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BÚZIOS JOR NAL O MAIOR De 27 de março a 3 de abril de 2014 • Edição 1187 • ANO XXXIV • www.operumolhado.com.br UM JORNAL CEGO, SURDO E MUDO Piraí Digital Um exemplo a ser copiado

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Piraí Digital

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BÚZIOSJOR NAL

O MAIOR

De 27 de março a 3 de abril de 2014 • Edição 1187 • ANO XXXIV • www.operumo lha do.com.br

UM JORNAL CEGO, SURDO E MUDO

Piraí DigitalUm exemplo a ser copiado

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De 27 março a 3 de abril de 2014 – O Perú Molhado2

“Piraí, Piraí, PiraíPiraí bandalargou-se um pouquinhoPiraí infoviabilizouOs ares do município inteirinhoCom certeza a medida provocouUm certo vento de redemoinho” - Gilberto Gil

Um pequeno pontinho luminoso no mapa do mundoEditor Marcelo Lartigue / Reportagem: Victor Viana / Diagramação: Caroline Moreira / Fotos Lartigue, Viana, PiliaCastro, Adriana Schetino e divulgação / Colabo-rou Michelle Mattos e Eva Lartigue

Piraí, com um pouco mais de 20 mil habitantes e a 70 quilômetros do Rio de Janeiro, é uma das sete ci-dades inteligentes do mundo, as chamadas Smart Cities, mas nem

sempre foi assim. Em meados da década de 90, após a privatização da Light (concessionária de energia elétrica), 1.200 cidadãos perderam o emprego. A partir daí, o poder público e lideres comuni-tários se uniram e deram a volta por cima co-meçando um projeto pioneiro e visionário para aquela época. Em 1996, ao ex-prefeito Luiz Fernando de Souza, o Pezão, hoje vice-governador do Esta-

do, assumir o cargo, havia apenas duas linhas telefônicas e dois computadores à disposição da prefeitura. Ele afirma que era claro que isso limitava o desenvolvimento do municípioEm cerca de 10 anos, a prefeitura “conectou” toda a sua população ao mundo da internet. As 21 escolas e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) têm computadores interligados à rede mundial em sistema de ban-da larga. Todos os professores que atuam pelo município já foram capacitados para trabalhar com o mundo digitalizado e com a internet. Os habitantes da cidade contam, hoje, com quatro cursos universitários de ensino à distância. O mundo volta seu olhar para uma silenciosa re-volução educacional em Piraí.

Piraí, uma Smart City

No sábado (15), o Perú esteve na cidade de Piraí participando das comemorações dos 10 anos do projeto Piraí Digital. Foi uma experi-ência forte que mostrou como a vontade política e a união Poder Público e comunidade podem fazer a mudança no cenário de uma cida-de de um pouco mais de 20 mil habitantes, fazendo dela uma referência mundial. Isso sim é cidade inteligente!

A pequena Piraí mostra que tamanho não é documento e conectou toda a população ao mundo digital. Vista do alto, Piraí é o mundo

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Criado em 2004, Piraí Di-gital é um programa de inclusão social através da internet. Premiado internacionalmente, ele

amplia horizontes ao democratizar a produção e o acesso ao conhecimento e gerar novas oportunidades de traba-lho em Piraí, que atraiu investimentos e se transformou em referência de ci-dade inteligente no Brasil. Todos os alunos e professores da rede munici-pal têm laptop e a população inteira se conecta gratuitamente via wi-fi.O programa informatizou as bibliote-cas e escolas municipais para desen-volver atividades pedagógicas inova-doras, modernizou a administração pública e promove a participação popular nos processos decisórios da Prefeitura. Piraí fez da inclusão digi-tal uma política para todos, criando condições para que a população pos-sa se beneficiar das novas tecnologias em termos de formação profissional, acesso à informação, entretenimento e cidadania.“Esse evento é a coroação de um pro-cesso de criação nossa, movida muito pela paixão de dar igualdade e opor-tunidade a cidade. Pra isso foi crucial ter uma liderança que pense o futuro, isso é política pública. Eu e o profes-sor Franklin Coelho trabalhamos em conjunto com a comunidade, porque ele é feito em cima de um dialogo de saberes. O objetivo inicial já foi atin-gido e superado, mas é sempre um desafio e iremos sempre em frente. Trabalhamos na replicação do projeto e acho que Búzios tem um potencial enorme e tendo vontade política isso pode ser aplicado nessa linda cidade. É preciso apostar no capital humano local pensando sempre que estar co-nectado é um pré direito, tendo isso é possível com certeza aplicar uma revolução educacional onde a escola deixa de ser só um ponto de informa-ção, mas também de construção cole-tiva do conhecimento” Maria Helena Cautiero Horta Jar-dim - Assessora especial da Secreta-ria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, coordena o Projeto Um Com-putador por Aluno (UCA) do MEC–RJ e o Projeto Piraí Digital.

