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ARTIGO: DO ADVOGADO EMPREGADO Hodiernamente, um ramo específico da advocacia que está em ascensão refere-se ao advogado empregado. Se por um lado há cerca de uma década atrás foi enorme o aumento do número de sociedade de advogados, atualmente, cresce de forma espantosa o número de advogados empregados. Várias empresas passaram a preferir ao invés de contratar sociedade de advogados, contratar advogados empregados, montando internamento seu departamento jurídico próprio. Porém algumas considerações importantíssimas devem ser efetuadas com relação ao advogado empregado não só para a prática da advocacia profissional, como também para o estudo do Exame da OAB. Não podemos também esquecer que a independência, a isenção técnica e a ausência de subordinação jurídica são características essenciais à advocacia, mesmo quando se trata de advogado empregado. Abaixo, outros pontos importantes sobre advogado empregado, constante no Estatuto da Advocacia. Legislação aplicável O Estatuto da Advocacia, Código de Ética e Disciplina e Regulamento Geral é a legislação que se aplica ao advogado assalariado, empregado de escritório, sociedade de advogados ou mesmo empresa que detém departamento jurídico próprio, uma vez que possuímos uma lei especial para tratar dessa profissão, razão pela qual as normas da legislação trabalhista só serão aplicadas de forma subsidiária, uma vez que a lei especial prevalece sobre lei normal. Jornada de trabalho A jornada de trabalho prevista para o advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de 4 horas contínuas e há de 20 hora semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. Importante mencionar que para o Estatuto, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhes reembolsadas às despesas com transporte, hospedagem e alimentação. Hora Extra Qualquer hora de trabalho que ultrapasse a jornada do advogado empregado deve ser paga como extra, salvo se o advogado empregado trabalhar sob dedicação exclusiva. Importante mencionar que as horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas não inferior a 100% sobre o valor da hora

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  • ARTIGO: DO ADVOGADO EMPREGADO

    Hodiernamente, um ramo especfico da advocacia que est em ascenso refere-se ao advogado empregado. Se por um lado h cerca de uma dcada atrs foi enorme o aumento do nmero de sociedade de advogados, atualmente, cresce de forma espantosa o nmero de advogados empregados. Vrias empresas passaram a preferir ao invs de contratar sociedade de advogados, contratar advogados empregados, montando internamento seu departamento jurdico prprio. Porm algumas consideraes importantssimas devem ser efetuadas com relao ao advogado empregado no s para a prtica da advocacia profissional, como tambm para o estudo do Exame da OAB.

    No podemos tambm esquecer que a independncia, a iseno tcnica e a ausncia de subordinao jurdica so caractersticas essenciais advocacia, mesmo quando se trata de advogado empregado.

    Abaixo, outros pontos importantes sobre advogado empregado, constante no Estatuto da Advocacia.

    Legislao aplicvel O Estatuto da Advocacia, Cdigo de tica e Disciplina e Regulamento Geral a legislao que se aplica ao advogado assalariado, empregado de escritrio, sociedade de advogados ou mesmo empresa que detm departamento jurdico prprio, uma vez que possumos uma lei especial para tratar dessa profisso, razo pela qual as normas da legislao trabalhista s sero aplicadas de forma subsidiria, uma vez que a lei especial prevalece sobre lei normal.

    Jornada de trabalho A jornada de trabalho prevista para o advogado empregado, no exerccio da profisso, no poder exceder a durao diria de 4 horas contnuas e h de 20 hora semanais, salvo acordo ou conveno coletiva ou em caso de dedicao exclusiva. Importante mencionar que para o Estatuto, considera-se como perodo de trabalho o tempo em que o advogado estiver disposio do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritrio ou em atividades externas, sendo-lhes reembolsadas s despesas com transporte, hospedagem e alimentao.

    Hora Extra

    Qualquer hora de trabalho que ultrapasse a jornada do advogado empregado deve ser paga como extra, salvo se o advogado empregado trabalhar sob dedicao exclusiva. Importante mencionar que as horas trabalhadas que excederem a jornada normal so remuneradas no inferior a 100% sobre o valor da hora

  • normal. Assim, o adicional de hora extra devido ao advogado empregado de no mnimo 100%, salvo acordo ou conveno coletiva de trabalho e se o advogado trabalhar sob o regime de dedicao exclusiva.

