão de partículas de material advindo dos tecidos moles e da poeira do osso durante a remoção de corpos vertebrais ou do crânio pode ser reduzida com a colocação de uma capa de plástico. A superfície óssea deve ser umedecida antes da serragem, a fim de diminuir a dispersão da poeira do osso. Para limitar o aerossol, devem-se usar recipientes com tampas bem fechadas, ao invés de recipientes com tampões de borracha ou rolhas, por exemplo. Ao abrir esse tipo de recipiente, deve-se cobrir o topo com um saco plástico para contenção de poeira ou derramamentos. Deve-se também evitar preencher demais um tubo de vácuo contendo amostra de sangue, através de pressão na seringa. A superfície do órgão deve ser irrigada e, posteriormente, realiza-se a incisão, podendo uma amostra ser coletada.

4.4. RADIOATIVIDADE

Em casos raríssimos o perito médico-legal pode examinar o corpo de um paciente que morreu logo após receber substâncias radioativas para diagnóstico ou terapia, ou após contaminação radioativa acidental. Nessas circunstâncias, o corpo pode conter nível de radiação que resulte em risco para a equipe de necropsia. O manuseio do cadáver requer cuidado especial e deve ser feito com ajuda de pessoal treinado em segurança radioativa.

Na maioria dos casos, os radioisótopos usados para diagnóstico são dados em pequenas doses (menos de 1mCi) ou tem meia-vida curta. Pacientes que morrem após exames de medicina nuclear não constituem ameaça radioativa. Os pacientes que morrem após terem recebido doses terapêuticas de radioisótopos ou que possuem fontes radioativas implantadas podem necessitar de manuseio especial, dependendo do nível de radioatividade restante. A Comissão Americana de Energia Atômica recomenda que os pacientes que receberam radioisótopos continuem no hospital até que o nível de radioatividade caia para menos de 30mCi. Um formulário identificando o isótopo, a quantidade dada e o tempo de administração devem ser anexados ao atestado de óbito, à solicitação da necropsia.

Se uma fonte radioativa implantada não puder ser removida do paciente antes da necropsia, se houver fluido radioativo depois da administração do isótopo ou se altos níveis de radioatividade puderem estar presentes em um órgão específico, pessoal especializado deve ser consultado para ajudar na remoção adequada e no descarte da fonte radioativa. A quantidade de atividade que permanece no corpo deve ser estimada em relação à meia-vida do isótopo.

Se a quantidade restante for menor que 5mCi, não haverá necessidade de maiores precauções além do uso de luvas, exceto em casos nos quais houver terapia com iodo-131 ou outros radioisótopos insolúveis que impregnam tecidos específicos (como, por exemplo, a tireóide) ou cavidades corporais.

Quando o componente residual excede 5mCi, uma pesquisa do corpo inteiro antes de abri-lo ajuda a estabelecer o tempo máximo de exposição. Pode ser necessária mais de uma equipe de profissionais de necropsia, cada um realizando uma parte do procedimento, para evitar a exposição prolongada. A exposição deve também ser monitorada. O perito médico-legista deve drenar cuidadosamente os fluidos radioativos e guardá-los para análise. Por exemplo, em casos de terapia com iodo-131, o sangue, a urina e a tireóide são radioativos. Os fluidos altamente radioativos devem ser guardados atrás de escudos de proteção apropriados antes que possam ser removidos da sala de autópsia.

Após a abertura do corpo, deve-se realizar nova pesquisa para estimar o nível de betadose para P32 ou outro radionucleotídeo betaemissor. Em casos de administração de iodo-131, a glândula tireóide pode emitir gamadose suficiente para que não seja tocada pela mão diretamente, mas sim retirada com auxílio de algum instrumento de cabo longo.

4.5. CARDIOVERSOR-DESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL

Um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI), também conhecido como CDI automático, consiste em um gerador de pulso, um ou dois eletrodos sensores e um conjunto de anodos e catodos para contrachoque. Como em marca-passos, que se assemelham aos CDI, os geradores costumam ser colocados na região subcutânea da parede torácica anterior esquerda. Dependendo do modelo e da marca, os eletrodos chegam ao coração através de uma rota transtorácica ou transvenosa.

