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12/08/2016 1 Sociologia Ambiental Prof. Me. Érico Pagotto Objetivo da disciplina SOCIOLOGIA AMBIENTAL (HSA-001): 02 aulas semanais Objetivos: o aluno será capaz de analisar a relação dos temas ambientais com as questões econômicas e sociais. 22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 2 Ementa da disciplina SOCIOLOGIA AMBIENTAL Histórico da sociologia ambiental. Princípios éticos e filosóficos da relação sociedade-natureza. Desenvolvimento, cultura, ciência, tecnologia e processos produtivos. A modernização tecnológica e o ambiente. Meio ambiente versus desenvolvimento econômico e social. A problemática ambiental e suas repercussões no campo das teorias do desenvolvimento e do planejamento. Conceito de “Desenvolvimento Sustentável” (e suas críticas). 22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 3

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Sociologia AmbientalProf. Me. Érico Pagotto

Objetivo da disciplina

• SOCIOLOGIA AMBIENTAL (HSA-001): • 02 aulas semanais

• Objetivos: • o aluno será capaz de analisar a relação dos

temas ambientais com as questões econômicas e sociais.

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 2

Ementa da disciplina

SOCIOLOGIA AMBIENTAL

• Histórico da sociologia ambiental.

• Princípios éticos e filosóficos da relação sociedade-natureza.

• Desenvolvimento, cultura, ciência, tecnologia e processos produtivos.

• A modernização tecnológica e o ambiente.

• Meio ambiente versus desenvolvimento econômico e social.

• A problemática ambiental e suas repercussões no campo das teorias do desenvolvimento e do planejamento.

• Conceito de “Desenvolvimento Sustentável” (e suas críticas).

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 3

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Bibliografia da disciplinaBibliografia básica:

• LENZI, C. L. Sociologia ambiental – Risco e Sustentabilidade na Modernidade. São Paulo: Edusc, 2006.

• MORIN, E. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

Bibliografia complementar

• FERREIRA, L. C. Ideias para uma sociologia da questão ambiental no Brasil. São Paulo: Annablume, 2006.

• HANNIGAN. J. Sociologia Ambiental. A formação de uma perspectiva social. trad. Clara Fonseca. Lisboa: Instituto Piaget, 1995.

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 4

Outras referências bibliográficas

• BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

• CHOMSKY, N. Mídia: propaganda política e manipulação. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

• GORZ, A. Misérias do presente, riqueza do possível. São Paulo: Annablume, 2004.

• LIPOVETSKY, G. Metamorfoses da cultura liberal. Porto Alegre: Sulina, 2004.

• LOWY, M., BENSAID, D. Marxismo, modernidade, utopia. São Paulo: Xamã, 2000.

• ORWELL, G. A revolução dos bichos. São Paulo: Círculo do Livro, 1945.

• VIEIRA, E. O que é desobediência civil. São Paulo: Abril Cultural. 1984.

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Apresentação do professorFormação acadêmica:

• graduação em Ecologia (UNESP)

• graduação em Psicologia (UNIP)

Pós-graduações Senso Strictu

• mestrado em Mudanças Sociais e Participação Política (USP)

• doutorando em Sustentabilidade (USP)

Pós-graduações Lato Sensu em:

• Administração (FAAP)

• Marketing (FGV)

• Gestão de Projetos Sociais (Anhanguera)

• Educação Ambiental (UFOP)

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Contatos• E-mail: [email protected]

Online• Blog do Prof. Pagotto: http://pagotto.wordpress.com

• Facebook: http://www.facebook.com/ericopagotto

• Lattes: http://lattes.cnpq.br/6346814122526987

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Contrato pedagógico

• Telefone celular DESLIGADO• Lei Estadual nº 12.730, de 11 out 2007

• Proibido gravar

• Proibido utilizar

• Atenda-o fora da sala

• Proibido cigarro

• Postura em sala de aula:• Horário das aulas: 11h10 às 12:50

• Chegou, entra e senta

• Lista de presença/ chamada

• WC, intervalo

• Cuide de sua frequência!

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Dinâmica das aulas

• Aulas expositivas

• Atividades em sala de aula• Teoria

• Exercícios

• Vídeos

• Debates

• Apresentação de seminários

• Atividades extra-classe• Leituras de artigos

• Filmes

• Questionários

• Jornal

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Notas e avaliações• Duas provas escritas:

• 1º. Bim: 1 prova (70%) + questionários (20%) + jornal (10%)• 2º. Bim: 1 prova (70%) + questionários (20%) + seminário (10%)

• A prova é formada por:• Questões dissertativas• Testes de múltipla escolha

• Questionários extra-classe• Valem 2.0 pontos na média do bimestre

• Prova substitutiva• Média inferior a 6.0• Atestado

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•Dúvidas?

Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 11

Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com

NOTÍCIA 1:Você já ouviu falar do Kiribati?

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NOTÍCIA 2:

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NOTÍCIA 3:

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 15

NOTÍCIA 4:

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NOTÍCIA 5:

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R$ 8 trilhões!

• 1840: “Revolução” Industrial e o liberalismo econômico

• 1914: Guerra Mundial I

• 1929: Crise econômica mundial e keynesianismo

• 1945: Guerra Mundial II

• 1947: Plano Marshall• 1955: Victor Lebow*

• Anos 80: neoliberalismo com Thatcher e Reagan

•Anos 90: Globalização

Como foi que isto começou?

Direita ou Esquerda?