10 anos do Piraí Digital

Vontade política Disputa com a AnatelApós a inauguração da Rede SHSW, foi encaminhado o pedido de uma licença pública para um provedor gerido pela comunidade que foi rejeitado pela Ana-tel. Para tentar contornar esse problema, o município utilizou-se de uma norma do FUST que garante o direito ao poder público de prover acesso à comunicação onde o setor privado não suprir esta ne-cessidade. O processo durou três anos para ser julgado, quando a Anatel de-cidiu por autorizar o projeto desde que não houvesse qualquer taxação pelo ser-viço. A solução para financiamento en-tão foi instituir a cobrança não pelo ser-viço, mas por uma benfeitoria pública.

Piraí

Maria Helena sabe tudo de Piraí Digital

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Povo, professores e alunos de Piraí

André Bello é um dos co-organizadores do TEDx Rio e por isso foi convidado a atuar no TEDx Piraí (que foi uma das atividades dos 10 anos do Piraí Digital), um evento local, auto organizado que junta pessoas para compartilhar novas ideias ligadas ao mundo digital no espírito da plataforma

TED¹. Mas além de todo o conhecimento e capacidade, há outra coisa a dizer sobre o André, ele mora em Búzios há 10 anos! “Tentei atuar na cidade, cheguei a montar uma agência, mas não havia campo e então voltei a atuar no Rio de Janeiro”, contou e explicou um pouco do que acontece em um TEDx como o de Piraí: “São sempre oito palestras de 18 minutos que são retransmitidas para todo o mundo através da plataforma TED e também conta com uma ação cultural. É entreteni-mento com informação, a estrutura é de show. Um dos objetivos da con-ferencia é que os participantes também encontrem e travem contato com pessoas inteligentes e que estejam imbuídas do objetivo do desejo de me-lhorar a sociedade através de novas ideias”. André explica que esse tipo de evento acontece geralmente em capitais e grandes cidades mundo afora, o que só aumenta o valor do projeto de-senvolvido na pequena cidade de Piraí e fala sobre Búzios: “Existe um licenciado para desenvolver uma coisa assim em Búzios. Mas não á fácil fazer isso porque precisa de patrocínio, estrutura e principalmente desejo genuíno dos diversos agentes da comunidade em realizar isso”.

¹ TED (Technology, Entertainment, Design) é uma organização sem fins lucrativos que tem a missão de disseminar boas ideias. A instituição sur-giu em 1984, na Califórnia, como uma conferência anual de palestras ins-piradoras e curtas, de até 18 minutos.

Um TEDx Búzios

“O projeto proporcionou aos alu-nos de Piraí coisas muito boas, tínhamos notebook e isso ajudou muito nos meus estudos e o evento está sendo muito bom também”. Beatriz, ex-aluna da rede pública de Piraí.

“É importante esse projeto que dá as crianças a oportunidade de crescerem por conta própria. Te-mos a sorte de ter tido um gran-de prefeito aqui, que é o Pezão, hoje nosso vice-governador”. Sr. Juarez - Produtor e vende-dor de produtos típicos

“A minha escola é localizada na Zo-na Rural e a maioria das famílias não tem acesso a computador. Com esse projeto conseguimos levar essa tecnologia a essas crianças. A escola em que dou aula é de educação in-fantil e a internet é usada para ati-vidades lúdicas com fotos, vídeos e aplicativos pedagógicos de racio-cínio lógico e letramento. A criança aprende muito rápido”. Ana Carolina, 22 anos, professora da rede pública de Piraí.

“A cidade ganhou muito com esse projeto. O que aconte-ceu aqui deve ser copiado por todas as cidades”.Jaqueline, moradora de Piraí

Piraí, uma pequena grande cidade

A professora mais simpática de Piraí Exemplo de estudante satis-

feito com as escolas digitais

André Bello, morador de Búzios, cidadão do mundo

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Projeto Aluno TutorO Projeto Aluno Tutor é umas das ações que são desenvolvidas no projeto Piraí Digital e tem como objetivo promover a formação em conceitos básicos de tecno-logia, o gerenciamento do laboratório de informática e a multiplicação de conhe-cimentos para os alunos da rede munici-pal de educação da cidade de Piraí pelos próprios alunos. Os alunos do CIEP de Arrozal, como fo-ram os pioneiros no projeto UCA, tiveram essa responsabilidade de capacitar em média 6.755 alunos da rede. Além de pro-porcionar autonomia para esses discentes, houve também uma socialização entre as escolas, com a troca de experiências.

“É uma mudança de paradigma no papel do aluno”

O projeto Um Computador por Aluno fez de Piraí e do Rio de Janeiro uma vitrine para muitos países. A cidade foi à primeira do mundo a adotar um PC por aluno. Levar tecnologia para dentro e fora da sala de aula é inserir as crianças na era da informação e expandir fronteiras!

