11_Empresario Empresa Estabelecimento

5/16/2018 11_Empresario Empresa Estabelecimento - slidepdf.com

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

Instituições de Direito Privado e Legislação Comercial

Profa. Vera Lúcia Remedi Pereira

11. Empresário. Empresa. Estabelecimento.O conceito de empresa decorre da visão moderna de empresário e tem

origem no sistema italiano (Código Civil Italiano de 1942), que adota o sistemada empresarialidade, estabelecendo regras próprias à atividade definida em leicomo empresarial.

Definição de empresa , cf. Waldírio Bulgarelli: “atividade econômicaorganizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado,exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um complexo debens”.

Portanto, a empresa é a atividade exercida pelo empresário, não é nem

sujeito, nem objeto de direito. Ela não existe como pessoa (sujeito de direitos),tampouco como objeto de direito, porque é a própria atividade de alguémpessoa natural (empresário) ou jurídica (sociedade empresária).

Sua concepção é abstrata e corresponde ao conceito de fatos jurídicos,ou exercício de negócios jurídicos qualificados: atividade econômicaorganizada, com fim próprio, lícito.

Waldirio Bulgarelli concebe três aspectos jurídicos significativos deempresa:

1. o empresário (perfil subjetivo);

2. o estabelecimento (perfil objetivo ou patrimonial) e;3. a empresa (aspecto funcional, ou exercício da atividade empresarial).

O empresário, o estabelecimento e a empresa relacionam-se de formaíntima: o sujeito de direito que exercita (empresário), por meio do objeto dedireito (estabelecimento) e os fatos jurídicos decorrentes (empresa), cf.RICARDO NEGRÃO.

1. Aspecto subjetivo – o empresário

Dois sistemas distintos são utilizados para conceituar a atividadecomercial, o conceito anteriormente estabelecido no Código Comercial de 1850

e o atual, consagrado no art. 966 do Código Civil, que unificou o direito privadobrasileiro, incluindo matéria de direito civil e direito comercial.

O sistema objetivo, originário do Código Comercial francês, promulgadopor Napoleão, está relacionado à atividade comercial – a mercancia -, definindocomo comerciante aquele que pratica atos de comércio com habitualidade eprofissionalidade.

O outro sistema, moderno, afirma ser empresário aquele que exercitaprofissionalmente qualquer atividade econômica organizada, para a produçãode bens ou serviços, excetuando-se as atividades intelectuais, de naturezacientífica, literária ou artística.

O empresário é o sujeito que exercita a atividade empresarial, afirmaRUBENS REQUIÃO.

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Dois elementos fundamentais servem para caracterizar a figura doempresário: a iniciativa e o risco.

A definição de empresário encontra-se no art. 966 do CC:

“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividadeeconômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou deserviços”.

Parágrafo único:“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, denatureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso deauxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”.

Pela definição legal, é empresário aquele que exerce:

1 – atividade econômica com vistas à produção ou à circulação de bensou serviços;

2 – de forma organizada;

3 – profissionalmente.É econômica a atividade criadora de riqueza e bens e serviços

patrimonialmente valoráveis para o mercado consumidor.

A atividade deve qualificar-se como organizada, que corresponde a umaorganização do trabalho alheio e do capital próprio e alheio.

O critério adotado enfoca o empresário como aquela pessoa (natural ou jurídica) que, profissionalmente, isto é, não ocasionalmente, assume em nomepróprio, os riscos de sua empresa, organizando-a, técnica e economicamente.

Em resumo:

1) Atividade econômica (economicidade) – criação de riquezas e de bensou serviços patrimonialmente valoráveis, com vistas à produção ou àcirculação de bens ou serviços.

2) Atividade organizada (organização) - corresponde à organização detrabalho alheio e do capital próprio e alheio.

3) Atividade profissional (profissionalidade) – não ocasional, assumindoem nome próprio os riscos da empresa.

