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12º CONGRESSO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES 12º CON G RE S SO LEVANTAR AS BANDEIRAS DE LUTA E FORTALECER A ORGANIZAÇÃO SINDICAL DA AGRICULTURA FAMILIAR CENTRO DE CONVENÇÕES ULYSSES GUIMARÃES - BRASÍLIA(DF) 13 A 17 DE MARÇO DE 2017 DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS

12º CONGRESSO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS ... · mento de alguns países do Cone Sul com as grandes potências capitalistas e o conse- ... maior protagonismo dos países emergentes

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12º CONGRESSO NACIONAL DOS TRABALHADORES

RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES

12º CONGRESSO

LEVANTAR AS BANDEIRAS DE LUTA E FORTALECER A ORGANIZAÇÃO SINDICAL DA AGRICULTURA FAMILIAR

CENTRO DE CONVENÇÕES ULYSSES GUIMARÃES - BRASÍLIA(DF)13 A 17 DE MARÇO DE 2017

DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS

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DIRETORIA EXECUTIVA DA CONTAGGESTÃO 2013 - 2017

Alberto Ercílio BrochPresidente

Willian Clementino da Silva MatiasVice-presidente e secretário de Relações Internacionais

Dorenice Flor da CruzSecretária Geral

Aristides Veras dos SantosSecretário de Finanças e Administração

Zenildo Pereira XavierSecretário de Política Agrária

David Wylkerson Rodrigues de SouzaSecretário de Política Agrícola

Elias D’Angelo BorgesSecretário de Assalariados e Assalariadas Rurais

Antoninho RovarisSecretário de Meio Ambiente

José Wilson Sousa GonçalvesSecretário de Políticas Sociais

Juraci Moreira SoutoSecretário de Formação e Organização Sindical

Alessandra da Costa LunasSecretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais

Maria José Morais da CostaSecretária de Jovens Trabalhadores(as) Rurais

Maria Lucia Santos de MouraSecretária de Trabalhadores(as) Rurais da Terceira Idade

Conselho Fiscal Efetivo Marcos Júnior Brambilla

Rilda Maria Alves Jesuíno Elias David Souza

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SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO ..................................................................................................................4

DOCUMENTO BASE ..............................................................................................................5

Conjuntura Internacional ...................................................................................................5

Conjuntura Nacional ...........................................................................................................8

Cenários do Desenvolvimento Rural Brasileiro ................................................................15

• Contexto do modelo de desenvolvimento agrícola e agrário ................................................ 15

• Desenvolvimento da agricultura familiar ........................................................................... 18

• Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS): uma proposta de desenvolvimento do MSTTR para o campo brasileiro ................................... 21

• Contribuição das políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável e solidário ........ 23

• Desafios da prática sindical para a consolidação do PADRSS ............................................... 25

• Política Nacional de Formação (PNF) do MSTTR como estratégia de consolidação do PADRSS ...... 26

• Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC) e a Política Nacional de Formação (PNF) .....29

• Financiamento da Política de Formação.............................................................................. 30

• A contribuição da Política Nacional de Formação para a gestão e organicidade do MSTTR ...... 31

Organização e Estrutura Sindical .....................................................................................32

• Antecedentes do processo de dissociação da categoria trabalhadora rural ............................ 32

• Representação e Representatividade Sindical .................................................................... 34

• Representação e Representatividade da Agricultura Familiar ............................................... 35

• Organicidade do Sistema Confederativo CONTAG .............................................................. 40

• Sustentabilidade Político-Financeira: fortalecimento da ação e prática sindical e da organização e estrutura sindical ......................................................................................... 44

• Democracia Interna e Participação dos Sujeitos ................................................................. 49

Comissões Temáticas ........................................................................................................54

• Grupo 1 – Reforma Agrária – Acesso à Terra, Território e aos Bens Comuns ......................... 54

• Grupo 2 – Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Agroecologia e Meio Ambiente ..... 58

• Grupo 3 – Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar ......................................... 63

• Grupo 4 – Agricultura Familiar e Relações de Trabalho ....................................................... 70

• Grupo 5 – Políticas Públicas de Proteção Social da Agricultura Familiar ................................. 75

• Grupo 6 – Luta e Organização das Mulheres do Campo, das Florestas e das Águas por uma sociedade mais justa e igualitária ................................................................................ 84

• Grupo 7 – Organização e Luta da Juventude Trabalhadora Rural ......................................... 91

• Grupo 8 – Organização e Luta dos Agricultores e Agricultoras Familiares da Terceira Idade e Idosas e Idosos ..................................................................................................... 96

• Grupo 9 – Formação Político-Sindical ................................................................................ 99

• Grupo 10 – Comunicação Popular para chegar à base .......................................................104

PLANO DE LUTAS ............................................................................................................107

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

APRESENTAÇÃO

Esta publicação é o Documento Base do 12º Congresso Nacional dos Tra-balhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (12º CNTTR), construído a partir dos debates realizados nas 79 Plenárias no período de

outubro de 2016 a janeiro de 2017, que ocorreram nos estados, regionais, mi-crorregionais e pólos sindicais, e que contaram com a participação de milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o País.

O Documento Base é o principal subsídio para o debate e deliberação do 12º CNTTR. Ele está organizado por temas centrais, trazendo, inicialmente, as conjunturas internacional e nacional, seguido dos Cenários do Desenvolvimento Rural Brasileiro, a Organização e Estrutura Sindical e o Plano de Lutas, que serão debatidos por todos os delegados e delegadas do Congresso. Traz, também, dez temas distintos que serão tratados separadamente pelas Comissões Temáticas.

As alterações do texto do Documento Base, após o debate nas Comissões Te-máticas, serão apreciadas e votadas no Plenário maior do 12º CNTTR, passando a ser os princípios, diretrizes e plano de lutas que orientarão a organização e as ações das entidades que formam o Movimento Sindical de Trabalhadores e Tra-balhadoras Rurais (MSTTR) para os próximos quatro anos.

Nesses 53 anos de história e lutas da CONTAG, o 12º CNTTR acontece em um momento desafiador para a classe trabalhadora no geral, em especial para os tra-balhadores e trabalhadoras rurais, com um cenário de retrocessos nas políticas sociais e de retirada de direitos. Neste sentido, os delegados e as delegadas do 12º Congresso da CONTAG devem aproveitar o momento para fazer um profundo debate sobre esse cenário e deliberar sobre a atuação do MSTTR na luta pela ma-nutenção dos nossos direitos e pelo fortalecimento da democracia no nosso País.

O 12º CNTTR acontece com a dissociação consolidada. Portanto, sem a partici-pação dos assalariados e assalariadas rurais, com o propósito de deliberar sobre os princípios e diretrizes da representação e representatividade dos agricultores e agricultoras familiares. Também conta com uma grande inovação: a imple-mentação da paridade de gênero na participação de delegados e delegadas e na composição da nova Diretoria, Conselho Fiscal e suplências da CONTAG para a gestão 2017-2021.

Desejamos a todas e a todos muita sabedoria para realizarmos um debate democrático e transparente, capaz de apontar e aprovar boas resoluções para o conjunto das entidades do MSTTR. Pois, somente assim, vamos avançar no fortalecimento da democracia interna e no cumprimento das deliberações deste Congresso por todas as instâncias que compõem o Movimento Sindical de Tra-balhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares.

BOM CONGRESSO

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DOCUMENTO BASE

12º CNTTR - Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares

CONJUNTURA INTERNACIONAL

1. No sistema capitalista, os países atuam em uma relação de interdependência e su-bordinação sendo que sua importância no cenário internacional varia de acordo com o poder político, econômico e tecnológico que possuem. Historicamente, aos países lati-no-americanos, africanos e aos países do Sul da Ásia é reservado o papel de fornecedor de matéria-prima e mão de obra barata para os países do Norte, principalmente EUA, Europa e Japão.

2. A eclosão da crise financeira e econômica internacional, anunciada em 2008, revelou a fragilidade do sistema capitalista que também se expressa na crise ambiental, social e civilizatória. Os monopólios capitalistas controlam a produção mundial de quase tudo que é necessário à sobrevivência (alimentos, energia, abrigo, entre outros). Ao mesmo tempo, moldam o comportamento e produzem cultura submetendo a vida de todos ao capital e às necessidades do mercado.

Emenda Supressiva Suprimir após “civilizatória” o texto: Os monopólios capitalis-tas controlam a produção mundial de quase tudo que é necessário à sobrevivência (alimentos, energia, abrigo, entre outros). Ao mes-mo tempo, moldam o comportamento e produzem cultura subme-tendo a vida de todos ao capital e às necessidades do mercado.

Novo item A crise econômica e financeira desencadeada pela “bolha” imobi-liária dos Estados Unidos em 2008 afetou a maioria dos países. Os reflexos dessa crise continuam gerando instabilidade econômica e política não só nos países europeus, mas também atingindo países da África, Ásia, América Latina e Caribe, inclusive o Brasil.

3. O avanço do neoliberalismo e a tomada do poder pela direita pela via eleitoral, ou pelo golpe às democracias em diversos países, a exemplo do Brasil, representam amea-ças às conquistas sociais, econômicas e de cooperação entre as organizações obtidas de forma democrática.

Emenda Supressiva 01 O avanço do neoliberalismo e a tomada do poder pela direita pela via eleitoral, ou pelo golpe às democracias em diver-sos países, temos como exemplo o Brasil, que representam ameaças às conquistas sociais, econômicas e de cooperação entre as organizações obtidas de forma democrática.

Emenda Supressiva 02 Suprimir o texto: “e a tomada do poder pela direita pela via eleitoral ou pelo golpe às democracias em diversos países, a exemplo do Brasil”.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

4. O fortalecimento das políticas liberais fragilizam e colocam em risco os sistemas de integração regional ao desmontar as políticas de fortalecimento e proteção aos se-tores vulneráveis com a retirada de direitos sociais. Além disso, há a criminalização dos movimentos sociais que participam da construção de políticas públicas; fragilização do acesso a serviços e bens de consumo da população mais pobre; concentração e a mer-cantilização dos meios de produção por meio do domínio do capital privado.

5. Nos últimos anos vem ocorrendo um processo de ascensão da direita no poder na América do Sul. Ocorreu no Paraguai, Argentina e no Brasil com o recente golpe político. Na Venezuela, a direita cresceu e vem impondo forte oposição gerando a crise política e econômica atual, cujos reflexos se estendem no Mercado Comum do Sul (Mercosul) e na União de Ações Sul-Americanas (Unasul). O que se percebe é o crescente realinha-mento de alguns países do Cone Sul com as grandes potências capitalistas e o conse-quente enfraquecimento da integração latino-americana com os parceiros do Sul.

Emenda Supressiva Suprimir o texto: “Ocorreu no Paraguai, Argentina e no Brasil com o recente golpe político. Na Venezuela, a direita cresceu e vem impondo forte oposição gerando a crise política e econô-mica atual, cujos reflexos se estendem no Mercado Comum do Sul (Mercosul) e na União de Ações Sul-Americanas (Unasul).”

Emenda Substitutiva Substituir a expressão: “com o recente golpe político” por: “com o recente impeachment da presidente Dilma”.

Emenda Aditiva Acrescentar após “América do Sul” a seguinte frase: “São go-vernos ultraliberais pautados pelo entreguismo, privatismo e su-bordinação incondicional aos interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos.”

6. Do ponto de vista da agenda da cooperação internacional, especialmente nos Governos Lula e Dilma, o Brasil estabeleceu as seguintes prioridades: superação da crise financeira global; maior protagonismo dos países emergentes na economia global; Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM); cumprimento de metas da sustentabi-lidade ambiental e mudanças climáticas; e combate à fome. Nesse aspecto, fortaleceu o Mercosul, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Unasul e consolidou parcerias com os principais países emergentes, como a China, Rússia, Índia e África do Sul, que resultou na criação do Bloco Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

7. Boa parte da expansão da cooperação brasileira se deu em torno da questão da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN), assentada em demandas, pro-jetos e iniciativas oriundas de espaços de integração onde se propõe e se constroem políticas públicas para a agricultura familiar, camponesa, indígena e quilombola, nas quais se destaca a agricultura familiar brasileira, o que contribuiu para que o Brasil se destacasse no cenário internacional, inclusive com o reconhecimento das Nações Unidas.

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Emenda Aditiva 01 Incluir no final: No entanto, paradoxalmente, a política interna-cional brasileira, voltada à constituição de empresas nacionais em grandes players globais nas áreas de infraestrutura e produção de commodities (grãos e agrocombustíveis), incentivou a apropriação de terras em larga escala e engendrou conflitos sociais e ambien-tais em países da África e da América Latina, contribuindo para o desencadeamento de um novo fenômeno que é a aquisição de terras por grandes empresas.

8. Neste cenário, houve o fortalecimento de espaços e iniciativas de articulação da agri-cultura familiar, como: Reunião Especializada sobre a Agricultura Familiar do Mercosul Ampliado (Reaf); criação de diretrizes regionais para agricultura familiar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); Década da Agricultura Familiar (AIAF+10); Comitê de Planificação Internacional do Mecanismo da Sociedade Civil do Conselho Mundial de Segurança Alimentar das Nações Unidas; e Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Dentre os legados desses espaços e iniciativas, des-tacam-se a criação de comitês do Ano Internacional da Agricultura Familiar em mais de 50 países e uma série de articulações e ações de fortalecimento da agricultura familiar com governos, universidades, organismos internacionais e movimentos sociais.

9. A CONTAG tem sido protagonista nesse processo e tem atuado nesses espaços e iniciativas regionais com o objetivo de monitorar, fortalecer e incidir na agenda da agricultura familiar, exercendo pressão em rede sobre os Estados e o agronegócio na região. Entretanto, é necessário ampliar a autonomia das organizações da sociedade civil por meio do fortalecimento de mecanismos mais consistentes de financiamento e participação social.

10. Nesse sentido, é fundamental estabelecer uma agenda internacional de contraponto às ameaças em curso. O Plano de Ação para a Segurança Alimentar e Erradicação da Fome e da Pobreza, formulado pela Celac, em 2015, apresenta eixos estratégicos que vão nessa direção e tem como foco o fortalecimento da agricultura familiar, o trabalho decente, a educação pública, a valorização da cultura local e o diálogo entre as culturas, migrações, meio ambiente, energia, cooperação, desenvolvimento produtivo e agroindustrial.

11. Na mesma linha, o Programa de Cooperação Internacional Brasil/FAO, assinado em 2008, tem em suas diretrizes a promoção do desenvolvimento rural sustentável da agri-cultura familiar e da segurança alimentar, como iniciativa de promover a América Latina e Caribe Sem Fome. As atividades e projetos incluem alimentação escolar, cooperação hu-manitária, compras públicas, fortalecimento da sociedade civil, políticas agroambientais, segurança alimentar e ativação de serviços da Rede de Aquicultura das Américas.

12. Diante deste contexto, a CONTAG, com o apoio dos movimentos sociais dos países parceiros, deve seguir pautando avanços na agenda internacional nos principais espa-ços de integração regional e exercer pressão com o objetivo de fortalecer o papel da agricultura familiar na garantia da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

13. Deve também ampliar e fortalecer as relações de alianças e parcerias com orga-nizações e instituições não governamentais, sindicais e instituições de ensino e pes-quisa, buscando a cooperação técnica e a solidariedade na construção e implantação de políticas públicas articuladas nos níveis nacional e internacional, visando melhorar as condições de trabalho e vida das populações mais fragilizadas do campo, da flo-resta e das águas.

14. Destacam-se que, neste cenário, a Confederação de Organizações dos Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam) e a União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (Uita), das quais a CONTAG é filiada e são organizações estratégicas para fortalecer uma plataforma regional de articulação em defesa de políticas públicas para a agricultura familiar.

Emenda Supressiva Suprimir a seguinte frase: “das quais a CONTAG é filiada e são organizações estratégicas”

Novo item A eleição de Donald Trump anuncia riscos e gera apreensões ao prever mudanças profundas nas relações internacionais do ponto de vista político, social, econômico e humanitário que devem afetar a maioria dos países do mundo. Exemplos de ações como a disputa econômica com a China, a construção do muro na fronteira entre Estados Unidos e México, impedimento da entrada de refugiados e populações de alguns países nos EUA, além de ameaçar retroceder nas relações entre EUA e Cuba e adotar medidas internas de cunho ultraconservador, indicam que poderá haver a intensificação dos conflitos entre os povos, agravamento da crise política, ambiental e econômica e ascensão de ideias racistas, machistas, homofóbi-cas acirrando a intolerância entre as pessoas.

CONJUNTURA NACIONAL

15. A CONTAG, na sua trajetória de 53 anos de luta em defesa da categoria trabalha-dora rural, enfrentou e superou, por diversas vezes, profundas crises políticas e eco-nômicas, com momentos trágicos e agudos que desafiaram as entidades sindicais a to-marem posições políticas difíceis perante o Estado, governos e a sociedade. Entretanto, as posições tomadas pela CONTAG sempre representaram o sentimento da maioria das suas Federações filiadas na resistência e em defesa da democracia, da liberdade e da justiça social, na garantia dos direitos da categoria trabalhadora rural e na construção de políticas públicas específicas capazes de promover o desenvolvimento rural susten-tável, a geração de trabalho e renda e, sobretudo, o bem-estar social, econômico e cul-tural dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, evidenciando que a maioria destas é resultante das lutas e mobilizações do MSTTR.

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16. O Brasil no contexto mundial é um país em via de desenvolvimento, sendo uma das dez maiores economias do planeta. A sua trajetória histórica, não diferente de outros países, passou por diversas crises políticas e econômicas estruturantes. Muitos dos impactos negativos sentidos pela sociedade e, principalmente, pelos trabalhadores e trabalhadoras, foram em momentos em que ocorriam disputas políticas internas que afetavam a economia. E, da mesma forma, as crises políticas e econômicas externas, especialmente nos países em que o Brasil era dependente nas relações comerciais, afe-taram em menor ou maior grau a economia brasileira.

17. A crise econômica e financeira desencadeada pela “bolha” imobiliária dos Estados Unidos em 2008 afetou a maioria dos países desenvolvidos ou em via de desenvolvi-mento. Os reflexos dessa crise continuam gerando instabilidade econômica e política não só nos países europeus, mas também atingindo muitos países da África, Ásia, América Latina e Caribe, inclusive o Brasil. Isso ocorre na medida em que a lógica do capital financeiro de acumulação e especulação continua preservada a uma reduzida parcela da população, e com pouca regulação por parte dos Estados.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “Isso ocorre na medida em que a lógica do capital financeiro de acumulação e especulação continua pre-servada a uma reduzida parcela da população, e com pouca regulação por parte dos Estados.”

Por: A irresponsabilidade do capital especulativo gerou a crise e agora quer colocar o ônus para a classe trabalhadora e ficou evidente a necessidade de sua regulação por parte dos países ao invés de os governos assumirem os créditos “podres” e so-correr os bancos a custa de reduzir os investimentos sociais e retirar direitos.

18. No contexto brasileiro, é importante destacar que os detentores do capital financei-ro sempre mantiveram e mantêm íntima relação com o capital produtivo. Dessa forma, são atores da classe dominante que exercem forte e permanente pressão política so-bre o Estado e governos para controlar os mercados e os preços a fim de ampliar seus lucros, mesmo em momentos de crise da nossa economia, impedindo a realização de reformas estruturantes de interesse da sociedade.

19. A origem da atual crise política e econômica do Brasil está, em grande parte, na contrariedade dos interesses da classe dominante formada pelos detentores do capital financeiro e produtivo e por velhas oligarquias. Tradicionalmente, elas sempre apre-sentaram resistência em apoiar e defender governos ou projetos de inserção socioe-conômica por meio de programas sociais e políticas públicas que venham melhorar as condições de vida e trabalho das populações marginalizadas. Neste contexto de cres-cente disputa com a classe trabalhadora e com o governo de centro-esquerda, a classe dominante optou por ações promotoras da divisão e boicote a quaisquer iniciativas de mudanças que visem diminuir as condições estruturais geradoras da desigualdade.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

20. Nas eleições de 2014, a classe dominante jogou todas suas cartas para evitar a ree-leição e continuidade do projeto democrático e popular iniciado por Lula, aumentando a pressão e a disputa entre os dois projetos distintos de governo, deixando evidente a luta de classes que ampliou a divisão da sociedade brasileira. O sistema político-eleito-ral que possibilitava o financiamento empresarial de campanha criou as condições para que a classe dominante aumentasse o número de parlamentares de direita, elevando o perfil conservador do Congresso Nacional.

21. Esse sistema político-eleitoral, somado à fragilidade dos partidos políticos e suas alianças, permitiu o surgimento de um grande bloco conservador de parlamentares de diversos partidos capitaneado pelo ex-deputado Eduardo Cunha, envolvido em várias denúncias de corrupção. Este bloco passou a impor ao Governo Dilma uma oposição mais dura e algoz, vetando todas as iniciativas do Executivo e votando em projetos de leis e medidas que retrocedem e/ou extinguem políticas de Estado destinadas a ampa-rar, sobretudo, os mais pobres.

22. As constantes denúncias e a constatação de um esquema de corrupção dentro da Petrobrás potencializou a disputa da classe dominante no Congresso Nacional. Essa disputa, com apoio dos grandes veículos de comunicação e com atitudes sus-peitas como vazamentos seletivos e ilegais dos responsáveis pelas investigações de corrupção, contaminou a sociedade brasileira, afetou a credibilidade do Governo Dilma e gerou desconfiança nas instituições públicas, agravando a crise econômica e política no País.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “As constantes denúncias e a constatação de um esquema de corrupção dentro da Petrobrás”

Por: “A exaustiva publicização de antigos esquemas de corrup-ção dentro da Petrobrás, patrocinados pelas empreiteiras, com a participação de servidores da estatal e de agentes políticos de diversos partidos”

23. É preciso considerar a grave crise ética que atingiu todos os grandes partidos po-líticos brasileiros e seus métodos de financiamento de campanhas feitos por empresas com recursos não contabilizados. Essa crise, ainda em curso e sob investigação da “Operação Lava Jato”, foi a responsável pela prisão de grandes empresários das princi-pais empreiteiras no Brasil e de grandes expoentes partidários, depondo contra a credi-bilidade da classe política brasileira.

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Emenda Substitutiva Substituir o item pela seguinte frase: O Brasil contemporâ-neo vivencia uma grave crise política, econômica, moral, ética e jurídica. A corrupção tomou conta de algumas empresas esta-tais, como a Petrobrás. O poder Judiciário e o Ministério Público Federal (MPF) vêm se dedicando, supostamente, a combater a corrupção, especialmente quando se trata de pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT), embora os maiores envol-vidos nos esquemas de propina da Petrobrás e em outras em-presas estatais, como Furnas, são os caciques do PMDB e do PSDB, várias vezes delatados na “Operação Lava Jato”. Mas, ao que se percebe, para o juiz federal de primeira instância Sérgio Moro e para o MPF, capitaneado pelo procurador Deltan Dallag-nol, ambos da cidade de Curitiba/Paraná, só os políticos do PT e os empresários, exceto Eduardo Cunha do PMDB, vêm sendo processados, julgados e condenados. Por outro lado, a mídia conservadora brasileira, vinculada ao capital financeiro interna-cional, faz a sua parte, alienando a sociedade, convencendo-a de que o PT e o ex-presidente Lula são os grandes responsáveis pelos problemas que o País enfrenta atualmente.

Novo item Outro elemento a considerar no ano de 2016 foi o efetivo empo-deramento massacrante da grande mídia “Rede Globo”, que trans-formou e manipulou de forma devastadora as notícias acerca dos partidos de esquerda que lutaram e lutam em defesa dos direi-tos dos(as) trabalhadores(as), com um enfrentamento da direita, projeto neoliberal, contra o projeto popular dos Governos Lula e Dilma. O “golpe” fortalecido por uma emissora da burguesia que amplia, por meio de seus telejornais, programas e novelas, as cen-tenas e milhares de mentiras, contribuindo para a desmobilização da classe trabalhadora e o impeachment antidemocrático e ilegíti-mo da presidenta Dilma.

24. A agenda macroeconômica implantada pelo segundo mandato do Governo Dilma, na tentativa de realizar o ajuste fiscal sem seguir o programa pelo qual foi eleita, gerou forte reação da classe trabalhadora. Estes fatores foram utilizados pela oposição para desgastar o Governo e reduzir o apoio da base aliada no Congresso Nacional. Além disso, o Governo Federal, ao elevar o preço das tarifas dos serviços públicos, desencadeou o aumento da inflação e a elevação das taxas de juros, aumentando ainda mais a crise econômica.

Emenda Supressiva Suprimir a seguinte frase: “Além disso, o Governo Federal, ao elevar o preço das tarifas dos serviços públicos, desenca-deou o aumento da inflação e a elevação das taxas de juros, aumentando ainda mais a crise econômica.”

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

25. Esses fatores criaram as condições políticas para o PMDB e outros partidos, opor-tunistas de centro, e da base aliada romperem com o Governo e aprovarem o impea-chment da presidenta Dilma Rousseff. Este ato teve forte motivação política, uma vez que não houve comprovação de crime de responsabilidade, configurando-se um golpe contra a democracia. Isto ficou evidenciado com a decisão do Senado pela perda do mandato, mas com a manutenção dos direitos políticos da presidenta. Neste contexto, a maior prejudicada é a população mais vulnerável da sociedade.

Emenda Supressiva Suprimir a frase: “configurando-se um golpe contra a demo-cracia”.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do item a seguinte frase: “Acrescente-se a isso que o golpe tornou-se viável a partir dos apoios recebidos da grande mídia, em especial a Rede Globo de Televisão, que mo-bilizava os grandes atos e dava cobertura jornalística, à Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) que apoiou financei-ramente, e à setores do Judiciário, tanto pelo apoio aberto quanto pela omissão no cumprimento do seu papel enquanto poder fiador da Democracia e guardião da Constituição Federal de 1988.”

Novo item É preciso destacar, também, o papel da Procuradoria Geral da Re-pública (PGR), representado por Rodrigo Janot, que cumpriu im-portante papel no processo do impeachment uma vez que segurou o processo contra o deputado Eduardo Cunha, até que ele desse o desfecho do processo de cassação da presidenta Dilma Rousseff. Também contribuiu de maneira decisiva, os vazamentos promo-vidos pelo juiz de 1ª instância do Paraná, Sergio Moro, que fazia chegar à mídia, de forma seletiva, as informações que serviam de munição para sedimentar os discursos e comentários raivosos con-tra a presidenta Dilma e seu governo.

26. O afastamento da presidenta Dilma Rousseff significou também uma grande perda simbólica para as mulheres brasileiras, por ser a primeira mulher eleita presidenta da República no Brasil e por ter sido substituída por um governo ilegítimo que não nomeou nenhuma mulher para os cargos do seu primeiro escalão.

Emenda Supressiva Suprimir a palavra: “ilegítimo”.

27. Houve reação e resistência contra o golpe por parte dos movimentos sociais, sin-dicais, estudantis, de intelectuais, artistas, dentre outros, articulados por várias frentes de esquerda que, mesmo com divergências em relação ao Governo Dilma, com-preenderam que o não respeito à democracia constitui-se em ameaça aos direitos civis e políticos e desestabiliza a sociedade. Essa reação repercutiu no cenário internacional resultando em manifestações de apoio em defesa da democracia por parte de diversos governos, organismos e movimentos internacionais.

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28. O governo ilegítimo de Temer, cuja orientação é neoliberal, tão logo assumiu extin-guiu oito Ministérios, dentre os quais, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Previdência Social (MPS), fundamentais para o fortalecimento da agri-cultura familiar e para a gestão das políticas sociais.

Emenda Supressiva Suprimir a palavra: “ilegítimo”

29. Este ato reforça a prática de negar a existência da diversidade na agricultura pre-sente no campo brasileiro e a importância do MDA na gestão e fortalecimento de po-líticas públicas para os agricultores e as agricultoras familiares. Graças às ações de-senvolvidas pelo MDA, foi possível elevar o grau de importância social e econômica da agricultura familiar na produção de alimentos para a soberania e segurança alimentar, fatores estes que tornou possível retirar o Brasil do “Mapa da Fome”, conforme expresso no relatório das Nações Unidas.

Novo item Com a aprovação da Emenda Constitucional Nº 95 (PEC 55), que congela os investimentos nas áreas sociais por 20 anos, os impactos para a classe trabalhadora rural serão devastadores. É preciso, mais do que nunca, unir as lutas, resignificar as práticas e mobilizar contra a retirada de direitos e criminalização dos movimentos sociais.

30. Outra medida anunciada pelo governo são as reformas da Previdência Social e Trabalhista em curso, que afetarão, sobretudo, os trabalhadores e trabalhadoras ru-rais, tornando ainda mais difícil a aposentadoria do homem e da mulher do campo, com o risco ainda de se desvincular o piso dos benefícios previdenciários do valor do salário mínimo. Isso ocorrendo, representará a perda de conquistas históricas do qual o MSTTR foi grande protagonista.

31. A conjuntura de incerteza e insegurança aliada à desconfiança nas instituições pú-blicas, que são responsáveis pelo equilíbrio e harmonia das normas e políticas neces-sárias para a sociedade prosperar com o desenvolvimento social e econômico, sugerem que o País permanecerá por um longo período mergulhado numa profunda crise que afetará, sobretudo, a classe trabalhadora do campo e da cidade.

32. A atual crise e a fragilidade das instituições públicas de Estado e da sociedade ci-vil demonstram que aprendemos pouco com os erros e acertos no jogo de forças em disputa na jovem democracia brasileira. A avaliação de que a eleição de um governo de esquerda com um projeto democrático e popular seria suficiente para a solução dos problemas históricos da sociedade brasileira foi um equívoco dos movimentos sociais, inclusive do MSTTR.

Emenda Supressiva Suprimir o item 32

33. Isso fica evidenciado na composição do Congresso Nacional, que tem baixa repre-sentação da categoria trabalhadora rural. O mesmo se repete nos estados e municípios com eleições de representantes para o Legislativo e Executivo. O Movimento Sindical precisa aprofundar o debate sobre esse tema, identificar as razões pelas quais os traba-

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lhadores e trabalhadoras rurais e dirigentes sindicais votam, na sua maioria, em parla-mentares que atuam contra a classe trabalhadora e pensar estratégias para aumentar a representação política da categoria.

Novo item 01 Nessa perspectiva, faz-se necessário promover um amplo debate no MSTTR sobre a importância da reforma política, para que esta vise, efetivamente, ampliar a democracia do Estado brasileiro e a participação política da classe trabalhadora. Como referência para a discussão devem ser considerados os seguintes itens: 1. Organização partidária:

a) deliberação das instâncias do partido; b) limite de representatividade para a existência do partido;

2. Mandato eletivo pertence ao partido ou à pessoa eleita?; 3. Eleições proporcionais e majoritárias; 4. Limites de permissão de licença; 5. Figura dos(as) suplentes nos diversos cargos eletivos; 6. O tema reeleição; 7. Fundo partidário; 8. Financiamento das eleições; 9. Participação das mulheres; 10. Unificação dos pleitos eleitorais; 11. Limites para o segundo turno; 12. Indicação dos ministros do STF, dos desembargadores do TST, TJ e TCU, TCEs, procuradores do MPF e MPEs.

Novo item 02 As eleições municipais em quase todo Brasil Reafirmaram o projeto da “direita”, iniciado com mais ênfase acerca do impeachment do Governo Dilma, deixaram evidenciado o fortalecimento de um pro-jeto neoliberal e, consequentemente, a dúvida da continuidade das políticas públicas conquistadas historicamente. A disputa eleitoral em 2016 demonstrou novamente o domínio do PMDB em todo o País. O resultado dessas eleições só Reafirmou o que a mídia vem trabalhando há anos, dizimar um partido de esquerda e alavancar um partido que defende e apoia a elite. Apesar da alta representa-tividade no governo, o PMDB também possui caciques da legenda envolvidos em graves escândalos de corrupção, como o deputado cassado Eduardo Cunha, os senadores Romero Jucá e Renan Ca-lheiros, que estão sendo investigados nas denúncias.

34. O atual cenário possibilita ao Movimento Sindical rever e repensar sua organização, prática e ação sindical, examinando com atenção o quadro de acertos e erros. Tal refle-xão é necessária para o fortalecimento do MSTTR e, sobretudo, melhorar as condições de trabalho e vida no campo brasileiro.

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CENÁRIOS DO DESENVOLVIMENTO RURAL BRASILEIRO

Contexto do modelo de desenvolvimento agrícola e agrário

35. O Estado brasileiro, em seus sucessivos governos, tem priorizado um modelo de desenvolvimento excludente e concentrador de terra, bens e renda, que se intensificou a partir da década de 1970 com a Revolução Verde. Sua implementação foi realizada de forma arbitrária, com o objetivo de colocar a agricultura a serviço da indústria, adquirin-do máquinas e insumos agrícolas, fomentando um modelo de produção de alto impacto ambiental e uso indiscriminado de insumos químicos e agrotóxicos, a fim de fornecer ma-téria-prima e alimentos baratos. Esse modelo não dialoga com as necessidades da agri-cultura familiar, que acaba sendo explorada por esse processo de produção, havendo uma parte expressiva de famílias produzindo de forma integrada a este sistema produtivo.

Emenda Aditiva Incluir após “agricultura familiar” a palavra: “e camponesa”

36. É importante destacar, conforme deliberado no 11º CNTTR, que “o termo agro-negócio extrapola a simples tradução de ‘negócios da agricultura’, representado pelo conceito clássico de agronegócio, que incorpora todas as fases do processo produtivo, desde a produção e distribuição de suprimentos até o processamento e distribuição dos produtos agrícolas (sementes, insumos, máquinas, plantio, colheita, industrialização e comercialização). A concepção atual de agronegócio é resultado de um pacto político voltado ao fortalecimento do modelo agroexportador, formado pela aliança do grande capital, representado pela agricultura patronal com os setores financeiro e industrial, apoiado e financiado pelo Estado. Portanto, mais do que os negócios da agricultura, o agronegócio representa uma concepção ideológica de desenvolvimento para o campo”.

37. Embora seja a terra entendida pelos agricultores e agricultoras familiares como local de produção e reprodução da vida, intensifica-se a concentração deste bem pelo capital no mundo inteiro como meio de produção, num brutal processo de mercantili-zação e privatização de terras públicas que resulta na expulsão das populações locais e no agravamento das históricas situações de degradação, violência (grilagem, pistola-gem), êxodo rural, migrações e pela falta de incentivo de políticas públicas para a permanência do(a) jovem no campo.

Novo item Muito se fala, nos âmbitos nacional e internacional, da importância da Amazônia para a saúde ambiental do Planeta. Nesse contexto, as Reservas Extrativistas (Resexs) e demais modalidades de Uni-dades de Conservação têm um papel crucial para a manutenção das florestas, rios e de toda a fauna e a flora amazônica. Uma po-lítica voltada para essas modalidades de unidades de preservação vem beneficiar as populações que habitam essas áreas, especial-mente ribeirinhos, quilombolas, indígenas, etc.

38. A apropriação das terras, territórios e demais bens comuns pelo capital vem ocor-rendo de diversas formas, como: pela intensificação do controle de áreas públicas por tradicionais mecanismos de grilagem, invasão e destruição de áreas de proteção

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ambiental, ou pela obtenção de concessões de uso em contratos de longuíssimo prazo com renovações indeterminadas; a compra de terras dos pequenos e médios produto-res; tomada de terras de populações indígenas, quilombolas e de outros povos e comu-nidades tradicionais; e pela vulnerabilidade dos agricultores e agricultoras familiares à lógica produtiva do agronegócio, dentre outras.

39. Há interesse internacional sobre o monopólio dos bens naturais para exercer o con-trole sobre: terra; alimentos; nutrição animal; energia; florestas/madeiras; minérios; e da água. O Brasil, pela abundância desses bens naturais e de terras agricultáveis (fér-teis para a agricultura), está no centro deste interesse mundial, sendo disputado por grandes empresas (Bunge, ADM, Nestlé, etc.), fundos de pensão e governos de países ricos, especialmente daqueles que possuem poucas terras agricultáveis e precisam de reservas para a produção futura de alimentos. É importante frisar que parte expressiva do parlamento e do atual governo interino defende a abertura total das terras brasileiras ao capital internacional, sem se preocupar com as consequências desta medida.

Emenda Substitutiva 01 Substituir a palavra: “interino”

Por: “ilegítimo”

Emenda Substitutiva 02 Substituir a frase: “e do atual governo interino, defende”

Por: “e dos últimos governos, defendem”.

40. Vale lembrar que esta opção de desenvolvimento faz do Brasil um dos países com a estrutura fundiária mais concentrada e o que utiliza maior quantidade de agrotóxicos do mundo, sem contar a disseminação do uso da transgenia em quase todas as culturas mais relevantes. Este cenário impacta a vida, o trabalho, a renda, a saúde e as culturas dos povos do campo, das florestas e das águas, agravando as situações de desigualda-de, desterritorialização, degradação ambiental e de exclusão social e produtiva, ocor-rências que afetam também as cidades e o conjunto da sociedade.

41. As históricas alianças entre os setores do agronegócio, da mineração e da ex-ploração florestal com o capital financeiro, as empresas transnacionais, os grandes projetos hidrelétricos, os veículos de comunicação, e as representações do Estado impulsionam a privatização e o controle sobre as terras, águas, florestas e sementes. O MATOPIBA, que abrange áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é uma das expressões desta aliança divulgada como uma ação para o desenvolvimento da região. No entanto, este projeto, efetivamente, se destina à produção de commodities (algodão, soja, milho), não considerando os impactos negativos sobre as populações locais e o meio ambiente. Fato que se repete na implantação de outros grandes projetos produtivos de monocultura e infraestrutura.

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Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: “É preciso que o MSTTR atue de maneira incisiva junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) e Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS) de forma a não permitir avanços de projetos a exemplo do MATOPIBA, que preju-dicam o desenvolvimento da Agricultura Familiar da região”.

Novo item A implementação de um novo ciclo de desenvolvimento na região Amazônica, marcado pelo acirramento de exploração dos bens co-muns que estão ameaçados por este ciclo de desenvolvimento, está avançando sobre os recursos naturais, terras, florestas, povos e rios, que são fontes de energias, com a construção de dezenas de hidrelétricas, tendo a de Belo Monte e de Madeira como porta de en-trada (e muitas previstas, como a de Tapajós). As hidrelétricas es-tão sendo construídas para mandar energia para o restante do País e muitos assentamentos ficam olhando o linhão de alta tensão pas-sando sobre suas cabeças, ainda no escuro. Estão avançando sobre as florestas, com o enorme desmatamento gerado, por exemplo, pela produção em monocultura do agronegócio, com a produção de dendê, soja e arroz, gado, com a pulverização aérea de agrotóxicos e a mecanização que está acabando com a fertilidade das terras, mesmo sob o alerta de que o solo amazônico não suporta o mesmo tipo de manejo comum em outras regiões. Há que considerar-se ainda os impactos do novo Código Florestal que não permite novos desmatamentos. As áreas antropizadas (áreas cujas características originais de solo, vegetação, relevo e regime hídrico foram alterados por consequência de atividade humana) estão sendo transformadas em pastagens, impactando no modo de vida local.

42. A opção do Estado por um modelo de desenvolvimento agroexportador, associado à lógica produtivista do agronegócio, impacta profundamente na produção de alimen-tos, especialmente porque a cada ano se ampliam as áreas plantadas com as principais monoculturas para exportação (ex: soja, milho), enquanto se reduz o plantio e a pro-dução das culturas básicas do cardápio da população brasileira, como o feijão, arroz e mandioca, dentre outras.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “se reduz o”

Por: “faltam políticas públicas adequadas de incentivo ao”

43. Enquanto a produção de soja, que é o produto mais evidente do agronegócio bra-sileiro, ocupará em torno de 33 milhões de hectares, que corresponde a mais de 49% da área plantada em grãos no País, a produção de feijão não atingirá os 3 milhões de hectares e a de arroz será inferior a 2 milhões de hectares na safra, segundo proje-ções da Conab. Na mesma linha, a área plantada com cana-de-açúcar ocupará mais de 9 milhões de hectares e a de milho 15 milhões de hectares. Este fato se reflete, por

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exemplo, no desabastecimento, no descontrole dos preços dos produtos alimentares e no aumento da inflação.

44. Mais grave é que, ao mesmo tempo em que o agronegócio se fortalece e se apro-fundam os processos de concentração e privatização das terras e dos bens da natu-reza, ocorre uma redução drástica da intervenção do Estado na realização das ações de reforma agrária, assim como na obtenção de terras pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), na demarcação de terras indígenas, reconhecimento de ter-ritórios quilombolas, regularização de pequenas posses e na criação de Unidades de Conservação. Além disso, intensifica-se a estratégia de isolar, enfraquecer e desacredi-tar os movimentos sociais perante a sociedade, criminalizando as lutas, as organizações e suas lideranças, a partir da mídia chapa branca e do governo de direita.

45. Nestas discussões, é cada vez mais relevante o reconhecimento da agricultura fa-miliar, fruto da luta da CONTAG, Federações e Sindicatos, como o setor que responde pela produção de alimentos saudáveis, proteção da biodiversidade e para a produção e reprodução da vida no campo, possibilitando melhores condições de vida e trabalho e contribuindo para a valorização das diversas identidades étnico-culturais. Esta visão sobre o papel da agricultura familiar questiona a priorização do agronegócio que com-preende o campo apenas como local para aumentar suas riquezas, sem qualquer preo-cupação com o abastecimento alimentar da população e nem em resguardar os bens da natureza.

Desenvolvimento da agricultura familiar

46. Decorridos 20 anos das primeiras ações concretas do Estado, conquistadas a partir da luta dos agricultores e agricultoras familiares, é possível avaliar os avanços e as di-ficuldades pelo qual passa o setor. Dentre os avanços, destaca-se a produção de 70% dos alimentos consumidos no País. Entre os desafios, está a necessidade de fortalecer as políticas de apoio à produção da agricultura familiar, pois trata-se de um setor de alto risco. Dessa forma, há necessidade de uma política agrícola que ofereça proteção, garantias e reconhecimento da função social da agricultura familiar, considerando seus diferentes modos de produção, como: agroecologia, agroflorestal, extrativismo e con-vencional, entre outros, essenciais à soberania e segurança alimentar e nutricional e ao desenvolvimento rural.

47. A agricultura familiar está inserida no contexto da economia capitalista, sendo to-mada pelas distintas formas de acumulação, restrita a um pequeno grupo de agriculto-res(as). Essa lógica tem gerado aumento da produtividade, mas mantido um processo de concentração de renda e de crescimento da desigualdade nas regiões rurais. Estima-se que, pelo menos, 1/3 dos agricultores e agricultoras familiares estejam completamente excluídos, não tendo acesso a quaisquer políticas públicas disponíveis, encontrando-se em situação de grande vulnerabilidade estrutural e socioeconômica, produzindo basica-mente para autoconsumo. De acordo com o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE), cerca de três milhões de unidades familiares estão produzindo basicamente para o autoconsu-

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mo, comercializando algum excedente para fins de gerar renda monetária. A existência da pobreza no campo ainda é um grande desafio para o Estado e o MSTTR.

48. A modernização conservadora da agricultura aliada a fatores como falta de servi-ços e equipamentos públicos, assessoramento técnico, fechamento das escolas do campo, e o modelo educacional adotado contribuíram para a migração forçada do campo para a cidade. Outros motivos como o patriarcalismo e a ausência de lazer e cultura no campo, além da falta de incentivos a projetos de geração de renda, da burocratização do acesso às políticas públicas, educação do campo e no campo contribuem, principalmente, para migração de mulheres e da juventude rural. Este pro-cesso impactou no crescimento desordenado dos centros urbanos, criando demandas de bens e serviços públicos que o Estado não conseguiu atender adequadamente, além de fragilizar as condições de vida nas regiões rurais.