• Historicamente, durante a Revolução Francesa, 1789• “direitistas” apoiavam a monarquia;

• “esquerdistas” eram revolucionários anti-monarquistas

• Depois:

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• Esquerda:• Progressistas

• Sociais-liberais

• Ambientalistas

• Anarquistas

• Libertários

• Secularistas

• Comunistas

• Socialistas

• Direita: • Capitalistas

• Liberais

• Neoliberais

• Conservadores

• Monarquistas

• Teocratas

• Fascistas (autoritarismo nacionalista)

• Nazistas (fascismo racista e antissemita)

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Ainda faz sentido falar em “Esquerda” e “Direita”?

• Durante a Guerra Fria:• EUA: economia liberal, regime político mais democrático,

capitalista

• URSS: economia estatizada, regime político autoritário, socialista

• Após a Guerra Fria:• Espectro político-ideológico ficou muito mais “fluido”

• Outros aspectos envolvidos:• Papel do Estado na Economia: mais intervencionista ou menos

intervencionista

• Papel da Sociedade na Política: mais representativa ou mais participativa

• Protagonismo social: mais individualista ou mais coletivista

• Religião: Estado Secular ou Teocracia

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Espectro político-ideológico dos governos

• Direita • Extrema

• Centro • Esquerda

Democrá-ticos

Pluralistas

Clássicos Jacobinos

Espectro político-ideológico

Liberais (FMI, BM, PSDB, PV, Estado mínimo)

Conservadores(DEM, ex-PFL e PP, ex-PDS, ambos ex-ARENA)

Tradicionalistas (PSC, PRONA, mudar sem romper)

Fascistas e teocratas(Mussolini, Vargas, Estado máximo)

Comunistas(Marx, Engels)

Anarquistas(Proudhon, Bakunin, “black blocs”)

Socialistas(PSTU, Raiz, PSOL)

Social-democratas(PT, PCdoB, PDT, PPS, Relatório Brudtland)

• Direita • Extrema

• Centro • Esquerda

Democrá-tica

Pluralista

Clássica Jacobina

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Como votam os partidos?

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Após o fim da Guerra Fria:Globalização

• A globalização do mundo é a globalização da Economia

• As marcas não tem territórios

• Busca pelos mercados homogêneos:• “californização do gosto”

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O novo papel do trabalho na sociedade atual

• Ao longo da segunda metade do séc. XX a sociedade viu o fim do pleno emprego• Desenvolvimento tecnológico

• Explosão demográfica

• Aumento do custo da máquina do Estado

• Duas possibilidades de ação estatal:• Aumentar a arrecadação de impostos, e promover um

“estado de bem estar social”

Ou

• Diminuir impostos, e permitir que as pessoas façam suas escolhas de forma livre e individual

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 24

1930

HOJE

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Como sair da crise?

• Segundo os neoliberais...

• Expandir a produção

• Aumentar as indústrias

aumentaria o número de

empregos

• ...mas será que haveria uma

indústria capaz de empregar

tanta gente?

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Além disso, aumentar a produção significa...

• Aumentar a pressão por recursos naturais

• Aumentar a produção de lixo

• ...que por sua vez implica em mais crise econômica

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O que precisa ser feito então?

• Aumentar as vagas de

empregos

• Diminuir o consumo

• Diminuir os impactos

ambientais

• Diminuir as diferenças sociais

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Ok, então, COMO fazer?

• Mudar a matriz energética:

• Diminuir combustíveis fósseis

• Aumentar energia renovável

• Parar de crescer

• Mudar de modelo econômico

• Diminuir o número de horas

trabalhadas (4 dias por

semana ou menos)

• Mais DIY – “Do it yourself”

• Políticas públicas adequadas

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•Dúvidas?

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Exercícios de revisão (Q1)Responda em dupla e entregue ao professor

1. Qual a diferença entre liberalismo e neoliberalismo?

2. Qual a diferença entre o neoliberalismo brasileiro e o

neoliberalismo europeu?

3. Você acredita que ainda faz sentido falar em “direita” e

“esquerda” na sociedade atual? Justifique.

4. Explique a importância de se reduzir a pegada ecológica e cite

exemplos de como ela pode ser reduzida.

5. Em sua opinião, a crise que foi discutida nesta aula é ambiental,

econômica ou cultural? Justifique.

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Introdução ao tema da aula

• Sociologia ou Ecologia: a quem cabe estudar o meio ambiente?- Podemos estudar o meio ambiente sem o homem?!

• Catton e Dunlap (1978):- Considerados os “pais” da Sociologia Ambiental

- Crítica à ênfase da Sociologia no “social” em detrimento ao “natural”

• Outros autores avançaram no conceito:- Ulrich Beck: Teoria da Sociedade de Risco

- Anthony Giddens: globalização, “terceira via”

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 34

Catton e Dunlap e a capacidade de suporte

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 35

Área de vida

Produção de insumos

Descarte de resíduos

Capacidade de suporte

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Catton e Dunlap e a capacidade de suporte

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Área de vidaProdução de

insumos

Descarte de resíduos

Capacidade de suporte

Zonas de disputa

Catton e Dunlap e a capacidade de suporte

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Área de vida Produção de insumos

Descarte de resíduos

Capacidade de suporte

Catton e Dunlap e a proposta de uma Sociologia Ambiental

Autores propuseram o NPA - “Novo Paradigma Ambiental” (ou “Ecológico”)

• Para eles, “o estudo da interação entre o meio ambiente e a sociedade é o núcleo da Sociologia Ambiental”

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PEH – Paradigma do Excepcionalismo Humano NPE – Novo Paradigma Ecológico

