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1 Direito Constitucional para Agente e Escrivão da PCDF Direito Constitucional 1.2 Direitos Sociais

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Direito Constitucional para Agente e Escrivão da PCDF

Direito Constitucional 1.2 Direitos Sociais

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Direito Constitucional para Agente e Escrivão da PCDF

SUMÁRIO

CAPÍTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS ........................................................................................ 3

DIREITOS SOCIAIS E DOS TRABALHADORES .............................................................................. 7

1. DIREITOS SOCIAIS - INTRODUÇÃO .................................................................................. 7

1.1 TEORIA DO LIMITE DOS LIMITES .............................................................................. 8

1.2 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO .............................................................. 9

1.3 RESERVA DO FINANCEIRAMENTE POSSÍVEL ............................................................ 9

1.4 O PODER JUDICIÁRIO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS .................10

2. DIREITOS SOCIAIS E DOS TRABALHADORES (ARTS. 6º E 7º DA CF/1988) ....................10

2.1 DIREITOS SOCIAIS ...................................................................................................10

2.2 DIREITOS SOCIAIS DOS TRABALHADORES ..............................................................10

3. DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES (ARTS. 8º A 11 DA CF/1988) .................15

3.1 DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES ........................................................15

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CAPÍTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

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XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º) XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000) a) (Revogada).(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000) b) (Revogada).(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000) XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

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XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

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Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

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DIREITOS SOCIAIS E DOS TRABALHADORES

1. DIREITOS SOCIAIS - INTRODUÇÃO

Os direitos sociais representam direitos de segunda dimensão: direitos ligados aos ideais do Estado social, de natureza positiva, com foco na igualdade entre os homens (direitos sociais, culturais e econômicos).

No Brasil, os Direitos Sociais são definidos em dois títulos:

• Direitos e garantias fundamentais: significa que eles são parte essencial daquilo que o Estado deve garantir a seus indivíduos;

• Ordem social: são uma necessidade para o estabelecimento de uma sociedade capaz de perpetuar-se ao longo do tempo de maneira harmônica.

A série de direitos sociais descritos no Art. 6º da Constituição são mais ou menos abstratos. Ou seja, alguns são de aplicabilidade imediata, já outros necessitam ser regulamentados por outras leis (norma de eficácia limitada de princípio programático).

Entre eles estão o direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, a moradia, ao lazer, a segurança, a previdência social, proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados.

No direito ao trabalho se encaixam principalmente normas que amparam e humanizam os trabalhos como:

• 13° Salário: valor pago no final do ano, no mesmo valor que a remuneração do trabalhador;

• FGTS: depósito pela empresa de 8% do salário bruto do trabalhador com objetivo de garantir uma reserva de dinheiro em momentos em que o trabalhador se encontrar em dificuldade, como demissão, diagnóstico de doenças, ou outras eventualidades;

• seguro-desemprego: uma assistência em dinheiro dado ao trabalhador em caso de demissão sem justa causa;

• vale Transporte: propiciar a locomoção entre o emprego e a sua casa; • abono salarial: benefício de salário mínimo a cada ano para quem possui uma renda

mensal de até dois salários mínimos; • aviso Prévio: em caso de quebra de contrato, a outra parte deve ser avisada com 30

dias de antecedência; • Adicional noturno: a remuneração deve ser 20% maior para pessoas que trabalham

entre 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do próximo dia;

O Lazer também é reconhecido como direito social:

• um dia remunerado destinado ao descanso e lazer que seja preferencialmente aos domingos, não podendo ser vendido pelo empregado ao empregador;

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• férias remuneradas após um período de 12 meses trabalhados, com direito de até 30 dias de férias caso não tenha faltado sem justificativas mais de cinco dias no ano;

A Educação ocupa um lugar de destaque no rol dos direitos humanos por ser essencial e indispensável para o exercício da cidadania, assim como a Segurança que é uma das garantias do exercício pleno dos outros direitos sociais.

A Saúde também é um direito humano e passou a ser um direito social de todo indivíduo, seja qual for sua condição social ou econômica, crença religiosa ou política.

A proteção da maternidade busca garantir que as mulheres possam combinar seus papéis de trabalhadoras e de mães e previna um tratamento desigual por parte do empregador em razão desse papel:

• à assistência médica e sanitária; • salário maternidade e licença a maternidade durante 120 dias;

O direito à previdência social visa valorizar a vida de pessoas que atingiram determinada idade ou que, por algum motivo, tornaram-se incapazes de trabalhar ou de sustentar sua família. Estão previstas em dois tipos:

• pagamentos em dinheiro para aposentadoria por problemas de saúde, por idade e por tempo de colaboração, nos auxílios doenças, funeral, reclusão e maternidade, no seguro-desemprego e na renda por morte;

• prestações continuadas como benefícios médicos, farmacêuticos, odontológicos, hospitalares, sociais;

A assistência social, por sua vez, está ligada ao princípio da solidariedade e, ao mesmo tempo, às garantias constantes em toda a Constituição Federal, fazendo com que mesmo aqueles que não estão em condições de sustentar-se de forma plena tenham condições dignas de viver em sociedade.

