13
QUALIT@S Revista Eletrônica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008 EVIDENCIAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE UMA EMPRESA DO SETOR DE AGROINDÚSTRIA DA ZONA DA MATA SUL DO ESTADO DE PERNAMBUCO: SAFRA 2005/2006 Leonardo Bezerra de Siqueira Luciana Batista Sales Wenner Glaucio Lopes Lucena Resumo A revolução tecnológica fez os consumidores observarem as vantagens de se ter um veículo movido somente a álcool ou com motor flexível (também conhecido como motor bicombustível). No caso do álcool, há vantagens como: combustível mais barato, não poluente, podendo ser misturado em qualquer proporção à gasolina (no caso dos carros flex). Dada a importância desta temática para o crescimento e o desenvolvimento do País, como também, levando em consideração a questão ambiental, procurou-se trabalhar com a evidenciação dos custos do álcool de uma agroindústria produtora especificamente de derivados, localizada na zona da mata sul de Pernambuco. A qual faz parte deste estudo por ser considerada a maior produtora de álcool do Estado. A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, descritiva, os métodos dedutivo, quantitativo e um estudo de caso. Para a coleta dos dados, utilizou-se a observação direta e aplicação de formulário. Identificou-se que a empresa utiliza o método de custeio por absorção para atender as necessidades legais e para fins gerenciais, o que tem dado resultados positivos ao longo de sua existência. Palavras-chave: Álcool, Custos, Método de Custeio. Área Temática: Gestão de Custos nas Empresas Agropecuárias e Agronegócios 1 Introdução Com seus pontos altos e baixos, a produção de álcool no Brasil é marcada pelo PROÁLCOOL, um programa de incentivo à produção e consumação de álcool combustível, viabilizado na década de 70 (setenta). O PROÁLCOOL surgiu durante a crise do petróleo e obteve resultados bastante satisfatórios para o governo brasileiro. A região Nordeste é beneficiada pela quantidade de usinas que produzem álcool combustível. Com o lançamento dos carros bicombustíveis em 2003 e a volta do incentivo do PROÁLCOOL, a região tem contribuído para o avanço da economia brasileira. Houve um incentivo à produção e consumação do álcool combustível, o que levou outras regiões do Brasil a produzirem álcool. Até então, a produção de álcool que em meados dos anos 60 era pouco mais de “300 milhões de litros, ultrapassou a cifra de 11 bilhões de litros, caracterizando o PROÁLCOOL como o maior programa de energia renovável já estabelecido em termos mundiais, economizando mais de US$ 30 bilhões em divisas” (MACHADO, 2006). Dentre os Estados da região Nordeste, com maior destaque, está o Estado de Pernambuco que, segundo o relatório geral de produção da safra 2005/2006 fornecido pelo Sindicato da Indústria e do Álcool no Estado de Pernambuco (SINDAÇÚCAR), tem cerca de 23 usinas produtoras de álcool. Estas usinas têm uma importância fundamental para a economia da região e chegam a representar cerca de 330.000m³ da produção nacional. Com o

124-433-1-PB

Embed Size (px)

DESCRIPTION

fdfsdffd

Citation preview

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    EVIDENCIAO DOS CUSTOS DE PRODUO DE UMA EMPRESA DO SETOR DE AGROINDSTRIA DA ZONA DA MATA SUL DO ESTADO DE

    PERNAMBUCO: SAFRA 2005/2006

    Leonardo Bezerra de Siqueira

    Luciana Batista Sales Wenner Glaucio Lopes Lucena

    Resumo

    A revoluo tecnolgica fez os consumidores observarem as vantagens de se ter um veculo movido somente a lcool ou com motor flexvel (tambm conhecido como motor bicombustvel). No caso do lcool, h vantagens como: combustvel mais barato, no poluente, podendo ser misturado em qualquer proporo gasolina (no caso dos carros flex). Dada a importncia desta temtica para o crescimento e o desenvolvimento do Pas, como tambm, levando em considerao a questo ambiental, procurou-se trabalhar com a evidenciao dos custos do lcool de uma agroindstria produtora especificamente de derivados, localizada na zona da mata sul de Pernambuco. A qual faz parte deste estudo por ser considerada a maior produtora de lcool do Estado. A metodologia utilizada para a realizao deste trabalho foi a pesquisa bibliogrfica, descritiva, os mtodos dedutivo, quantitativo e um estudo de caso. Para a coleta dos dados, utilizou-se a observao direta e aplicao de formulrio. Identificou-se que a empresa utiliza o mtodo de custeio por absoro para atender as necessidades legais e para fins gerenciais, o que tem dado resultados positivos ao longo de sua existncia. Palavras-chave: lcool, Custos, Mtodo de Custeio. rea Temtica: Gesto de Custos nas Empresas Agropecurias e Agronegcios 1 Introduo

    Com seus pontos altos e baixos, a produo de lcool no Brasil marcada pelo PROLCOOL, um programa de incentivo produo e consumao de lcool combustvel, viabilizado na dcada de 70 (setenta). O PROLCOOL surgiu durante a crise do petrleo e obteve resultados bastante satisfatrios para o governo brasileiro. A regio Nordeste beneficiada pela quantidade de usinas que produzem lcool combustvel. Com o lanamento dos carros bicombustveis em 2003 e a volta do incentivo do PROLCOOL, a regio tem contribudo para o avano da economia brasileira.

    Houve um incentivo produo e consumao do lcool combustvel, o que levou outras regies do Brasil a produzirem lcool. At ento, a produo de lcool que em meados dos anos 60 era pouco mais de 300 milhes de litros, ultrapassou a cifra de 11 bilhes de litros, caracterizando o PROLCOOL como o maior programa de energia renovvel j estabelecido em termos mundiais, economizando mais de US$ 30 bilhes em divisas (MACHADO, 2006).