49. A mecanização diminuiu a necessidade de mão de obra na agricultura. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mais de quatro milhões de postos de trabalho no meio rural foram extintos entre 2004 e 2015. Deve-se ressaltar que, para uma parcela da agricultura familiar, a mecanização é utilizada como forma de aumentar a produtividade da terra e do trabalho, melhorar o uso de bens natu-rais, compensar a diminuição da mão de obra familiar e a penosidade do trabalho rural.

50. Dados mostram que o Brasil está saindo de uma estrutura etária jovem para uma estrutura adulta e caminha para uma estrutura etária composta por pessoas da 3ª idade. Segundo as projeções do IBGE, em médio prazo, a população rural passará dos atuais 14,2% (2014/2015) para 12,6% em 2025, 11,8% em 2035, e 8,1% em 2050. Esse grave efeito do êxodo rural tem afetado cada vez mais a terceira idade, que deixa suas propriedades em função de problemas de saúde e por não con-seguir se manter na unidade familar após a ausência dos seus filhos.

51. Outra questão é a redução da taxa de natalidade. Enquanto na década de 1980 nasciam em média seis filhos por família, atualmente nasce 1,7 filho. Essa redução da taxa de natalidade associada à saída da população do campo para a cidade, principal-mente da juventude, tem elevado a idade média nas pessoas remanescentes, criando incertezas no processo sucessório da família enquanto unidade produtiva.

52. A saída de jovens do campo para a cidade tem sido consequência do acesso limita-do da população rural às políticas públicas e direitos sociais e das relações de trabalho assalariado no campo, que se caracterizam pela informalidade e baixa remuneração. O Censo de 1970 mostrou, pela primeira vez, que a maioria da população estava concen-trada nas cidades (56% nas cidades contra 44% nas áreas rurais). Nessa época, a mi-gração era mais comum entre pessoas com idade entre 30 e 39 anos. A partir dos anos de 1990, o perfil da migração se alterou, sendo mais comum entre os rapazes de 20 a 24 anos e as moças de 15 a 19 anos. Comparando os Censos Demográficos dos anos de 2000 e de 2010, vemos que a população rural reduziu em dois milhões. Quando anali-samos esta redução por faixa etária, percebemos que desses dois milhões, um milhão, ou seja, metade, eram jovens.

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53. As jovens mulheres rurais são as mais afetadas pela falta de oportunidades no campo, sendo as que migram mais cedo e em maior número. A cultura patriarcal e ma-chista, reproduzida pelo conjunto da sociedade, consolida valores discriminatórios que desvalorizam o trabalho das mulheres e o seu papel no mundo. Um dos efeitos deste processo sobre a vida das jovens rurais diz respeito à desvalorização do trabalho agrí-cola e doméstico por elas exercido e às discriminações sofridas para serem reconheci-das como sucessoras das propriedades familiares, haja vista a tendência de restringir a transmissão da unidade familiar aos irmãos homens, mesmo sendo o direito de herança igual entre os entes da família.

54. Para evitar maior esvaziamento do meio rural e garantir a produção de alimentos de qualidade e em quantidade necessária ao abastecimento alimentar e segurança nu-tricional das populações, torna-se fundamental, entre outras ações, viabilizar e des-burocratizar as políticas públicas estruturantes para o campo, como: acesso à terra e aos recursos naturais; infraestrutura; regularização fundiária; educação; saúde; previ-dência; segurança; habitação; saneamento básico; trabalho digno; cultura; esporte; lazer; comunicação e acesso às tecnologias; transporte; entre outros. Tais políticas são fundamentais para o desenvolvimento rural e o combate à pobreza no campo, que atinge aproximadamente 54% da população rural, segundo dados da Pnad/IBGE 2014.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “recursos naturais”

Por: “bens da natureza”

55. Diante do esgotamento da agricultura convencional em virtude da exaustão dos limites físicos e biológicos do planeta e da demanda por alimentos livres de agrotóxicos, produzidos de forma sustentável, surgem oportunidades para expressar as vocações da agricultura familiar na produção de alimentos saudáveis e seguros, conjugados com a preservação e conservação ambiental exigido pelo novo consumidor que preza pela sua saúde e qualidade dos alimentos, valorizando a diversidade, as peculiaridades e poten-cialidades regionais.

56. O MSTTR defende a implementação de um modelo de produção sustentável, cujas demandas se expressam por meio do PADRSS, que busca reconhecer e respeitar as realidades regionais e territoriais, a relação com o meio ambiente, que implemente uma transição agroecológica a fim de garantir o direito à soberania e segurança alimentar das pessoas no mundo. Contudo, este desejo requer uma decisão na construção de políticas e de estratégias práticas.

57. No contexto em que o Sistema CONTAG opta pela representação específica da agri-cultura familiar, é necessário repensar sua estrutura e ação político-sindical visando a viabilidade social e econômica dos agricultores e agricultoras familiares, mediante a prá-tica de uma agricultura sustentável e solidária. Essa opção deve ser trabalhada de forma a fortalecer o MSTTR, o que exige capacidade de mudar o modo de fazer sindicalismo.

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Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS): uma proposta de desenvolvimento do MSTTR para o campo brasileiro

58. O Movimento Sindical vem, desde meados da década de 1990, debatendo e estrutu-rando o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). O projeto questiona o modelo hegemônico de desenvolvimento, contemplando um con-junto de propostas que visam a emancipação dos sujeitos do meio rural brasileiro e a superação de problemas históricos e estruturantes do campo em seus aspectos social, econômico e ambiental, orientando a construção de novas relações sociais e políticas entre trabalhadores(as) rurais, destes com suas entidades sindicais, destas com outras organizações sociais, fortalecendo a relação campo e cidade.

59. Neste aspecto, é fundamental compreender que os sujeitos estão no centro do pro-jeto político. Conforme afirmado nos Anais do 11° CNTTR “(...) são eles que demandam, constroem e protagonizam, cotidianamente, o desenvolvimento rural sustentável e so-lidário e, portanto, representam o grande desafio de construir unidade para enfrentar o modelo de desenvolvimento dominante”.

60. Nesse sentido, o modelo de desenvolvimento defendido pelo MSTTR pressupõe res-peitar e dar visibilidade à diversidade dos sujeitos do campo, reconhecendo suas orga-nizações próprias, seus saberes, experiências e protagonismo. Implica em reconhecer o espaço rural em toda a sua diversidade ambiental, cultural, política e econômica, valorizando as interações e intercâmbios. Como também o exercício permanente da alteridade, oportunizando vez e voz àqueles que historicamente foram ex-cluídos dos modelos convencionais de desenvolvimento e os empoderando na construção de processos de emancipação social.

61. Implica também em reconhecer a multiplicidade de condições de vida e trabalho na agricultura familiar, destacando proprietários(as), assentados(as), reassentados(as), atingidos por barragem, meeiros(as), arrendatários(as), comodatários(as), pos-seiros(as), parceiros(as), assalariados(as), acampados(as) da reforma agrária, ribei-rinhos, faxinalenses, extrativistas, vazanteiros, fundo de pasto, quilombolas, indígenas e demais povos e comunidades tradicionais do campo, das florestas e das águas.

62. Neste universo dos sujeitos, as experiências, saberes e o protagonismo das mulhe-res, jovens e pessoas da terceira idade vêm enriquecendo e fortalecendo o PADRSS na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

63. O PADRSS foi atualizado e Reafirmado enquanto projeto político do MSTTR no 11º CNTTR, tendo como elementos centrais e estruturantes: a) Pleno desenvolvimento hu-mano dos povos do campo, das florestas e das águas; b) Reforma agrária ampla, mas-siva, de qualidade e participativa; c) Agricultura familiar como a base estruturadora do desenvolvimento rural sustentável; d) Solidariedade para fortalecer a cooperação; e) Soberania e segurança alimentar e nutricional; f) Soberania territorial; g) Preservação e conservação ambiental; h) Desenvolvimento regional e territorial; i) Reconhecimento do espaço rural em sua diversidade ambiental, cultural, política e econômica e como local pluriativo; j) Enfrentamento às estruturas de poder e cultura patriarcal; k) Justiça,

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autonomia, igualdade e liberdade para as mulheres nas esferas social, econômica e política; l) Fortalecimento da democracia participativa; m) Reconhecimento e valoriza-ção sindical e política da juventude trabalhadora rural; n) Proteção integral de crianças e adolescentes; o) Respeito e valorização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da terceira idade e idosos; p) Compromissos com a igualdade racial e étnica; q) Garantia do direito ao trabalho, emprego e renda dignos no campo; r) Manutenção e amplia-ção dos direitos sociais e um sistema de proteção social; s) Educação do campo e no campo como política emancipatória que afirme o campo e a identidade camponesa; t) Formação político-sindical classista, fundamentada no respeito às relações de gênero, geração, raça e etnia; u) Política agrícola que assegure autonomia sobre os bens da natureza, das tecnologias e das sementes; v) Política tributária justa e progressiva que leve em conta as especificidades de renda, salário e consumo da classe trabalha-dora; w) Ampliação e o fortalecimento de alianças e parcerias com movimentos, orga-nizações e setores sociais em defesa da reforma agrária e da agricultura familiar; x) Fortalecimento de alianças com organizações internacionais na perspectiva da unidade e da solidariedade entre os povos; y) Fortalecimento da organização sindical e da luta de classe, urbana e rural, das mobilizações sociais e da pressão popular.

64. Desde a sua concepção, o PADRSS é uma referência política para o MSTTR, que busca consolidá-lo como alternativa de desenvolvimento ao modelo hegemônico. Para torná-lo cada vez mais presente na prática cotidiana, faz-se necessário maior apro-priação do Projeto pelos trabalhadores e trabalhadoras para sua efetivação através de divulgação massiva e de afirmação política.

65. O atual cenário político impõe a Reafirmação do PADRSS, por meio de práticas perma-nentes da ação sindical, em contraponto à onda conservadora que assola o País com a re-tomada do projeto neoliberal em curso, que recoloca na ordem do dia a não intervenção do Estado na economia e a transferência de atribuições do poder público para o setor privado, resultando na perda de direitos e de conquistas sociais da classe trabalhadora.

66. Nessa nova conjuntura existe forte possibilidade de esvaziamento e fragilidade dos espaços de elaboração e monitoramento das políticas públicas, como conselhos, fóruns e comitês. Partindo dessa perspectiva, é fundamental estimular e fortalecer os espaços de mobilizações, articulações e negociações municipais, estaduais e federais, com outros seto-res da sociedade, em especial, os movimentos sociais que atuam no campo e na cidade.

67. A consolidação do PADRSS exige ações que promovam a articulação de parcerias e alianças políticas com diversas instâncias e organizações da sociedade civil da cidade e do campo, a exemplo de instituições de ensino e pesquisa, movimentos sociais, repre-sentações sindicais, cooperativas, ONGs, entre outros. É preciso também captar a per-cepção desses entes sociais em relação ao Projeto Alternativo. Destaca-se a contribui-ção estratégica da CUT e CTB para a integração das pautas de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

68. Há necessidade de o MSTTR mediar a construção de relações entre a agricultura familiar e setores da iniciativa privada, na perspectiva de atender a demanda social e produtiva dos sujeitos do campo, considerando que o Estado é importante indutor de

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políticas com essa finalidade, mas não tem capacidade de equacionar todos os desafios presentes no meio rural.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “Há necessidade de o MSTTR mediar a construção de relações entre a agricultura familiar e setores da”,

Por: “Orientar e defender os(as) agricultores(as) familiares na relação com a”

69. Isso significa que o MSTTR deve fazer a representação política e atuar de forma mais efetiva na dimensão socioeconômica da agricultura familiar, em parceria com a União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas), pro-movendo a organização da produção e acesso a mercados, em especial os locais. Um dos campos de atuação é a ocupação de espaços representativos e de negociação.

Novo item O MSTTR precisa recuperar as estratégias e as parcerias com orga-nizações e pesquisadores(as) que contribuíram na estruturação do PADRSS para atualizá-lo, no sentido de responder aos novos ce-nários e discutir os conceitos de desenvolvimento, buscando com-preender e articular melhor as demandas dos sujeitos do campo, das florestas e das águas.

Contribuição das políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável e solidário

70. As políticas públicas reivindicadas e conquistadas pelo MSTTR possibilitaram trans-formações profundas na melhoria da qualidade de vida dos povos do campo, das flores-tas e das águas, e proporcionaram bens e serviços aos quais nunca haviam tido acesso.

71. Tais políticas foram resultado de ações de massa do MSTTR (nacional, estadual e municipal), a exemplo do Grito da Terra Brasil, Marcha das Margaridas, Festival da Juventude Rural e Mobilização Nacional dos Assalariados e Assalariadas Rurais, bem como da eleição de governos progressistas que priorizaram o desenvolvimento social.

72. Há várias políticas, projetos e programas que podemos destacar: Previdência Social Rural; Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); Política Nacional para Valorização do Salário Mínimo (PNVSM); Programa Bolsa Família; Política de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN); Programa Minha Casa Minha Vida Rural (PNHR); Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae); Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo); Programa Nacional de Fortalecimento do Cooperativismo e Associativismo Solidário da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Cooperaf); Política Nacional de Trabalhadores Rurais Empregados (Pnatre); Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo); Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera); Programa Garantia Safra (GS); Seguro da Agricultura Familiar (Seaf); Programa de Garantia de Preço Mínimo para Agricultura Familiar (PGPAF); Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater); Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural (PNDTR); Programa de Organização Produtiva de Mulheres Rurais (POPMR); Programa Nacional

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de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); Programa Sementes; Programa de Fomento à Agroindustrialização e Comercialização (Terra Sol); Programa Luz para Todos; Programa Água para Todos; Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF); Programa Universidade para Todos (Prouni); Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC); Programa Mulher Viver sem Violência / Unidades Móveis de Atendimento de Mulheres do Campo e das Florestas Vítimas de Violência; Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, das Florestas e Águas; Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC); Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2); Programa Territórios da Cidadania; Projovem / Projovem Campo; Consórcio Social da Juventude; Projeto Nossa Primeira Terra (NPT); Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti); Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo; Sistema Único de Saúde (SUS); Programa Mais Médicos; além de políticas de defesa dos direitos humanos que atingem especificamente mulheres, juventude, pessoas da terceira idade, entre outras.

73. Estas políticas impactaram na redução da pobreza e deram à agricultura familiar protagonismo político e econômico, bem como contribuíram para a melhoria na quali-dade de vida dos sujeitos. No entanto, é necessário avaliar o grau de efetividade dessas políticas, uma vez que ainda permanece elevado o índice de pobreza rural e a necessi-dade de maior inclusão produtiva e social. Um dos grandes empecilhos enfrentado na execução das políticas públicas é a falta de compromisso dos governantes estaduais e municipais com o desenvolvimento da agricultura familiar, exigin-do grandes esforços do MSTTR para incidir com a mesma capacidade e força no âmbito nacional, estadual e local.

74. Em uma sociedade marcada pela desigualdade social é fundamental que o Estado exerça o seu papel de garantir direitos e de implementar políticas públicas de caráter universal, equânime, com financiamento permanente e que consolidem o Estado de-mocrático de direito, e seja o indutor do desenvolvimento rural sustentável e solidário.

75. Há uma disputa na sociedade pelas políticas públicas. De um lado está o MSTTR junto com setores sociais democráticos que defendem a ampliação de direitos e de re-cursos públicos para atender a demanda da classe trabalhadora. Do outro lado, temos setores conservadores da sociedade que propõem o Estado mínimo, ou seja, a redução de direitos sociais da população, com o objetivo de direcionar os recursos do Estado aos interesses do capital.

76. O MSTTR, com a coordenação da CONTAG, deve estar atento e lutar contra a constante ameaça de perda de direitos e de políticas conquistadas e ao risco de redução do papel do Estado como provedor de serviços públicos de qualidade.

Novo item A atuação do MSTTR tem sido fundamental na implantação des-tas políticas públicas. No entanto, tem tido imensa dificuldade em divulgar o que significaram essas conquistas para a vida dos(as) agricultores(as) familiares, ou seja, o sindicato atende muito bem, mas não conquista o sócio(a) na defesa desta política.

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77. Na luta de classes, a defesa e ampliação das políticas públicas exigem uma postura mais ousada do MSTTR, que amplie sua capacidade de elaboração e avaliação, com-binado com a formação política e ideológica de classe. Neste contexto, é fundamental a formação de sujeitos políticos para aprimorar a intervenção nos espaços de gestão, implementação e controle social das políticas públicas.

Desafios da prática sindical para a consolidação do PADRSS

78. O PADRSS é o projeto político que orienta as ações do MSTTR. Há inúmeras ex-periências positivas como: a construção da paridade; o trabalho de fortalecimento da produção orgânica e agroecológica; o apoio à rede de associações e cooperativas; par-ticipação qualificada em conselhos; entre outros. Porém, parte das lideranças e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais não costumam fazer o vínculo entre a sua prática e o projeto político.

79. A constante renovação de lideranças de base exige um processo formativo permanen-te sobre o PADRSS pela ENFOC e Secretarias específicas da CONTAG. Além disso, estabe-lecer uma comunicação eficiente e eficaz, produzindo materiais acessíveis para divulgá-lo junto aos trabalhadores e trabalhadoras e à sociedade, a exemplo das ações políticas e práticas exitosas, que explicitem a relação destas com os eixos estruturantes do PADRSS.

Novo item Nesse sentido, é fundamental que as pessoas que passaram pelo processo de formação do PADRSS se comprometam em multiplicar o projeto.

80. Para fazer a luta de classes, a formação política e a comunicação têm papel funda-mental no diálogo interno e com a sociedade. Neste sentido, é necessário repensar a es-tratégia de comunicação do MSTTR a fim de torná-la um meio de informação e formação política ao alcance de todos e todas. Para tanto, uma das estratégias é o fortalecimento da Rede de Comunicadores(as) Populares.

81. A conjuntura mostra o quanto as políticas públicas conquistadas pelas lutas do Movimento Sindical estão ameaçadas diante do atual governo. É necessário refletir como construir alianças com outros setores e segmentos da sociedade, considerando que a luta de classe está acima de reivindicações específicas.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “diante do atual governo”

Por: “pelo governo”

82. Outro aspecto a considerar é como tornar a agroecologia referencial de modelo produtivo, considerando os desafios impostos pelo mercado, assim como contribuir para fortalecer o processo de geração de novas experiências de organização da produção, agroindustrialização e comercialização, concretizando a implementação do PADRSS.

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83. Uma parte do MSTTR levanta a necessidade de repensar o termo “PADRSS”, me-diante a construção de um novo nome que facilite o diálogo com a base sindical e com a sociedade e que expresse a essência dos seus princípios norteadores.

Emenda Supressiva Suprimir o item 83

Emenda Aditiva 01 Acrescentar ao final: “O aprimoramento do PADRSS deve ser feito para facilitar o entendimento da base, buscando trabalhar o mesmo em todos os espaços de debate do MSTTR.”

Novo item 01 Esta possibilidade de reorientação estratégica deve estar ancora-da numa concepção que se distancie do discurso institucional que permeia as políticas governamentais, de maneira a evitar o reforço a velhos esquemas interpretativos que não traduzem a diversidade social e cultural camponesa.

Novo item 02 Que o MSTTR possa, até a próxima plenária de avaliação, redefinir o nome do projeto político do Movimento Sindical, simplificando-o e massificando-o de forma a dar visibilidade à Agricultura Familiar e Camponesa e o seu papel para a sociedade.

Política Nacional de Formação (PNF) do MSTTR como estratégia de consolida-ção do PADRSS

84. A CONTAG, Federações e Sindicatos, desde sua criação, investem em processos formativos, inicialmente mobilizados por setores de igrejas progressistas, do Partido Comunista e por outros agrupamentos políticos que contribuíram com as lutas e a or-ganização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Assim, a formação sempre esteve vinculada à perspectiva do fortalecimento das lutas, da construção da identidade de classe e da valorização dos sujeitos do campo como protagonistas de sua própria his-tória, reconhecendo suas culturas, saberes e formas de se relacionarem com a terra e com os vários espaços de militância.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “setores de igrejas progressistas”

Por: “setores progressistas da igreja”

85. Articulado a esta perspectiva, o MSTTR desenvolveu programas e projetos de for-mação de alcance nacional, a exemplo do Projeto de Pesquisa e Formação Sindical (Projeto CUT/CONTAG), que contribuiu para a construção dos referenciais do PADRSS; o Programa de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS) voltado à ação sindical de base municipal, orientado pela elaboração de planos de intervenção e formulação, negocia-ção e acompanhamento de políticas públicas; o Programa Jovem Saber com estratégia massiva de formação, valorizando o protagonismo da juventude no MSTTR; como tam-

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bém várias ações formativas voltadas tanto à organização da produção e cooperativis-mo quanto aos debates sobre políticas públicas e suas condições de acesso.

86. Assim, o MSTTR consolidou um repertório de práticas formativas que, ao longo dos sucessivos Congressos, vieram sendo avaliadas e reorientadas. Por esse caminho, che-gou-se ao entendimento de que era necessária a construção de uma Política Nacional de Formação (PNF) para organizar os princípios e diretrizes orientadoras da formação sindical. A partir da década de 2000, os Encontros Nacionais de Formação (ENAFOR) debateram e sistematizaram a PNF, à luz do que trazia os Congressos e as várias experiências formati-vas do MSTTR, respeitando a diversidade dos sujeitos, suas especificidades e identidades.

87. A PNF assume a matriz da educação popular como teoria educacional, que toma como referenciais político-pedagógicos a humanização e emancipação dos sujeitos, desde a sua posição de classe, como trabalhadores e trabalhadoras rurais. Estas con-cepções orientam as lutas em favor da construção de justiça social, articulando-se com as estratégias da educação do campo, seus princípios e fundamentos. Estes referen-ciais, além de orientar as estratégias formativas do MSTTR, desenvolvidas a partir das Secretarias específicas e da Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC), ques-tionam as teorias pedagógicas instrumentalistas, restritas à formação de competências, apresentadas pela visão neoliberal como única saída à educação da classe trabalhadora.

88. Diante do contexto e dos atuais desafios, a PNF deve fortalecer as lutas da classe tra-balhadora do campo a partir de diálogos com organizações sindicais e sociais e da leitura de realidades e contextos, primando sempre pelo respeito às identidades de gênero, geração, raça/etnia, tendo em vista os seguintes objetivos para orientar suas ações e estratégias: a) Contribuir no fortalecimento do PADRSS, tendo em vista o novo contexto político, eco-nômico, ambiental e social e as novas configurações organizativas e representativas do MSTTR; b) Contribuir na formação de sujeitos críticos, criativos, participativos e engajados na ação sindical, em suas diferentes frentes de luta e níveis da organização do MSTTR, comprometidos com a transformação política e a emancipação dos sujeitos; c) Incentivar a articulação das diferentes ações formativas desenvolvidas pelo MSTTR, susci-tando espaços coletivos de debate, formulação e atuação formativa; d) Contribuir para o avanço das reflexões e formulações sobre estratégias e políticas de desenvolvimento, que considerem a diversidade de formas organizativas e produtivas, de relações com a terra, com as águas e com os diferentes biomas, numa perspectiva de fortalecimento de alter-nativas de desenvolvimento rural, sustentável e solidário; e) Construir processos formati-vos referenciados na Educação Popular, tendo como perspectiva a construção coletiva do conhecimento, a sistematização da prática educativa, a multiplicação criativa e a auto-or-ganização de coletivos e redes; f) Consolidar espaços e instrumentos potencializadores da ação sindical e de práticas formativas libertárias e transformadoras, que dialoguem com a diversidade dos sujeitos nas suas identidades sociais e coletivas.

89. A PNF também orienta processos direcionados às ações de democratização inter-na no Movimento Sindical, apresentando referenciais que devem ser apropriados pelo MSTTR em suas práticas cotidianas.

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Modalidades da formação

90. Todos os espaços do MSTTR são considerados formativos, tanto na modalidade de formação programada quanto na formação na ação, que podem ser definidas como:

a) Formação na Ação – É aprender com as experiências do cotidiano do Movimento Sindical, que tem como conteúdos a vida e as lutas, evidenciadas a partir de variadas ati-vidades, como: mobilização e luta (campanhas salariais, acampamentos, assembleias, mutirões, Grito da Terra, Marcha das Margaridas, Festival da Juventude, Mobilização Nacional dos Assalariados(as) Rurais, Jornadas Pedagógicas, entre outras); articu-lação (reuniões nas comunidades, visitas aos locais de trabalho, panfletagem nas feiras, portas de banco, entre outras); gestão sindical (plantões na sede do sindicato, reuniões de Diretoria, conselhos, congressos, reuniões nas comunidades rurais e de organização e planejamento das finanças das entidades); e atividades culturais (festivais, ginca-nas, mostra de arte e cultura, feiras, torneios esportivos, entre outras). b) Formação Programada – Consiste em organizar e realizar processos formativos continuados e estruturados em suas formas, conteúdos e intencionalidades, que se realizam por meio de cursos, seminários, oficinas, jornadas e mutirões pedagógicos para atender deman-das dos espaços deliberativos do MSTTR, com objetivos explícitos de fortalecimento das lutas e da organização da classe trabalhadora.

Emenda Aditiva 01 Acrescentar alínea: “c) Os processos de formação devem fo-car discussões com base na conjuntura política atual vivenciada no momento dos cursos.”

Emenda Aditiva 02 Acrescentar alínea: “d) Os(as) diretores(as) devem, obriga-toriamente, passar pelo processo de formação da ENFOC (com grade específica para atuação enquanto diretor/a).”

Linhas de formação

91. As linhas formativas na PNF se estruturam a partir das práticas e processos for-mativos estabelecidos pelo Movimento, com vista a responder aos desafios da concre-tização do PADRSS. É necessário que as linhas de formação, conforme estão na PNF, sejam debatidas e reorientadas de modo a atender as atuais estratégias do MSTTR e as demandas por formação.

92. Elas devem contemplar transversalmente as necessidades e especificidades dos sujeitos, na construção de conhecimentos e no fortalecimento das identidades de clas-se, gênero, geração e étnico-raciais presente no meio rural. Neste sentido, é necessá-rio o debate sobre as seguintes linhas de formação: a) Formação Político-Sindical – Proporciona uma formação política baseada na matriz emancipatória da educação popular, que visa ajudar a compreender a sociedade capitalista e as instituições res-ponsáveis pela reprodução deste modelo de desenvolvimento. Valoriza e empodera os sujeitos políticos do campo, das florestas e das águas, respeitando suas especificidades

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e buscando desconstruir preconceitos, discriminações e diferentes formas de violên-cia. Estimula a compreensão de que cada sujeito social é capaz de produzir mudanças na sociedade, construindo novas dinâmicas relacionais, organizativas, produtivas e culturais com práticas educativas emancipatórias em consonância com o PADRSS. b) Democracia interna, gestão, organicidade e sustentabilidade político-finan-ceira – articula ações que buscam influenciar a construção de entidades sindicais fortes e atuantes, ampliando a capacidade de responder às demandas da categoria; influencia a construção de relações éticas, democráticas e solidárias; estimula a im-plementação do Orçamento Sindical Participativo e a construção e adoção de meca-nismos transparentes e democráticos de gestão sindical, deliberadas nos Congressos da categoria, auxiliando a superação dos desafios da gestão e sustentabilidade política e financeira. c) Democracia, garantia de direitos e participação política – visa qualificar a atuação das lideranças do Movimento Sindical para a ocupação de espaços de representação e gestão pública, bem como para formulação, implementação, moni-toramento e controle social das políticas públicas. Articula ações voltadas às questões de acesso aos direitos sociais, como saúde, educação, assistência e previdência, reco-nhecendo-os como pilares essenciais para a promoção da qualidade de vida, bem-es-tar e permanência das famílias no campo, em conexão ao projeto de desenvolvimento (PADRSS). d) Desenvolvimento rural e inclusão produtiva – orienta a construção das políticas de desenvolvimento formuladas com base nos elementos estruturantes do PADRSS, centrados na efetivação da reforma agrária e no fortalecimento da agri-cultura familiar. Visa a realização de formação e capacitação voltadas ao acesso à ter-ra, água, produção, cadeias produtivas, gestão, comercialização, educação ambiental, educação do campo, tecnologias alternativas, agroecologia, associativismo, coope-rativismo e agroindustrialização. e) Comunicação popular – orienta a construção de comunicação em rede, contrapondo-se aos meios de comunicação hegemônicos, por meio do uso das ferramentas disponíveis de acordo com a realidade local, a exemplo das ferramentas digitais e rádios comunitárias. Busca qualificar e ampliar a Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares capazes de gerar informações a partir de sua realidade.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final da alínea a) a frase: “sem que haja for-mação partidária ideológica.”

Novo item O MSTTR deve criar uma linha estratégica para avançar nas lutas de classe, frente ao atual cenário de golpe político e social e no desenvolvimento. “Identidade e lutas de classe”.

Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC) e a Política Nacional de Formação (PNF)

93. O desejo de construir uma Escola Sindical começou a ser gestado pelas mu-lheres trabalhadoras rurais, a partir da conquista da cota de representação de, no mínimo, 30% nas Direções das entidades sindicais, aprovada no 7º CNTTR. Na 3ª Plenária Nacional das Mulheres (2004), o debate sobre a Formação se fortale-ce, reconhecendo-se a importância de uma escola para o conjunto do Movimento

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Sindical, que veio a ser implementada a partir de deliberação do 9º CNTTR, sendo fundada em 2006.

94. A ENFOC é parte da estratégia político-pedagógica da PNF e tem como missão de-senvolver formação política de forma processual, continuada, multidisciplinar e articu-lada à estratégia multiplicadora, para alcançar o conjunto das organizações sindicais de base e fortalecer as lutas do MSTTR em suas várias frentes de atuação.

95. A Escola vem tecendo processos formativos marcados por um itinerário pedagógico que alcança os níveis nacional, regional, estadual e de base, por processos de sistema-tização das experiências pedagógicas e sindicais, pela articulação com entidades par-ceiras nacionais e internacionais (orientadas pelas práticas da educação popular) e pela ação da sua Rede de Educadores e Educadoras Populares.

96. Essa atuação em rede, que envolve dirigentes, lideranças e assessorias, tem forta-lecido e envolvido o conjunto do Movimento a partir de processos de multiplicação cria-tiva. As variadas experiências disseminadas em todos os níveis sindicais revelam como os processos formativos da ENFOC têm estimulado a maior aproximação entre o MSTTR e os trabalhadores e trabalhadoras rurais que compõem a base de representação, ele-mento que torna mais forte e representativo o sindicalismo rural. Como exemplo, po-demos citar a articulação dos Grupos de Estudos Sindicais (GES) e grupos de estudos do Programa Jovem Saber; as ações de mobilização de base - como Mutirões, Semanas Sindicais, Jornadas Pedagógicas e Sindicais - e a realização de atividades formativas conjuntas, entre as Secretarias e entre as Federações.

97. Passados 10 anos de atuação da Escola, o MSTTR decide desencadear, durante todo o ano de 2016, debates avaliativos e propositivos sobre o que a ENFOC tem significado para o Movimento e como a sua prática tem repercutido junto às organizações sindicais e aos sujeitos políticos que participam de atividades formativas.

98. Nesse sentido, é necessário avaliar como o conjunto de referenciais e estratégias da ENFOC dialogam com o atual momento de reorganização do MSTTR em torno da dissociação sindical e do atual contexto político brasileiro.

Financiamento da Política de Formação

99. A consolidação de uma política de sustentabilidade financeira da formação é funda-mental para garantir a efetivação da PNF. A construção da autonomia financeira passa, também, pela busca de parcerias, mas com a clareza de que não se muda os rumos da formação em função de parcerias ou agentes financeiros.

100. Os processos formativos desenvolvidos pela ENFOC, conforme Reafirmado no 11º CNTTR, são mantidos pelo Fundo Solidário, constituído a partir do desconto de 1% sobre as mensalidades sociais dos aposentados e aposentadas e pensionistas. Compreendendo a importância da ENFOC para o MSTTR, todas as Federações contribuem com o Fundo, o que é fundamental para assegurar a continuidade da estratégia formativa da Escola.

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Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: “Nesse senti-do, propõe-se passar a atual contribuição de 1% para 1,5% para assegurar o apoio formativo das atividades locais.”

Novo item Deve-se destinar, no mínimo, 30% dos recursos do Fundo Solidário da ENFOC para ações formativas com as pessoas da terceira idade e idosas, visto que os recursos são oriundos do Termo de Coopera-ção Técnica CONTAG/INSS (desconto dos aposentados/as).

A contribuição da Política Nacional de Formação para a gestão e organicidade do MSTTR

101. Uma das questões que a PNF aponta é a relação entre formação e organização sindi-cal. A formação é o instrumento de fortalecimento da organização e das lutas dos trabalha-dores e trabalhadoras rurais, sendo, portanto, estimuladora da organicidade entre as en-tidades sindicais, estimulando ações e processos coerentes com os princípios do PADRSS.

102. Assim, a formação para a ação sindical deve ampliar a capacidade de elaboração, reflexão crítica e propositiva dos sujeitos, alimentando o sentimento de pertencimento à luta sindical. Neste sentido é importante: a) Avançar na formulação de estratégias de sustentabilidade político-financeira do Movimento e de seus processos formativos, primando sempre pela autonomia e continuidade dos mesmos; b) Fortalecer os espaços interativos entre as Secretarias, Coletivos e Rede de Educadores e Educadoras Populares da ENFOC, visando aprimorar a gestão compartilhada dos processos formativos; c) Fortalecer, diversificar e articular os espaços formativos nos Sindicatos, Federações e na CONTAG; d) Consolidar os coletivos como espaços de elaboração e reorientação de estratégias formativas em todo o Movimento; e) Diversificar as estratégias de sistema-tização e os processos formativos desencadeados no âmbito da Rede de Educadores e Educadoras Populares; f) Consolidar a PNF como o referencial pedagógico comum para a realização de todos os processos formativos do MSTTR.

Emenda Aditiva 01 Acrescentar nova alínea ao final:

g) Descentralizar os recursos do Fundo Solidário com o obje-tivo de apoiar a formação no trabalho de base e na elaboração de materiais didáticos e de comunicação sindical;

Emenda Aditiva 02 Acrescentar nova alínea ao final:

h) Consolidar os processos formativos específicos para jovens e mulheres da base sindical com questões relevantes para o MSTTR (PADRSS, políticas públicas, comunicação interna e externa, sus-tentabilidade política e financeira, organização da produção, tec-nologia do campo, política partidária e gestão de empreendimen-tos econômicos e solidários para a juventude rural, entre outros);

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Emenda Aditiva 03 Acrescentar nova alínea ao final:

i) Ampliar o debate sobre a política partidária no itinerário da ENFOC, nos Grupos de Estudos Sindicais e no Programa Jovem Saber.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA SINDICAL

Antecedentes do processo de dissociação da categoria trabalhadora rural

103. No início da sua organização, as entidades sindicais foram constituídas para repre-sentar a categoria trabalhadora rural, reunindo os diversos sujeitos em uma única es-trutura sindical a partir da sua identidade de trabalho com a terra, seja na condição de assalariado ou na condição de pequeno agricultor. Ao longo dos últimos 50 anos, foram alcançados significativos avanços em termos de direitos e de políticas públicas para es-ses sujeitos, em função da unidade de todos em torno de uma única estrutura sindical.

104. Com base no princípio da unicidade sindical, em todos os espaços deliberativos em que se debateu sobre a questão da constituição ou não de entidades específicas para cada um desses segmentos, sempre foi vencedora a posição da manutenção de todos em uma mesma organização, como ocorreu, inclusive, no 11º CNTTR, Reafirmando o caráter múltiplo da categoria, mas também a necessidade de unidade de representação do conjunto de sujeitos na mesma estrutura sindical.

105. No entanto, o próprio 11º CNTTR reconheceu as pressões externas, cada vez mais fortes, para mudanças na estrutura sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, determinando a realização de um Conselho Deliberativo Extraordinário Ampliado da CONTAG para discutir a questão frente às mudanças na conjuntura.

106. A principal pressão externa foi exercida pelo poder Judiciário, que firmou claro en-tendimento de ser a categoria trabalhadora rural uma categoria eclética, ou seja, aquela que integra mais de uma categoria específica, estabelecendo que a criação de entidades de representação de assalariados e assalariadas rurais ou de agricultores e agricultoras familiares no campo não feria o princípio constitucional da unicidade sindical. Esse en-tendimento abriu caminho para o surgimento de diversas entidades específicas por fora do MSTTR, constituindo-se, além dos Sindicatos, a possibilidade de criação de federa-ções e confederações próprias específicas.

107. Outra fonte de pressão externa foi o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que passou a reconhecer as entidades específicas, sem questionamento dos processos de criação dessas entidades, a maioria sem qualquer legitimidade perante à categoria, mas que passaram a exercer a representação sindical em detrimento de entidades muito mais antigas e representativas.

108. No segundo semestre de 2013, a CONTAG foi convidada pelo Ministério do Trabalho a integrar o Grupo de Trabalho Rural (GT Rural) destinado a estudar e propor critérios de representatividade para as entidades sindicais da categoria. No decorrer dos trabalhos, as informações apuradas junto ao Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (CNES) apontavam para a existência de 117 Sindicatos de Assalariados e Assalariadas Rurais e

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16 Sindicatos Regionais de Agricultores e Agricultoras Familiares, todos regulares com registro sindical deferido pelo Ministério do Trabalho e, em sua maioria, por força de decisões judiciais proferidas, mas sem qualquer relação com o Sistema CONTAG. Além destes, mais 324 pedidos de registro sindical de novas entidades específicas da agricul-tura familiar ou de assalariados e assalariadas rurais, todos sem qualquer relação com o MSTTR, tramitavam no MTE. Em 2014, o número de pedidos de registro sindical de novas entidades específicas no campo alcançou a marca de 600 processos.

109. Diante desse cenário, o Conselho Deliberativo Extraordinário Ampliado, aprovado pelo 11º CNTTR, deliberou pela necessidade de estruturar dois sistemas sindicais autôno-mos e harmônicos: um para representação sindical de agricultores e agricultoras familiares (CONTAG) e outro para representação dos assalariados e assalariadas rurais (CONTAR).

110. Em cumprimento às deliberações do Conselho, as Federações e os Sindicatos ado-taram iniciativas para ampliar o debate e realizar o processo de dissociação sindical, seja através da mudança de sua representação, mediante alteração estatutária, seja através da criação de novas entidades.

111. Entre 2014 e o 1º semestre de 2016, o Sistema CONTAG passou por um perío-do de profundas transformações. Seguindo a orientação para a dissociação sindical, as Federações do Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Maranhão, Bahia, Goiás, Tocantins, Alagoas, Espírito Santo, Paraná, Sergipe, Rondônia, Paraíba e Distrito Federal realizaram seu processo de dissociação sindical transformando sua representação para a categoria dos agriculto-res e agricultoras familiares. Também foram fundadas novas Federações específicas de agricultores e agricultoras familiares no Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.

112. Já as Federações do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro optaram pela repre-sentação sindical de assalariados e assalariadas rurais de seus respectivos estados. Também foram fundadas novas Federações específicas de assalariados e assalariadas rurais nos estados do Pará, Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná, que so-madas às Federações do Mato Grosso do Sul e do Rio de janeiro, compõem o Sistema CONTAR (Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais), que foi fundada em Brasília, no dia 31 de outubro de 2015, por ocasião da realização do 1º Congresso Extraordinário dos Assalariados e Assalariadas Rurais.

113. No mesmo período, aproximadamente 560 Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Sistema CONTAG em todo o País fizeram dissociação sindical de categoria para representar os agricultores e agricultoras familiares ou assalariados e assalariadas rurais, e 90 novos Sindicatos específicos das duas categorias foram fun-dados em todo o Brasil.

114. A CONTAG também realizou seu processo de alteração estatutária para representar a categoria específica da agricultura familiar durante assembleia do Conselho Deliberativo ocorrido em 08 de abril de 2016, cujo registro sindical de alteração da representação está tramitando no Ministério do Trabalho. Desde então, a CONTAG passou a denominar-se Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares.

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115. A CONTAG alcançará seu 12º CNTTR experimentando um cenário organizativo distinto daquele que conheceu ao longo de sua história e na etapa de debates do seu 11º CNTTR, pois estará representando a categoria específica dos agricultores e agri-cultoras familiares.

116. Diante desse cenário, cabe ao MSTTR a tarefa de manter a regularidade de re-presentação das suas entidades. Vale considerar que ainda há sindicatos filiados ao Sistema CONTAG que não possuem registro sindical e nem mesmo têm pedido de re-gistro tramitando no Ministério do Trabalho. De igual forma, preocupa o número de entidades que se encontram com registro sindical bloqueado junto ao CNES devido ao mandato de sua Diretoria estar vencido ou desatualizado junto ao Ministério.

117. O 12º CNTTR oferece a primeira oportunidade da base sindical do Sistema CONTAG debater de forma ampliada o processo de dissociação e reorganização sindical em cur-so, que tende a alterar a conjuntura sindical rural brasileira com inúmeros reflexos ime-diatos e de longo prazo. Nesse sentido, é fundamental ampliar o debate sobre a ação sindical do MSTTR, de modo que o Sistema CONTAG se consolide na representação e representatividade sindical.

Novo item Obrigatoriedade de formação de junta eleitoral das Federações para, em conjunto com a Secretaria de Formação das FETAGs e Comissão de Ética, acompanharem desde o início até a apuração dos votos das eleições sindicais, buscando coibir irregularidades.

Representação e Representatividade Sindical

118. Representação e representatividade sindical são conceitos distintos. A represen-tação sindical é obtida pelo registro sindical, que é um registro público no Ministério do Trabalho, e significa que a entidade representa todos os indivíduos de uma categoria profissional ou econômica, independente destes serem filiados, ou não, a ela. Já a re-presentatividade sindical é a legitimidade que a entidade tem perante a sua base sindi-cal. Traduz, literalmente, a liderança, o reconhecimento e o respeito que os represen-tados têm por sua entidade representante. Esses conceitos, quando se expressam na prática sindical, significam eficiência, capacidade de luta e combatividade da entidade.

119. A finalidade de toda entidade sindical é alcançar melhores condições de vida e trabalho para a categoria, por meio da discussão, conquista, ampliação e manutenção de direitos, de políticas públicas e de prestação de serviços. Para o bom desempenho de suas finalidades, a entidade precisa, além da representação legal, alcançar representa-tividade junto aos trabalhadores e trabalhadoras rurais e o reconhecimento de toda a sociedade. Assim, para ser representativa e ter legitimidade política, a entidade sindical deve contar com a filiação e a participação efetiva dos integrantes da categoria em sua base territorial.

120. A prática e ação sindical do MSTTR têm possibilitado conquistas e ampliação de direitos para a categoria. Nesse sentido, é fundamental que isso também se expresse

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no aumento do número de filiados ao sistema, ao ponto de garantir plena sustentabili-dade político-financeira.

121. Diante do cenário de representação específica da agricultura familiar, é neces-sário que o MSTTR considere a amplitude dos desafios do campo nas áreas social, ambiental, agrícola e agrária, intensificando sua ação sindical e frentes de luta para atender as demandas dos agricultores e das agricultoras familiares e potencializar sua representatividade.

Representação e Representatividade da Agricultura Familiar

122. Historicamente, o MSTTR representou os trabalhadores e trabalhadoras rurais, especificados como agricultores e agricultoras familiares (na condição de proprietário, posseiros, assentados, reassentados, pequenos criadores, meeiros, parceiros, ar-rendatários e comodatários) e assalariados e assalariadas rurais, além de trabalhadores rurais sem terra, acampados, ribeirinhos, extrativistas, quilombolas, indígenas e pes-cadores artesanais.

