12- heteronimos- poemas

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  • 8/2/2019 12- heteronimos- poemas

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    Colgio Joo de Barros

    Assunto: Alberto Caeiro

    Anlise dos poemas do manual

    Poema segundo pg. 176

    1. O girassol olha sempre o sol de frente, assim, um "olhar ntido como um girassol" aquele que v a realidade luz do sol, com toda a nitidez que essa luz propicia.1.2. O olhar ntido aquele que v nitidamente, v tudo e, por isso, esta afirmao, feita noprimeiro verso, vai progredindo atravs de expresses que traduzem o olhar tudo, em todasas direces, em todos os momentos, com um olhar sempre renovado como o de umrecm-nascido:

    Olhando para a direita e para a esquerda.

    E de vez em quando olhando para trs ... E o que veio a cada momento aquilo que nunca antes eu tinha visto. E eu sei dar por isso muito bem ...Sei ter o pasmo comigoQue tem uma criana se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras ...Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo ...

    2. Na 2. estrofe, o poeta afirma acreditar na realidade porque a v, ou seja, a sensaovisual basta-lhe na sua relao com o Mundo. Ao pensamento, rejeita-o, afirmando, comoargumento, que pensar no compreender.

    3. "Eu no tenho filosofia: tenho sentidos ... " Considerando que a filosofia a procura, ainterrogao do conhecimento, este verso corresponde a uma afirmao absolutamenteconvicta e assertiva do primado da sensao sobre pensamento.

    4. Mximas argumentativas:pensar no compreender.-pensar estar doente dos olhosQuem ama nunca sabe o que ama / nem sabe porque ama, nem o que amar-amar a eterna inocncia ,- a nica inocncia no pensar.

    5. Este poema ajuda-nos, de facto, a compreender a razo pela qual Alberto Caeiro oMestre de Fernando Pessoa, pois mostra como ele consegue aquilo que para o ortnimo um desejo impossvel: submeter o pensar ao sentir, abolir o vcio de pensar e viver pelassensaes.

    6. Recursos estilsticosComo no poema anterior, neste utilizada uma linguagem muito simples, ao nvel lexical eum tipo de articulao do discurso tambm muito simples, com predomnio da coordenao(sobretudo copulativa - f) sobre a subordinao. O primeiro verso das estrofes um e doiscontm uma comparao que, para alm da sua expressividade, ajuda a operar o processo,caro a Caeiro, de converso do abstracto em concreto. O uso repetido das palavras docampo lexical de olhar, revelam o primado da sensao visual sobre o pensamento (repare-se que o campo lexical de pensar surge negativizado no poema). Os dois ltimos versosconstituem um silogismo cujo inacabamento revelado pelas reticncias (que poderosubstituir a frase subentendida Amar no pensar),

    Quanto estrutura formal, o poema apresenta liberdade estrfica e mtrica e ausncia derima,

    Poema nono pg. 177 Organizao do poema:1. a parte - o sujeito potico afirma-se vivendo pelas sensaes;

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    2. a parte - reflexo de carcter geral sobre o pensar sentindo;3. a parte - exemplificao de carcter pessoal sobre a experincia do sentir. Progresso do discursoNa progresso primeiro em cadeia (rebanhos -pensamentos - pensamentos - sensaes);depois, partindo do todo para as partes (sensaes -+ olhos, ouvidos, mos, nariz, boca):Sou um guardador de rebanhos,O rebanho os meus pensamentosE os meus pensamentos so todos sensaes

    Olhos, ouvidos, mos/ps, nariz, boca importante perceber que atravs das sensaes, dos cinco sentidos, que o poetaestabelece a relao com a realidade, seja ela uma flor, um fruto ou um dia de calor, E queessa forma de relao sensacionista com a realidade a que lhe basta, pois a que lhe traza verdade dessa realidade,Ao afirmar a sensao como fonte nica do conhecimento do real, o poeta nega opensamento, submetendo-o sensao. Caeiro consegue, assim, unir o pensar ao sentir,afirmando, por exemplo, "Pensar uma flor v-la e cheir-la/ comer um fruto saber-lhe osentido." Recursos estilsticosComo nos poemas anteriores, utilizada uma linguagem muito simples, ao nvel lexical eum tipo de articulao do discurso tambm muito simples, com predomnio da coordenao(sobretudo copulativa - f) sobre a subordinao e alguma intencional falta de conectoresentre os versos, que progridem apenas a nvel semntico, como se viu no segundo tpico. Ouso repetido das palavras do campo lexical das sensaes, bem como dos substantivosconcretos, revela o primado do sentir sobre o pensar que sempre objectivado. ("Pensocom os olhos e com os ouvidos", "Pensar uma flor v-la e cheir-la"). Repare-se tambmno paradoxo contido em "Me sinto triste de goz-lo tanto" que remete para uma espcie deexcesso de sensao, talvez uma contradio em Caeiro. Estrutura formal.O poema apresenta liberdade estrfica e mtrica e ausncia de rima. Tem trs estrofes,sendo a primeira e a terceira constituda por seis versos e a segunda por dois.

    Poema dcimo pg. 177Este poema constri-se como um dilogo entre o sujeito potico, "guardador de rebanhos".

    e um outro que com ele se cruza no caminho e que o interpela sobre o significado de vento,smbolo do -real. Este dilogo um processo propcio apresentao de dois pontos devista, diferentes a vrios nveis: para o suj,:,;to potico, a relao com a realidade passa por sentir apenas essa realidade,sem a pensar nem imaginar; para o seu interlocutor, a realidade mais do que aquilo quev ou sente, pois tambm porta aberta para a memria e o sonho; para o sujeito potico s existe a verdade do momento, do presente; para o seuinterlocutor, o presente conduz memria do passado e imaginao do futuro.

    Outras leituras pg. 178A leitura do pequeno conto "Sonho de Femando Pessoa, Poeta e Fingido," de AntonioTabucchi muito interessante e pode ser utilizada para, de uma forma leve e at divertida,colocar algumas das questes mais importantes da vida e da poesia de Fernando Pessoa e

    heternimos. Lembrar, por exemplo, que: 8 de Maro de 1914 - noite da criao dos heternimos (lembrar a carta, pg. 148); Alberto Caeiro, de sade frgil, viveu numa pequena quinta no Ribatejo, com uma tia-av;Pessoa viveu na frica do Sul onde estudou; a nostalgia da infncia/da me um tema fundamental em Pessoa; a associao sonho/realidade outro dos temas fundamentais de Pessoa; Caeiro o Mestre de Pessoa.Ser igualmente interessante estabelecer a relao entre o conto de Tabucchi, a poesia deCaeiro e as ilustraes de Danuta Wojciechowska

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