    Dentre os Estados da regio Nordeste, com maior destaque, est o Estado de Pernambuco que, segundo o relatrio geral de produo da safra 2005/2006 fornecido pelo Sindicato da Indstria e do lcool no Estado de Pernambuco (SINDACAR), tem cerca de 23 usinas produtoras de lcool. Estas usinas tm uma importncia fundamental para a economia da regio e chegam a representar cerca de 330.000m da produo nacional. Com o

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    objetivo de evidenciar os custos de produo de lcool na empresa objeto de estudo, faz-se necessrio responder o seguinte questionamento: Como realizada a evidenciao dos custos de produo de uma empresa do setor de agronegcio do Estado de Pernambuco?

    2 Referencial Terico A gesto de custos procura encontrar meios para planejar, controlar e executar aes

    visando o melhoramento da empresa. Os contadores de custos registram, medem, determinam e analisam custos (MAHER, 2001 p. 40). A funo dos contadores de custos fornecer para administrao da empresa informaes que possam aumentar os lucros atravs de reduo de custos, eliminao de produtos ou aperfeioamento do produto ou do processo produtivo. Baseados nas informaes fornecidas pelos contadores de custos, os administradores definem o que deve ser feito. Porm, a chave para que um sistema de contabilidade de custos tenha sucesso que os contadores de custos tenham um bom conhecimento do negcio com que a organizao opera (MAHER, 2001 p. 40).

    Os custos na agroindstria so de extrema relevncia para que os produtos derivados da cultura agrcola possam ter maiores lucros. Para determinar os custos de uma organizao agroindustrial, a contabilidade utiliza dois sistemas bsicos de custeamento de seus produtos, que so: o sistema de custeamento por ordem de produo e o custeamento por processo (CALLADO, Antnio; CALLADO, Aldo. 2006 p. 3). Ambos se enquadram na maioria das agroindstrias, nas quais existem dois fatores que determinam o tipo de Custeio, se por Ordem ou por Processo (Contnuo): a forma da empresa trabalhar e a convenincia contbil-administrativa (MARTINS, 2003, p. 144). Assim, podem ser definidos, os sistemas de custeamento: 3 Custeamento por ordem de produo

    Segundo Martins (2003, p. 145) [grifo do autor] na produo por ordem, os custos so acumulados numa conta especfica para cada ordem ou encomenda. Essa conta s pra de receber custos quando a ordem estiver encerrada. Ou seja, enquanto os produtos que fazem parte daquela ordem ou encomenda estiverem sendo produzidos, a conta ser alimentada. No sistema de custeio por ordem de produo, os custos so apropriados e aplicados s ordens, e, em seguida, os custos destas so divididos pelo nmero de unidades nelas contidos, para determinao do custo mdio unitrio (GARRISON; NOREEN, 2001, p. 58). As ordens so os lotes ou encomendas que tenham sido feitas empresa para um fornecimento futuro. No sistema de ordem de produo, os custos so identificados diretamente com cada ordem de produo e cada uma possui caractersticas diferentes (CALLADO, Antnio; CALLADO, Aldo. 2006 p. 4).

    Segundo Leone (2004, p. 95), o sistema de custeamento por ordem de produo o sistema geralmente empregado nas entidades que fabricam produtos ou realizam obras e servios por encomenda; todos os custos relacionados aos produtos, obras ou servios, mesmo os indiretos, so debitados conta produtos, obras ou servios em processo. No caso das indstrias, quando a produo termina de fabricar os produtos, os valores da conta produtos em processo so atribudos s unidades produzidas. Ou seja, no sistema de custeio por ordem de produo, os custos so apropriados e aplicados s ordens, e, em seguida, os custos destas so divididos pelo nmero de unidades nelas contidos, para determinao do custo mdio unitrio (GARRISON; NOREEN, 2001, p. 58). 4 Custeamento por processo

    Tambm conhecido como produo contnua, so aplicados quando a empresa produz muitas unidades do mesmo produto [...] durante longos perodos (GARRISON;

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    NOREEN, 2001, p. 58). Conforme Martins (2003, p. 144) so exemplos comuns de produo contnua: indstrias de cimento, qumica e petroqumica, de petrleo, de lcool, de acar, automobilstica (parte delas), de produtos alimentcios etc. Diferente do custeamento por ordem de produo que acumula os custos por ordem ou encomenda, o custeamento por processo acumula seus custos por perodo, por ter sua produo praticamente contnua. Segundo Garrison e Noreen (2001, p. 58) O procedimento bsico do custeio por processo acumular os custos de um perodo inteiro (ms, trimestre, ano) de uma determinada operao ou departamento e, em seguida, dividir o total pelas unidades produzidas no mesmo perodo.

    Outra diferena entre o custeio por ordem e o custeio por processo, com relao s unidades produzidas, a impossibilidade dessas unidades serem distinguidas umas das outras. No faz sentido, no custeio por processo, tentar identificar os materiais, a mo-de-obra e os custos indiretos de um pedido de um cliente (GARRISON; NOREEN, 2001, p. 102).

    Se h um processo contnuo de fabricao, cada pedido faz parte de muitos que sero atendidos naquele perodo. 5 Mtodos de Custeio

    Segundo Ferreira (2000, p. 460) mtodo um procedimento organizado que conduz a um certo resultado. Ou seja, mtodo uma forma organizada de se planejar e interpretar dados na busca de um resultado. Custeio representa o conjunto de procedimentos para se determinar o custo de algum objeto (LEONE, 2004 p. 95). Neste caso, entende-se por mtodo de custeio como sendo a gerao de dados de custo que so trabalhados de forma organizada para chegar a um determinado resultado, ou seja, o fornecimento de dados de custos para ajudar os gerentes a planejar, controlar, dirigir e tomar decises (GARRISSON; NOREEN, 2001 p. 57).