123. Esta representação encontrou respaldo legal no Decreto-Lei 1.166/71, que define como a categoria trabalhadora rural “a pessoa física que presta serviço a empregador rural mediante remuneração de qualquer espécie”, bem como “aquele que, proprietário ou não, trabalha, sozinho ou em família, com ajuda eventual de terceiros (sem remu-nerá-los), em área igual ou inferior a 02 módulos rurais”.

124. O termo agricultura familiar é adotado pelo MSTTR a partir do 6º CNTR, realizado em 1995, tornando referência para construção conceitual de identificação dos sujeitos no processo de desenvolvimento rural sustentável orientado pelo PADRSS e para ajus-tes na legislação e conquista de políticas públicas específicas.

125. Com a definição de representação específica, um dos desafios é construir con-senso em torno da identidade da “agricultura familiar” que o Sistema Confederativo CONTAG irá representar, uma vez que este público é muito diversificado.

126. Há multiplicidade de leis que normatizam políticas públicas específicas para a agricultura familiar não vinculadas à representação e enquadramento sindical. Essas leis dão tratamento diferenciado ao público da agricultura familiar e que atendem necessidades específicas da política pública ofertada. Citam-se, nesse caso, a Lei da Previdência Social que define o conceito de segurado especial (Lei nº 8.213/91); a Lei que regulamenta o tamanho da propriedade para fins de reforma agrária (Lei nº 8.629/93); o Estatuto da Terra que define o conceito de propriedade familiar (Lei nº 4.504/64); a Lei que define a Política Nacional da Agricultura Familiar (Lei nº 11.326/06); e o Decreto-Lei que define os critérios de cobrança da contribuição sindi-cal rural (Decreto-Lei nº 1.166/71).

127. Alguns conceitos previstos na legislação merecem destaque. O enquadramento previdenciário, previsto na Lei nº 8.213/91, trata o agricultor e a agricultora familiar por segurados(as) especiais, exigindo que os mesmos trabalhem em atividades agro-

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pecuárias ou extrativismo, em regime de economia familiar em área não superior a 04 (quatro) módulos fiscais, com ajuda eventual de terceiros e com a possibilidade de empregar mão de obra assalariada limitada a, no máximo, 120 pessoas dia/ano em pe-ríodos corridos ou intercalados, ou ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, conforme a Lei 11.718 de junho de 2008. Enquadram-se ainda na qualidade de segurados(as) especiais o agricultor e agricultora familiar que exploram turismo rural e que constituem pessoa jurídica para agroindustrializar a própria produção rural nos termos da Lei nº 12.873/13.

128. Com base na Lei nº 11.326/06, o enquadramento para fins da Política Nacional da Agricultura Familiar define o agricultor e agricultora familiar como aqueles que praticam atividades no meio rural em área não superior a 04 (quatro) módulos fiscais, utilizan-do, predominantemente, mão de obra da própria família, e que tenham renda familiar majoritariamente originária de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabeleci-mento ou empreendimento.

129. Por sua vez, o enquadramento sindical rural previsto no Decreto Lei nº 1.166/71 define trabalhador e trabalhadora rural como aqueles que, proprietários ou não, traba-lhem individualmente ou em regime de economia familiar, assim entendido o trabalho dos membros da mesma família, indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, ainda que com ajuda eventual de ter-ceiros, em área igual ou inferior a 02 (dois) módulos rurais, sem empregar mão de obra remunerada e, condicionado apenas à própria subsistência, sob pena de ser o mesmo desenquadrado como parte da categoria profissional.

130. O debate, portanto, não pode se resumir à adequação à legislação, pois o MSTTR ao longo da sua história jamais limitou sua ação sindical para representar os agricultores e agricultoras familiares de acordo com o enquadramento sindical previsto no Decreto-Lei nº 1.166/1971. O debate precisa ser mais amplo, uma vez que a modificação da norma apenas assegura a representação formal, sem garantir a representatividade do sistema. Modificar ou manter a lei que define o enquadramento sindical sem adequar à prática, à estrutura e à organização não garante o mais importante para essa nova fase do MSTTR, que é a representatividade.

131. Atualmente, existem diversas conceituações de agricultura familiar, de acordo com a realidade social, econômica e política de cada país, a partir de algumas ca-racterísticas básicas: tamanho da propriedade, limite de renda oriunda da atividade rural, emprego de mão de obra permanente ou temporária, exercício exclusivo da atividade na agricultura familiar, trabalho efetivo na atividade rural e gestão familiar da propriedade. O MSTTR, ao buscar um conceito de agricultura familiar para sua representação e representatividade sindical, deve considerar todos esses aspectos, inclusive para fazer ajustes nas legislações e políticas direcionadas às necessidades desse público específico.

132. Até o momento, os debates realizados no âmbito do MSTTR, sobretudo nos en-contros regionais realizados no início de 2016, apontam para a existência de algumas convergências para a construção de entendimento sobre o conceito de agricultura

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familiar, a saber: gestão da propriedade feita pela família; trabalho efetivo dos mem-bros da família na atividade rural; não limitação do valor máximo de renda; renda mínima oriunda da atividade rural; possibilidade de conciliar o trabalho rural com outros tipos de atividades.

Novo item O desafio que se apresenta para o conjunto do movimento sindical rural é definir um conceito amplo que assegure a diversidade social e cultu-ral dos sujeitos do campo, e que não se vincule apenas a formalismos jurídicos adotados por agências governamentais e/ou consignados em políticas públicas, mas, que considere a diversidade do campo.

133. Das questões ainda divergentes no MSTTR, destacam-se: exploração da terra vinculada ou não ao limite de módulos rurais ou fiscais; contratação de mão de obra de terceiros pela agricultura familiar.

134. Diante da realidade em que se situa a agricultura familiar brasileira, o tamanho da propriedade é uma questão que precisa ser debatida, isto porque, mesmo haven-do a limitação no Decreto-Lei 1.166/71 (02 módulos rurais), o MSTTR sempre lutou pela construção de políticas públicas para aqueles e aquelas que exercem a agricultura familiar para além dessa limitação legal, como é o caso da Lei 11.326/2006, que es-tabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

135. A contratação de mão de obra com vínculo de emprego também precisa ser ob-jeto de discussão, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico e produtivo da agricultura familiar, a redução das taxas de natalidade e o processo de envelhecimento do campo. De acordo com o Censo Agropecuário/IBGE 2006, dos cerca de 4,3 milhões de estabelecimentos da agricultura familiar de até 04 módulos fiscais, 1,9 milhão de estabelecimentos (45,18% do total) fazem uso de mão de obra de terceiros, sendo que, destes, 4,70% usam mão de obra permanente e 40,23% mão de obra temporária.

136. Essa realidade aponta para alguns desafios que precisam ser superados pelo MSTTR. A atual condição de categoria profissional prevista no Decreto-Lei nº 1.166/71 não contempla o universo de demandas que partem da base para representar adequa-damente a agricultura familiar.

137. É preciso considerar a real possibilidade de os agricultores e agricultoras familia-res se organizarem e serem reconhecidos como categoria profissional diferenciada, pela identidade de condições de vida singulares que os caracterizam, considerando o trabalho rural por conta própria em regime de economia familiar, com o auxílio de mão de obra de terceiros. Essa categoria diferenciada, embora amparada pela Constituição Federal (art. 8º) e pela CLT (art. 511, § 3º), precisa ser reconhecida por legislação específica.

138. Considerando a representação e representatividade específica da agricultura fa-miliar, o MSTTR deve construir um conceito que leve em consideração os seguintes elementos: a) Preponderância do trabalho rural e gestão da propriedade realizada pelo agricultor e/ou agricultora familiar, de forma individual ou coletiva – Por este critério,

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o agricultor ou agricultora familiar pode até exercer outra atividade simultaneamente, mas o que deve prevalecer é o trabalho rural. Nesse entendimento, se permite que o membro da família exerça atividade não agrícola, sem descaracterizar a unidade fami-liar. A gestão da propriedade deve ser feita permanentemente por, pelos menos, um membro da família. b) Não exigência de limite máximo de renda oriunda do trabalho e da exploração produtiva do imóvel rural – Deve-se considerar como renda aquilo que é gerado pela produção tanto para autoconsumo quanto para a comercialização. Por este critério, a proposta é não estabelecer um limite máximo de renda aferida pelo agricultor ou agricultora no processo produtivo na propriedade. c) Tamanho do imóvel rural – Há um debate sobre estabelecer ou não o limite da área do imó-vel rural. Nesse sentido, algumas propostas são no sentido de fixar o limite em 02 módulos rurais; ou 04 módulos fiscais; ou 06 módulos fiscais; ou, ainda, sem limite de módulos. d) Utilização de mão de obra de terceiros para auxiliar na exploração produtiva do imóvel rural – Há uma preponderância de entendimento sobre a ne-cessidade de contratação de mão de obra de terceiros pela agricultura familiar para ajudar no processo produtivo na propriedade. Nesse sentido, é necessário averiguar se, no futuro, a agricultura familiar vai se sustentar sócio e economicamente com o auxílio de mão de obra temporária ou permanente de terceiros. Outra questão a considerar é se a mão de obra familiar deve ou não ser preponderante em relação a terceiros contratados.

Emenda Supressiva 01 Suprimir alínea c).

Emenda Supressiva 02 Suprimir parte da alínea d): “ou permanente de terceiros”

Emenda Supressiva 03 Suprimir parte da alínea d): “ou não”

Emenda Substitutiva 01Proposta 01

Substituir a alínea c) pela seguinte frase: “c) Re-presentação e Representatividade Sindical da Agricul-tura Familiar tamanho do imóvel rural: há um debate sobre estabelecer ou não o limite da área do imóvel rural. Nesse sentido, a proposta é de fixar o limite até 04 (quatro) módulos fiscais.”

Proposta 02

Substituir a alínea c) pela seguinte frase: “c) Tamanho do imóvel rural – o limite da área do imóvel rural deve ser de até 6 módulos fiscais.”

Emenda Substitutiva 02 Substituir a alínea d) pela seguinte frase: “d) Admitir a contratação permanente de trabalhador(a), desde que, na propriedade, a predominância dos trabalhos seja feito por membros da família.”

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Emenda Aditiva 01 Acrescentar ao final da alínea c): estabelecer para todo o Nordeste 04 módulos rurais, sem diferenciação entre os estados.

Emenda Aditiva 02 Acrescentar ao final da alínea d): “Manter como critério para fins de mão de obra, a mão de obra temporária e preponderân-cia da família”

Emenda Aditiva 03 Acrescentar ao final da alínea d): Se por um lado a mecani-zação é usada como forma de compensar a perda de força de trabalho, ocasionada por diversos fatores, há de se convir que a contratação de mão de obra auxiliar passa a ser uma neces-sidade que precisa ser suprida, de alguma forma, e uma delas, talvez a mais recomendada, será a contratação de mão de obra, permitindo-se, pela lei, que a contratação de até dois trabalha-dores, de forma permanente, não caracteriza a perda da quali-dade de agricultor familiar.

Novo item 01 Para fins de representação da agricultura familiar, deve-se con-siderar as áreas com até 02 módulos rurais, nos quais a gestão, o trabalho e a renda sejam predominantemente da exploração do estabelecimento em regime familiar, permitindo-se a utili-zação de mão de obra de terceiros de forma temporária e uma permanente, quando assim a atividade o exigir.

Novo item 02Proposta 01

Tamanho do imó-vel rural: para fins de representação da categoria dos agricul-tores(as) familiares, há o entendimento de fixar em 3 (três) mó-dulos rurais.

Proposta 02

Tamanho do imó-vel rural: para fins de representação da categoria dos agricul-tores(as) familiares, há o entendimento de fixar em 4 (qua-tro) módulos fiscais.

Proposta 03

Tamanho do imó-vel rural: para fins de representação da categoria dos agricultores(as) familiares, há o entendimento de fixar em 6 (seis) módulos fiscais.

Proposta 04

Tamanho do imó-vel rural: para fins de representação da categoria dos agricultores(as) fa-miliares, há o en-tendimento de fi-xar sem limitador de módulo.

139. Assim, é necessário que o MSTTR construa um referencial de identidade da Agricultura Familiar, considerando os anseios de representação e representatividade frente à realidade dos agricultores e agricultoras familiares, na sua relação com a terra, forma de organização produtiva, relações de trabalho e que leve em conta os diversos sujeitos do campo.

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Novo item A CONTAG deve continuar representando os(as) assalariados(as) rurais, utilizando as propostas aprovadas no 11º CNTTR constan-tes dos Anais do MSTTR, quais sejam: a) Lutar por políticas pú-blicas específicas para os trabalhadores(as) assalariados(as) rurais, com a finalidade de assegurar-lhes melhores condições de vida e emprego digno, atuando articuladamente com os órgãos governa-mentais, principalmente nos processos de fiscalização, promoven-do o trabalho decente; b) Reivindicar mecanismos de proteção dos trabalhadores(as) frente à intensificação da mecanização do cam-po, garantindo um processo de transição com a finalidade de ma-nutenção dos postos de trabalho; c) Intensificar a luta em defesa dos assalariados(as) rurais, especialmente junto ao governo para que assegure políticas de reinserção produtiva, geração de renda e acesso aos direitos sociais; d) Intensificar a luta em defesa de uma política efetiva de criação de creches nas comunidades rurais, inclusive garantindo nas negociações e acordos coletivos cláusulas sociais que assegurem sua instalação nas fazendas e nas indústrias rurais, como forma de promover maior autonomia econômica e so-cial das mulheres trabalhadoras rurais; e) Assegurar a continuida-de do processo formativo dos trabalhadores(as) assalariados(as) rurais e dirigentes sindicais, qualificando-os e capacitando-os para melhorar a luta e a representação na defesa dos interesses desses trabalhadores(as).

Organicidade do Sistema Confederativo CONTAG

140. A construção de uma unidade interna do MSTTR, capaz de dar respostas eficien-tes tanto para a categoria representada como para a sociedade em geral, depende da construção de maior organicidade entre as entidades que o compõe.

141. Reafirmando a deliberação do 11° CNTTR, a organicidade se dá pela atuação arti-culada das entidades que compõem a estrutura do MSTTR, respeitando os princípios e cumprindo as obrigações comuns deliberadas pelas instâncias, o que é imprescindível para garantir a representatividade e a legitimidade das entidades sindicais e do Sistema Confederativo junto à base.

142. Para alcançar maior organicidade é preciso buscar o equilíbrio em dois fatores: a autonomia na gestão financeira das entidades, sem ferir as deliberações congressuais e a liberdade de posicionamento político, respeitando as deliberações tomadas em con-junto pelas instâncias democráticas, como os congressos e os conselhos deliberativos.

143. Algumas práticas sindicais autoritárias e antidemocráticas, em todas as ins-tâncias, não afirmam o projeto coletivo, solidário e de unidade do MSTTR. Tampouco estimulam ou possibilitam o surgimento de novas lideranças, a participação do con-junto da base e o cumprimento das deliberações das instâncias do Movimento. Essas

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são práticas exercidas por alguns dirigentes que se apropriam da representação sin-dical para seus interesses pessoais e tratam a instituição sindical como se fosse ex-tensão do seu patrimônio.

144. Diante deste contexto, é necessário reiterar os seguintes princípios e diretrizes construídas ao longo dos anos pelas diferentes instâncias deliberativas do MSTTR e Reafirmadas no 11º CNTTR, que orientam para o fortalecimento, a organicidade do sistema e a prática sindical: a) Atuar estrategicamente para que o PADRSS seja o refe-rencial de desenvolvimento do campo; b) Renovação de, no mínimo, 30% nos cargos do MSTTR; c) Cumprimento da cota de jovens; d) Cumprimento da cota de mulheres; e) Cumprimento da paridade de gênero; f) Superar o corporativismo no MSTTR, afirmando e praticando a solidariedade, a visão de classe e a luta geral do povo pela emancipação coletiva; g) Praticar a democracia interna, fortalecendo os mecanismos de participação da base como requisito essencial de representatividade e legitimidade; h) Reconhecer a diversidade dos sujeitos políticos na base sindical, estimulando a sua participação em todas as instâncias de deliberação do Movimento; i) Combater o nepotismo nas enti-dades sindicais, assegurando a moralidade, transparência, impessoalidade e imparcia-lidade na gestão sindical, vedando-se a contratação de parentes de dirigentes de até 3º grau; j) Combater desvios de conduta de dirigentes sindicais em relação à gestão político-financeira sindical e uso indevido das políticas públicas; k) Assegurar o reconhe-cimento social e político das entidades sindicais como espaços de lutas coletivas a partir da mobilização da base e articulação com as outras entidades e organizações sociais; l) Atualizar e democratizar os meios de comunicação e de informação no MSTTR; m) Articular as ações nacionais, regionais, estaduais e municipais, atuando estrategica-mente para assegurar maior relação entre o global e o local; n) Fortalecer o trabalho sindical de base, fazendo com que as ações dos(as) dirigentes e lideranças reflitam a realidade e respondam às efetivas demandas da categoria.

Emenda Supressiva Suprimir a alínea e)

Emenda SubstitutivaProposta 01

Substituir a alínea b) pela seguinte frase: “b) Renovação de 30% nos cargos efetivos do MSTTR”

Proposta 02

Substituir a alínea b) pela seguinte frase: re-novação de 30%

por: renovação de 15%;

Proposta 03

Substituir na alínea b) a frase “nos cargos do”

por: “membros da direto-ria”

Emenda Aditiva 01 Incluir na alínea b) após “renovação, no mínimo, de 30%” a seguinte frase: “com limite de mandato.”

Emenda Aditiva 02 Incluir ao final da alínea b) a seguinte frase: respeitando a paridade de gênero na renovação.

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Emenda Aditiva 03 Inserir ao final da alínea b) a seguinte frase: Que a re-novação dos 30% não seja direcionada incisivamente sobre as mulheres e jovens.

Emenda Aditiva 04 Acrescentar nova alínea ao final com a seguinte frase: “Li-mitar o tempo de permanência dos(as) diretores(as) a quatro mandatos consecutivos, ou seja, 16 anos, em todas as instâncias do MSTTR.”

Emenda Aditiva 05 Construir proposta objetiva para a aplicação da paridade e das cotas de participação a toda Diretoria (CONTAG, Federações e Sindicatos) e demais instâncias deliberativas do MSTTR.

Emenda Aditiva 06 Acrescentar ao final da alínea i) a seguinte frase: “identifi-cando, através da Comissão de Ética, onde essa prática já existe, de forma a rever e corrigir através de mecanismos de restrição e/ou punição para os(as) que ainda descumprirem.”

Emenda Aditiva 07 Inserir nova alínea ao final com a seguinte frase: “garantir igualdade de condições de trabalho e de gratificação entre mulhe-res e homens dirigentes sindicais.”

Novo item 01 Criar prazo de carência para cumprimento das diretrizes de con-gresso e adotar penalidades para os Sindicatos que não cumprirem.

Novo item 02 Criar as comissões de ética em todas as instâncias do MSTTR e que estas realmente executem o seu papel.

Novo item 03 Para fins de representação de jovens e mulheres, as cotas devem ser respeitadas em todas as instâncias do MSTTR, considerando Diretoria e Conselho Fiscal e respectivas suplências.

Novo item 04 Realizar eleições diretas na CONTAG a partir do 12º Congresso Nacional.

Novo item 05 Desvincular o congresso político do congresso temático da CONTAG.

Novo item 06 A realização de congresso temático em momento distinto daquele destinado à eleição da Diretoria, Conselho Fiscal e suplentes da CONTAG contribuirá para maior qualificação e aprofundamento dos debates internos do MSTTR em suas deliberações, salvaguardan-do-as de qualquer pressão de natureza eleitoral.

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Novo item 07 Que o MSTTR limite em, no máximo, três mandatos consecutivos em cargos do executivo, permitindo uma renovação de fato e de direito, ampliando a participação e o surgimento de novas lideran-ças nas diversas instâncias do movimento.

145. Apesar desses princípios e diretrizes serem Reafirmados em diversas instâncias e documentos do MSTTR, parte das entidades sindicais não cumprem tais deliberações. Nesse sentido, é fundamental que as entidades sindicais estabeleçam e fortaleçam ins-trumentos internos que assegurem o cumprimento efetivo desses princípios e diretrizes pelos(as) dirigentes, rompendo com as práticas antisindicais e antidemocráticas e cons-truindo uma gestão transparente e participativa.

146. É fundamental que todas as entidades sindicais cumpram as deliberações con-gressuais quanto à criação das Comissões de Ética nas instâncias do MSTTR, sob pena de serem punidas de acordo com o que prevê o Estatuto Social das entidades e rever seus regimentos para adequar a sua composição e sua forma de funcionamento, mantendo e fortalecendo sua autonomia político-financeira.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do item: “Sendo assim, se faz necessário que a Comissão de Ética seja efetiva em todas as instâncias do MSTTR até dezembro de 2017.”

Novo item 01 Que seja atribuída à Comissão de Ética a competência de averiguar e sugerir punição a dirigentes, com perda de mandato, em casos de assédio moral e/ou sexual a diretores(as), assessores(as) e funcionários(as), desde que seja levado a conhecimento e aprova-ção da Assembleia Geral ou Conselhos Deliberativos.

Novo item 02 Definir a obrigatoriedade da implementação e funcionamento das Comissões de Ética em todas as instâncias do MSTTR para promo-ver o efetivo combate ao nepotismo e às práticas antidemocráti-cas, estabelecendo prazo até a plenária de avaliação do mandato da CONTAG em 2019;

Novo item 03 Que a CONTAG realize revisão do regimento interno da Comissão de Ética até a plenária de avaliação do mandato da CONTAG em 2019;

147. Ao mesmo tempo, faz-se necessário investir nos processos formativos enquanto instrumento de fortalecimento e organicidade das entidades sindicais, orientando ações e processos coerentes com os princípios do Movimento, evidenciando permanentemen-te suas bandeiras de lutas, diretrizes e resoluções.

148. É preciso considerar também que o processo de transição para a representação específica da agricultura familiar vai exigir que Sindicatos, Federações e CONTAG repen-sem e adequem a sua estrutura organizativa interna, de modo a atender às demandas e necessidades da sua base sindical, mantendo uma estrutura confederativa mais orgâ-nica em suas ações.

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149. Nesse sentido, as Regionais da CONTAG podem dar grande contribuição já que são importantes estruturas orgânicas instituídas com os seguintes objetivos: divulgar e acompanhar a implementação, pelas Federações, das políticas e ações estabelecidas pelas instâncias deliberativas da CONTAG; encaminhar às instâncias deliberativas da CONTAG as demandas, reivindicações e sugestões específicas de cada região; articular, debater e apoiar ações conjuntas das Federações e Sindicatos; e elaborar a pauta de ação do MSTTR em nível Regional.

Novo item Que as Coordenações Regionais da CONTAG acompanhem as elei-ções das Federações.

150. Assim, é preciso potencializar as Regionais para melhor orientar a organicidade, a ação e prática sindical, como espaços estratégicos de elaboração e articulação de de-mandas e políticas que valorizem as especificidades regionais, culturais e produtivas da agricultura familiar; bem como a padronização dos estatutos e regimentos elei-torais em todas as instâncias do MSTTR, conforme realidades regionais.

Novo item 01 Cada regional precisa, portanto, articular pesquisadores(as) e or-ganizações para traçar melhor o perfil da agricultura familiar nas suas respectivas regiões e colaborar com a CONTAG na construção dos parâmetros de representação específica da categoria.

Novo item 02 Outra ação importante será atuar nas estratégias de sustentabili-dade político-financeira, principalmente em relação à implementa-ção e execução do orçamento sindical participativo e do fortaleci-mento das ações do Plano Sustentar. Para tanto, faz-se necessário que a nova gestão da CONTAG discuta o papel, a estruturação e o regimento de suas Regionais para atender a essas demandas. Após esse período de experiência prática das mesmas, já se acu-mulou condições suficientes para melhor avaliação de sua atuação.

Sustentabilidade Político-Financeira: fortalecimento da ação e prática sindical e da organização e estrutura sindical

151. As crescentes disputas pela representação sindical no campo e suas consequências na reorganização do Sistema CONTAG trazem novos desafios quanto à unidade política do sistema de representação da agricultura familiar e sua sustentabilidade político-financeira.

152. A sustentabilidade do MSTTR envolve uma dimensão política aliada a aspectos administrativos e financeiros. A dimensão política contempla a capacidade de a en-tidade sindical representar de forma efetiva as demandas e os interesses da catego-ria. É necessário exercer a representação sindical cumprindo critérios significativos de representatividade para garantir o atendimento às demandas dos agricultores e agricultoras familiares e sua participação de forma efetiva e democrática em todas as instâncias do MSTTR.

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153. A sustentabilidade financeira diz respeito à gestão da entidade e à capacidade de obter receitas na forma de contribuição e de gerenciar essas receitas com eficácia e eficiência. A partir do reconhecimento e valorização por parte dos agricultores e agri-cultoras familiares, aposentados e aposentadas e pensionistas, o MSTTR fortalece sua estrutura confederativa e amplia a capacidade de atuação por meio da contribuição social feita pelos mesmos.

Novo item Quanto à contribuição dos aposentados (as) e pensionistas, a CONTAG, a fim de manter a transparência entre os sócios que des-contam diretamente do sistema Dataprev, deverá criar um link no sistema para emitir a guia de quitação contendo: nome, número do benefício, cidade e Unidades Federativas (UF)

154. Entretanto, é preciso avançar para buscar equilíbrio nas fontes de arrecadação, principalmente na contribuição social (mensalidade social/mensalidade de balcão) e na contribuição sindical dos agricultores e agricultoras familiares. É preciso, ainda, definir novas formas de arrecadação, como, por exemplo, o recolhimento de contribuição em decorrência de processo de participação do MSTTR nas negociações no âmbito das ca-deias produtivas, entre outros.

Emenda Aditiva 01 Acrescentar após “agricultoras familiares” à frase: “con-tudo, sem criar obstáculos à participação dos sindicatos com a cobrança do percentual de 1% sobre a mensalidade de balcão.”

Emenda Aditiva 02 Acrescentar após “(mensalidade social/mensalidade de balcão)”, a seguinte frase: “conforme preceitua o estabeleci-do no Estatuto Social do Sindicato”.

155. Quanto à contribuição sindical, destacamos a participação da CONTAG no Grupo de Trabalho (GT) do Ministério do Trabalho e Emprego criado, no Governo Dilma, para debater a regulamentação da Contribuição Sindical Rural para a Agricultura Familiar. O MSTTR tem reivindicado através da pauta do Grito da Terra Brasil esta regulamentação. A Contribuição Sindical Rural continua sendo uma das mais importantes fontes de arre-cadação e de sustentação financeira do Sistema CONTAG.

Emenda Aditiva 01 Acrescentar ao final do texto: “Devido a sua importância é imprescindível a implementação de mecanismos de cobrança ju-dicial dos inadimplentes”.

Emenda Aditiva 02 Acrescentar no final do item o seguinte texto: “Nesse sen-tido, a CONTAG deve mandar os boletos da contribuição sindical, incluindo todos os(as) agricultores(as) familiares nos critérios da legislação vigente, tornando uma cobrança obrigatória. Devem ser criados mecanismos de cobrança e de banco de dados, o qual será alimentado pelos Sindicatos.”

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Emenda Aditiva 03 Acrescentar após “Grito da Terra Brasil esta regulamentação” a seguinte frase: “criando um mecanismo de fiscalização e exi-gência, unificado em todo o País.”

Novo item O MSTTR deve cobrar judicialmente a Contribuição Sindical.

156. Com o processo de dissociação e a organização de dois sistemas distintos, haverá redução de receita para o Sistema CONTAG. Os impactos provenientes dessa redução serão proporcionais ao grau de participação político-financeira da base dissociada em cada entidade.

157. É importante destacar que, mesmo com esse processo de dissociação, ainda há na base do Sistema CONTAG um número significativo de Sindicatos representando a categoria eclética e arrecadando a contribuição sindical de agricultores e agricultoras familiares e assalariados e assalariadas rurais.

158. A representação específica da agricultura familiar desafia o Sistema CONTAG a lançar um novo olhar para esta categoria, exigindo aprofundar o conhecimento sobre os inúmeros arranjos sociais, econômicos e políticos, de forma que sejam redimensionadas as demandas, os espaços de inserção político-sindical e as ações estratégicas para o fortalecimento da sustentabilidade político-financeira do MSTTR.

159. A intensificação das formas de mobilização e luta, com o envolvimento das mu-lheres a partir da base no processo de construção da Marcha das Margaridas, amplia a construção da igualdade, dá visibilidade às mulheres enquanto sujeitos políticos de direitos e como protagonistas da ação sindical.

160. A organização e a participação das mulheres contribuem de maneira significa-tiva para o conjunto do MSTTR onde representam a maioria do quadro de associa-dos e associadas dos Sindicatos. Isto tem sido fundamental para ampliar e garantir a sua participação político–sindical e para fortalecer a sustentabilidade político-fi-nanceira. Entretanto, ainda é necessário garantir a igualdade de condições salariais para as diretoras liberadas, bem como recursos para realização da organização e luta das mulheres. Portanto, a participação política e a contribuição financeira preci-sam ser traduzidas em relações de igualdade no cotidiano sindical, verdadeiramente democráticas e solidárias.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “Entretanto, ainda é necessário garantir a igualdade de condições salariais”

Por “Entretanto, ainda é necessário garantir a igualdade de condições de gratificação e apoio financeiro para as ativi-dades dos diretores e diretoras, Reafirmando a relação de igualdade no cotidiano sindical, verdadeiramente democráti-cas e solidárias”.

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Novo item O MSTTR deve conhecer quem são os idosos e as idosas do cam-po, o que fazem, como vivem e se relacionam com a sociedade e o mundo do trabalho, quais suas fragilidades e potencialidades, quais são os desejos, sonhos e perspectivas, e como o próprio movimento pode e deve representá-los(as). Nesse sentido, acredi-ta-se que, tanto as pessoas idosas do campo quanto o conjunto do Movimento Sindical que as representa, carecem de um aprofunda-mento sobre as questões e os processos de envelhecimento, como também de reconhecerem a luta dessas pessoas para as conquis-tas que aconteceram para o conjunto dos trabalhadores e mora-dores do campo. É importante ressaltar que o MSTTR compreenda a grande contribuição que a terceira idade garante no processo de sustentabilidade político-financeira, por isso, é necessária a valori-zação da sabedoria e conhecimento dessas pessoas idosas.

161. A sustentabilidade político-financeira requer planejamento estratégico e gestão participativa, democrática e de corresponsabilização entre as Direções e a base sindical. Portanto, o planejamento estratégico e financeiro e o Orçamento Sindical Participativo (OSP) como estratégias políticas são peças fundamentais para qualificar a ação sindical e fortalecer as entidades sindicais. Neste sentido, o 11º CNTTR aprovou a implementa-ção efetiva do Orçamento Sindical Participativo em todas as entidades do MSTTR após o 12º Congresso para definir prioridades da ação sindical articulada à distribuição efi-ciente de recursos.

162. Diante do contexto de reorganização da estrutura sindical, a CONTAG Reafirma a importância do Plano Sustentar enquanto estratégia para fortalecer a política de sus-tentabilidade político-financeira que assegure representatividade e crie condições para o fortalecimento das entidades sindicais.

163. O Plano Sustentar tem seus pressupostos embasados no PADRSS e no Programa Nacional de Fortalecimento das Entidades Sindicais (PNFES), tendo como foco o for-talecimento da organicidade, da ação e da prática sindical. Estruturado em três eixos articulados - Gestão Administrativa e Financeira, Formação e Comunicação -, o Plano estimula a adesão dos Sindicatos e é um importante instrumento para que o MSTTR alcance melhores resultados na sua dinâmica organizacional, no aprimoramento de sua gestão e no fortalecimento de sua sustentabilidade político-financeira.

164. Entre as estratégias estabelecidas pelo Plano Sustentar, destacam-se o Sistema Informatizado de Gestão Administrativa e Financeira (SisCONTAG), via Internet, que contribui para a melhoria e transparência da gestão sindical; e o Seguro Vida, ofertado a todos os associados e associadas dos Sindicatos que aderirem à apólice, assegurado num primeiro momento aos aposentados e pensionistas que fazem parte do Termo de Cooperação entre CONTAG e Previdência Social/INSS, cuja finalidade é ofe-recer um benefício de amparo à família dos mesmos. As campanhas permanentes de sindicalização e os investimentos compartilhados em comunicação são instrumentos

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

que visam aproximar a CONTAG, Federações e Sindicatos da base, na perspectiva do crescimento da representatividade e do fortalecimento do MSTTR.

Novo item Disponibilização do seguro de vida para os(as) demais sócios(as), além das pessoas da terceira idade, que têm desconto direto.

165. Fortalecer a organização e estrutura sindical e a sustentabilidade político-finan-ceira do MSTTR exige, portanto, o cumprimento das diretrizes aprovadas no 11º CNTTR de: superar o corporativismo e praticar a solidariedade; praticar a democracia interna, cumprindo o estatuto social e as deliberações congressuais, de assembleias e conselho deliberativo; combater o nepotismo nas entidades sindicais; inibir e punir eventuais desvios de conduta em relação à gestão político-financeira sindical, aplicando o Código de Ética das FETAGs e da CONTAG e incentivando o trabalho das Comissões de Ética que orientam para uma eficiente gestão sindical. É necessário que a CONTAG, Federações e Sindicatos tenham unidade política nas ações e que aprimorem a qualidade nos serviços prestados aos associados e associadas.

166. O Sindicato tem um importante papel em todo o processo e em manter a arti-culação entre a ação sindical e a sindicalização, adotando mecanismos de participação democrática, formativa e informativa. Deve ser identificado enquanto representante político da categoria e como o principal canal de participação na construção de lutas e mobilizações que contribuem com a melhoria da qualidade de vida das populações do campo, das florestas e das águas.

167. Diante do exposto, é fundamental uma atuação articulada frente aos desafios colocados para a representação da agricultura familiar e a sustentabilidade político-fi-nanceira com ações concretas de reconhecimento da diversidade e das especificidades dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares. Isso requer aprofundar o conhecimento sobre as suas dinâmicas de trabalho, de produção e de comercialização. Diante dessa realidade, é preciso ampliar a participação qualitativa e quantitativa na base sindical desse segmento de modo a fortalecer política e financeiramente o MSTTR.

Novo item 01 O contexto da dissociação no MSTTR, entre agricultura familiar e assalariados(as) rurais, em entidades específicas, estabeleceu novas necessidades de reorganização financeira de suas organiza-ções. Desse modo, a CONTAG, Federações e Sindicatos precisam articular novas formas de garantir a sustentabilidade político-fi-nanceira da categoria otimizando sua estrutura e seus recursos humanos e financeiros.

Novo item 02 A CONTAG deve desenvolver uma campanha de sindicalização e quitação, com trabalhadores ativos e aposentados, em todas as instâncias do MSTTR.

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Novo item 03 O MSTTR deve construir uma estratégia política sobre a contribuição sindical compulsória da Agricultura Familiar, bem como mecanismo de divulgação e arrecadação, e concebendo melhores condições de retorno de ações para a base frente ao desafio da dissociação.

Democracia Interna e Participação dos Sujeitos

168. Os sujeitos do campo estão no centro do projeto político de desenvolvimento defendido pelo MSTTR. São homens e mulheres, jovens e pessoas da terceira idade e idosas, de diferentes raças e etnias que demandam e protagonizam a construção coti-diana do desenvolvimento rural sustentável e solidário, fazendo a resistência e a luta de classe, construindo novas identidades ao defenderem seus direitos e condições de vida, seu território e seu patrimônio cultural.

Emenda Supressiva Suprimir a frase: “terceira idade”

169. O fortalecimento do Movimento Sindical passa pelo reconhecimento e protago-nismo desses sujeitos assegurando a plena participação nos espaços formativos e nas instâncias deliberativas que orientam as atividades e ações sindicais.

A luta pela construção de igualdade entre mulheres e homens no MSTTR

170. No final dos anos 1970, a eclosão de um movimento sindical dinâmico e vigoroso despertou maior interesse pelo sindicato como espaço de representação e de luta por melhorias salariais, das condições de trabalho, acesso à terra e por políticas públi-cas para o campo. Ao mesmo tempo, a emergência do movimento feminista e de um movimento de mulheres diversificado contribuiu para estimular o desejo de participação em uma parcela da população feminina, inclusive trabalhadoras assalariadas.

Emenda Substitutiva Substituir a palavra: “eclosão”

Por: “estruturação”.

171. Até meados dos anos 1980, as trabalhadoras rurais não podiam se sindicalizar por impedimentos das legislações. Apenas o homem, considerado chefe da família, tinha o direito de se associar. As mulheres reuniam-se em outros espaços onde trocavam expe-riências sobre sua condição de mulher. Nesse processo, foram percebendo os sindicatos como importante instrumento de luta.

172. No âmbito do sindicalismo rural, o debate sobre a participação das mulheres no MSTTR ganhou força a partir do 4º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, rea-lizado em 1985, passados 22 anos da fundação da CONTAG. Até então, a participação das mulheres não chegava a 3% dos delegados e das delegadas nos congressos.

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173. Com a luta pelo reconhecimento da importância da sua sindicalização, o protagonismo e a organização das mulheres foram ganhando força na busca por igualdade no MSTTR. Nesse processo, foi fundamental a sua participação no 5º e no 6º CNTR, assim como a realização dos Encontros Nacionais de Mulheres, o que culminou na expressiva participação de 42% de mulheres no 7º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, em 1998.

174. O debate qualificado, com habilidade política e capacidade de convencimento, feito pelas mulheres durante o 7º CNTTR, resultou na aprovação da cota de, no míni-mo, 30% de mulheres para a Diretoria Executiva da CONTAG e em todas as instâncias deliberativas do MSTTR, e de, no mínimo, 50% de mulheres nos espaços de formação. Isso impactou em significativas mudanças no perfil, na plataforma e lutas sindicais, especialmente na dinâmica das relações de gênero no MSTTR, e no fortalecimento da democracia interna do MSTTR enquanto base necessária de um novo sindicalismo.

175. Em 2013, ano em que a CONTAG comemorou seus 50 anos de existência, as mulheres conquistaram mais um marco na história da construção da igualdade entre homens e mulheres no Movimento Sindical, sendo aprovada, no 11° CNTTR, por unani-midade, a paridade participativa de gênero em todas as instâncias do MSTTR.

Emenda Substitutiva Substituir a palavra: “unanimidade”

Por: “maioria”

176. Vale ressaltar, no entanto, que algumas entidades sindicais nem mesmo cum-prem a cota obrigatória de, no mínimo, 30% de mulheres trabalhadoras rurais em suas Direções, Conselho Fiscal e demais instâncias deliberativas, e nem os 50% de mulheres nas atividades formativas. Este fato, que reflete diversos outros elementos do cotidiano, somado ao descumprimento de outras deliberações congressuais da CONTAG, desafiam a efetivação de mudanças de práticas.

177. Até que se implemente a paridade em todos os Sindicatos e Federações, é obri-gatório o cumprimento da cota de, no mínimo, 30% de participação de mulheres em todas as instâncias. É necessário avançar com este debate nas Federações e Sindicatos compreendendo que a participação das mulheres e homens de maneira igualitária é uma premissa política estruturante do PADRSS.

178. É importante observar que a aprovação da paridade não é condição suficiente para garantir igualdade de representação política entre homens e mulheres no MSTTR. Sua efetiva implementação deve considerar a igualdade de condições materiais (recursos financeiros e infraestrutura) e imateriais (assessoria, formação política, visibilidade, comunicação) essenciais ao exercício dos cargos e realização das atividades de repre-sentação. Essa pauta deve ser defendida por todos os companheiros e companheiras que constroem o Movimento Sindical.

179. A paridade também significa reconhecer a importância social, econômica e política das mulheres trabalhadoras rurais da base do Movimento Sindical. Vale ressaltar que as mulheres somam mais de 51% da população brasileira (Censo IBGE, 2006), dado que

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se replica no meio rural, na participação produtiva das mulheres trabalhadoras rurais e na contribuição das mesmas para o MSTTR, tendo como princípio a justiça social.

180. A implementação da paridade na CONTAG amplia as possibilidades de diálogo en-tre homens e mulheres, renovando e qualificando sua plataforma política. Além disso, fortalece o MSTTR, estimulando relações democráticas já protagonizadas por diversas instituições e organizações sociais, que reconhecem na igualdade de gênero e na adoção da paridade um princípio de justiça essencial na efetivação das relações no cotidiano.

181. Portanto, o 12º CNTTR marcará um novo período na história do MSTTR, onde acontecerá a primeira eleição para a Direção da CONTAG composta por 50% de mu-lheres e 50% de homens, compreendendo a Diretoria, o Conselho Fiscal e as respec-tivas suplências.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final a seguinte frase: Para o 13º CNTTR, tor-na-se fundamental assegurar a paridade real na delegação de base, com a ampliação do número mínimo para dois delegados por sindicato, assegurando assim a participação paritária de homens e mulheres.

182. A ação sindical das mulheres tem sido fundamental para fomentar e qualificar o de-bate em torno da paridade, contribuindo para que seja aprovada em diversas instâncias do MSTTR. Até o presente momento, a paridade de gênero já foi aprovada nas seguintes Federações: Norte - Pará, Rondônia, Amazonas, Roraima e Tocantins. Nordeste - Piauí, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Maranhão. Sudeste - Minas Gerais. E no Centro-Oeste - Distrito Federal. Cabe registrar que o Movimento Sindical de Sergipe aprovou cota mínima de participação de 50% de mulheres na FETASE, a partir de uma reflexão sobre a realidade do estado, compreendendo que a paridade é uma política afirmativa que busca potencializar a participação das mulheres sem limitá-la.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “Cabe registrar que o Movimento Sindical de Sergipe aprovou cota mínima de participação de 50% de mulheres na FETASE, a partir de uma reflexão sobre a realida-de do estado, compreendendo que a paridade é uma política afirmativa que busca potencializar a participação das mulheres sem limitá-la”.

Por: Vale destacar que nenhuma Federação deve descumprir a paridade.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: A luta pela construção de igualdade entre mulheres e homens no MSTTR. Compreendendo a importância da política afirmativa da parida-de de gênero, fica estabelecida a aprovação da paridade nas Fe-derações, sem nenhuma exceção, até o 13º Congresso Nacional da CONTAG.

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183. Neste sentido, é preciso que a pauta interna da Marcha das Margaridas seja ob-jeto de reflexão e encaminhamentos efetivos, tendo que ser debatida na Diretoria da CONTAG, FETAGs e STTRs, bem como nos Conselhos Deliberativos, a fim de que pos-samos avançar em mecanismos que coletivamente corroboram para que a paridade não seja apenas numérica, mas sim construção de igualdade de condições, por meio do fortalecimento das comissões municipais, estaduais, regionais ou de polos de mulheres.

Emenda Aditiva Acrescentar após a palavra: “paridade”

A seguinte frase “com alternância de cargos”

184. O efetivo cumprimento das deliberações congressuais exige sensibilização das li-deranças sindicais e estabelecimento de mecanismos de restrição e/ou punição para as entidades que não cumprem tais deliberações. Deve ser uma meta do MSTTR que todas as entidades sindicais pratiquem a democracia interna e garantam condições de igual-dade de participação para homens e mulheres, construindo assim um desenvolvimento rural sustentável e solidário mais justo e igualitário.

Participação da Juventude no MSTTR

185. Em 2016, comemoramos os 15 anos de criação, no âmbito da CONTAG, da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e da Coordenação Nacional da Juventude Rural que, em 2009, passa a ser chamada de Secretaria de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (SJTTR/CONTAG).

