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10º Encontro Anual da AAAdGest Homenagem ao Dr. Rogério Maas A AAAdGest realiza o seu 10º Encontro Anual dos Angos Alunos do Departamento de Gestão, com uma homenagem ao docente Dr. Rogério Maas de forma a manifestar a sua gradão por todo o apoio que tem dado, desde o início, ao desenvolvimento da Associação (pág. 7) Foi assim há um ano IX Encontro da AAAdGest Página .... 9 À conversa com Dr. Rogério Maas Páginas .... 11 a 17 Estratégia e Intento Estratégico Páginas .... 22 a 24 Edição n.º 9 | Novembro 2012 | Distribuição Gratuita Diretor: António Santos

10º Encontro Anual da AAAdGest Homenagem ao Dr. Rogério … · tica). O Departamento promove ainda um conjunto de cursos de curta duração, como por exemplo, Curso de preparação

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10º Encontro Anual da AAAdGest

Homenagem ao Dr. Rogério MatiasA AAAdGest realiza o seu 10º Encontro Anual dos Antigos Alunos do Departamento

de Gestão, com uma homenagem ao docente Dr. Rogério Matias de forma a manifestar a sua gratidão por todo o apoio que tem dado, desde o início, ao desenvolvimento da Associação (pág. 7)

Foi assim há um anoIX Encontro da AAAdGest

Página .... 9

À conversa comDr. Rogério Matias

Páginas .... 11 a 17

Estratégia eIntento Estratégico

Páginas .... 22 a 24

Edição n.º 9 | Novembro 2012 | Distribuição GratuitaDiretor: António Santos

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Mais um ano passado e mais um que se aproxima. Nos tempos modernos tudo parece que gira mais rápido, quase não havendo tempo para concretizarmos os sonhos que idealizamos. A vida moderna é mais dinâmica, mais absorvente, mais competitiva, mais distributiva em termos de tempo disponível. Queremos sempre fazer mais daquilo que gostamos, mas nem sempre existe disponibilidade para tal. É por isso que as opções que tomamos se devem enquadrar, sempre que possível, no que é mais importante e urgente.

Ao longo deste último ano, a Associa-ção dos Antigos Alunos do Departamento de Gestão da Escola Superior de Tecnolo-gia de Viseu (AAAdGest), representando os cursos de Marketing, Turismo, Conta-bilidade e Administração e Gestão de Em-presas, tem vindo a trabalhar no reforço dos contactos com todos os Antigos Alu-nos, independentemente de se encontra-rem ou não inscritos na nossa Associação. O que nos interessa é chegar a todos, de modo a criarmos uma ligação permanen-te entre nós. Só assim poderemos levar a cabo ações integradoras que conduzam à participação de todos os diplomados, levando-os a inscreverem-se e a partici-parem ativamente na vida da AAAdGest. Por tudo isto, a nossa Associação apostou fortemente no desenvolvimento de fer-

ramentas informáticas que facilitam, não só, o acompanhamento permanente das suas atividades mas, também, o contacto com todos os Antigos Alunos. Além do site oficial (www.aaadgest.org) e mail ([email protected]), criámos uma página no Fa-cebook (AAAdGest), onde todos os ade-rentes podem interagir. A base de dados, contendo praticamente todos os Vossos e-mails, é outra preciosa ferramenta que nos permite chegar junto de vós sempre que for preciso e através de um simples “click”. Torna-se agora necessário dina-mizar estas ferramentas, uma tarefa que pode e deve ser repartida por todos.

Para este novo ano, que coincide sempre com o início do ano escolar, vamos procu-rar dar projeção à nossa Associação. Para além da comunidade educativa, quere-mos que a nossa Associação seja também conhecida pela sociedade civil. Nunca nos desligando daqueles para os quais traba-lhamos, os antigos Alunos, vamos levar a efeito alguns eventos que podem servir com valor instituições ou pessoas noutros quadrantes. Entre estes eventos, enqua-dra-se o ciclo de conferências “Gentes da Gestão da ESTGV” cujo objetivo é levar os Antigos Alunos das áreas da Gestão, que ocupam, ou tenham ocupado, lugares de relevo nas mais diversas instituições, a falar sobre as suas experiências profissio-

António SantosPresidente da AAAdGest

EDITORIAL

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nais. Estamos certos que este evento será marcante em termos de divulgação das competências adquiridas na ESTGV, o que não deixará de ser uma forma interes-sante de publicitar a nossa Escola, nestes tempos difíceis que vivemos, ao mesmo tempo que disseminamos conhecimentos e experiências profissionais muito úteis aos mais novos.

Do ponto de vista interno, pensamos lançar um debate sobre o futuro da AAAd-Gest. O dinamismo que hoje vivemos em todos os sectores da sociedade, enqua-drados por profundas alterações a nível dos mais diversos paradigmas, leva-nos a concluir que, também nós, não podemos deixar de repensar aquilo que queremos em termos futuros. Repensar o nosso papel na interação com a nossa escola; Repensar a nossa importância em termos de visibilidade para a captação de novos alunos, numa altura em que a “matéria-prima” começa a rarear; Repensar as nos-sas ligações institucionais, atualmente bastante reduzidas; Repensar a ligação com as restantes Associações de Antigos

Alunos da ESTGV e o seu enquadramento; Repensar o nosso “Intento Estratégico”.

Como tenho afirmado, não queremos fazer muito, porque conhecemos bem a nossa escassez de tempo, mas o que fizermos, queremos fazê-lo muito bem. Hoje, com a distribuição deste “Cábulas”, com a realização do nosso “X Encontro”, com a homenagem ao Professor Rogé-rio Matias, mostramos que a nossa As-sociação continua bem viva, muito con-tribuindo para isso, em primeiro lugar, vocês que são a nossa razão de existir, depois todos os que nos têm apoiado e, por fim, todos os restantes membros dos Órgãos Sociais da nossa Associação que têm funcionado como uma verdadeira equipa, distribuindo tarefas e sacrifícios, de modo a que tudo isto seja possível. Obrigado a todos.

