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WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR www.conteudojuridico.com.br O melhor portal de conteúdo jurídico do Brasil VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER LEI N. 11.340/2006 VALDINEI CORDEIRO COIMBRA Advogado (OABDF) Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada (Esp) Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo ICAT/UNIDF Especialista em Gestão Policial Judiciária – APC/Fortium Professor de Preparatórios para Concursos Públicos Coordenador do www.conteudojuridico.com.br Delegado de Polícia PCDF (aposentado) Ex-analista judiciário do TJDF Ex-agente de polícia civil do DF Ex-agente penitenciário do DF Ex-policial militar do DF [email protected] FUNDAMENTO INTERNACIONAL Dia internacional da mulher (08 de março): foi o marco da crueldade contra as mulheres, pois em 08 de março de 1837, em Nova Iorque, 130 operárias da industria têxtil, foram protestar por melhorias no trabalho, tais como redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas e remuneração igual à dos homens, quando adentraram em um galpão, foram todas trancadas, incendiadas e todas queimadas vivas. Daí em 1910, durante uma Conferencia Internacional ocorrida na Dinamarca, dedicou-se o dia 08 de março para comemoração do “Dia Internacional da Mulher”, que desde 1975, passou a ser comemorado também pela ONU. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher – 1979 (Resolução n. 34/180 – ONU) – Promulgada pelo Brasil pelo Decreto n. 4.377/2002, se comprometendo: a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constituições nacionais ou em outra legislação apropriada o princípio da igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios apropriados a realização prática desse princípio; b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra a mulher; c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher numa base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação; d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de discriminação contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituições públicas atuem em conformidade com esta obrigação;e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou empresa;f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e práticas que

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    VIOLNCIA DOMSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

    LEI N. 11.340/2006

    VALDINEI CORDEIRO COIMBRA Advogado (OABDF)

    Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada (Esp) Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo ICAT/UNIDF

    Especialista em Gesto Policial Judiciria APC/Fortium Professor de Preparatrios para Concursos Pblicos

    Coordenador do www.conteudojuridico.com.br Delegado de Polcia PCDF (aposentado)

    Ex-analista judicirio do TJDF Ex-agente de polcia civil do DF

    Ex-agente penitencirio do DF Ex-policial militar do DF

    [email protected]

    FUNDAMENTO INTERNACIONAL

    Dia internacional da mulher (08 de maro): foi o marco da crueldade contra as mulheres, pois em 08 de maro de 1837, em Nova Iorque, 130 operrias da industria txtil, foram protestar por melhorias no trabalho, tais como reduo da jornada de trabalho de 16 para 10 horas e remunerao igual dos homens, quando adentraram em um galpo, foram todas trancadas, incendiadas e todas queimadas vivas. Da em 1910, durante uma Conferencia Internacional ocorrida na Dinamarca, dedicou-se o dia 08 de maro para comemorao do Dia Internacional da Mulher, que desde 1975, passou a ser comemorado tambm pela ONU.

    Conveno sobre a eliminao de todas as formas de discriminao contra a mulher 1979 (Resoluo n. 34/180 ONU) Promulgada pelo Brasil pelo Decreto n. 4.377/2002, se comprometendo: a) Consagrar, se ainda no o tiverem feito, em suas constituies nacionais ou em outra legislao apropriada o princpio da igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios apropriados a realizao prtica desse princpio; b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro carter, com as sanes cabveis e que probam toda discriminao contra a mulher; c) Estabelecer a proteo jurdica dos direitos da mulher numa base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais competentes e de outras instituies pblicas, a proteo efetiva da mulher contra todo ato de discriminao; d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prtica de discriminao contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituies pblicas atuem em conformidade com esta obrigao;e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discriminao contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organizao ou empresa;f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de carter legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e prticas que

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    constituam discriminao contra a mulher;g) Derrogar todas as disposies penais nacionais que constituam discriminao contra a mulher.

    Conveno Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violncia contra a mulher (1994), denominada Conveno de Belm do Par: promulgada pelo Decreto 1.973/96, que em seu art. 2 disps que a violncia contra a mulher abrangea violncia fsica, sexual e psicolgica: a) ocorrida no mbito da famlia ou unidade domstica ou em qualquer relao interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou no a sua residncia, incluindo-se, entre outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual; b) ocorrida na comunidade e cometida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras formas, o estupro, abuso sexual, tortura, trfico de mulheres, prostituio forada, sequestro e assdio sexual no local de trabalho, bem como em instituies educacionais, servios de sade ou qualquer outro local; e c) perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra. Alm disso, previu-se no seu art. 4 que: Toda mulher tem direito ao reconhecimento, desfrute, exerccio e proteo de todos os direitos humanos e liberdades consagrados em todos os instrumentos regionais e internacionais relativos aos direitos humanos. Estes direitos abrangem, entre outros: a) direito a que se respeite sua vida;b) direito a que se respeite sua integridade fsica, mental e moral;c) direito liberdade e segurana pessoais; d) direito a no ser submetida a tortura; e) direito a que se respeite a dignidade inerente sua pessoa e a que se proteja sua famlia; f) direito a igual proteo perante a lei e da lei; g) direito a recurso simples e rpido perante tribunal competente que a proteja contra atos que violem seus direitos; h) direito de livre associao; i) direito liberdade de professar a prpria religio e as prprias crenas, de acordo com a lei; e j) direito a ter igualdade de acesso s funes pblicas de seu pas e a participar nos assuntos pblicos, inclusive na tomada de decises.

    ANTECENDENTES HISTRICO SOBRE O TEMA NO BRASIL

    O Cdigo Penal Filipino (1732 -1831) previa que o crime de adultrio era praticado exclusivamente pela mulher e punido com pena de morte.

    Cdigo Criminal do Imprio (1830) Entrou em vigor em 1831 e previa que o crime de adultrio somente era praticado pelas mulheres com a cominao de pena de trabalhos forados de 1 a 3 anos.

    Cdigo Penal dos Estados Unidos do Brasil (1890) S a mulher casada era sujeito ativo do crime de adultrio e o co-ru adultero s respondia pelo crime se fosse preso em flagrante ou se houvesse a apreenso de documentos amorosos subscrito por ele.

    Cdigo Civil de 1916 - A mulher casada era semi-incapaz, pois dependia de autorizao do marido para o exerccio dos atos da vida civil. J a mulher solteira e maior de 21 anos era plenamente capaz.

    Cdigo Penal de 1940 O adultrio era crime praticado por ambos os cnjuges, no entanto foi abolido pela Lei n. 11.106/2005.

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    CLT 1943 Previa na sua redao original o artigo 446, a seguinte dico: presume-se autorizado o trabalho da mulher casada e do menor de 21 anos e maior de 18. Em caso de oposio conjugal ou paterno poder a mulher ou o menor recorrer ao suprimento da autoridade judicial competente. No pargrafo nico, dispunha: Ao marido ou o pai facultado pleitear a reciso do contrato de trabalho, quando sua continuao for suscetvel de acarretar ameaa aos vnculos da famlia, perigo manifesto s condies peculiares da mulher, ou prejuzo de ordem fsica e moral para o menor.

    Estatuto da Mulher Casada Lei n. 4.121/1962 tornou a mulher casada plenamente capaz para os atos da vida civil, sem a necessidade de autorizao do marido, consequentemente passou a poder trabalhar livremente.

    Constituio Federal de 1988: trouxe vrios princpios que vieram reduzir a desigualdade entre homens e mulheres, especialmente o princpio da igualdade e o da dignidade da pessoa humana, consolidando a condio de cidad da mulher, de forma a alcanar e exercer todos os direitos que eram deferidos aos homens, reconhecendo ainda a famlia monoparental, a unio estvel, conforme se verifica no art. 226 da CF:

    Art. 226. A famlia, base da sociedade, tem especial proteo do Estado. [...] 8 - O Estado assegurar a assistncia famlia na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violncia no mbito de suas relaes.

    At 1990 toda violncia era tratada de forma comum. A partir de 1990, com o fundamento nas estatsticas oficiais o pas passou a trabalhar com a especializao da violncia, ex.: Lei n. 8.069/90 (ECA), Lei n. 8.072/90 (Hediondos), Lei n. 8.078/90 (Consumidor), Lei n. 9.099/95 (Menor Potencial Ofensivo), 9..503/97 (CTB), 9.605/98 (Meio Ambiente), Lei n. 10.741/2003 (Idoso). Assim, pode-se afirmar que a Lei Maria da Penha (11.340/2006) surgiu na onda da especializao da violncia, sendo que a referida Lei no exclusivamente de natureza penal, mas sim hibrida ou multidisciplinar.

    Lei dos Crimes Hediondos: Estupro e o antigo atentado violento ao pudor passaram a ser considerados como crimes hediondos, pela Lei n.8.072/90.

    No CPP: foi dispensada a exigncia de autorizao do marido para propositura de ao penal privada, pela alterao da 9.520/97.

    Cdigo Civil - Lei n 10.406/2002: Art. 1.566. So deveres de ambos os cnjuges: I - fidelidade recproca; II - vida em comum, no domiclio conjugal; III - mtua assistncia; IV - sustento, guarda e educao dos filhos; V - respeito e considerao mtuos.