186. A constituição destas estruturas, associada ao desenvolvimento de ações afir-mativas, a exemplo da cota de, no mínimo, 20% de participação da juventude e outras iniciativas de formação e incidência política, têm potencializado a participa-ção da juventude trabalhadora rural, fortalecendo as lutas sindicais. Os caminhos percorridos exigem que se continue a refletir sobre os avanços e os desafios para o próximo período.

Novo item 01 Ampliar a cota de participação de jovens na Diretoria da CONTAG e em todas as instâncias do MSTTR passando de, no mínimo, 20% para, no mínimo, 30%.

Novo item 02 Cumprir a cota de 20% de jovens em todas as instâncias do MSTTR, estabelecendo restrições à participação das entidades que não cumprem a cota nas suas Direções.

187. A implementação da cota de juventude apresenta resultados significativos quanto a sua participação no MSTTR, na medida em que vários jovens, mulheres e homens, compõem a Direção da CONTAG, da maioria das Federações e de centenas de Sindicatos, construindo práticas sindicais mais representativas e democráticas.

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188. No entanto, é necessário que todas as instâncias cumpram com as deliberações congressuais, garantindo condições de trabalho e participação autônoma da juventude rural nas decisões sindicais. Dessa forma, amplia-se a capacidade do MSTTR represen-tar a diversidade de sujeitos que compõem a agricultura familiar.

189. No atual contexto, onde a CONTAG passa a representar exclusivamente os agri-cultores e agricultoras familiares, é preciso valorizar a participação dos(as) jovens nos espaços de discussão e definição das diretrizes que orientarão os passos futuros de organização do Sistema CONTAG, incorporando as perspectivas das jovens gerações sobre o campo e o MSTTR que queremos.

Participação das Pessoas da Terceira Idade e Idosas do MSTTR

190. As pessoas da terceira idade e idosas sempre tiveram papel protagonista no MSTTR. Sua experiência e saberes têm sido fundamentais para a luta e organização sindical nas conquistas de direitos para os trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Emenda Supressiva Suprimir a frase: “da terceira idade”

191. Mesmo sendo protagonistas nas lutas do MSTTR, faz-se necessário dar maior vi-sibilidade e atender as especificidades das pessoas da terceira idade e idosas. Nessa perspectiva, o Movimento Sindical deliberou, no 9º CNTTR, pela criação da Secretaria da Terceira Idade na CONTAG, visando qualificar as ações e implementar diretrizes e políticas que, de fato, consolidem melhorias nas condições de vida dessas pessoas. No mesmo sentido, o 11º CNTTR deliberou pela criação de Secretarias de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade nas Federações e Sindicatos.

Emenda Supressiva Suprimir a frase: “da terceira idade”

192. Assim, é imprescindível trazer para o debate as especificidades dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares da terceira idade e idosas, pautando os di-versos tipos de discriminação que vivenciam, a exemplo das situações de violência, dos conflitos geracionais, da perda de autonomia, entre outros, reconhecendo-as enquanto sujeitos políticos de direitos e atuantes na produção.

Emenda Supressiva Suprimir a frase: “da terceira idade”

193. Da mesma forma, reconhecendo a importância desses sujeitos, mesmo que não seja necessária cota, é fundamental garantir a participação destas pessoas em todos os processos formativos e instâncias deliberativas do Movimento Sindical, abolindo práti-cas que têm gerado invisibilidade política e Reafirmando o papel estratégico deste seg-mento na sociedade e no MSTTR.

Emenda

Substitutiva

Substituir a seguinte frase: “desses sujeitos”

Por: “terceira idade”

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COMISSÕES TEMÁTICAS

GRUPO 1 – REFORMA AGRÁRIA – ACESSO À TERRA, TERRITÓRIO E AOS BENS COMUNS

O papel estratégico da reforma agrária

194. A reforma agrária é um dos pilares centrais do PADRSS por compreender que não se consolida a sustentabilidade e solidariedade no campo sem promover a democratização da posse e uso da terra. É uma medida fundamental para fazer o enfrentamento ao latifúndio e ao agronegócio, que sustentam o atual modelo de desenvolvimento rural, que é altamente concentrador, excludente e degradador. Isto porque a produção de monoculturas para ex-portação depende de amplas extensões de terras, do uso massivo de agrotóxicos, sementes transgênicas, insumos e maquinários pesados que degradam o meio ambiente, expulsam as pessoas de seus territórios, acirrando os conflitos e a violência no campo, geram pobreza e insegurança alimentar e violam os direitos dos povos ao trabalho e a uma vida digna.

195. Neste sentido, a reforma agrária deve ter papel estratégico nas agendas políticas nacionais e internacionais, que extrapola os interesses apenas dos trabalhadores e tra-balhadoras rurais, agricultores e agricultoras familiares, e vai além da garantia do direito à terra, assegurando produção de alimentos saudáveis, proteção da biodiversi-dade e garantia de inclusão e qualidade de vida das pessoas, demandas impossíveis de serem respondidas pelo agronegócio.

196. Um dos grandes desafios neste processo está em fazer com que a sociedade com-preenda a relação que existe entre a reforma agrária e as formas de produção, com o tipo de comida disponibilizado para a população, os preços dos alimentos, o acesso aos mercados, às formas de financiamento, o uso de tecnologias, os impactos ambientais e sociais e a saúde pública, dentre outras questões.

197. Apesar de alguns setores da sociedade, de governos, parlamento, Judiciário, da mídia e de Instituições de Ensino e Pesquisa questionarem a necessidade e a viabilidade atual da reforma agrária, a dinâmica produtiva, social, cultural, organizativa e ambiental construída em inúmeras experiências positivas de reforma agrária justifica e comprova o seu papel estratégico. Com o direito à terra, mesmo sem o devido apoio político e sem a eficiente implantação de políticas públicas, as famílias beneficiárias de Projetos de Assentamento de Reforma Agrária e do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) tiveram garantidas as condições de produzir e obter renda, de ter acesso à moradia, à educação, ao crédito, à organização associativa e ao comércio, dentre outros benefícios, contribuindo estrategicamente para o fortalecimento da agricultura familiar.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: “Contudo, essa contribuição não é suficiente para a garantia do êxito da ativi-dade, necessitando ainda de uma assistência técnica de qualidade e permanente, como também da ampliação de políticas públicas que garantam a permanência do(a) jovem no campo e das famílias assentadas em suas terras.”

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198. Os acampamentos em beiras de estradas, as ocupações e diversas alternativas de luta pela terra, protagonizadas por contingentes de trabalhadores e trabalhadoras rurais e povos e populações tradicionais, evidenciam a demanda e necessidade da re-forma agrária. Somente na base do MSTTR mais de 70 mil famílias encontram-se orga-nizadas em ocupações e acampamentos, demandando mais de 600 áreas em todas as regiões do País.

199. No mais, homens e mulheres continuam morrendo cotidianamente no campo, vítimas dos conflitos e da violência produzida pelo agronegócio, grileiros, mineradoras, madeireiros, dentre outros setores do capital nacional e estrangeiro, que continuam impondo as disputas pela posse da terra.

200. É imprescindível que a reforma agrária seja ampliada e fortalecida, concretizando o poder de intervenção do Estado sobre o latifúndio e as propriedades que não cum-prem a função socioambiental da terra. Devem ser fomentadas as iniciativas organiza-cionais, implantar políticas públicas e assegurar tecnologias que rompam com as técni-cas convencionais de produção, com a penosidade no trabalho agrícola e fortaleçam os paradigmas da produção sustentável e da agroecologia. Estas medidas devem garantir o abastecimento do mercado interno, gerar renda e assegurar condições para que as pessoas permaneçam no campo com dignidade, qualidade de vida e liberdade para gerir e desenvolver suas unidades produtivas.

Emenda Supressiva Suprimir do item a seguinte frase: Devem ser fomentadas as iniciativas organizacionais, implantar políticas públicas e as-segurar tecnologias que rompam com as técnicas convencionais de produção, com a penosidade no trabalho agrícola e fortale-çam os paradigmas da produção sustentável e da agroecologia.

Emenda Substitutiva Substituir a seguinte frase: “devem ser fomentadas as ini-ciativas organizacionais, implantar políticas públicas e assegu-rar tecnologias que rompam com as técnicas convencionais de produção, com a penosidade no trabalho agrícola e fortaleçam os paradigmas da produção sustentável e da agroecologia.”

Por: “Devem ser fomentadas tecnologias mais apropriadas às condições produtivas, ambientais e às terras utilizadas pela agricultura familiar, visando qualificar o trabalho e a produção e que sejam orientadas por paradigmas de sustentabilidade e fortaleçam a agroecologia e produção orgânica.”

Limites, desafios e ameaças ao direito à terra

201. Cada vez mais vem se reduzindo o compromisso político dos governos com a rea-lização da reforma agrária, que não está inserida entre as prioridades da agenda política nacional. Ela se mantém na pauta, principalmente pela pressão dos movimentos sociais

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e como forma de conter os conflitos e massacres que forçam o diálogo com os poderes públicos, a mídia e a sociedade. Este baixo desempenho decorre da ação dos sucessivos governos e do parlamento que impõem entraves administrativos, legais e orçamentários aos processos que, somado ao posicionamento parcial e moroso do poder Judiciário, li-mitam e, muitas vezes, impedem a realização das desapropriações e dos assentamentos.

202. A cada ano observa-se uma redução no número de assentamentos e de desapro-priação por interesse social para fins de reforma agrária. Para exemplificar, nos últimos 10 anos, a média de famílias assentadas caiu de mais de 76 mil, para 25 mil famílias/ano. Segundo os dados do Incra, no ano de 2015 não houve, sequer, um decreto de desapro-priação publicado pelo governo. Neste cenário, não é possível desconsiderar, também, a ação preconceituosa e autoritária do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou, unilateralmente, o bloqueio dos cadastros de assentados e assentadas, paralisando a re-forma agrária e travando completamente o direito de acesso às políticas públicas.

203. O mais grave é que, ao mesmo tempo em que ocorre a redução da intervenção do Estado nas ações de reforma agrária, mantém-se a histórica priorização do apoio político e institucional ao modelo produtivo do agronegócio, que acirra os processos de concen-tração, privatização, grilagem e estrangeirização das terras e dos bens da natureza.

204. Este quadro tende a ser ainda mais agravado no atual governo, que aponta para retrocessos nos direitos e no desmonte das políticas públicas e das estruturas de Estado voltadas à reforma agrária e ao desenvolvimento rural sustentável. Vislumbra-se a possibilidade de um enfraquecimento, ainda maior, das ações de reforma agrária pelas medidas que vêm sendo anunciadas e patrocinadas pelo governo junto ao parlamento.

205. O indicativo é que não haverá mais desapropriações e sim atendimento individual de acampados e acampadas e trabalhadores(as) sem terra por município, trans-ferindo-os para as áreas desocupadas nos assentamentos a serem regularizados. Esta medida, além de paliativa e insuficiente, impactará profundamente no processo de or-ganização e mediação por parte do Movimento Sindical e demais movimentos sociais.

Novo item A edição da MP 759, de 22 de dezembro de 2016, a despeito de introduzir aspectos pontuais demandados pelo MSTTR, em essência representa graves ameaças à reforma agrária, através de mudan-ças nos critérios de seleção de famílias, da emancipação massiva de assentamentos para dispor estoques de terras ao mercado, fa-cilitar a apropriação de áreas públicas por grileiros na Amazônia e preparar o terreno para a estrangeirização de terras e a municipa-lização da reforma agrária.

206. Observam-se, ainda, iniciativas do parlamento, muitas articuladas com o Executivo, visando mudanças na legislação agrária para enfraquecer os mecanismos de controle sobre a propriedade e ampliar os processos de concentração e privatização da terra. É o caso do Projeto de Lei 4059/2012, que tramita em regime de urgência no Congresso Nacional e prevê a abertura total da compra de terras por estrangeiros. Esta medida, somada à legislação que permite a ratificação quase integral dos títulos das áreas de

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fronteiras, aprovada recentemente, oferece ameaças ao direito à terra e riscos à sobe-rania territorial.

207. Para o MSTTR, é fundamental a regularização fundiária das terras. No entanto, faz--se necessário que seja realizada com critérios rigorosos para não servir como instrumen-to de regularização das inúmeras situações de grilagem existentes. Estas situações de grilagens podem ser constatadas a partir das análises dos cadastros públicos dos imóveis rurais. A soma das terras públicas, medidas pelo IBGE, com as terras autodeclaradas ao Incra como “imóveis rurais”, registra uma área 46% maior que o território nacional.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final a seguinte frase: “Razão dessa natureza, tira-se a conclusão de que a terra deveria ser destinada aos mo-vimentos sociais para fins de reforma agrária, como responsabili-dade do Estado.”

208. O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) é uma ação complementar de reforma agrária que também enfrenta grandes desafios. Este programa permite o finan-ciamento em longo prazo para a compra de terras em áreas que não podem ser desa-propriadas para fins de reforma agrária. No entanto, mesmo não vivenciando os conflitos ou limites judiciais que afetam os processos de desapropriações, o PNCF também sofre os impactos decorrentes da baixa priorização política da reforma agrária, padecendo de redução na quantidade de contratos firmados e no número de famílias beneficiadas.

209. A imposição de limitações de recursos financeiros e operacionais, aliados à burocracia e à inadequação das normas que não acompanharam a evolução dos preços das terras e a realidade dos(as) beneficiários(as), tem reduzido o atendimento da demanda, especial-mente da juventude rural e das famílias que residem nas regiões onde o preço da terra é mais elevado. Estes entraves exigem a regulamentação das normas para atualizar as con-dições e fazer avançar nos procedimentos que permitam ampliar e fortalecer o Programa.

210. Mesmo com os empecilhos políticos e operacionais, é importante considerar que as lutas do campo permitiram conquistas de importantes políticas públicas voltadas ao desen-volvimento dos projetos de assentamento e das unidades produtivas do PNCF, que contri-buíram para a melhoria das condições de vida, trabalho e renda das famílias assentadas, destacando-se, dentre outras, o PAA, Pnae, Ater e Programa Minha Casa Minha Vida Rural.

211. No entanto, as políticas precisam ser ampliadas e fortalecidas na perspectiva de transformar as áreas reformadas em espaços estratégicos que consolidem a agricultura familiar e embasem a construção de territórios sustentáveis, onde se produza alimentos saudáveis, preserve a biodiversidade e dinamize a reprodução da vida no campo.

Desafios da ação sindical na Reforma Agrária

212. A reforma agrária sempre foi uma das bandeiras de luta central do MSTTR e continua sendo uma ação prioritária na atual configuração da organização, que pas-sa a representar exclusivamente os agricultores e agricultoras familiares. Isto porque

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orienta as pautas e as ações que buscam a ampliação do direito à terra como medida estratégica para ampliar e fortalecer a agricultura familiar e embasar a consolidação do desenvolvimento rural sustentável e solidário.

213. Esta perspectiva exige do Movimento Sindical fortalecer as lutas pela terra que, apesar de permanentes, ainda não conseguiram construir um ambiente de mobilização social que assegure, de fato, o poder da pressão popular sobre o Estado e a sociedade, forçando a implementação de agendas políticas que tragam a reforma agrária e a agri-cultura familiar para o centro.

Emenda Substitutiva Substituir a expressão : “poder da pressão popular sobre o Estado e a sociedade,”

Por: “poder e pressão popular sobre o Estado e da articulação com a sociedade”

214. No contexto atual de disputa pela posse e pelas formas de uso da terra, é es-sencial compreender que as lutas não dependem apenas das questões locais e, muito menos, dos esforços isolados de trabalhadores e trabalhadoras rurais preocupados em resistir nos espaços totalmente dominados pelo capital nacional e internacional.

215. É imprescindível reconhecer que sem uma organização ampla, forte e sem arti-culação com outras forças sociais, torna-se quase impossível fazer o enfrentamento a estes setores dominantes e assegurar políticas de reforma agrária que ampliem os di-reitos de acesso e de permanência na terra para as populações sem terra e para todos os povos do campo, das florestas e das águas.

216. Por isso, as entidades do MSTTR precisam assumir, na prática, a luta pela reforma agrária e pelo PNCF como uma questão central, fortalecendo suas estratégias de luta e reconhecendo que o direito à terra e ao território são direitos básicos para a existência, a ampliação e a consolidação da agricultura familiar.

Novo item “É imprescindível que o MSTTR lute para garantir acesso a políticas públicas de crédito, comercialização, moradia e Ater para os(as) beneficiários(as) do PNCF.”

GRUPO 2 – SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, AGROECOLOGIA E MEIO AMBIENTE

Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e Agroecologia

217. O MSTTR defende a implementação de um modelo de produção sustentável, cujas demandas se expressam por meio do PADRSS, buscando reconhecer e respeitar as de-mandas regionais, a relação com o meio ambiente, e implementar o processo de transição agroecológico a fim de garantir o direito à soberania e segurança alimentar e nutricional das pessoas. A produção de alimentos saudáveis é a preocupação fundamental da agricultura familiar. Contudo, essa decisão requer uma construção estratégica de políticas e práticas.

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218. Falar em soberania alimentar significa preservar o direito e a autonomia dos povos e nações de defender sua cultura alimentar e decidir sobre as formas de produção, dis-tribuição e consumo de alimentos. Significa, também, o respeito às culturas e à diver-sidade dos modos camponeses, comunidades tradicionais e indígenas de produção agropecuária, de comercialização e de gestão dos espaços rurais, nos quais a agricultu-ra familiar desempenha um papel fundamental.

219. Para se obter a soberania alimentar é preciso: realizar a reforma agrária; possi-bilitar o acesso à terra e aos demais meios de produção; garantir os direitos territoriais e de gestão dos bens da natureza; preservar o direito aos territórios tradicionais; e dar acesso à água limpa e livre de contaminações, em quantidade suficiente para o consu-mo humano e a produção de alimentos.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final a seguinte frase: “Isso traz melhorias da capacidade de produção nas áreas de reforma agrária, visando o fortalecimento de parcerias para garantir produção agroecológica e orgânica, hortas comunitárias e cultivos de plantas medicinais, para a produção de alimentos e agregar valor à produção.”

220. Para permitir o acesso de todas e todos ao direito a uma alimentação adequada e saudável, livre de contaminações biológicas, químicas e genéticas (micro-organismos, agrotóxicos e transgênicos), é necessário adotar um modelo sustentável de produção e consumo. Para isso, um dos caminhos é a produção orgânica e/ou agroecológica.

221. A agroecologia é um conceito que se traduz na implementação de um modelo sus-tentável de desenvolvimento e se configura em um modo de produzir, relacionar e viver na agricultura com relações respeitosas e igualitárias entre as pessoas e delas com a nature-za. Propõe-se, ainda, a respeitar a diversidade das tradições, culturas, saberes, bem como a proteção à sociobiodiversidade, ao patrimônio genético e aos bens e direitos comuns.

222. No entanto, esses direitos vêm sendo diretamente ameaçados em um contexto de avanço ofensivo do modelo de produção hegemônico, concentrador, exportador e explo-rador que tem consequências destrutivas para a agricultura familiar e o meio ambiente. Dentre os vários problemas destaca-se o uso de agrotóxicos e os transgênicos, que são os Organismos Geneticamente Modificados (OGM), na agricultura.

Novo item “Incentivar as práticas ecológicas através da conscientização am-biental e ecologicamente correta, garantindo aos agricultores e agricultoras familiares que desenvolvem agricultura limpa sem ne-nhuma agressão ao meio ambiente, condições múltiplas de que lhes garantam a convivência e a permanência com o meio am-biente e a sustentabilidade de gerações futuras. Neste sentido, é necessário que tenha mais fiscalização e controle, imposição de penalidades rígidas e severas com acompanhamento técnico atra-vés de prescrição de um profissional da área, seguindo de visi-tas de fiscalização, após a utilização, bem como tributar todos os agrotóxicos e garantir subsídios aos produtos saudáveis oriundos da agricultura familiar.”

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223. Os males que os agrotóxicos causam à saúde são irreparáveis, sobretudo quando se fala da produção e do consumo de alimentos. Para além dos inúmeros adoecimentos e mortes causadas pelo uso dos agrotóxicos, é preciso registrar o seu efeito devastador sobre os ecossistemas e a biodiversidade, comprometendo as práticas sustentáveis de produção e da vida.

224. Para tanto, é necessário investir em pesquisas e estudos com o intuito de identifi-car e registrar todos os impactos causados pelos agrotóxicos, inclusive de doenças de-correntes do uso dos venenos, a exemplo da contaminação do leite materno registrado em Lucas do Rio Verde/MT. Esses registros possibilitarão calcular os gastos com saúde pública resultantes de tais contaminações. No mesmo sentido, é necessário atuar para a aprovação do Projeto de Lei nº 3.986/2000, que dispõe sobre a notificação compulsó-ria de intoxicação por agrotóxico, que vem sendo defendido pelo MSTTR há mais de 12 anos por ocasião das negociações do Grito da Terra Brasil (GTB).

225. Apesar de todas as formas de resistência, denúncias, pesquisas e manifestações, o Brasil permanece como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, consumindo inclusive produtos proibidos em outros países. Não bastasse, o agronegócio tem uma proposta tramitando no Congresso Nacional que objetiva a flexibilização de registro dos agrotóxicos através do Projeto de Lei nº 3.200/15, que pretende substituir a atual Lei dos Agrotóxicos (7.802/89). Além disso, o registro de agrotóxicos no Brasil não tem prazo de validade, ao contrário do que ocorre na União Europeia (10 anos) e em países como Estados Unidos (15 anos), Japão (3 anos) e Uruguai (4 anos).

226. No mesmo sentido, outro problema é a isenção fiscal da produção de agrotóxi-cos. Por meio do convênio 100/97 (já renovado 16 vezes, válido até abril de 2017), a desoneração de impostos é de 60% para todos os agrotóxicos, na alíquota do ICMS, chegando, em alguns estados, a 100% de isenção.

227. É necessário que o Movimento Sindical assuma, de fato, a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, pela proibição da pulverização aérea, o banimento dos agrotóxicos que já são proibidos em outros países e o fim da isenção fiscal dos es-tados. Precisamos, ainda, lutar pela implementação do Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara) para que a política de agroecologia possa se efetivar.

Emenda Substitutiva Substituir a seguinte frase: ”pela proibição da”

Por: “criando critérios técnicos para a”

228. Outra forte ameaça a nossa soberania e segurança alimentar e nutricional são os transgênicos, que têm gerado mudanças na base genética, reduzindo a diversidade nu-tricional, alterando o modo de produção agrícola e retirando a autonomia de agriculto-res e agricultoras sobre a preservação, propagação e uso de suas sementes tradicionais e crioulas.

229. Nesse sentido, o Projeto de Lei 3.200/15 pretende cobrar direitos de propriedade de patente, pondo em risco a soberania do uso das sementes tradicionais e crioulas. Segundo o PL, a utilização das sementes deve ser paga no ato da comercialização da

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colheita para todas as cultivares que apresentarem melhoramento genético realizado pelas empresas produtoras. Além disso, o Projeto de Lei da Câmara 34/2015 propõe a retirada da exigência de identificação de produtos de origem transgênica, representado pela letra “T” dos rótulos dos alimentos.

230. O papel do Movimento Sindical é seguir denunciando e conscientizando a popu-lação, incentivando o resgate, o cuidado e o intercâmbio das sementes tradicionais e crioulas, reconhecendo a contribuição que as mulheres têm neste campo, de modo a garantir o seu poder de decisão sobre quando, como e o que plantar. Além disso, é fun-damental estabelecer parcerias para o estudo e a caracterização das sementes criou-las, como forma de provar ao mundo as suas potencialidades, aptidões e condições de adaptações aos diferentes biomas.

231. Para realizar o processo de transição agroecológica, é fundamental o papel indutor do Estado, através de políticas públicas que fortaleçam a produção, beneficiamento e comercialização com tratamento diferenciado. Nesse sentido, é necessário potenciali-zar estudos, pesquisas e extensão; promover um crédito diferenciado; ampliar bene-fícios fiscais e tributários; melhorar a infraestrutura produtiva e logística; estimular as diferentes formas de acesso ao mercado, com garantia de preços diferenciados, por exemplo, nas compras públicas, feiras, entre outras. Para potencializar esse acesso, destaca-se o papel da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) na divulgação de téc-nicas agroecológicas de produção, considerando as diferentes realidades das regiões, os anseios das pessoas que compõem as famílias, como os e as jovens e as mulheres.

232. Para estimular a produção de alimentos saudáveis, cabe ao MSTTR intensificar a negociação por políticas públicas de fortalecimento da produção agroecológica; e, por outro lado, sensibilizar as agricultoras e agricultores, promover ações internas e fortalecer parcerias com instituições (ONGs, Universidades, Articulações e Redes) que contribuam na formação e capacitação do processo de transição agroecológica.

Novo item Entende-se que a agroecologia e alimentos limpos são importan-tes para a saúde do ser humano, mas a realidade atual de pro-dução da agricultura familiar ainda é vinculada ao uso de tecno-logias tradicionais que se utilizam de insumos químicos. Portanto, o MSTTR deve lutar para a promoção do uso racional e cumprir as orientações técnicas.

Meio Ambiente

233. Compreendendo o meio rural para além da produção agrícola, é importante con-siderar a necessidade da preocupação com a questão ambiental, central para a vida dessa e das próximas gerações, Reafirmando a agricultura familiar como modelo dife-renciado na relação da produção com a natureza.

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Novo item Faz-se necessário atenção dos governos federal, estadual e muni-cipal em relação aos desastres ambientais que ocorrem em várias regiões do País. Cita-se, por exemplo, a região Oeste da Bahia, que produz água para o sustento de milhares de nordestinos, mas, no entanto, a água vem diminuindo significativamente a cada ano em função da expansão do agronegócio.

234. Para pensar sobre a conservação e a preservação dos bens naturais, é necessário lutar por um novo modelo educacional e produtivo que repense sobre os padrões de consumo. O Brasil é o 56º país que mais consome bens naturais acima do que o planeta é capaz de repor. Sua Pegada Ecológica, ou seja, o tamanho da área que cada pessoa precisa para viver, de acordo com o relatório do World Wildlife Fund (WWF), é de 2,9 hectares por habitante, sendo que o ideal é de 1,8 hectare por habitante.

235. O Brasil já é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e está entre os dez maiores emissores de Gases de Efeito Estufa (GEE), sendo o segundo maior emis-sor em relação à produção agropecuária. Dessa forma, esta atividade tem uma grande influência no aquecimento global, que é o principal fato causador das mudanças climá-ticas. Entretanto, isto pode representar uma enorme oportunidade para a agricultura familiar ao viabilizar um modelo de baixas emissões de carbono e eficiência produtiva.

236. Para tanto, é necessário o aporte de políticas públicas indutoras de alternativas pro-dutivas de transição para outros modelos produtivos menos agressivos e danosos ao meio ambiente, valorizando os ativos ambientais e incentivando a recuperação de passivos que podem ser efetivados, especialmente, por meio do Pagamento por Serviços Ambientais.

Novo item Neste sentido, é fundamental que o MSTTR realize oficinas para conscientização dos(as) agricultores(as) familiares sobre a impor-tância da produção agroecológica neste processo.

237. A produção agropecuária é responsável pelo uso de 72% da água. Desta forma, torna-se vital intensificar o debate sobre o tema, pois a Lei 9.433/97 (Lei das Águas), que normatiza o uso e o pagamento pelo uso da água, defende tratar-se de um recurso esgotável que possui valor econômico. Significa dizer que todos os agricultores e agri-cultoras deverão pagar pelo uso e serviço da água. Isso por si já é um pressuposto que irá demandar cada vez mais a racionalização do uso deste recurso. Assim, é cada vez mais urgente a defesa e adoção pela agricultura familiar de práticas de preser-vação, produção e reuso de água.

238. Se por um lado cresce a demanda por proteção e conservação dos recursos ambien-tais e naturais, por outro, há um cenário de desregulamentação do amparo legal para o licenciamento dos empreendimentos de grandes projetos de exploração e de infraestru-tura produtiva. É o que defende a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/12, que pode extinguir o processo de licenciamento ambiental no País. Mesmo que a legislação em vigor seja considerada restritiva e burocrática, ela não é suficiente para impedir os grandes desastres, como o recente caso do rompimento das barragens de rejeitos mine-rais da empresa Samarco, em Mariana (MG). Parte dos impactos negativos dos grandes

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projetos se deve ao sucateamento dos órgãos ambientais, à ineficiência da legislação em punir criminalmente os responsáveis, fatores que favorecem a impunidade e a corrupção.

239. Outro aspecto a considerar é a necessidade de ampliar a visão do meio rural para além da produção estritamente agropecuária, ao incorporar a dimensão da relação do setor com a possibilidade de geração descentralizada de energias renováveis. Dessa forma, o MSTTR deve incluir em suas estratégias a possibilidade de apoiar e desen-volver iniciativas que fomentem a geração de energias renováveis (solar, gás metano, entre outras) que podem se constituir em alternativa de renda para agricultores e agri-cultoras familiares, em especial em regiões como o Semiárido.

Novo item “O semiárido brasileiro enfrenta o quinto ano consecutivo de seca - a pior registrada nos últimos 100 anos - e os agricultores e agricul-toras familiares ainda continuam sofrendo com a estiagem. A so-ciedade civil, o governo federal e os governos estaduais precisam continuar investindo em políticas de convivência com o semiárido, fortalecendo e disseminando estas políticas, com vistas a constru-ção de uma infraestrutura hídrica que dê sustentabilidade à produ-ção agropecuária e que minimize os efeitos dos longos períodos de estiagem nas áreas urbanas do semiárido brasileiro.”

240. Pode-se afirmar que há uma demanda da sociedade que exige a proteção e con-servação ambiental e que estão repercutindo fortemente nas formas de ser e fazer agri-cultura, inclusive relativizando o direito de propriedade e uso da terra. O novo Código Florestal Brasileiro é um exemplo emblemático, pois exige, até dezembro de 2017, a obrigatoriedade do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com identificação da propriedade e das áreas de reserva legal e de preservação permanente, para saber se as propriedades rurais estão de acordo com as novas exigências ambientais.

Emenda Supressiva Suprimir do texto a seguinte frase: “inclusive relativizando o direito de propriedade e uso da terra.”

241. Esse processo tem demonstrado fragilidades do Estado (União), em conhecer e fiscalizar o seu próprio território. Em vários estados a área já cadastrada é maior que seu território, mesmo que a maioria das propriedades da agricultura familiar ainda não tenha sido cadastrada. Parte desta dificuldade se deve à inoperância dos órgãos ambientais e à pouca mobilização de parte das organizações da agricultura familiar, admitindo a necessidade de mudanças nas questões relativas ao meio ambiente e dos impactos causados pela exploração agropecuária.

GRUPO 3 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR

Políticas para a agricultura familiar

242. A maioria dos países desenvolvidos tem a preocupação de garantir segurança e soberania alimentar e nutricional de sua população, a ocupação e manutenção da inte-

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

gridade do território e a preservação e conservação de recursos naturais. Neste sentido, tomou como opção política estimular a agricultura familiar. O Brasil, por sua vez, optou por um modelo produtivo baseado no agronegócio, principalmente a partir da década de 1970, com a Revolução Verde.

Emenda Supressiva Substituir a frase: “recursos naturais”

Por: “bens ambientais”.

243. Historicamente, o Estado brasileiro atuou como o principal fomentador e em-preendedor do desenvolvimento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda hoje investe vultosos recursos nas empresas, inclusive nos con-glomerados agroindustriais. Na produção agrícola, no entanto, a opção do Estado foi paulatinamente diminuir os recursos públicos para o financiamento, sendo este papel fundamentalmente assumido pelo setor bancário. O foco principal do governo tem sido a gestão das políticas, se limitando a pagar o serviço dos custos de transação das ope-rações de crédito rural, como equalização, taxas e serviços bancários.

244. O Orçamento da União de 2016 destinou R$ 18 bilhões para o setor rural bra-sileiro, o que representa menos de 1% dos recursos, repartido entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os extintos Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) recomenda a disponibilização de recursos correspondentes ao PIB agrícola, ou seja, aproximadamente R$ 260 bilhões (5% do PIB do País).

245. Dessa forma, não é de se admirar que o PAA contemple apenas 2% das unidades familiares da agricultura familiar. O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) alcança apenas cerca de 70 mil famílias deste público. A assistência técnica atende aproximadamente 15% do total de agricultores e agricultoras familiares que necessitam deste serviço. Nessa situação, encontra-se a capacidade de armazenagem física que cobre apenas 16% das estimativas das safras agrícolas. Sem armazenagem e implantação de estoques reguladores, é praticamente impossível estabelecer com eficiência qualquer política de garantia e manutenção de preços dos produtos agrícolas que diminuam as incertezas e riscos da produção garantindo renda.

246. Desde sua criação em 1996, o Pronaf já emprestou mais de R$ 200 bilhões para a agricultura familiar, valor que equivale aos recursos liberados somente no último Plano-Agrícola destinado aos grandes agricultores. Atualmente, há mais de 2,5 milhões de estabelecimentos com cerca de 3,5 milhões de contratos ativos do Pronaf Crédito. Para o Plano-Safra 2016/17 da Agricultura Familiar, foram disponibilizados R$ 30 bilhões. Cabe refletir em que medida esses recursos resultaram em melhoria das condições pro-dutivas e de vida para a agricultura familiar e se houve impacto positivo para a redução das desigualdades regionais. Mais ainda, se a aplicação desses recursos estimularam uma transição da produção agropecuária para os princípios e diretrizes defendidos pelo PADRSS, na consolidação de um novo modelo de desenvolvimento.

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Emenda Aditiva Acrescentar ano final do texto a seguinte frase: “A histórica concentração majoritária de recursos do Pronaf na região Sul do Brasil é um indicador importante para questionar sua capacidade efetiva de contribuir com a redução das desigualdades regionais”.

247. O crédito é uma ferramenta estratégica para o processo produtivo. Entretanto, sozinho, não é capaz de produzir mudanças estruturais, ao contrário, pode acentuar as distâncias sociais, econômicas e produtivas entre os agricultores e agricultoras familiares. Dentre os principais problemas está a inadimplência, decorrente da cres-cente disponibilidade de crédito rural de forma desarticulada de outras políticas públi-cas. Isto, porque, somente na última década, foram criados instrumentos de proteção ao crédito como o Seguro da Agricultura Familiar (Proagro Mais) e o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), que ainda são insuficientes para garantir a produção e a renda na agricultura familiar. Nota-se, ainda, que a falta de regularização fundiária e a inexistência de projetos técnicos de qualidade para a pro-dução criam barreiras para que as unidades familiares tenham acesso aos recursos do crédito rural.

248. Portanto, é necessário que o Estado amplie os recursos orçamentários para polí-ticas estruturantes, tais como a pesquisa agropecuária, assistência técnica e extensão rural, garantia de preços agrícolas, seguro agrícola, armazenagem, agroindústria, apoio à comercialização, pagamento por serviços ambientais, entre outros.

249. É preciso construir um plano de inclusão produtiva com geração de renda. De acordo com dados do Censo Agropecuário de 2006 (IBGE), aproximadamente 3 milhões de unidades familiares produzem basicamente para o autoconsumo, comercializando o excedente para fins de gerar renda monetária.

250. Significa dizer que o MSTTR deve conhecer melhor os mecanismos de elaboração e funcionamento dos orçamentos públicos em todas as suas esferas, a fim de orga-nizar estratégias políticas com instituições parceiras para pleitear a ampliação dos recursos para cobrir as necessidades de investimentos produtivos e de infraestrutura no meio rural. Para isso, é preciso incluir em suas pautas a luta pela auditoria da dívida pública.

251. É inegável o reconhecimento do surgimento de um conjunto de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar na última década com ênfase na disponibilização de crédito a partir dos Planos Safras anuais. Contudo, é preciso avançar na construção de políticas estruturantes de médio e longo prazos que possam articular e potencializar os instrumentos de política agrícola existentes a fim de atender as demandas, em especial as especificidades e potencialidades regionais da agricultura familiar.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do item o seguinte texto: “Priorizando a circulação do crédito em produtos e serviços da agricultura familiar visando que os recursos do Pronaf e de outras fontes de financia-mento não sejam realocados no agronegócio”.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item Entretanto, não basta apenas que se comemore a alocação gra-dual de recursos para o Plano Safra, mas que se crie as condições necessárias para que o crédito, efetivamente, seja acessado pelo conjunto da agricultura familiar e camponesa, com assistência técnica de qualidade e com uma matriz tecnológica baseada na soberania alimentar.

252. É importante Reafirmar o meio rural como espaço de produção e reprodução da vida, sendo necessário melhorar o diálogo com as populações das cidades sobre a im-portância do rural e o papel central da agricultura familiar. Além disso, o MSTTR precisa avaliar se as estratégias construídas têm resultado em seu fortalecimento institucional e político.

253. Dessa forma, é urgente que o governo em suas distintas esferas atue de forma responsável na elaboração, controle, fiscalização e aplicação dos recursos públicos. Tal ação deve considerar os seguintes repasses da União, previstos na Constituição: Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE); Fundo de Participação dos Municípios (FPM); Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados (FPEX); Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); e Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); além dos repasses do Estado (IPVA, royalties de petróleo e de geração de energia elétrica, ICMS, entre outros). Portanto, se faz necessário cobrar a implementação integral da Lei Complementar nº 131/2009, que institui a obrigatoriedade dos entes federativos (União, estados e municípios) criarem Portais da Transparência, possibilitando ao povo a fiscalização sobre o uso dos recursos públicos.

Novo item Estudos científicos comprovam que, em muitos casos, a vinculação camponesa a grandes companhias transnacionais do agronegócio se dá por meio de relações de poder profundamente desiguais, que subordinam os(as) agricultores(as) a comandos de fora, homo-geneízam a paisagem, imobilizam seus territórios, desconstituem sua identidade e ameaçam as condições sociais de sua existência.

254. O MSTTR precisa retomar a participação qualificada nos Colegiados Territoriais, Fóruns, Conselhos Municipais e outros, reconhecendo como espaços de protagonismo popular e, também, garantir que as administrações públicas se voltem para as reais demandas das comunidades, priorizando a produção e comercialização. Por outro lado, é preciso romper com a cultura da transferência de responsabilidades entre os entes públicos, priorizando ações nos municípios, pois é neles que se concentram as principais necessidades das pessoas. Essa mesma atitude, também, deve ser adotada pelo Movimento Sindical em suas diferentes instâncias.

Emenda Supressiva Na primeira linha suprimir o seguinte trecho: “Colegiados Territoriais”

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255. O MSTTR deve aproveitar seu potencial político e sua capacidade operacional para articular setores da sociedade civil, instituições de ensino e pesquisa no intuito de avan-çar em novas estratégias que possam consolidar as políticas públicas conquistadas. Além disso, deve aprimorá-las no sentido de garantir o fortalecimento e a expansão da agricultura familiar, objetivando uma produção de base agroecológica e outras formas de produção alternativa geradoras de sustentabilidade social, econômica e ambiental, constituindo-se numa real possibilidade de oferecer caminhos aos desafios postos e fortalecer o sindicalismo no meio rural.

256. Dessa forma, é preciso promover estudos e pesquisas em parceria com univer-sidades e institutos sobre as potencialidades e limitações das regiões rurais, visando evidenciar a vocação produtiva para compreender as mudanças do meio rural e reorien-tar a ação política do MSTTR, tendo o PADRSS como referência. Para tanto, é neces-sário retomar as estratégias do Projeto CUT/CONTAG de Formação e Pesquisa para a reelaboração do PADRSS.

Novo item 01 O MSTTR deve pautar o governo quanto a um projeto de políti-ca agrícola, a longo prazo, para agricultura familiar contemplando formação acadêmica em Ater, organização da produção e comer-cialização, inserção de tecnologias compatíveis com a agricultura ramiliar e convivência com a seca.

Novo item 02 Que os sindicatos e bases levem para os espaços formativos e assembleias a discussão de políticas públicas com a finalidade de maior divulgação e, assim, elevando o número de acesso por parte dos agricultores e agricultoras familiares.

Organização produtiva, agregação de valor e comercialização

257. Entre os principais desafios da agricultura familiar está a geração de renda para contribuir na melhoria da qualidade de vida no campo. Neste sentido, o Estado tem um papel preponderante, sendo que, no caso brasileiro, tem sido tímida a implementação de políticas públicas de apoio e incentivo à organização produtiva, a exemplo da agroin-dustrialização e da comercialização de produtos agropecuários.

258. Outro aspecto é o acesso aos mercados, que sofrem influência das instituições públicas e privadas, as quais têm como um dos seus objetivos reduzir as incertezas nas relações de trocas de bens e serviços. O que vemos hoje são milhares de unidades fami-liares ofertando produtos agrícolas e poucas empresas compradoras dominando os me-canismos de compra e venda, sendo que as empresas transnacionais detêm, cada vez mais, o controle sobre os mercados, direcionando o modelo produtivo e de consumo.

259. A concentração e o domínio sobre as cadeias produtivas do mercado agropecuário estão forçando o nivelamento e a padronização de costumes alimentares, por meio da am-pliação da produção de agrocombustíveis e commodities para exportação, em detrimento

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da produção de alimentos. O foco principal das empresas atuantes na agropecuária não é a produção de alimentos, e sim investir em produtos que proporcionem maior e mais rápido retorno econômico, aspecto este cada vez mais presente na agricultura familiar.

260. Um dos principais desafios deste modelo são os altos custos de transação, ou seja, os mecanismos de acesso a insumos e venda da produção que, em muitos casos, pas-sam por longas cadeias de intermediação, tornando-se inviável à agricultura familiar. Se para a compra de insumos os custos são elevados consideravelmente, no processo de venda da produção os preços dos produtos agrícolas são depreciados devido a pouca capacidade de intervenção da agricultura familiar nos mercados.

261. Este processo tem contribuído para que um expressivo número de famílias opte pelo modelo integrado de produção, formal ou informal, subordinando-se às empresas controladoras de cadeias produtivas. É preciso pensar um conjunto de estratégias para dar resposta às demandas de milhares de unidades familiares que estão vinculadas a essas grandes agroindústrias.

262. De acordo com dados do Censo Agropecuário de 2006 (IBGE), existem 4,3 milhões de unidades produtivas familiares, sendo que, aproximadamente, 2/3 produzem para seu próprio consumo, com comercialização incipiente; cerca de 1/3 comercializam de forma permanente a sua produção, sendo que, destas, aproximadamente 500 mil estão submetidas às cadeias produtivas dominadas pelas grandes agroindústrias.

263. Entre os canais de comercialização utilizados pelos agricultores e agricultoras fa-miliares, os principais são: venda direta na propriedade; feiras livres locais e regionais; agroindústria; cooperativa; intermediários; atacado; varejista; e mercados institucio-nais (PAA e Pnae). Apesar desses diversos canais utilizados, na atual conjuntura do mercado agrícola, as famílias estão condicionadas, basicamente, à produção e ao for-necimento de matéria-prima à indústria agroalimentar. A pequena escala de produção, a distância dos principais centros consumidores, as restrições sanitárias, entre outros fatores, têm dificultado o acesso direto da agricultura familiar aos mercados.

264. Os mecanismos de mercado são, por natureza, seletivos e as políticas públicas são deficitárias, excluindo a parte mais fragilizada dos agricultores e agricultoras familiares. Neste sentido, é preciso fortalecer suas instituições e iniciativas, estimulando a relação direta com os consumidores e consumidoras. Para isso, é necessário potencializar as ações de cooperação, a exemplo das associações, cooperativas, feiras, mercado justo e solidário, dentre outros, em especial, por meio de redes curtas de comercialização. Outra estratégia fundamental para avançar na agregação de valor e geração de renda é diminuir a cadeia de intermediação na produção, potencializando a agroindustrialização na agricultura familiar.