1. O ser humano é uma criatura única, pois tem cultura

1.Humanos são apenas MAIS UMA espécie

2. A cultura é variável, e muda mais rápido que traços biológicos

2. Relações de causa e efeito acontecem na natureza à revelia do ser humano

3. Diferenças sociais são induzidas e não congênitas

3. O mundo é finito, portanto, há limites físicos e biológicos que restringem o crescimento econômico, o progresso social e outro fenômenos sociais

4. A cultura é acumulável, resultando em progresso

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Capacidade de suporte

O conceito de capacidade de suporte, no entanto, é muito mais antigo

• William Petty (1623-1687): ⁻ - a capacidade de suporte poderia ser ultrapassada em 2.000

anos

• Thomas Malthus (1766-1834): ⁻ “Ensaio sobre a população” (1798)

⁻ População cresce em PG, produção de alimentos cresce em PA

• Paul Erlich (1968):

- “A tragédia dos comuns”

- Revisita às ideias malthusianas

• Relatório Meadows (1972):- “Os limites do crescimento”

- Donella e Dennis Meadows, representantes do “Clube de Roma”

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A Ecologia ProfundaConceito proposto por Arne Naess (1973)

• Ecologia “rasa”: preservar para usar

• Ecologia “profunda”: preservar por questões bioéticas muito mais profundas- Igualdade biocêntrica- Visão sistêmica- Pensamento complexo

• Inspirado por naturalistas, como Henry Thoreau (1817-1862)- Simplicidade voluntária- “Um homem honesto não precisa contar

mais que seus dedos”

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A Ecologia Profunda

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 41

Visão tradicional Ecologia Profunda (Ness)

Domínio da Natureza Harmonia com a Natureza

Ambiente natural como recurso para os seres humanos

Toda a Natureza tem valor intínseco

Seres humanos são superiores aos demais seres vivos

Igualdade entre as diferentes espécies

Crescimento econômico e material como base para o crescimento humano

Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto-realização

Crença em amplas reservas de recursos Planeta tem recursos limitados

Progresso e soluções baseados em alta tecnologia Tecnologia apropriada e ciência não dominante

Consumismo Viver com o necessário e reciclar

GlobalizaçãoRespeito às diferenças e reconhecimento de tradições das minorias

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Uma Sociologia Ambiental profunda?• Se o objetivo geral da Ecologia Profunda é

preservar a natureza “selvagem e livre”, com rebatimentos nos planos individual, social e político, então para Catton e Dunlap os princípios são os mesmos, porém aplicados à perspectiva sociológica.

• Em termos sociológicos, no entanto, não é viável falar em “ambiente natural”

- E fará cada vez menos sentido no futuro!

• Da mesma forma, não há interpretação do ambiente sem juízo de valor

- Discutir!

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“Ecologizando” a Sociologia?

• No início do século XX a separação entre Ciências Sociais e Biológicas provocou uma ruptura entre Biologia e Sociologia

• Há que se fugir dos reducionismos ecológicos ou sociológicos

• Se o meio ambiente possui ao menos duas relações com os seres humanos:

- Materiais

- Simbólicas

• Então, uma possibilidade é a abordagem “realista crítica”:

- Marxista

- Não reducionista

- Que considere a excepcionalidade humana

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 43

Sociologia Ambiental: tarefas e temas de pesquisa

Os principais interesses da Sociologia Ambiental são:

• Práticas sociais e mudanças ambientais

• Conhecimentos e interpretações sobre o meio ambiente

• Política ecológica

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 44

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Novas direções dos estudos socioambientaisA partir dos anos 90, a Sociologia Ambiental tomou novos rumos:

• Modernização ecológica (“ecotecnologias”)

• Modernização reflexiva

• Desenvolvimento sustentável

• Ecossocialismo

• Teoria da Sociedade de Risco

• Novas abordagens sociológicas

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Áreas de pesquisa ambiental em Ciências Sociais

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 46

CAMPO PRINCIPAL DISCIPLINA CENTRALIDADE

Antropologia Ecológica ou Ecologia Cultural Antropologia Ecocêntrica

Economia Ecológica Economia Ecocêntrica

Economia Ambiental ou Economia Verde Economia Antropocêntrica

História ambiental História Ecocêntrica

Administração Ambiental ou Gestão Ambiental Geografia Antropocêntrica

Política Ambiental Ciência Política Antropocêntrica

Ecologia Global ou Mudanças Globais Ciências Físicas e Geografia Antropocêntrica

Ecologia Humana Geografia Ecocêntrica

Ecologia Política das Mudanças Ambientais Geografia Ecocêntrica

Sociologia Ambiental Sociologia Ecocêntrica

Leia mais sobre a aula de hoje

LENZI, C. L. Sociologia ambiental – Risco e Sustentabilidade na Modernidade. São Paulo: Edusc, 2006.

• Cap. 01

GUATTARI, F. As três ecologias. 11 ed. Campinas: Papirus, 2001. 56p.

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 47

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Dúvidas?

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 48

Questões para revisão (Q2)responda em dupla e entregue ao professor

1. Explique com as suas palavras o que é “capacidade de suporte”.

2. A respeito dos conceitos de PEH e NPE, responda:2.1 Você acredita que estes paradigmas são complementares ou excludentes? Justifique.