Uma história que se confunde com a modernização

de Piraí Maria Lúcia Horta, esposa do vice-governador Pezão, trabalhou na pre-feitura de Piraí por 33 anos, acabou de se aposentar. Desses 33 anos, 24 deles como secretária de Fazenda. Traba-lhou ativamente na criação do Contro-le Interno, uma Secretaria modelo. “É o controle preventivo da adminis-tração pública. Atua dentro da própria

administração protegendo e orientando. Depois de 1988, os municí-pios foram obrigados a prestar contas e então fomos além e chama-mos uma pessoa brilhante, que era o professor Linío Martins, e im-plantamos essa secretária que torna as ações do governo mais trans-parentes”, disse Maria Lúcia ao Perú, em sua residência em Piraí. Maria também participou do Fundo de Previdência do município, e por 13 anos fez a gestão financeira do Hospital que tem um contrato de parceria entre o município e a casa de caridade. Mesmo hoje seu marido sendo o vice governador do estado, ela afirma que seu cora-ção está sempre em Piraí, e fala com admiração sobre Pezão: “Ele foi visionário com o Piraí Digital, em 1997. Ele trouxe a Univer-sidade de Brasília aqui para fazer um Plano Diretor de Informática, até hoje há essa deficiência em municípios do Brasil e ele já esta-va atento a isso lá atrás. O Piraí Digital começa justamente ai como processo, em 2004 se consolida a rede”.

Piraí conta com com quatro cursos

universitários de ensino à distância

Em Piraí, a educação é coisa de primeiro mundo

Maria Lúcia

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No mapa do estado do Rio de Janei-ro, o município de Piraí é só um pontinho, próximo ao rio de mesmo nome, localizado na região do Vale do Paraíba, no Sul Fluminense. Na

origem, em Tupi Guarani, Piraí significa “rio dos peixes”. Coincidência ou não, há 10 anos, com o projeto Piraí Digital, o município se tornou o pri-meiro do Brasil a oferecer internet pública em ban-da larga, o que colocou o tal pontinho no mapa das sete cidades digitais mais inteligentes do mundo, em 2005. Ou seja: caiu na rede, ainda que virtu-

al, é peixe. O TEDxPiraí celebra o resultado após uma década de investimento estratégico em aces-sibilidade para democratizar a cultura de internet: o surgimento de nova mentalidade digital na co-munidade. Mentes brilhantes do Brasil e do mun-do falaram por 18 minutos em um seminário que uniu vídeos de palestras (TEDTalks) e palestrantes ao vivo combinados para impulsionar conexões e discussões que terão alcance em nível local, regio-nal e global. Participaram Fernando Martins, res-ponsável pela operação da Intel no 3º maior mer-cado de computadores do mundo, o Brasil; Fran-

cisco Gómez Alamillo (Paco), phD em Físca pela Universidade Complutense de Madri, é secretário geral da Associação Iberoamericana de Centros de Investigação e Empresas de Telecomunicações (AHCIET) há mais de 30 anos; Maria Helena Cau-tiero Horta Jardim, Assessora especial da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, que co-ordena o Projeto Um Computador por Aluno (UCA) do MEC–RJ e o Projeto Piraí Digital, e ainda Pedro Doria, Samir Iasbek, Gilberto Gil e Dr. Cláudio Do-mênico que falaram exclusivamente ao Perú.

Cabeças pensantes do mundo em Piraí

Conversamos com um dos pa-lestrantes, o americano John G. Jung, economista, urba-

nista e planejador premiado. É pre-sidente e co-fundador do Intelligent Community Fórum (ICF) e do In-telligent Community Forum Foun-dation (ICFF), que representa 126 dessas comunidades pelo mundo. Em Nova York, realiza anualmente um encontro de cúpula para exa-minar as sete comunidades globais mais inteligentes, das quais faz par-te Piraí. Jung é ainda co-autor de li-vros sobre estratégias para a criação de bem sucedidas smart cities e teve papel importante em diversas ou-tras iniciativas do gênero em Hong Kong, Toronto e Ontário.

Qual a importância do ensino do inglês para a emancipação social via internet? Pense nessa ideia: a menor ideia no lugar mais longe do mundo. Se você quer pegar aquela ideia, você precisa se comunicar em um meio comum para que todos entendam. E se o mundo está dizendo que o in-glês vai ser esse meio de comunica-ção comum, então é importante que todos aprendam a língua.

Mas o caminho inverso também seria importante? Indivíduos de países de língua inglesa apren-dendo outros idiomas.Eu acredito que para se comunicar claramente, você precisa de uma forma de comunicação comum, mas

nós temos que manter todas as lín-guas e culturas porque não podemos transformar todas em uma só.

Como vê um projeto como esse, geralmente de grandes capitais, dando certo em uma cidade de in-terior? Tem várias cidades aqui no Brasil, de diferentes tamanhos: Rio, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre... Mas Piraí é uma cidade que aprendeu a ter a capacidade de usar a tecnolo-gia 10 anos atrás, quando ninguém estava entrando nisso. Ensinando suas crianças, eles estavam criando uma nova cultura, usuários que são capazes de usar a Internet, a tecno-logia, isso é muito importante para criar melhores cidades no mundo.