    Existem vrios tipos de custos e mtodos de custeio, variando de acordo com as necessidades gerenciais de cada empresa. Cabe ao contador de custos estabelecer e preparar os tipos de custos e mtodos de custeio que vo atender as diferentes finalidades da empresa (LEONE, 2000 p. 55). Como j foram vistos os tipos de custos mais utilizados pelas indstrias, destaca-se a seguir alguns dos mtodos de custeio mais utilizados:

    6 Custeio por Absoro

    Custeio por absoro o mtodo usado pelos contadores pelo qual todos os custos de fabricao, sejam diretos ou indiretos, fixos ou variveis, relevantes ou no, so debitados produo (LEONE, 2004 p. 95). Isto , custeio por absoro o mtodo de custeio que apropria todos os custos utilizados, na produo, ao produto. Garrisson e Noreen (2001, p.196) enfatizam que no custeio por absoro, o custo de uma unidade de produto consiste em materiais diretos, mo-de-obra direta e custos indiretos fixos e variveis. Ou seja, a cada unidade produzida so agregados todos os custos, relativos a ela, utilizados na produo.

    Quando o custeio por absoro utilizado, aumentos e diminuies do estoque de produtos acabados e do estoque de produtos em fabricao so maiores (MAHER, 2001 p. 366). Isto acontece por causa dos custos fixos. Como regra geral, quando a quantidade de unidades produzidas em um perodo superior s unidades vendidas no perodo, uma parte dos custos de produo fixos permanece em estoque, isto , no lanado como despesa do perodo (MAHER, 2001 p. 366). Neste sentido observa-se que quando a produo excede as vendas, menos custos de produo fixos so lanados como despesas, e o lucro operacional pelo custeio por absoro maior (MAHER, 2001 p. 366).

    7 Custeio Varivel

    Diferente do custeio por absoro, no custeio varivel, apenas os custos variveis de produo so atribudos s unidades produzidas; os custos fixos de produo so considerados

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    despesas do perodo (MAHER, 2001 p. 360) [grifo do autor]. Assim, todos os custos que variam de acordo com a produo so agregados ao produto enquanto os custos que no variam so classificados como despesas na demonstrao de resultado. O custeio varivel normalmente abrange materiais diretos, mo-de-obra direta e a parte varivel do custo indireto de fabricao. Neste mtodo, o custo indireto de fabricao fixo no considerado custo do produto (GARRISSON; NOREEN, 2001 p. 196).

    A diferena entre os dois mtodos de custeio, varivel e absoro, est na retirada dos custos fixos, pois os custos fixos existem independentemente da produo ou no desta ou daquela unidade, e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que oscilaes (dentro de certos limites) ocorram no volume de produo (MARTINS, 2003, p. 197). Para que os custos fixos sejam apropriados aos produtos so necessrios critrios de rateio, neste caso, o que para uma avaliao de estoque pode ser uma forma de minimizar injustias, para efeito de deciso simplesmente mais confunde do que auxilia (MARTINS, 2003, p. 198). Isto acontece porque o valor do custo fixo por unidade depende ainda do volume de produo: aumentando-se o volume, tem-se um menor custo fixo por unidade, e vice-versa (MARTINS, 2003, p. 198).

    Em uma anlise gerencial, o custeio varivel torna-se mais vivel por no apresentar essa oscilao, neste caso, quando se aumenta a produo, o custo tambm aumenta, acompanhando o volume produzido, tornando o valor do custo por produto constante e mais conciso para fins decisrios.

    8 Custeio Baseado em Atividades (ABC)

    O Custeio Baseado em Atividade (ABC) o mtodo de custeio que atribui os custos de fabricar um produto s atividades necessrias fbrica e ento soma o custo dessas atividades para determinar o custo de fabricar o produto (MAHER, 2001 p. 51). No custeio ABC os custos so atribudos a cada atividade que se faz necessria para a elaborao do produto. Depois de atribuir os custos as atividades, tem-se o custo de fabricao de cada unidade produzida. Este mtodo, entre outras finalidades, favorece a realizao de uma alocao mais exata dos custos das atividades aos produtos [...]. O critrio ABC se preocupa com o custeamento das atividades (LEONE, 2004 p. 93). O mtodo de custeio ABC leva em considerao o custo que cada atividade tem na produo de um determinado produto, o que deixa o produto com valores mais concisos com relao ao custo que cada atividade teve para produzi-lo.

    Caso o processo produtivo de uma indstria envolva muitos custos indiretos de fabricao, as tradicionais alocaes de custos indiretos de fabricao utilizando bases de atividades, como unidades produzidas ou horas-mquinas, podem levar a alocaes imprecisas de custo. Isso, por sua vez pode resultar em custos e preos de produto distorcidos (WARREN; REEVE; FESS, 2003, p. 324,). O que no acontece no Custeio Baseado em Atividades, pois, os procedimentos do ABC consistem em seccionar a empresa em atividades, [...], calcular o custo de cada atividade, compreender o comportamento destas atividades, identificando as causas dos custos relacionados com elas, e, em seguida, alocar os custos aos produtos (BORNIA, 2002 p. 122). Desta forma, entende-se que cada atividade geradora de custos na elaborao do produto, calcula-se o custo das atividades na fabricao do produto, observando a fonte geradora dos custos, para posteriormente apropri-los ao produto.

    Para se ratear o valor de um custo utiliza-se os direcionadores de custos que representam a varivel operacional, quantitativa, controlvel, que influenciam determinado custo relacionado a uma atividade, a um processo, a um departamento ou a um produto (LEONE, 2004 p. 130). Isto , os direcionadores de custos so aqueles que provocam ou influenciam a gerao do custo.