    Criminalizao do Assdio Sexual: A lei 10.224/05 criou o crime de Assdio Sexual, acrescentando o art. 216 A no Cdigo Penal.

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    Notificao compulsria de violncia contra a mulher vigilncia sanitria: a Lei n. 10.778/2003 determina a notificao compulsria autoridade sanitria quanto ao atendimento nos servios de sade pblica ou privado forem constatadas violncia contra a mulher.

    Direito aos alimentos da Gestante (alimentos gravdicos): A Lei n. 11. 804/2008, tambm inovou com a possibilidade de penso de alimentos gestante.

    LEI N 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.

    Cria mecanismos para coibir a violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos do 8 do art. 226 da Constituio Federal, da Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Mulheres e da Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher; dispe sobre a criao dos Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher; altera o Cdigo de Processo Penal, o Cdigo Penal e a Lei de Execuo Penal; e d outras providncias.

    Esta lei recebeu o nome de "Lei Maria da Penha" como forma de homenagear a pessoa de Maria da Penha Fernandes, uma farmacutica, cearense, smbolo da luta contra a violncia domstica e familiar, pois sofreu duas tentativas de homicdio por parte do ex-marido. Primeiro, no dia 29 de maio de 1983, levou um tiro nas costas enquanto dormia, sendo que o agressor alegou que houve uma tentativa de roubo. Em decorrncia do tiro, ficou paraplgica. Como se no bastasse, duas semanas depois de regressar do hospital, ainda durante o perodo de recuperao, Maria da Penha sofreu um segundo atentado contra sua vida: seu ex-marido, sabendo de sua condio, tentou eletrocut-la enquanto se banhava.

    A punio do agressor s se deu 19 anos e 6 meses aps o ocorrido. Essa situao injusta provocou a formalizao de denncia Comisso Interamericana de Direitos Humanos da OEA rgo internacional responsvel pelo arquivamento de comunicaes decorrentes de violao desses acordos internacionais, pelo Centro pela Justia pelo Direito Internacional (CEJIL) e pelo Comit Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), juntamente com a vtima.

    Diante a denncia, a Comisso Interamericana de Direitos Humanos da OEA publicou o Relatrio n 54, de 2001, que dentre outras constataes, recomendou a continuidade e o aprofundamento do processo reformatrio do sistema legislativo nacional, a fim de mitigar a tolerncia estatal violncia domstica contra a mulher no Brasil.

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    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    TTULO I

    DISPOSIES PRELIMINARES

    Art. 1 Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos do 8 do art. 226 da Constituio Federal, da Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Violncia contra a Mulher, da Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Repblica Federativa do Brasil; dispe sobre a criao dos Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistncia e (estabelece) proteo s mulheres em situao de violncia domstica e familiar.

    A Lei foi criada para concretizar o mandamento constitucional e das duas convenes citadas no art. 1.

    Tem natureza de AO AFIRMATIVA. Por votao unnime, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal (STF)

    declarou, em 09/02/2012, a CONSTITUCIONALIDADE dos artigos 1, 33 e 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) - ADC 19.

    Aplicao da Lei Maria da Penha em favor do homem: j tivemos decises judiciais aplicando a Lei n. 11.340/06 ao homem1, mas isso ocorreu antes da Lei n. 12.403/2011 que acrescentou ao CPP medidas cautelares diversas da priso, o que no nosso entendimento, inibir a aplicao da Lei Maria da Penha, em favor do homem. Vejamos o que diz o CPP: "Art. 319. So medidas cautelares diversas da priso: I - comparecimento peridico em juzo, no prazo e nas condies fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibio de acesso ou frequncia a determinados lugares quando, por circunstncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infraes; III - proibio de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibio de ausentar-se da Comarca quando a permanncia seja conveniente ou necessria para a investigao ou instruo; V - recolhimento domiciliar no perodo noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residncia e trabalho fixos; VI - suspenso do exerccio de funo pblica ou de atividade de natureza econmica ou financeira quando houver justo receio de sua utilizao para a prtica de infraes penais; VII - internao provisria do acusado nas hipteses de crimes praticados com violncia ou grave ameaa, quando os peritos conclurem ser inimputvel ou semi-imputvel (art. 26 do Cdigo Penal) e houver

    1 Veja estudos sobre aplicao da Lei Maria da Penha em favor do homem no seguinte link: < http://atualidadesdodireito.com.br/blog/2013/06/08/estudos-sobre-lmp-aplicada-em-favor-dos-homens/ >

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    risco de reiterao; VIII - fiana, nas infraes que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstruo do seu andamento ou em caso de resistncia injustificada ordem judicial; IX - monitorao eletrnica".

    Art. 2 Toda mulher, independentemente de classe, raa, etnia, orientao sexual, renda, cultura, nvel educacional, idade e religio, goza dos direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violncia, preservar sua sade fsica e mental e seu aperfeioamento moral, intelectual e social.

    Art. 3 Sero asseguradas s mulheres as condies para o exerccio efetivo dos direitos vida, segurana, sade, alimentao, educao, cultura, moradia, ao acesso justia, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, ao respeito e convivncia familiar e comunitria.

    1 O poder pblico desenvolver polticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no mbito das relaes domsticas e familiares no sentido de resguard-las de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.

    2 Cabe famlia, sociedade e ao poder pblico criar as condies necessrias para o efetivo exerccio dos direitos enunciados no caput.

    Art. 4 Na interpretao desta Lei sero considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condies peculiares das mulheres em situao de violncia domstica e familiar.

    TTULO II DA VIOLNCIA DOMSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

    CAPTULO I DISPOSIES GERAIS

    Art. 5 Para os efeitos desta Lei, configura violncia domstica e familiar

    contra a mulher qualquer ao ou omisso baseada no gnero2 que lhe cause morte, leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial:

    2 Irm versus Irm: Delito contra honra, envolvendo irms, no configura hiptese de incidncia da Lei n 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gnero e em condies de hipossuficincia ou inferioridade fsica e econmica. Sujeito passivo da violncia domstica, objeto da referida lei, a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vnculo de relao domstica, familiar ou de afetividade. No caso, havendo apenas desavenas e ofensas entre irms, no h qualquer motivao de gnero ou situao de vulnerabilidade que caracterize situao de relao ntima que possa causar violncia domstica ou familiar contra a mulher. No se aplica a Lei n 11.340/06. (STJ, CC 88027/MG, 18/12/2008).

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    I - no mbito da unidade domstica3, compreendida como o espao de convvio permanente de pessoas, com ou sem vnculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

    II - no mbito da famlia, compreendida como a comunidade formada por indivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais, por afinidade4 ou por vontade expressa;

    III - em qualquer relao ntima de afeto5, na qual o agressor678conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitao.

    Pargrafo nico. As relaes pessoais enunciadas neste artigo independem de orientao sexual9.

    A Lei n. 10.778/2003 estabelece a notificao compulsria ( autoridade sanitria), no territrio nacional, do caso de violncia contra a mulher que for atendida em servios de sade pblicos ou privados, sendo que no seu art. 1, nos 1 e 2 dispe o seguinte: 1o Para os efeitos desta Lei, entende-se por violncia contra a mulher qualquer ao ou conduta, baseada no gnero, inclusive decorrente de discriminao ou desigualdade tnica, que cause morte, dano ou sofrimento fsico, sexual ou psicolgico mulher, tanto no mbito pblico quanto no privado. (Redao dada pela Lei n 12.288, de 2010)10 2o Entender-se- que violncia contra a mulher inclui violncia fsica, sexual e psicolgica e que: I tenha ocorrido dentro da famlia ou unidade domstica ou em qualquer outra relao interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo domiclio que a mulher e que compreende, entre outros, estupro, violao, maus-tratos e abuso sexual; II tenha ocorrido na comunidade e seja perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violao, abuso sexual, tortura, maus-tratos de pessoas, trfico de mulheres, prostituio forada, seqestro e assdio sexual no lugar de trabalho, bem

    3Independe de vinculo familiar, ou seja, alcana a empregada domstica. 4 Cunhado versus cunhada, sogra versus genro, padrasto versus enteada. 5 Nora versus Sogra: STJ recentemente entendeu que ameaa da nora contra sua sogra na hiptese em que no estejam presentes os requisitos cumulativos de relao ntima de afeto, motivao de gnero e situao de vulnerabilidade no se aplica a Lei Maria da Penha, sob pena de tornar a Lei inviabilizada, caso se generalize todas as condutas como violmcia domstica e familiar contra a mulher (STJ, HC 175.816-RS). 6 Homem ou mulher 7 Irmo versus irm: Aplica-se a Lei Maria da Penha (STJ - REsp 1.239.850-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/2/2012) 8Ex.: namorados, amantes etc. 9 Vtima do sexo masculino e homoafetividade: O teor da Concluso de n. 8, do Congresso que versou o tema Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) no dia 12 de dezembro de 2007, pelas Corregedoria Geral da Justia e Presidncia do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo: O pargrafo nico do art. 5. da Lei Maria da Penha no se estende pessoa do sexo masculino vitimizada em relao homoafetiva. 10Estatuto da Igualdade Racial.