O pai das Smart Cities À esquerda uma cabeça vazia, à direita uma cabeça pensante

John G. Jung

Reggie Watt

Maria Hiort Petersen

Cláudio Domênico

Gilberto Gil

Samir Lasbeck

Francisco Gómez Alamillo

Maria Helena Horta

Pedro Doria Fernando Martins

Maria LúciaFranklin Coelho

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Quando se pensa que o can-tor, compositor e ex-minis-tro da Cultura Gilberto Gil dispensa apresentações,

descobre-se que seu desejo de entrar na rede para promover um debate e juntar pela internet um grupo de tietes de Connecticut não é mera rima. Fasci-nado pelo universo dos bits and bytes, este baiano do interior se tornou uma espécie de padrinho da cultura 2.0, rea-lizando, em 1996, a primeira transmis-são ao vivo de música brasileira online com o sucesso Pela Internet. Em 2008, ele foi o primeiro artista brasileiro a ter um canal exclusivo no Youtube. Um ano antes, inspirado pelo pioneirismo do projeto Piraí Digital de dar aces-so público à internet de banda larga, compôs Banda Larga Cordel, anteven-do que “a medida de infoviabilização dos ares do município inteirinho, com certeza provocou certo vento de rede-moinho”. Falou em um momento bem descontraído ao Perú.

Qual a importância do Piraí digital para você e do dia de hoje?É uma coisa que vem fazendo uma grande diferença na vida das pessoas. Todos os períodos conhecidos da civi-lização humana, um dos grandes ele-mentos é a capacidade de empreender, de inovar, de estar à frente do seu tem-po, de enxergar as tendências, pra on-de à seta do futuro aponta. Quando eu era ministro, li uma reportagem sobre a iniciativa digital da cidade, de tornar a cidade de Piraí, um local digital na me-dida do possível, das condições técni-cas e possibilidades econômicas a par-tir de sua gestão pública, Secretarias de Governo e a frente a figura do prefeito. Vi a capacidade de garimpar talentos e empreendedores e, eu li essa notícia e fiquei muito interessado, porque ainda no Ministério eu tentava implantar uma política digital, considerando essas no-vas necessidades do País.

Você foi um dos primeiros a falar disso, antes mesmo de ser ministro, certo?Antes de ser e também quando minis-tro já fui querendo transformar uma visão existente numa possibilidade de ação de governo, criei uma diretoria digital em uma das secretarias do Mi-nistério e aí, fiquei sabendo quem era

o prefeito de Piraí e sua gestão. Fiz questão de vir aqui e visitar a cidade, me interar das ações. Como eu disse hoje ainda no show e na palestra que fiz, era muito auspicioso que uma ci-dade tão pequena do interior do Brasil tivesse a luz de fazer algo desse tipo e se tornar uma referência para o Pa-ís. Naquela época era algo visionário, não era fácil e essa foi à importância para mim, na época que eu tinha um trabalho similar que eu tentava fazer no plano nacional.

Vendo hoje, você está satisfeito?Eu estou satisfeito de ter se dado na-quele momento, só pelo fato da visão pioneira. Sabemos das dificuldades que os projetos têm para se desenvol-verem e se manterem, e sei que as coi-sas que foram feitas aqui, os serviços municipais ajudados pela dimensão digital e técnicas. Com tudo isso, é impossível que os frutos não conti-nuem a surgir.

Por que você disse que melhor que sua fala seria 18 minutos de silên-cio? Acho que falamos demais hoje em dia, é como o crescimento da popula-ção, informação demais! Acaba cau-sando ruído, a informação se tornou um bem econômico, a produção da informação é uma obrigação, é muito complicado. Os formadores de opi-nião ficam com a obrigação de sempre terem o que dizer.

O Perú gostaria de falar que vimos seu show e você tem uma energia muito grande.O show tem uma alma, entusiasmo da palavra grega, que quer dizer essa for-ça dinâmica do universo que toma o artista em geral, principalmente os de palco, que tem que revelar através do corpo esse dinamismo.

O que Búzios significa pra você? Você já foi lá?Muitas vezes, gosto muito de lá. Fiz um show em Cabo Frio, que é pró-ximo, uma vez nas dunas, uma coisa maravilhosa, com Carlinhos Brown, algo memorável, e estive lá em Bú-zios. Tenho um filho que foi casado com uma mulher que viveu, cresceu em Búzios, Bárbara Ohana.

“Um certo vento de redemoinho”

O prefeito de Piraí é o médico Luiz Antonio (PSB),

eleito com 10.117, e que já atuou como secretário de saúde no mandato de Pe-zão quando prefeito da ci-dade. Estava entusiasmado com a comemoração dos 10 anos do Piraí Digital e concedeu uma entrevista ao Perú.