2.2. Com qual dos dois paradigmas você se alinha, e por quê?

3. Quais as similaridades entre os conceitos de Ecologia Profunda e da simplicidade voluntária descrita por Thoreau?

4. Explique o que é a abordagem “realista crítica” no campo da Sociologia.

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 49

• Rio Cuyahoga, Cleveland, junho de 1952

INÍCIO DA PERCEPÇÃO DA CRISE

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Liv

ros

imp

ort

ante

s

O movimento ambientalista nos anos 70• Preocupações com a iminente crise ambiental

já percorriam o cenário internacional

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 51

Eco 72Relatório Meadows

1972 – GoldsmithA Blueprint for survival

1973 – SchumacherSmall is beautiful: a study of

Economics as if people mattered

Alertava sobre “os limites do crescimento”

Críticas à sociedade, ao consumismo e à fé cega na tecnologia como “salvação”

O movimento ambientalista nos anos 80• Anos 70: movimentos ecológicos mais

radicais. Estratégias de confronto e ecoterrorismo

• Anos 80: menos radicais, mais práticos, voltados à política

• Possíveis motivos:- Globalização do capitalismo- Crise econômica mundial- Maior efetividade, menos impopular- Muitas baixas no movimento- Aumento da repressão- Maior profissionalismo dos movimentos- Surgimento de discurso “apaziguadores”, como da

modernização ecológica e do desenvolvimento sustentável

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 52

Modernização Ecológica

• Não há uma definição única ou específica

• É uma ideologia ou conjunto de crenças que:- Vê a proteção ambiental não como obstáculo, mas

como pré-condição para o crescimento sustável futuro

- Reconfigura a economia capitalista para compatibilizar desenvolvimento econômico com proteção ambiental

• Para a ME, a crise ambiental é resultado de falhas ou imperfeições das instituições da sociedade

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 53

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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental

• A ME busca sempre “ecologizar a Economia” e “economizar a Ecologia”

• Principais problemas na relação mercado x meio ambiente:- Utilizar decisões individuais (empresas) para alocar

resultados coletivos (sociedade)

- Mercado estimula o crescimento da produção

• O mercado é formado por milhões de decisões tomadas por indivíduos e empresas isoladamente- As decisões são “livres”

- Ninguém determina as consequências coletivas- Ex: empresas fabricam carros, e compra quem “quiser”. No

entanto, a poluição, a falta de mobilidade e a redução no espaço urbano são consequências coletivas.

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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental• No capitalismo, a alocação de recursos

(energia, matéria, informação, resíduos) é feita de acordo com decisões individuais (produtores / compradores)- Não há uma agência controladora (Estado)

• Neste sistema, ninguém cuida da degradação ambiental- O mercado não protege seus recursos, ao contrário:

incentiva o consumo- Mas os recursos são bens coletivos – e esgotáveis!

• Se os bens coletivos são públicos (ex: serviços

ecossistêmicos), não se pode discernir entre pagantes e não-pagantes

• Se vai fornecer, e não haverá pagamento, então não haverá lucro, não é viável!

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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental• O crescimento econômico deve estar limitado

à capacidade biofísica de produção

• Há diferentes visões sobre crescimento econômico:- Aumento da produção (PIB)- Aumento do bem-estar (IDH)

• Mas o capitalismo quer crescimento financeiro, não necessariamente de produção material

• Portanto, para resolver o problema, dever-se-ia retirar estímulos à produção biofísica, e incentivar o aumento de renda, PIB e bem-estar- Medir os impactos das atividades- Diminuir os mais degradadores

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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental

• A eficiência ambiental deveria reduzir impactos sobre:- Recursos renováveis

- Recursos não-renováveis

- Volume e tipo de poluição

- Processos produtivos

- Produtos

- Consumo

• A adoção de medidas mitigadoras, no entanto, tem um custo

• Na maioria dos casos, a redução de impactos não é um problema técnico, mas político e/ou econômico

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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental

• Neste caso, o Estado deveria intervir:- Mecanismos voluntários:

• Não envolve lucro ou lei, e são pouco efetivos

• Ex: certificações, selos, etc.

- Gasto público (menos democrático): • Subsídios: incentivos às ações privadas (ex: álcool)

• Ações diretas em pesquisa, monitoramento, fiscalização, etc.

- Regulação de comando: • Envolve leis, mas não despesas governamentais

• Ex: leis ambientais, princípio do poluidor-pagador, etc.

- Incentivos financeiros: • Linhas de crédito específicas

• Ex: mais crédito para produção “sustentável”

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ME e a “ecologização” do crescimento econômico

• “Ecologizar” a Economia- Inserir mais tecnologia nos processos produtivos

- Ex: Softwares de controle da produção

- Melhorar controle organizacional

- Aumentar a prevenção de impactos - Ex: Sistemas de segurança industrial

• Economizar a Ecologia- Introduzir conceitos, mecanismos e princípios econômicos voltados à

proteção ambiental

- Nível macro: substituir indústrias que consomem muita matéria e energia (crescimento quantitativo da produção) por outras que consumam mais conhecimento e agreguem mais valor (crescimento qualitativo)

- Nível micro: incorporar tecnologias que reduzam o impacto ambiental• Tecnologias limpas ou “preventivas” (Ex: evitar CFC)

• Tecnologias de controle ou “curativas” (Ex: sequestro de C)

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Superindustrialização: expansão das empresas

consumidoras de recursos

Pós-industrialismo: indústria de serviços, de

informação e de recursos renováveis

Duas tendências atuais antagônicas :

ME e a “ecologização” do crescimento econômico

• No processo de “ecologização”, a mudança tecnológica poderia ocorrer de duas formas:- Incremental – ex: filtros melhores