    Importante: Em caso de dedicao exclusiva, sero remuneradas como extraordinrias as horas trabalhadas que excederem a jornada normal de 08 horas dirias.

    Hora noturna

    No bastasse a reduzida jornada de trabalho prevista para o advogado empregado perto dos demais trabalhadores de um modo geral, tambm o horrio noturno e seu respectivo adicional diferente do previsto na legislao trabalhista. Devem ser remuneradas como horas noturnas, as horas trabalhadas no perodo das 20 h. de um dia at as 05 h. do dia seguinte, acrescida do adicional de no mnimo 25%.

    Funes de Advogado e Preposto O Regulamento Geral veda expressamente em seu Artigo 3 ao advogado exercer simultaneamente as funes no mesmo processo, de patrono e preposto do empregador ou cliente. Referida proibio aplica-se a todos os advogados, razo pela qual mesmo que seja advogado empregado, o advogado no pode represent-lo de forma simultnea exercendo as funes de advogado e preposto.

    Salrio Mnimo do Advogado Empregado J com relao ao o salrio mnimo profissional do advogado empregado, o mesmo ser fixado em sentena normativa, salvo se ajustado em acordo ou conveno coletiva de trabalho.

    Prestaes pessoais ao empregador O advogado empregado no est obrigado prestao de servios profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relao de emprego. Assim, caso um advogado seja empregado contratado de uma empresa para efetuar a assessoria trabalhista por exemplo no est obrigado a resolver a separao judicial ou outros os problemas pessoais de um dos scios da empresa.

    Honorrios de Sucumbncia Independentemente do salrio do advogado empregado, o mesmo tem direito aos honorrios sucumbenciais. O Estatuto disciplina que nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os honorrios de sucumbncia so devidos ao advogado empregado. J com relao aos casos de sociedade de advogados, os honorrios de sucumbncia percebido por advogado empregado so partilhados entre ele e a empregadora, nos casos em que no hajam estipulao contratual em contrrio (VIDE ADIN 1127-8 S.T.F.).

  • Os honorrios de sucumbncia, por decorrerem precipuamente do exerccio da advocacia e s acidentalmente da relao de emprego, no integram o salrio ou a remunerao, no podendo assim, ser considerados para efeitos trabalhistas ou previdencirios.

    Importante: no confundir honorrios de sucumbncia com honorrios advocatcios profissionais, uma vez que o primeiro refere-se condenao paga pela parte que perdeu ou sucumbiu no processo ao advogado da outra parte, enquanto que o segundo o honorrio pago diretamente pelo cliente ao advogado conforme pactuado entre as partes levando em considerao os critrios previstos no Estatuto e Cdigo de tica e Disciplina.

    DICAS DE ESTUDO Indicamos a leitura dos Artigos 18 a 21 do Estatuto da Advocacia, bem como do Artigo 11 a 14 do Regulamento Geral.

    BIBLIOGRAFIA

    CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

    CARDELLA, Haroldo Paranhos. tica Profissional da Advocacia Estatuto da Advocacia e Cdigo de tica e Disciplina. So Paulo: Editora Saraiva.2006.

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    FIGUEIREDO, Laurady. tica Profissional. So Paulo: Barros, Fischer & Associados.

    MACEDO, Marco Antonio Macedo Junior e Celso Coccaro. tica Profissional e Estatuto da Advocacia. So Paulo: Editora Saraiva. 2008

    MAMEDE, Gladston A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. So

    Paulo: Editora Atlas. 2008.

  • MARIN, Marco Aurelio. tica. So Paulo: Editora Mtodo.2006

    LBO, Paulo Luiz Netto. Comentrios ao Estatuto da Advocacia e da OAB. So Paulo: Editora Saraiva. 2002.

    PAGAN, Marcos. tica Profissional. 2004. So Paulo

    SANTOS, Vauledir Ribeiro. tica Profissional. So Paulo: Editora Mtodo.2006

    JURISPRUDNCIA. Ordem dos Advogados do Brasil . Disponvel em:. Acesso em: dezembro de 2008.

    JURISPRUDNCIA. Supremo Tribunal Federal. Disponvel em:. Acesso em: dezembro de 2008.