Aproximamo-nos do Natal. Embora os tempos sejam difíceis, deixo a todos uma palavra de estímulo e esperança no futu-ro, desejando para Vós e Vossas Famílias um Santo Natal e um Ano Novo muito próspero.-

EDITORIAL

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MESA - ASSEMBLEIA GERAL

PresidenteFernanda Cruz

Vice-PresidenteNatália Figueiredo

SecretárioJoão Moita

DIREçãO

PresidenteAntónio Santos

Vice-PresidenteÁlvaro Gomes

SecretárioPaulo Coelho

CONSELHO FISCAL

PresidenteIsabel Martins

Vice-PresidenteCarlos Lázaro

SecretárioNanja Kroon

Composição dos Órgãos Sociais (2011-2014)

DESPESAS

Descrição das Despesas Valor

Jantar do IX Encontro da AAAdGest

850,00 €

Pagamentos à Nowi (serviços de Internet)

49,20 €

Placa de homenagem à D. Cristina

130,00 €

TOTAL DE DESPESAS 1.029,20 €

TOTAL RECEITAS + Saldo Inicial 1.365,03 €

TOTAL DE DESPESAS 1.029,20 €

SALDO DAS ATIVIDADES 2011 335,83 €

Assembleia Geral da AAAdGestA AAAdGest reuniu em assembleia geral em janeiro de 2012, para aprovação das contas relativas ao ano de 2011. Nesta reunião, compareceram apenas membros dos órgãos de gestão cessantes e dos novos orgãos, que aprovaram por unanimidade o relatório de contas.Publicamos, abaixo, o quadro resumo das contas de 2011.

CONTAS DO ANO DE 2011

RECEITAS

Descrição das Receitas Valor

Saldo de 2010 414,03 €

Quotas 156,00 €

Inscrições no Jantar do IX Encontro da AAAdGest

795,00 €

TOTAL DE RECEITAS 951,00 €

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É com grande satisfação que escrevo este apontamento a pedido da Associa-ção dos Antigos Alunos do dGest. Efetiva-mente, tenho uma grande admiração por esta associação que, tendo sido a primei-ra, soube manter a chama, fruto da dedi-cação dos associados.

Não sendo docente do Departamento de Gestão, não posso deixar de afirmar que sinto uma grande afinidade convosco.

Sempre considerei que a fórmula de juntar as grandes áreas formativas da Escola, Gestão e Engenharia, foi uma im-portante mais-valia pela possibilidade de estabelecer sinergias entre estas grandes

áreas do saber. A procura de equilíbrio, a troca de conhecimentos e experiências, a saudável convergência e divergência, po-tenciou esta escola para a dimensão que hoje temos. Faço votos para que assim continue!

Numa altura em que as ameaças exter-nas nos assolam, precisamos de estar uni-dos para assegurar o futuro. Nesse senti-do, a Vossa participação nas atividades da Escola é essencial.

Como é do Vosso conhecimento a Agên-cia de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) está a efetuar uma ava-liação progressiva de todos os cursos do ensino superior e naturalmente os nossos cursos serão, também, alvo dessa valida-ção. Nesse processo ocorrem reuniões entre as equipas avaliadoras e os antigos alunos e empregadores. Contamos con-vosco para uma participação ativa. A Vos-sa experiência, os sucessos, as sugestões são fundamentais para a nossa melhoria.

Para finalizar, desejo as maiores feli-cidades à AAAdGest e que continuem a desenvolver atividades e a colaborar com esta Vossa Escola. Podem contar connos-co para o que for preciso.-

MENSAGEM

Paulo MendesPresidente da ESTGV

da ESTGV

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Em nome do Departamento de Gestão, saúdo a AAAdGest por mais esta iniciativa. Estes encontros anuais, de confraterniza-ção dos antigos alunos do Departamento de Gestão da ESTGV, são úteis pela opor-tunidade de reviverem tempos passados entre os antigos colegas, mas também partilharem experiências que poderão ser úteis para o futuro.

A dimensão do Departamento é cada vez maior e o papel que a AAAdGest tem desenvolvido tem contribuído, também, para este crescimento. Atualmente, o de-partamento oferece 5 licenciaturas (Ges-

tão de Empresas, Marketing, Turismo, Contabilidade e Administração e Gestão de Empresas Pós-Laboral) e 3 Mestrados (Finanças Empresariais, Marketing Rese-arch e, recentemente criado, Gestão Turís-tica). O Departamento promove ainda um conjunto de cursos de curta duração, como por exemplo, Curso de preparação para o exame de acesso à profissão de TOC, curso de Simulação Empresarial, etc.

O notável trabalho que a Associação dos Antigos Alunos do Departamento de Ges-tão tem desenvolvido levará, certamente, a que os novos diplomados, queiram tam-bém fazer parte desta Associação. Assim, as minhas palavras são de felicitação para a Direção da AAAdGest pelo dinamismo que têm empreendido em diversas áreas: na informação, na divulgação de ações do dGest, na organização de eventos, etc.

Deixo também uma palavra de admi-ração para o colega Rogério Matias e a justa homenagem que lhe é feita pela AAAdGest.

Para todos os Antigos Alunos do dGest, as mais sinceras saudações.-

MENSAGEM

Joaquim AntunesDiretor do Departamento de Gestão

do dGest

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Fernanda CruzAntiga aluna IPV/ESTGV

Custo Amortizado

O custo amortizado é uma forma de mensuração prevista nas normas interna-cionais de relato financeiro IAS/IFRS. Esta forma de mensuração encontra-se afeta a importantes classes de ativos e passivos, e com grande impato nas demonstrações financeiras das entidades. A partir de ja-neiro de 2010, com a promulgação do De-creto-Lei nº 158/2009 de 13 de julho, que aprovou o Sistema de Normalização Con-tabilística, o custo amortizado tornou-se ainda mais um tema de maior atualidade.

