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6/7 Super Esportes • Brasília, sábado, 8 de outubro de 2011 • CORREIO BRAZILIENSE Ranking Os canais ESPN têm os direitos de transmissão da Major League Soccer para o Brasil, mas não têm dia ou horário definido para exibir os jogos. A rede também exibe os jogos da Liga dos Campeões da Concacaf, uma espécie de Taça Libertadores da América do Norte. Saiba mais FUTEBOL INTERNACIONAL Até Tio Sam dá olé no Brasil Média de público de campeonatos emergentes supera a do nosso Nacional. Com 15 anos de idade, a MLS — liga norte-americana de futebol — atrai mais torcedores ao estádio do que a elite verde-amarela S e você ligou a TV de forma desatenta na última terça- feira, por algum tempo po- de ter achado que ali joga- vam dois grandes times europeus. De um lado, Thierry Henry e Rafa Márquez. Do outro, David Be- ckham e Robbie Keane. Confron- to realizado em um gramado per- feito e com o estádio lotado: todos os 25.189 ingressos disponíveis fo- ram vendidos para a vitória do New York Red Bulls sobre o Los Angeles Galaxy, pela primeira fase da Major League Soccer (MLS), a elite do futebol norte-americano. Estádio cheio já se tornou algo habitual, mesmo em uma liga criada há apenas 15 anos e trans- mitida por cinco redes de TV. A média de 17.577 torcedores por jogo é bem maior do que a do Brasileiro — são 13.305 pagantes até aqui, pior número desde 2006. Se o número for mantido até o fim da temporada, será o melhor ano da história da MLS. “Os EUA sempre foram abertos ao futebol. O problema era como fazer a co- nexão entre crianças jogando fu- tebol com adultos assistindo fute- bol”, destaca John Francis, profes- sor da Universidade Estadual de San Diego, que tem pesquisado o crescimento do esporte no país, em entrevista ao Correio. A chegada de atletas de nível mundial é o passo mais recente da evolução da MLS. “Quando a liga surgiu, não quis atrair atenção, só se desenvolver no ritmo certo. De- pois, selecionaram os mercados ideais, construíram estádios para o futebol e aproveitaram o interesse no Campeonato Inglês e na Copa do Mundo”, explica Francis. Além do jogo, os atrativos são o transpor- te público eficiente e os horários que não competem com as ligas de beisebol e futebol americano. “O futuro do futebol parece ser por aqui, a mentalidade profissio- nal nos EUA é impressionante”, afirma o zagueiro Júlio César, do Sporting Kansas City. Depois de passar por Real Madrid, Milan e Benfica, o brasileiro se mostra fas- cinado com a evolução do futebol da terra da bola oval. “Ir a um es- tádio aqui é um espetáculo, exis- tem restaurantes, bares e pontos de internet no mesmo prédio. Quem vem, traz a família toda, com mulher e crianças”, conta. O ingresso mais barato no Lives- trong Sporting Park, estádio do Kansas, custa por volta de R$ 45. Lá, ficar perto do gramado é mor- domia e custa cerca de R$ 280. “Quem sai diretamente do Bra- sil tem que se adaptar ao estilo da torcida”, admite o meia Jéferson, revelado no Brasiliense em 2005. “O calor aqui é muito diferente, eles vibram e cantam, mas não é o que temos no Brasil, com a co- Mike Stobe/AFP - 27/7/11 Santa Cruz do Irã Apenas cinco jogos do Brasilei- ro tiveram mais de 40 mil pagantes em 2011. Para oTractor Sazi, clube do norte do Irã, é impensável levar menos gente ao estádio. Em gran- des jogos, os lobos vermelhos cos- tumam ser vistos por mais de 60 mil pessoas ao Yadegar-e-Eman, o campo municipal deTabriz. No úl- timo Campeonato Iraniano, a mé- dia da equipe ficou em 46.857 — pouco mais do que o Santa Cruz, que leva em média mais de 40 mil pagantes ao Arruda na Série D. Habilidoso, o meia-atacante Léo Pimenta se tornou xodó da torcida do Tractor Sazi. Ele jogou no Irã por dois anos e meio antes de ser em- prestado ao Duque de Caxias. Em janeiro, voltará ao clube. “É uma coisa de louco. A torcida iraniana é muito mais apaixonada do que a brasileira”, garante. As restrições islâmicas moldam a forma de torcer. “Por causa do re- gime, a violência não existe, a se- gurança é muito rígida. Eles tam- bém não podem ficar xingando”, explica o meia. No estádio não há mulheres de burca: só homens po- dem frequentar os estádios. Casa cheia e festas como a do Jogo das Estrelas, em New Jersey, são comuns nos EUA Fôlego Henry e Rodgers (este, sim, um desconhecido) marcaram os gols da vitória do New York Red Bulls (2 x 0). O resultado mantém a equipe na luta por uma das dez vagas nos play-offs da MLS. O Galaxy, de Beckham, é um dos três times já classificados, ao lado do Seattle Sounders e do Real Salt Lake. Os play-offs começam em 20 de novembro. brança forte e choro depois das derrotas”, detalha. Desde julho no Kansas, o jogador nascido no DF tem percebido a diferença no as- sédio fora dos gramados. “Não tem o que existia quando eu jo- guei pelo Vasco, de ser parado em shopping e em restaurante.” Vizinho O México tem o público mais presente da América. A média fi- cou em 24.455 pagantes por jogo na temporada passada. Seis dos clubes mexicanos levam mais gente ao estádio do que o Corin- thians, líder do quesito na Série A. O preço camarada ajuda. Depen- dendo da partida, é possível pagar o equivalente a R$ 7 pelo ingresso.