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    Para Martins (2003, p. 96), direcionador de custos o fator que determina o custo de uma atividade. Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, deduz-se que o direcionador a verdadeira causa dos seus custos. Em outras palavras, como toda atividade necessita de recursos para ser realizada ela geradora de custos e conseqentemente a direcionadora de custos. A busca de direcionadores mais representativos do consumo, por parte dos produtos, das atividades, uma das vantagens da tcnica ABC (LEONE, 2004 p. 131). Porm, por mais que os direcionadores de custos se aproximem do valor real do custo ocorrido nos produtos ou servios, ainda h pequenas distores no valor encontrado.

    9 Custeio Meta

    O mtodo de custeio meta a meta que a empresa deseja alcanar em termos de custo. O custeio meta o processo de determinao do custo mximo admissvel (GARRISSON; NOREEN, 2001 p. 617). Baseado em preos determinados pelo mercado e estabelecendo o lucro desejado que se pode encontrar o custo meta. Ou seja, a companhia j sabe qual ser o preo. E o problema desenvolver um produto que possa ser comercializado de modo lucrativo a esse preo (GARRISSON; NOREEN, 2001 p. 617). Assim, o custeio meta a diferena entre o preo que o produto atinge no mercado e o lucro que se deseja alcanar. No custeio meta no se cogita a determinao do custo unitrio total como condicionamento para a fixao do preo de venda. Ao contrrio, usa-se o preo de venda para determinar o custo. (COGAN, 1999, p. 95).

    No custeio meta, observa-se o que o consumidor paga pelo produto no mercado e se leva em conta o lucro desejado para se obter o custo meta. Ele se baseia em duas caractersticas importantes: primeiro, muitas companhias tm menos controle sobre os preos do que elas gostariam de admitir. O mercado (isto , a oferta e a demanda) que realmente determina os preos [...]. A maior parte do custo de um produto determinada na fase do projeto (GARRISSON; NOREEN, 2001 p. 617). Deste modo, em vez de se projetar o produto depois descobrir quanto ele custa, estabelece-se em primeiro lugar o custo-meta e depois se projeta o produto de modo a atender a esse custo-meta (GARRISSON; NOREEN, 2001 p. 617). 10 Procedimento Metodolgico

    Para responder a problemtica deste estudo, foi utilizada a pesquisa bibliogrfica, que segundo Silva (2003, p. 60) explica e discute um tema ou problema com base em referncias tericas j publicadas em livros, revistas, peridicos, artigos cientficos etc. Ou seja, foram analisadas publicaes sobre o setor sucroalcooleiro e como atribuir seus custos para uma melhor produo de lcool. Como tambm, a pesquisa documental que conforme Heerdt (2006) [grifo do autor] alm de analisar os documentos de primeira mo (documentos de arquivos, [...], instituies etc.), existem tambm aqueles que j foram processados, mas podem receber outras interpretaes, como relatrios de empresas, tabelas. Neste caso, os relatrios fornecidos pela empresa foram verificados para poder evidenciar os custos por ela obtidos no processo de produo.

    Quanto aos mtodos, utilizou-se o dedutivo que, segundo Michel (2005, p. 58), parte-se de uma verdade estabelecida (geral) para provar a validade de um fato particular e o quantitativo que de acordo com o autor supracitado usa a quantificao tanto nas modalidades de coleta de informaes, quanto no tratamento destas, atravs de tcnicas estatsticas. Assim, pde-se determinar atravs de dados e nmeros a forma de apurao dos custos realizada pela empresa pesquisada.

    A pesquisa foi descritiva que, para Silva (2003. p. 65), tem como objetivo principal a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno, estabelecendo relaes

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    entre as variveis. Desta forma, pde-se evidenciar os custos aplicados na produo de lcool utilizados pela usina objeto de estudo.

    Na busca das informaes sobre os custos obtidos nas empresas do setor sucroalcooleiro, foi realizado um estudo de caso que, para Gil (2002, p. 54), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Evidenciando, assim, o mais prximo da realidade possvel, os custos para a produo de lcool.

    A pesquisa foi realizada em uma agroindstria da Zona da Mata Sul do Estado de Pernambuco: SAFRA 2005/2006. A empresa, objeto de estudo, foi escolhida por ser considerada a maior produtora de lcool do Estado de Pernambuco, chegando a representar cerca de 50.000 m da produo de lcool. Participou e respondeu o formulrio o responsvel pela gesto da empresa 11 Anlise de Resultado Perfil da empresa objeto de estudo

    Sendo a primeira empresa de um grupo, fundado pelos seus empreendedores, a empresa em estudo est a mais de 40 anos no mercado sucroalcooleiro, destacando-se a cada ano na produo de diversos produtos. Encontrando-se hoje no maior plo de aguardente do Nordeste, a empresa se situa a cerca de 60 quilmetros de Recife. Sua fundao se deu com a aquisio de um engenho na dcada de 60. Hoje, com a expressiva evoluo da empresa em produtividade e qualidade de produo, ela fabrica produtos como: acar VHP, acar cristal, lcool anidro, lcool hidratado, lcool carburante, lcool neutro, melao, energia eltrica, gs carbnico e cachaa. Para isso, contou em sua ltima safra (2005/06) com pouco mais de 4.200 funcionrios divididos no setor agrcola (campo), produo e administrativo.