1.1 TEORIA DO LIMITE DOS LIMITES

A limitação dos direitos humanos, consagrados na Constituição da República enquanto direitos e garantias individuais "somente podem ser limitados por expressa disposição constitucional (restrição imediata) ou mediante lei ordinária promulgada com fundamento imediato na própria Constituição (restrição mediata)". (MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 336).

No entanto, essas restrições não poderão descaracterizar os direitos e garantias individuais a ponto de constituírem-se em verdadeiras revogações de tais direitos. Esse aspecto refere-se à teoria do limite dos limites:

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• Por não existir direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta, o legislador ordinário pode impor limites ao seu exercício. Entretanto, o poder de a lei impor limites ao exercício de direitos e garantias constitucionais não é ilimitado, pois deverá ser respeitado o núcleo essencial desses institutos, em conformidade ainda com o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade - que exige necessidade, adequação e proporcionalidade estrita da restrição imposta.

1.2 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO

Princípio não previsto expressamente no texto constitucional, o princípio da proibição do retrocesso em direitos sociais encontra acolhida na doutrina brasileira.

Pelo fato de os direitos sociais exigirem uma prestação positiva do poder público, atuando no sentido de efetivar a sua concretização, principalmente por meio de políticas públicas, não seria admitido um retrocesso na aplicação desse direito. Ou seja, não poderia um ato do poder público no sentido de afastar, revogar ou prejudicar aquele direito que estava concretizado e era plenamente exercitável.

Para o STF: "a cláusula que proíbe o retrocesso em matéria social traduz, no processo de sua concretização, verdadeira dimensão negativa pertinente aos direitos sociais de natureza prestacional (como o direito à saúde), impedindo, em consequência, que os níveis de concretização desses direitos venham a ser reduzidos ou suprimidos, exceto nas hipóteses de políticas de Estado compensatórias que venham a ser implementadas" (Suspensão de Tutela Antecipada - STA - nº 175, rel. Min. Gilmar Mendes, julg. 16/6/2009).

O princípio da vedação de retrocesso em matéria de direitos fundamentais alcança tanto direitos de caráter social (efeito cliquet), quanto direitos individuais e políticos (ADI 4.543-MC/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julg. 19/10/2011).

1.3 RESERVA DO FINANCEIRAMENTE POSSÍVEL

A concretização dos direitos sociais exige gastos, dispêndios financeiros por parte do Estado para sua efetiva aplicação. Entretanto, a concretização dos direitos sociais está sujeita à reserva do possível.

Em outros termos, segundo o princípio da reserva do financeiramente possível, a concretização dos direitos sociais encontra limites não só na razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder Público como também na existência de disponibilidade financeira do Estado.

STF: o entendimento da corte é de que a alegação de violação à separação dos poderes e da reserva do possível não pode justificar a inércia do Poder Executivo em cumprir o seu dever

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constitucional de assegurar direitos e garantias que permitam a intangibilidade e integridade do mínimo existencial do indivíduo.

1.4 O PODER JUDICIÁRIO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar a implementação de políticas públicas. Exatamente nos casos em que os demais Poderes deixam de cumprir os encargos político-jurídicos impostos pela Constituição Federal, comprometendo, com sua injustificada inércia, ou sob o argumento do dogma da separação dos poderes e do financeiramente possível, a concretização dos direitos sociais.

"As duas Turmas do Supremo Tribunal Federal possuem entendimento de que é possível ao Judiciário, em situações excepcionais, determinar ao Poder Executivo a implementação de políticas públicas para garantir direitos constitucionalmente assegurados, a exemplo do direito ao acesso à educação básica, sem que isso implique ofensa ao princípio da separação dos Poderes. ” ( ARE 761.127-AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 18/8/2014)

2. DIREITOS SOCIAIS E DOS TRABALHADORES (ARTS. 6º E 7º DA CF/1988)

2.1 DIREITOS SOCIAIS

Na Constituição Federal de 1988, os direitos sociais encontram-se catalogados entre os arts. 6° e 11. Segundo o art. 6°:

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

2.2 DIREITOS SOCIAIS DOS TRABALHADORES

O artigo 7º da CF estabelece os direitos sociais assegurados a todos os trabalhadores, urbanos e rurais. Veja nossa legislação marcada aqui.