111008 TORCIDA EUA

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Ranking Vizinho Casacheiaefestascomoado JogodasEstrelas,emNew Jersey,sãocomunsnosEUA brançaforteechorodepoisdas derrotas”,detalha.Desdejulhono Kansas,ojogadornascidonoDF tempercebidoadiferençanoas- sédioforadosgramados.“Não temoqueexistiaquandoeujo- gueipeloVasco,deserparadoem shoppingeemrestaurante.” 6/7 • SuperEsportes •Brasília,sábado,8deoutubrode2011• C ORREIO B RAZILIENSE Fôlego MikeStobe/AFP-27/7/11

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Page 1: 111008 TORCIDA EUA

6/7 • Super Esportes • Brasília, sábado, 8 de outubro de 2011 • CORREIO BRAZILIENSE

Ranking

Os canais ESPN têm os direitos de transmissão da Major League Soccerpara o Brasil, mas não têm dia ou horário definido para exibir os jogos.A rede também exibe os jogos da Liga dos Campeões da Concacaf,uma espécie de Taça Libertadores da América do Norte.

Saiba mais

FUTEBOL INTERNACIONAL

Até Tio Sam dáolé no Brasil

Média de público de campeonatos emergentes supera a do nosso Nacional. Com 15 anos de idade, a MLS— liga norte-americana de futebol — atrai mais torcedores ao estádio do que a elite verde-amarela

Se você ligou a TV de formadesatenta na última terça-feira, por algum tempo po-de ter achado que ali joga-

vam dois grandes times europeus.De um lado, Thierry Henry e RafaMárquez. Do outro, David Be-ckham e Robbie Keane. Confron-to realizado em um gramado per-feito e com o estádio lotado: todosos 25.189 ingressos disponíveis fo-ram vendidos para a vitória doNew York Red Bulls sobre o LosAngeles Galaxy, pela primeira faseda Major League Soccer (MLS), aelite do futebol norte-americano.

Estádio cheio já se tornou algohabitual, mesmo em uma ligacriada há apenas 15 anos e trans-mitida por cinco redes de TV. Amédia de 17.577 torcedores porjogo é bem maior do que a doBrasileiro — são 13.305 pagantesaté aqui, pior número desde 2006.Se o número for mantido até ofim da temporada, será o melhorano da história da MLS. “Os EUAsempre foram abertos ao futebol.O problema era como fazer a co-nexão entre crianças jogando fu-tebol com adultos assistindo fute-bol”, destaca John Francis, profes-sor da Universidade Estadual deSan Diego, que tem pesquisado ocrescimento do esporte no país,em entrevista ao Correio.