Há pequeno risco de choque elétrico quando o cabo de um CDI é cortado ou quebrado, resultando em descarga de 25 a 40J. Embora choques dessa magnitude não levem à morte, os fabricantes recomendam que os CDI sejam desativados antes da manipulação e que luvas de látex de alta qualidade sejam usadas. Normalmente o perito médico-legista nem sempre tem a informação da presença deste dispositivo. Caso o CDI seja encontrado durante a necropsia, o perito deve ter certeza de que se trata de um CDI e não de um marca-passo antes de prosseguir com o procedimento. Se o CDI está presente, o perito médico-legista deve interromper o exame pós-morte e o aparelho deve ser desativado de forma adequada. Como eles podem explodir se incinerados, nunca devem ser descartados sem a devida atenção. A maioria dos fabricantes solicita a devolução do aparelho, e então um representante do fabricante auxilia em sua remoção.

4.6. CIANURETO

A exposição aos vapores de cianureto durante a necropsia é associada a sintomas clínicos e concentrações tóxicas de cianureto na equipe que está realizando o procedimento. As necropsias de vítimas de envenenamento por cianureto devem ser realizadas em locais com pressão de ar negativa. Embora o cianureto vaporize de outros tecidos, conteúdos gástricos com sais de cianureto ingeridos representam o maior risco nesses casos porque o ácido gástrico converte os sais em gases voláteis. Portanto, o examinador deve abrir o estômago do cadáver somente em locais com ventilação apropriada, a fim de reduzir o risco de exposição ao gás. Da mesma forma, os funcionários do laboratório de toxicologia que lidarem com amostras contendo cianureto deve usar luvas e máscaras para manipulação, somente em locais com ventilação apropriada.

4.7. FRAGMENTOS DE AGULHA

Embora não encontrados exclusivamente pelos médicos legistas, fragmentos de agulha constituem ameaça potencial aos mesmos, em especial, nos casos em que realizam necropsia em periciados que foram potenciais usuários de drogas. Corpos estranhos de agulhas embolizados foram encontrados em tecidos moles do pescoço e até mesmo em órgãos viscerais. Recomenda-se manipulação reduzida do tecido durante o exame e cuidado em autópsias de pacientes portadores de HIV, com as recomendações padrão para proteção contra instrumentos afiados.

4.8. FOTOGRAFIA NA SALA DE NECROPSIA

A fotografia de amostras frescas deve ser feita com cuidado, em especial quando se sabe que uma infecção está presente. A câmera deve ser manuseada com luvas limpas. Após a realização da fotografia, se necessário, câmeras, lentes e outros equipamentos de fotografia podem ser desinfetados com várias substâncias germicidas sem comprometer sua funcionalidade.

4.9. RETIRADA DE PROJETEIS DE ARMA DE FOGO (PAF)

Os PAF podem se fragmentar, impactar ou ter as bordas afiadas ao penetrar em seu alvo. Em qualquer caso, a deformação pode produzir bordas pontiagudas e representar um ris-co para quem a remove ou manuseia. Para necropsia de vítimas de armas de fogo, recomenda-se que radiografias laterais e ântero-posteriores sejam realizadas a fim de traçar a localização de projéteis, fragmentos ou bordas irregulares. Os projeteis só podem ser retiradas por pessoal equipado com luvas duplas de forte revestimento.

É também de suma importância prevenir a deformação do projétil durante a sua retirada, uma vez que o mesmo será submetido a exame de balística, Pode-se adaptar uma ferramenta para extrair projétil, onde a mesma é feita a partir de uma Kelly, encapado com 2 cm de cateter de borracha nas pinças. Após coleta de qualquer prova de entrada do projétil, o mesmo deve ser gentilmente lavado para retirada de sangue ou fluidos corporais a fim de diminuir o risco de contaminação. Por fim, o projétil ou seus fragmentos devem ser colocados em sacos impermeáveis, prevenindo-se qualquer dano ao mesmo pelo manuseio. O plástico deve ter então identificação adequada e selo de ameaça biológica.