O custo amortizado de um ativo financei-ro ou de um passivo financeiro é a quantia pela qual o ativo financeiro ou o passivo financeiro é mensurado no reconhecimen-to inicial, menos os reembolsos de capital, mais ou menos a amortização cumulativa, usando o método do juro efetivo, de qual-quer diferença entre essa quantia inicial e a quantia na maturidade, e menos qualquer redução (diretamente ou por meio do uso de uma conta de abatimento) quanto à im-paridade ou incobrabilidade.

Podemos dizer que o custo amortiza-do é o custo total que se paga por algo que adquirimos, usando a amortização para liquidar a dívida. Quando se adquire algo e se paga através de amortizações e se escolhe uma data futura até liquidar a dívida, que inclui juros.

Após o reconhecimento, a entidade deve mensurar um ativo ou passivo ao custo amortizado, utilizando taxa de juro efetiva.

A taxa de juro efetiva é a taxa que des-conta exatamente os pagamentos ou re-cebimentos de caixa futuros estimados durante a vida esperada do instrumento financeiro ou, quando apropriado, um pe-riodo mais curto na quantia escriturada li-quida do ativo ou passivo financeiro.

De acordo com a IAS 39, esta esta-belece que uma entidade não tem a intenção positiva de manter um investi-mento até o vencimento se: (a) ela pre-tende manter o ativo financeiro por um período de tempo não definido; (b) ela pretende vender o ativo financeiro em decorrência de mudanças nas taxas de juros ou risco de mercado, de necessida-de de liquidez, de mudanças nas dispo-nibilidades e nos juros de investimentos alternativos, de mudanças nas fontes de recursos e de mudanças no risco da taxa de câmbio e (c) o emissor tem o direi-to de liquidar o ativo financeiro por um montante significativamente inferior ao custo amortizado.

Até ao ano de 2009, a mensuração pelo custo amortizado e o método da taxa de juro efetivo não eram reconhecidos no

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apuramento de custos e proveitos em sede de IRC, teriam de fazer as correções no lucro tributável.

Devem ser mensurados de acordo com o custo amortizado, os contratos para conceder ou contrair empréstimo que não possam ser liquidados em base líquida e os instrumentos financeiros de capital próprio que não sejam negociados publicamente e cujo valor não possa ser obtido de forma fiável.

Como exemplos da mensuração ao custo amortizado menos as perdas por

imparidade temos: Clientes, fornecedo-res, outras contas a receber e a pagar, empréstimos bancários, contas a receber e a pagar em moeda estrangeira, emprés-timos a subsidiárias e associadas.

Todos os instrumentos financeiros não mensurados ao custo amortizado devem ser mensurados ao justo valor com con-trapartida em resultados.

Se deixar de ser possível estimar o justo valor com fiabilidade, o justo valor escritu-rado torna-se o custo para efeito da ado-ção do modelo do custo amortizado.-

A AAAdGest, no passado dia 9 de ou-tubro, esteve presente na apresentação da 4ª edição do Livro “Cálculo Financei-ro” da autoria do Dr. Rogério Matias.

4ª EdiçãoCalculo Financeiro

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FOI ASSIM HÁ UM ANO

IX Encontro da AAAdGestFoi no 9º Encontro da AAAdGest que se

homenageou a antiga funcionária da bi-blioteca da ESTGV, Ana Cristina Marques Rodrigues dos Santos, pela sua dedicação e apoio ao serviço da instituição e alunos. No jantar contou-se com a animação da Viriatuna (ESSV).

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ENTREVISTA

Dr. Rogério Matias

O que é ser professor a tempo inteiro?

É muito mais exigente do que a generalidade das pessoas pode imagi-nar. É necessária uma grande paixão pela profissão. E cada vez mais, porque infeliz-mente, nos últimos anos, tem vindo a ser exigido aos professores o cumprimento de um conjunto de tarefas burocráticas que deixam cada vez menos tempo para aquilo que, na minha opinião, deveria ser o essencial da profissão: preparar mate-riais, estratégias, abordagens, propostas de trabalho e, como corolário, lecionar. As aulas são apenas a ponta do iceber-gue; a montante e a jusante de cada aula há muito trabalho, invisível e impercetível para a generalidade das pessoas que nun-ca tiveram uma experiência de lecionação.

Ora, o professor é hoje chamado a um conjunto de tarefas burocráticas e admi-nistrativas que lhe tomam muito tempo. Isto significa que para manter o padrão de qualidade (o tal trabalho antes e depois de cada aula, a atenção a detalhes, etc.) precisa hoje de muito mais horas do que precisava há alguns anos. Arrisco a dizer que muitos dos meus colegas trabalham, em média, 10 a 12 horas por dia. Reforço “em média”. Ao fim de semana certamen-te menos, mas também lhe posso garantir que muitos trabalham ao fim de semana, seja a dar aulas, seja a preparar ou corri-gir testes, seja a fazer o tal trabalho buro-crático de que falei.

Em suma, ser docente, hoje, só pode ser uma de três coisas: apaixonado (pela pro-fissão), necessitado (porque tem dificulda-de em ganhar a vida de outro modo) ou tolo (se não for nenhuma das anteriores).

Mas também tenho de dizer que esta profissão tem muitos aspetos positivos.

Manifestamos a nossa gratidão a este docente por todo o apoio que tem dado, des-de o início, ao desenvolvimento da AAAdGest. Um reconhecimento dos relevantes serviços prestados no desenvolvimento intelectual de todos os seus Antigos Alunos mas, também, o valioso contributo que tem dado para que a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu tenha hoje uma excelente reputação no panorama do ensino em Portugal e em muitos Países estrangeiros.