Agora passados 10 anos, como avalia a caminha-da iniciada por Piraí em um campo tão importan-te como esse da inclusão digital? O primeiro ponto a ser re-visto é que foi muito im-portante a determinação política que nosso grupo teve há 10 anos de enten-der que essa deveria ser uma política pública (a de acesso a internet e a informação), como é educação e saúde. O Plano Diretor de Informática daqui nasceu junto a Universidade de Brasília, que era a que melhor trabalhava es-se tipo de projeto. O segundo ponto a ser abordado é a determinação de atingir os objetivos. De lá pra cá, a cidade assumiu isso como política, e o fato de termos uma continuida-de político administrativa foi muito importante para a continuidade des-se projeto. É bom lembrar que não havia legislação, tanto que nossos primeiros pedidos de licença para liberar internet gratuita foram ne-gados pela Anatel. Tivemos que mudar a lei junto ao Senado e isso foi bom para todo o País. Essa é uma comemoração com conteúdo, discutindo legislação, a diminuição da burocracia que acaba sendo bom para os negócios, educação e saúde.

A inclusão digital está ligada dire-tamente a educação, que está liga-da ao pensamento critico. Isso vai contra a impressão que temos de que os políticos querem a popula-ção na ignorância, não é? Aqui não é assim. Sempre investi-mos muito em educação e informa-ção, com isso a população exerce melhor a democracia. Queremos internet para as comunidades mais pobres porque nesses lugares a ini-ciativa privada não tem interesse econômico e financeiro, assim só uma iniciativa pública pode levar inclusão digital a essas comunida-des. Aqui há o processo participati-vo, esse é nosso lema. A população passa até a nos criticar mais. Isso faz parte da democracia.

O senhor pode resumir o que Pi-raí ganhou com esse projeto em 10 anos?

Primeiro quem mais ganhou foi a população, que está podendo ter sua emancipação social através do co-nhecimento, e a cidade ficou mais conhecida, nos colocou em ponto de discussão com pessoas de ponta da área do pensamento digital em todo o mundo. Com isso ganhou ao mesmo tempo o município e a po-pulação.

O senhor é médico. Essa digitali-zação social influencia na área da saúde?A cidade tem em torno de 27 mil habitantes e temos uma cobertura de 100% de saúde da família com di-versas especialidades médicas. Te-mos o hospital que dá conta de 92% das necessidades do município. Como temos 100% de cobertura da família em cadastros com isso não temos tanta invasão de pessoas de fora aqui. Nosso sistema na avalia-ção da FIRJAN como primeiro co-locado na saúde do Rio de Janeiro. O sistema de emergência são portas abertas e acaba recebendo pessoas de outros municípios o que faz com que cerca de 20 a 25% das interna-ções são de pessoas de outro muni-cípio. Mas em Piraí seremos piloto para implantação do E-SUS, que é a digitalização de todo o sistema de saúde, porque temos uma estrutura pronta para implantar esse suporte eletrônico.

Esse acesso gratuito e livre a in-ternet ajuda a população na ques-tão da transparência nas contas? Trabalhamos com o Portal da Trans-parência, seguindo a lei de transpa-rência do país. Na saúde temos o Conselho Municipal de Saúde que acompanha todas as licitações, visi-tam as obras. E temos conselhos em todas as áreas, e tudo isso é acom-panhado pela internet também.

A inclusão digital faz de Piraí um município transparente

“Vocês dois são do Perú?”, disse Gil

Dr. Luiz Antônio, prefeito de Piraí, virá a Búzios a convite do Perú

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Vim apresentar a histó-ria de um menino, eu. Que odiava estudar mas adorava aprender e que acredita que estudar é

chato mas que aprender pode ser di-vertido. Eu só conseguia ver uma uti-lidade em ir à escola: a merenda. Eu passava horas numa serralheria ob-servando como o serralheiro cortava madeira para que eu pudesse construir um carrinho de rolimã melhor que o dos meus amigos. E isso, pra mim, era um aprendizado útil. Tem uma passagem interessante da minha vida, aos 11 anos eu construí uma boate na garagem dos meus pais usando lata de óleo Soya, que pra quem não sabe o que é, é só fechar o olho e imaginar uma lata de leite condensado gigante. Eu abria essa lata de um lado, furava de outro, coloca um bocal, papel ce-lofane, pregava as latas no teto da ga-ragem, ligava tudo isso numa tábua, porque eu não sabia fazer lâmpada piscar. O DJ ficava na tábua acenden-do e apagando pra fazer a luz piscar, colocava uma lona preta e cobrava entrada dos meus amigos. Passou um tempo, fui para a faculdade, fui crian-do meu próprio jeito de aprender. Ca-da pessoa aprende de um jeito, não existe uma fórmula. Eu sentava nas primeiras carteiras e nunca tive cader-no porque eu ficava perdido, não con-seguia acompanhar. Eu ficava com os braços cruzados e tirava Xerox da menina do meu lado que copiava tu-do. Recebi vários apelidos nessa fase, um deles era autista, porque falavam que eu vivia no meu mundo. Aí pas-sando um tempo, eu ficava olhando pra minha filha e comecei a visualizar essas mesmas coisas nela. Nesse mo-mento, muitas pessoas disseram que esse era um problema genético da mi-nha família. A Laila não é minha filha de sangue, a conheci com dois anos, o que mostra que não é um problema genético e sim, da sociedade. O ato de estudo se tornar algo divertido, é um desafio muito grande. Baseado nisso, pensei em desenvolver uma platafor-ma pra tentar transformar o aprendi-zado em algo divertido; chamei dois amigos, O Jean e o Flávio, com espe-cialidades complementares as minhas. Não se monta nada sem dinheiro, eu tinha 20 e poucos anos, acabado de pagar a última prestação de um carro, mas você tem que abdicar de algumas coisas e assim, vendi meu carro e co-loquei todo o dinheiro. Meu pai tinha me arrumado um apartamento com a frente toda de vidro e todo dinhei-ro que eu tinha, tentava engajar nas coisas, testar. Durante muitos meses, o apartamento ficou com papelão na frente, eu não tinha nem cortina. O rádio da minha sala até pouco tempo atrás era uma caixa de papelão. Vo-cê tem que fazer essas escolhas. Ti-