265. O cooperativismo tem mostrado ser uma forma socioeconômica bem eficiente para suprir o papel institucional no processo de comercialização. Soluções cooperativas e de outras formas coletivas de acesso aos mercados podem melhorar o desempenho nas transações e, consequentemente, a renda das famílias.

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266. Outro ponto a tratar é a necessidade de o MSTTR compreender e se apropriar da dinâmica das cadeias integradas de produção, buscando estratégias de intervenção e proteção aos agricultores e agricultoras familiares inseridos neste processo. Um im-portante passo dado foi a aprovação da Lei 13.288/2016, que regulamenta o sistema integrado de produção.

267. No aspecto da agroindustrialização, um dos grandes desafios está na adequação das exigências sanitárias, seja de competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), expressa pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 49/2013, que promoveu a harmonização, simplificação e racionalização de procedimentos para registro e agroin-dustrialização, no intuito de fomentar a formalização e a segurança sanitária, respeitan-do os costumes, hábitos, conhecimentos tradicionais e culturais dos povos do campo, seja pelos normativos sanitários de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que continuam inadequados à produção em pequena escala.

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “em pequena escala.”

Por: “da agricultura familiar.”

268. O Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), de responsabi-lidade do Mapa, conforme Decreto 5.741/2006, que acaba com os limites geográficos de comercialização dos produtos de origem animal e bebidas no País, ainda não foi implemen-tado. Por outro lado, o Mapa, por meio do Decreto 8.471 de 2015, reconhece a agroindús-tria de pequeno porte e o processo artesanal de produção, considerando os costumes, os hábitos e os conhecimentos tradicionais. No entanto, não fez a devida regulamentação. Neste sentido, é preciso uma atuação mais efetiva do MSTTR junto ao governo.

269. No campo da comercialização, os mercados institucionais (PAA e Pnae) são impor-tantes instrumentos para estimular a organização dos agricultores e agricultoras familia-res no acesso ao mercado e melhoria da renda. No entanto, os recursos disponíveis são restritos, possibilitando o acesso a menos de 5% das unidades familiares. Desta forma, se faz necessário ampliar os recursos pelo governo para esses programas.

Novo item Faz-se necessário a ampliação do teto mínimo de 30% para 50% dos produtos da agricultura familiar para comercialização junto ao Pnae.

270. Quanto à organização da produção, o desafio está em tornar mais evidente o papel das organizações associativas, cooperativas e sindicais e suas convergências no processo de fortalecimento da agricultura familiar para melhor inserção nos mercados. O Movimento Sindical precisa apropriar-se mais da agenda do associativismo e coopera-tivismo que, junto com o sindicalismo, formam redes de organizações políticas, sociais e econômicas dos agricultores e agricultoras familiares em defesa de interesses comuns.

271. Para cumprir com as orientações do PADRSS relacionadas à organização da pro-dução da agricultura familiar, o Movimento Sindical construiu o Sistema CONTAG de Organização da Produção (Siscop), uma estratégia de ação política e organizacional. Esta ação busca apoiar a organização de um sistema nacional de cooperativas de pro-

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dução e comercialização, de crédito rural e serviços de Ater. Como resultado dessa es-tratégia, o Movimento Sindical tornou-se uma das principais entidades apoiadoras da criação da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), ocorrida em 2005, e da União das Organizações Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicopas), em 2014.

Novo item 01 Considerar a regionalização na cotação de preço para compra de produtos da agricultura familiar pela Conab.

Novo item 02 Municipalização da Ater através da criação do Programa de Agen-tes Municipais de Desenvolvimento da Agricultura de Base Agroe-cológica.

272. Mesmo com a constituição dessas organizações econômicas da agricultura fami-liar, é preciso maior atenção e contribuição do Movimento Sindical para o fortalecimento do cooperativismo solidário Unicafes/Unicopas, especialmente, promovendo campanhas de estímulo à filiação de agricultores e agriculturas familiares.

273. No mesmo sentido, uma das ferramentas importantes para contribuir nas mudanças positivas na vida das famílias é a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). A CONTAG, cumprindo deliberações do 8º e 9º CNTTR articulou e apoiou a criação do Sistema Siscop de Ater (Sisater), que integra um conjunto de presta-doras de serviço numa rede cuja gestão é compartilhada entre as instituições do MSTTR e as organizações.

274. Na luta por políticas públicas, as demandas da 1ª. Conferência Nacional de Ater (abril/2012) culminaram com a criação da Agência Nacional de Ater (Anater), em 2014. Caracterizada como um Serviço Social Autônomo, semelhante às instituições do Sistema S, em 2016 seu orçamento não passou de R$ 31 milhões, valor insignificante, pois cor-responde a apenas 1% dos serviços atualmente contratados.

275. Diante da realidade e considerando a representação sindical específica da agricultura familiar, é necessário que o MSTTR estabeleça estratégias conjuntas com a Unicafes e Unicopas para o fortalecimento da inclusão produtiva, articulando produção, agregação de valor e o acesso aos mercados como mecanismo de ge-ração de renda na perspectiva de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores e agricultoras familiares, considerando as realidades regionais e identidades socioculturais.

GRUPO 4 – AGRICULTURA FAMILIAR E RELAÇÕES DE TRABALHO

276. Completados 53 anos de sua criação, a CONTAG desde o princípio se firmou como legítima representante dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, compreendidos em sua representação legal, os agricultores e agricultoras familiares e assalariados e assalariadas rurais. Nesta história, foram cinco décadas de luta por me-lhores condições de vida e trabalho para a categoria trabalhadora rural, o que para os

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assalariados e assalariadas rurais se materializou na extensão dos direitos trabalhistas, melhores condições de trabalho, combate à informalidade e ao trabalho análogo ao de escravo, bem como na construção de políticas públicas de proteção aos trabalhadores que vendem sua mão de obra para construção deste País.

277. Como é de conhecimento das entidades integrantes do Sistema CONTAG, diversos fatores relacionados à organização sindical da categoria trabalhadora rural e, principal-mente, aspectos jurídicos firmados pelo entendimento dos tribunais superiores nos últi-mos anos, ensejaram o processo de dissociação da categoria de trabalhadores e traba-lhadoras rurais que compunham o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).

278. Neste contexto, jurisprudências fixadas no Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superior do Trabalho consolidaram um cenário que passou a admitir a categoria profissional dos trabalhadores e trabalhadoras rurais como cate-goria eclética, formada por mais de uma categoria específica de trabalhadores (agri-cultores e agricultoras familiares e assalariados e assalariadas rurais). Com isso, con-solidou-se a possibilidade de organização de entidades sindicais rurais específicas de agricultores e agricultoras familiares e assalariados e assalariadas rurais sem ofensa ao princípio da unicidade sindical e com reconhecimento e registro sindical fornecido pelo Ministério do Trabalho.

279. Diante deste cenário, o Conselho Deliberativo Ampliado da CONTAG, convocado por determinação do 11º CNTTR, em março de 2014, aprovou a Resolução orientan-do a reorganização sindical do Sistema CONTAG, suas Federações e Sindicatos. Essa resolução orientou que as entidades do Sistema CONTAG transformassem sua repre-sentação sindical para representar especificamente uma das duas categorias profis-sionais rurais contidas na categoria eclética dos trabalhadores(as) rurais (agricultores e agricultoras familiares e assalariados e assalariadas rurais) e, ao mesmo tempo, empregassem esforços para construir solidariamente a representação estadual e mu-nicipais/regionais da outra categoria específica, avaliando aspectos locais, tais como viabilidade, necessidade, risco de perda da representação sindical e possibilidade de constituição dessas novas entidades.

280. Em consonância com a nova organização sindical, no dia 31 de outubro de 2015, as já criadas Federações específicas dos assalariados e assalariadas rurais dos esta-dos do Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás, Pernambuco e Pará, fundaram a Confederação Nacional dos Assalariados e Assalariadas Rurais (CONTAR), que segue na formalização dos seus atos legais buscando o registro sindical definitivo, o que a tornará representante legal dos assalariados e assalariados rurais.

281. Neste contexto de dissociação, restou firmado o compromisso de construção soli-dária das novas entidades sindicais específicas, tanto que, no período de 08 a 10 de de-zembro de 2015, foi realizado o Coletivo Nacional de Assalariados e Assalariadas Rurais, onde representantes da CONTAG e da CONTAR firmaram uma série de compromissos através de planejamento estratégico, os quais seguem em plena realização.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

282. Apesar de a CONTAG ter optado pela representação dos agricultores e agricultoras familiares, algumas questões carecem de continuidade do debate, em especial no que tange à agricultura familiar e as relações de trabalho. Nesta linha, desde a promulgação do Decreto nº 1.166/1971 - primeira norma a definir a categoria trabalhadora rural – à agricultura familiar era permitido contar apenas com a ajuda eventual de terceiros (não remunerada), ou seja, havia uma proibição na norma legal de contratação de mão de obra, seja temporária ou permanente.

283. Ocorre que, com o passar dos anos, fatores como o envelhecimento da população rural, a constante migração, principalmente da juventude trabalhadora rural, e a difi-culdade de acesso às inovações tecnológicas pela agricultura familiar, associados à ne-cessidade de aumentar a produtividade, tornou a participação de terceiros no processo de produção quase que obrigatória.

284. Esta necessidade passou a ser suprida, então, a partir da celebração de contratos civis, como a parceria agrícola e meação, ou pela organização de agricultores e agricul-toras familiares em cooperativas de produção, por exemplo. No entanto, estas formas de participação de terceiros na produção não eliminaram completamente a necessidade de contratação de empregados e empregadas pela agricultura familiar.

285. Vale destacar que a utilização de contratos civis não produzia efeitos nos agri-cultores e agricultoras familiares para fins de enquadramento sindical e previdenciário, todavia, quando se tratava da contratação formal de empregados – ainda que de curta duração-, havia como consequência a perda da qualidade de segurado(a) especial pelo agricultor e agricultora familiar.

286. Em razão disto, grande parte da contratação de empregados pela agricultura familiar ocorria na informalidade, ou seja, para salvaguardar o seu direito à aposenta-doria especial, muitos agricultores e agricultoras familiares optavam por não assinar a carteira de trabalho dos assalariados e assalariadas rurais ou pela celebração de contratos civis que, em alguns casos, serviam apenas para mascarar a existência da relação de emprego.

287. É importante destacar que o Censo Agropecuário/IBGE 2006 já comprovava o aumen-to da demanda por contratação de empregados. Nessa pesquisa, constatou-se que, dos mais de 4,3 milhões de estabelecimentos da agricultura familiar de até 04 módulos fiscais, 1,9 milhão de estabelecimentos da agricultura familiar (45,18% do total), faziam uso de mão de obra de terceiros (temporária ou permanente), sendo que 4,70% destes usavam, exclusivamente, mão de obra permanente e 40,23% usavam mão de obra temporária.

288. Diante deste cenário, o MSTTR passou a negociar com o Governo Federal e o Congresso Nacional modificações da legislação, o que proporcionou a publicação da Medida Provisória 410/2007, convertida posteriormente na Lei 11.718/2008, que pas-sou a permitir a contratação de mão de obra de curta duração por até 120 pessoas/dia, preservando a qualidade de segurado(a) especial do agricultor e agricultora familiar. Capacitando os Sindicatos e Federações sobre estas contratações, sem deixar de acompanhar a Confederação, Federação e Sindicatos de Assalariados(as).

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289. Com a entrada em vigência da norma, imaginou-se que houvesse um estímulo imediato à formalização das relações de emprego celebradas entre agricultores e agri-cultoras familiares e empregados e empregadas rurais. Todavia, o que se viu foi a ma-nutenção da informalidade. As exceções foram experiências pontuais de implementação das normas, como o Piloto de Combate à Informalidade por meio do Diálogo Social, realizado no município de Ituporanga (SC), que teve como resultado a formalização de 80% das relações de emprego.

290. Ações como o Projeto Piloto de Ituporanga (SC) tornaram-se modelos para for-malização das relações de emprego, preservação dos direitos e prevenção de conflitos de agricultores e agricultoras familiares e assalariados e assalariadas rurais, bem como evitar autuação com aplicação de multas aos agricultores e agricultoras familiares nas ações de fiscalização realizadas pelo Estado brasileiro.

291. Neste sentido, não se pode perder de vista que a formalização destas relações de emprego tem uma função muito mais ampla para os agricultores e agricultoras familiares que, com o aumento cada vez maior da demanda por empregados e empregadas, estão mais expostos a reclamações trabalhistas e a autuações pela fiscalização dos auditores fiscais do trabalho, o que os expõe ao risco de perder a condição de segurado(a) especial e também de suportar o pagamento de multas que podem vir a inviabilizar a produção.

292. Além do aspecto relatado, é necessário relembrar que o 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais aprovou o “assalariamento rural com empre-go digno” como um dos pilares centrais do PADRSS, considerando a realidade enfrenta-da pelos assalariados e assalariadas rurais, marcada pela informalidade e por relações de trabalho precárias, e pela importância que tem esses sujeitos para o MSTTR e para o desenvolvimento rural sustentável e solidário.

293. Nota-se, portanto, que o direito ao emprego digno é um pilar orientador do pró-prio PADRSS, o que eleva a importância de combater a informalidade nas relações de trabalho da agricultura familiar, não apenas para evitar a ocorrência de problemas como as reclamações trabalhistas, autuações por auditores fiscais do trabalho e o risco de perda dos direitos previdenciários, mas sim para promover um dos pilares do nosso projeto de desenvolvimento.

294. Como informado inicialmente, a demanda pela ajuda de terceiros nas atividades da agricultura familiar cresce a cada dia, tanto que, em algumas pautas do Grito da Terra Brasil, foram apresentadas propostas de elevação do prazo para contratação de 120 pessoas/dia para até 300 pessoas/dias no ano civil. Nos Encontros Regionais rea-lizados em 2016, sinalizou-se no sentido do agricultor e agricultora familiar poderem contratar até dois empregados permanentes.

Emenda Supressiva Suprimir trecho do item: de 120 pessoas/dia para até 300 pes-soas/dias no ano civil. Nos Encontros Regionais realizados em 2016, sinalizou-se no sentido do agricultor e agricultora familiar poderem contratar até dois empregados permanentes.

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Novo item 01 Revisar o enquadramento previdenciário previsto na Lei nº 8.213/91, que trata o agricultor e a agricultora familiar por segu-rados(as) especiais, com ajuda eventual de terceiros e com a pos-sibilidade de empregar mão de obra assalariada ampliando para 180 pessoas dia/ano em períodos corridos ou intercalados, ou ain-da, por tempo equivalente em horas de trabalho.

Novo item 02 Adequar a legislação para que o(a) agricultor(a) familiar não perca a condição de segurado(a) especial pelo fato de contratar até um empregado permanente.

295. Diante deste cenário, é imprescindível que o 12º CNTTR discuta e busque a cons-trução de instrumentos que visem à promoção do trabalho e emprego digno na agricul-tura familiar, seja a partir de iniciativas que visem a formalização dos contratos cele-brados com os assalariados e assalariadas rurais, seja através de caminhos alternativos como a celebração de contratos civis que observem a lei e não sejam meros instrumen-tos para mascarar vínculos empregatícios.

296. Além do mais, existem vários desafios no âmbito da agricultura familiar e rela-ções de trabalho que precisam ser debatidos pelo MSTTR, a exemplo: a) dos diversos agricultores e agricultoras familiares que em determinada época do ano laboram como assalariados e assalariadas rurais e, em outras épocas, contratam mão de obra assa-lariada; b) da efetiva implementação da Lei nº 11.718/08, através da consolidação do Projeto de simplificação das contratações (e-Social), objetivando diminuir a burocracia nos processos de contratação e demissão de empregados e empregadas rurais; c) dos produtores integrados regulamentados pela recente Lei nº 13.288/16; d) da definição e delimitação do conceito de agricultura familiar que a CONTAG representa e, a partir daí, a contratação de mão de obra assalariada e demais relações de trabalho.

Emenda Aditiva Acrescentar na alínea b) após “e-Social”: “possibilitando a contratação de mão de obra de forma descontínua”

Novo item 01 É necessário, no entanto, diferenciar o trabalho assalariado das formas de sociabilidade adotadas pela produção familiar e cam-ponesa, como mutirões, “trocas de dias de serviço” entre vizinhos e o próprio labor dos membros do grupo familiar. Isto porque existem situações em que a adesão de pequenos(as) agriculto-res(as) a mecanismos de certificação socioambiental (ex: Mesa Redonda de Óleo de Palma Sustentável - RSPO) os obriga a rom-per com tais práticas culturalmente socializadas.

Novo item 02 Manter a representação eclética do MSTTR (agricultura familiar e assalariados/as rurais) para evitar a fragmentação do Movimento, pois as duas categorias se complementam.

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Novo item 03 Que as FETAGs sigam as orientações da CONTAG na construção da es-trutura organizativa dos(as) assalariados(as) rurais em seus estados.

GRUPO 5 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO SOCIAL DA AGRICULTURA FAMILIAR

297. As políticas públicas sociais visam atender às necessidades humanas e garantir a universalização de direitos das pessoas e são determinantes para impulsionar o desen-volvimento no campo e na cidade, principalmente porque atuam fortemente na distribuição de renda e na dinamização da economia local.

Novo item O congelamento dos investimentos sociais por 20 anos inviabiliza o acesso de toda a população, especialmente a nossa categoria, aos serviços públicos. Muitas políticas são de responsabilidade dos municípios, que devem ofertá-las, agora com menos recursos.

298. A Constituição Federal de 1988 estabelece diversos direitos sociais, como: edu-cação, saúde, alimentação, trabalho digno, moradia, transporte, lazer, segurança, pre-vidência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados e salário mínimo que preserve o poder aquisitivo capaz de atender às necessidades vitais básicas dos trabalhadores e trabalhadoras.

299. A Constituição estruturou, ainda, o sistema de Seguridade Social, congregando as políticas de Saúde, Previdência e Assistência Social, que é financiado por toda a so-ciedade, com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e das contribuições sociais dos trabalhadores e trabalhadoras e empregadores. Também vincula o piso dos benefícios previdenciários e assistenciais ao valor do salário mínimo.

300. As políticas de proteção social são construídas a partir da disputa de projetos políticos antagônicos. De um lado, setores democráticos e populares defendem a universalização e ampliação de direitos, com aumento dos gastos sociais e fortale-cimento do papel do Estado como provedor e mantenedor de políticas públicas. De outro, setores conservadores e privatistas defendem o Estado mínimo e promovem um ataque permanente às políticas públicas sociais, com destaque para a saúde, a educação e a previdência.

301. Nesse contexto de disputa, muitas políticas públicas sociais foram conquistadas para o campo por meio da luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. No entanto, ainda há enormes dificuldades de acesso a tais políticas, não impactando na qualidade de vida das pessoas e no desenvolvimento local. Isso implica, inclusive, no estímulo à saída das pessoas do campo para a cidade que, conforme dados da Pnad/IBGE, nos últimos 20 anos, cerca de seis milhões de pessoas deixaram o campo, sendo a maioria jovens, com destaque para as mulheres.

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302. A garantia dos direitos sociais é determinante para a qualidade de vida e perma-nência no meio rural e constitui-se em elemento estratégico do PADRSS. Estes direitos precisam ser efetivados na área rural, considerando as diversidades e as especificidades locais e regionais, potencializando a participação dos sujeitos, a organização das de-mandas e a utilização dos recursos.

Educação do campo

303. A última década foi marcada por lutas e conquistas importantes das organizações, movimentos sociais e sindicais rurais quanto às determinações legais e normativas acerca da educação do campo, destacando-se o Decreto 7.352 de 2010, que dispõe so-bre o Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Apesar dessas conquistas, os programas ainda precisam ser ajustados, ampliados e fortalecidos nos três níveis de governo den-tro dos seus respectivos regimes de colaboração, valorizando e efetivando a Escola do Campo.

304. O Pronacampo tem como objetivo promover a formação inicial e continuada dos professores, em propostas pedagógicas interdisciplinares, por áreas de conhecimen-to, níveis e modalidades de ensino, projetos temáticos e pedagogia da alternância de acordo com as especificidades das escolas do campo. Assim, é essencial o maior envol-vimento do Movimento Sindical na luta pela permanência dos cursos; o comprometi-mento das universidades em todo o País para assegurar infraestrutura adequada para atender os estudantes do campo e garantir o reconhecimento dos cursos de licenciatu-ras em Educação do Campo.

305. O Pronera, nascido da luta dos movimentos sociais e sindicais do campo, vem alfabetizando e formando milhares de trabalhadores e trabalhadoras das áreas de refor-ma agrária em diferentes níveis e modalidades de ensino. De acordo com pesquisa rea-lizada pelo Incra, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Cátedra Unesco de Desenvolvimento Territorial e Educação do Campo (Unesp), de 1998 a 2011, foram beneficiados(as) 164.894 educandos(as), sendo que a CONTAG foi a organização que mais demandou cursos. No entanto, ainda há necessidade de o MSTTR continuar lutan-do pela ampliação e continuidade do programa e pela garantia de orçamento público que financie o programa, contemplando também a agricultura familiar.

306. Cabe destacar uma importante experiência de educação do campo vivenciada pelo MSTTR, celebrada entre a CONTAG e o Instituto Federal de Brasília (IFB), para a estruturação de 12 cursos de Formação Inicial e Continuada e três cursos técnicos (Cooperativismo, Agroindústria e Serviços Públicos), no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Esta experiência, realizada em regime de alternância, foi fundamental para provocar o Ministério da Educação (MEC) a construir uma Política Nacional de Educação Profissional e Tecnológica do Campo. O maior desafio é agilizar os trabalhos da comissão e assegurar que, na política, se garan-ta mecanismos e instrumentos que preserve as especificidades e o contexto do campo.

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307. Um dos maiores problemas enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo refere-se ao fechamento de escolas na área rural. Segundo informações do MEC, entre os anos 2008 e 2014 foram fechadas 29.718 escolas. Na perspectiva de coibir esta ação, a presidenta Dilma alterou a Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e publicou a Portaria nº 391/2016, estabelecendo normas e critérios mais rígidos para que as escolas do campo, indígenas e quilombolas não sejam fechadas.

Emenda Supressiva Substituir a seguinte frase do texto: “a presidenta Dilma”

Por: “o Governo Federal”

308. Outra questão preocupante é o analfabetismo na área rural. De acordo com os dados da Pnad/IBGE, em 2013, o Brasil tinha na área rural 20,8% de pessoas analfa-betas e 54,8% com analfabetismo funcional (pessoas que tiveram menos de cinco anos de estudo). Isso demonstra que um dos maiores desafios é superar o analfabetismo na área rural. Para tanto, é imprescindível que se construa uma Política Nacional de Alfabetização de Jovens e Adultos do Campo com financiamento, conteúdos próprios, contratação de professores e professoras e definição de uma matriz curricular que dia-logue com o contexto e com as reais necessidades dessa população. Isso requer maior acompanhamento e monitoramento por parte do Movimento Sindical, intervindo na gestão pública, a exemplo dos conselhos de educação.

Novo item 01 O MSTTR se coloca totalmente contrário à proposta de reforma do ensino médio implementado pelo governo golpista que contraria a histórica construção feita no Brasil, que primava por uma educa-ção de qualidade, libertária e democrática. Esse processo autori-tário de reforma não ouviu profissionais da educação, tampouco pais, mães e alunos(as). Desconsiderou, ainda, as resoluções do Conselho Nacional de Educação e ignorou o debate realizado em todo o País na construção do novo Plano Nacional de Educação. Observa-se, ainda, uma clara opção em direcionar o ensino médio para a formação técnico profissional e não para o ensino superior, pretendendo formar mão de obra técnica e não pesquisadores.

Novo item 02 A educação do campo vê-se ameaçada pela implantação do mo-delo de ensino à distância, que retira o papel do professor(a) no processo educacional e oferta um modelo de educação totalmente urbano. Por ter menor custo e dispensar a contratação de novos professores(as), tem sido utilizado em vários estados do Brasil e tem gerado uma reação de descontentamento por parte de pais, mães, alunos(as) e professores(as).

Novo item 03 Neste sentido, é preciso intensificar a ações do MSTTR no sen-tido de divulgar e incidir na educação do campo, pró-jovens do campo para que os programas atendam às expectativas da agri-cultura familiar.

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Proteção Infanto-Juvenil

309. O Plano Nacional de Educação (PNE) define que, até 2016, seja universalizada a educação infantil na pré-escola para as crianças de 04 a 05 anos de idade, e que seja ampliada a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 03 anos. Essas diretrizes são importantes, pois indicam um caminho para a superação do trabalho infantil no campo.

310. Segundo a Pnad/IBGE, entre os anos de 2001 e 2014, houve uma redução de 5,1 milhões para 2,8 milhões do trabalho infantil. Porém, entre o período de 2013 a 2014, esta tendência de queda foi interrompida, quando houve um acréscimo do trabalho in-fantil de 14,75%. Destaca-se que, do total de crianças trabalhando, 30,8% encontram--se no campo. Isso demonstra que o Brasil ainda está distante de alcançar as metas assumidas em tratados internacionais de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2015 e de erradicar a totalidade do trabalho infantil até 2020.

311. Reverter esta situação requer a superação de alguns desafios como: construir uma política de proteção e educação infantil do campo com garantia de acesso das crianças à escola na área rural; ajustar o Programa Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) para atender as especificidades do campo; e sensibilizar as lideranças sindicais do MSTTR para construir uma proposta de capacitação dos agricultores e agricultoras familiares para fortalecer a luta contra o trabalho infantil no campo.

Emenda Substitutiva Substituir a palavra: “infantil”

Por: “infanto-juvenil.”

Novo item 01 Necessidade de uma rediscussão por parte do Movimento Sindical sobre o conceito de Trabalho Infantil dentro da Agricultura Familiar.

Novo item 02 Há que se construir um entendimento entre pais, mães, legisla-dores e órgãos de proteção da infância e juventude de que existe a necessidade de coibir situações de exploração da mão de obra infanto-juvenil, porém não devem ser tratadas da mesma forma as situações em que o(a) filho(a) auxilia nas atividades laborais da propriedade sem prejudicar os momentos de lazer e educação, e não ter exposição a situações de risco. Porém, a total proibição tem gerado uma falta de afinidade e vínculo com a agricultura fa-miliar, e uma dificuldade dos pais e mães em transmitir os conhe-cimentos culturais e tradicionais do campo.

Saúde

312. O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista da classe trabalhadora, e está em disputa desde sua origem pelo fato de sua concepção se contrapor aos interesses das elites políticas e econômicas. Mesmo que seja possível apontar inúmeras dificulda-

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des no acesso às ações e serviços de saúde, foi a partir da instituição do SUS que as trabalhadoras e os trabalhadores rurais passaram a ter direito à saúde. A grande maio-ria da população que vive no meio rural depende exclusivamente do SUS por não ter condições de pagar por atendimento ou porque os planos privados não atendem suas necessidades de acesso. A ameaça ao direito universal à saúde está cada dia mais forte, tendo o Congresso Nacional se colocado ao lado das operadoras de planos de saúde e contra a classe trabalhadora.

313. É preciso garantir e ampliar o financiamento do SUS. Com as recentes propostas de ajustes fiscais que tramitam no Congresso Nacional, defendendo a Desvinculação de Receitas da União (DRU), de estados e municípios, a situação do histórico subfinancia-mento do SUS se agrava ainda mais. O que compromete não só o caráter universal do SUS e a ampliação do direito à saúde, como também o processo de implementação das políticas de equidade na saúde, onde se insere a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, das Florestas e Águas.

314. É de se considerar que o acesso à saúde no campo ainda é muito precário devido ao distanciamento das comunidades, insuficiência de infraestrutura humana e material, dificuldade de locomoção, pouca disponibilidade de mão de obra especializada, dentre outros, que se somam ao pouco comprometimento dos gestores municipais com a saúde pública e, principalmente, em atender as especificidades dos sujeitos do campo, florestas e das águas, com atenção especial às mulheres, aos(as) idosos(as), jovens e crianças.

315. Todavia, nos últimos anos, as populações do campo, florestas e águas puderam vivenciar avanços importantes, como a implementação de equipes de saúde da família em assentamentos e comunidades ribeirinhas, por meio de incentivo financeiro repas-sado, desde 2004, do Ministério da Saúde para as Secretarias Municipais de Saúde. A implantação das Unidades Básicas de Saúde Fluviais, a partir de 2011, também muda-ram a realidade de acesso à saúde na Região Amazônica. E, principalmente, o programa Mais Médicos que, desde 2013, leva profissionais para locais onde antes nunca teve um(a) médico(a), sendo as principais beneficiadas as pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades ou em áreas rurais.

316. As ações e serviços ofertados pelo SUS devem articular-se e considerar os saberes e práticas populares de cuidado à saúde que vêm sendo utilizados histori-camente pela população rural para o atendimento às suas necessidades. A atenção à saúde com parteiras, benzedeiras, rezadeiras, com ervas medicinais, entre outras práticas, precisam ser resgatadas, qualificadas e validadas como integrativas e com-plementares ao SUS.

317. É preciso também garantir acesso ao saneamento básico na área rural. A reali-dade no Brasil ainda é de ausência de saneamento, sobretudo no interior do País e nas áreas de baixa densidade populacional. O Saneamento Básico Rural está na agenda do MSTTR há anos, mas não tem avançado enquanto política pública. O Programa Nacional de Saneamento Básico Rural está previsto no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) desde 2007, mas não há propostas concretas para a sua implementação. Para

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que a população do campo tenha acesso a essa política, é preciso que haja o compro-metimento dos gestores públicos nos três níveis de governo (federal, estadual e mu-nicipal), sendo fundamental a participação da sociedade civil para cobrar dos gestores públicos a destinação de recursos públicos em suas previsões orçamentárias para a efe-tivação dessa política. Investir em saneamento básico significa prevenção de doenças e garantia de qualidade de vida da população.

318. Outra questão refere-se ao uso indiscriminado dos agrotóxicos, que está rela-cionado ao modelo de desenvolvimento vigente e que impacta na saúde, no ambiente e na sociedade de forma geral. Por mais que se tenha estabelecido diálogo e avan-çado nas ações de Vigilância em Saúde às Populações Expostas aos Agrotóxicos, a realidade ainda é alarmante. Entre 2011 e 2015, foram registrados 56.823 casos de intoxicação, sendo que os trabalhadores e trabalhadoras rurais são as principais víti-mas dos efeitos maléficos da contaminação por agrotóxicos. Essa realidade é agrava-da pela falta de fiscalização, flexibilidade das normas e baixo custo para registro sem necessidade de revalidação, além de incentivos fiscais à produção e comercialização desses produtos. Enquanto isso, o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) ainda não foi implementado.

Novo item Outra questão relevante é a falta de um de protocolo no banco de dados, que deveria ser feito pelos municípios, de diagnóstico que de fato seja utilizado pelos profissionais da área da saúde para a identificação dos casos de intoxicação por agrotóxico. Re-gistra-se, ainda, a falta de pesquisas para identificar as situa-ções de intoxicação e novas doenças oriundas provavelmente da exposição prolongada a venenos, muitas vezes contrabandeados de países vizinhos, inclusive fórmulas químicas que têm seus usos proibidos no Brasil.

Previdência Social

319. A Previdência Social apresenta-se como uma das principais políticas de proteção social no campo, promotora de desenvolvimento, de garantia de bem-estar das famílias rurais e de combate às desigualdades. Essas características são pouco conhecidas e as-similadas pela sociedade brasileira, o que a torna uma política vulnerável em decorrência da intensa disputa dos recursos da Seguridade Social gestados pelo Governo Federal.

320. Em qualquer crise cíclica do capitalismo, a Previdência Social, aos olhos dos se-tores rentistas do mercado, torna-se a vilã dos gastos públicos e passa a ser atacada como uma política insustentável financeiramente. Nesse sentido, solicita-se uma abertura de contas para que se possa comprovar, de fato, essa dificuldade fi-nanceira e que se mantenha os direitos já adquiridos.

321. Na atual crise política e econômica brasileira, tem sido recorrente o discurso de condenar a Previdência Social como a responsável pelo “rombo” nas contas públicas.

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Essa estratégia vem sendo utilizada pelos tradicionais veículos de comunicação (gran-de mídia), por setores do governo e da sociedade que defendem o Estado mínimo, com menos gastos sociais, de modo que os recursos públicos sejam direcionados em benefício do grande capital especulativo, especialmente para pagamento dos juros da dívida pública.

Emenda Aditiva Acrescentar após “nas contas públicas” a seguinte frase: o que vem sendo desmentido por diversos pesquisadores e instituições da área que apontam superávit na Seguridade Social.

322. Com isso, impõe-se um debate no sentido de que é necessário fazer a reforma do sistema de previdência social alterando regras que impactam nos direitos dos tra-balhadores e trabalhadoras, como o aumento na idade da aposentadoria para homens e mulheres, a desvinculação do valor do piso do benefício previdenciário do valor do salário mínimo, aumento do tempo de contribuição para acesso aos benefícios, perda da qualidade de segurado(a) especial, dentre outras propostas. A concretização de tais proposições trará enormes prejuízos para o conjunto dos trabalhadores, em espe-cial para as mulheres trabalhadoras rurais que sofrerão maior impacto em seus direitos.

323. De acordo com a Pnad/2014, mais de 70% das pessoas atualmente ocupadas no campo começaram a trabalhar em idade inferior a 14 anos. Isso significa, pelas regras atuais da aposentadoria por idade, que as mulheres trabalhadoras rurais precisam tra-balhar mais de 40 anos e os homens trabalhadores rurais mais de 45 anos para terem acesso à aposentadoria.

324. O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) não pac-tua com qualquer proposta de reforma do sistema previdenciário que venha restringir direitos. Defende o fortalecimento do sistema de Seguridade Social brasileiro, mediante a integração de suas políticas (Saúde, Previdência e Assistencial Social), com equidade nas regras de custeio, diversidade de fontes de financiamento, aprimoramento da ges-tão, combate à sonegação e busca permanente pela eficiência na arrecadação de modo a garantir a sustentabilidade financeira do sistema. Valorizar e fortalecer a Seguridade Social significa a garantia de manutenção da política de proteção previdenciária para a grande maioria da população do campo brasileiro.

325. Por isso, é fundamental ao MSTTR fazer o debate com a sociedade em defesa da Previdência Social Rural, apresentando esta política como indispensável aos interesses da sociedade e ao fortalecimento da Agricultura Familiar, tendo em vista a importância deste segmento para a produção de alimentos, a segurança alimentar e nutricional e o impacto positivo que os benefícios rurais têm no desenvolvimento da maioria dos mu-nicípios brasileiros.

326. Outro aspecto a ser observado é que muitos trabalhadores e trabalhadoras rurais agricultores e agricultoras familiares continuam enfrentando dificuldades no mo-mento de requerer o benefício na via administrativa mediante comprovação do exercí-cio da atividade rural, dada à ausência de provas documentais. Isso tem refletido nas demandas levadas ao Poder Judiciário com o objetivo de assegurar o benefício junto ao

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INSS. No ano de 2015, cerca de 30% das aposentadorias rurais foram concedidas por decisão do Judiciário. Isso pode significar equívocos administrativos na análise dos pro-cessos, mas também significa o fenômeno da judicialização dos benefícios rurais. Uma das soluções a esta problemática é o governo resolver as inconsistências e implantar o segundo módulo do Cadastro Nacional de Informações Sociais da área rural (CNIS-Rural), sendo necessário ao MSTTR tornar o cadastramento do(a) segurado(a) especial uma ação efetiva praticada por todos os Sindicatos filiados.

Emenda Substitutiva Substituir todo o item por: “Implantar, imediatamente, o se-gundo módulo do Cadastro Nacional de Informações Sociais na área rural (CNIS Rural), e que o mesmo sirva de prova plena no ato de pleitear benefícios previdenciários.”

Assistência Social

327. O direito de todo brasileiro e brasileira à Assistência Social está assegurado desde a Constituição de 1988, mas só se tornou realidade com a criação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) em 2005, que representou a ruptura formal com a antiga tradição assistencialista brasileira e o início da busca de práticas que possam contribuir de forma mais efetiva para a redução da pobreza e da exclusão social no País. Desde então, houve incremento no orçamento federal para as políticas de assistência social, que passaram a desempenhar papel estratégico nos municípios, com grande responsa-bilidade na distribuição de renda, combate à fome e promoção da justiça social.

328. Todavia, é comum gestores municipais não aceitarem a lógica do Suas e os prin-cípios da proteção e da promoção de direitos que devem fundamentar seu funciona-mento. Os interesses particulares, dissociados dos interesses coletivos da cidadania, explicam em boa medida essa não aceitação. Assim, prefere-se manter a antiga cultura da concessão de cestas básicas, pagamento de consultas, doação de óculos, distribui-ção de remédios, entre outros, com base em critérios populistas ou patrimonialistas, prevalecendo a relação de dependência da população.

329. Com a mudança na estrutura do Ministério de Desenvolvimento Social e a redução de despesas sociais propostas pelo atual governo, o Suas está seriamente comprome-tido, fragilizando a política de assistência social que vinha sendo implementada nos últimos anos.

330. Nesse sentido, a conscientização, o empoderamento e a participação mais efetiva dos usuários estão entre os principais desafios para o avanço na implantação do Suas. Boa parte da população também não tem suficiente informação e compreensão acerca das normas legais que devem regular a política pública de assistência social. Isso difi-culta o exercício do protagonismo e a reivindicação de direitos por parte dos usuários. Essas questões também configuram um desafio para o MSTTR.

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Habitação Rural

331. O Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) é um instrumento importante para possibilitar o acesso à moradia digna no campo. Esta política vem contribuindo para a redução da pobreza e desigualdade social, além de colaborar com a melhoria da qualidade de vida das famílias no campo.

Emenda Aditiva Acrescentar após “moradia digna no campo” a seguinte frase: “No entanto, é necessário assegurar que nesse modelo de habi-tação a definição dos recursos ocorra em função do tamanho das famílias contempladas.”

332. Apesar da importância social e econômica do programa, o processo de implantação ainda é lento e necessita superar muitos desafios, dentre os quais, destacamos: regula-rização fundiária; estabelecer critérios mais justos para o processo de seleção dos(as) beneficiários(as); ampliar o acesso à moradia de forma sustentável; atender às desi-gualdades socioeconômicas, de raça, de gênero e da população mais vulnerável; articu-lar outras ações complementares como políticas de saúde, educação, proteção integral de crianças e adolescentes, jovens e idosos de forma a fortalecer o programa; ampliar a participação do cooperativismo e do associativismo na implantação do programa.

333. É importante considerar que para universalizar o acesso à moradia digna em todos os estados e municípios depende de uma atuação efetiva do MSTTR e entidades par-ceiras. Várias Federações e Sindicatos ainda não estão atuando para que sejam cons-truídas as unidades habitacionais em favor dos agricultores e agricultoras familiares de seus respectivos estados e municípios.

Inclusão Digital

334. Estamos vivendo o processo de uma nova forma de comunicação baseada em uma rede digital de dados extremamente complexa e descentralizada: a Internet. O conjunto das atividades que ocorrem na rede, ou em decorrência dela, apontam para formas cada vez mais importantes em relação à atividade econômica, interações so-ciais, educacionais, culturais e políticas. Trata-se da era da sociedade em rede que tam-bém vem sendo chamada de sociedade do conhecimento ou sociedade da informação.

335. A inclusão digital é uma questão estratégica para o desenvolvimento da agricultura familiar, possibilitando acesso a informações que auxiliam tanto no aspecto social quan-to no econômico, a exemplo da organização da produção e comercialização. O MSTTR também necessita se capacitar para operar as novas tecnologias e utilizá-las para facilitar os serviços e ações desenvolvidos junto aos associados(as).

336. Nesse sentido, é preciso universalizar o acesso da população do campo às diver-sas tecnologias de comunicação e informação, como parte da luta pela superação das desigualdades sociais que afetam o meio rural, pois na era da informação e da comuni-

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cação, dentro do contexto de mundo globalizado, a inclusão digital deve ser associada a um direito e como garantia da democratização no acesso aos meios de divulgação que contemplem a população do campo.

Segurança Pública

337. Garantir segurança pública para os(as) brasileiros(as) é dever e responsabilida-de do Estado, de forma a assegurar a proteção e o bem-estar das famílias e de seus bens. Nos últimos anos, a violência deixou de ser um problema apenas das grandes cidades, expandindo-se para as pequenas cidades e para o meio rural brasileiro. Os povos do campo vêm sofrendo constantes ataques, sobretudo com furtos e roubos contra os idosos e idosas e aposentados e aposentadas, assim como de animais e de equipamentos agrícolas, tráfico e consumo de entorpecentes, violência sexual e doméstica, dentre outros.

338. Por isso, é fundamental dar visibilidade à insegurança presente no campo bra-sileiro, devendo essa agenda ganhar prioridade na luta do MSTTR. É preciso que os governos federal, estaduais e municipais criem estratégias articuladas de atuação com instrumentos mais eficientes com vistas a garantir segurança pública no meio rural.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: “com patrulha-mento diário em áreas rurais.”

GRUPO 6 - LUTA E ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES DO CAMPO, DAS FLORESTAS E DAS ÁGUAS POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA E IGUALITÁRIA

339. O desenvolvimento rural sustentável e solidário que o MSTTR defende tem como pilares a garantia da igualdade entre homens e mulheres e a busca pela implementação de políticas públicas para vencer a pobreza, a desigualdade, a opressão e todas as for-mas de violência com respeito às tradições, culturas e saberes tradicionais.

340. Em 2015, a Marcha das Margaridas foi às ruas expressando em seu lema a defesa de um desenvolvimento sustentável, com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade para as mulheres, compreendendo que é preciso vencer as desigualdades econômicas, políticas e sociais, garantindo cidadania integral como um direito de todas.

341. O desenvolvimento sustentável com justiça implica na garantia do direito a uma vida sem violência, também manifestada nas diferentes formas de preconceito e discri-minação vividas cotidianamente nos diferentes espaços, inclusive na família. Significa o rompimento do silêncio imposto às mulheres e o fim da impunidade a seus agressores, com a criação de condições necessárias para a democratização das informações e o acesso às medidas e serviços de proteção às vítimas de violência.

342. Para haver justiça, é necessário lutar pelo fim da divisão sexual do trabalho, que insiste em naturalizar a existência de atividades exclusivamente femininas e mascu-

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linas. É preciso, ainda, visibilizar e lutar contra a exaustiva jornada de trabalho das mulheres, inclusive as assalariadas rurais, reconhecendo sua importância na produção da propriedade e da reprodução da vida, com políticas que apoiem sua organização produtiva e contribuindo com sua autonomia econômica, política e pessoal.

343. A garantia da igualdade e da liberdade requer a autonomia econômica e pessoal das mulheres, o que significa reconhecê-las como donas da própria vida. Seu corpo não pode ser apropriado, nem tão pouco ser visto como objeto. Liberdade implica, ainda, em poder decidir sobre a sua sexualidade e o poder de decidir sobre ter ou não filhos, na luta pelo fim de práticas machistas e lesbofóbicas (desprezo e/ou ódio por mulheres que se relacionam com outras mulheres).

344. Nada disso é possível se a democracia não for respeitada e fortalecida e se as mulheres não puderem decidir igualitariamente sobre os rumos do País. Para isso, não basta ter direitos iguais na hora de votar, mas também poderem ocupar espaços que por direito também são seus, avançando, por exemplo, no número de representação das mulheres nos poderes Legislativos e Executivos em todos os níveis, que hoje mal chega a 10% dos(as) representantes. O aumento da sua participação política precisa se dar em todos os espaços, seja na comunidade, no Movimento Sindical e nos partidos políticos. A defesa da democracia torna-se ainda mais central em um contexto de golpe ao governo legitimamente eleito da primeira mulher presidenta do Brasil.