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    como em instituies educacionais, estabelecimentos de sade ou qualquer outro lugar; e III seja perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra.

    Art. 6o A violncia domstica e familiar contra a mulher constitui uma das

    formas de violao dos direitos humanos. CAPTULO II

    DAS FORMAS DE VIOLNCIA DOMSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

    Art. 7o So formas de violncia domstica e familiar contra a mulher, entre outras:

    I - a violncia fsica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou sade corporal;

    Contraveno de vias de fato (art. 21 da LCP). Contraveno de perturbao da tranquilidade (art. 65 da LCP); Leso corporal grave ou gravssima (129, 1 e 2 do CP).

    O crime de leso corporal, mesmo que leve ou culposa, praticado contra a mulher, no mbito das relaes domsticas, deve ser processado mediante ao penal pblica incondicionada (STJ, AREsp 40.934-DF)

    O TJDF entende que a Tentativa de homicdio (art. 121, c/c art. 14, II, do CP), no mbito da violncia domestica e familiar, mesmo na primeira fase do procedimento (sumrio) ser perante o Tribunal do Jri. O STJ entende que at a fase da pronncia poder ser pelo Juizado de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher (HC 73161/SC).

    II - a violncia psicolgica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuio da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas aes, comportamentos, crenas e decises, mediante ameaa, constrangimento, humilhao, manipulao, isolamento, vigilncia constante, perseguio contumaz, insulto, chantagem, ridicularizao, explorao e limitao do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuzo sade psicolgica e autodeterminao;

    Ameaa (art. 147); Leso corporal (art. 129, do CP); Sequestro e crcere privado (art. 148, do CP). Reduo condio anloga de escravo (art. 149, do CP). Violao de domiclio ( art. 150). Violao de correspondncia, de segredo.

    possvel a ocorrncia de violncia domestica e familiar contra a mulher que no seja crime, ex.: ADULTRIO.

    III - a violncia sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relao sexual no

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    desejada, mediante intimidao, ameaa, coao ou uso da fora; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impea de usar qualquer mtodo contraceptivo ou que a force ao matrimnio, gravidez, ao aborto ou prostituio, mediante coao, chantagem, suborno ou manipulao; ou que limite ou anule o exerccio de seus direitos sexuais e reprodutivos;

    Aborto (125); Leso corporal grave ou gravssima (129, 1 e 2); Constrangimento ilegal (art. 146); estupro (art. 213); Estupro de vulnervel (art. 117 A); Mediao para satisfazer a lascvia de outrem (art. 227); Favorecimento prostituio (art. 228).

    IV - a violncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure reteno, subtrao, destruio parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econmicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

    Furto (art. 155); roubo (157); dano (art. 163); Apropriao (art. 168); Estelionato (art. 171).

    V - a violncia moral, entendida como qualquer conduta que configure calnia, difamao ou injria.

    Calnia (art. 138); difamao (139); injria (art. 140);

    TTULO III

    DA ASSISTNCIA MULHER EM SITUAO DE VIOLNCIA DOMSTICA E FAMILIAR

    CAPTULO I DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENO

    Art. 8 A poltica pblica que visa coibir a violncia domstica e familiar contra a mulher far-se- por meio de um conjunto articulado de aes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios e de aes no-governamentais, tendo por diretrizes:

    I - a integrao operacional do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica com as reas de segurana pblica, assistncia social, sade, educao, trabalho e habitao;

    II - a promoo de estudos e pesquisas, estatsticas e outras informaes relevantes, com a perspectiva de gnero e de raa ou etnia, concernentes s causas, s conseqncias e freqncia da violncia domstica e familiar contra a mulher, para a sistematizao de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliao peridica dos resultados das medidas adotadas;

    III - o respeito, nos meios de comunicao social, dos valores ticos e sociais da pessoa e da famlia, de forma a coibir os papis estereotipados que

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    legitimem ou exacerbem a violncia domstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituio Federal;

    IV - a implementao de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento Mulher;

    V - a promoo e a realizao de campanhas educativas de preveno da violncia domstica e familiar contra a mulher, voltadas ao pblico escolar e sociedade em geral, e a difuso desta Lei e dos instrumentos de proteo aos direitos humanos das mulheres;

    VI - a celebrao de convnios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoo de parceria entre rgos governamentais ou entre estes e entidades no-governamentais, tendo por objetivo a implementao de programas de erradicao da violncia domstica e familiar contra a mulher;

    VII - a capacitao permanente das Polcias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos rgos e s reas enunciados no inciso I quanto s questes de gnero e de raa ou etnia;

    VIII - a promoo de programas educacionais que disseminem valores ticos de irrestrito respeito dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gnero e de raa ou etnia;

    IX - o destaque, nos currculos escolares de todos os nveis de ensino, para os contedos relativos aos direitos humanos, eqidade de gnero e de raa ou etnia e ao problema da violncia domstica e familiar contra a mulher.

    CAPTULO II DA ASSISTNCIA MULHER EM SITUAO DE VIOLNCIA DOMSTICA E

    FAMILIAR

    Art. 9 A assistncia mulher em situao de violncia domstica e familiar ser prestada de forma articulada e conforme os princpios e as diretrizes previstos na Lei Orgnica da Assistncia Social, no Sistema nico de Sade, no Sistema nico de Segurana Pblica, entre outras normas e polticas pblicas de proteo, e emergencialmente quando for o caso.

    1o O juiz determinar, por prazo certo, a incluso da mulher em situao de violncia domstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

    2o O juiz assegurar mulher em situao de violncia domstica e familiar, para preservar sua integridade fsica e psicolgica:

    I - acesso prioritrio remoo quando servidora pblica, integrante da administrao direta ou indireta;

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    II - manuteno do vnculo trabalhista, quando necessrio o afastamento do local de trabalho, por at seis meses.

    Afastamento suspenso sem remunerao. O Art. 114 da CF dispe sobre a competncia da Justia do

    Trabalho, da alguns autores tem afirmado que o inc. inconstitucional, pois quem aplica a Lei Maria da Penha o juiz estadual.

    3 A assistncia mulher em situao de violncia domstica e familiar compreender o acesso aos benefcios decorrentes do desenvolvimento cientfico e tecnolgico, incluindo os servios de contracepo de emergncia, a profilaxia das Doenas Sexualmente Transmissveis (DST) e da Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos mdicos necessrios e cabveis nos casos de violncia sexual.

    CAPTULO III DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

    Art. 10. Na hiptese da iminncia ou da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrncia adotar, de imediato, as providncias legais cabveis.

    Pargrafo nico. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgncia deferida.

    Art. 11. No atendimento mulher em situao de violncia domstica e familiar, a autoridade policial dever, entre outras providncias:

    I - garantir proteo policial, quando necessrio, comunicando de imediato ao Ministrio Pblico e ao Poder Judicirio;

    II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de sade e ao Instituto Mdico Legal;

    III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;

    IV - se necessrio, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrncia ou do domiclio familiar;

    V - informar ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os servios disponveis.

    Art. 12. Em todos os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrncia, dever a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuzo daqueles previstos no Cdigo de Processo Penal:

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    I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrncia e tomar a representao a termo, se apresentada;

    O Plenrio do Supremo Tribunal Federal julgou procedente, na sesso do ltimo dia 09/02/2012, por maioria, a Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424) ajuizada pela Procuradoria-Geral da Repblica quanto aos artigos 12, inciso I; 16 da Lei Maria da Penha. O entendimento da maioria que no se aplica a Lei 9.099/95, dos Juizados Especiais, aos crimes abrangidos pela Lei Maria da Penha, assim como nos crimes de leso corporal praticados contra a mulher no ambiente domstico, mesmo de carter leve, atua-se mediante ao penal pblica incondicionada, independente da representao da vtima.

    II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstncias;

    III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concesso de medidas protetivas de urgncia;

    As medidas protetivas esto elencadas nos artigos 22 e 23 desta lei, respectivamente como sendo: a) Das Medidas Protetivas de Urgncia que Obrigam o Agressor, b) Das Medidas Protetivas de Urgncia Ofendida

    IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessrios;

    V - ouvir o agressor e as testemunhas;

    VI - ordenar a identificao do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existncia de mandado de priso ou registro de outras ocorrncias policiais contra ele;

    A Identificao Criminal regulada pela Lei n. 12.037/2009, que regulamentando o art. 5, inciso LVIII, da Constituio Federal dispe no seu artigo 1 que: "O civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei."

    A identificao civil atestada por: I carteira de identidade; II carteira de trabalho; III carteira profissional; IV passaporte; V carteira de identificao funcional; VI outro documento pblico que permita a identificao do indiciado (art. 2, L 12.037/2009). Alm disso, os documentos de identificao militar se equiparam aos documentos de identificao civil ( , art. 2).

    Recomendamos a leitura integral da Lei n. 12.037/2009, considerando que foi alterada recentemente pela Lei n. 12.654/212

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    VII - remeter, no prazo legal, os autos do inqurito policial ao juiz e ao Ministrio Pblico.