Qranio Por Samir Iasbeck

nham mais duas pessoas trabalhando comigo e ninguém vive de ar. Todo o dinheiro foi colocado no Qranio. E o que é isso? É uma plataforma onde você joga, se diverte, aprende, acumula moedas virtuais e troca por prêmios. Quem é o maior inimigo do Qranio? O nosso maior inimigo é o Candy Crush, aquele joguinho que não serve para nada. Aquilo não é um passatempo, é um rouba tempo. Você passa horas jogando aquilo e não ga-nha nada. A ideia do Qranio é que no mesmo momento que você esteja inte-ragindo, você se envolve num conteú-do que agrega. São assuntos que vão desde matemática, corte e costura, fí-sica quântica e futebol. Trago o usuá-rio para dentro da plataforma do Qra-nio e depois ofereço uma outra intera-ção, que seja por exemplo fazer todas as provas do Enem, acumular QIs e trocar depois por um lanche. Há utili-dade. Nós já operamos hoje com oito

plataformas; facebook, site, android, Iphone, blackberry, sms. O Qranio já funciona em quatro idiomas: portu-guês, inglês, espanhol e português de Portugal, você consegue treinar outros idiomas. Já estamos com Windows8, Windows Phone, Firefox iOS. A idéia é ter capilaridade, por isso eu gosto do sms (mensagens de celular), ape-sar de haver um grande índice de uso de smartphones, com o sms a pessoa envia Qranio para 40333 e consegue usufruir com um celular convencio-nal. Nessa ideia de você jogar, apren-der, se divertir e trocar por prêmios, nós já entregamos cerca de 5000 prê-mios pelo Brasil, sendo 30 no Acre. E o Acre existe. Já entregamos prêmios fora do Brasil, agora com a implan-tação do português de Portugal, nós estamos entregando cerca de 10 prê-mios por semana por lá. Além disso, já temos mais de 14 milhões de per-guntas respondidas e estamos com um

milhão de pessoas na plataforma, em 117 países, tenho um usuário na An-tártida. Onde o Qranio quer chegar? Quando pensamos em rede social, logo vem a mente o Facebook. Quan-do pensamos em fotos, o Instagram. Mas quando falamos de educação não existe um aplicativo que é um con-senso, porque educação é nicho. Você resolve problemas de matemática pra crianças, problemas de idiomas, en-tão é difícil criar um aplicativo que resolva tudo isso. O Qranio pretende até 2017 ser o aplicativo referencia para a massa do setor de educação e entretenimento, presente em todos os smartphones pelo mundo. Estamos com escritórios em vários países para ele-var esse conceito. Qualquer pessoa, em qualquer lugar, interage e aprende algo, ou ratificou o que já tinha e ain-da leva um tablet. Ou seja, ela adquire conhecimento e bens matérias. Isso é o Qranio.

Aprender pode ser divertido

Em uma das palestras mais interessantes da

TEDx Piraí, Samir criou uma alternativa para quem

não quer perder tempo com bobagens na internet

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O vice-governador Pezão foi prefeito de Piraí por dois mandatos e foi du-rante o governo dele que começou a implantação do Piraí Digital. Pezão, que ainda reside na cidade, participou

como cidadão de toda a comemoração dos 10 anos do projeto de forma simples como só quem está em casa, e certo do legado dele poder ser.

Andando pela cidade, percebemos que em geral a população tem uma visão muito positiva dos seus dois mandatos como prefeito de Piraí. A que o se-nhor acha que se deve isso? Piraí foi muito boa e generosa comigo. Eu partici-pava da política estudantil quando universitário na época das Diretas Já, e torcia muito para mudar a minha cidade. Tinha o sonho de ser o prefeito de Pi-raí. Comecei como vereador em 1982, já se vão 32 anos. Concorri a prefeito e perdi, aqui era uma terra de coronéis, eram 30 anos com dois únicos prefeitos se revezando no poder. Eu fui ousado em enfrentar e tive uma grande votação, perdi só no distrito de Pinheiral. Fui vereador de novo em 1993 e depois finalmente eleito prefeito por duas vezes.

