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Consultoria e Serviços de Engenharia [email protected] - fone: (35) 3712-4175 - fax: (35) 3714-2349
Rua Guaicurus, 460 - Vila Togni - Poços de Caldas - M.G. cep:37 704 347
Aterramento X SPDA
É verdade que as Normas NBR-5410 e NBR-5419 recomendam
interconecção de todas as malhas de terra, mas isto não deve ser
seguido como uma regra plenamente definida e se houver
interligações, elas não podem ser feitas de qualquer jeito!
Não é uma verdade absoluta e vai em sentido contrário à
segurança dos modernos equipamentos eletrônicos.
Para iniciar uma compreensão destes conflitos, deve-se observar
que estas normas foram colocadas com o pensamento em
equipamentos elétricos robustos, tais como motores,
eletrodomésticos, instalações industriais de potência, etc...
Porém, há alguns aspectos mais detalhados e outras visões, aos
quais resumiremos aqui.
A norma NBR-5419, desde sua versão anterior, de 1993, traz
alguns erros conceituais graves que foram inclusive reclamados
em diversas instâncias, anterior e posteriormente à sua
atualização em 2000 (veja Revista Eletricidade Moderna de
jan/2000 e outras que se seguiram, protestando contra tais
falhas conceituais).
Portanto, discussões sobre aterramento elétrico nos trás alguma
preocupação, pois este tema não permite
generalizações ou soluções padrões superficiais, pelas mesmas
razões porque este tema se torna de difícil normatização.
Repare que toda vêz que se fala de aterramenro ou SPDA, a NR-
10 aceita qualquer norma internacional e principalmente a
justificativa do responsável pelo projeto.
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Então, vejamos:
O principal erro conceitual refere-se à equalização de potencial
durante uma descarga atmosférica!
No universo de fenômenos associados às descargas atmosféricas,
que são transitórios extremamente rápidos onde os
comprimentos de onda são de poucos centímetros, a teoria é um
pouco diferente do conceito eletrotécnico empregado no
universo de baixas freqüências (50, 60 Hz, etc), onde os
comprimentos de onda são de milhares de quilômetros, o que faz
com que os pontos de um circuito de dimensões físicas muito
grandes se apresentem "num mesmo ponto da senoide".
No ambiente dos transitórios extremamente rápidos:
1. Não há garantia de manutenção do valor das
indutâncias ou das capacitâncias, uma vez que tudo
depende da forma dos campos elétricos e magnéticos que
neste caso não se distribuem homogeneamente,
2. Não há garantia de equalização de potenciais elétricos,
senão após uma série de tempos de propagações e reflexões,
que de fato, trariam a equalização final de tensões, não
fossem os diversos e diferentes pontos de escoamento da
energia para a terra,
3. O conceito de resistência de terra e a fixação de valores
máximos não tem sentido, pois a "impedância de surto" dos
eletrodos de aterramento, é que rege seu comportamento,
4. Na verdade, o conceito de impedância, típico de
grandezas senoidais, não é aplicável neste ambiente, tanto
que aqui se introduz o conceito de "impedância de surto".
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Então quais são as implicações de se interligar os ter-ras de para-raios atmosféricos com terra de sistemas elétricos numa instalação?
Um equipamento eletrônico pode interligar-se com
o meio externo de 4 maneiras.(Suas portas de entrada para
surtos):
- Entrada de suprimento,
- Canal de saída /entrada de sinais de comunicação
- Ponto de aterramento da carcaça,
- Antena de comunicação.
Lembremos do que foi dito:
Até que os potenciais entre todos os pontos ou partes do
sistema atingido sejam "mais ou menos equalizados" (fonte
de suprimento, dispositivo remoto ligado ao canal de sinal,
etc.), ou seja, atinjam potenciais próximos, os equipamentos
eletrônicos ficam sujeitos a diferenças de potencial,
podendo-se ter surtos, por exemplo, que
produzam arcos elétricos que "saltam" da carcaça para a
placa, queimando assim todos os componentes, desde que o
potencial do ponto de aterramento da carcaça atinja valores
muito mais elevados que o potencial de referência do
sistema de suprimento. Nestas condições, há que se
considerar a suportabilidade quanto aos surtos, principalmente lidando-se com equipamentos eletrônicos, que é descrita pela CURVA CBEMA – (Computer and Business Equipment Manufacturers
Association).
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Normalmente os fabricantes exigem aterramentos
independentes, tentando fugir de surtos transferidos por
um terra heterogêneo e composto de elementos díspares
quanto à robustez elétrica.
Mas na verdade, não se pode proteger equipamentos
eletrônicos através de aterramentos, mas sim através de
barreiras série, tais como os "shokes" ou "baloons" dos
cabos de monitores de computador, etc., além de
dispositivos supressores de surto (Zenner, centelhador a
gás, varistor, etc.).
Existe aqui um conflito entre o recomendado pelas normas
NBR-5410 e 5419, voltadas para equipamentos e sistemas
elétricos de potência, tais como motores, cabos, etc., que
são muito mais robustos [NBI (Nível Básico de Impulso)
muito elevado], e o que seria ideal para a integridade de
equipamentos eletrônicos, muito mais sensíveis.
Qual é, especificamente o seu problema, é a pergunta
principal a responder, antes de decidir entre unificar ou não
as malhas de terra em uma instalação.