A noção de exercício profissional de certa atividade é associada aconsiderações de três ordens, cf. FÁBIO ULHOA COELHO:

- a primeira diz respeito à habitualidade, de modo que não se consideraprofissional quem realiza tarefas de modo esporádico;

- o segundo aspecto do profissionalismo é a pessoalidade, pois enquantoo empresário, na condição de profissional, exerce a atividade empresarialpessoalmente, os empregados, quando produzem ou fazem circular bens ouserviços, fazem-no em nome do empresário;

- o terceiro aspecto é que o empresário detém o monopólio dasinformações sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa, pois como oempresário é um profissional, as informações sobre os bens ou serviços que

oferece ao mercado, especialmente as que dizem respeito às condições deuso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos potenciaisà saúde ou segurança dos consumidores, são de seu inteiro conhecimento.

1.1. Espécies de empresários2



Relativamente à forma que reveste o exercício da atividade empresarial,os empresários podem ser classificados em individuais e coletivos, sendo osprimeiros os que exercem sua atividade debaixo de uma firma individual e oscoletivos os que a praticam por meio de uma sociedade empresária.

O Código Civil brasileiro criou, ainda, outras duas figuras: o empresáriorural e o pequeno empresário, permitindo ao primeiro a inscrição facultativa noRegistro de Empresas, e ao segundo tratamento diferenciado, ainda a ser

definido por lei (arts. 970 e 971, CC).

EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL

INDIVIDUAL COLETIVO

Empresário individual (art. 966) Sociedade Empresária (art. 983)

EXERCÍCIO DE ATIVIDADES NÃO EMPRESARIAIS

INDIVIDUAL COLETIVO

Profissional (autônomo): atividades nãoempresariais, tais como: intelectuais,científicas, literárias ou artísticas.

- Associações – sem fins econômicos(art. 53);

- Fundações – de fins religiosos,morais, culturais e de assistência (art.62);

- Sociedade simples – atividadelucrativa não empresária (arts. 982 e997 a 1.038).

O sistema adotado pelo Código Civil brasileiro não mais distingue aspessoas em comerciantes e não comerciantes, nem as sociedades em civis ecomerciais.

Atualmente, ao conceito de empresário se contrapõe o de nãoempresário, e às sociedades empresárias se contrapõem as sociedades

simples.O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso

denomina-se empresário individual ; no segundo, sociedade empresária.

De modo que, através dessa distinção, os sócios da sociedadeempresária não são empresários.

A sociedade constituída por eles, que passa a ser uma pessoa jurídicacom personalidade autônoma, sujeito de direito independente, é que seráempresária, para todos os efeitos legais.

Os sócios da sociedade empresária são empreendedores (participam da

empresa com capital e trabalho) ou investidores (limitam-se a aportar capital).

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O empresário individual, em regra, não explora atividade economicamenteimportante, que normalmente são exploradas por sociedades empresáriasanônimas ou limitadas.

Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em plenogozo de sua capacidade civil ou ser menor emancipado.

A firma individual do empresário individual (hoje denominada de firmamercantil individual pela Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, art. 32, II,a), também é chamada de empresa individual e empresário pelo Código Civil.

A empresa comercial pode revestir-se de forma societária, sendochamada de empresa coletiva.

Pelo Decreto-lei nº 486, de 3 de março de 1969, e seu Regulamento, foidefinido conceito ao “pequeno comerciante”, ou seja, ao pequeno empresário,considerado, para efeito da dispensa de escrituração, a pessoa natural inscritano Registro Público das Empresas Mercantis, que exercer em um sóestabelecimento atividade artesanal ou outra atividade em que predomine oseu próprio trabalho ou de pessoas de sua família, e que auferir receita brutaanual não superior a cem vezes o maior salário mínimo mensal, vigente nopaís, e cujo capital efetivamente empregado no negócio não ultrapassar vintevezes o valor daquele salário mínimo.

1.2. Condições para o exercício da atividade profissional

O Código Civil de 2002, ao estabelecer a capacidade para o exercício daatividade de empresário, dispôs no art. 972:

“Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em plenogozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.