Foi no seu governo que teve inicio a elaboração do Piraí Digital?

O líder de todo o projeto O projeto começou no meu governo em 1997, eu tinha certeza que era inovador. As pessoas não ti-nham noção do que estávamos fazendo aqui. Era uma experiência muito legal e que é possível ser feita em outros lugares. O projeto foi feito com as universidades brasileiras, tanto federais quanto es-taduais. Aqui em 1999 eu já tinha uma ouvidoria, as pessoas conversavam comigo por e-mail, isso era muito novo. Tínhamos internet nas praças, escolas e postos de saúde. Qualquer problema que o cidadão tinha ele já ia à praça e de lá se comunicava direto comigo. A Câmara de Vereadores só foi ver isso de-pois que a população já tinha contato direto comigo há muito tempo. Depois criamos um projeto onde as pessoas podiam se cadastrar gratuitamente no banco da prefeitura e fazia um e-mail.

E como é ver esse projeto sendo reconhecido in-ternacionalmente? Passei uma emoção muito grande em 2004 quando nos fomos disputar o prêmio das sete cidades inte-ligentes do mundo, em Nova York. Os projetos das outras cidades tinham custado todos na casa dos bi-lhões de dólares e o nosso apenas três milhões de reais, feito pela UNIB, UFRJ e UFF. Mostrava nos-sa criatividade. Eram sete cidades do mundo, e Piraí

estava entre elas, que tinham desenvolvido tecnolo-gia para beneficio da comunidade. O Paco, que é es-panhol e está dando palestra aqui no evento, era pre-sidente das Associações das Telefônicas da Europa e foi ele que nos deu o primeiro prêmio na Colômbia. Eu to falando de quase 15 anos atrás, e ainda hoje é uma carência em muitos municípios do Brasil essa questão digital. Foi um pioneirismo.

Acredita que um projeto como esse pode ser de-senvolvido em Búzios? Claro! Quero isso em Búzios sim, sempre quis, mas são tantas as demandas do estado. Mas a PUC vai me apresentar um projeto de Estado Digital, será um programa de governo. Mas quero começar com lugares bem distantes, outros emblemáticos como Búzios, porque é uma cidade onde há muita visibi-lidade, e isso é preciso para as pessoas acreditarem. Naquele projeto da Ampla “Cidade Inteligente” eu queria que fosse internet em toda a cidade. Búzios é uma joia rara da coroa, adoro Búzios. Deve ser preservado, ter bons serviços. Ajudo a todas as ci-dades, mas elas também têm de se desenvolverem, terem bons técnicos, bons secretários, fazerem bons projetos. Hoje não dá para liberar mais recursos sem bons projetos.

Pezão conquistou a turma do Perú com sua hospitalidade e simpatia

Pezão na abertura do evento e ao lado do Governador Sérgio Cabral

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Pedro Doria é um jornalista incomum. Com apenas 15 anos de formado, tornou-se Editor Executivo do jornal O Globo. Até chegar lá, foi

blogueiro, colunista, autor de livros (um sobre histórias que remontam ao início da formação do Brasil, outro sobre o comportamento sexual na era da Internet) e Fellow da Universida-de de Stanford. Ao longo da carreira, especializou-se na cobertura de áreas como Tecnologia, Política e Mídia. Em 2012, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Melhor Con-tribuição à Imprensa com o vesperti-no O Globo a Mais, feito para tablets. Trabalhou nas redações de O Estado de São Paulo, O Dia e nos sites Nomi-nimo, No.com e portal da TVGlobo. Foi protagonista de uma das melhores palestras do TEDx Piraí e falou com exclusividade ao Perú.

O diálogo é o principal tema de sua palestra, falta isso na internet? Sim, e é isso que procurei mos-trar na minha palestra, a neces-sidade de dialogar com quem tem pensamentos contrários ao nosso. Vamos ter uma eleição presidencial e as maiores par-tes das pessoas vão conversar sobre política na internet e um dos problemas é que a internet radicaliza, as pessoas tendem a extrema esquerda e a extrema direita. Tem sido difícil produ-zir conversas produtivas nas redes sociais. O ideal é que as pessoas dialoguem, mesmo que elas discordem que seja de for-ma cordial e frutuosa.

Quando percebeu essa sim-biose entre internet e políti-ca? Comecei a usar a internet em 1989, eu era garoto, estava morando nos Esta-dos Unidos e meu pai era professor universitário. Dois anos depois houve uma tentativa de golpe de estado na União Soviética. Mikhail Gorbachev, o então secretário geral do Partido Comunista, foi preso na Crimeia e to-dos os jornalistas estrangeiros foram presos em um prédio em Moscou. Os generais russos fizeram um cerco à imprensa de forma que nenhuma no-ticia saia da Rússia. Eles teriam con-seguido dar esse golpe militar, mas eles não sabiam que existia a internet. As informações começaram a sair da Rússia e correr o mundo, embora fos-sem poucos usuários concentrados em universidades as notícias que eles en-viavam chegavam a outras unidades universitárias e eram repassadas as re-dações em todos os cantos do mundo. Aqueles velhos círculos que as dita-duras faziam para prender as informa-ções estavam conseguindo se romper. Foi naquele momento que ficou claro pra mim que o mundo havia mudado e que não seria mais possível conter a informação. A ligação internet e políti-ca me fascinam desde então.