A chegada de atletas de nívelmundial é o passo mais recente daevolução da MLS. “Quando a ligasurgiu, não quis atrair atenção, sóse desenvolver no ritmo certo. De-pois, selecionaram os mercadosideais, construíram estádios para ofutebol e aproveitaram o interesseno Campeonato Inglês e na Copado Mundo”, explica Francis. Alémdo jogo, os atrativos são o transpor-te público eficiente e os horáriosque não competem com as ligas debeisebol e futebol americano.

“O futuro do futebol parece serpor aqui, a mentalidade profissio-nal nos EUA é impressionante”,afirma o zagueiro Júlio César, doSporting Kansas City. Depois depassar por Real Madrid, Milan eBenfica, o brasileiro se mostra fas-cinado com a evolução do futebolda terra da bola oval. “Ir a um es-tádio aqui é um espetáculo, exis-tem restaurantes, bares e pontosde internet no mesmo prédio.Quem vem, traz a família toda,com mulher e crianças”, conta. Oingresso mais barato no Lives-trong Sporting Park, estádio doKansas, custa por volta de R$ 45.Lá, ficar perto do gramado é mor-domia e custa cerca de R$ 280.

“Quem sai diretamente do Bra-sil tem que se adaptar ao estilo datorcida”, admite o meia Jéferson,revelado no Brasiliense em 2005.“O calor aqui é muito diferente,eles vibram e cantam, mas não é oque temos no Brasil, com a co-

Mike Stobe/AFP - 27/7/11

Santa Cruzdo Irã

Apenas cinco jogos do Brasilei-ro tiveram mais de 40 mil pagantesem 2011. Para o Tractor Sazi, clubedo norte do Irã, é impensável levarmenos gente ao estádio. Em gran-des jogos, os lobos vermelhos cos-tumam ser vistos por mais de 60mil pessoas ao Yadegar-e-Eman, ocampo municipal de Tabriz. No úl-timo Campeonato Iraniano, a mé-dia da equipe ficou em 46.857 —pouco mais do que o Santa Cruz,que leva em média mais de 40 milpagantes ao Arruda na Série D.

Habilidoso, o meia-atacante LéoPimenta se tornou xodó da torcidado Tractor Sazi. Ele jogou no Irã pordois anos e meio antes de ser em-prestado ao Duque de Caxias. Emjaneiro, voltará ao clube. “É umacoisa de louco. A torcida iraniana émuito mais apaixonada do que abrasileira”, garante.

As restrições islâmicas moldama forma de torcer. “Por causa do re-gime, a violência não existe, a se-gurança é muito rígida. Eles tam-bém não podem ficar xingando”,explica o meia. No estádio não hámulheres de burca: só homens po-dem frequentar os estádios.

Casa cheia e festas como a doJogo das Estrelas, emNewJersey, são comuns nos EUA

Fôlego

Henry e Rodgers (este, sim, umdesconhecido) marcaram os golsda vitória do New York Red Bulls(2 x 0). O resultado mantém aequipe na luta por uma das dezvagas nos play-offs da MLS. OGalaxy, de Beckham, é um dos trêstimes já classificados, ao lado doSeattle Sounders e do Real SaltLake. Os play-offs começam em20 de novembro.

brança forte e choro depois dasderrotas”, detalha. Desde julho noKansas, o jogador nascido no DFtem percebido a diferença no as-sédio fora dos gramados. “Nãotem o que existia quando eu jo-guei pelo Vasco, de ser parado emshopping e em restaurante.”

VizinhoO México tem o público mais

presente da América. A média fi-cou em 24.455 pagantes por jogona temporada passada. Seis dosclubes mexicanos levam maisgente ao estádio do que o Corin-thians, líder do quesito na Série A.O preço camarada ajuda. Depen-dendo da partida, é possível pagaro equivalente a R$ 7 pelo ingresso.