    Seus empreendedores, alm de visarem a qualidade na produo, buscam a cada dia o melhoramento estrutural da empresa. Nesta busca, foi que no ano de (2005) convidaram uma psicloga com ps-graduao em gesto de equipe, para fazer parte da empresa. Sua funo implantar o setor de Recursos Humanos (RH) na empresa que, at ento, no tinha sua funcionalidade como um departamento nico. O RH, assim como muitas empresas, funcionava agregado ao Departamento Pessoal, porm, desde 2005 a psicloga tem como objetivo criar o organograma da empresa, implantar o plano de cargos e salrios e toda a poltica de RH estruturada de acordo com o modelo de negcio da organizao.

    A evoluo da empresa, que na poca da aquisio do engenho s produzia aguardente, destaca-se a cada ano. Caminhando sempre com tradio e modernizao, a unidade industrial tem proporcionado ao grupo, [...], um eficiente processo de produo de etanol. O grupo foi escolhido, inclusive, como o ganhador do Prmio MasterCana Nordeste 2005, na categoria Usina/Destilaria do Ano Tecnologia na Produo de lcool (ANSELMI, 2005). A fabricao de lcool combustvel (anidro e hidratado) comeou a partir de 1982. A empresa investiu recursos prprios na instalao de equipamentos, mesmo contando com incentivos do Programa Nacional do lcool (Prolcool). O Grupo nunca deixou de adotar medidas, o que inclui investimentos em tecnologia, para melhorar a sua produtividade (ANSELMI, 2005).

    Os investimentos para o crescimento do grupo no param. Em 2005 o grupo investiu cerca de R$ 700.000,00 para renovar sua estrutura em tecnologia da informao. Este investimento engloba equipamentos, treinamentos e aparatos de comunicao. Segundo o presidente do grupo, todas as empresas foram beneficiadas; dentre os benefcios, foi implantado um software ERP (Sistema Integrado de Gesto), onde todas as empresas passaram a ser integradas, facilitando o gerenciamento das mesmas.

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    Com o novo software, implantado em julho de 2005, tornou-se mais fcil, dentre outras vantagens, a apurao dos custos de plantio e produo. O controller do grupo, contabilista e economista, afirma que a partir desta safra, 2006/07, todos os custos sero apurados com maior preciso, visto que na safra 2005/06 houve um processo de transio de sistemas, buscando o crescimento da empresa na qualidade de produo, aumento do faturamento e reduo de custos.

    Verificao dos custos para o plantio da matria-prima utilizados pela empresa

    Com o novo sistema j implantado pelo grupo, a apurao dos custos de plantio de cana-de-acar tornou-se mais fcil e rpido. A empresa dispe hoje de uma rea total, incluindo a fbrica, de 19.234.74ha, destes esto disponveis para plantio 14.174.88ha, os quais foram plantados na safra 2005/06 12.229.30ha. Parte dessa rea, 1.450.89ha, j foram plantadas para serem colhidas na safra atual, 2006/07, a outra parte correspondente a 10.778.41ha foram colhidas na safra 2005/06, conforme dados fornecidos pelo Departamento Agrcola da empresa que tem a frente um engenheiro agrnomo como gerente.

    Os custos identificados para o plantio manual de 1ha, giram em torno de R$ 4.000,00, podendo variar de uma safra para outra devido ao aumento ou diminuio dos produtos utilizados e valores de mo-de-obra, como segue na Tabela 1.

    Tabela 1 Custo para o plantio manual de 1ha de cana-de-acar

    Etapa Processo por etapa Quant. Dirias Vlr. da diria (*) Vlr. do Produto Total

    Corte - 10 R$ 18,93 - R$ 189,30 Semente Custo R$ 80,00 15ton - - - R$ 1.200,00 Aplicao - 2,5 R$ 18,93 - R$ 47,32 Cultivo Mnimo Produto Glifosato 5lt - - R$ 10,50 R$ 52,50

    Roo Aplicao - 8 R$ 18,93 - R$ 151,44 Encoivarao Aplicao - 4 R$ 18,93 - R$ 75,72 Cavagem do Sulco Aplicao - 20 R$ 18,93 - R$ 378,60

    Aplicao - 2 R$ 18,93 - R$ 37,86 Calagem Produto Calcrio 2ton - - R$ 60,00 R$ 120,00 Semeio de cana Aplicao - 4 R$ 18,93 - R$ 75,72

    Aplicao - 2 R$ 18,93 - R$ 37,86 Adubao Produto frmula

    10-28-20 500kg - - R$ 0,71 R$ 355,00

    Aplicao - 2,5 R$ 18,93 - R$ 47,32 Cupinicida Produto Reagente 200g - - R$ 0,68 R$ 136,00 Coberta Aplicao - 12,5 R$ 18,93 - R$ 236,62

    Aplicao - 2 R$ 18,93 - R$ 37,86 Produto Goal 1,5lt - - R$ 44,00 R$ 66,00 Pr-emergncia Produto 2,4 D 2lt - - R$ 12,00 R$ 24,00

    1 Limpa Aplicao - 16 R$ 18,93 - R$ 302,88 2 Limpa Aplicao - 11 R$ 18,93 - R$ 208,23 Custo Total - - - - - R$ 3.780,23

    Fonte: Departamento Agrcola da empresa em estudo. (*) Valor da diria: R$ 11,83 + 60% de encargos = R$ 18,93

    Como se pode observar os custos para o plantio de 1ha de cana-de-acar so relativamente altos, porm esse processo se trata do plantio inicial da muda de cana, pois, na cultura da cana uma mesma muda pode ser cortada de 7 a 8 vezes, dependendo da muda, do solo e dos tratos feitos durante cada safra. A seqncia da Tabela 1 est levando em considerao que todo o processo manual, porm uma parte do processo pode ser

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    mecanizada (mquinas) ou arada (animais), que a cavagem de sulco. Esta parte do processo onde se faz as valas nas quais sero colocadas s sementes, neste caso, a cavagem do sulco pode ser feita com mquinas agrcolas ou colocando um arado em animais, geralmente bois, de forma que o custo pode sair menor. Porm, no caso das mquinas, pode no ser possvel fazer a cavagem do sulco, por que o relevo da zona-da-mata sul montanhoso o que impede o acesso das mquinas.