    Prazo: 10 dias se indiciado preso ou 30 dias se indiciado solto. A Lei exige a instaurao de Inqurito para crimes. Se for

    contraveno penal, instaurar-se- Termo Circunstanciado nos termos da Lei n. 9.099/95, no se aplicando o art. 41 da Lei de Regncia.

    1 O pedido da ofendida ser tomado a termo pela autoridade policial e dever conter:

    I - qualificao da ofendida e do agressor;

    II - nome e idade dos dependentes;

    III - descrio sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.

    2 A autoridade policial dever anexar ao documento referido no 1 o boletim de ocorrncia e cpia de todos os documentos disponveis em posse da ofendida.

    3 Sero admitidos como meios de prova os laudos ou pronturios mdicos fornecidos por hospitais e postos de sade.

    TTULO IV DOS PROCEDIMENTOS

    CAPTULO I DISPOSIES GERAIS

    Art. 13. Ao processo, ao julgamento e execuo das causas cveis e criminais decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher aplicar-se-o as normas dos Cdigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislao especfica relativa criana, ao adolescente e ao idoso que no conflitarem com o estabelecido nesta Lei.

    STJ: As medidas protetivas de urgncia da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) podem ser aplicadas em ao cautelar cvel satisfativa, independentemente da existncia de inqurito policial ou processo criminal contra o suposto agressor. O primeiro dado a ser considerado para compreenso da exata posio assumida pela Lei Maria da Penha no ordenamento jurdico ptrio observar que o mencionado diploma veio com o objetivo de ampliar os mecanismos jurdicos e estatais de proteo da mulher. Por outra tica de anlise acerca da incidncia dessa lei, mostra-se sintomtico o fato de que a Conveno de Belm do Par no que foi seguida pela norma domstica de 2006 preocupou-se sobremaneira com a especial proteo da mulher submetida a violncia, mas no somente

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    pelo vis da punio penal do agressor, mas tambm pelo ngulo da preveno por instrumentos de qualquer natureza, civil ou administrativa. Ora, parece claro que o intento de preveno da violncia domstica contra a mulher pode ser perseguido com medidas judiciais de natureza no criminal, mesmo porque a resposta penal estatal s desencadeada depois que, concretamente, o ilcito penal cometido, muitas vezes com consequncias irreversveis, como no caso de homicdio ou de leses corporais graves ou gravssimas. Na verdade, a Lei Maria da Penha, ao definir violncia domstica contra a mulher e suas diversas formas, enumera, exemplificativamente, espcies de danos que nem sempre se acomodam na categoria de bem jurdico tutelvel pelo direito penal, como o sofrimento psicolgico, o dano moral, a diminuio da autoestima, a manipulao, a vigilncia constante, a reteno de objetos pessoais, entre outras formas de violncia. Ademais, fica clara a inexistncia de exclusividade de aplicao penal da Lei Maria da Penha quando a prpria lei busca a incidncia de outros diplomas para a realizao de seus propsitos, como no art. 22, 4, a autorizao de aplicao do art. 461, 5 e 6, do CPC; ou no art. 13, ao afirmar que "ao processo, ao julgamento e execuo das causas cveis e criminais [...] aplicar-se-o as normas dos Cdigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislao especfica relativa criana, ao adolescente e ao idoso que no conflitem com o estabelecido nesta Lei". Analisada de outra forma a controvrsia, se certo que a Lei Maria da Penha permite a incidncia do art. 461, 5, do CPC para a concretizao das medidas protetivas nela previstas, no menos verdade que, como pacificamente reconhecido pela doutrina, o mencionado dispositivo do diploma processual no estabelece rol exauriente de medidas de apoio, o que permite, de forma recproca e observados os especficos requisitos, a aplicao das medidas previstas na Lei Maria da Penha no mbito do processo civil. REsp 1.419.421-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 11/2/2014.

    Art. 14. Os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, rgos da Justia Ordinria com competncia cvel e criminal, podero ser criados pela Unio, no Distrito Federal e nos Territrios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execuo das causas decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher.

    Pargrafo nico. Os atos processuais podero realizar-se em horrio noturno, conforme dispuserem as normas de organizao judiciria.

    O TJDF entende que a Tentativa de homicdio (art. 121, c/c art. 14, II, do CP), no mbito da violncia domestica e familiar, mesmo na primeira fase do procedimento (sumrio) ser perante o Tribunal do Jri. O STJ entende que at a fase da pronncia poder ser pelo Juizado de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher (HC 73161/SC)

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    Art. 15. competente, por opo da ofendida, para os processos cveis regidos por esta Lei, o Juizado:

    I - do seu domiclio ou de sua residncia;

    II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;

    III - do domiclio do agressor.

    Art. 16. Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida de que trata esta Lei, s ser admitida a renncia representao perante o juiz, em audincia especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denncia e ouvido o Ministrio Pblico.

    O Plenrio do Supremo Tribunal Federal julgou procedente, na sesso do ltimo dia 09/02/2012, por maioria, a Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424) ajuizada pela Procuradoria-Geral da Repblica quanto aos artigos 12, inciso I; 16 da Lei Maria da Penha. O entendimento da maioria que no se aplica a Lei 9.099/95, dos Juizados Especiais, aos crimes abrangidos pela Lei Maria da Penha, assim como nos crimes de leso corporal praticados contra a mulher no ambiente domstico, mesmo de carter leve, atua-se mediante ao penal pblica incondicionada, independente da representao da vtima.

    STJ - O crime de leso corporal, mesmo que leve ou culposa, praticado contra a mulher, no mbito das relaes domsticas, deve ser processado mediante ao penal pblica incondicionada. No julgamento da ADI 4.424-DF, o STF declarou a constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.3402006, afastando a incidncia da Lei n. 9.0991995 aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista. Precedente citado do STF: ADI 4.424-DF, DJe 17/2/2012; do STJ: AgRg no REsp 1.166.736-ES, DJe 8/10/2012, e HC 242.458-DF, DJe 19/9/2012. AREsp 40.934-DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 13/11/2012

    STJ - CRIME DE AMEAA. LEI MARIA DA PENHA. AO PBLICA INCONDICIONADA. ENTENDIMENTO SUFRAGADO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DA ADI N 4.424. DECISO MANTIDA POR SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI n 4.424, sufragou o entendimento de que o ajuizamento da ao penal nos crimes praticados contra a mulher, no mbito domstico/familiar, independe de representao. 2. Embora o inteiro teor do acrdo que decidiu a ao direta de inconstitucionalidade no esteja publicado, no h bice para sua aplicao, uma vez que a matria foi amplamente divulgada pelos meios de comunicao e a ata de julgamento auto-explicativa. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1339695/GO, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 15/02/2013)

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    Art. 17. vedada a aplicao, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta bsica ou outras de prestao pecuniria, bem como a substituio de pena que implique o pagamento isolado de multa.

    O dispositivo visa proteger o patrimnio familiar, ressaltando que esta foi a primeira vez que o legislador expressamente fez meno sobre a pena de cesta bsica.

    CAPTULO II DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGNCIA

    Seo I Disposies Gerais

    Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caber ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:

    O Delegado tem 48 horas para encaminhar o expediente (art. 12, IIII), ou seja, o juiz ao analisar o pedido, no ter acesso aos autos do inqurito policial (visto que o prazo de dez dias de indiciado preso ou 30 dias de indiciado solto), motivo pelo qual deve o Delegado instruir com o mximo de peas o referido pedido.

    O descumprimento das medidas protetivas impostas pode caracterizar o crime de desobedincia previsto no art. 330 do CP, alm da priso preventiva prevista no art. 20 desta Lei.

    I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgncia;

    II - determinar o encaminhamento da ofendida ao rgo de assistncia judiciria, quando for o caso;

    III - comunicar ao Ministrio Pblico para que adote as providncias cabveis.

    Art. 19. As medidas protetivas de urgncia podero ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministrio Pblico ou a pedido da ofendida.

    1 As medidas protetivas de urgncia podero ser concedidas de imediato, independentemente de audincia das partes e de manifestao do Ministrio Pblico, devendo este ser prontamente comunicado.

    2 As medidas protetivas de urgncia sero aplicadas isolada ou cumulativamente, e podero ser substitudas a qualquer tempo por outras de maior eficcia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaados ou violados.

    3 Poder o juiz, a requerimento do Ministrio Pblico ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgncia ou rever aquelas j

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    concedidas, se entender necessrio proteo da ofendida, de seus familiares e de seu patrimnio, ouvido o Ministrio Pblico.

    Art. 20. Em qualquer fase do inqurito policial ou da instruo criminal, caber a priso preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofcio, a requerimento do Ministrio Pblico ou mediante representao da autoridade policial.

    Pargrafo nico. O juiz poder revogar a priso preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decret-la, se sobrevierem razes que a justifiquem.

    Art. 21. A ofendida dever ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e sada da priso, sem prejuzo da intimao do advogado constitudo ou do defensor pblico.

    Pargrafo nico. A ofendida no poder entregar intimao ou notificao ao agressor.