Por António Santos

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ENTREVISTA

Por exemplo?Olhe, aponto-lhe dois, de repente: desde

logo, ter o privilégio de conhecer muitos alunos, muito diferentes entre si: jovens, menos jovens, oriundos dos mais diversos locais, do país e de outros países, cada um com a sua cultura, as suas vivências, cada um com as suas dificuldades e problemas E todos os semestres estamos perante um

novo conjunto de alunos. Apesar do pouco tempo de contacto que temos, não é raro acabarmos por viver os seus insucessos, as suas dificuldades, os seus problemas pessoais, mas também as suas vitórias e alegrias. No exercício desta profissão já me senti pai, irmão, amigo, confidente.

Outro aspeto positivo é o facto de po-der lidar de perto e conviver com colegas com formações, sensibilidades, conheci-mentos e competências muito diversifi-cados: gestão, economia, contabilidade, fiscalidade, direito, turismo, matemática,

engenharias as mais diversas. Uns mais virados para a investigação académica, outros mais ligados à vida empresarial.

Não há muitas outras profissões em que seja possível juntar estes dois privilégios.

Como consegue conciliar a vida de profes-sor a tempo inteiro com a vida familiar?

Já foi mais complicado, nomeadamen-te enquanto morámos em Mangualde e mesmo depois, já aqui em Viseu, en-quanto o nosso filho esteve a estudar cá e era necessário compatibilizar os diversos

Dr. Rogério Matias

“No exercício desta profissão já me senti

pai, irmão, amigo, confidente.”

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ENTREVISTA

horários, incluindo os das atividades ex-tracurriculares dele. Neste momento não é difícil. A minha mulher também é pro-fessora e isso facilita as coisas na medida em que ambos sabemos as exigências da profissão. Mais: ambos temos por hábito levar trabalho para casa. É perfeitamente normal, para nós, trabalhar à noite e ao fim de semana.

Sente que tem contribuído muito para a imagem da ESTGV?

Honestamente, sim. Não sei se “muito”, mas pelo menos “alguma coisa”. Sobretu-do graças aos meus livros e respetivas pá-ginas web de apoio, por um lado, e aos mi-lhares de alunos com quem tive a sorte e o privilégio de me cruzar ao longo destes 23 anos de profissão exercida nesta Escola.

Nos meus livros está mencionado que sou docente na ESTGV. Os livros são ado-tados em muitas instituições de ensino su-perior em Portugal, Angola, Moçambique e Espanha e também são comercializados no Brasil. Isto bastaria para que o nome da ESTGV e do IPV circulassem. É muito frequente, entre alunos e professores, referirmo-nos a um livro como sendo “de fulano, professor na Universidade tal”. De-pois há as páginas web de apoio, que não têm fronteiras e são consultadas em mui-tos outros países e onde também está a re-ferência à Escola e ao Instituto. Atendendo à boa recetividade que os livros têm tido e aos milhares de contactos que, graças a eles, tenho tido, julgo poder concluir que se trata de uma boa (positiva) forma de di-vulgação da ESTGV e do IPV.

Por outro lado, ao longo destes anos já

conheci milhares de alunos, de diferentes regiões, não apenas de Portugal (ilhas in-cluídas) mas também de outros países, europeus e africanos. Mantenho algum tipo de contacto com muitos desses alu-nos e não receio estar enganado se disser que uma boa mão cheia me honra com a sua amizade, simpatia e mesmo respei-to (sentimento que, saliento, é mútuo). O mesmo acontece com muitas outras pessoas, de diversos locais (Portugal, An-gola e Moçambique, sobretudo) que, não tendo sido meus alunos, me contactam

Dr. Rogério Matias

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por mail ou pelo Fórum da página web de apoio aos livros em língua portuguesa. Apesar de apenas conhecer pessoalmen-te uma pequena parte das largas dezenas com quem me cruzei desta forma, julgo poder dizer que também estabelecemos uma relação de amizade e respeito mú-tuos. Isso percebe-se pela forma como escrevem, pelos convites que me fazem para os visitar, etc.. Não tenho dúvidas da genuinidade desta simpatia mútua. Os alunos são, como sabemos, fazedores de opinião, para o bem e para o mal. E cada aluno pode originar dezenas ou centenas de opiniões, junto do seu círculo de ami-gos e familiares.

Por isso, sim, honestamente acho que tenho contribuído para a divulgação da ESTGV, por bons motivos.

Sente-se recompensado por todo o esforço desenvolvido?

Eu não classifico de “esforço” aquilo que faço. Pelo contrário, acho que é um privilégio poder fazer aquilo de que gosto.

Digo-o com toda a sinceridade. Planificar e preparar aulas, conceber e preparar materiais de apoio, estratégias de ensino, abordagens de temas, escrever livros. Isto é o que eu gosto de fazer. Mesmo nos cer-ca de seis anos e meio em que estive no então Conselho Diretivo da ESTGV, nunca deixei de dar aulas. Por gosto. Por “neces-sidade”, se quiser. Como referi, infelizmen-te nos últimos anos temos sido obrigados a muita burocracia que nos toma imenso tempo. Digo-lhe com toda a honestidade: gostaria de ter tempo para concretizar ou-tros projetos que tenho adiado sistemati-camente e que, não tenho dúvidas, seriam muito mais úteis a muita gente (alunos e profissionais de certas áreas) do que mui-tas outras coisas que sou obrigado a fazer, muito consumidoras de tempo. O que, na minha opinião, deveria ser a preocupação nuclear de um professor está, cada vez mais, a ser relegado para segundo plano. Esta é uma das razões que nos obriga a trabalhar à noite e aos fins de semana. Se não o fizéssemos, aquilo que é suposto fa-

ENTREVISTA Dr. Rogério Matias

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ENTREVISTA

zermos (e fazermos bem) ou seja, no fun-do, dar aulas, com tudo o que isso implica, a montante e a jusante, estaria seriamente comprometido porque o horário “normal” de trabalho pura e simplesmente não se-ria suficiente. Um professor que o queira ser de facto tem de trabalhar muito mais do que 35 horas por semana. Ponto.