    Depois de realizado o primeiro corte, o custo do processo se torna menor, pois apenas alguns procedimentos so tomados para manter o cultivo. A manuteno do plantio de cana por hectare menos oneroso, algo que gira em torno de R$ 1.200,00, como mostra a Tabela 2.

    Tabela 2 Custo de Manuteno de 1ha de cana-de-acar para safras futuras

    Etapa Processo por etapa Quant. Dirias Vlr. da diria (*) Vlr. do

    Produto Total

    Aplicao - 2 R$ 18,93 - R$ 37,86 Calagem Produto Calcrio 2ton - - R$ 60,00 R$ 120,00 Aplicao - 2 R$ 18,93 - R$ 37,86

    Adubao Produto frmula 10-28-20 500kg - - R$ 0,71 R$ 355,00

    Aplicao - 2 R$ 18,93 - R$ 37,86 Produto Goal 1,5lt - - R$ 44,00 R$ 66,00 Pr-emergncia Produto 2,4 D 2lt - - R$ 12,00 R$ 24,00

    1 Limpa Aplicao - 16 R$ 18,93 - R$ 302,88 2 Limpa Aplicao - 11 R$ 18,93 - R$ 208,23 Custo Total - - - - - R$ 1.189,69

    Fonte: Departamento Agrcola da empresa em estudo. (*) Valor da diria: R$ 11,83 + 60% de encargos = R$ 18,93

    Os valores para o plantio da cana-de-acar demonstrados aqui, referem-se ao plantio realizado pela usina, ou seja, so canas de propriedade da usina. Contudo, estas representam em mdia 60% de toda a cana moda na safra, sendo os outros 40% de fornecedores. Alguns fornecedores de cana-de-acar recebem da empresa uma ajuda para fazer o plantio da cana. Esta ajuda, por sua vez, pode ser em forma de produtos fertilizantes (adubo), herbicidas, defensivos ou mesmo ajuda financeira.

    No caso dos produtos, a empresa transforma as quantidades fornecidas em valores monetrios e juntamente com os valores financeiros, desconta dos fornecedores durante a safra, medida que os mesmos derem entrada na usina com as canas. No caso de ajuda com mquinas, so poucos os casos que a empresa cobra algo do fornecedor; no geral, as mquinas so fornecidas, porm, quando cobrados pagam apenas o leo diesel consumido pela mquina para a realizao do servio. Na safra 2005/06, os valores para ajuda aos fornecedores foram superiores a R$ 3.000.000,00, divididos entre ajuda financeira e produtos ofertados.

    Relato das fases do processo produtivo da empresa

    Na safra 2005/06, a empresa em estudo processou um total de 707.901ton de cana-de-acar; destas 397.622ton foram de cana prpria e 310.279ton de fornecedor, o que d uma mdia de 56,17% de cana prpria e 43,83% de cana de fornecedor. Nesta mesma safra, a produo de lcool foi de 45.012m o que equivale a pouco mais de 45 milhes de litros de lcool. As fases de fabricao do lcool comeam com a chegada da cana usina como mostra a seqncia abaixo:

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    Recepo de Cana O incio do processo de fabricao do lcool comea com a chegada da cana

    indstria; neste momento pesada, para saber quantas toneladas esto seguindo para a moagem, e segue para o laboratrio de sacarose, onde so retiradas amostras para saber qual o teor de sacarose que a cana tem, isto , qual o percentual de acar. Em seguida ela segue para o ptio de cana onde retirada do caminho e fica at ser moda.

    Fonte: Pesquisa direta, 2006

    Moagem A cana que est no ptio segue para a mesa alimentadora que tem a funo de ficar

    alimentando o picador, onde a cana cortada em pedaos e em seguida vai para a esteira de cana picada que alimenta o desfibrador para a cana ser esmagada e desfibrada, deixando-a quase como um bagao. Aps desfibrada, segue para a esteira metlica, na qual so retirados quaisquer resduos de metais. Em seguida a cana passa por vrias moendas at ser retirado todo o caldo.

    Fonte: Pesquisa direta, 2006

    Fabricao de lcool Aps ter passado pela moagem, o que fica da cana o bagao e o caldo. O bagao

    segue para outros fins, como a gerao de energia, e o caldo segue para a fabricao de acar e lcool. No caso do lcool, o caldo passa por um tratamento e segue para a pr-fermentao, onde so misturados nutrientes e micro-nutrientes, indo em seguida para a garapeira onde se mistura o fermento (fermentao). Logo aps segue para as dornas de fermentao at chegar

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    ESTOQUE

    ltima dorna e se transformar todo o acar em lcool. Em seguida, na centrfuga, separado o fermento do vinho; o fermento volta para a pr-fermentao e o vinho segue para destilao, onde se separa o vinhoto (ou vinhaa) e o lcool j destilado. Aps a destilao o lcool resfriado e segue para os tanques de estocagem e o vinhoto vai para lavoura e serve como adubo. Fonte: Pesquisa direta, 2006

    TRATAMENTO DO CALDO

    PR-FERMENTAO

    GARAPEIRA (FERMENTAO)

    DORNAS DE FERMENTAO

    CENTRFUGA Fermento

    Vinho

    DESTILAO LAVOURA Vinhoto

    lcool

    No processo de fabricao de lcool na empresa, no h como dizer o quanto de cana foi processado para se produzir lcool, visto que a cultura da cana-de-acar no se destina unicamente produo alcooleira. Desta forma, quando comea o processo de moagem da cana ela ir servir tanto para a produo de lcool, como para a produo aucareira. No final do processo de moagem que o caldo da cana segue para a fbrica de lcool ou acar. Evidenciao dos custos da empresa estudada

    De acordo com o controller do grupo, a empresa separa os seus custos em fixos e variveis, diretos e indiretos. Mas, todos eles so apropriados ao produto, caracterizando, assim, o mtodo de custeio por absoro que tem como princpio, a apropriao de todos os custos ao produto. A empresa considera a apurao dos custos importante para a tomada de deciso, o que se confirma com a aquisio do novo software em 2005 que tem um controle gerencial totalmente voltado para o setor sucroalcooleiro. Com base nas informaes geradas pelo sistema, que alimentado diariamente seja pela parte agrcola ou de produo, a empresa toma decises como a formao do preo de venda dos produtos.