5. PROCEDIMENTOS EM CASO DE ACIDENTE NO TRABALHO5. PROCEDIMENTOS EM CASO DE ACIDENTE NO TRABALHO

Acidente de trabalho é aquele que acontece no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional podendo causar morte, perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Considera-se também como acidente de trabalho:

I- Aquele que acontece quando você está prestando serviços por ordem da empresa fora do local de trabalho.

II- Aquele que acontece quando você estiver em viagem a serviço da empresa.III- Aquele que ocorre no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para casa. IV- Doenças profissionais, doenças provocadas pelo tipo de trabalho. Ex.: problemas de coluna.V- Doença do trabalho, doenças causadas pelas condições do trabalho. Ex.:

dermatoses causadas por químicos.

Na ocorrência de um acidente com trauma e/ou lesão aguda do servidor, também, quando constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, através de exames, ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico que possa estar relacionado com o trabalho, mesmo sem sintomatologia, deve-se emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho.

Em casos de contato com substâncias químicas, deve-se proceder às seguintes medidas iniciais:

Inalação: Vapores de derramamento são muito irritantes para membranas mucosas, remover a pessoa para local com ar fresco de imediato. Em caso de dificuldade respiratória encaminhar a vítima para atendimento médico de urgência.

Contato com a pele: Irritação avermelhando a pele. Lesão na pele: remover as roupas contaminadas. Lavar as partes afetadas com grande quantidade de água corrente.

Contato com os olhos: Irritação severa: lavar copiosamente com água, no mínimo por 15 minutos. A vítima deverá passar por uma consulta com oftalmologista.

Ingestão: Causam irritação para membranas da boca, garganta dores no estômago e possível ulceração. Não tente provocar vômito. A vítima deve ser encaminhada para atendimento médico.

Em casos de perfuração, ruptura das luvas, propiciando o contato da pele do profissional, com sangue e/ou fluídos do cadáver, ou nos casos de cortes e feridas por picadas, a mesma deve ser lavada imediatamente com água e sabão, completando-se com álcool a 70% líquido ou gel. Neste tipo de acidente a direção do IMOL deve ser informada e providenciar, além da comunicação do acidente, o encaminhamento da vítima para o Hospital Dia da Rede Municipal (Coronel Antonino) para os procedimentos pertinentes. Deve-se coletar material e/ou sangue da fonte suspeita (cadáver) para triagem laboratorial.

6. GERENCIAMENTO DA COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS DO IMOL6. GERENCIAMENTO DA COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS DO IMOL

Este capítulo tem por objetivo apresentar informações técnicas sobre o manuseio dos resíduos sólidos gerados no IMOL de modo a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública.

Os resíduos gerados no IMOL, apesar de representarem uma pequena parcela do total dos resíduos gerados em Campo Grande, é motivo de preocupação se não forem manuseados adequadamente na FONTE GERADORA, pois podem oferecer riscos aos seus funcionários e à população geral, contribuindo, também, para a degradação do meio ambiente.

Ressalta-se que o manuseio inadequado desses resíduos, sem observar os aspectos higiênicos básicos, possibilita que os mesmos desencadeiem processos infecciosos, transmitindo agentes etiológicos causador de doença, da fonte primária de infecção-reservatório a um novo hospedeiro.

Portanto, é fundamental buscarmos métodos adequados de gerenciamento desses resíduos, objetivando a redução dos riscos de contagio, causados pelo manuseio dos mesmos. Esta redução esta diretamente associada com a geração, segregação e o acondicionamento adequado desses resíduos.