Mas voltando à sua questão: no fundo, o reconhecimento público vindo de uma Associação de Antigos Alunos é, na minha opinião, o máximo a que algum docente pode aspirar. Não consigo imaginar me-lhor recompensa.

Se mandasse, o que mudava a nível do ensino superior?

Meu caro, quando decidirem editar um “Cábulas” especial, com duzentas páginas, posso pensar em responder a isto.

A que atribui o sucesso dos alunos que frequentam a sua cadeira?

Imagino que se refira a Cálculo Finan-ceiro (leciono outras e já lecionei muitas mais). Hum o sucesso, medido pelo nú-mero de aprovações relativamente ao nú-mero de alunos inscritos não é assim tão elevado. O que creio que se passa é que a forma como a cadeira (unidade curricular, se quisermos falar em “bolonhês”) está estruturada (basicamente, toda a sequên-cia das matérias) favorece a compreensão

das mesmas e a perceção da sua utilidade em inúmeras situações do nosso quotidia-no, quer a nível profissional, quer mesmo a nível da nossa vida pessoal. Considero que conheço razoavelmente bem a forma como esta cadeira é lecionada em muitos locais, até por força dos inúmeros contac-tos que vou tendo de todo o lado. E o que constato é que na esmagadora maioria dos casos o aluno não percebe o que está a fazer e porque o está a fazer. E não per-cebendo “como”, “porquê” e “para quê”, dificilmente gosta, dificilmente se sente motivado.

Porque gostam tanto do Professor Rogério Matias os seus Antigos (e atuais) Alunos?

Ui!... Não posso responder por eles. Sin-to que há, da parte de muitos deles, uma amizade genuína e desinteressada, o que me deixa muito feliz. E da minha parte, em relação a eles, passa-se o mesmo. Isto só é possível porque há empatia e respeito mútuo. O que posso dizer é que procu-ro assentar o meu relacionamento com os alunos em cinco pilares: cordialidade, respeito, responsabilidade, honestidade e exigência. Nos dois sentidos: de mim para eles e deles para mim. Há muito que en-tendo que comportamento gera compor-tamento. Se eu tiver um comportamento agressivo ou desonesto para com alguém, o mais provável é receber o mesmo com-

Dr. Rogério Matias

“...procuro assentar o meu relacionamento com os alunos em cinco pilares: cordialidade, respeito,

responsabilidade, honestidade e exigência.”

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portamento em troca. Se eu for cordial ou honesto, muito provavelmente a outra par-te devolve-me o mesmo comportamento. E é isto, no fundo, que me norteia na rela-ção que estabeleço com os alunos.

O que gosta de fazer para além da ativi-dade de Professor?

Calculo que se refira aos chamados “tempos livres”, atividades de lazer. Na sequência do que já disse, esta atividade é de tal modo exigente que, na verdade, pouco tempo livre sobra. No meu caso pessoal, uma boa parte daquilo que po-deriam ser “tempos livres” são ocupados com coisas ligadas à profissão, nomeada-mente a resposta a muitos pedidos de aju-da que recebo, seja por mail, seja através do Fórum ou do Chat da página web, seja ainda, sempre que possível, pessoalmen-te, quando os alunos podem deslocar-se

– Rogério Matias nasceu em Lisboa, em 1960, mas viveu toda a sua infância e juventude no concelho de Mangualde– Tem dois irmãos mais novos (uma irmã e um irmão)– Casado, 1 filho– Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portu-guesa (Lisboa, 1984)– Terminada a licenciatura, regressou às ori-gens, aspiração de sempre, para se dedicar a um negócio de família (indústria metalúrgica). Porém, como ele diz, muitas vezes fazemos projetos para a vida, mas a vida tem outros projetos para nós… – Lecionou na Escola Secundária de Emídio Navarro, onde começou a paixão pelo ensino. Esteve quatro anos naquela escola, que recor-da com carinho e até emoção. – Em 1989 abraça outro desafio: o de vir para a Escola Superior de Tecnologia como docente requisitado. Três anos depois passava a docente a tempo integral e em regime de exclusividade.– Na ESTGV, para além da sua atividade docen-te, desempenhou, entre outros, os cargos de Vice-Presidente do Conselho Diretivo, Diretor do Curso de Gestão e Vice-Diretor do Depar-tamento de Gestão. Teve também um papel decisivo na criação da AAAdGest, da qual é o Sócio Honorário nº 1.– Tem sido convidado a lecionar noutras institui-ções, a título de professor convidado, bem como a participar em palestras de diversa índole.– Autor e coautor de cinco manuais sobre Cálculo Financeiro, um dos quais traduzido e adaptado ao mercado espanhol. Estes manu-ais fazem parte da bibliografia recomendada em muitas instituições de ensino em Portugal, Angola, Moçambique e Espanha.

NOTA BIOGRÁFICA

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a Viseu. Mas isto é o que gosto de fazer. Também gosto muito de jogar futsal (en-fim, “andar por lá”, o que não é o mesmo que “jogar” ). Infelizmente, há dois anos tive de abandonar essa promissora carrei-ra devido a lesão. E recentemente desco-bri que gosto muito de fazer cruzeiros

Qual a idade ideal para se reformar?A questão da idade da reforma não é

algo com que me preocupe. Há muito que interiorizei que o mais prudente é ser eu próprio a precaver-me relativa-mente à velhice. Receio que vá andar toda a vida atrás da reforma e ela a fugir de mim. A tendência é que a idade da

reforma vá aumentando e a retribuição associada vá diminuindo. Mas respon-dendo à sua questão, direi que depende do ângulo de análise. Da atividade letiva e tudo o que a ela está diretamente li-gado, quanto mais tarde me reformasse, melhor. Desde que mantivesse as capa-cidades requeridas, bem entendido. Da carga de trabalho burocrático e desper-diçador de tempo e recursos associada, ontem já era tarde.