- Radical ou disruptiva – ex: tecnologia não poluente

• Para a ME, mais importante que a tecnologia em si, é a forma como é implantada: usar tecnologias PREVENTIVAS

• O principal indutor ainda é o Estado- O nível de intervenção é que vai caracterizar o

espectro político: ora mais, ora menos liberal

- Estado “Mínimo” ou Estado “Máximo”

- Não foram ainda exploradas todas as possibilidades

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Crítica positiva à Modernização Ecológica• A ME vai além da simples oposição entre

desenvolvimento x meio ambiente

• Busca um crescimento ecológico econômico possível

• Surge como saída para o industrialismo capitalista

• O capitalismo regulado seria preferível ao capitalismo selvagem

• Ela demonstra que diferentes tipos de crescimento econômico ocasionam graus de impactos diferentes. Os impactos existem em economias crescentes, decrescentes ou estacionárias

• Seu principal desafio é estabelecer as mudanças necessárias para colocar em prática um crescimento com menos impacto

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Crítica negativa à Modernização Ecológica• Procura apenas dar sobrevida a um modo de produção pouco

sustentável

• Herda todas as incoerências do capitalismo, focando apenas em melhorias produtivas

• Não preconiza decrescimento do consumo

• Ignora questões entrópicas

• A tecnologia é, e sempre será, limitada

• Os efeitos sinérgicos dos impactos ambientais são imprevisíveis

• Sociedades pós-industrialistas conquistaram melhorias ambientais, mas continuam sustentadas por sociedades industrialistas e agrárias

• O industrialismo é fruto da obsessão por crescimento econômico que, este sim, gera impactos sociais e ambientais- O principal valor do socialismo é o coletivismo

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Saídas à Modernização Ecológica

• Procurar tratar a lógica capitalista, e não apenas o industrialismo

• Tratar do regime de acumulação

• Discutir modos de regulação estatal- Discutir seus conceitos

- Aperfeiçoar seus métodos

- Promover mudanças políticas e sociais

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Dúvidas?

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Perguntas para revisão (Q3)responda em dupla, e entregue ao professor

1. O desenvolvimento dos “ecomercados” (que demandam produtos “ecológicos”) são um ponto positivo ou negativo da modernização ecológica? Qual o seu posicionamento a respeito desta questão?

2. Em sua opinião, o que leva o sistema de produção capitalista a adotar práticas de ME?

3. Com base no que foi discutido em sala de aula, você acredita que o capitalismo se tornará, no futuro, mais “ecológico”? Justifique.

4. Qual o papel do Estado enquanto mediador dos conflitos de interesses em relação aos recursos naturais?

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VARAL DE FANZINES

Fanzines de varal

De varal fanzines

Varal fanzines de

Fanzines varal de

De fanzines varal

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O desafio da sustentabilidade: Sociologia, justiça e democracia

• Sustentabilidade é um conceito normativo- Se impõe, mas não se descreve

- Baseia-se em uma visão política

• Sustentabilidade é um conceito contestável

• O conceito de “Sustentabilidade” tem implicações sobre os conceitos de modernização ecológica e sobre a própria Sociologia Ambiental

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A natureza contestável da sustentabilidade:além da crítica sociológica

Para vários autores sociólogos, o conceito de Desenvolvimento Sustentável é:

• “Vago, vazio, impreciso e inexpressivo” (Weinberg, Schneiberg e Pellow, 1996)

• Inútil

• Desinteressante

• Sem significado

• Modernista, tecnocrático, positivista*, um cientificismo simplista (Jacobs, 1999)

• “Um engano político, uma fraude” (Richardson, 1997)

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 70

* positivista: só é verdade se puder provar cientificamente

A natureza contestável da sustentabilidade:além da crítica sociológica

É inegável, no entanto, que o Desenvolvimento Sustentável ainda é “uma ideia poderosa”

• Ainda assim, prevalecem as contradições do termo- Contradições POLÍTICAS, e não apenas acadêmicas!

• Tema permanece aberto ao debate

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Três concepções de sustentabilidade• Toda visão sobre sustentabilidade

tem um princípio norteador:

• O QUÊ deve ser sustentado,

• COMO sustentar

• e POR QUE sustentar?

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Sustentabilidade como manutenção do capital natural crítico

• Só há sustentabilidade se houver JUSTIÇA e DEMOCRACIA

• Ao contrário da ME, o DS é fortemente normativo

• Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”, 1987):- “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que

satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades”

- Ora, satisfazer as necessidades humanas é uma forma de justiça social- Por outro lado, de acordo com esta definição, DS não é

“preservação da natureza”, mas atendimento às necessidades humanas!

- O que isto te lembra...?!

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DS

Social

Econômico Ambiental

Capital natural crítico e justiça ambiental

• Mas o que são NECESSIDADES humanas?- Com certeza, alimentação, abrigo, higiene, saúde,

saneamento, identidade cultural, etc. são necessidades UNIVERSAIS

- Mas e as outras “necessidades” criadas pela sociedade e pela indústria globalizada?

- Diferença entre DESEJO e NECESSIDADE

• Importante discutir os conceitos de:- JUSTIÇA SOCIAL (como os recursos são divididos),

- MERITOCRACIA (quem merece) e

- SUSTENTABILIDADE FÍSICA (capacidade de produção)

• Estas discussões passam por ESCOLHAS

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Capital natural crítico e justiça ambiental

• A sustentabilidade MÍNIMA ou FRACA seria:- Aquela que impediria uma catástrofe ambiental para as

gerações atuais ou futuras

- Acesso a um padrão mínimo de bens e serviços ambientais

- Ou seja, JUSTIÇA DISTRIBUTIVA!