    Seo II Das Medidas Protetivas de Urgncia que Obrigam o Agressor

    Art. 22. Constatada a prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poder aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgncia, entre outras:

    I - suspenso da posse ou restrio do porte de armas, com comunicao ao rgo competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

    II - afastamento do lar, domiclio ou local de convivncia com a ofendida;

    III - proibio de determinadas condutas, entre as quais:

    a) aproximao da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mnimo de distncia entre estes e o agressor;

    b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicao;

    c) frequentao de determinados lugares a fim de preservar a integridade fsica e psicolgica da ofendida;

    IV - restrio ou suspenso de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou servio similar;

    V - prestao de alimentos provisionais ou provisrios.

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    Os alimentos provisrios esto previstos no artigo 4, da lei 5.478/68 (lei de alimentos), possuindo natureza de tutela antecipada, ao passo que os alimentos provisionais possuem natureza cautelar, e esto previstos nos artigo 852 a 854 do Cdigo de Processo Civil. Esses ltimos abarcam as despesas para custear a demanda, ao contrrio dos alimentos provisrios. Sobre o tema, ver Washington de Barros Monteiro, p. 457, da 39 edio de seu Curso de Direito Civil, volume 2, seno vejamos: "Muito embora o contedo dos alimentos provisionais seja mais amplo, por conter as despesas da lide, assim como, primeira vista, parea mais clere e econmico promover ao cautelar no pleito de penso a ser prestada desde logo, caso tenham sido concedidos liminarmente, a sentena dessa ao pode revog-los, hiptese em que a apelao ser recebida apenas em seu efeito devolutivo (Cd. Proc. Civil, art. 520, IV). Por essa razo, tem-se optado pela propositura da ao de alimentos, com pedido liminar de alimentos provisrios, segundo o procedimento da Lei n 5478/68, especialmente em razo do disposto no seu artigo 13, 1, que determina a vigncia dos alimentos provisrios at a deciso final transitada em julgado; no entanto, os efeitos da apelao da sentena da ao de alimentos so apenas devolutivos, de modo que se produzem desde sua prolao, o que pode pode implicar interpretao diversa, ou seja, de que a sentena final revoga os alimentos anterior e liminarmente fixados (art. 14)."

    1 As medidas referidas neste artigo no impedem a aplicao de outras previstas na legislao em vigor, sempre que a segurana da ofendida ou as circunstncias o exigirem, devendo a providncia ser comunicada ao Ministrio Pblico.

    2 Na hiptese de aplicao do inciso I, encontrando-se o agressor nas condies mencionadas no caput e incisos do art. 6 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicar ao respectivo rgo, corporao ou instituio as medidas protetivas de urgncia concedidas e determinar a restrio do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsvel pelo cumprimento da determinao judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricao ou de desobedincia, conforme o caso.

    3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgncia, poder o juiz requisitar, a qualquer momento, auxlio da fora policial.

    4o Aplica-se s hipteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos 5o e 6 do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Cdigo de Processo Civil).

    Seo III Das Medidas Protetivas de Urgncia Ofendida

    Art. 23. Poder o juiz, quando necessrio, sem prejuzo de outras medidas:

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    I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitrio de proteo ou de atendimento;

    II - determinar a reconduo da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domiclio, aps afastamento do agressor;

    III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuzo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

    IV - determinar a separao de corpos.

    Art. 24. Para a proteo patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poder determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:

    I - restituio de bens indevidamente subtrados pelo agressor ofendida;

    II - proibio temporria para a celebrao de atos e contratos de compra, venda e locao de propriedade em comum, salvo expressa autorizao judicial;

    III - suspenso das procuraes conferidas pela ofendida ao agressor;

    IV - prestao de cauo provisria, mediante depsito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a ofendida.

    Pargrafo nico. Dever o juiz oficiar ao cartrio competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.

    CAPTULO III DA ATUAO DO MINISTRIO PBLICO

    Art. 25. O Ministrio Pblico intervir, quando no for parte, nas causas cveis e criminais decorrentes da violncia domstica e familiar contra a mulher.

    Art. 26. Caber ao Ministrio Pblico, sem prejuzo de outras atribuies, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, quando necessrio:

    I - requisitar fora policial e servios pblicos de sade, de educao, de assistncia social e de segurana, entre outros;

    II - fiscalizar os estabelecimentos pblicos e particulares de atendimento mulher em situao de violncia domstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;

    III - cadastrar os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher.

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    CAPTULO IV DA ASSISTNCIA JUDICIRIA

    Art. 27. Em todos os atos processuais, cveis e criminais, a mulher em situao de violncia domstica e familiar dever estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.

    Art. 28. garantido a toda mulher em situao de violncia domstica e familiar o acesso aos servios de Defensoria Pblica ou de Assistncia Judiciria Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento especfico e humanizado.

    TTULO V DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

    Art. 29. Os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados podero contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas reas psicossocial, jurdica e de sade.

    Art. 30. Compete equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuies que lhe forem reservadas pela legislao local, fornecer subsdios por escrito ao juiz, ao Ministrio Pblico e Defensoria Pblica, mediante laudos ou verbalmente em audincia, e desenvolver trabalhos de orientao, encaminhamento, preveno e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial ateno s crianas e aos adolescentes.

    Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliao mais aprofundada, o juiz poder determinar a manifestao de profissional especializado, mediante a indicao da equipe de atendimento multidisciplinar.

    Art. 32. O Poder Judicirio, na elaborao de sua proposta oramentria, poder prever recursos para a criao e manuteno da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Oramentrias.

    TTULO VI DISPOSIES TRANSITRIAS

    Art. 33. Enquanto no estruturados os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularo as competncias cvel e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, observadas as previses do Ttulo IV desta Lei, subsidiada pela legislao processual pertinente.

    Por votao unnime, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, em 09/02/2012, a CONSTITUCIONALIDADE dos artigos 1, 33 e 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) -. ADC 19.

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    No DF at 2011, foram criadas as Varas de Violncia Domstica em Braslia, Taguatinga e So Sebastio. Nas demais RAs, a competncia dos Juizados Especiais Criminais.

    Pargrafo nico. Ser garantido o direito de preferncia, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.

    TTULO VII DISPOSIES FINAIS

    Art. 34. A instituio dos Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher poder ser acompanhada pela implantao das curadorias necessrias e do servio de assistncia judiciria.

    Art. 35. A Unio, o Distrito Federal, os Estados e os Municpios podero criar e promover, no limite das respectivas competncias:

    I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situao de violncia domstica e familiar;

    II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situao de violncia domstica e familiar;

    III - delegacias, ncleos de defensoria pblica, servios de sade e centros de percia mdico-legal especializados no atendimento mulher em situao de violncia domstica e familiar;

    IV - programas e campanhas de enfrentamento da violncia domstica e familiar;

    V - centros de educao e de reabilitao para os agressores.

    Art. 36. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios promovero a adaptao de seus rgos e de seus programas s diretrizes e aos princpios desta Lei.

    Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poder ser exercida, concorrentemente, pelo Ministrio Pblico e por associao de atuao na rea, regularmente constituda h pelo menos um ano, nos termos da legislao civil.

    Pargrafo nico. O requisito da pr-constituio poder ser dispensado pelo juiz quando entender que no h outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.

    Art. 38. As estatsticas sobre a violncia domstica e familiar contra a mulher sero includas nas bases de dados dos rgos oficiais do Sistema de Justia e Segurana a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informaes relativo s mulheres.

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    Pargrafo nico. As Secretarias de Segurana Pblica dos Estados e do Distrito Federal podero remeter suas informaes criminais para a base de dados do Ministrio da Justia.

    Art. 39. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, no limite de suas competncias e nos termos das respectivas leis de diretrizes oramentrias, podero estabelecer dotaes oramentrias especficas, em cada exerccio financeiro, para a implementao das medidas estabelecidas nesta Lei.

    Art. 40. As obrigaes previstas nesta Lei no excluem outras decorrentes dos princpios por ela adotados.

    Art. 41. Aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

    Por votao unnime, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, em 09/02/2012, a CONSTITUCIONALIDADE dos artigos 1, 33 e 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) -. ADC 19.

    EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. VIOLNCIA DOMSTICA. PEDIDO DE SUSPENSO CONDICIONAL DO PROCESSO. INAPLICABILIDADE DA LEI N. 9.099/1995. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 11.340/2006 (LEI MARIA DA PENHA). PRECEDENTE. 1. O Plenrio do Supremo Tribunal Federal assentou a constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.340/2006, que afasta a aplicao da Lei n. 9.099/1995 aos processos referentes a crimes de violncia contra a mulher. 2. Ordem denegada. (HC 110113 09-04- 2012)

    O art. 41 fala em crimes, assim, as contravenes de vias de fato (Ar. 21, LCP) e perturbao da tranquilidade (art. 65 da LCP), sero apuradas por Termo Circunstanciado e no por inqurito policial.

    Vias de fato e Violncia domstica: duas correntes no STJ quanto possibilidade de aplicao dos institutos da Lei n. 9.099/95, uma que afirma que sim (HC 207.978/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 13/04/2012) e outra que afirma que no (HC 190.411/MS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 28/06/2012). No sentido de no se aplicar a Lei n. 9.099/95, se manifestou o STF (HC 106212, Relator(a): Min. MARCO AURLIO, Tribunal Pleno, julgado em 24/03/2011, PROCESSO ELETRNICO DJe-112 DIVULG 10-06-2011 PUBLIC 13-06-2011 RT v. 100, n. 910, 2011, p. 307-327).

    Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cdigo de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:

    Art. 313. (acrescentou mais uma hiptese de priso preventiva no CPP)

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    IV - se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especfica, para garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia. (NR)

    CPP - Art. 312. A priso preventiva poder ser decretada como garantia da ordem pblica, da ordem econmica, por convenincia da instruo criminal, ou para assegurar a aplicao da lei penal, quando houver prova da existncia do crime e indcio suficiente de autoria. (Redao dada pela Lei n 12.403, de 2011).

    Pargrafo nico. A priso preventiva tambm poder ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigaes impostas por fora de outras medidas cautelares (art. 282, 4o). (Includo pela Lei n 12.403, de 2011).

    Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Cdigo, ser admitida a decretao da priso preventiva: (Redao dada pela Lei n 12.403, de 2011).

    I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade mxima superior a 4 (quatro) anos; (Redao dada pela Lei n 12.403, de 2011). II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentena transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cdigo Penal; (Redao dada pela Lei n 12.403, de 2011). III - se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, criana, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficincia, para garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia; (Redao dada pela Lei n 12.403, de 2011). IV - (Revogado pela Lei n 12.403, de 2011).

    HABEAS CORPUS. LESO CORPORAL E AMEAA. CRIMES ABRANGIDOS PELA LEI N 11.340/2006 (LEI MARIA DA PENHA). PRISO PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA DE URGNCIA. FUNDAMENTO INSUFICIENTE. NECESSIDADE DE DEMONSTRAO DOS REQUISITOS QUE AUTORIZAM A CUSTDIA CAUTELAR. ART. 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL. ORDEM CONCEDIDA. 1. Muito embora o art. 313, IV, do Cdigo de Processo Penal, com a redao dada pela Lei n 11.340/2006, admita a decretao da priso preventiva nos crimes dolosos que envolvam violncia domstica e familiar contra a mulher, para garantir a execuo de medidas protetivas de urgncia, a adoo dessa providncia condicionada ao preenchimento dos requisitos previstos no art. 312 daquele diploma. 2. imprescindvel que se demonstre, com explcita e concreta fundamentao, a necessidade da imposio da custdia para garantia da ordem pblica, da ordem econmica, por convenincia da instruo criminal ou para assegurar a aplicao da lei penal, sem o que no se mostra razovel a privao da liberdade, ainda que haja descumprimento de

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    medida protetiva de urgncia, notadamente em se tratando de delitos punidos com pena de deteno. 3. Ordem concedida. (HC 100512/MT, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em 03/06/2008, DJe 23/06/2008)

    Art. 43. A alnea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cdigo Penal), passa a vigorar com a seguinte redao:

    Art. 61. II (alterou a redao da agravante da alnea f)

    f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade, ou com violncia contra a mulher na forma da lei especfica;

    Se for o crime de leses corporais (art. 129, 9, do CP), no se aplica a agravante, para evitar o bis in idem.

    Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cdigo Penal), passa a vigorar com as seguintes alteraes:

    Art. 129. (alterou a redao do 9 do art. 129, aumentando a pena para 3 meses a 3 anos), para os casos de leses ocorridas no mbito da violncia domestica e familiar, retirando a leso nesta situao da competncia dos Juizados Especiais Criminais).

    Qualificadora. Leso corporal contra homem. Violncia domstica: O aumento de pena do 9 do art. 129 do CP, alterado pela Lei n. 11.340/2006, aplica-se s leses corporais cometidas contra homem no mbito das relaes domsticas. Apesar da Lei Maria da Penha ser destinada proteo da mulher, o referido acrscimo visa tutelar as demais desigualdades encontradas nas relaes domsticas. In casu, o paciente empurrou seu genitor, que com a queda sofreu leses corporais. Assim, no h irregularidade em aplicar a qualificadora de violncia domstica s leses corporais contra homem. Contudo, os institutos peculiares da citada lei s se aplicam quando a vtima for mulher. SJT - RHC 27.622-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/8/2012.

    9o Se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade:

    Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos.

    O crime AFIANAVEL na esfera policial.

    11. Na hiptese do 9 deste artigo, a pena ser aumentada de um tero se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficincia. (NR)

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    Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execuo Penal), passa a vigorar com a seguinte redao:

    Art. 152. (acrescentou mais uma hiptese de atividade a ser aplicada queles que tiveram a pena de priso substituda por limitao de fim de semana, na Lei de Execues Penais)

    Pargrafo nico. Nos casos de violncia domstica contra a mulher, o juiz poder determinar o comparecimento obrigatrio do agressor a programas de recuperao e reeducao. (NR)

    Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias aps sua publicao.

    Braslia, 7 de agosto de 2006; 185o da Independncia e 118o da Repblica.

    LUIZ INCIO LULA DA SILVA Dilma Rousseff

    20.1 Estudo Dirigido

    1) Qual o fundamento constitucional de represso aos crimes de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    2) Quais os tratados internacionais ratificados pelo Brasil que visam coibir a violncia domstica e familiar contra a mulher?

    3) A Lei Maria da Penha (11.340/06) criou novos tipos penais na legislao brasileira?

    4) Quem pode ser sujeito ativo e passivo nos crimes de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    5) Qual a finalidade da Lei Maria da Penha?

    6) Nos termos da Lei Maria da Penha o que configura a violncia domstica e familiar contra a mulher?

    7) A violncia domstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violao de direitos humanos? Justifique sua resposta.

    8) Quais so as formas de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    9) Quais as providncias dever adotar a autoridade policial, na hiptese da iminncia ou da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    10) Em todos os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrncia, dever a autoridade policial adotar, de imediato, quais procedimentos, sem prejuzo daqueles previstos no Cdigo de Processo Penal?

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    11) Qual a natureza jurdica da ao penal nos casos de leses corporais com violncia domstica e familiar contra a mulher?

    12) possvel a aplicao da Lei n. 9.099/95 aos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher? Fundamente a resposta.

    13) possvel a aplicao de penas de cesta bsica ou outras de prestao pecuniria, bem como a substituio de pena que implique o pagamento isolado de multa, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    14) Uma vez recebido o expediente com o pedido da ofendida vtima de violncia e domstica e familiar contra a mulher, qual o prazo o juiz tem para decidir? Quais as providncias dever adotar?

    15) possvel a decretao de priso preventiva do ofensor, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    16) Quais so as medidas protetivas de urgncia que obrigam o agressor, que poder ser aplicado pelo juiz, quando constatada a prtica de violncia domestica e familiar contra a mulher?

    17) Quais as medidas protetivas de urgncia que podem ser concedidas ofendida, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    18) Quais as medidas que o juiz pode aplicar, liminarmente, visando a proteo patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    19) Como deve ser a atuao do Ministrio Pblico, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    20) Como deve ser a assistncia judiciria nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher?

    21) Em que consiste a equipe de atendimento multidisciplinar prevista na Lei Maria da Penha? Qual a sua competncia?

    20.2 Questes Comentadas e Gabaritadas 1) CESPE / Tcnico em Procuradoria PGE-PA / 2007. Em casos de violncia contra a mulher, o juiz poder determinar que o agressor comparea obrigatoriamente a programa de recuperao e reeducao. (cd. Q88851) a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: A Lei Maria da Penha alterou o art. 152, da lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execuo Penal), estabelecendo em seu pargrafo nico que, nos casos de violncia domstica contra a mulher, o juiz poder

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    determinar o comparecimento obrigatrio do agressor a programas de recuperao e reeducao. Gabarito Verdadeiro.

    2) CESPE / Administrao - PM-DF / 2010. A violncia domstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violao dos direitos humanos. Essa violncia apresenta-se sob diversas formas, tais como: a violncia fsica, a violncia psicolgica, a violncia sexual, a violncia patrimonial e a violncia moral. (cd. Q88844) a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: O art. 1 da Lei Maria da Penha, demonstra claramente que se trata de norma de proteo aos direitos Humanos, inclusive fazendo referncia Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Violncia contra a Mulher, da Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Repblica Federativa do Brasil. No seu art. 7 define as formas de violncia contra a mulher como sendo: violncia fsica, psicolgica, sexual, patrimonial e moral. Gabarito Verdadeiro.