Emenda Supressiva 01 Suprimir o percentual de 10%

Emenda Supressiva 02 Suprimir o trecho: “A defesa da democracia torna-se ainda mais central em um contexto de golpe ao governo legitima-mente eleito da primeira mulher presidenta do Brasil”.

345. Ao longo dos últimos anos, as mulheres têm lutado em defesa de soberania e segurança alimentar e nutricional como um dos principais eixos de sua pauta política por entender que esses princípios questionam os pilares do atual sistema alimentar que concentra e domina os meios de produção, de comercialização e consumo. Neste sentido, a luta em defesa da terra, da água e da agroecologia é estratégica para seguir denunciando os impactos negativos do modelo de desenvolvimento agroexportador que gera pobreza e insegurança alimentar e nutricional, que viola o direito das pessoas e dos povos a uma vida digna, expropriando-os dos seus territórios, dos rios e dos mares. O MSTTR repudia esse modelo que oprime, subordina, desvaloriza e torna invisível o trabalho das mulheres e o seu protagonismo na produção de alimentos saudáveis.

346. No entanto, para que este desenvolvimento seja efetivo, é preciso que o mes-mo seja capaz de visibilizar e atender as demandas da diversidade de identidades das mulheres rurais, expressadas em cada região do País pelas jovens, negras, idosas, camponesas, extrativistas, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, assalariadas e de tantas outras que compõem o rural brasileiro e que expressam a luta das mulheres do cam-po, das águas e das florestas. As especificidades destacadas na pauta da Marcha das Margaridas de 2015 precisam ser tomadas como estruturantes para os desdobramentos de ações no cotidiano do Movimento Sindical.

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Emenda Substitutiva Substituir o seguinte texto: “As especificidades destacadas na pauta da Marcha das Margaridas de 2015 precisam ser to-madas como estruturantes para os desdobramentos de ações no cotidiano do Movimento Sindical.”

Por: “As especificidades destacadas em todas as edições da Marcha das Margaridas precisam ser tomadas como estrutu-rantes para os desdobramentos de ações no cotidiano do Movi-mento Sindical e que dialoguem com o cenário atual nacional e internacional.”

Consolidação de alianças na luta em defesa dos direitos das mulheres

347. A Marcha das Margaridas é símbolo do crescente protagonismo político das mu-lheres trabalhadoras rurais do MSTTR, dando visibilidade a toda sua diversidade étnico- cultural no campo, nas florestas e nas águas. Vem contribuindo na construção de plata-formas de lutas e pautas de reivindicações que demonstram capacidade organizativa e propositiva de políticas públicas.

Emenda Aditiva Acrescentar no final do item: As especificidades destacadas em todas as edições da Marcha das Margaridas precisam ser tomadas como estruturantes para os desdobramentos de ações no cotidiano do Movimento Sindical e que dialoguem com o cenário atual nacio-nal e internacional.

348. Nesse processo, a construção de alianças e parcerias é um exemplo de capacidade de diálogo com diferentes campos do movimento de mulheres e feminista. Vale ressal-tar que a parceria com o movimento feminista, ao longo da história da organização das mulheres trabalhadoras rurais, tem trazido contribuições fundamentais para o amadu-recimento político e consolidação das pautas, principalmente para o desdobramento de ações na organização de base política e produtiva.

Emenda Substitutiva Substituir o seguinte texto: “Vale ressaltar que a parceria com o movimento feminista, ao longo da história da organiza-ção das mulheres trabalhadoras rurais, tem trazido contribui-ções fundamentais para o amadurecimento político e consolida-ção das pautas, principalmente para o desdobramento de ações na organização de base política e produtiva.”

Por: “Vale ressaltar que a parceria com o movimento feminista e com as diversas organizações de mulheres rurais e urbanas, nacionais e internacionais, ao longo da história, constitui-se como aprendizado mútuo e fortalecimento da luta pela eman-cipação e pelo empoderamento, e tem trazido contribuições fundamentais para o amadurecimento político e a consolidação das pautas, principalmente para o desdobramento de ações na organização de base política e produtiva.”

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349. A Marcha, nesses 15 anos, constituiu um amplo arco de parcerias, envolvendo 11 organizações: a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a União Brasileira de Mulheres (UBM), o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do NE (MMTR-NE), o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), o Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (Mama), o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), o coletivo de mu-lheres da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) e o GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Foram construídas, ainda, inúmeras parcerias nos estados e municípios, refletindo a crescente adesão de diversas organizações, entidades, movimentos e de inúmeras mulheres de diferentes identidades à Marcha das Margaridas.

350. Internacionalmente, a parceria vinha sendo realizada apenas com a Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam) e União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação (Uita), sendo ampliada para outras orga-nizações em diversos continentes, o que resultou, após a Marcha de 2015, na criação da Rede das “Margaridas do Mundo”, cujo fortalecimento vem sendo articulado e ampliado.

351. Nessa história de luta, muitas foram as conquistas da Marcha das Margaridas, como: a) criação do Programa Nacional de Documentação da Mulher Trabalhadora Rural (PNDTR); b) Titulação Conjunta da Terra, para áreas constituídas por um casal pas-sa a ser obrigatória; c) criação do Pronaf Mulher; d) inclusão da abordagem de gê-nero na Política Nacional de Ater e Ater para Mulheres; e) criação do Programa de Apoio à Organização Produtiva das Mulheres; f) prioridade na concessão de moradia para mulheres chefes de família e escritura conjunta do casal no Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR); g) criação do crédito instalação para mulheres assenta-das/Fomento Mulher; h) Declaração de Aptidão ao Pronaf em nome do casal; i) Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo); j) Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta; k) criação e funcionamento do Fórum Nacional e fóruns estaduais de elaboração de Políticas para o Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta; l) elaboração e inserção de diretrizes na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres voltadas para o atendimento das mulheres rurais; m) entrega de 54 unidades móveis de atendimento às mulheres vítimas de violência no campo, nas florestas e nas águas, entre outras.

352. Apesar dessas conquistas, ainda há desafios a superar para que as políticas pú-blicas cheguem, de fato, até as mulheres do campo, das florestas e das águas. O Pacto Federativo, acordo firmado entre a União e os estados federados, tem se mostrado como empecilho, em relação ao descaso dos estados e municípios com a política de enfrentamento à violência contra as mulheres. Isso pode ser percebido no fato de que somente 8% dos municípios do País têm delegacia com atendimento à mulher, e menos de 10% têm algum tipo de organismo de políticas para as mulheres, conforme dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), do Governo Dilma.

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353. O avanço do conservadorismo e do fundamentalismo na sociedade também tem se expressado em formas cruéis de violência contra as mulheres, como através do grande número de feminicídios, de estupros coletivos e estupros corretivos que têm amedrontado as mulheres. Frente a essa realidade, no entanto, as mulheres têm se organizado e fortalecido suas lutas comuns, construindo grandes e integradas mobiliza-ções, a exemplo da Primavera Feminista.

354. Por parte do Congresso Nacional, os ataques à vida das mulheres se expressaram na imposição de agendas extremamente reacionárias, como a retirada das referên-cias aos debates de gênero dos Planos de Educação; o retrocesso quanto à atenção às mulheres vítimas de violência sexual através da votação do PL 5069; a aprovação na Câmara dos Deputados do Estatuto da Família, que desconsidera a diversidade da com-posição das famílias; além das ameaças constantes à Lei Maria da Penha.

355. Além disso, sabe-se que os impactos do golpe político no Brasil têm deixado pro-fundas marcas, com vários retrocessos nas conquistas das mulheres, a exemplo da extinção da SPM e a vinculação das políticas específicas ao Ministério da Justiça, sem nenhuma estrutura e condição de trabalho. Ocorreu, também, a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e, consequentemente, da Diretoria de Política para as Mulheres Rurais (DPMR), o desmonte das políticas públicas específicas para as mu-lheres rurais. Essa situação coloca a todas as Margaridas um enorme desafio e exige que o MSTTR se mobilize na defesa das conquistas que estavam chegando a todos os recantos do País.

Emenda Supressiva Suprimir a seguinte frase do texto: “que os impactos do gol-pe político no Brasil.”

Fortalecimento da autonomia econômica e organização produtiva das mulheres

356. Vários estudos e pesquisas têm destacado a enorme contribuição que as mulhe-res trabalhadoras rurais têm dado para a produção de alimentos saudáveis, geralmente a partir de práticas agroecológicas nos quintais produtivos, sem uso de agrotóxicos e transgênicos e com diversidade. Mesmo assim, essa produção não era considerada, prin-cipalmente por ser consumida pela própria família ou vendida em pequenas quantidades nas comunidades e/ou feiras locais, não sendo compreendida como parte da renda.

Novo item 01 Valorizar as produções caseiras mensurando o que é produzido para o consumo para entrar na composição da renda familiar e que é uma atividade realizada pelas mulheres.

Novo item 02 Permitir que as políticas públicas e a previdência social reconhe-çam o trabalho rural individualmente, para fins de benefício social e para programas de incentivo à produção e comercialização.

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Novo item 03 Reconhecer a categoria de trabalhador familiar misto, quando um ou mais membros da família têm outra atividade profissional con-tribuindo na composição da renda familiar.

357. Na medida em que as mulheres trabalhadoras rurais passaram a pautar sua con-tribuição para a produção, o beneficiamento e a comercialização de alimentos saudáveis e de produtos não agrícolas têm trazido a cobrança por políticas públicas que fortaleçam a produção da agricultura familiar agroecológica e garantam apoio à sua organização produtiva, com acesso à terra, à água, ao crédito e/ou fomento e por uma Ater pública e de qualidade, que potencializa suas atividades produtivas e reprodutivas, valoriza sua contribuição econômica para a soberania e segurança alimentar e nutricional, possibili-tando autonomia e rompimento com ciclos de violência.

358. Nos últimos 12 anos, uma série de políticas públicas para organização produtiva das mulheres foi criada como resposta às suas lutas, que fortaleceram sua contribuição econômica através da Ater específica, do Pnae, do PAA, que chegou a ter 40,5% de par-ticipação feminina em 2015, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Compreendendo a importân-cia de fortalecer sua contribuição, a Conferência de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário aprovou que o trabalho de Ater contemplasse público de, pelo menos, 50% de mulheres e que 30% dos recursos das chamadas públicas fossem para atividades específicas.

359. Frente a um contexto de perdas de políticas voltadas para o desenvolvimento so-cial, agrário e agrícola, o desafio é defender e lutar para que não haja mais retrocessos de direitos e de políticas públicas conquistadas, fortalecendo os grupos organizativos e produtivos de mulheres e seu processo de produção e comercialização, com base na auto-organização, no associativismo e no cooperativismo.

Consolidação da participação das mulheres no MSTTR

360. A busca pela consolidação da organização e participação das mulheres trabalha-doras rurais tem se dado em duas frentes: uma para dentro do MSTTR e outra para transformar a sociedade. Externamente, a atuação tem se dado, principalmente, atra-vés da organização da Marcha das Margaridas, articuladas com os movimentos de mu-lheres e feministas, desde o âmbito local até o internacional.

361. Para dentro do MSTTR, a busca pelo reconhecimento do protagonismo político das mulheres trabalhadoras rurais e a luta por igualdade, visibilidade e pelo forta-lecimento da democracia interna continuam sendo centrais para sua organização no Movimento Sindical.

362. Neste sentido, a Marcha das Margaridas apresenta a pauta interna para o MSTTR, sistematizando as principais questões que ainda se fazem necessárias para que novas relações se estabeleçam no cotidiano sindical, combatendo qualquer tipo de violência

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ainda presente no Movimento, fortalecendo assim a democracia interna e condições mais igualitárias em todas as instâncias. Para tanto, esta não deve ser uma premissa defendida apenas pelas mulheres, mas também por todos os homens que lutam e de-fendem outro mundo possível, sendo, portanto, fundamental que novas práticas supe-rem os resquícios deixados por uma sociedade racista, machista e patriarcal, estabe-lecendo novas relações de gênero.

363. Seguir fortalecendo a organização de base das mulheres, através da criação, estrutu-ração e o efetivo funcionamento das comissões municipais, regionais e/ou de polos/regio-nais e, consequentemente, as comissões estaduais e nacional, continua sendo estratégia fundamental para avançar na participação igualitária no MSTTR, além de intensificar ações de maneira mais articulada e unitária entre elas, com especial atenção à formação políti-co-sindical das mulheres tanto na base quanto as que passam a integrar as Diretorias dos STTRs e de Federações. Nesse sentido, é fundamental fortalecer o diálogo entre as mulhe-res jovens, da terceira idade e assalariadas, bem como a articulação política com todas as Secretarias do MSTTR, garantindo assim a interface das pautas nas lutas cotidianas.

364. A organização e luta das mulheres precisa ser repensada a partir do contexto de reorganização sindical e da representação específica da agricultura familiar. É necessá-rio que a percepção das mulheres sobre a concepção de agricultura familiar seja consi-derada, trazendo elementos que possibilitem que elas se sintam de fato representadas, como, por exemplo: não ter uma única visão de família; respeitando as diferentes con-figurações atuais; enxergar e apoiar os(as) diferentes integrantes da família (mulheres, homens, jovens, idosos/as, crianças); potencializando a contribuição, anseios e expec-tativas de cada um(a) deles e delas; tratar tanto a produção quanto a reprodução da vida como fundamentais para o campo, as florestas e as águas; construir processos de organização da produção que respeitem o meio ambiente e as pessoas; entre outros.

365. Outro desafio que se apresenta frente ao processo de dissociação é a neces-sidade de apoiar o fortalecimento da organização e luta das mulheres assalariadas rurais, atuando de maneira articulada e mantendo um permanente diálogo com a Secretaria de Gênero e Geração da CONTAR para seguir qualificando sua incidência e auto-organização.

366. Por fim, é desafiadora a efetivação da participação ativa na pauta e ação sindical das mulheres, o que está fortemente expresso no processo de aprovação e implemen-tação da paridade em todas as instâncias do MSTTR. Nesse processo, é preciso pos-sibilitar espaços de reflexão e debate que tragam elementos para que todos e todas consigam compreender a paridade como igualdade, na busca por garantia de condições igualitárias de formação política, estrutura e recursos econômicos que potencializem o trabalho com as mulheres no MSTTR. Para isso, é necessário construir coletivamente estratégias que busquem consolidar a paridade para além dos números na CONTAG, nas Federações e nos Sindicatos.

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Novo item Portanto, é necessário assegurar espaços de empoderamento den-tro do MSTTR, através da formação para que estes desafios sejam enfrentados, lutando pela garantia da efetivação das conquistas, dentre elas, a paridade.

GRUPO 7 – ORGANIZAÇÃO E LUTA DA JUVENTUDE TRABALHADORA RURAL

367. A juventude trabalhadora rural organizada no Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) entende a migração juvenil como fenômeno complexo, que está fortemente condicionado aos aspectos sociais, econômicos e culturais estrutu-rantes. É preciso entender o êxodo rural não apenas como escolha individual e privada, mas, articulado ao conjunto de oportunidades concretas vivenciadas pela juventude trabalhadora rural, no que se refere ao acesso a direitos e ao exercício pleno da sua cidadania, fundamentais para consolidar o seu projeto de vida.

368. Se por um lado ainda há uma intensa migração de jovens no sentido campo – cidade, por outro, o artigo publicado em 2015 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), denominado “Os significados da permanência no campo: vozes da juventude rural organizada”, mostra que os Censos de 2000 e 2010 registram um leve aumento das taxas de permanência dos(as) jovens nas áreas rurais. Segundo o Ipea, essa elevação se deve ao impacto positivo das políticas públicas, de transferência de renda, previdência social e educação sobre a vida das famílias e da juventude, uma vez que, nos últimos 10 anos, a ampliação dos investimentos nas áreas sociais permitiu o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras do campo a essas políticas.

369. Os dados acima reforçam a importância de o MSTTR continuar a luta pela garantia de mais direitos para a juventude rural como estratégia para a sucessão rural, através de: a) acesso à terra e às condições de produção, trabalho e vida digna; b) relações mais democráticas na família proporcionando aos(às) jovens o direito de participar das decisões da unidade familiar, principalmente as jovens mulheres, criando relações de produção justas que promovam sustentabilidade ambiental e econômica; c) condições de geração de trabalho e renda para a agricultura familiar, que reconheça e inclua a juventude; d) ampliação do acesso da juventude rural aos direitos sociais e políticas públicas (educação, lazer, esporte e renda); e) políticas de valorização e fortalecimento da agricultura familiar; f) reconhecimento da juventude enquanto segmento estratégico para a consolidação do desenvolvimento rural sustentável e solidário, fortalecendo a participação política da juventude nos Sindicatos, partidos e espaços de controle social das políticas públicas.

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Emenda Aditiva 01 Acrescentar nova alínea: g) criar condições apropriadas para garantir a permanência do(a) jovem no campo através de po-líticas públicas, proporcionando incentivos, capacitação, apoio técnico e maior acesso e desburocratização dos programas espe-cíficos para a juventude rural, como o Programa Nossa Primeira Terra (NPT), entre outros;

Emenda Aditiva 02 Acrescentar nova alínea: h) estimular maior participação de jovens no Movimento Sindical através de ações promovidas dire-tamente pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais junto à base;

Emenda Aditiva 03 Acrescentar nova alínea: i) criar condições para garantir a permanência da juventude no campo após retornarem dos seus estudos, de maneira que possam estimular e dinamizar a produ-ção familiar;

Emenda Aditiva 04 Acrescentar nova alínea: j) articular o debate de desenvolvi-mento rural sustentável e solidário com o da Sucessão Rural;

Emenda Aditiva 05 Acrescentar nova alínea: k) explicitar o protagonismo da ju-ventude nos processos de desenvolvimento rural sustentável e solidário articulados às experiências organizativas dos(as) jovens trabalhadores e trabalhadoras rurais;

Emenda Aditiva 06 Acrescentar nova alínea: l) potencializar a organização da produção com sistemas integrados de produção que possibilitem ações mais concretas;

Emenda Aditiva 07 Acrescentar nova alínea: m) lutar contra as formas de exclu-são dos(as) jovens no MSTTR;

Emenda Aditiva 08 Acrescentar nova alínea: n) consolidar os processos formati-vos para jovens e mulheres do campo;

Emenda Aditiva 09 Acrescentar nova alínea: o) fortalecer as Comissões de Jovens e promover a criação nos locais aonde não existam;

Emenda Aditiva 10 Acrescentar nova alínea: p) fortalecer os festivais da juventu-de já existentes e promover a realização em lugares aonde não foi feito;

Emenda Aditiva 11 Acrescentar nova alínea: q) cumprir a cota de 20% de jovens em todas as instâncias do Movimento Sindical.

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370. Nesse sentido, o debate sobre a permanência da juventude na agricultura familiar deve ser entendido como responsabilidade de todos (família, comunidade, MSTTR, es-cola, Estado) e não como um problema dos(as) jovens. De modo que a permanência da juventude, no campo, passa pela construção de uma política de educação capaz de valorizar as diversas aptidões, próprias da idade jovem, capaz de possibilitar a escolha de uma atividade, não apenas lucrativa do ponto de vista econômico, mas também do social e até psicológico.

Novo item 01 Para efetivar o processo de sucessão rural é essencial a melhoria na educação, assistência técnica, comunicação, recursos financei-ros e tecnologia, visando a permanência da juventude, em espe-cial da mulher.

Novo item 02 Que as Casas Familiares Rurais (CFRs) e as Escolas Família Agríco-la (EFAs), através da Pedagogia da Alternância, já indiquem qual o caminho a seguir. Mas, independente de se seguir o modelo pro-posto por elas, deve-se inserir no currículo da educação do campo disciplinas como: economia solidária; agroindustrialização e co-mercialização; preservação ambiental e outras disciplinas que aju-dem a fortalecer o nosso conceito de desenvolvimento sustentável com respeito às especificidades e às diversidades existentes no campo brasileiro.

Construção de alianças com movimentos sociais e participação em espaços de monitoramento das políticas públicas de juventude

371. No atual cenário, coloca-se como grande desafio a consolidação de alianças ins-titucionais entre os movimentos sociais, especialmente de juventude, no Brasil. A con-vergência política permite o fortalecimento de pautas estratégicas e, consequentemen-te, à ampliação de conquistas, a exemplo da Jornada de Lutas das Juventudes (2013) integrada por vários movimentos juvenis do campo e da cidade, dentre eles a UNE, CUT, CTB, CONTAG e MST, influenciando na aprovação do Estatuto da Juventude, que trami-tava no Congresso Nacional por mais de dez anos.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: “Juntando-se às lutas mais gerais que já estão em marcha, à juventude rural que está nas universidades e/ou em outras unidades de ensino de nível superior, devem se constituir numa Frente de Lutas dos Estu-dantes do Campo, para pleitear as políticas de desenvolvimento e pela reforma agrária.”

372. Nos últimos 11 anos, as políticas públicas de juventude ganharam destaque no âmbito do governo federal a partir da constituição de espaços de execução e contro-le social, a exemplo: do Conselho e Secretaria Nacional de Juventude; do Subcomitê

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de Trabalho Decente para a Juventude; do Comitê Permanente de Juventude Rural do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e da Assessoria de Juventude Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Estes espaços, fruto da incidên-cia dos movimentos sociais, devem ser fortalecidos a fim de responder, efetivamente, às demandas das juventudes brasileiras.

373. A juventude rural vem participando ativamente dos espaços de debate e gestão de políticas públicas, desde os níveis locais, estaduais, nacional e internacional. Tal partici-pação está orientada por três perspectivas: a defesa de acesso às políticas estruturan-tes; a criação e execução de programas específicos para a juventude rural; e a revisão e desburocratização das ações já existentes, como o Pronaf Jovem e o Programa Nossa Primeira Terra (NPT).

374. É fundamental que a gestão pública fortaleça processos de participação social, capazes de contribuir com o monitoramento e o aperfeiçoamento das políticas públicas para que elas cumpram com sua real finalidade e sejam executadas com qualidade.

375. Em âmbito internacional, a CONTAG integra ativamente importantes instâncias de discussão e construção de políticas públicas regionais voltadas à juventude da agricultura familiar, camponesa e indígena, a exemplo da participação na Reunião Especializada da Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf), a partir do Grupo de Trabalho sobre Juventude Rural. Assumiu, ainda, em 2014, a Coordenação da Juventude da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena da Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam). Essa articulação possibilitou vários momentos de inte-gração, a exemplo do Seminário Internacional da Juventude Rural por Reforma Agrária e Crédito Fundiário (2013), coordenado pela CONTAG, que evidenciou a unidade da juventude rural latino-americana.

376. Embora as articulações construídas nos últimos anos tenham resultado em impor-tantes conquistas, há que se aperfeiçoar as estratégias de diálogo e incidência em rede entre os movimentos sociais, a partir da realização de intercâmbios e da consolidação de lutas unitárias, de forma contínua, no sentido de fortalecer a pauta da juventude rural na agenda nacional e internacional.

Festival da Juventude Rural: Protagonismo da Juventude no MSTTR e na Luta por Direitos

377. O Festival da Juventude Rural, desde a sua primeira edição, realizado em 2007, se tornou um marco na luta e organização juvenil do MSTTR e tem se consolidado como um espaço político de afirmação da juventude trabalhadora rural como fundamental para o desenvolvimento do País.

378. A 3ª edição do Festival da Juventude Rural (2015) contou com a participação de mais de cinco mil jovens rurais, do Brasil e de nove países da América Latina, com etapas preparatórias que mobilizaram a juventude nas regiões, nos estados e nos mu-nicípios. Pela primeira vez, o Festival contou com a presença de um chefe de Estado, a

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então presidenta da República Dilma Rousseff, que anunciou políticas públicas para a juventude rural, dentre elas: assinatura de edital de fomento para projetos de coopera-tivas e associações de jovens, com ênfase na Agroecologia, num total de R$ 5 milhões; assinatura da segunda Chamada de Ater para o atendimento a 22.800 jovens, em 23 estados do País; e compromisso do Incra em assentar 120 mil famílias em quatro anos, sendo que, destas, 30% serão de jovens entre 18 a 29 anos.

379. O Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural foi pauta central do 3º Festival. Seu lançamento, em maio de 2016, foi resultado do protagonismo da juventude nos pro-cessos de mobilização e negociação do MSTTR, como o Grito da Terra Brasil e a Marcha das Margaridas 2015, o que demonstra a importância da participação dos(as) jovens no conjunto das lutas sindicais. O Plano foi construído de forma participativa, sendo composto por cinco eixos de ação: Terra e Território; Educação do Campo; Geração de Trabalho e Renda; Qualidade de Vida; Participação, Comunicação e Democracia.

380. Entretanto, com a tomada do poder pelo atual governo, que extinguiu ministé-rios estratégicos (como o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos), atacando os direitos da classe trabalhadora, ameaça a implementação do Plano. Frente a essa conjuntura, é necessário que a juventude rural protagonize a luta pela reconquista e ampliação dos nossos direitos e da democracia.

Emenda Supressiva Suprimir a seguinte frase: “com a tomada do poder pelo”

Emenda Substitutiva Substituir a seguinte frase do texto: “a tomada do poder”

Por: “a mudança de governo”

Fortalecimento de Processos Formativos e Organização Juvenil

381. Os processos formativos buscam integrar os(as) jovens na luta pela consolidação do PADRSS. A partir deles, tanto se qualifica a participação autônoma da juventude quanto se constrói uma cultura política que reconhece o papel dos(as) jovens na socie-dade e a legitimidade de suas demandas.

382. Nesse sentido, a Secretaria de Juventude da CONTAG estimula a formação através do Programa Jovem Saber. Em 2014, a Secretaria criou uma nova modalidade de ensino a partir de livros didáticos impressos, além do curso virtual, visando alcançar os(as) jovens que ainda não têm acesso à internet.

383. Ao longo dos seus 12 anos de existência, o Programa envolveu em suas ações formativas mais de 50 mil jovens, proporcionando formação profissional em gestão da agricultura familiar e o conhecimento sobre as políticas públicas e sindicais defendidas pelo MSTTR, além de motivar muitos(as) jovens a se associarem aos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.

384. A ENFOC também tem contribuído para a formação de jovens lideranças. Hoje, mais de 40% das educadoras e educadores populares formados pela ENFOC são jovens.

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Nessa caminhada, a juventude rural vem apoiando e dinamizando os itinerários formati-vos, os processos de sistematização, os trabalhos da Rede de Educadores e Educadoras Populares e os Grupos de Estudo Sindical (GES).

385. Além da formação político-sindical, também foram realizados processos de forma-ção profissional para jovens, a exemplo dos Cursos Regionais de Formação de Jovens Empreendedores Rurais que debateram sobre iniciativas inovadoras desenvolvidas pela juventude rural.

386. As experiências organizativas específicas da juventude, como as Comissões e Coordenações de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, os Festivais da Juventude Rural, a cota de, no mínimo, 20% de jovens nas instâncias sindicais, entre outras, tam-bém contribuem com a qualificação da incidência política da juventude, a partir do que chamamos por formação na ação. É preciso fortalecer tais processos de organização, buscando o aperfeiçoamento das experiências existentes e a construção de outras ações.

Novo item É necessário realizar trabalhos de conscientização nas famílias sobre sucessão rural e também quanto às divisões de lucros e de bens assegurando, assim, o enquadramento de todos(as) nas políticas públicas.

GRUPO 8 – ORGANIZAÇÃO E LUTA DOS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES DA TERCEIRA IDADE E IDOSAS E IDOSAS

387. O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno relativamente recente. Segundo o IBGE, em 2040, a expectativa de vida das brasileiras e brasileiros deve au-mentar dos atuais 75,4 anos para 86,1 anos, e a perspectiva é que haverá mais idosos e idosas do que jovens com idade inferior a 15 anos. Atualmente, mais de 23 milhões de brasileiras e brasileiros têm mais de 65 anos. Em termos de proporção da população, a participação dos idosos e idosas saltará do patamar de 10% para cerca de 33,7% em 2060, conforme a projeção demográfica do IBGE, divulgada em 2013. Ou seja, hoje, uma em cada dez pessoas é idosa e, em 2060, uma em cada três será idosa.

388. Diante desse cenário, são necessárias políticas públicas que respeitem e valorizem os trabalhadores e trabalhadoras rurais da terceira idade nas relações sociais, políticas e produtivas do campo, bem como averiguar dados divulgados pelo IBGE sobre a terceira idade, idosos e idosas rurais. Dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio (Pnad/ IBGE 2014) indicam que 5,8 milhões de pessoas idosas (com 55 anos ou mais) vivem na área rural. Portanto, o aumento da expectativa de vida aponta para a participação ativa das pessoas que envelhecem e reforça a necessidade de ações efetivas de governo, da sociedade e das famílias.

389. Discutir o envelhecimento como algo saudável é uma necessidade urgente e pos-sibilita o protagonismo das pessoas da terceira idade e idosas rurais nesse debate. Nesse sentido, o envelhecimento no campo deve oportunizar práticas que garantam dignidade, respeito, autonomia, participação e qualidade de saúde e vida. É preciso

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também dar visibilidade às demandas, ao processo de avaliação do acesso às políticas públicas e à ação político-sindical do MSTTR.

390. Torna-se fundamental, também, levar em consideração as especificidades das mulheres idosas do meio rural, que passam por situações de preconceito e discrimina-ção. O fato do trabalho feminino no campo não ter sido, durante tanto tempo, objeto de reconhecimento social, traz, em diferentes circunstâncias, problemas para o acesso das mulheres às políticas públicas, sobretudo as idosas. Esse não reconhecimento enquanto trabalhadora rural (com sua classificação em termos de profissão como “do lar”) é até hoje um empecilho para o acesso à aposentadoria rural.

391. A aposentadoria rural trouxe mudanças significativas para a vida das idosas tra-balhadoras rurais, uma vez que, ao longo de suas vidas, acumularam uma série de desvantagens como: a dupla jornada de trabalho; discriminação salarial; e/ou trabalho sem remuneração. A aposentadoria rural reflete nas relações entre as gerações, levan-do à revalorização das mulheres idosas que vivenciaram condições de dependência dos companheiros, filhos e filhas, sendo para muitas a primeira vez, ao longo da vida, que recebem alguma remuneração pelos trabalhos realizados.

392. Esse cenário demonstra a necessidade de discutir a ampliação e a efetiva execu-ção de políticas públicas para as pessoas da terceira idade e idosas, olhando para as es-pecificidades das mulheres, o cuidado com o envelhecimento no campo, os impactos da sucessão rural e as relações intergeracionais, levando em consideração que as pessoas da terceira idade e idosas continuam ativas na produção e contribuem para o fortale-cimento da agricultura familiar, mesmo depois de aposentadas. Segundo os dados da Pnad/IBGE de 2014, do total de agricultores e agricultoras familiares, 26,3% são apo-sentados e aposentadas e/ou pensionistas, o que demonstra que o fato de estarem apo-sentados(as) não os(as) impede de continuarem trabalhando e investindo na produção.

393. Assegurar a permanência das pessoas da terceira idade e idosas no campo com qualidade de vida é um elemento fundamental para a implementação do PADRSS. Esse é um desafio que precisa estar sempre pautado nas lutas do MSTTR. Para isso, é im-prescindível lutar pela garantia de políticas específicas que assegurem essa permanên-cia. No entanto, para que a construção e a luta por essas políticas considerem de fato as pessoas da terceira idade e idosas, é preciso colocá-las à frente desse processo.

394. É preciso reconhecer e valorizar sua participação na produção e na reprodução da vida, pois contribuem efetivamente para a sustentação e perpetuação da agricultura familiar, das tradições culturais e da história, no trabalho de cuidados (saúde, alimenta-ção, afeto, entre outros) e trajetória do Movimento Sindical.

Novo item O MSTTR deve construir uma estratégia de proposição e monito-ramento de políticas públicas para a terceira idade, na perspectiva de avançar no controle social, no fortalecimento da ação do Movi-mento Sindical e na prestação de melhores serviços a esse público.

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Participação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira no MSTTR

395. No Movimento Sindical, os trabalhadores e trabalhadoras da terceira idade e ido-sos e idosas são reconhecidos(as) como todas as pessoas a partir de 55 anos. A partir de suas experiências de vida e luta têm dado importantes contribuições na trajetória do MSTTR, buscando o reconhecimento do seu protagonismo na construção do desenvolvi-mento rural sustentável e solidário.

396. Suas especificidades ganham visibilidade a partir de 1999 com os encontros nacionais, estaduais, regionais e municipais; a partir do 1º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade (2004); e com a criação das Secretarias e Coletivos da Terceira Idade na CONTAG e Federações.

397. O 11º CNTTR deliberou pela criação de Secretarias de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade nas Federações e Sindicatos, com efetivas ações de valoriza-ção, reconhecimento desse público e busca por políticas públicas de proteção à pessoa idosa. É imprescindível abolir práticas que geram invisibilidade política e Reafirmar o papel estratégico deste segmento na sociedade e no Movimento Sindical.

Novo item As lideranças sindicais têm compreensão de que não basta uma Secretaria, há necessidade de maior integração entre estas. Por isso, as Secretarias da Terceira Idade da CONTAG, Federações e Sindicatos precisam desenvolver atividades com estes públicos.

398. Diante dessa realidade, a Secretaria de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade da CONTAG cumpre um importante papel ao trazer para o centro do de-bate as necessidades das pessoas da terceira idade e idosas do campo, das florestas e das águas. Sua luta tem sido pautar para o Movimento os diversos tipos de discrimina-ção que vivenciam, a exemplo das situações de violência, dos conflitos geracionais, da perda de autonomia, entre outros. Tem, também, a tarefa de dar visibilidade a essas pessoas, reconhecendo-as enquanto sujeitos políticos de direitos e atuantes na produ-ção, na busca por um envelhecimento saudável e com qualidade de vida.

399. Nesses últimos quatro anos, a Secretaria se desafiou ainda a construir um diagnós-tico do MSTTR sobre sua atuação político-sindical com essas pessoas e a contribuição des-sas no fortalecimento do Movimento. Esse diagnóstico foi construído durante a realização dos Encontros Estaduais e serviu de subsídio para a construção da Política do MSTTR para a Terceira Idade e Idosos e Idosas. Esse processo culminou na realização da 2ª Plenária Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade e Idosos e Idosas, em 2016, que reuniu mais de 1.000 lideranças e dirigentes sindicais de todo o Brasil.

Tecendo Histórias, Valorizando Saberes

400. A 2ª Plenária Nacional se configurou como um espaço de Reafirmação do com-promisso de dar visibilidade às histórias de vida e experiências de luta das pessoas da terceira idade e idosas, valorizando a sua participação e fortalecendo a identidade

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como sujeitos políticos do MSTTR. Como resultado da Plenária, os delegados e dele-gadas aprovaram carta compromisso com diretrizes que devem orientar as ações do Movimento Sindical, entre elas, destacam-se: a) ampliar o conhecimento sobre sua realidade e absorver suas demandas e agenda política; b) construir ações estratégicas de enfrentamento às problemáticas apontadas; c) investir na formação realizando pro-cessos formativos específicos articulados com a Política Nacional de Formação (PNF); d) estruturar os espaços específicos de organização, garantindo a criação e o fortaleci-mento das Secretarias de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade nos Sindicatos e Federações; e) buscar respostas aos problemas que as afetam cotidiana-mente, como a ação abusiva quanto aos empréstimos consignados; a dificuldade de acesso aos benefícios previdenciários e à saúde pública; a violência e discriminação; a falta de política pública de lazer e esportes; precárias condições de vida e trabalho na terra; f) realizar debates sobre sexualidade e relações de gênero na terceira idade e promover articulação de pautas intergeracionais.

401. Cabe ao MSTTR promover, cada vez mais, a participação das pessoas da terceira idade e idosas, investindo em atividades organizativas e formativas deste segmen-to etário. As Federações e Sindicatos devem continuar implantando as Secretarias de Terceira Idade para defender e fortalecer o protagonismo desses sujeitos, bem como negociar políticas públicas e garantir benefícios específicos. Estas são algumas medidas que podem contribuir para que as pessoas da terceira idade reconheçam o MSTTR como instrumento de sua representação.

402. É preciso que as pessoas da terceira idade e idosas possam continuar contribuindo a partir de suas experiências e de seus saberes. Dessa forma, valoriza-se sua vivência nas comunidades rurais, estimulando a solidariedade e o apoio mútuo entre as gerações como elemento fundamental para o desenvolvimento social, político e econômico que assegure melhores condições de saúde e vida.

Emenda Aditiva Acrescentar após: “seus saberes”

A seguinte frase: “permanecendo associados(as) já que são os(as) aposentados(as) rurais que têm mantido a estrutura sindi-cal, contribuindo na sustentabilidade financeira do MSTTR.”

Novo item As pessoas da terceira idade têm um importante papel de incen-tivar os(as) jovens a permanecerem no campo, transmitindo sua experiência e preparando e orientando o(a) jovem a participar de organizações sociais como associação e sindicato.

GRUPO 9 – FORMAÇÃO POLÍTICO-SINDICAL

403. Desde a sua fundação, os Sindicatos, as Federações e a CONTAG se preocuparam com a formação de seus (suas) dirigentes para terem melhor atuação na luta pelos di-reitos da classe trabalhadora. Ao longo dos seus 53 anos, muitas iniciativas e processos

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formativos foram sendo construídos buscando melhor representação e representativi-dade dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

404. O acúmulo de 40 anos de processos formativos possibilitou a criação, em 2006, da Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC), que nasce como um espaço de formação política, orgânica ao MSTTR, para atuar com processos formativos continua-dos e articulados a uma estratégia multiplicadora, envolvendo lideranças e dirigentes militantes das organizações sindicais, sua assessoria, funcionários e funcionárias.

405. A Escola foi construída com o objetivo de alcançar os trabalhadores e trabalhado-ras rurais na base com a criação de Grupos de Estudos Sindicais (GES), subsidiando com informações e debates que ajudem a compreender os grandes desafios da classe.

406. No processo de criação e consolidação da ENFOC, os Encontros Nacionais de Formação constituíram-se em espaço de proposição, avaliação, monitoramento e reo-rientação dos processos formativos, articulação e troca de experiências, envolvendo as organizações do MSTTR e potencializando as ações de formação de base. O último ENAFOR (2014) reuniu mais de 900 lideranças de base e das Direções das entidades sindicais. Assumiu o desafio de ampliar os processos formativos, a organicidade das lutas, fortalecer a identidade de classe, a defesa da agroecologia e do território, e construiu uma agenda de compromissos para a formação em todas as instâncias do Movimento Sindical.

407. Passados 10 anos de atuação, a ENFOC consolidou uma prática pedagógica coe-rente com princípios de construção coletiva do conhecimento, valorização de saberes, reconhecimento e respeito às diferenças, conforme orienta a PNF e o seu Projeto Político Pedagógico (PPP), alcançando os espaços e organizações sindicais de base com debates sobre o PADRSS, favorecendo a organicidade do Movimento Sindical e construindo uni-dade político-pedagógica nas ações formativas.

Novo item Que cada estado crie sua Escola de Formação Estadual ligada à Escola Nacional.

A ENFOC e a opção pela atuação em rede

408. A estratégia da ENFOC se realiza por meio de um Itinerário Formativo composto por cursos nacional, regionais e estaduais, articulados à criação de Grupos de Estudos Sindicais (GES) na base.

Novo item 01 A CONTAG precisa dar apoio financeiro para cada sindicato formar os Grupos de Estudos Sindicais (GES) em sua base.

Novo item 02 É fundamental, na nova estrutura sindical, que a ENFOC possa ajudar a CONTAR a construir uma política de formação para os(as) assalariados(as) rurais.

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Novo item 03 Tendo em vista a importância dos Grupos de Estudos Sindicais (GES) para o trabalho de base no MSTTR, temos de mapear, criar e forta-lecer esses grupos visando a sua permanência nas bases, principal-mente, investindo na articulação do aspecto formativo com o pro-dutivo como estratégia de continuidade e manutenção dos mesmos.

409. Como desdobramento desse processo, foram criados novos espaços formativos por iniciativa das próprias Federações e Sindicatos, como: mutirões; jornadas peda-gógicas e sindicais; acampamentos; visitas a experiências agroecológicas; cur-sos em municípios em polos/regionais sindicais e microrregião; intercâmbios; cursos específicos com mulheres, jovens e com trabalhadores e trabalhadoras rurais da 3ª idade, idosos e idosas. Também articulados ao itinerário, são realizados encontros de formação, seminários de aprofundamento temático e desenvolvimento metodológico, e oficinas de autoformação.

410. Esse caminho possibilitou uma atuação em rede constituída por pessoas que vi-venciaram o processo formativo e se identificaram enquanto educadores e educadoras populares, e têm dado sua contribuição às ações formativas do MSTTR, tendo um papel estratégico na multiplicação.

411. A Rede tem atuado nos processos formativos da ENFOC em vários espaços, tais como: sistematização de experiências; facilitação de diálogos nos cursos em vários âmbitos; coordenação de atividades e, também, na contribuição com atividades gerais das Federações, Sindicatos e CONTAG. Registram-se as experiências com os cursos de formação específicos com mulheres trabalhadoras rurais, com os trabalhadores e traba-lhadoras rurais da terceira idade, idosos e idosas; também as atividades do projeto de formação em saúde realizado em parceria - CONTAG e Fiocruz; a experiência com a pri-meira turma do Pronatec, envolvendo a CONTAG e o Instituto Federal de Brasília (IFB); e, ainda, atividades do Programa Nacional de Fortalecimento das Entidades Sindicais (PNFES), de cooperativismo e de juventude rural.

412. Nesse sentido, torna-se necessário pensar uma formação continuada com a Rede para possibilitar que sua dinamicidade, compromisso e militância sejam mobilizadoras de práticas articuladas às várias frentes e espaços de atuação do MSTTR.

Novo item Que além das escolas de formação sindical, que a CONTAG crie parcerias e convênios proporcionando oportunidades aos(às) dirigentes sindicais para uma formação de cursos superiores e técnicos, ou seja, conhecimento além da Enfoc e de outras atividades formativas.

Inclusão das Tecnologias

413. Os cursos da ENFOC acontecem em alternância de tempos e espaços – tempo escola e tempo comunidade. No tempo escola são estudados os conceitos e conteúdos

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a partir das unidades referidas anteriormente e das pesquisas e estudos feitos pelos educandos e educandas, proporcionando articulação entre prática e teoria. Do mesmo modo ocorre com o tempo comunidade. Os educandos e educandas, ao retornarem para os espaços de militância, levam consigo orientações para interagirem e refletirem sobre a relação dos conteúdos estudados, no tempo escola, com sua realidade e com as frentes de atuação política do MSTTR.

414. Em 2016, iniciou o aprimoramento da estratégia de alternância com a inclusão das tecnologias da informação e comunicação (TICs) por meio da Plataforma Moodle da Universidade Aberta, Polo de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul. Esta expe-riência está sendo desenvolvida com a 6ª turma, no Curso Nacional, onde tanto os edu-candos e educandas como a Rede, envolvidas no processo, estão avaliando positivamente a experiência. Sem dúvida esta experiência fortaleceu a ação formativa, manten-do os educandos e educandas durante todo o processo em permanente diálogo, Reafirmando a importância do uso desta ferramenta no processo formativo.

Novo item Faz-se necessária a ampliação das TICs para todas as Secretarias das CONTAG e FETAGs, pois, se bem aplicadas, podem potencia-lizar as ações de formação. São importantes instrumentos de co-municação com a juventude rural e contribuem para aproximar o(a) jovem do Sindicato.

415. O uso dessas tecnologias demonstra que é possível utilizar estas ferramentas nas atividades intermódulo, do tempo comunidade, sem comprometer a matriz humaniza-dora da educação popular. As tecnologias contribuem com a integração da turma, com a qualidade das atividades, estimula compromissos e corresponsabilidade dos educandos e educandas com a integralidade do processo formativo que está sendo vivenciado.