6.1. RESÍDUOS SÓLIDOS NO IMOL

Os resíduos sólidos do setor de tanatologia do IMOL podem conter a presença de microorganismos patogênicos do tipo:

- Bactérias (bacilos gram-negativos entéricos, coliformes, salmonela thyphi, shiguela sp, bacilos gram-negativos, pseudomonas sp, cocos gram-positivos, estreptococos, e staphilococus aureus);

- Fungos (cândida albicans);- Vírus (pólio tipo 1, vírus da hepatite A e B, influenza, vacina, e vírus entéricos).

Apesar de alguns autores afirmarem que a maioria dos patógenos não sobrevive nos resíduos, em função das altas temperaturas geradas durante o processo de fermentação, sabe-se que em alguns microorganismos o tempo médio de sobrevivência, em dias, varia muito, a exemplo do apresentado no Quadro a seguir, segundo SuberKeropp, K.F. e Klug, M. J., em Microbial Ecology.

Tempo médio de sobrevivência dos microorganismos nos RSS

MICROORGANISMO TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA(em dias)

Salmonela thyphi 29 – 70Entamoeba histolyistica 8 – 12Ascaris lumbricóides 2.000 – 2.500Leptospira interagens 15 – 43Pollo Vírus - Tipo 1 20 – 170Mycobacterium Tuberculosis 150 – 180Lavras de vermes 25 - 40

6.2. DEFINIÇÃO

Resíduos Sólidos são todos os resíduos sólidos produzidos em qualquer tipo de estabelecimento, relacionado à saúde, de grande, médio e pequeno porte, dentre eles: hospitais, clínicas médicas, postos de saúde, clínicas odontológicas, clínicas veterinárias, instituições de ensino e pesquisa, farmácias, laboratórios; além de necrotérios, cemitérios, portos, aeroportos e terminais rodoviários que possuírem potencial de risco em função da presença de materiais biológicos, produtos químicos perigosos, objetos perfurocortantes e rejeitos radioativos que necessitam de cuidados especiais de acondicionamento, transporte, armazenamento, coleta interna e externa, tratamento e destinação final – conforme ABNT.

6.3. CLASSIFICAÇÃO

A NBR 12.808 da ABNT classifica os resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, visando o seu gerenciamento adequado. Eles estão divididos em três classes:

6.3.1. Classe A – Resíduo Infectante

Todo resíduo que, por sua característica de virulência, infectividade e concentração de patogenias, apresentam risco adicional à saúde pública.

Biológico (A1): cultura, inoculo, mistura de microorganismos e meio de cultura inoculado, proveniente de laboratório clínico ou de pesquisa; vacina vencida ou inutilizada, filtro de gases aspirados de áreas contaminadas por agentes infectantes e qualquer resíduo contaminado por estes materiais.

Sangue e Hemoderivados (A2): bolsa de sangue após transfusão com prazo de validade vencido ou sorologia positiva, amostra de sangue para analise, soro, plasma e outros subprodutos.

Cirúrgico, Anatomopatológico e Exsudado (A3): tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e outros orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes materiais.

Perfurante ou Cortante (A4): agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro.

Animal Contaminado (A5): carcaça ou parte de animal inoculado, exposto aos microorganismos patogênicos ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos que tenham estado em contato com este.

Assistência ao Paciente (A6): secreções, excreções e demais líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive restos de refeições.

6.3.2. Classe B – Resíduo Especial

Todo resíduo cujo potencial de risco, associado a sua natureza físico-química, requer cuidados especiais de manuseio e tratamento.

Rejeito Radioativo (B1): material radioativo ou contaminado, com radionucleídeos proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na Norma CNEN - 6.05 – Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radioativas, e cuja reutilização seja imprópria ou não prevista.

Resíduo Farmacêutico (B2): medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utilizado.

Resíduo Químico Perigoso (B3): resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico conforme NBR 10.004.

6.3.3. Classe C – Comum

Todo resíduo que não se enquadra nos tipos A e B e que, por sua semelhança com os resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Exemplo: resíduo da

atividade administrativa, dos serviços de varrição e limpeza de jardins, e restos de alimentos que não entraram em contato com pacientes.