    Um fato que chama a ateno, que a empresa, por produzir derivados da cana como: acar (VHP e cristal), lcool (anidro, hidratado, carburante e ne elao; observa o mercado e o custo de produo de cada a formar o preo de venda e optar pela maior produo ou no de determinado o , se um determinado produto estiver com o preo satisfatrio para a comerciapara aumentar o faturamento e, conseqende observar esta situao mercadolgica,desse produto, ou seja, a empresa observproduto para se ter mais lucratividade ocustos esto altos e no vantajoso. Esteutiliza de ferramentas gerenciais para dirproduo e o mercado.

    Outro critrio interessante utilizarealiza todo o processo de plantio e colhecomparativo com outras usinas. A indstproduto parproduto. Ist

    lizao, a opo seria prtemente o lucro da empre analisa o quanto vai cua se realmente vivel au se melhor no aume tipo de deciso mostra quecionar a sua produo, d

    do por ela, que o depita da cana, forma um preria recebe esta cana comoutro) e mos

    stu

    nee

    ar duzir mais deste produto a. Porm, a empresa alm ar para ela produzir mais mentar a produo desse

    tar a produo porque os a empresa pesquisada se acordo com os custos de

    tamento agrcola quando o de venda, para servir de sendo de terceiros, porm

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    a um custo mais baixo j que no h margem de lucro. como se a indstria comprasse a cana ao departamento agrcola, porm no h pagamento; na realidade, o valor que deveria ser pago entra como custo de produo tambm. A inteno principal deste critrio adotado de saber quanto est custando o processo de plantio e colheita para comparar e gerenciar os custos gerados.

    No que diz respeito estocagem do lcool, o produto tem variaes de tempo nos tanques da empresa. Segundo o controller do grupo, depende muito do mercado e da estratgia de venda adotada na safra. Caso o mercado esteja aquecido, o tempo de armazenamento mdio nos tanques de lcool de um dia, ou, dependendo da estratgia adotada, a empresa pode segurar estoque aguardando melhores preos. Ou seja, com o mercado aquecido h muita oferta e pouca demanda, conseqentemente, os preos iro estar em baixa. Se o produto for para exportao, ele estocado at fechar um navio, porm a venda j est acertada. No final da safra a produo segue a todo vapor, com a inteno de deixar os tanques abastecidos para o perodo de entressafra, onde a oferta diminui e o preo do lcool aumenta. Contudo, o controller afirma que em condies normais de mercado o tempo mximo de estocagem do lcool seria de uma semana.

    A empresa pesquisada, ao contrrio do que muitos autores dizem ser errado ou inapropriado, utiliza o mtodo de custeio por absoro para tomar as decises gerenciais acima citadas. Segundo diversos autores, o mtodo de custeio por absoro invivel para fins gerenciais porque apropria os custos fixos ao produto, os quais sempre iro existir independentes do volume produzido. Para eles, o mtodo de custeio varivel o mais apropriado, pois consideram os custos fixos como despesas do perodo, facilitando, assim, a tomada de deciso. Indo de encontro ao que diversos autores afirmam, a empresa tem demonstrado com o passar dos anos que possvel se utilizar do mtodo de custeio por absoro para tomada de deciso, desde que atenda s perspectivas da empresa. A comprovao disso o crescimento que a empresa vem tendo a cada ano que se passa, encontrando-se hoje como a maior produtora de lcool do Estado de Pernambuco com perspectiva de produzir mais de 50 milhes de litros de lcool na safra 2006/07.

    12 Consideraes finais A empresa estudada uma unidade de tradio no mercado sucroalcooleiro, seu

    destaque no processo de industrializao de lcool reconhecido por indstrias e empresas ligadas ao setor. No estudo feito, verificou-se que a empresa tem investido em diversas reas da organizao. A contratao de um profissional para implantar o setor de Recursos Humanos (RH) mostra a preocupao da organizao com o seu crescimento estrutural, o que facilita o fluxo de informaes entre os setores com a implantao de um organograma de atividades. Neste sentido, a implantao de um sistema de informaes ERP (Sistema Integrado de Gesto), realizada no grupo, trouxe a interatividade entre as empresas, facilitando a gesto do grupo.

    O sistema trouxe tambm facilidades no controle de custos da empresa; no plantio, o departamento agrcola apura os custos realizados em todo o processo, formando um preo de venda que serve de comparativo com outras usinas. Atravs dessa informao, possvel controlar o custo de plantao da cana e informar parte industrial da empresa, qual o custo real do plantio. O produto segue para fabricao dos derivados da cana e os custos agora so todos da parte produtiva, desde a entrada da cana at o produto final. No caso estudado, o produto final o lcool, que tem ganhado destaque em sua comercializao no sculo XXI, com a fabricao dos carros flex fuel (bicombustveis).