    3) Promotor de Justia - CE - 2011 - FCC (Questo 83). Constatada a prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, ao ofensor o juiz: (cd. Q92314) a) de imediato poder aplicar a proibio de aproximao da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mnimo de distncia entre estes e o agressor. b) s poder proibir o contato fsico com a ofendida, depois do trnsito em julgado da sentena e se no houver reconciliao do casal. c) no poder, em nenhuma hiptese, estender a proibio de aproximao da ofendida aos dependentes menores, ou restringir-lhe ou suspender-lhe as visitas. d) poder suspender a posse ou restrio de porte de arma de fogo, ainda que se trate de integrante de rgos policiais, independentemente de comunicao ao rgo competente ou autoridade a que esteja subordinado. e) no poder proibir a frequentao de qualquer outro lugar exceto o ambiente familiar, embora naquele tambm possa encontrar-se a ofendida. Comentrios: A assertiva "A" est correta, pois previsto no art. 22, inc. III, "a", cujo afastamento se d como medida cautelar, no se exigindo sentena penal condenatria, motivo pelo qual a assertiva "B" est errada. A assertiva "C" est errada, pois a Lei prev a restrio ou suspenso de visitas a dependentes menores (art. 22, inc. IV). A assertiva "D" est errada, pois a suspenso ou restrio do porte de arma de fogo de integrante de foras policiais devem ser comunicadas ao respectivo rgo. A assertiva "E", tambm est errada, pois visto que a Lei no art. 22, III, "c" prev a proibio de freqentao de determinados lugares a fim de preservar a integridade fsica e psicolgica da ofendida. Gabarito letra "A".

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    4) JUIZ SUBSTITUTO - SC - 2008 - TJSC - questo 50 (atualizada). Quanto Lei Maria da Penha, observadas as proposies abaixo, assinale a alternativa correta: I. vedada a aplicao, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta bsica ou outras de prestao pecuniria, bem como a substituio de pena que implique o pagamento isolado de multa. II. Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida de que trata a lei, s ser admitida a renncia representao perante o juiz, em audincia especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denncia e ouvido o Ministrio Pblico. III. Nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, no vedada a substituio de pena que implique o pagamento isolado de multa. IV. Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida de que trata a lei, ser admitida a renncia representao por mera petio nos autos. V. No vedada a aplicao, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, de penas de prestao pecuniria, inclusive podendo haver a substituio de pena que implique o pagamento isolado de multa. a) Somente as proposies I e II esto corretas. b) Somente a proposio III est correta. c) Somente a proposio I est correta. d) Somente a proposio IV est correta. e) Todas as proposies esto incorretas. Comentrios: A afirmativa "I" est correta, visto que reproduz o teor do art. 17, da Lei 11.340/06, o que torna as afirmativas III e V erradas, A afirmativa II com a nova orientao do STF (ADIN 4424) est errada, pois entendeu como inconstitucional o 16 da Lei, ou seja, no se admite retratao (renncia) nas aes de que trata a Lei, nem mesmo perante o juzo do feito, o que torna a assertiva IV, tambm errada. Gabarito letra C.

    5) ANALISTA JUDICIRIO - REA JUDICIRIA - TJDFT - 2008 - CESPE (Legislao Especial, item 113). Nos casos de violncia domstica contra a mulher, o juiz pode determinar o comparecimento obrigatrio do agressor a programas de recuperao e reeducao.(cd. Q07827) a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: a Lei n. 11.340/06 previu expressamente a alterao do art. 152 da LEP, estabelecendo que "Nos casos de violncia domstica contra a mulher, o juiz poder determinar o comparecimento obrigatrio do agressor a programas de recuperao e reeducao". Gabarito Verdadeiro.

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    6) ANALISTA MINISTERIAL - CINCIAS JURDICAS - 2010 - MPE/TO - UFT- COPESE (Penal, questo 77). Sobre a Lei Maria da Penha, assinale a alternativa incorreta: (cd. Q81918) a) Caber ao Ministrio Pblico, quando necessrio, cadastrar os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher. b) So formas de violncia domstica e familiar contra a mulher, a violncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure reteno, subtrao, destruio parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econmicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; c) Os atos processuais dos Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher podero realizar-se em horrio noturno, conforme dispuserem as normas de organizao judiciria. d) Enquanto no estruturados os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, as varas de famlia acumularo as competncias cveis para conhecer e julgar as causas decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher. Comentrio: A assertiva "A" est correta, previsto no art. 26, III, da Lei: Art. 26. Caber ao Ministrio Pblico, sem prejuzo de outras atribuies, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, quando necessrio: [...]III - cadastrar os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher. A assertiva "B" est correta, pois a violncia patrimonial no mbito da violncia domestica e familiar contra a mulher, encontra definio no art. 7, IV, seno vejamos: IV - a violncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure reteno, subtrao, destruio parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econmicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. A assertiva "C", tambm est correta, pois segundo o pargrafo nico do art. 14 da Lei, "Os atos processuais podero realizar-se em horrio noturno, conforme dispuserem as normas de organizao judiciria". A assertiva "D" est errada, pois a Lei d atribui a competncia s varas criminais e no de famlia, seno vejamos: "Art. 33. Enquanto no estruturados os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularo as competncias cvel e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, observadas as previses do Ttulo IV desta Lei, subsidiada pela legislao processual pertinente". Gabarito letra "D".

    7) JUIZ SUBSTITUTO - MT - 2009 - VUNESP (Questo 40). 40. Em relao aos crimes contra a violncia domstica, analise as afirmaes e em seguida assinale a alternativa correta. I. Por expressa determinao legal no se aplicam aos crimes praticados com violncia domstica os dispositivos da Lei n. 9.099/95. II. O juiz, ao constatar a prtica de violncia domstica, poder determinar que o agressor no tenha contato com a ofendida.

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    III. Os crimes com a violncia domstica sero julgados perante o Juizado Especial Criminal e tero prioridade no julgamento. (cd. Q54836) a) I e II, somente. b) I e III, somente. c) II e III, somente. d) somente I. e) somente II. Comentrios: A afirmativa "I" est correta, pois a Lei no seu Art. 41, prev que "Aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995", sendo que tal norma foi julgada como Constitucional pelo STF (ADC 19). A assertiva "B" est correta, pois no art. 22, inc. III, alineas "a" e "b", a Lei autoriza o juiz a tomar determinadas providncias, dentre elas determinar que o agressor no tenha contato com a ofendida. A afirmativa III est errada, pois, conforme j visto, os crimes com violncia domstica e familiar sero julgados pelas Varas de Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, cuja ausncia, ser da competncia das Varas Criminais. Gabarito letra "A".

    8) DEFENSOR PBLICO/MG - 2009 - FUMARC (questo 66). Quanto ao Juizado competente para os processos cveis regidos pela Lei N. 11.340, de 07 de agosto de 2006, tem-se que, por opo da mulher, esto corretas as assertivas abaixo indicadas, exceto: (cd. Q38389) a) Os processos cveis podero ser ajuizados no lugar onde esteja momentaneamente a ofendida, em observncia a programa social de proteo. b) Os processos cveis podero ser ajuizados no lugar do fato em que se baseou a demanda. c) Os processos cveis podero ser ajuizados no domiclio da ofendida. d) Os processos cveis podero ser ajuizados na residncia da ofendida. e) Os processos cveis podero ser ajuizados no domiclio do agressor. Comentrio: A Lei n. 11.340/2006, prev no art. 15, que: competente, por opo da ofendida, para os processos cveis regidos por esta Lei, o Juizado: I - do seu domiclio ou de sua residncia; II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; III - do domiclio do agressor. Assim, a assertiva "A" est errada e as demais corretas. Gabarito letra "A".

    9) OFICIAL DA PMDF(ADMINISTRAO) - 2010 - CESPE (Questo 47). Com relao Lei Maria da Penha, julgue: Apenas o cnjuge ou companheiro podem ser considerados autores de violncia domstica e familiar contra as mulheres. (cd. Q53757)

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    a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: A Lei n 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gnero e em condies de hipossuficincia ou inferioridade fsica e econmica.2. Sujeito passivo da violncia domstica, objeto da referida lei, a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vnculo de relao domstica, familiar ou de afetividade. (STJ, CC 88027/MG). Gabarito "Falso".

    10) ANALISTA JUDICIRIO - REA JUDICIRIA - TJDFT - 2008 - CESPE (Legislao Especial, item 112). Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida, esta pode renunciar representao perante o juiz ou a autoridade policial, no mximo, at a data do oferecimento da denncia. (cd. Q07826) a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: A Lei 11.340/006, previa no seu Art. 16, que: "Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida de que trata esta Lei, s ser admitida a renncia representao perante o juiz, em audincia especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denncia e ouvido o Ministrio Pblico". Esta previso passou a ser alvo de discusso no sentido de aferir se leso corporal leve, como violncia domstica familiar seria de ao pblico incondicionada ou condicionada representao. O Plenrio do Supremo Tribunal Federal julgou procedente, na sesso do dia 09/02/2012, por maioria, a Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424) ajuizada pela Procuradoria-Geral da Repblica quanto aos artigos 12, inciso I; 16 da Lei Maria da Penha. O entendimento da maioria que no se aplica a Lei 9.099/95, dos Juizados Especiais, aos crimes abrangidos pela Lei Maria da Penha, assim como nos crimes de leso corporal praticados contra a mulher no ambiente domstico, mesmo de carter leve, atua-se mediante ao penal pblica incondicionada, independente da representao da vtima. Assim, no cabe retratao da vtima perante o juiz, em face da inconstitucionalidade do art. 16 da Lei. Gabarito "Falso".