• Mas Justiça é mais do que isso!- Deve garantir oportunidade iguais de acesso a todos

- Presentes e futura gerações

• Racionalidade ecológica:- A capacidade dos ecossistemas fornecerem de forma

consistente e efetiva o melhor para o suporte da vida humana

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Sustentabilidade e democracia ambiental

• Só pode haver sustentabilidade se houver justiça social

• Só pode haver justiça social (e sustentabilidade) se houver democracia

• As ESCOLHAS do que se pretende sustentar, como e para que são consequência do nível de democracia social- Tudo que não for essencial à vida pode ser destruído?

- Quem deve arcar com o custo da preservação?

- Quem decide: é a população, ou seus representantes?

- Nossa organização social e política nos permite chegar a algum consenso?

- Nossas próprias decisões individuais são emancipadas, ou estão contaminadas por agentes dominadores e são (auto-) enganosas?

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Sustentabilidade e democracia ambiental

• O critério de decisão deve ser moral ou econômico?- energia atômica x hidrelétrica

- pré-sal x efeito estufa

- Ecologia x Economia

• A democracia deliberativa e a democracia representativa- O exemplo da “Revolução das Panelas”, na Islândia

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Islândia: revolução das panelas

• A crise de 2008 fez a Islândia dever 3x o seu PIB e falir

• Em 2009 começam os protestos

• Em março de 2010, a saída por meio dos movimentos sociais:- Demissão em massa do governo

- Nacionalização dos bancos

- Prenderam os banqueiros e corruptos responsáveis pela crise

- Referendo popular sobre as questões econômicas, com decisão pela moratória

- Reescreveram a constituição:- 25 pessoas

- 1.000 avaliadores

- Uso da internet22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 79

A política da sustentabilidade:aproximando justiça e democracia

• A simples consideração da democracia deliberativa não garantiria a justiça ambiental

- É necessário compartilhar VALORES MORAIS mais do que procedimentos

• Também é importante argumentar que há certas condições ecológicas essenciais à sobrevivência humana que não podem ser negociadas (“direitos ambientais”)

- A partir daí estabelecem-se direitos ambientais e políticos, que são sempre interligados

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A política da sustentabilidade:aproximando justiça e democracia

• O direito à vida inclui o direito ao meio ambiente saudável - e não poluído

- O equilíbrio ecológico é função pública governamental

- Art. 225 -Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1998)

• Tá, mas e no plano internacional, quem garante o quê?!

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A política da sustentabilidade:aproximando justiça e democracia

• RECAPITULANDO: A sustentabilidade é ao mesmo tempo uma questão de justiça, de democracia e de direitos humanos

• A Sociologia Ambiental preocupada com a sustentabilidade torna-se normativa

• Baseia-se em:

- Direitos humanos

- Democracia deliberativa

- Uma base moral norteadora de políticas públicas ambientais

• A Sociologia Ambiental apoia a discussão moral sobre “o que queremos” em termos de sociedade e meio ambiente

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Modernização ecológica e sustentabilidade

• A discussão mundial sobre sustentabilidade só existe porque ela é um conceito vago e que permite muitas interpretações

• Para alguns autores, a ME é uma adaptação do DS, enquanto para outros há diferenças

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 83

Desenvolvimento sustentável Modernização ecológica

Conceito político/ normativo Conceito analítico e operacional

Escopo global: preocupação com problemas ambientais globais e interdependência ecológica global

Escopo nacional: preocupação com problemas ambientais circunscritos (nível regional e nacional)

Preocupação com justiça social nacional e global: sustentabilidade e justiça são interligadas

Preocupação com a eficiência

Terceiro mundo incluído: preocupação com os mais pobres

Ocidente: preocupação com os mais ricos

Exige uma mudança econômica estrutural: crescimento econômico é submetido ao DS

Não enfrenta os aspectos sistêmicos do capitalismo

Enfatiza o papel do governo Perfil neoliberal: admite uma economia desregulada

Modernização ecológica e sustentabilidade

• Outros autores falam em uma “modernização ecológica reflexiva” ou “forte”:- Institucional

- Sistêmica

- Democrático-deliberativa

- Internacional

• Ambos os conceitos, ME e DS, buscam:- “ecologizar” o crescimento econômico,

- promover tecnologias verdes

- associar instituições governamentais às internacionais (múltiplas escalas)

- mantêm mútuas afinidades ideológicas

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Modernização ecológica e sustentabilidade

• Toda teoria ou discurso sobre a sustentabilidade deve responder: - “O que” sustentar

- “Como”

- “Por que”

• Qualquer possível resposta parte de uma visão moral e política

• Tanto DS como ME partem de bases antropocêntricas - Mas todos vivemos numa biosfera!

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Conclusões

• O que se precisa não é de uma produção mais eficiente

• O próprio modo de produção e consumo está em crise- O modo de produção atual cria crises ambientais e

sociais => crises sistêmicas!

• Não se trata de produzir “melhor” nossos bens materiais- Não há matérias-primas suficientes

- Não há energia para mantê-los

- Não há espaço para atirar o lixo

- E mesmo se houvesse... Será que a satisfação das necessidade humanos se dá apenas pelo consumo?

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 86

Dúvidas?

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Perguntas para revisão (Q4)(responda em dupla e entregue ao professor)

1. Lenzi (2006, p. 94) afirma que “admitir que a sustentabilidade é um conceito normativo traz vários problemas”. Explique o que é um conceito normativo, e quais são os problemas aos quais o autor se refere neste caso especificamente.