Hoje, cada pessoa se tornou uma mídia. A informação nas mãos de todos é bom ou ruim? Eu não acho que seja bom ou ruim, acho que é o que há. É diferente ape-nas. O importante é compreendermos o que é diferente. Essa questão da ra-dicalização da internet, por exemplo, passamos a começar a ler só pessoas com as quais concordamos, somos menos apresentados a posições políti-cas diferentes. Isso é ruim porque nos radicaliza. Mas por outro lado a inter-net nos permite acessar uma gama de informações que jamais foi possível a qualquer ser humano em qualquer momento da história. A Internet tem um grande potencial, mas ela só vai cumprir esse papel de melhorar a so-ciedade se formos capazes de compre-ender o quanto ela é especial.

O brasileiro usa bem a internet? Todos os brasileiros, assim como em qualquer lugar do mundo, têm a aprender como a internet funciona e o que ela pode nos dar. Mas foi assim com todos os meios de comunicação; livro, jornal, rádio e TV. Leva um tempinho pra gente se acostumar.

Como jornalista e entusiasta da in-

ternet, acredita no fim do jornal im-presso? Não sei se o impresso vai acabar ou não, sei que o problema não é de mo-delo tecnológico, mas financeiro, de modelo de negócio mesmo. Para im-primir um livro, jornal, revista, e dis-tribuir por toda uma cidade, e até um país, é um custo alto. Mas enquanto houver pessoas dispostas a ler im-presso, ele existirá. A minha geração, na casa dos 40 anos, ainda quer ler impresso e por isso ainda se produ-zirá isso para eles. Se para a geração de 30 anos para baixo também será, eu já não sei. A questão do Impresso é desimportante pra mim, vai se per-der com o tempo. O importante é que existam meios de comunicação que nos tragam notícias verdadeiras.

O que pensa do Piraí Digital? O Piraí Digital tem algo de espetacu-lar. É um insight que o governo de Piraí teve e que não era trivial há 10 anos. É obvio hoje, mas é bom que tenhamos cidades como Piraí que te-nham feito esse caminho para que ou-tras cidades possam entender e fazer isso. Quem sabe Búzios também não faz.

Um jornalista incomum

Conhece o Perú Molhado?

Claro! O Perú Molha-do é um dos jornais mais divertidos do es-tado do Rio, uma re-ferência. Me divirto muito quando levam até a redação do O Globo.

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De 27 de março a 3 de abril de 2014 – O Perú Molhado 11

Dr. Cláudio Domênico há 30 anos, o cardio-logista mineiro, de Governador Valadares, vive e trabalha no Rio, compartilhando com

os pacientes e leitores – desde 2012 também é autor de Te Cuida! Guia Prático para uma vida saudável (Casa da Palavra) – o que aprendeu sobre conquis-tar o bem-estar pessoal para prevenir e não ter que remediar. Receita o ócio criativo do xará Domêni-co De Masi para tratar desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e indica overdose de leitura para a memória, seguindo a orientação de Ivan Izquierdo, grande especialista no assunto. É mestre e doutor em Cardiologia pela UFRJ, tem MBA em Saúde pelo COPPEAD, e pratica a “cardiologia compor-tamental”: ouve o coração do paciente junto com ele, incentivando-o a se conhecer e a buscar moti-vação para curar vícios e maus hábitos. Sua pales-tra foi uma das mais esclarecedoras do TEDx Piraí e levou os participantes e pensarem sobre o bom uso da internet para o bem estar pessoal e coletivo. Uma palestra clara e profunda que foi aberta com uma citação do filósofo Aristóteles e seguiu cheia de dinamismo, contextualizando o tema com o au-xílio de slides e vídeos virais da internet. O Dr. Domênico alertou para os perigos da internet como

isolamento e sedentarismo, mas tam-bém mostrou as vantagens dela co-mo ferramenta para um médico, que pode fazer diagnósticos e consultas a distância, além do maior acesso a informação o que é importante para prevenir doenças. Muito aplaudido, o cardiologista foi citado na palestra de Gilberto Gil que disse: “Depois do Dr. Cláudio Domênico não ha mais o que dizer. A minha palestra poderia ter sido 18 minutos de silêncio”.

Uma overdose de conhecimento

“O ignorante afirma, o sábio duvida,

o sensato reflete!” Aristóteles

O jovem da foto nasceu sem os braços e as pernas. Aos 8 anos tentou suicídio por se considerar um peso para sua família. Hoje é um feliz e consegue ver o lado bom da vida

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