    11) Delegado de Polcia - PA - 2009 - MOVENS (Questo 41). Nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, a Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) determina que, feito o registro da ocorrncia, dever a autoridade policial remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, que ser tomado a termo pela autoridade policial, para a concesso de medidas protetivas de urgncia, muitas das quais de natureza nitidamente civil, como, por exemplo, a prestao de alimentos provisionais ou provisrios. Com base nessas premissas, assinale a opo que indica o momento em que se considera iniciada a litispendncia em relao mulher, autora nos autos da medida protetiva. (cd. Q92356) a) Na data da propositura da ao. b) Na data em que o termo da demanda foi distribudo no Poder Judicirio. c) Na data em que o termo da demanda foi despachado pelo juiz competente.

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    d) Na data em que demandou a medida perante a autoridade policial. Comentrios: o momento em que se considera iniciada a litispendncia em relao mulher ser a data em que demandou o pedido, perante a autoridade policial, que tomar as providncias necessrias e determinadas na Lei e, em seguida, encaminhar ao juiz, ocasio em que se poder fixar os alimentos privisionais ou provisrios, sendo certo que posteriormente, a ofendida dever propor a demanda principal, nos termos do art. 796 e seguintes do CPC, junto a uma Vara de Famlia. Gabarito letra "D".

    12) JUIZ SUBSTITUTO - SC - 2008 - TJSC - questo 46. Conforme a Lei Maria da Penha: (cd. Q27276) a) Se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especfica, no cabvel a decretao da priso preventiva, considerando que os crimes so punidos com pena de deteno. b) Se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especfica, a fim de garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia, apenas ser admitida a decretao da preventiva se o caso versar sobre crime de homicdio. c) Se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especfica, a fim de garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia, ser admitida a decretao da priso preventiva. d) Se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especfica, a fim de garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia, somente ser admitida a decretao da priso preventiva se houver a aproximao do agente em relao quela. e) Todas as alternativas esto incorretas. Comentrios: O art. 20 da Lei 11.340/06 dispe que "Em qualquer fase do inqurito policial ou da instruo criminal, caber a priso preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofcio, a requerimento do Ministrio Pblico ou mediante representao da autoridade policial", o que torna a assertiva "C", verdadeira e as demais erradas. Gabarito letra "C".

    13) Exame OAB Nacional - CESPE - 2008 - edio 3 (P. Penal. Questo 89). Com base na Lei Maria da Penha, assinale a opo correta: (cd. Q17559) a) Para os efeitos da lei, configura violncia domstica e familiar contra a mulher a ao que, baseada no gnero, lhe cause morte, leso, sofrimento fsico ou sexual, no estando inserido em tal conceito o dano moral, que dever ser pleiteado, caso existente, na vara cvel comum. b) desnecessrio, para que se aplique a Lei Maria da Penha, que o agressor coabite ou tenha coabitado com a ofendida, desde que comprovado que houve a violncia domstica e familiar e que havia entre eles relao ntima de afeto. c) A competncia para o processo e julgamento dos crimes decorrentes de violncia domstica determinada pelo domiclio ou pela residncia da ofendida.

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    d) Para a concesso de medida protetiva de urgncia prevista na lei, o juiz dever colher prvia manifestao do MP, sob pena de nulidade absoluta do ato. Comentrios: a assertiva "A" est errada, visto que a violncia domstica e familiar contra a mulher, inclui a violncia moral (art. 7, inc. V). A assertiva "B" est correta, pois a Lei no seu art. 5 no exige que o agressor coabite com a vtima, exige apenas que seja: I - no mbito da unidade domstica, compreendida como o espao de convvio permanente de pessoas, com ou sem vnculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;II - no mbito da famlia, compreendida como a comunidade formada por indivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relao ntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitao. A assertiva "C" est errada, visto que o art. 33 da Lei dispe que: "Enquanto no estruturados os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularo as competncias cvel e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, observadas as previses do Ttulo IV desta Lei, subsidiada pela legislao processual pertinente". A assertiva "D" est errada, visto que para conceder a medida protetiva, a Lei determina que o juiz oficiar ao Ministrio Pblico para adotar as providncias cabveis e no colher manifestao do MP, sob pena de nulidade absoluta (art. 18, III). Gabarito letra "B".

    14) AUXILIAR DE LABORATRIO CRIMINALSTICO - 2010 - POLCIA CIENTFICA/GO - FUNIVERSA (questo 32). Joo vive em unio estvel com Maria e tem dois filhos. No ltimo sbado, Joo, aps sair do trabalho, foi a um bar e passou a tarde consumindo cervejas e doses de cachaa. Ao chegar a casa, desentendeu-se com sua companheira e passou a agredi-la com murros e pontaps, causando-lhe diversas leses corporais. Como as agresses so consideradas leses corporais leves, (cd. Q79556) a) com pena de deteno de at um ano, o juiz poder aplicar o benefcio da suspenso do processo, previsto na Lei n. 9.099/1995. b) o juiz no poder determinar a Joo a medida protetiva de afastamento do lar. c) no h a necessidade de representao por parte da vtima. d) havendo representao, poder a vtima retratar-se, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justia. e) o juiz no poder determinar suspenso da posse ou restrio do porte de armas. Comentrios: poca da elaborao da questo, a banca examinadora estava exigindo do candidato o entendimento do STJ, motivo pelo qual a resposta da poca era a letra "D". No entanto, em 09/02/2012, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424) em face dos artigos 12, inciso I; 16 da Lei Maria da Penha. O entendimento da maioria que no se aplica a Lei

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    9.099/95, dos Juizados Especiais, aos crimes abrangidos pela Lei Maria da Penha, assim como nos crimes de leso corporal praticados contra a mulher no ambiente domstico, mesmo de carter leve, atua-se mediante ao penal pblica incondicionada, independente da representao da vtima. Assim, a resposta atual a letra "C".

    15) CESPE / Administrao - PM-DF / 2010. Toda mulher goza dos direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violncia. Cabe ao poder pblico desenvolver polticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no mbito das relaes domsticas e familiares com vistas a resguard-las de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.(cd. Q88842) a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: A lei n 11.340/06 (Lei Maria da Penha) define, em seu art. 2, que toda mulher, independentemente de classe, raa, etnia, orientao sexual, renda, cultura, nvel educacional, idade e religio, goza dos direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violncia, preservar sua sade fsica e mental e seu aperfeioamento moral, intelectual e social. Gabarito Verdadeiro.

    16) DEFENSOR PBLICO DO ESTADO DA BAHIA - 2010 - CESPE (Questo 71). Entre as medidas protetivas de urgncia previstas no sistema de combate violncia domstica e familiar contra a mulher, inclui-se a decretao da priso preventiva, devendo a vtima ser notificada caso o agressor seja preso ou saia da priso. Havendo pedido de retratao da representao ofertada, o juiz, antes de receber a denncia, deve designar audincia especial com tal finalidade. (cd. Q82474) a) Verdadeiro b) Falso Comentrio: quando da elaborao da questo, a resposta era verdadeira, visto que era o comando do art. 16 da Lei. No entanto, em 09/02/2012, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424) em face dos artigos 12, inciso I; 16 da Lei Maria da Penha. O entendimento da maioria que no se aplica a Lei 9.099/95, dos Juizados Especiais, aos crimes abrangidos pela Lei Maria da Penha, assim como nos crimes de leso corporal praticados contra a mulher no ambiente domstico, mesmo de carter leve, atua-se mediante ao penal pblica incondicionada, independente da representao da vtima. Assim, no cabe mais representao da ofendida,e, conseguintemente, no ser possvel a retratao da representao em audincia, por se tratar de ao penal pblica incondicionada. Gabarito falso.

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    17) TCNICO JUDICIRIO - TJRR - 2006 - CESPE (Legislao Especial, questo 100). Com referncia Lei n. 11.340/2006 - Lei Maria da Penha -, assinale a opo correta. (cd. Q05121) a) As relaes pessoais enunciadas na lei independem de orientao sexual, podendo ser aplicadas nos casos de relao homossexual havida entre pessoas do sexo masculino. b) As medidas protetivas de urgncia de que trata a lei tm natureza penal e extrapenal, devendo os processos referentes aos crimes nela previstos ser encaminhados aos respectivos juzos, conforme cada esfera de jurisdio. c) A pessoa que causar leso corporal leve est sujeita a pena privativa de deteno de trs meses a trs anos, aumentada de um tero se o crime for cometido contra pessoa portadora de necessidades especiais, cabendo a aplicao dos institutos da priso em flagrante e da priso preventiva. d) As medidas protetivas de urgncia devero ser apreciadas no prazo de 48 horas pela autoridade judiciria competente, sendo taxativos os dispositivos que as relacionam. Comentrios: A assertiva "A" est incorreta, visto que a Lei 11.340/06, foi criada para coibir e prevenir a violncia domstica e familiar contra a mulher, independentemente da sua orientao sexual. Assim, no h que se falar em relao homossexual entre pessoas do sexo masculino. A assertiva "B" est incorreta, pois segundo a Lei as medidas protetivas de urgncia sero deferidas pelo juiz dos Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, que tem competncia para aplicar as disposies penais e extrapenais. A assertiva "C" est correta, pois a Lei 11.340,alterou o art. 129 do CP, em especial o seu 9o, dispondo: "Se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade: Pena - deteno, de