A incapacidade cessa com aos dezoitos anos completos ou pelaconcessão dos pais, ou de um deles, na falta do outro, mediante instrumentopúblico, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos, pelo casamento,pelo exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em curso deensino superior, pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência derelação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseisanos completos tenha economia própria (art. 5º).

São impedidos de exercer a atividade: os agentes políticos, os servidorespúblicos, os falidos, os penalmente proibidos, os estrangeiros.

2. Aspecto objetivo : estabelecimento

O complexo de bens reunidos pelo empresário para o desenvolvimento desua atividade econômica é o estabelecimento empresarial, cf. FÁBIO ULHOACOELHO.

O aspecto patrimonial ou objetivo foi contemplado nos arts. 1.142 a 1.149do Código Civil e definido como “todo complexo de bens organizado, paraexercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.

O estabelecimento empresarial é a reunião dos bens necessários aodesenvolvimento da atividade econômica, como as mercadorias, máquinas,instalações, tecnologia, prédio etc., em função do exercício de uma atividade.

O estabelecimento empresarial, como um bem do patrimônio doempresário, não se confunde, assim, com os bens que o compõem.

3. Aspecto funcional: a atividade econômica organizada

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Quanto ao aspecto funcional da empresa, o delineamento encontra-se noart. 966 do Código Civil, que, de forma objetiva, caracteriza o sujeito dessaatividade.

Ao afirmar que empresário é aquele que exerce atividade econômicaorganizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços, o legislador pressupôs a prática dessa atividade qualificadora.

Para chegar ao conceito de empresário necessariamente deve-se partir

do conceito de atividade empresarial.

Essa atividade, que corresponde à dinâmica do complexo de atospraticados pelo empresário, caracteriza-se por ser:

(1) econômica, voltada para o mercado, com vistas à produção ou àcirculação de bens ou serviços;

(2) de forma organizada;

(3) exercida profissionalmente.

A atividade empresarial é econômica no sentido de que busca gerar lucro

para quem a explora.Produção de bens é a fabricação de produtos e mercadorias, como é o

caso de montadora de veículos, da fábrica de eletrodomésticos e da confecçãode roupas, enquanto que produção de serviços é a prestação de serviços,como os dos bancos, seguradora, hospital, escola, estacionamento, provedor de acesso à internet.

A atividade de circular bens é a do comércio, é a atividade deintermediação na cadeia de escoamento de mercadorias, do atacadista e dovarejista, como é o caso das concessionárias de automóveis, supermercados elojas de roupas.

Circular serviços é intermediar a prestação de serviços, como é o casodas agências de turismo, que montam um pacote de viagem.

A empresa é atividade organizada no sentido de que nela se encontramarticulados, pelo empresário, os quatro fatores de produção: capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia.

A empresa, como o exercício qualificado da atividade do empresário, éconsiderada como uma nova categoria jurídica, distinta de atos e fatos jurídicoem sentido estrito, mas espécie do mesmo gênero.

Somente se emprega de modo técnico o conceito de empresa quando for

sinônimo de empreendimento, de modo que é correto se falar em “preservaçãoda empresa”, pois refere-se à conservação da atividade (e não do empresário,do estabelecimento ou da sociedade).

Distinção entre empresa e sociedade

A sociedade é sujeita de direito e a empresa, objeto de direito.

A sociedade empresária, desde que esteja constituída nos termos da lei,adquire categoria de pessoa jurídica, tornando-se capaz de direitos eobrigações. De modo que a sociedade é empresária, jamais empresa. É asociedade que irá exercitar a atividade produtiva.

Outra distinção é a de que empresa pode ser o exercício da atividadeindividual , de pessoa natural. É a empresa individual contrapondo-se àempresa coletiva, que é exercida pela sociedade empresária. Portanto, aempresa não pressupõe, necessariamente, uma sociedade empresária.

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Além disso, pode haver sociedade empresária sem empresa, como é ocaso de duas pessoas realizarem o contrato social e registrarem na JuntaComercial, mas, enquanto estiver inativa a sociedade, a empresa não surge.

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