6.4.– GERAÇÃO E SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA FONTE GERADORA

A segregação bem feita na fonte geradora é de extrema importância para possibilitar a coleta e o tratamento diferenciados dos resíduos sólidos, bem como todos os procedimentos decorrentes até a redução, reutilização e/ou reciclagem de resíduos.

Recomenda-se que, todo resíduo, no momento de sua geração, seja acondicionado, adequadamente próximo ao local onde foi gerado, de acordo com o estabelecido na NBR 12.809. Todas as unidades geradoras de resíduos sólidos têm de dispor de recipiente em quantidade suficiente para cada tipo de resíduo gerado.

Ressalta-se que todo funcionário dos serviços de saúde deve ser capacitado para segregar de maneira adequada os resíduos, fazendo a sua identificação e classificação como estabelece a norma. É imprescindível que o funcionário faça uso de equipamentos de proteção individual – EPI durante o manuseio dos resíduos sólidos.

6.5. EXIGÊNCIAS DA NBR 12.809 RELATIVA À GERAÇÃO E SEGREGAÇÃO DOS RESIDUOS SÓLIDOS, DE ACORDO COM O TIPO DE RESÍDUO GERADO

6.5.1. Classe A – Infectante

Todo resíduo que por sua característica de virulência, infectividade e concentração de patogenias apresentam risco adicional à saúde pública. Os resíduos classificados como infectantes deverão ser acondicionados em saco plástico leitoso, de acordo com a NBR 9.190; sendo que os perfurantes ou cortantes (A4), em recipiente rígido; os biológicos (A1) e sangue/hemoderivados (A2) têm de ser submetidos à esterilização na unidade geradora; e os cirúrgicos, anatomopatológicos e exsudados (A3) devem ser acondicionados, separadamente, em sacos plásticos, de acordo com a NBR 9.190.

Todos os resíduos líquidos infectantes terão de ser submetidos a tratamento na própria unidade antes de serem lançados na rede pública de esgotamento sanitário, de acordo com as exigências do órgão de controle ambiental competente.

6.5.2. Classe B – Especial

Todo resíduo cujo potencial de risco, associado a sua natureza físico-química, requeira cuidados especiais de manuseio e tratamento. Os resíduos farmacêuticos (B2) e químicos perigosos (B3) têm de ser dispostos em recipientes compatíveis com as suas características físico-químicas, de maneira a não sofrem alterações que comprometam a segurança durante o armazenamento e transporte. Os recipientes deverão ser identificados de maneira visível com o nome da substância ou resíduo, sua concentração e principais características.

A Norma recomenda, também, que o resíduo tipo B3 seja reciclado sempre que possível, ou que o processo gerador seja substituído por outro que produza resíduo menos perigoso ou reciclável.

Os resíduos classificados como rejeitos radioativos (B1) deverão ser acondicionados de acordo com a Resolução da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN – NE- 6.05.

6.5.3. Classe C – Comum

Todo resíduo que não se enquadra nos tipos A e B e que por sua semelhança com os resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Esses resíduos deverão ser acondicionados de acordo com as recomendações da NBR 9.190.

6.6. MANUSEIO E ACONDICIONAMENTO

6.6.1. Manuseio

Para qualquer tipo de manuseio dos resíduos de serviços de saúde, o funcionário deverá usar equipamentos de proteção individual (EPI): sendo que para os resíduos infectantes deve-se usar:

Gorro (para proteger os cabelos, de cor branca);

Óculos (lente panorâmica, incolor, de plástico resistente, com armação em plástico flexível, proteção lateral e válvulas para ventilação);

Máscara (para impedir a inalação de partículas e aerossóis, do tipo semifacial);

Uniforme (calça comprida e camisa manga ¾, de material resistente e cor clara);

Luvas (de material impermeável, resistente, tipo PVC, antiderrapante e de cano longo);

Botas (de material impermeável, resistente, tipo PVC, de solado antiderrapante, cor clara, e de cano ¾);

Avental (PVC, impermeável e de comprimento médio).

No manuseio dos resíduos de Classe C – comum - pode ser dispensado o uso de gorro, de óculos e de máscara; e para os de Classe B – especial - deve-se usar EPI de acordo com as Normas de Segurança.