416. Espera-se que esta experiência possa provocar outros processos formativos no MSTTR e que a ENFOC consolide, em seu itinerário, espaços e metodologias que incluam as tecnologias da informação e comunicação ao jeito de fazer formação da ENFOC, pos-sibilitando, assim, que essa experiência alcance a base das entidades sindicais.

Sistematização de Experiências

417. A construção da estratégia de sistematização de experiências nasce da necessida-de de refletir e registrar a vivência dos cursos, compartilhar as experiências de GES e as discussões sobre a ENFOC nas Federações e Sindicatos. Este espaço passou a existir como estratégia de aprofundamento temático e desenvolvimento metodológico para discutir sobre a organização em Rede, sua finalidade e jeito de atuar no MSTTR.

418. A sistematização proporciona o olhar crítico sobre a prática, buscando reorientar e divulgar a caminhada pedagógica da ENFOC e, também, produzir várias publicações que comunicam o seu jeito de atuar e as experiências inovadoras do MSTTR.

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419. A sistematização reorienta abordagens nos cursos da ENFOC, promove intercâm-bios de experiências e contribui para a multiplicação criativa. Esse processo possibilitou a aproximação do Conselho de Educação Popular da América Latina e Caribe (Ceaal), resultando em sua filiação, em 2012, e seu recente ingresso no Colegiado Diretivo. A atuação efetiva no Programa Latino-Americano de Sistematização de Experiência (Plas) estimulou a inclusão das tecnologias no aprimoramento das atividades no tempo comu-nidade na estratégia de alternância da ENFOC.

Espaços de Gestão Compartilhada

420. A ENFOC é orientada pelos espaços deliberativos do MSTTR e por espaços específi-cos constituídos especialmente para desenvolver, monitorar e encaminhar as atividades do Itinerário e os processos decorrentes da estratégia de formação.

421. Estes espaços são: Conselho Político Gestor; Coletivo Nacional de Formação e Organização Sindical; Rede de Educadores e Educadoras Populares; Equipe Pedagógica da ENFOC; Equipe Operativa e Coordenação Pedagógica. Estes espaços não são delibe-rativos, mas cabe ao Conselho Político Gestor e ao Coletivo Nacional de Formação, com base nas deliberações das instâncias do MSTTR, orientar, coordenar, animar e monitorar a realização das atividades da ENFOC.

422. Para dar suporte à gestão, foi elaborado o Sistema de Gerenciamento das Atividades da ENFOC (SIG), organizado em forma de banco de dados, onde se registram informa-ções sobre participantes e atividades, atribuindo qualidade nas informações e capacida-de de monitoramento sobre o perfil dos(as) participantes dos cursos.

423. A opção do Movimento Sindical em investir em processos formativos resultou no fortalecimento da luta e organização da categoria trabalhadora rural, dentre elas po-demos destacar: ampliação do interesse das lideranças e dirigentes em participar dos conselhos deliberativos dos Sindicatos e Federações; maior articulação entre Direção e a base; fortalecimento da organicidade entre as entidades sindicais; renovação de Diretorias nas organizações sindicais; ampliação do número de candidaturas compro-metidas com o projeto do MSTTR nas disputas eleitorais no Executivo e Legislativo; abertura para a construção de parcerias com movimentos sociais; incentivo à intro-dução de místicas nas atividades; maior participação de juventude e de mulheres nos espaços de Direção das entidades sindicais.

Emenda Substitutiva Substituir a seguinte frase no texto: “abertura para a cons-trução de parcerias com movimentos sociais”

Por: “unificar e ampliar as parcerias com movimentos sociais”.

Novo item É necessário que o MSTTR redefina sua estratégia para enfrenta-mento das lutas de classe, inclusive redefinindo melhor os critérios de escolha dos educadores e educadoras.

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424. Destaca-se, ainda, a contribuição nos debates sobre paridade e igualdade de par-ticipação entre homens e mulheres no MSTTR, na construção das ações de massa, no processo de reorganização sindical, na articulação internacional, em especial com a Coprofam, que possibilitou intercâmbios nos processos formativos e alianças entre as organizações que atuam com educação popular na América Latina.

Novo item Neste sentido, o MSTTR deve ampliar o debate formativo sobre capitalismo e modelos de desenvolvimento, seus impactos na agricultura familiar e no desenvolvimento do campo, a exemplo da ENFOC e demais espaços de incidências.

GRUPO 10 – COMUNICAÇÃO POPULAR PARA CHEGAR À BASE

425. Ao longo de seus Congressos, no PADRSS, nos planejamentos de gestão, planos anuais, entre outros espaços de proposição, a CONTAG sempre apontou a Comunicação como uma ação estratégica do MSTTR, na conquista de direitos, de denúncia, de forma-ção política e de empoderamento da categoria.

426. O Plano de Lutas do 11º CNTTR Reafirmou a importância da Comunicação para o MSTTR, no qual apontou ações político-sindicais externas e internas. Entre as ações ex-ternas, estão: a) Democratização do acesso à informação e pelo fim do monopólio dos meios de comunicação, visando o fortalecimento da consciência de classe; b) Liberdade de expressão, assegurando a regulação dos meios de comunicação, compreendendo este instrumento como essencial à cidadania e ao fortalecimento da democracia.

427. No que se refere às ações internas: a) Atualizar e promover a Política de Comunicação Integrada no MSTTR, fomentando e qualificando uma comunicação que privilegie o diálogo com a base e a utilização de rádios comunitárias, as redes sociais e programas de televisão, transformando-a em um instrumento popular e de massa; b) Estabelecer um Plano de Comunicação e Mídia, definindo atividades que ampliem o acesso às informações sobre as ações sindicais, as políticas públicas e a divulgação das conquistas do MSTTR na base, de forma sistemática, utilizando-se de cartilhas, panfle-tos, programas de rádio e outros; c) Massificar o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) internamente no MSTTR, implementando ações estratégicas de comunicação e formação; d) Ocupar espaços nos meios de comunica-ção, valorizando e divulgando o PADRSS e os modos de vida e produção dos povos do campo, das florestas e das águas, dando publicidade às lutas e conquistas do MSTTR.

Novo item Que a CONTAG possa disponibilizar recursos para a pasta de co-municação; encaminhar projetos para formação de rádio sindical, financiamento e concessão.

428. Por defender a democratização da comunicação e a liberdade de expressão, a CONTAG filiou-se ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), com o objetivo de lutar contra a hegemonia das grandes empresas de comunicação, que

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são dominadas por apenas 11 famílias que impõem restrições ao conteúdo transmitido. Nesse contexto é importante e urgente que tenhamos um sistema de comuni-cação que possa ser gerenciado pela CONTAG e transmitido para todos e todas do MSTTR.

Novo item Que a democratização da comunicação aconteça e possibilite o acesso às TVs e mídias sociais por parte dos agricultores e das agricultoras familiares.

429. Diante do atual cenário de disputa de sociedade posto ao MSTTR, que aponta para a retomada de uma agenda neoliberal, com corte do orçamento público, redução dos direitos previdenciários e trabalhistas, privatização de estatais, e que conta nitidamente com o apoio de uma imprensa historicamente favorável aos interesses da elite do País, é preciso potencializar redes de comunicação alternativas na perspectiva de expres-sar posicionamentos que contrapõem à mídia tradicional. Nessa perspectiva, o MSTTR compreende a importância de fortalecer o Coletivo Nacional de Comunicação e criar e consolidar uma rede orgânica de comunicadores e comunicadoras populares.

430. Orientados pela Política de Comunicação do MSTTR, aprovada em 2012, a comuni-cação com a base e com a sociedade ocorre a partir dos seguintes instrumentos: jornal impresso e digital; rádios locais, portal e redes sociais (facebook/ twitter/ whatsapp/ youtube); registro fotográfico e de imagens cinematográficas; produção de material audiovisual, gráfico e clipping de notícias do MSTTR. A participação em oficinas de co-municação para estruturar e potencializar a Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares tem sido uma ferramenta de luta que vem, gradativamente, sendo imple-mentada pela CONTAG.

431. É preciso refletir sobre como deve ser direcionado o processo de comunicação para e com os agricultores e agricultoras familiares, que, em sua maioria, tem pouco acesso à informação. Desta forma, é imprescindível que o MSTTR trave o debate da legalização das rádios e TVs comunitárias, inclusão digital e pela democratização dos meios de comunicação, como parte da luta pela superação das desigualdades sociais que afetam o meio rural e na perspectiva de garantir o acesso e difusão das informações como um direito social para os povos do campo, das florestas e das águas.

432. A Política de Comunicação deve ter linguagem simples, disponível para todos e todas, valorizando pessoas formadas ou não, na perspectiva de fortalecer a Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares, que possam debater constantemente e contribuir com a multiplicação das bandeiras de luta defendidas pelo MSTTR. Nesta perspectiva, faz-se necessário seguir articulada com o Coletivo de Comunicação, com o Comitê Político Gestor de Comunicação, com as Centrais Sindicais (CUT e CTB) e com as organizações internacionais.

433. É importante que todo o Movimento Sindical priorize a comunicação como uma ação estratégica fundamental para divulgar e fortalecer os interesses da categoria. Como desafio, faz-se necessário garantir orçamento para a realização das ações da Política de Comunicação.

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434. Para garantir a construção de comunicação em rede, com uso das ferramentas disponíveis, de acordo com a realidade local, torna-se imprescindível qualificar e am-pliar esse espaço, com capacidade de gerar informação a partir de sua realidade. Para tanto, é fundamental desenvolver processos formativos que garantam a formação e a multiplicação da Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares.

435. A CONTAG e suas instâncias devem potencializar o uso das mídias sociais disponí-veis para a sociedade em geral. Ao mesmo tempo, deve continuar incentivando os mais variados meios de comunicação, viabilizando programa diário de rádio, levando em consideração as possibilidades de acessos e realidades dos agricultores e agricultoras de todo o Brasil.

Novo item 01 As Federações e STTRs precisam buscar espaços nas rádios de abrangência estadual e municipal para divulgação das ações do MSTTR e os STTRs terem assessorias de comunicação para formular estratégias de divulgação de informação nas regiões e municípios.

Novo item 02 É necessário também repassar informações diárias aos Sindicatos sobre ações da CONTAG e FETAGs referente a assuntos políticos, eco-nômicos e sociais da atualidade, inclusive utilizando recursos de ví-deos com temas atuais para divulgação nas redes sociais e na mídia.

Nova item 03 O MSTTR deve construir um projeto de comunicação que leve em consideração todo o seu público e as inovações tecnológicas para possibilitar a maior disseminação das informações além do aspec-to político formativo.

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PLANO DE LUTAS12º CNTTR - Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e

Agricultoras Familiares

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

1. Lutar, junto às organizações internacionais de trabalhadores(as) agrícolas e cam-ponesas, por regras justas equilibradas nos acordos de comércio internacional e pela implantação e harmonização de políticas públicas regionais e internacionais visando a democratização da terra e a valorização da Agricultura Familiar.

2. Ampliar e internalizar o debate das questões internacionais no MSTTR, compreenden-do o impacto destas na vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, inserindo estes temas na agenda de lutas do Movimento Sindical.

3. Consolidar o Coletivo Nacional da Vice-Presidência e Relações Internacionais.

Emenda Supressiva Suprimir a frase: “da Vice-Presidência”

4. Incidir no Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena + 10 (AIAFCI+10), consolidando e visibilizando a agricultura familiar, camponesa e indíge-na nos cenários Regional e Global.

Novo item Lutar para fortalecer as ações de intercâmbio internacional da agricultura familiar, priorizando a região da América Latina e in-cluindo a juventude rural na programação.

5. Defesa do Projeto Político articulando as ações políticas da Agricultura Familiar na Reaf, CPLP, Celac, Mercosul, Unasul e ProSavana.

6. Contribuir para o fortalecimento político e institucional da Coprofam.

Novo item Construir lutas comuns com organizações camponesas latino-a-mericanas e pan-amazônicas em defesa da reforma agrária, dos direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais e da so-berania alimentar, como estratégia de enfrentamento à onda ultra-liberal assumida por governos de direita na região.

CENÁRIOS DO DESENVOLVIMENTO RURAL BRASILEIRO

Contexto do modelo de desenvolvimento agrícola e agrário

Novo item 01 Lutar pela volta do MDA e pela manutenção e reestruturação do Incra.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 02 Implementar uma campanha permanente de esclarecimento jun-to às populações do campo sobre a estratégia perversa do agro-negócio em se apossar das áreas agricultáveis, como por exem-plo o MATOPIBA.

DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA

7. Lutar pela retomada da democracia e contra o retrocesso de direitos.

Emenda Substitutiva 01

Substituir o texto “pela retomada”

por: “pelo fortalecimento”

Emenda Substitutiva 02

Substituir o texto “contra o retrocesso de direitos”.

por: “de forma articulada com os diversos movimentos sociais do campo e da cidade, fazendo enfrentamento direto contra a violen-ta ofensiva a retirada dos direitos”.

Novo item Lutar contra a criminalização dos movimentos sociais e sindicais.

8. A CONTAG, as Federações e os STTRs devem participar ativamente de todos os processos eleitorais (nacional, estadual e municipal), investindo nas candidaturas orgânicas e/ou comprometidas com o MSTTR, garantindo maior protagonismo das mulheres e da juventude.

Novo item 01 Que os dirigentes sindicais do MSTTR assumam compromisso com as candidaturas orgânicas e ou comprometidas com seu projeto político, assinando um termo de compromisso e responsabilidade com estes candidatos, em níveis municipal, estadual e federal.

Novo item 02 Estimular e apoiar participação dos agricultores(as) familiares na política partidária, a fim de que possam, a partir de seus conheci-mentos e vivências, defenderem e representarem a classe traba-lhadora rural, potencializando candidaturas de jovens.

Novo item 03 Utilizar os instrumentos constitucionais para articular e apresen-tar projetos de lei de iniciativa popular que fortaleçam as con-quistas atuais e apresentem novas proposições de interesse da agricultura familiar.

Novo item 04 Fazer amplo debate sobre o apoio de lideranças sindicais a par-lamentares que, na verdade, são contrários aos interesses da classe trabalhadora, priorizando a eleição de candidatos(as) or-gânicos(as) do Movimento.

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Novo item 05 Lutar para mudar a legislação eleitoral para que dirigentes sin-dicais, de cooperativas e associações possam participar dos pro-cessos eleitorais sem a necessidade de desincompatibilização de suas funções.

Novo item 06 Criar mecanismo de incentivo e capacitação das lideranças sin-dicais para participar de forma efetiva e qualificada no processo eleitoral (nacional, estadual e municipal).

Novo item 07 Identificar gestores e incentivar e apoiar candidaturas de pessoas comprometidas com a luta da população idosa.

PROJETO ALTERNATIVO DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E SOLIDÁRIO

9. Massificar e monitorar a implementação do PADRSS em todas as instâncias do MSTTR, aprofundando o debate sobre o modelo de desenvolvimento que defendemos para o campo.

Novo item Reavaliar o PADRSS considerando a reorganização sindical.

10. Ampliar e fortalecer as relações de alianças e parcerias com as Centrais Sindicais, es-pecialmente CTB e CUT, organizações não governamentais e Instituições de Ensino e Pesquisa, buscando a cooperação técnica e a solidariedade na construção de pautas estra-tégicas e unificadas, visando implementação de políticas públicas que efetivem o PADRSS.

11. Construir um Programa Nacional de Formação para agricultores(as) jovens e adul-tos, que introduza na agricultura familiar um novo paradigma de modelo de produção, no qual a gestão, o investimento e a tecnologia respeitem o meio ambiente, com pro-dução de alimentos saudáveis para quem consome e produz.

Novo item 01 Defender a educação do campo, reconhecendo a importância da pedagogia da alternância das Escolas Família Agrícola (EFAs) e Ca-sas Familiares Rurais (CFRs) como modelo a ser difundido nas es-colas do campo.

Novo item 02 Lutar por condições apropriadas para garantir a permanência da juventude no campo após retornarem dos seus estudos, de manei-ra que possam estimular e dinamizar a produção familiar.

12. Desenvolver um Programa Nacional de Formação e Capacitação em Estado e Políticas Públicas para aperfeiçoar a atuação do MSTTR nos espaços de elaboração e gestão de políticas para o desenvolvimento rural sustentável.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 01 Articular o debate de desenvolvimento rural sustentável e solidário com o da sucessão rural.

Novo item 02 Dar visibilidade ao protagonismo da juventude nos processos de desenvolvimento rural sustentável e solidário divulgando expe-riências organizativas dos(as) jovens trabalhadores e trabalhado-ras rurais agricultores e agricultoras familiares.

13. Fortalecer as lutas e articulações em defesa dos direitos dos indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais, assegurando o reconhecimento de seus territórios.

14. Institucionalizar no MSTTR o debate sobre a questão étnico-racial, assegurando condições para o tratamento adequado deste tema, ampliando as formulações e defini-ções estratégicas, buscando a implementação de ações afirmativas que reconheçam e valorizem os sujeitos.

15. Ampliar e fortalecer as ações de massa nos âmbitos nacional, estadual e municipal por meio de estratégias de unidade com movimentos sociais agrários e outras or-ganizações populares em torno da construção e defesa de propostas estruturantes para a efetivação do PADRSS.

Novo item Intensificar o “Grito da Terra” municipal, estadual e nacional com maior número de participantes e maior agressividade ou ousadia nas ações.

POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO

Novo item 01 Ampliar a arrecadação do Fundo Solidário da ENFOC para além do desconto de 1% sobre as mensalidades sociais dos aposentados e aposentadas e pensionistas, destinando também 1% da contribui-ção dos demais associados(as) ao Sindicato.

Novo item 02 Lutar para que as centrais sindicais parceiras do MSTTR contri-buam com 10% dos recursos recebidos da contribuição sindical, provenientes do MSTTR, para o Fundo Solidário da ENFOC.

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO SINDICAL

Novo item Definir o conceito de agricultura familiar considerando os diversos sujeitos, suas culturas, costumes e atividades para além do tama-nho da propriedade, módulo ou relações de trabalho.

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Novo item Lutar pela alteração dos módulos fiscais para fins de enquadra-mento como agricultura familiar.

16. Atuar para estruturar os sistemas sindicais de representação dos(as) agriculto-res(as) familiares e assalariados(as) rurais, de modo que as entidades constituídas ampliem a representatividade e fortaleçam as lutas da categoria específica, garantindo a efetividade das políticas conquistadas.

Novo item 01 Lutar pela manutenção das políticas públicas e, neste sentido, é preciso manter um estado permanente de mobilização na CON-TAG, Federações e STTRs.

Novo item 02 Lutar para que a legislação sobre representação sindical da cate-goria de agricultores e agricultoras familiares adote o conceito a ser aprovado no 12º CNTTR.

Novo item 03 Lutar pela desburocratização dos processos de registro das entida-des sindicais junto ao Ministério do Trabalho.

Novo item 04 Lutar para que em regiões com menor expressão de Agricultura Familiar e Assalariados(as) Rurais estes permaneçam dentro de uma mesma estrutura sindical.

Novo item 05 Manter a união e parceria entre CONTAG e CONTAR, FETAG e FETAR e Sindicatos.

Novo item 06 Lutar pela criação e/ou fortalecimento de conselhos municipais, bem como capacitar e qualificar, permanentemente, os(as) repre-sentantes do MSTTR nos conselhos para que façam a proposição, gestão e monitoramento de políticas públicas.

17. Fortalecer a estrutura e organização do MSTTR como sistema que articule as lutas e ações políticas estratégicas para os agricultores e agricultoras familiares, buscando alterar legislações para atender suas demandas.

Novo item 01 Que nas alterações estatutárias do Sindicato sejam inseridos além do cargo de presidente e vice-presidente o cargo de segundo vice--presidente.

Novo item 02 Fortalecer e reorganizar as Regionais da CONTAG para que poten-cializem suas ações de modo a colaborar com o novo momento de representação específica da agricultura familiar e da necessidade de contribuir com a sustentabilidade político-financeira do MSTTR.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

18. Potencializar a participação das mulheres frente ao processo de reorganização sin-dical e dissociação, visibilizando a importância e o papel das mulheres na organização específica da agricultura familiar.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto: “e das assalariadas rurais”.

Novo item Aprofundar o debate sobre representação e representatividade na base, fortalecendo a participação da juventude a fim de potenciali-zar sua contribuição na organização dos trabalhadores e trabalha-doras rurais agricultores e agricultoras familiares.

19. Apoiar a consolidação da CONTAR como representante das e dos assalariados e assala-riadas rurais, contribuindo no processo de organização das mulheres assalariadas, visibi-lizando suas reivindicações e estratégias de fortalecimento de participação no Movimento Sindical, por meio de políticas afirmativas, a exemplo da política de cotas e paridade.

Novo item 01 Criar a Secretaria de Igualdade Racial na CONTAG.

Novo item 02 Ampliar e fortalecer o coletivo nacional e os estaduais de assala-riados(as) rurais, garantindo a participação das mulheres e jovens assalariados(as) rurais, também na CONTAG.

Novo item 03 Criar condições para que a Comissão de Ética em todas as instân-cias do MSTTR possa ser atuante, mantendo uma rotina de ativi-dades, o que possibilita um maior cuidado com o cumprimento das deliberações congressuais.

Novo item 04 Fortalecer o trabalho de base adotando práticas como a de visitas (casa a casa) aos(às) trabalhadores(as) rurais, associados(as) ou não ao Sindicato para levar formação e informação e dialogar so-bre o papel do Sindicato e da representação sindical.

Novo item 05 Apoiar a organização e a fundação dos Sindicatos e Federações de Assalariados e Assalariadas Rurais.

Organicidade do Sistema Confederativo CONTAG

20. Orientar a prática e ação sindical pelos princípios éticos do MSTTR.

Emenda Substitutiva Substituir todo o item por: Orientar e aplicar na ação sindical os princípios éticos em todas as instâncias do MSTTR.

Novo item 01 Criar e fortalecer as Comissões de Ética em todas as instân-cias do MSTTR, por meio de processo formativos continuados, entre outros.

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Novo item 02 Criar mecanismos e/ou instrumentos de controle e punição como perda de mandatos de dirigentes sindicais, tornando-os inelegíveis por 8 anos, aos que descumprirem as determinações congressuais em todas as instâncias do MSTTR.

21. Garantir unidade na ação político-sindical entre as instâncias do MSTTR no cumpri-mento das deliberações congressuais, atendendo assim as demandas da categoria.

Novo item 01 Assegurar para que as propostas discutidas nos coletivos da CONTAG, Federações e STTRs e aprovadas nas instâncias delibera-tivas sejam aplicadas e cumpridas.

Novo item 02 Criar estratégias de monitoramento e avaliação em relação ao cum-primento das deliberações congressuais, com definição de prazos para cumprimento e punição para quem não cumpre.

Novo item 03 Incorporar os Anais dos Congressos da CONTAG ao material edu-cativo da ENFOC, como forma de aprofundar o debate sobre or-ganicidade, bem como a importância de adotar as diretrizes e os princípios que orientam a ação sindical.

Novo item 04 Padronizar os estatutos sociais dos Sindicatos, Federações e Con-federação, principalmente nos seguintes pontos: forma de ações; forma de eleições sindicais; tempo de mandato; paridade e cota de jovens; participação da terceira idade; objetivos da representação e representatividade; obrigações das instâncias entre si; da reali-zação de assembleias; obrigações financeiras; gestão; obrigação da formação sindical para dirigentes; destinação de patrimônios de sindicatos; composição da diretoria; entre outras.

Sustentabilidade Político-Financeira

22. Consolidar a política de sustentabilidade político-financeira que estabeleça diretrizes e estratégias para nortear as ações e práticas sindicais dos sistemas de representação dos(as) agricultores(as) familiares e assalariados(as) rurais.

Novo item Articular novas formas de garantir a sustentabilidade político-fi-nanceira da categoria otimizando sua estrutura física, recursos hu-manos e financeiros.

23. Garantir processos de gestão política, sindical, financeira e administrativa, assegu-rando a transparência e a ética, como, por exemplo, o cumprimento dos estatutos.

24. Lutar pela regulamentação da Contribuição Sindical Rural dos Agricultores(as) Familiares.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Emenda Substitutiva Substituir a expressão: “Lutar pela regulamentação”

Por: “Implementar a cobrança”

Novo item Fazer cobrança judicial da Contribuição Sindical dos agricultores e agricultoras familiares inadimplentes.

25. Garantir a implementação do Plano Sustentar, em médio e longo prazos, como estratégia para o fortalecimento da sustentabilidade e para ampliar o reconhecimen-to do papel das entidades junto à base.

Novo item 01 Reservar, na execução do Orçamento Sindical Participativo, 30% dos recursos disponíveis para investimento, tendo em vista ga-rantir a autonomia de ação na resposta à conjuntura e proteção financeira.

Novo item 02 Garantir, no âmbito do Plano Sustentar, atividades formativas es-pecíficas em gestão sindical, com vistas a sanar as deficiências na organização interna das entidades e a melhoria da qualidade dos serviços prestados aos(às) associados(as).

Novo item 03 Lutar pela implementação de uma contribuição compulsória para toda a categoria de trabalhadores(as) rurais, direcionado ao siste-ma confederativo.

Novo item 04 Lutar para que os serviços prestados pelos Sindicatos no que se refere ao acesso às políticas públicas e serviços cartoriais à cate-goria seja condicionado ao pagamento da contribuição sindical.

Democracia Interna e Participação dos Sujeitos

26. Fortalecer a democracia interna com a consolidação da paridade de gênero, ga-rantindo a cota da juventude e a participação das pessoas da terceira idade e idosas. Renovar 50% do quadro de diretores(as), impedindo a recondução e realocação de cargos / Secretarias de forma a garantir o desenvolvimento e crescimento do MSTTR.

Emenda Substitutiva Substituir “da paridade de gênero”

por “da cota de 30% de mulheres”

27. Garantir condições de igualdade para as mulheres exercerem com autonomia o trabalho sindical nas diversas Secretarias da CONTAG, Federações e Sindicatos, o que inclui condições materiais, assessoria e igualdade no valor da gratificação paga a ho-mens, mulheres e jovens, independente do cargo que exerçam.

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Emenda Supressiva Suprimir o seguinte trecho: “Independente do cargo que exerçam.”

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto: respeitando a hierarquia das di-retorias onde a assembleia será soberana na definição dos valores.

28. Articular ações que permitam qualificar e fortalecer o debate e a implementação de políticas afirmativas que garantam igualdade de condições entre homens e mulheres no MSTTR, a exemplo da obrigatoriedade do cumprimento da política de cotas de, no mínimo, 30% de mulheres nos cargos de Direção das Federações e Sindicatos, até que seja implementada a paridade em todas as instâncias do Movimento Sindical, conforme deliberação do 11º CNTTR.

Emenda Supressiva Suprimir do texto: conforme deliberação do 11º CNTTR

Emenda Substitutiva Substituir a frase: “do cumprimento da política de cotas de, no mínimo, 30% de mulheres nos cargos de Direção das Federações”

Por: “da paridade nos cargos de Direção Executiva das Federações”

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do texto a seguinte frase: “sob pena de ser multado e suspenso da participação no MSTTR.”

Novo item 01 Garantir a implementação da paridade até o próximo CNTTR, esta-belecendo punições para os(as) que não cumprirem.

Novo item 02 Realizar ações e atividades intergeracionais entre a terceira idade e a juventude, nos níveis municipal e estadual.

Novo item 03 Criar mecanismos, através do SisCONTAG para que os STTRs pos-sam acompanhar e fiscalizar os recursos das políticas públicas des-tinadas ao seu município.

Novo item 04 Trabalhar ações e atividades específicas para jovens rurais, buscan-do projetos de formação, qualificação profissional e intercâmbios.

Novo item 05 Garantir o funcionamento das Secretarias de Juventude e da Ter-ceira Idade, principalmente através da alocação de recursos, atra-vés do orçamento anual, aprovado em assembleia.

Novo item 06 Proporcionar espaços de debate para a juventude trabalhadora ru-ral, envolvendo a família e a escola, trabalhando, neste sentido, a consciência e o grupo familiar, que terá reflexos positivos no cum-primento da cota de jovens nas instâncias do Movimento.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 07 Garantir a promoção de oficinas e atividades recreativas e de lazer para a terceira idade, como, por exemplo, passeios, manhãs de lazer e jogos recreativos.

Novo item 08 Valorizar a participação da terceira idade e idosos em todas as ins-tâncias do MSTTR com uma política que vise abordar temas como relacionamento nas famílias, lazer e atenção à pessoa idosa.

REFORMA AGRÁRIA – ACESSO À TERRA, TERRITÓRIO E AOS BENS COMUNS

29. Fortalecer as ações de pressão pela reforma agrária que amplie o direito de aces-so e permanência na terra, considerando os acampamentos e as ocupações de áreas agricultáveis que não cumpram a função social e ambiental como uma estratégia privilegiada de luta no MSTTR.

Emenda Aditiva Acrescentar ao final do item: Chamar à responsabilidade os de-putados que se elegeram com votos da categoria e, em parceria, realizar um diagnóstico da situação agrária nos municípios e, como culminância, realizar um seminário sobre a reforma agrária de for-ma a recolocar a política agrária no Plano de Lutas do MSTTR.

Novo item 01 Lutar para que sejam garantidos os direitos, incluindo justas in-denizações aos trabalhadores(as) que têm suas vidas impactadas pelos grandes projetos e obras de infraestrutura.

Novo item 02 Intensificar a luta pela terra fortalecendo as ações contra a con-centração fundiária e a estrangeirização de terras.

Novo item 03 Lutar pelo reconhecimento dos territórios livres de agrotóxicos e transgênicos.

Novo item 04 Lutar pela criação de um fundo com recursos do Imposto Territo-rial Rural (ITR), a ser gerido pelo MSTTR para viabilizar as ações do programa de reforma agrária nos estados.

Novo item 05 Ampliar as ações de ocupação dos imóveis improdutivos como for-ma de pressionar o governo a destinar recursos para a obtenção e a instalação de projetos de assentamento.

Novo item 06 Lutar pela retomada da Ouvidoria Agrária Nacional, assegurando-lhe estrutura e autonomia para efetiva realização de suas atribuições.

30. Lutar pela ampliação, fortalecimento e qualificação das desapropriações por inte-resse social dos latifúndios e de áreas que não cumpram a função socioambiental, como instrumento privilegiado para obtenção de terras para a reforma agrária.

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Novo item 01 Intensificar os acampamentos como instrumento para fortale-cer a luta pela terra, por meio das ocupações aos latifúndios, e outras formas de manifestações públicas para pressionar pela reforma agrária.

Novo item 02 Continuar a luta por expropriação e desapropriação das terras utili-zadas pelo narcotráfico, denunciadas pelo uso de trabalho escravo e crime ambiental, assim como pela arrecadação de terras da União.

Novo item 03 Fortalecer a luta para impedir a aprovação, pelo Congresso Nacio-nal, do Projeto de Lei que flexibiliza as regras para a aquisição de terras por estrangeiros, a exemplo do Projeto de Lei 4.059/2012 que está tramitando em regime de urgência.

Novo item 04 Retomar a campanha e fortalecer a luta pelo limite de tamanho da propriedade da terra no Brasil em 35 módulos fiscais por família.

Novo item 05 Reivindicar a retomada de terras públicas griladas e sua conse-quente destinação para fins de reforma agrária.

31. Ampliar e fortalecer os processos de unidade e articulação com outras forças sociais representativas dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente com os demais mo-vimentos sociais do campo.

Novo item Cobrar sistematicamente do Governo Federal para que os recursos dos Fundos Constitucionais e do Pronaf sejam efetivamente desti-nados para a superação das desigualdades regionais e sociais.

32. Lutar pelo fortalecimento, atualização e desburocratização das regras do Programa Nacional de Crédito Fundiário, como instrumento complementar à ação de reforma agrária, para obtenção de terras que não sejam passíveis de desapropriação por inte-resse social.

Emenda Aditiva 01 Acrescentar após “reforma agrária” o seguinte: “assegu-rando, no mínimo, 15 hectares de terra por família”.

Emenda Aditiva 02 Acrescentar ao final: garantindo as mesmas regras das aquisições coletivas, inerentes às infraestruturas, para as in-dividuais.

Emenda Aditiva 03 Acrescentar após: “Crédito Fundiário” a frase: “inclusive em relação às normas para individualizar os critérios de substitui-ção do quadro social”

Novo item 01 Assegurar que o enquadramento dos(as) beneficiários(as) ao PNCF seja realizado pelo MSTTR.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 02 Lutar pela melhoria das condições de financiamento, com diminui-ção dos juros e maior percentual de rebates, além da redução da burocracia nos financiamentos para o PNCF.

Novo item 03 Lutar pela alteração na Lei 13.340/2016 (que autoriza a liquidação e a renegociação de dívidas de crédito rural), oportunizando aos adimplentes a mesma anistia que é ofertada ao inadimplente.

Novo item 04 Lutar para assegurar a desoneração tributária nas operações de Crédito Fundiário relativa à compra de terras entre herdeiros (des-pesas cartoriais e impostos).

Novo item 05 Buscar melhoria no processo de compra de terras realizada entre her-deiros, no PNCF, assegurando subsídio de 50% do valor e juro zero.

Novo item 06 Buscar junto ao governo a viabilidade de recursos para investi-mento em infraestrutura nas propriedades adquiridas pelo PNCF, assegurando subsídio de 50% do mesmo com juro zero.

33. Lutar pela regularização fundiária e titulação gratuita das áreas de posses de até quatro módulos fiscais e pela regularização documental e de partilha de herança em áreas de condomínio das propriedades familiares, assegurando critérios que impeçam a formalização de grilagem das terras.

Emenda Aditiva Acrescentar após “familiares” a seguinte frase: “independente da área do condômino ser inferior à fração mínima de parcelamen-to, conforme a Lei 5868/1972, que instituiu o Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR).”

Novo item 01 Lutar pela municipalização da regularização fundiária, com criação de comissões representativas.

Novo item 02 Lutar pela diminuição das custas para realização de inventários e dos registros de títulos e escrituras públicas para a agricul-tura familiar.

Novo item 03 Mobilizar-se contra a emancipação massiva de assentamentos e as iniciativas de municipalização da reforma agrária.

34. Assegurar a titulação das áreas de assentamento somente após a liberação e apli-cação dos créditos destinados às famílias e da infraestrutura que permita o desenvol-vimento e sustentabilidade de tais áreas, fortalecendo a fiscalização e observando critérios e condições para que as mesmas não voltem a ser reconcentradas.

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Emenda Substitutiva Lutar para implementar a Lei 13.001/2014 (dispõe sobre a li-quidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária), assegurando o direito de título para quem está assen-tado há mais de 10 anos.

35. Lutar para que os projetos de assentamento criados pelo Incra e as unidades pro-dutivas do PNCF adotem, prioritariamente, a agroecologia como modo organizacional e produtivo, fomentando o debate junto aos trabalhadores e trabalhadoras rurais e for-talecendo a luta pela conquista de políticas públicas, tecnologias e insumos que asse-gurem produtividade, renda e autonomia para as famílias que optarem por esta forma organizativa e produtiva.

Novo item 01 Lutar para garantir acesso a políticas públicas de crédito, comer-cialização, moradia e Ater para os beneficiários do PNCF.

Novo item 02 Lutar pela garantia de proteção à vida e a segurança das famílias acampadas no processo de luta pela terra.

Novo item 03 Fortalecer a luta sindical para ampliar o acesso às políticas públicas pelos assentados e assentadas da Reforma Agrária, em especial, PAA e Pnae, além de Assistência Técnica e Extensão Rural que sejam orientadas para a produção orgânica e agroecológica de alimentos.

Novo item 04 Lutar pela garantia de acesso à água em todos os projetos de as-sentamentos de reforma agrária.

Novo item 05 A escolha de beneficiário(a) de projeto de assentamento de refor-ma agrária deve acontecer através do Conselho Municipal Agrope-cuário de onde o(a) beneficiário(a) reside no momento e, poste-riormente, haver diálogo entre os Conselhos Municipais e o MSTTR.

Novo item 06 Articular a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Refor-ma Agrária no Congresso Nacional.

Novo item 07 Lutar pela criação de um Fundo Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, visando assegurar recursos financeiros de forma permanente e sistemática para a realização destes serviços.

Novo item 08 Lutar pela universalização da habitação rural para as áreas de re-forma agrária, especialmente para as regiões com maior passivo de famílias sem moradia digna nos Projetos de Assentamento.

Novo item 09 Lutar pela revogação do Parágrafo 7º, do Artigo 2º, da Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, que impede a vistoria de áreas ocupadas.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 10 Trabalhar para eleger representantes da agricultura familiar nas três esferas de poder, sendo pessoas comprometidas com a pauta da reforma agrária.

Novo item 11 Fortalecer as ações contra a criminalização e o não reconhecimen-to da luta pela terra por parte da sociedade, realizando ações, como campanhas e debates em universidades, associações, igre-jas, etc, sobre a importância da reforma agrária e sua relação com soberania alimentar e a diminuição das desigualdades sociais.

Novo item 12 Exigir a transparência e a divulgação dos dados sobre as pro-priedades rurais e as terras públicas, assegurando maior contro-le público da estrutura fundiária e a efetiva punição à grilagem das terras.

Novo item 13 Lutar para que o pagamento das parcelas do financiamento rea-lizado pelo PNCF possa ser realizado com a entrega de produtos para o Pnae e PAA.

Novo item 14 Exigir a revisão imediata dos índices de produtividade da terra.

SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, AGROECOLOGIA E MEIO AMBIENTE

36. Incentivar a produção, consumo e comercialização de produtos agroecológi-cos e orgânicos, hortas comunitárias e cultivo de plantas medicinais para a produção de alimentos saudáveis, assegurando investimentos para pesquisa e assistência técnica.

Novo item 01 Garantir para que, em todos os eventos do MSTTR, sejam ad-quiridos alimentos produzidos pela Agricultura Familiar de base agroecológica e/ou orgânica, começando pelo Centro de Estudos Sindicais da CONTAG (CESIR) para aproximar teoria e prática.

Novo item 02 Fortalecer e estruturar as linhas de crédito Pronaf Agroecologia com subsídios que incentivem a ampliação da produção.

Novo item 03 Lutar pelo reconhecimento da agroecologia e agricultura familiar de interesse social, para a garantia da soberania alimentar.

Novo item 04 Incentivar a produção, registro e regulamentação de defensivos biológicos para a produção orgânica e agroecológica.

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Novo item 05 Desburocratizar a certificação da produção orgânica e agroecoló-gica e da propriedade rural, podendo esta ser realizada em nível municipal.

Novo item 06 Realizar campanha permanente sobre a importância da produção orgânica e agroecológica da agricultura familiar e sua contribuição para uma alimentação saudável.

Novo item 07 Fortalecer parcerias para estimular a produção agroecológica por meio da promoção de encontros de formação e intercâmbios, aler-tando sobre os riscos da utilização dos agrotóxicos.

Novo item 08 Lutar pelo fim da isenção e/ou desoneração de impostos sobre a produção e comercialização de agrotóxicos.

Novo item 09 Apoio ao acesso à terra, crédito, assistência técnica e extensão rural de qualidade, incentivando a transição da produção conven-cional de alimentos para a agroecológica.

Novo item 10 Lutar pela criação do Agente da Agricultura Familiar e Agroecologia nos municípios.

Novo item 11 Lutar pela implantação nos âmbitos nacional e estadual de um projeto piloto para desenvolver as práticas agroecológicas e o de-senvolvimento de tecnologias sociais.

37. Promover o resgate, a propagação e o registro de sementes, mudas e raças criou-las para garantir a autonomia e a soberania da agricultura familiar.

Novo item 01 Lutar pela criação de banco de dados sobre sementes crioulas pelo MSTTR.

Novo item 02 Criar e fortalecer redes e feiras de trocas de sementes crioulas, inserindo essa prática no calendário de ações do MSTTR.

Novo item 03 Lutar por políticas de incentivo à criação de casas de sementes crioulas.

Novo item 04 Identificar os(as) agricultores(as) familiares que trabalham com se-mentes crioulas e criar um banco nacional e estadual de sementes.

Novo item 05 Lutar contra a aprovação da alteração da Lei de Cultivares.

38. Lutar para inclusão da formação em agroecologia nos currículos das escolas téc-nicas, universidades, escolas do campo e da cidade, assim como nos processos de formação do MSTTR.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 01 Lutar pela conscientização ambiental dos agricultores e agriculto-ras familiares.

Novo item 02 Lutar pela capacitação e formação de profissionais que priorizem meios de produção alternativa (produção orgânica e agroecológica).

39. Lutar para que as políticas públicas ambientais e os acordos e convenções sobre mudanças climáticas adotem tratamento diferenciado para as áreas de Reforma Agrária e da Agricultura Familiar, especialmente da região Semiárida;

Novo item 01 Lutar para regularização fundiária e ambiental das terras da agri-cultura familiar.

Novo item 02 Lutar para que projetos que geram impactos ambientais e socio-culturais sejam submetidos a audiências públicas com a participa-ção das entidades sociais representativas da região.

Novo item 03 Lutar pela disponibilização de recursos financeiros no Programa Bolsa Verde, além de assistência técnica, a fim de compensar os(as) agricultores(as) que fazem o uso sustentável da terra.

40. Ampliar o debate sobre energias renováveis, incluindo o acesso ao crédito, como estratégia de geração de renda complementar para os agricultores(as) familiares.

41. Promover formação técnica e política para a formação de conselheiros(as) munici-pais e estaduais de meio ambiente e para os Comitês de Bacias.

42. Lutar pela criação e implementação da Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais para a Agricultura Familiar, como uma das estratégias de consolidação da con-servação dos recursos naturais e mitigar e adaptar aos impactos das mudanças climáticas.

43. Assegurar nos espaços de formação do MSTTR a discussão sobre o modelo de pro-dução agrícola e alternativas produtivas ao uso de agrotóxicos (veneno) e transgêni-cos e seus impactos na saúde e meio ambiente.

Novo item 01 Elaboração de materiais informativos, como folders e cartilhas, que visem conscientizar e orientar os(as) agricultores(as) fami-liares sobre as formas alternativas para a prevenção e combate a pragas e doenças sem o uso de agrotóxicos, bem como a aduba-ção sem fertilizantes químicos.

Meio Ambiente

Novo item 01 Lutar para que a legislação ambiental, considerando a realidade da agricultura familiar e assentamentos, especifique critérios que diferenciem as condições e limitações destas unidades produtivas em relação às grandes propriedades e empresas rurais.

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Novo item 02 Lutar pela rejeição do Projeto de Lei 3.200/2015, que trata da Po-lítica Nacional de Defensivos Fitossanitários e de Produtos de Con-trole Ambiental, em tramitação na Câmara dos Deputados, que dispõe sobre a Política Nacional de Defensivos Fitossanitários e de Produtos de Controle Ambiental, seus Componentes e Afins, que propõe substituir o termo agrotóxico por fitossanitário e excluir o símbolo universal da caveira com dois ossos cruzados.

Novo item 03 Fortalecer as discussões no MSTTR sobre mudanças climáticas e os impactos da seca na agricultura familiar.

Novo item 04 Fortalecer a Campanha Permanente de Combate ao Uso de Agro-tóxicos e Transgênicos.

Novo item 05 Lutar pela implementação do Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxico (Pronara).

Novo item 06 Lutar pela punição efetiva daqueles que fazem uso indiscriminado de agrotóxicos e provoquem a contaminação de trabalhadores(as), da fauna e da flora.

Novo item 07 Lutar para que todas as prefeituras municipais tenham a Secreta-ria de Meio Ambiente.