Com relação à ação relativa aos créditos trabalhistas, inciso XXIX, cabe um exemplo:

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XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

Caso você tenha trabalhado de jan/2013 a jan/2020, tem o direito de requerer judicialmente eventuais créditos trabalhistas referentes ao período de jan/2015 a jan/2020, e terá até o mês de jan/2022 para fazê-lo (período de dois anos antes da prescrição consumativa). Mas se você entrar com a ação no último mês de prazo, só poderá requerer o período de jan/2018 a jan/2020, pois os cinco anos contam-se a partir da data da propositura da ação.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que a legislação não pode prever prazos diferenciados para a concessão de licença-maternidade para servidoras públicas gestantes e adotantes. O STF firmou-se no sentido da existência de direito subjetivo público de crianças até cinco anos de idade ao atendimento em creches e pré-escolas e também consolidou o entendimento de que é possível a intervenção do Poder Judiciário visando à efetivação daquele direito constitucional.

Nem todos os direitos foram conferidos aos trabalhadores domésticos, sendo alguns direitos de eficácia contida ou limitada e outros de eficácia plena.

oram assegurados, com eficácia imediata:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

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XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXIV - aposentadoria;

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

Como normas de eficácia contida ou limitada:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; (esta regulamentada em 2015)

III - fundo de garantia do tempo de serviço; (regulamentada em 2015)

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;

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XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

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Direitos dos trabalhadores (art. 7º, CF) Empregados Domésticos

I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária [...] Sim

II - Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário Sim

III - Fundo de garantia do tempo de serviço Sim

IV - Salário mínimo, fixado em lei [...] Sim

V - Piso salarial proporcional [...] Não

VI - irredutibilidade do salário, [...] Sim

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo [...] Sim

VIII - décimo terceiro salário [...] Sim

IX - remuneração do trabalho noturno [...] Sim

X - proteção do salário na forma da lei[...] Sim

XI - participação nos lucros, ou resultados[...] Não

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador [...] Sim

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias [...] Sim

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos[...] Não

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Sim

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior[...] Sim

XVII - gozo de férias anuais remuneradas [...] Sim

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário[...] Sim

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; Sim

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher[...] Não

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço[...] Sim

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho[...] Sim

XXIII - adicional de remuneração para as atividades [...] Não

XXIV - aposentadoria; Sim

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes [...] Sim

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; Sim

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; Não

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho[...] Sim

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho[...] Não

XXX - proibição de diferença de salários[...] Sim

XXXI - proibição de qualquer discriminação [...] Sim

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual [...]

Não

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores [...]

Sim

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso

Não

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3. DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES (ARTS. 8º A 11 DA CF/1988)

3.1 DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES

Assim como os direitos sociais, os direitos coletivos dos trabalhadores costumam ser cobrados nas pela literalidade dos artigos 8º a 11º da Constituição, que você deverá guardar:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

Não é preciso autorização do Estado para que seja criada uma associação profissional ou sindicato. A única exigência é o registro no órgão competente de controle.

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

Princípio da unicidade sindical que veda a criação de mais de um sindicato, da mesma categoria, em um município. Não pode haver sindicato de bairro, o mínimo aceito pela Constituição é a criação de sindicatos municipais das categorias interessadas.

O registro sindical junto ao Ministério do Trabalho e Emprego é o ato que habilita as entidades sindicais para a representação de determinada categoria, tendo em vista a necessidade de observância do postulado da unicidade sindical (art. 8º, II) (ARE 697.852 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, DJe de 21/11/2012);

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

O sindicato tem legitimidade para atuar como substituto processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria que representa, sendo desnecessária expressa autorização dos sindicalizados (art. 8º, III), por meio do mandado de segurança coletivo;

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IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

Aqui temos duas contribuições diferentes no mesmo inciso, a sindical e a confederativa. Não confunda a contribuição confederativa com a antiga contribuição sindical obrigatória, que é a "contribuição prevista em lei".

A contribuição confederativa, de que trata o art. 8º, IV da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo, nos termos da Súmula Vinculante 40, originada do antigo Enunciado de Súmula 666 do STF:

Súmula Vinculante 40/STF: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da CF só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

As negociações coletivas devem ocorrer com a participação dos representantes dos empregadores e dos trabalhadores, sem intromissão do governo (princípio da negociação livre) (art. 8º, I);

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Para proteger o funcionário sindicalizado de arbitrariedades dos patrões por motivos de indisposição com os sindicatos, o empregado que se candidatar para vaga de direção ou representação sindical não pode ser demitido senão pelo cometimento de falta grave passível de demissão. A proteção vai desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, ainda que suplente.

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Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

O direito de greve é assegurando ao trabalhador, porem esse direito não é ilimitado, respondendo pelos abusos cometidos durante a paralização.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Participação dos empregadores e trabalhadores nos colegiados dos órgãos públicos para defesa de seus interesses.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Empresas com mais de 200 empregados pode possuir um representante dos trabalhadores com finalidade exclusiva de tratativas com o empregador.