2. Por que alguns autores consideram a sustentabilidade proposta pelo desenvolvimento sustentável como “um engano político, uma fraude”?

3. A partir de sua resposta à pergunta anterior, explique porque a sustentabilidade ainda permanece vigente nos discursos políticos, comerciais e acadêmicos.

4. Que relações podem ser estabelecidas entre meritocracia, neoliberalismo e justiça social?

5. Cite 3 semelhanças e 3 diferenças entre os discursos da modernização ecológica e do desenvolvimento sustentável

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Ulrich Beck e Anthony Giddens: sociedade de risco e política ecológica

• Anthony Giddens- Sociólogo britânico

- Propôs a “teoria da estruturação”

• Ulrich Beck- Sociólogo alemão e ambientalista

- Crítico do capitalismo e da globalização

- Criou o conceito de “sociedade de risco”

• Juntos, criaram o conceito de “modernização reflexiva”

- Conjunto de “reformas” construídas pela sociedade com base na ciência e tecnologia para adaptar-se ao progresso industrial

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Sustentabilidade e paradoxo científico

• Uma das principais críticas ao DS é o seu discurso “neutro” em relação à política e tecnologia- Política e tecnologia são de fato causadoras dos

desastres ambientais!

• Para Sachs:- a persistência do discurso do DS fez com que se

mantivesse a crença de que é possível conciliar meio ambiente e desenvolvimento

- Bastaria “mais e melhor administrativismo”

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Ulrich Bech e a emergência da sociedade de risco

• Ulrich Beck classifica 2 fases históricas:- Sociedade Industrial

• Séculos XIX e XX

• Riscos (ou “perigos”) eram mais restritos

• Derivavam da luta entre capital e trabalho

- Sociedade de Risco• Século XXI

• Riscos são muito maiores: são catastróficos!

• Não se restringem a determinadas regiões geográficas ou grupos sociais

• Não há compensação, remediação ou seguro possível

• Originam-se da “tecnoeconomia”:

- Ameaças nucleares

- Poluição e armas químicas

- Epidemias e pandemias

- Tragédias ecológicas

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Ulrich Bech e a emergência da sociedade de risco

• Viver em uma “sociedade de risco” significa:- Confrontar o desafio da possibilidade de autodestruição

da vida humana na Terra

• Igualdade negativa, não pelos direitos, mas pelos males:

- Se na sociedade industrial “a pobreza atraía uma quantidade infeliz de riscos” (Beck, 1995, p. 5), na sociedade de risco eles são generalizados

- Pelo efeito da globalização, torna-se “sociedade de risco MUNDIAL”

• Posse de bens x posse de riscos- Universalização dos riscos

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Ulrich Bech e a emergência da sociedade de risco

• A ciência como nova mediadora- A sociedade depende da ciência para compreender o

que está acontecendo com ela e com o meio ambiente

• Os três tipos de riscos:- Derivados da riqueza ou do desenvolvimento

tecnoindustrial:• Aquecimento global, engenharia genética, riscos químicos e

nucleares, perda da biodiversidade, etc.

- Derivados da pobreza:• Violência, fome, doenças infectocontagiosas, destruição de

recursos naturais, migração em massa

- Derivados das armas de destruição em massa:• Guerras, terrorismo

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No Brasil já temos o seguinte:

- Maior causa de mortes de ADULTOS são problemas de coração

- Maior causa de morte de JOVENS é homicídio

- Destes, 70% são homens negros e pobres

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A racionalidade tecnocientífica em questão:quando a “pureza científica” vira “sujeira ambiental”

• A Ciência é ambivalente:- Fonte de problemas e de soluções

- O problema é que a Ciência é a mola-mestra para o produtivismo

• A Ciência tornou-se refém:- Da Economia

- Da Política

• A Ciência é cega:- Os perigos só são considerados tardiamente e não

integralmente

- A atomização da Ciência (e das instituições que sustentam) ignora e legitima a produção de riscos

- Só reconhece conexões entre causa e efeito

22 de julho de 2012 Prof. M.Sc. Érico Pagotto [email protected] http://pagotto.wordpress.com 94

A racionalidade tecnocientífica em questão:quando a “pureza científica” vira “sujeira ambiental”

• O problema da relação causa x efeito é que quando não há certeza: - Os riscos se multiplicam

- A prevenção é negligenciada

- O perigo aumenta

- As leis toleram

- O poluidor não paga

• Por outro lado, quando os riscos são conhecidos, a “licença científica” credencia a expansão dos impactos “aceitáveis” e de novos equipamentos de modernização:

- Poluição

- Alimentos duvidosos

- Novos fármacos, etc.

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A racionalidade tecnocientífica em questão:quando a “pureza científica” vira “sujeira ambiental”

• A sustentabilidade está relacionada à capacidade de absorção de impactos ambientais

• Ela tem como premissas que:- A Ciência consiga medir o impacto, sua extensão e

possíveis medidas corretivas

- O que a Ciência sabe é APENAS o “estado-da-arte”

• Por fim, alguém poderia perguntar: - O que, de fato, a Ciência é capaz de assegurar?

- Somos todos Laikas?

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A sociedade de risco comouma sociedade irresponsável?