Quando se reformar o que pensa fazer?Não sei se deve perguntar “quando” ou

se deve perguntar “se”. Mas, admitindo que um dia me reformarei (e “em con-dições”), provavelmente farei aquilo que mais gosto: ler e escrever sobre os temas que me motivam e ajudar pessoas dentro das minhas escassas possibilidades. E, claro, fazer uns cruzeiros.-

“...é um privilégio poder fazer aquilo de

que gosto”

ENTREVISTADr. Rogério Matias

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Carlos LázaroAntigo aluno e Docente IPV/ESTGV

Faturação Eletrónica

A utilização crescente de sistemas de processamento eletrónico de dados na faturação de transmissões de bens ou de prestações de serviços, apresenta vanta-gens em termos de celeridade do trata-mento da informação.

Recentemente, em termos nacionais, a Portaria 363/2010, de 23 de junho, re-gulamentou o processo de certificação dos programas informáticos de faturação, tendo definido um conjunto de regras técnicas a observar pelas empresas pro-dutoras de software.

Já este ano, a Portaria 22-A/2012, de 24 de janeiro, alargou o universo de con-tribuintes que deveriam utilizar, exclusi-vamente, programas certificados como meio de emissão de faturas ou documen-tos equivalentes e talões de venda.

Com esta medida, estes contribuintes deixaram de poder utilizar equipamentos que, não sendo certificáveis, ofereciam menores garantias de inviolabilidade dos registos efetuados.

Deixou de ser possível, após 1 de abril de 2012, o uso de máquina registadora ou a faturação manual emitida em documentos impressos por tipografias autorizadas.

Ficaram excluídos os sujeitos passivos que reunissem algum dos seguintes re-quisitos:

Com software produzido interna-• mente ou por empresa integrada no mesmo grupo económico, e detentores dos direitos de autorVolume de negócios não superior • a 125.000 € (2011) ou 100.000 € (2012)Emissão, em período anterior, me-• nos de 1.000 documentosCom transmissões de bens através • de aparelhos de distribuição auto-mática ou prestações de serviços em que seja habitual a emissão de documento diferente da fatura, comprovativo do pagamento

Mais recentemente, o Decreto-Lei 197/2012, de 24 de agosto (Diretiva 2010/45/UE, de 13 de julho), estipulou a obrigatoriedade de emissão exclusiva de fatura, por todos os sujeitos passivos, independentemente da qualidade do ad-quirente e ainda que este não a solicite.

Estas medidas, que entram em vigor em 1 de janeiro de 2013, vão gerar im-portantes modificações nas práticas co-merciais e contabilísticas dos operadores económicos.

Deixa de existir qualquer dispensa na obrigação de faturação, não sendo permi-tida a emissão de documentos de nature-za diferente da fatura.

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No entanto, passa a ser possível emitir fatura simplificada:

Transmissões de bens por retalhis-• tas ou vendedores ambulantes a sujeitos não passivos, se o valor da fatura não for superior a 1.000 €Outras transmissões de bens e • prestações de serviços em que o montante da fatura não seja supe-rior a 100 €

Também o Decreto-Lei 198/2012, de 24 de agosto, criou para 2013 bene-fícios no IRS, sendo possível deduzir à coleta 5% do valor do IVA suportado por qualquer membro do agregado fa-miliar em faturas relativas a prestações de serviços:

de manutenção e reparação de ve-• ículos automóveis ou motociclos, incluindo peças e acessóriosde alojamento, restauração e • similaresde atividades de salões de cabelei-• reiro e institutos de beleza

A dedução, com o limite global de 250 €, será efetuada no ano da emissão das faturas, estando dependente:

da comunicação regular das fatu-• ras ao Fisco pelo sujeito passivo que as emitiu e da inclusão do NIF do sujeito passivo adquirente nas faturasda entrega da declaração de rendi-• mentos Mod. 3 no prazo legal pelo adquirente

Será necessário um valor total de cerca de 26.740 € em faturas destas atividades,

para se conseguir abater ao IRS os 250 €, por agregado familiar.

Os sujeitos passivos de IVA serão obri-gados a comunicar ao Fisco os elementos das faturas emitidas:

por transmissão eletrónica de da-• dos, integrada em programa de faturação eletrónica ou mediante remessa de ficheiro normalizado estruturado com base no ficheiro SAF -T (PT)por inserção direta no Portal das Fi-• nanças ou por outra via eletrónica, a definir por portaria

A comunicação será efetuada até ao dia 8 do mês seguinte ao da emissão da fatura, devendo o meio de comunicação utilizado manter-se inalterado ao longo do ano.

Esta comunicação ao Fisco, que não existia, é considerada uma mudança es-trutural no controlo dos contribuintes e combate à evasão fiscal.

Também a generalização das faturas eletrónicas poderá constituir, para as empresas, uma importante poupança de custos.

Todo este processo, baseado em meios tecnológicos, fornece ao Estado um ma-nancial de informação que lhe permite disponibilizar aos contribuintes declara-ções pré-preenchidas.

Esperemos que esteja a ser criada uma fiscalidade que ajude a aumentar a compe-titividade empresarial e evite que inúmeras empresas fujam aos impostos provocando desiquilibrios concorrenciais.-

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Isabel Martins2.º Curso de Gestão e docente do dGest

Os empresáriose a gestão

O tempo passa, a confusão mantem-se! Hoje é o tempo de a ‘desfazer’…

Um empresário é um empreendedor que tem iniciativa e ‘monta’ um negócio que conhece muito bem (no seu enten-der). Mas sabe geri-lo?