6.6.2 . Acondicionamento

Segundo a NBR 12.809, após o acondicionamento nos recipientes os resíduos devem ser fechados de forma a não haver vazamentos; sendo que os recipientes (saco plástico) devem ser fechados quando 2/3 de sua capacidade estiverem preenchidos. Todo o excesso de ar deve ser retirado, e o saco plástico tem de ser bem fechado, torcendo e amarrando sua abertura com arame, barbante ou nó. Após o fechamento o recipiente deverá ser imediatamente retirado da unidade geradora e levado até a sala de resíduo, por meio da coleta interna.

6.7. ARMAZENAMENTO - ABRIGO DE RESÍDUOS

Os resíduos devem ser armazenados de acordo com as normas de segregação e de forma ordenada. Não se admite a permanência de resíduos que não estejam devidamente acondicionados de acordo com o estabelecido em norma. Os recipientes contendo resíduos (lacrados) deverão ser armazenados no abrigo, mesmo quando dispostos em contêineres.

O abrigo de resíduo não deve ser utilizado para a guarda de materiais, equipamentos ou qualquer outro objeto. Para isto deve haver local próprio, anexo àquele. O acesso ao abrigo

deverá ser restrito aos funcionários do IMOL e aos do serviço de coleta externa (serviço municipal), que deverão estar devidamente fardados e utilizando os EPI.

De acordo com a NBR 12.809, o abrigo de resíduo deverá ser construído obedecendo as seguintes especificações:

- construído em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas laterais;- possuir o piso e paredes revestidos internamente com material liso, resistente, lavável, impermeável e de cor branca;- possuir porta com abertura para fora, com proteção inferior dificultando o acesso de vetores;- possuir ponto de água, ralo sifonado, ponto de esgoto sanitário e iluminação artificial interna e externa;- ter localização que permita facilidade de acesso e operação das coletas externas;- possuir símbolo de identificação, em local de fácil visualização, segundo NBR 7.500;- ser dimensionado para comportar a quantidade de resíduos equivalente à geração de três dias;- quando houver duas coletas diferenciadas, resíduos infectantes e comuns, os abrigos deverão ser individualizados com acessos próprios.- quando o estabelecimento gerador não exceder a produção semanal de 700l e a produção diária não exceder 150l, é considerado de pequeno gerador, e pode, portanto, optar pela instalação de um abrigo reduzido.

O abrigo deverá ser higienizado após a coleta externa ou sempre que ocorrer derramamento; e o efluente da lavagem deverá receber tratamento adequado de acordo com o exigido pelo órgão estadual de controle ambiental.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um manual de biossegurança em necropsia médico-legal tem por objetivo o mesmo que qualquer programa de biossegurança. Ou seja, propiciar à equipe da necropsia e visitantes o ambiente mais livre possível de ameaças biológicas. Para se atingir esse objetivo, é necessário um programa de orientação contínua de educação em segurança, mais o comprometimento dos profissionais do procedimento necroscópico em aderir a métodos seguros da prática de necropsias médico-legais.

Esta é a segunda edição do manual de biossegurança do IMOL, que foi revisado e adequado às necessidades atuais. É importante ficar bem explicito que todo profissional que trabalha na perícia médico-legal, manipulando substâncias químicas de risco, material biológico, ou que manipule material perfurocortante, entre outros, deve:

I- Estar atento e não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio, autocontrole e comportamento;

II - Ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos operacionais padrão do setor; III - Agir com tranqüilidade e sem pressa;

IV - Prevenir-se de eventuais acidentes utilizando, de acordo a sua necessidade, os equipamentos de proteção individual (jaleco, avental, óculos, protetor facial, cabelos presos, luvas, botas, máscara, avental de chumbo).

Assim resumindo, a Biossegurança é no seu conceito amplo, “o conjunto de conhecimentos direcionados para ações de prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, as quais possam comprometer a saúde do homem, dos animais, das plantas e do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos”.