Fizemos um breve resumo, para dizer finalmente:
Este problema exige o olhar de um engenheiro, que tenha visão abrangente do seu problema e também que compreenda que as vezes uma solução traz um compromisso com um aspecto, descobrindo outro. Não existe “receita de bolo” que resolva tudo.
Nossa maior “dor-de-cabeça” é que a NFPA 780 normatizou
a interligação entre os terras do sistema de potência e
SPDA.
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A NFPA (National Fire Protection Association) é o “livro de
cabeceira” das seguradoras e dos bombeiros. Portanto, é
uma “canseira” convencê-los que a NR-10 acata a
justificativa e a decisão do Engenheiro projetista de
interligá-los ou não.
10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema
de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação
entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra
das partes condutoras não destinadas à condução da
eletricidade.
Caso se esgote todo seu repertório de persuasão, em vão, só
lhe resta um recurso (que não é 100% garantido, mas,
teoricamente minimiza o problema):
1. Faça um documento eximindo-o de responsabilidade de
qualquer dano ou lucro cessante causado pela
interligação dos terras de SPDA com o sistema elétrico de
potência. Neste documento, pegue nome, cargo e
assinatura de quem fez a exigência;
2. Projete e monte seu sistema SPDA tipo “gaiola de
Faraday” classe I, por área (ou prédio);
3. Mamtenha as malhas de terra dos SPDAs,
independentes da malha de terra do sistema de potência
da planta;
4. Em cada área (ou prédio), encontre o ponto de terra
(haste) do sistema SPDA local, mais próximo do TAP
(Terminal de Aterramento Principal) do sistema de
potência da área;
5. A um metro deste ponto (e na direção do TAP), instale
outra haste de terra que denominaremos TAL(spda)
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(Terminal de Aterramento Local do SPDA) e entre elas,
seguindo a teoria da MTR (Malha de terra Referencial).
instale, em uma caixa, uma placa metálica, que
funcionará como “suppressor” de surtos de alta
frequência;
6. Embora não exista garantia total, o TAL(spda),
teóricamente, não deverá transmitir surtos de alta
frequência ao sistema, portanto, ele e só ele, poderá ser
interligado ao TAP, equalizando os barramentos de terra;
Obs.: Faça as conecções até o TAL(spda) concordantes e
com curvas de raio longo.A partir dele, faça as curvas em
90 graus.
7. Proteja seus equipamentos sensíveis utilizando o
sistema MTR.
Obs.: A construção das M.T.R., é baseada nas pesquisas de
condução de sinais de alta freqüência em cabos
condutores (linhas físicas de transmissão de dados),
onde se estabeleceu que “se o comprimento do
condutor for muito menor que o comprimento de onda
do sinal transmitido (de 1/10 a 1/20), então a
diferença de potencial estabelecida entre as
extremidades do condutor é praticamente desprezível”.
Para um sinal de 60MHz, um vigésimo do seu comprimento
de onda equivale cerca de 30cm.
Portanto, se for construída uma malha de condutores
espaçados entre si com esta distância e interconectados nos
seus cruzamentos, será criado um grande número de
circuitos paralelos de baixa impedância, que funcionarão
praticamente como curto-circuito para o espectro de
freqüências desde 60Hz (freqüência industrial)
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até 60MHz.
Pode-se perceber, por extensão, que uma “chapa metálica”
equalizaria qualquer freqüência por mais elevada que fosse,
uma vez que seria nulo o espaçamento entre condutores.
O condutor ideal para altas freqüências é a “fita”. Logo, a
M.T.R. deve, em princípio, ser executada e interligada com
estes condutores.
Fluidos inflamáveis, normalmente são dielétricos, portanto
passíveis de se eletrizarem estaticamente pelo seu atrito
com as linhas, bombas e equipamentos, durante o seu
manuseio. Por este motivo recomenda-se que todo o
sistema, linhas, bombas, equipamentos e tanques (inclusive
os de transporte), estejam no mesmo potencial elétrico e
firmemente aterrados, com uma resistência o menor
possível para terra, e que seja testada a cada 2 anos. Afinal,
combustíveis acima de seu ponto de fulgor podem ser
considerados como explosivos.
Do aterramento deve constar:
Ponto para o firme aterramento do caminhão, em sua
carga ou descarga;
Pontes elétricas através de elementos de linhas e
flanges;
Aterramentos visíveis e independentes de motores,
bombas e equipamentos;
Se os motores forem aterrados internamente pela caixa
borne, isto deve estar indicado no campo;
Todos os tanques devem ser visivelmente aterrados;
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As linhas devem ser firme e visivelmente aterradas a
cada 50 m, no mínimo;
Leitos de cabos e estruturas metálicas não são
considerados aterramentos;
Nenhum condutor da malha de terra deve ser isolado
ou passar por eletrodutos metálicos.
Proteção contra descargas atmosféricas para os tanques:
Normalmente os tanques são erguidos em locais isolados e
são os pontos mais altos de sua região. Como são
firmemente aterrados, transformam-se em “Para-raios”
preferencias.
Por isto, recomenda-se que sua proteção contra descargas
atmosféricas seja feita por uma malha de cabos estáticos,
com as seguintes características:
Esteja a pelo menos quatro metros acima do ponto
mais alto do tanque;
Que todo o tanque esteja compreendido dentro do cone
formado por um ângulo de 30º tomado a partir da
vertical da extremidade mais próxima da malha;
Que o aterramento da proteção seja melhor ou igual ao
terra do sistema de potência;
Se for interligá-lo à malha de terra da planta, use o
mesmo critério acima descrito.
PFCP