Colocam-se logo, à partida, algumas reflexões que irão condicionar o sucesso de um negócio: o empresário planeou o negócio? Fez algum estudo prévio (as-sessorado pelo TOC, o primeiro interlocu-tor)? Tem meios financeiros suficientes? Quando não os tem, como os obtém? Está ciente que os fundos que afetou ao negó-cio, são património do negócio, não os po-dendo ‘confundir’ com o seu património pessoal? Sabe que ser dono do negócio não é fator relevante para ser gestor (o gerente!)?

Sabemos, pelo menos fomos vendo, que em tempos de prosperidade económica, um empresário de sucesso era aquele que ostentava um bom parque automóvel, casa e nível de vida compatível com o seu (novo?) status. Nível de vida esse alimen-tado com os fundos da empresa, não cor-respondendo ao seu salário(!), misturando o património de ambos. E, quantas vezes, o património da empresa era inferior ao pessoal, não detendo o equipamento, a

tecnologia, a formação do pessoal e a ino-vação necessários para que o negócio se mantivesse sustentável ao longo dos anos, mesmo em épocas de crise.

Ora, isto tinha de se pagar caro… não referindo os fundos comunitários, mal ge-ridos e igualmente mal supervisionados, função que se esperaria do Estado. No entanto, cada um de nós, enquanto Es-tado(!), também não cumpriu com a sua missão – “aquele é que é esperto!”

O insucesso, potenciado com a atual crise, é mais visível em pequenas empre-sas, ou por aquelas que tendo ganhado alguma dimensão, não deixaram de ter uma gestão familiar, não profissionaliza-da. Começou com alguém que conhecia bem o negócio, no entanto, não sabia, nem tão-pouco, delegava a sua gestão a quem sabe. Eis o campo de ação dos ges-tores! Há tanto desemprego e há tantas empresas a salvar, e com elas, tantos pos-tos de trabalho!

Vamos lá a aproveitar esta crise e surfar, com esperança, rumo ao sucesso!

Sabemos que um só não muda o mun-do, mas se cada um fizer um bocadinho, o mundo é certamente melhor. Esta frase não pode ser entendida como um ‘lugar comum’, mas sim, associada à pro-ativi-

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dade de cada um. Um licenciado na área da gestão tem, obrigatoriamente, os co-nhecimentos necessários para ‘ajudar’ os empresários a terem sucesso, ficando cada um com a parte em que é especia-lista. Um gestor tem de ‘descodificar’ a informação que tem sobre a atividade que gere aos interessados, dando-lhes a formação imprescindível para sua com-preensão, tornando-a útil para a tomada de decisão, acrescentando valor. Só as-sim, um gestor (ou até TOC), fazendo ‘fa-

lar’ os números numa linguagem simples e entendível, pode ver reconhecido o seu profissionalismo, o seu valor, contribuin-do para o sucesso de todos. Há que usar algumas das competências pessoais, e até algum marketing pessoal, para fazer che-gar a mensagem útil e atempada a quem precisa dela, descodificando os termos técnicos imprescindíveis. Mais, só custa no início, depois já todos esperam a in-formação de que precisam, colaborando sem reticências.-

“Sabemos que um só não muda o mundo,

mas se cada um fizer um bocadinho, o mundo é certamente

melhor”

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É comum, diria mesmo muito frequente, do ponto de vista estratégico, confundi-rem-se os conceitos de tática e estratégia, visão e missão, objetivos operacionais e objetivos estratégicos, vantagens compe-titivas com eficiência operacional, mar-keting operacional com marketing estra-tégico, objetivos com metas, enfim, uma profusão de equívocos que, sendo melhor para as organizações que não existissem, não são de todo, a meu ver, só por si, falhas justificativas para o fracasso de muitas delas. No contexto das organizações, o simples facto de serem utilizadas palavras de índole estratégica já evidencia uma preocupação com o futuro, independen-temente de serem ou não bem aplica-das. Aceito que o ideal era que todas as organizações definissem bem a sua visão e a sua missão, os objetivos estratégicos, a estratégia direcional e competitiva, o mercado alvo, as vantagens competitivas, o posicionamento, melhor dito, que sou-bessem bem para onde querem ir e que meios vão utilizar para lá chegar. Mas a realidade diz-nos que ainda hoje há quem desconheça que um objetivo só pode ser assim chamado se for mensurável, entre outras características a que têm de obe-decer. Se tivermos em conta que o único fator comum encontrado nas empresas que atingiram uma grande longevidade

é o facto de todas elas “estrategizarem permanentemente”, compreende-se a importância do tema “estratégia”. Dire-trizes estratégicas, iniciativas estratégicas, medidas e ações, são pela ordem de-crescente fundamentais para a defesa do futuro de uma qualquer organização. Objetivos, métricas, metas e tolerâncias, são outra ferramenta importante, falan-do agora mais no contexto operacional. Perceber que o conceito de “vantagem competitiva” tem a ver com valor para o Cliente em primeiro lugar, é fundamental para se sobreviver na conjuntura atual de enorme turbulência e concorrência.