    Na apurao dos custos de fabricao da empresa, o fato da cana produzir mais de um produto, tendo parte do processo produtivo comum a todos, traz facilidades para a mesma. Com essa versatilidade da cana-de-acar, os gestores podem direcionar sua fabricao para

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    determinado produto, ou seja, os gestores podem aumentar ou diminuir a quantidade produzida do produto A ou B. Com a inteno de aumentar a margem de lucro da empresa, os gestores observam o mercado e o custo de fabricao do produto; esta anlise feita com a finalidade de identificar se no ir custar mais produzir determinado produto, caso seja confirmado, a produo continua em ritmo normal, porm se for o contrrio h o aumento de produo em busca de maior lucratividade para a empresa.

    Na produo alcooleira, a empresa tem um tempo curto de estocagem do produto, porm, h variaes de tempo de acordo com as necessidades da empresa e estratgias de vendas para a safra. Quando a oferta de lcool est grande no mercado e a tendncia que os preos caiam, a empresa pode vender mais para no ter prejuzo ou segurar estoque esperando que os preos aumentem e se obtenha maior lucro. No caso das exportaes, o lcool fica nos tanques de estocagem at que seja fechado um navio, estando o produto j vendido. Quando se aproxima o fim da safra, a empresa aumenta sua produo para que no perodo de entressafra esteja com lcool para vender e dar continuidade ao processo de plantio e manuteno da mesma.

    A apurao dos custos da empresa, para tomada de deciso, feita pelo mtodo de custeio por absoro, o que vai de encontro colocaes de muitos estudiosos na rea de custos, pois o custeio por absoro apropria os custos fixos ao produto, o que pode gerar um resultado no muito interessante para fins gerenciais. No entanto, o crescimento da empresa em estudo a cada ano tem demonstrado algo diferente, sendo a maior empresa do grupo, ela encontra-se hoje como uma das quatro maiores indstrias de cana-de-acar da zona-da-mata sul, localizada no maior plo de fabricao de cachaa do Nordeste e sendo a maior produtora de lcool combustvel do Estado de Pernambuco. Com isso, a empresa mostra que o mtodo de custeio por absoro pode ser utilizado para fins gerenciais, desde que atenda s perspectivas da organizao

    13 Referncias Bibliogrficas ANSELMI, Renato. JB conquista prmio devido eficincia na produo de lcool. Disponvel em: < http://www.procana.com.br/conteudo/noticia.asp?area=Producao&secao=Exclusivas&id_materia=19201 > Acesso em: 20 nov. 2006. BNDES. Setor sucroalcooleiro: acar. Informe setorial, n. 4, [s.l.], 5 de out. 1995, p. 1-5. Disponvel em: < http://www.bndes.gov.br/conhecimento/setorial/gs1_05.pdf > Acesso em: 11 nov. 2006. _______________ Setor sucroalcooleiro: lcool. Informe setorial, n. 5, [s.l.], 18 de out. 1995, p. 1-5. Disponvel em: < http://www.bndes.gov.br/conhecimento/setorial/gs1_05.pdf > Acesso em: 11 nov. 2006. BORNIA, Antnio Cezar. Anlise gerencial de custos em empresas modernas. Porto Alegre: Bookman, 2002. CALLADO, Antnio Andr Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo. Custos industriais: um modelo de inferncia para custos parciais. Disponvel em: < http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/82C4C3B146F22E2F03257018004C7A25/$File/NT000A8D42.pdf > Acesso em: 25 jun. 2006. COGAN, Samuel. Custos e Preos: formao e anlise. So Paulo: Pioneira, 1999. FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Miniaurlio Sculo XXI Escolar: o minidicionrio da lngua portuguesa. 4a ed. rev. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. GARRISON, Ray H. ; NOREEN, Eric W. Contabilidade Gerencial. 9a. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.

  • QUALIT@S Revista Eletrnica.ISSN 1677-4280 V7.n.1. Ano 2008

    GIL, Antnio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4a ed. So Paulo: Atlas, 2002. HEERDT, Mauri Luiz. O projeto de pesquisa. Disponvel em: < http://inf.unisul.br/~ines/pccsi/O_PROJETO_DE_PESQUISA_2004B.doc > Acesso em: 18 abr. 2006. HEERDT, Mauri Luiz. O projeto de pesquisa. Disponvel em: < http://inf.unisul.br/~ines/pccsi/O_PROJETO_DE_PESQUISA_2004B.doc > Acesso em: 18 abr. 2006. LEONE, George Sebastio Guerra. Custos: planejamento, implantao e controle. 3a ed. So Paulo: Atlas, 2000. _______________ Dicionrio de Custos. So Paulo: Atlas, 2004. MACHADO, Fulvio de Barros Pinheiro. Brasil, a doce terra Histria do setor. Disponvel em: < http://www.jornalcana.com.br/Conteudo/HistoriadoSetor.asp > Acesso em: 25 jun. 2006. MAHER, Michael. Contabilidade de custos: criando valor para a administrao. So Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9a ed. So Paulo: Atlas, 2003. MICHEL, Maria Helena. Metodologia e pesquisa cientfica em cincias sociais. So Paulo: Atlas, 2005. SILVA, Antnio Carlos Ribeiro de. Metodologia da pesquisa aplicada contabilidade: orientaes de estudo, projetos, relatrios, monografias, dissertaes, teses. So Paulo: Atlas, 2003. WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade Gerencial. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

    1 Introduo3 Custeamento por ordem de produo4 Custeamento por processo5 Mtodos de Custeio6 Custeio por Absoro7 Custeio Varivel8 Custeio Baseado em Atividades (ABC)

    Perfil da empresa objeto de estudoVerificao dos custos para o plantio da matria-prima utiliRelato das fases do processo produtivo da empresaRecepo de CanaMoagemFabricao de lcool

    Evidenciao dos custos da empresa estudada12 Consideraes finais13 Referncias Bibliogrficas