• A teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich Beck, trata, mais do que das ameaças em si, da contradição interna da sociedade que produz e legitima seus riscos

• Ela cria a “irresponsabilidade organizada”- Ameaças são produzidas

- Ninguém é responsabilizado

• A Sociedade de Risco aponta para uma crise de responsabilidade social:- O industrialismo cria e amplia riscos

- Políticas burocratizadas tentam oferecer alguma segurança

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A sociedade de risco comouma sociedade irresponsável?

• E o que o governo faz?- Tenta tornar os riscos calculáveis e previsíveis

- Oferece alternativas de compensação e prevenção

• A questão, então, recai sobre quem define O QUE pode ser considerado um risco, qual sua ESCALA e qual sua URGÊNCIA por soluções

• Na irresponsabilidade organizada, então:- Ciências: estabelecem limites baseados no “estado-da-arte”

- Governos: estabelecem políticas de aceitação de riscos

- Mídia: divulga informações que julga convenientes

- Culturas sociais: decidem o que é ou não aceitável

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Mudança social?

Explosão social do risco

Explosão social do risco

Revela contradições e irresponsabilidadesRevela contradições

e irresponsabilidades

Conflitos entre quem

ganha e quem perde

Conflitos entre quem

ganha e quem perde

Subpolítica e democracia ecológica

• Na crise, a Política cede espaço à “subpolítica”- Subpolitica é aquela que acontece fora da arena da

Política tradicional

- Envolve as empresas, sindicatos, mídia, família, ciência e movimentos sociais

• Subpolítica é uma reação à “irresponsabilidade organizada” da Política

• Para fortalecer a sub-política:a) Um sistema legal forte e independente

b) Meios de comunicação livres e críticos

c) Valorização das diferentes formas de conhecimento sobre o risco para a crítica social (ex: biocivilizações)

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Regulação dos meios de comunicação

• Concessões públicas:- Água, energia, saúde, etc... e RADIODIFUSÃO

- Portanto, deve atender ao interesse da sociedade (e não das empresas!)

• A regulação é necessária não para censurar, mas para defender o interesse público- Hoje só serve para acumulação

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Desde a Constituição de 1998 até hoje a Mídia não foi regulada

O QUE DIZ A LEI COMO É NA PRÁTICA

Art. 220: proibido monopólio/ oligopólio Globo detém mais de 70% do mercado

Art. 221: incentivo às produções regionais e independentes 98% das produções são do eixo RJ/SP

Art. 223: complementariedade entre o público e o privado Predominantemente comercial e verticalizado

Art. 54: políticos são proibidos de serem donos de concessionárias

São donos: família Sarney, Collor, Agripino Maia, Edson Lobão, entre outros

Subpolítica e democracia ecológica

• Para expor o risco em que a sociedade incorre:- “Desnormalização” da aceitação: denunciar a forma como a

sociedade criou uma “aceitação cultural” dos riscos que lhe são impostos

- Trazer uma concepção mais ampla de segurança

- Romper com o mito do progresso técnico, que tem o desenvolvimento como sinônimo de expansão da economia e da tecnologia

- Novas formas de deliberação baseada numa “democracia ecológica” ou “reflexiva”

• Democracia ecológica:• Baseada na sub-política (mais participativa)

• Romper com a regra da maioria democrática

• Compreender que não se trata de decisões binárias (sim ou não), mas de um processo de aprendizado

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Anthony Giddens: industrialismo, capitalismo e o “fim da natureza”

• Giddens parte da limitada capacidade de suporte do planeta e do mito do progresso tecnológico- Critica a “acumulação indefinida” ( = capitalismo)

- Discute a sociedade “pós-escassez”

• Para ele, a pós-escassez vai levar a uma nova ordem econômica mundial... - ...e à superação do produtivismo – mas não do capitalismo

• Destaca o problema da substituição do conhecimento tradicional pelos “sistemas peritos”- constituindo, eles próprios, em novo elemento no “ambiente de risco”

- Ex.: meteorologia, epidemiologia, gestão de capitais, etc.

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Política ecológica afastando-se do naturalismo

• Giddens não recusa a tecnologia: ele propõe humaniza-la :- Avaliar seus efeitos sobre sociedade e meio ambiente

- Avaliar a lógica por traz de seu desenvolvimento: - lucro ou emancipação?

• Para o autor:- O ambientalismo ou a Política Ecológica como

substituição ao industrialismo

- Os movimentos sociais como alternativa para um mundo mais seguro e humano

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Política ecológica afastando-se do naturalismo

• Para Giddens, há necessidade de uma reforma política radical

• No entanto, há problemas:- Com a Direita (neoliberais):

• defesa do liberalismo de mercado

• conservação dos valores familiares tradicionais (patrimonialismo)

• Descrédito no governo como intermediador

- Com a Esquerda (marxistas):• Excesso de confiança no Estado

• Ceticismo a respeito da competição gerada pelo mercado

• Para o autor, há que se resgatar um “conservadorismo filosófico”:

- Mais proteção social, preservação de direitos e solidariedade

- Maior preocupação com questões ambientais

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Política ecológica afastando-se do naturalismo

• Para Giddens, uma política ecológica não pode ser “naturalista” (como na Ecologia Profunda)- Ao contrário!

• Deve ser “humanizada”

• A sociedade como protagonista da restauração ambiental por meio da tecnologia e da ação coletiva (política)

• Política ecológica significa:- Resolver o dilema moral de “como viveremos?”

- Discutir o uso da “tecnociência” e seus impactos- A pós-modernidade fez da vida um grande experimento não-

controlado!

- Interrelacionar a política ecológica com “políticas de realização do indivíduo” (saúde, trabalho, alimentação, consumo, etc.)

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