A realidade do mercado em que hoje vivemos, onde centenas de empresas fecham diariamente, leva-nos a refletir sobre as razões de tal ocorrência. Algu-mas, acredito, fecharam por razões essencialmente externas, tal o ambiente

negativo criado no contexto transacional onde operavam. Mas outras, possivel-mente uma grande parte delas, fecharam, sobretudo, por razões internas, por não saberem criar condições de adaptação a ambientes menos favoráveis, por manifesta ausência de uma adequada estratégia. Sempre disse e volto a repetir: O grande problema de muitas empresas, algumas até conheço bem, é a impreparação do

Estratégia eIntento EstratégicoAntónio Santos1

Presidente da AAAdGest

“o ideal era que todas as organizações

definissem bem a sua visão e a sua missão”

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grupo dirigente de topo (designado vértice estratégico) para assumir o “comando do navio”, sobretudo quando “o mar está re-volto”. E o que me parece mais grave, é que existe muita gente nas Empresas que se julgam sabedores de tudo, donos da verdade, como se tivessem tirado todos os cursos do mundo. Um verdadeiro líder não é aquele que sabe tudo, mas aquele que é capaz de juntar os “bocadinhos” de competências dispersas e fazer com que o valor do todo seja maior que a soma das partes individualmente; Um verdadeiro líder não é aquele que sabe tudo, mas aquele que domina bem o seu negócio, define bem o “Intento Estratégico” e sabe bem o que é necessário para o atingir. Por falar em “Intento Estratégico”, o que sig-nifica esta palavra no contexto da estra-tégia?

Tal como noutras áreas do saber, tam-bém no ramo da estratégia há “conflitos” de opiniões, já que os que se consideram “donos da verdade” nem sempre coinci-dem. A corrente mais conservadora, se é que em estratégia este termo deva ser aplicado, considera que uma boa estra-tégia não é mais do que um mero ajus-tamento estratégico (strategic fit) entre a organização e o seu meio envolvente. Se a estratégia for adequada, dizem estes pensadores, ela há de conduzir a um ajus-tamento perfeito (perfect fit). Outro grupo de pensadores defende que as estratégias de sucesso, mais do que isso, devem ser muito mais ambiciosas, refletindo o inten-to estratégico da organização (strategic intent), e assentando esta sua ambição num desequilíbrio ou desajustamento

(gap) entre aquilo que são os seus objeti-vos estratégicos ambicionados e os recur-sos disponíveis ou detidos. É um alongar da própria estratégia (strategic stretch),

o que, em algumas empresas de sucesso que conheço, é refletido num documen-to estratégico denominado “Plano Justa Ambição”. Não é por acaso que a moder-na análise SWOT retira do seu conceito a palavra “Ameaças”. Tudo é visto como oportunidades explanadas no tempo, abandonando-se ou questionando-se as teorias que vinham sendo defendidas des-de a longínqua década de 1960. A defesa de um processo incremental, que suporta as organizações no seu desenvolvimento, começa agora a ser posto em causa, face à complexidade e turbulência do meio en-volvente. Surgem as novas teses da evo-lução disruptiva, que cria ruturas com o passado, incorporando níveis mais eleva-dos de ambição, diria mesmo alguma ir-reverência e muita criatividade em todo o processo de formulação e implementação de estratégias. Percebe-se agora a impor-tância do tema “Intento Estratégico”, vis-to como um novo paradigma que aposta na criação de desequilíbrios entre o que é possível e o que é desejável, entre os recursos disponíveis e os objetivos estra-tégicos, suscetível de assegurar a criação e manutenção de vantagens competitivas duradouras, assentes na maximização da

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“Um verdadeiro líder não é aquele que

sabe tudo”

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Boletim Informativo da AAAdGestAssociação de Antigos Alunos do Departamento de Gestão

FICHA TÉCNICA

www.aaadgest.org | www.facebook.com/[email protected] Sup. de Tecnologia e Gestão de ViseuCampus Politécnico, Pavilhão de Mecânica, Sala M4Repeses 3504-510 VISEUDiretor: António Santos | Paginação: Nitah®Redação: AAAdGest | Impressão: Reprografias da ESTGV

criação de valor, através da máxima efici-ência dos recursos e na máxima capitali-zação das competências nucleares da or-ganização (core competencies). Não é por acaso que outra característica importante dos objetivos é que estes sejam “realistas mas bastante ambiciosos”. É esta ambição que faz com que se ultrapasse, muitas ve-zes, aquilo que à primeira vista parecia im-possível; É esta ambição que motiva, que leva a organização a enfrentar e a vencer grandes desafios; É esta ambição que leva empresas como a Toyota a serem aquilo que hoje são.

Todos temos consciência da realidade em que vivemos. Todos sabemos que os tempos não são mais o que eram, que as coisas mudaram radicalmente, umas para melhor, outras para pior, mas mudaram. Mais grave do que estas mudanças que estão a ocorrer, é desconhecermos, em muitos casos, o que vai acontecer com algumas delas. Perante isto, colocam-se duas opções: Ou deitamos “mãos à obra” e, muito para além das nossas forças, so-mos capazes de criar e suportar ambições estratégicas que à primeira vista podem parecer irrealistas e quase impossíveis de atingir, levando as coisas a acontecerem,

ou deixamos que as coisam aconteçam e, fazendo sempre mais do mesmo, só po-demos esperar que os resultados sejam também mais do mesmo.

As Empresas e o País estão hoje neces-sitando muito de novos desafios. A rea-lidade parece demonstrar que estamos “acomodados” à situação em que nos encontramos, ainda que, eventualmente, possamos estar a caminhar para o abismo (lembro a velha história do sapo colocado na panela de água fria ). O que é neces-sário é voltarmos a ter ambição, tal como o fizemos, tão bem, na época dos desco-brimentos. Quem era o louco que ia afir-mar que um punhado de pessoas, numas barquitas tão frágeis de madeira, era ca-paz de transformar Portugal no País mais poderoso do mundo? Como se pode de-signar isto em termos estratégicos senão por “Intento Estratégico”? Afinal, com tão bons exemplos, com mais de quinhentos anos, porque esperamos?

1Licenciado em Gestão pela ESTGV e MBA pelo ISCTE. É partner da STRATEG – Consultoria de Alta Direção; É Assessor do Presidente do Conselho de Administração da MRG – Engenharia e Construção e responsável pelo Departamento de Estratégia da mesma Empresa.