Novo item 08 Lutar para que os governos federal e estaduais, através de suas organizações, realizem gratuitamente o Cadastro Ambiental Rural (CAR) das propriedades dos(as) agricultores(as) familiares.

Novo item 09 Lutar para que seja feito o georreferenciamento dos estabeleci-mentos familiares.

Novo item 10 Lutar por ampliação e continuidade de programas que garantam a capacitação e contenção de água das chuvas e proteção das nas-centes e mananciais.

Novo item 11 Lutar pela aquisição de sistemas de reuso de água para a agricul-tura familiar, evitando o desperdício e buscando fontes alternativas para a produção.

Novo item 12 Buscar a implementação de um plano nacional de preservação e reservação de água para a agricultura familiar.

Novo item 13 Ampliar o debate no MSTTR sobre a utilização da água na agricul-tura familiar, inclusive sobre a possibilidade de isenção de cobran-ça de taxas por seu uso.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 14 Lutar para uma fiscalização ambiental educativa através de pales-tras, seminários e distribuição de panfletos.

Novo item 15 Promover conscientização ambiental combatendo e proibindo o uso de agrotóxicos agressivos e nocivos proibidos em outros países, além de intensificar a fiscalização para coibir a venda ilegal destes.

Novo item 16 Lutar pela ampliação da fiscalização sobre os receituários agronô-micos, corresponsabilizando empresas, técnicos e produtores pelo uso indevido/incorreto.

Novo item 17 Estimular campanhas de conscientização nas escolas sobre o uso excessivo de agrotóxicos, bem como valorizar e incentivar o con-sumo de produtos orgânicos.

Novo item 18 Incentivar o uso de consórcios de atividades, a exemplo da Inte-gração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF).

Novo item 19 Lutar pela implantação de programa de reflorestamento em áreas degradadas.

Novo item 20 Discutir, permanentemente, as mudanças climáticas e os impactos da seca e as estratégias de convivência da Agricultura Familiar.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR

44. Lutar pelo direito de produzir de forma sustentável, na perspectiva de fortalecer a produção agroecológica e orgânica de alimentos, assegurando o acesso à terra, o direito à moradia, ao crédito, a exemplo do Pronaf, assistência técnica, infraestrutura de apoio à produção, beneficiamento e comercialização, entre outras políticas públicas que promovam o desenvolvimento rural sustentável e solidário.

Novo item Potencializar a organização da produção com sistemas integra-dos de produção e comercialização que possibilitem resultados mais concretos.

45. Lutar para que o Estado incorpore a Agricultura Familiar e a Reforma Agrária como estratégias para o desenvolvimento rural sustentável, assegurando políticas públicas adequadas e recursos necessários.

Novo item 01 Lutar pela ampliação dos recursos públicos destinados à Agricul-tura Familiar até atingir, no mínimo, 2% do PIB do País, para o financiamento das atividades produtivas e de comercialização, for-talecendo programas como PAA, Pnae, Seguro de Preços (PGPAF), Seguro Rural e Proagro Mais, assegurando taxa de juros reduzidos e alíquotas condizentes com a realidade.

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Novo item 02 Lutar pela ampliação dos valores do teto de venda por unidade familiar nos programas PAA e Pnae, criando critérios técnicos de reajustes dos mesmos.

Novo item 03 Priorizar o acesso de jovens e mulheres aos programas de compras institucionais.

Novo item 04 Lutar pela melhoria da legislação, visando assegurar condições de renegociações das dívidas dos agricultores e agricultoras familia-res que, efetivamente, coloquem fim à inadimplência.

Novo item 05 Lutar pela efetivação das políticas públicas de convivência com o Semiárido.

Novo item 06 Lutar pelo fortalecimento do Programa Garantia Safra, assegurando valor compatível com os custos da produção na agricultura familiar.

Novo item 07 Cobrar a construção de um modelo de concessão de crédito do Pronaf para a área da Sudene, diferenciado do sistema atual, que assegure maior subsídio e maior carência.

Novo item 08 Lutar pela ampliação do acesso de jovens e/ou mulheres ao cré-dito, independente da comprovação da capacidade de pagamento pelo grupo familiar, assegurando que o risco das operações seja de responsabilidade do Tesouro Nacional.

Organização produtiva, agregação de valor e comercialização

Novo item 01 Lutar para que todos os municípios implementem o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) para fortalecer a agroindustrialização da agricultura familiar.

Novo item 02 Implantar, imediatamente, o Suasa nas esferas federal, estadual e municipal.

46. Lutar pelo fortalecimento e consolidação do Associativismo e Cooperativismo Solidário da Agricultura Familiar.

Emenda Substitutiva Lutar por maior aproximação em todas as instâncias do MSTTR e Cooperativismo Solidário para a implementação do PADRSS.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Emenda Aditiva 01 Acrescentar ao final: “com incentivo dos governos munici-pal, estadual e federal, fazendo cumprir a lei que regulamenta o PAA e Pnae”.

Emenda Aditiva 02 Acrescentar ao final: fomentando que os(as) associados(as) do MSTTR se filiem às cooperativas e participem ativamente das decisões.

Novo item 03 Lutar para que sejam disponibilizados profissionais, como conta-dores e advogados, que auxiliem na regularização de associações, cooperativas e agroindústrias familiares.

47. Atuar para que seja criada base de dados (econômicos, mercadológicos, estruturais, estu-dos comparativos, modelos de produção, cadeias produtivas) destinada a captar e a ampliar a compreensão das transformações da agricultura familiar e das regiões rurais brasileiras.

Novo itemProposta 01 Proposta 02Lutar pela implantação do Cadastro da Agricultura Familiar (CAF) em substituição à Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).

Lutar pela inclusão de nova modalidade de DAP visando alcançar os(as) filhos(as) solteiros(as) que trabalham junto aos pais e mães em regime de economia familiar, ou com contrato de comodato, por exem-plo, visando DAP individual, dissociada de seu grupo familiar.

48. Adotar uma forma de escuta das demandas, por meio de seminários com sin-dicatos, delegacias sindicais e outras organizações de base existentes, direta-mente dos agricultores e das agricultoras familiares e de suas comunidades, buscando captar o sentimento e as expectativas mais urgentes sobre a organização da produção e políticas públicas relacionadas.

Novo item Lutar para melhorar os critérios e entendimentos sobre o enqua-dramento da propriedade rural, módulo rural, para fins de repre-sentação sindical.

49. Atuar para promover a inclusão produtiva com geração de renda e promover ar-ranjos institucionais e fortalecer as políticas públicas (crédito, Ater, pesquisa, etc.) que assegurem a transição, a longo prazo, para as práticas agroecológicas e demais formas produtivas sustentáveis.

Emenda Supressiva Suprimir do item a seguinte frase: “a longo prazo”

Novo item 01 Lutar pela elevação dos recursos destinados ao desenvolvimento e fortalecimento da agricultura familiar enquanto atividade geradora de emprego e renda.

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Novo item 02 Lutar para que o agente financeiro não vincule a liberação do cré-dito do Pronaf a tecnologias que exijam o uso de agrotóxicos.

Novo item 03 Lutar para que seja feita uma reavaliação no zoneamento agrícola, enquadrando os municípios na sua realidade.

50. Articular instituições de ensino e pesquisa para aprofundar temas estratégicos para o desenvolvimento rural sustentável e solidário.

51. Compor parcerias com instituições de ensino e pesquisa, alocando recursos finan-ceiros próprios e apoios externos ao Movimento Sindical para a produção de estudos e pesquisas em áreas estratégicas para o MSTTR, a fim de promover a formação de diri-gentes, funcionários(as) e lideranças da agricultura familiar.

52. Atuar na formação e capacitação de conselheiros(as) municipais, a fim de potencia-lizar a ação sindical na elaboração, fiscalização, monitoramento e controle das políticas públicas em âmbito local.

53. Lutar pelo fortalecimento da Anater visando a universalização da assistência técnica e extensão rural para a agricultura família, assentados(as) de reforma agrária, be-neficiários(as) do crédito fundiário, povos e comunidades tradicionais.

Novo item Lutar, junto aos governos federal e estadual, pela contratação de mais técnicos(as) e extensionistas rurais que possam fazer atendi-mento qualificado às famílias rurais.

AGRICULTURA FAMILIAR E RELAÇÕES DE TRABALHO

54. Lutar pela construção de instrumentos que viabilizem a formalização dos contratos de trabalho sem prejuízo dos direitos dos assalariados e assalariadas rurais.

Emenda Supressiva Excluir todo o item.

Novo item 01 Combater a informalidade dos assalariados e assalariadas rurais na agricultura familiar.

Novo item 02 Estabelecer um diálogo permanente entre CONTAG e CONTAR para a definição de instrumentos que orientem a relação de trabalho entre a agricultura familiar e os(as) assalariados(as) rurais.

55. Lutar para que seja implementado o “e-Social” simplificado na área rural com o ob-jetivo de formalizar as relações de emprego na agricultura familiar.

Emenda Supressiva Excluir todo o item.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 01 Adicionar ao final do item o texto: “no prazo máximo de até junho de 2017”.

Novo item 02 Acrescentar ao final do item: “possibilitando a contratação de forma descontínua”.

56. Atuar na sensibilização e capacitação de dirigentes sindicais e agricultores e agri-cultoras familiares a fim de formalizar os contratos de trabalho e garantir melhores condições de vida e emprego digno no campo.

57. Continuar lutando pelo combate à informalidade e intensificar a fiscalização para combater o trabalho escravo no campo e por melhorias nos direitos dos(as) assalaria-dos(as) rurais.

Emenda Supressiva Excluir todo o item.

Novo item 01 Fortalecer as ações de fiscalização de trabalho escravo, com a ar-ticulação entre as várias áreas do governo, estabelecendo punição efetiva para os empregadores autuados.

Novo item 02 Fortalecer a unidade entre os(as) agricultores(as) e assalaria-dos(as) rurais nas lutas sindicais coletivas.

Novo item 03 Priorizar a capacitação dos(as) agricultores(as) familiares na te-mática de contratação de mão de obra, implementando mecanis-mos de formalização na contratação.

Novo item 04 Confeccionar uma cartilha simplificada para ser entregue aos agri-cultores e agricultoras familiares com temas relacionados aos di-reitos trabalhistas e previdenciários.

Novo item 05 Combater a exploração da mão de obra das mulheres, garantindo seus direitos sociais e trabalhistas.

Novo item 06 Reconhecer e assumir, de fato, a contratação de assalariados(as) rurais pela agricultura familiar.

Novo item 07 Fortalecer a ação da CONTAG e FETAG com a CONTAR e FETAR sobre a parte documental legal do(a) diarista rural, e de reco-lhimentos do(a) agricultor(a) familiar em relação ao(à) contrata-do(a) dentro do permitido por lei.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO SOCIAL DA AGRICULTURA FAMILIAR

Novo item Combater o congelamento do teto de 20 anos nas despesas de educação, saúde, assistência social e outras.

Financiamento, Gestão Participativa e Controle Social

58. Lutar por financiamento público adequado para as políticas de proteção social visan-do a universalidade do acesso e a qualidade dos serviços e do atendimento ofertados à população rural em relação a essas políticas.

59. Aprimorar e fortalecer a participação do MSTTR nos espaços de gestão e controle social das políticas de proteção social.

Novo item 01 Construir e implementar um programa específico de formação e capacitação em políticas públicas para conselheiros(as), como um dos instrumentos para dar maior qualidade à representação sindi-cal nos conselhos municipais, estaduais e federais, valendo-se de metodologias como as que foram utilizadas para realização o Pro-grama de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS).

Novo item 02 Realizar, como parte das ações da ENFOC, cursos de formação para conselheiros e conselheiras do MSTTR que atuam nos espaços das políticas de proteção social.

Novo item 03 Incentivar e apoiar a população do campo e as entidades represen-tativas de trabalhadores(as) para que acompanhem as reuniões dos conselhos, exercendo de forma qualificada e representativa, o efetivo controle social das políticas públicas.

Educação do Campo

60. Fortalecer e ampliar, de forma articulada e estratégica, as ações de educação do campo na agenda sindical do MSTTR e em todas as suas instâncias.

Novo item 01 Lutar pela implementação e garantia de uma política de cotas nos cursos de extensão para os filhos e filhas de beneficiários da Re-forma Agrária e quilombolas.

Novo item 02 Lutar pela criação de Institutos Federais de Educação específicos para os agricultores e agricultoras familiares e seus filhos e filhas.

Novo item 03 Lutar para promover a educação em tempo integral no campo.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 02 Lutar por políticas de inclusão para as crianças com necessidades especiais residentes no meio rural.

68. Combater o trabalho infantil no campo mediante ajuste e efetivação do Programa Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) para atender as especificidades do campo.

Emenda Substitutiva

Substituir todo o item por: “Combater o trabalho infantil na agricultura familiar, garantindo a inserção infanto-juvenil nos ser-viços de convivência e de fortalecimento de vínculos da Política Nacional de Assistência Social”.

Novo item Lutar pela ampliação do Peti para todos os municípios, bem como fortalecer o Projeto Coleção de Contos/Histórias (COT) e o Baú de Leitura.

69. Sensibilizar as lideranças sindicais do MSTTR para atuar na agenda de combate ao trabalho infantil.

Novo item 01 Fortalecer no MSTTR a compreensão sobre a importância da cultura como uma política pública importante para as crianças do campo.

Novo item 02 Garantir a instalação de creches nos eventos do MSTTR, com ati-vidades recreativas e formativas para as crianças, oportunizando a presença das mães nos espaços de debates e deliberações do Sistema CONTAG.

Novo item 03 Debater sobre a diferenciação entre os conceitos de trabalho infan-til, aprendizado e exploração nas atividades da agricultura familiar.

Novo item 04 Rediscutir, no âmbito do MSTTR, a legislação que trata do trabalho infanto-juvenil, propondo a redução da idade para 12 anos, para o aprendizado junto às atividades produtivas da família.

Previdência Social

70. Lutar pela garantia e ampliação dos direitos previdenciários dos(as) trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Novo item 01 Desburocratizar o recolhimento da Previdência Social das pessoas prestadoras de serviços à Agricultura Familiar.

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Novo item 02 Lutar para alterar a Lei 8.212/1991 (parágrafo 11, artigo 25), per-mitindo para que produtos processados/agroindustrializados pela agricultura familiar, que tenham a incidência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e comercializados via Pessoa Fí-sica, não descaracterizem os membros da família da condição de segurado especial.

71. Atuar no âmbito da reforma da Previdência Social com propostas que impactem positivamente no financiamento do sistema de Seguridade Social e na manutenção dos direitos previdenciários dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Novo item 01 Lutar contra a reforma da Previdência, defendendo a manutenção das regras atuais para acesso dos trabalhadores e trabalhadoras rurais ao benefício previdenciário.

Novo item 02 Monitorar de forma permanente os debates políticos voltados à reforma da Previdência e Reforma Trabalhista.

72. Tornar o cadastramento do(a) segurado(a) especial uma ação efetiva praticada por todos os Sindicatos filiados ao Sistema CONTAG.

73. Atuar para resolver as inconsistências apresentadas pelo sistema do CNIS-RURAL, e agilizar a construção e a implementação do segundo módulo do sistema.

74. Atuar para garantir a condição de segurados(as) especiais aos agricultores(as) fa-miliares que agreguem valor à produção e que tenham outras fontes de renda não pro-venientes da produção rural.

75. Atuar para desburocratizar o atendimento dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nas Agências de Atendimento da Previdência Social, aprimorando os mecanismos de acesso aos benefícios previdenciários.

Novo item 01 Lutar pela estruturação das agências e capacitação dos servido-res(as), assegurando agilidade e qualidade no atendimento.

Novo item 02 Instituir formas de atendimento personalizado para os Sindicatos e para os trabalhadores(as) segurados(as) especiais nos locais em que forem o público majoritário.

Novo item 03 Lutar para que o INSS estabeleça o reconhecimento de direito ime-diato de agricultores(as) que acessem políticas públicas voltadas à produção e comercialização de produtos agropecuários por meio de cruzamento de bases cadastrais (Pnae, PAA, Pronaf, entre outros).

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 04 Lutar pelo aumento e permanência de médicos peritos em todas as agências da Previdência Social, assegurando atendimento de qualidade e humanizado.

Novo item 05 Lutar para ampliar o direito de representação dos STTRs no acom-panhamento dos processos nas ações previdenciárias, em âmbito administrativo e jurídico.

Novo item 06 Continuar lutando pela formalização dos contratos de trabalho e que o(a) assalariado(a) rural tenha direito à aposentadoria, com-provando apenas atividade rural.

Saúde

76. Lutar pela Reafirmação do Sistema Único de Saúde (SUS) como conquista da classe trabalhadora e do conjunto da sociedade, desenvolvendo estratégias de participação organizada e qualificada de todo o MSTTR.

Novo item 01 Assegurar e fortalecer o SUS, com infraestrutura humana e mate-rial, por meio da ampliação do financiamento.

Novo item 02 Lutar pela estruturação e funcionamento do Programa Saúde da Família (PSF) nas comunidades rurais assegurando a saúde inte-gral da população do campo.

77. Lutar pelo direito à saúde pública de qualidade e em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), com garantia de acesso integral à promoção da saúde, prevenção e tra-tamento de doenças para as populações do campo, florestas e águas.

Novo item 01 Lutar para que as farmácias básicas estaduais e municipais este-jam estruturadas e com estoque suficiente para o atendimento à demanda rural.

Novo item 02 Lutar pela continuidade e ampliação do Programa Mais Médicos.

Novo item 03 Lutar pela obrigatoriedade de implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e Águas (PNSICFA) por estados e municípios.

Novo item 04 Lutar pela execução de programas e ações voltadas à saúde preven-tiva nas demais áreas de saúde do homem e da mulher do campo.

Novo item 05 Lutar para incluir a medicina alternativa com o uso de plantas me-dicinais, fitoterapia e a homeopatia, dentre outros, nos tratamen-tos de saúde realizados pelo SUS.

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78. Ocupar os espaços de gestão e controle social em defesa do acesso à política pública de saúde e qualificar a participação das lideranças sindicais.

79. Formular proposta e intensificar o debate com o governo para a implementação do programa de saneamento básico no meio rural brasileiro.

Novo item Assegurar a universalização do saneamento básico, contendo no mínimo a construção de unidades sanitárias e sistema simplificado de abastecimento de água.

80. Combater o uso de agrotóxicos e transgênicos, considerando os impactos na saú-de e no meio ambiente.

Novo item 01 Combater o uso de agrotóxicos, capacitando os(as) agriculto-res(as) familiares e dirigentes sindicais sobre implementação de práticas agroecológicas e produção orgânica.

Novo item 02 Lutar pela elaboração de um protocolo de diagnóstico que, de fato, seja utilizado pelos profissionais da área da saúde para a identifica-ção dos casos de intoxicação por agrotóxico, seja aguda ou crônica.

Novo item 03 Fortalecer a luta pela efetivação de processos permanentes de fis-calização sobre o uso abusivo de agrotóxicos.

Assistência Social

81. Lutar pela manutenção, fortalecimento e ampliação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e pela garantia de acesso da população rural às políticas vinculadas a esse sistema.

Novo item 01 Lutar pela criação e/ou ampliação das equipes volantes do Cen-tro de Referência em Assistência Social (Cras), pela realização de busca ativa e pelo fortalecimento da Rede Socioassistencial e cofi-nanciamento.

Novo item 02 Lutar para que o Programa Bolsa Família seja estabilizado enquan-to política pública de Estado.

Novo item 03 Lutar pela ativação e/ou criação de Conselhos Municipais de Assis-tência Social.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Habitação Rural

82. Lutar pela retomada e melhoria do Programa Nacional de Habitação Rural, visando a universalização do acesso à moradia digna no campo, respeitando as especificida-des culturais locais no momento de definição dos projetos.

Novo item 01 Atuar para que no enquadramento dos beneficiários(as) rurais seja reconhecido qualquer documento que comprove ou evidencie a posse da terra.

Novo item 02 Atuar para elevar o valor referente à renda bruta anual por família, para fins de enquadramento no PNHR.

83. Atuar para garantir a participação dos STTRs, associações e cooperativas na im-plantação do Programa Nacional de Habitação Rural.

84. Estimular a participação efetiva das lideranças sindicais do MSTTR para atuar na implementação do Programa Nacional de Habitação Rural.

Novo item 01 Criar o Coletivo Nacional de Habitação.

Novo item 02 Lutar pela criação de um Fórum Nacional por Habitação no Campo, como espaço político de articulação dos movimentos sociais.

Novo item 03 Assegurar que o Programa Nacional de Habitação Rural para as or-ganizações sociais da agricultura familiar (Cooperativas de Habita-ção), bem como que os recursos financeiros sejam suficientes para atender a demanda e também a criação de uma linha de crédito para financiamento da mão de obra com juros subsidiados.

Inclusão Digital

Novo item Lutar para universalizar às comunidades rurais o acesso público à rede de internet e telefonia.

Segurança Pública

85. Lutar pela construção e implementação de um plano de segurança pública para o campo, articulado entre as diversas instâncias e órgãos de governo e com a partici-pação da comunidade.

Novo item 01 Lutar contra a criminalização da luta pela terra e garantir a segu-rança das lideranças ameaçadas em áreas de conflito agrário.

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Novo item 02 Instituir a legalização do uso de armas nas propriedades rurais, com a gratuidade do registro aos(às) agricultores(as) familiares, além da ampliação dos serviços das patrulhas agrícolas e de pos-tos policiais de atendimentos à população no meio rural.

Novo item 03 Propor mudanças na legislação que trata do pagamento de fiança, visando estabelecer critérios mais rígidos e o valor pago seja re-vertido para ações sociais, como saúde e educação, etc.

ORGANIZAÇÃO E LUTA DAS MULHERES TRABALHADORAS RURAIS

Consolidação da Participação das Mulheres no MSTTR

86. Fortalecer a organização e luta das mulheres rurais no MSTTR como base funda-mental para a consolidação do PADRSS, sendo esse capaz de possibilitar democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Para que isso seja mais facilmente al-cançado, o MSTTR precisa proporcionar a aplicação prática de tudo o que já foi conquistado e deliberado nas diversas instâncias, a exemplo da implementa-ção da paridade, empoderamento das mulheres em todos os espaços e divul-gação das conquistas obtidas através das lutas das mulheres, em especial na Marcha das Margaridas.

Novo item Fortalecer e estimular a criação de novos espaços de comercializa-ção de produtos artesanais (feiras, cooperativas, associações entre outras) para as mulheres agricultoras familiares.

87. Potencializar a criação e o desenvolvimento de ações unitárias e articuladas entre as Comissões Municipais, Estaduais e Nacional de Mulheres, proporcionando espaços de formação e intercâmbios, além da ampliação de estratégias de comunicação, possibi-litando, assim, um processo de maior integração e incidência estratégica entre as mu-lheres desde a base, fortalecendo a defesa das conquistas e a luta para que as mesmas aconteçam efetivamente na vida das mulheres.

88. Promover interlocução permanente entre as diversas Secretarias da CONTAG, Federações e Sindicatos com as pautas demandadas pelas mulheres, fortalecendo, assim, a transversalidade das ações de luta que garantam maior autonomia e orga-nização produtiva das mulheres rurais e os efetivos desdobramentos das pautas da Marcha das Margaridas.

89. Fortalecer a interlocução nos processos formativos do MSTTR, de maneira a manter a articulação e ampliação das ações de fortalecimento da organização das mulheres, garantindo adoção de abordagens de gênero, geração, raça e etnia nos programas e cursos de formação sindical de maneira transversal e específica, com recorte feminista.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 01 Realizar processos de formação com grupos de mulheres para le-var informações sobre os direitos e conquistas das mulheres.

Novo item 02 Garantir espaços de discussão sobre a lesbofobia e legalização do aborto.

Novo item 03 Fortalecimento do debate sobre a violência contra as mulheres do campo, das florestas e das águas, construindo estratégias coleti-vas de enfrentamento.

Novo item 04 Garantir, nos espaços do MSTTR, debates sobre raça, etnia e orien-tação sexual.

Novo item 05 Realizar processos de formação com os homens dirigentes sindi-cais e trabalhadores rurais sobre as relações desiguais de gênero.

90. Combater todas as formas de discriminação, violência e assédio moral e sexual contra as mulheres trabalhadoras rurais, em especial as que ainda são praticadas no cotidiano sindical. Neste sentido, é preciso que seja revisto o regimento da Comissão de Ética da CONTAG e Federações para que os mesmos sejam adequados para incidir em casos de descumprimento de deliberações congressuais, impedindo retrocessos nas políticas que garantem maiores condições de participação das mulheres no MSTTR.

Emenda Supressiva Suprimir do texto a seguinte expressão: Neste sentido, é preciso que seja revisto o regimento da Comissão de Ética da CONTAG e Federações para que os mesmos sejam adequados para incidir em casos de descumprimento de deliberações con-gressuais, impedindo retrocessos nas políticas que garantem maiores condições de participação das mulheres no MSTTR.

Emenda Substitutiva Substituir do texto a seguinte expressão: “Neste sentido, é preciso que seja revisto o regimento da Comissão de Ética da CONTAG e Federações para que os mesmos sejam adequados para incidir em casos de descumprimento de deliberações con-gressuais, impedindo retrocessos nas políticas que garantem maiores condições de participação das mulheres no MSTTR.”

Por: “como, por exemplo, vídeos educativos, cartilhas, spots e outros instrumentos pedagógicos não-sexistas.”

Novo item Revisar e padronizar o regimento da Comissão de Ética da CONTAG, Federações e STTRs para que os mesmos sejam adequados e incidam, de forma efetiva, em casos de descumprimento de delibe-rações congressuais, impedindo retrocessos nas políticas que garan-tem maiores condições de participação das mulheres no MSTTR.

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91. Fortalecer o debate e construção de Orçamento Sindical Participativo na CONTAG, Federações e STTRs como instrumento democrático fundamental que contribua para maior visibilidade e reconhecimento da contribuição e participação das mulheres no MSTTR.

Luta das mulheres do campo, da floresta e das águas por uma sociedade mais justa e igualitária

92. Fortalecer alianças e parcerias com outras organizações de mulheres na luta por uma sociedade mais justa e igualitária entre homens e mulheres, garantindo que o pro-tagonismo da Marcha das Margaridas continue sendo capaz de mobilizar as mulheres pelo direito a uma vida digna e sem violência.

Novo item 01 Fortalecer a Marcha das Margaridas como um processo contínuo de formação e mobilização das mulheres trabalhadoras rurais.

Novo item 02 Fomentar a realização da Marcha das Margaridas em nível esta-dual, como espaço de empoderamento feminino na perspectiva de influenciar as políticas públicas locais e as ações governamentais.

93. Potencializar a rede das “Margaridas do Mundo” como estratégia de fortalecimento da luta unitária das mulheres rurais em âmbito mundial, possibilitando que esta tenha uma incidência estratégica nos espaços de construção e definição de políticas em espa-ços internacionais, dando visibilidade à voz das mulheres rurais em nível mundial.

94. Qualificar e fortalecer a inserção das mulheres na defesa da reforma do Sistema Político por meio de uma Assembleia Constituinte Exclusiva Soberana, como forma de fortalecer a democracia e maior participação das mulheres nos espaços de poder, a partir de mecanismos que ampliem a efetiva representação das mulheres que hoje são mais de 50% da população brasileira, mas ocupam apenas cerca de 12% dos cargos do Legislativo e Executivo do País.

Novo item 01 Lutar para que as cotas de participação das mulheres nas disputas eleitorais para Cargos do poder Legislativo também se apliquem na composição dos cargos em disputa.

Novo item 02 Fortalecer os processos formativos do MSTTR para qualificar e am-pliar a participação política das mulheres nos espaços de poder internos e externos.

Novo item 03 Lutar pela criação de Comissões nas Câmaras Municipais de Ve-readores para discutir e propor políticas públicas específicas para a juventude e as mulheres.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 04 Ampliar a participação das mulheres na política partidária, passan-do a cota de 30% para 50% de candidaturas e garantir as vagas de 50% para as mulheres.

Novo item 05 Promover momentos formativos de debate político partidário para as mulheres olhando para as próximas eleições de 2018 e 2020.

95. Lutar por políticas públicas que garantam a ampliação do acesso das mulheres ru-rais à terra, água e agroecologia, por meio de políticas de apoio à organização produtiva e autonomia econômica, garantindo o reconhecimento do papel das mesmas na produ-ção de alimentos saudáveis, na biodiversidade e preservação de sementes na garantia da soberania alimentar.

Novo item 01 Lutar por políticas públicas específicas de apoio a grupos produti-vos de mulheres.

Novo item 02 Lutar para que o Pronaf Mulher seja desburocratizado e efetivado de forma a dar autonomia econômica e visibilidade às atividades produtivas realizadas pelas mulheres, tirando-as da condição de invisibilidade no sistema produtivo, ampliando a qualificação e o acesso destas ao referido programa.

Novo item 03 Promover ações que fortaleçam a conservação das sementes criou-las, a exemplo da criação e organização dos bancos de sementes, mostrando a contribuição histórica das mulheres em tais ações.

96. Defender a manutenção de políticas públicas para mulheres, em especial a Previdência, não permitindo nenhum retrocesso a direitos conquistados, bem como pela volta do MDA e, consequentemente, da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais e Quilombolas, e de espaços específicos de construção de políticas para as mulheres em todos os ministérios, além de cobrar dos governos federal, estaduais e municipais espaços específicos de implementação de políticas para as mulheres.

Novo item 01 Lutar pela criação de Conselhos de Direitos das Mulheres e Secre-tarias de Mulheres nos municípios.

Novo item 02 Reorganizar as nossas estruturas e práticas sindicais, possibilitan-do processos de formação política, sindical e partidária que for-taleçam nossas bases para uma atuação qualificada em outros espaços de resistência e defesa da pauta do MSTTR, a exemplo dos Conselhos de Direitos da Mulher.

Novo item 03 Fortalecer a participação das mulheres rurais nos espaços de con-trole social das políticas públicas, realizando formações específicas para uma atuação qualificada das conselheiras.

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Novo item 04 Lutar pela volta da Secretaria de Políticas para as Mulheres com status de Ministério.

Novo item 05 Lutar para garantir a continuidade do Programa “Mulher, Viver Sem Violência” e das ações das “Unidades Móveis de Atendimento às Mulheres do Campo e da Floresta Vítimas de Violência” como forma de reduzir a estatística de mulheres assassinadas por dia no Brasil, com trabalhos de prevenção, assistência, orientação, apu-ração e investigação dos crimes cometidos.

Novo item 06 Lutar pela criação e implantação de Delegacias de Defesa da Mu-lher em todos os municípios com mais de 60 mil habitantes, garan-tindo a efetiva aplicação da Lei Maria da Penha.

Novo item 07 Lutar pela capacitação imediata dos(as) servidores(as) da Justiça e das policiais civil e militar para trabalhar com as mulheres víti-mas de violência.

ORGANIZAÇÃO E LUTA DA JUVENTUDE TRABALHADORA RURAL

97. Lutar para que o governo federal implemente o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, condicionando sua operacionalização à elaboração e implemen-tação dos planos estaduais e municipais de juventude e sucessão rural.

98. Lutar para que o governo federal reative o Ministério de Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, criando neste a Diretoria/Secretaria de Juventude Rural.

Novo item Lutar para que os governos estaduais e municipais constituam Di-retorias/Secretarias específicas para a execução de políticas de ju-ventude rural.

99. Promover cursos de formação profissional para jovens agricultores(as) familiares, sob coordenação da Secretaria de Jovens da CONTAG.

Emenda Substitutiva Substituir todo o texto do item pela seguinte expressão: “Assegurar a realização de cursos de formação profissional para jovens, que fortaleçam a agricultura familiar, sob coor-denação das Secretarias de Jovens da CONTAG e das FETAGs, para fortalecer a luta por uma educação voltada à realidade do meio rural.”

Novo item 01 Criar Instituto de Educação Profissional da CONTAG, voltado para os interesses do público jovem.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 02 Assegurar que os(as) secretários(as) jovens das FETAGs e Sindi-catos sejam liberados da Direção Executiva, com estrutura para efetivar o trabalho com a juventude e que tenham garantida sua gratificação.

100. Lutar pelo cumprimento da cota de, no mínimo, 20% de jovens nas Direções dos Sindicatos e Federações que ainda não possuam.

Emenda Substitutiva Substituir todo o texto do item pela seguinte expressão: “Garantir o cumprimento da cota de, no mínimo, 20% de jovens nas Direções Executivas dos Sindicatos e Federações, sob pena da não participação nos espaços deliberativos, por descumpri-mento desta regra. Tal definição visa fazer cumprir o deliberado, desde o 9º CNTTR, com relação à cota de juventude e a garantia da sua participação na Diretoria Efetiva.”

Novo item Adequar os Estatutos dos STTRs e Federações para que possam garantir a obrigatoriedade de, no mínimo, 20% de jovens, bem como a criação da Diretoria de Juventude.

101. Criar e fortalecer as Comissões e Secretarias de Jovens em todas as instâncias do MSTTR.

102. Garantir, de forma permanente, a realização de campanha de sindicalização incen-tivando a associação dos(as) jovens.

Novo item 01 Lutar pela consolidação do Pronaf Jovem para que seja, de fato, uma política da juventude trabalhadora rural diferenciada e des-burocratizada, com condições de juros e rebate adequados, bem como tendo ampliado o limite de financiamento.

Novo item 02 Lutar para garantir o acesso da juventude rural às políticas públi-cas específicas até os 32 anos.

Novo item 03 Exercer pressão junto aos governos estaduais e municipais para a criação de Planos de Juventude e Sucessão Rural, de forma articu-lada com outros segmentos juvenis do campo brasileiro.

Novo item 04 Reelaborar o diálogo com a juventude rural brasileira, que Rea-firme o movimento de luta e ideológico, criando condições reais, lúdicas e criativas, que ascenda e reascenda a militância para a luta e resistência.

103. Fortalecer a organização da juventude no MSTTR, especialmente a partir da for-mação de grupos de estudo no Programa Jovem Saber.

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Emenda Substitutiva Substituir todo o texto do item pela seguinte expressão: Fortalecer a organização da juventude rural no MSTTR, tendo o Programa Jovem Saber como um dos principais instrumen-tos para atingir este objetivo. Nessa perspectiva, deve-se in-vestir na formação de grupos de estudo no âmbito Programa de forma articulada aos Grupos de Estudos Sindicais (GES), visando potencializar e expandir sua ação.

104. Realizar os Festivais da Juventude Rural em nível municipal, estadual e nacional, enquanto espaço de atividades esportivas, culturais e de debate sobre a situação de vida, trabalho e geração de renda da juventude rural, na perspectiva de influenciar as políticas públicas e as ações governamentais, além de estimular a realização de outras atividades juvenis, a exemplo dos encontros da juventude rural, semi-nários de jovens rurais, etc.

105. Lutar para que a juventude rural tenha mais acesso à terra através do proces-so de Reforma Agrária e do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), com a desburocratização e aporte de recursos orçamentários para a ampliação dessas políticas.

106. Lutar por uma política nacional de organização produtiva da juventude rural, com ên-fase na experimentação agroecológica, principalmente por meio dos quintais produtivos pe-dagógicos e econômicos, como forma de estimular a permanência da juventude no campo.

Novo item 01 Lutar pela qualidade da educação do campo, garantindo a perma-nência da juventude nas escolas e universidades.

Novo item 02 Lutar para que seja possível a transação de compra e venda das terras de pai para filho(a), utilizando-se o crédito fundiário.

Novo item 03 Criar linhas de crédito dentro do Pronaf, sem burocracias, para que o(a) jovem possa comprar terras, possibilitando ampliar suas áreas, e oportunizando a viabilidade e competitividade da proprie-dade rural.

107. Consolidar alianças com movimentos sociais do campo e da cidade para fazer avançar as conquistas das juventudes brasileiras.

108. Fortalecer a participação da juventude na Coprofam e na Reaf, firmando parce-rias para a realização de intercâmbios de experiências que apoiem o fortalecimento da ação sindical.

Novo item Lutar pela ampliação do número de vagas para a participação dos(as) jovens do MSTTR nos cursos ofertados pela Reunião Espe-cializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf).

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

109. Lutar pela ampliação de direitos e implantação de políticas públicas de esporte, cultura e lazer, saúde, educação e crédito que garantam a sucessão rural, observan-do as demandas e o potencial da juventude para promover qualidade de vida no campo.

Novo item 01 Aprofundar o debate sobre a sucessão rural, pelo conjunto do MSTTR, integrando jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, visando garantir a transversalidade do tema.

Novo item 02 Aprofundar o debate do MSTTR sobre as questões de raça, etnia e orientação sexual.

Novo item 03 Empoderar a juventude sobre a importância de ocupar espaços de poder.

Novo item 04 Aprofundar o debate sobre o conceito de Agricultura Familiar com a juventude.

Novo item 05 Explicitar o protagonismo da juventude nos processos de desen-volvimento rural sustentável e solidário, articulados às experiên-cias organizativas dos(as) jovens trabalhadores(as) rurais.

Novo item 06 Sensibilizar as diretorias para a compreensão e aceitação da for-mação enquanto instrumento de transformação e empoderamento da base sindical, em especial da juventude.

Novo item 07 Criar um sistema de monitoramento para identificar o não cum-primento das deliberações congressuais em relação à cota de, no mínimo, 20% de jovens nas instâncias organizativas, formativas e diretivas do MSTTR, a cota de, no mínimo, 30% de mulheres tra-balhadoras rurais nas Direções, Conselho Fiscal e demais instân-cias deliberativas, com definição de prazos para cumprimento (até a próxima plenária de avaliação das deliberações congressuais) e punição pelo não cumprimento.

Novo item 08 Construir a caravana da juventude rural, que promova a interação entre jovens do campo e da cidade de diferentes regiões, promo-vendo processos formativos de interação cultural, bem como de mobilização para a luta da classe.

Novo item 09 Participar, efetivamente, dos processos eleitorais partidários e po-tencializar candidaturas de jovens trabalhadores(as) rurais.

Novo item 10 Fortalecer os Festivais e Encontros da Juventude Rural (nacional, de polos regionais, municipais, estaduais e regionais) em todo o MSTTR.

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Novo item 11 Investir, em todos os níveis do MSTTR, na formação e capacitação da juventude sobre as questões da Política Agrária, incentivando que os(as) jovens participem do Coletivo de Agrária da CONTAG.

Novo item 12 Realizar eventos festivos para valorização cultural e resgate de saberes locais, envolvendo a terceira idade e a juventude.

Novo item 13 Criar mecanismos para levar conhecimento do sindicato à juventu-de e dar abertura para os mesmos se inserirem no espaço.

Novo item 14 Manter e ampliar os cursos de capacitação do MSTTR para o con-junto da categoria, dando condições políticas e financeiras para os(as) participantes jovens.

Novo item 15 Lutar pela criação de condições apropriadas para garantir a perma-nência da juventude no campo, após retornarem de seus estudos, de maneira que possam estimular e dinamizar a produção familiar, além de garantir acesso à educação, saúde, lazer e cultura.

Novo item 16 Aprofundar o debate sobre o desenvolvimento rural sustentável e solidário articulado aos desafios da sucessão rural, explicitando o protagonismo da juventude.

Novo item 17 Realizar um amplo trabalho de base junto às comunidades rurais envolvendo toda a família, nas escolas tanto urbanas como rurais, chamando a atenção para a valorização do(a) jovem rural, da agri-cultura familiar e do sindicalismo.

Novo item 18 Lutar pela manutenção dos direitos previdenciários conquistados na Constituição Federal de 1988, devidamente regulamentados, como forma de evitar o êxodo rural da juventude.

Novo item 19 Lutar pela criação, sustentabilidade e certificação legalizada das Casas Familiares Rurais por parte de todas as esferas dos poderes, visando estrategicamente a sucessão rural.

Novo item 20 Lutar pela criação e implantação de uma política para construção e melhoria de moradia para a juventude rural dentro do Pronaf, com juros subsidiados.

Novo item 21 Criar estratégias para promover o meio rural como espaço de pro-dução e reprodução de vida, em contraponto às formas preconcei-tuosas de tratar o campo, estimulando a valorização da juventude.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 22 Potencializar a organização da produção para promover condições concretas para a permanência da juventude no campo.

ORGANIZAÇÃO E LUTA DOS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES DA TERCEIRA IDADE, IDOSOS E IDOSAS

110. Manter permanente estado de mobilização e luta contra a reforma da Previdência, visando garantir a manutenção dos direitos já conquistados pelos trabalhado-res e trabalhadoras rurais agricultores e agricultoras familiares.

111. Defender o direito ao trabalho digno e justo no campo, na floresta e nas águas, re-conhecendo e valorizando a participação e contribuição econômica de todos os membros da família, em especial das pessoas da terceira idade, da juventude e das mulheres.

Novo item Incentivar a criação de Programas e Projetos sobre produção agrí-cola desenvolvida pelas pessoas da terceira idade.

112. Fortalecer a luta pelo direito à saúde pública e de qualidade para as pessoas ido-sas, garantindo atendimento de Geriatria e/ou Gerontologia.

Novo item 01 Fortalecer a luta pelo direito à saúde pública com destaque para a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF) e medicação contínua e de qualidade para as pessoas idosas.

Novo item 02 Ampliar a lista de remédios de uso contínuo, distribuídos na rede de saúde pública, e ampliar a lista de exames efetuados na rede de saúde pública.

Novo item 03 Implementar a discussão e orientação sobre a saúde preventiva na terceira idade.

Novo item 04 Incentivar a criação e ampliação de cursos de cuidadores(as) de pessoas idosas.

113. Valorizar e incentivar os saberes tradicionais e práticas populares de cuidados à saúde.

Novo item 01 Valorizar e incentivar os saberes tradicionais e práticas populares de cuidados à saúde nos processos formativos da ENFOC e junto às Diretorias de Política Agrária, Agrícola e Meio Ambiente.

Novo item 02 Priorizar, em todas as atividades do MSTTR, o respeito e o cuidado com os horários de refeição das pessoas idosas, em especial aque-las que têm problemas de saúde.

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114. Combater todas as formas de violência e preconceito contra as pessoas da terceira idade, idosas e idosos, como, por exemplo, multiplicando campanhas de sensibi-lização e valorização da pessoa idosa.

Novo item Lutar para garantir e ampliar a segurança no meio rural a fim de criar estratégias de prevenção à violência, em especial contra as pessoas idosas.

115. Qualificar a participação das pessoas da terceira idade e idosas nos espaços de controle social das políticas públicas, principalmente nos Conselhos de Idosos, de Saúde e de Assistência Social, por meio da realização de formação para con-selheiros(as).

Novo item Lutar pela criação e/ou fortalecimento de Conselhos Municipais do Idoso, bem como lutar pela participação do MSTTR nestes conselhos.

116. Lutar pela ampliação de programas e políticas de alfabetização de jovens e adul-tos, idosos e idosas, assegurando a erradicação do analfabetismo da população idosa no campo, na floresta e nas águas.

117. Combater o machismo e todas as formas de violência, preconceito e discriminação contra as mulheres da terceira idade e idosas, ampliando a discussão do Estatuto do Idoso dentro dos STTRs, nas escolas e nos Conselhos de Direitos.

118. Incentivar e garantir a participação política, especialmente das mulheres da ter-ceira idade e idosas, na vida pública e no Movimento Sindical.

119. Combater as ações abusivas praticadas pelos agentes financeiros e escritórios advocatícios que realizam os empréstimos consignados para aposentados, aposenta-das e pensionistas.

120. Lutar pela manutenção da Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo e pela não desvinculação deste como piso dos benefícios previdenciários.

121. Dar visibilidade à participação das pessoas da terceira idade e idosas nas lutas e ações gerais do MSTTR, respeitando suas especificidades.

Emenda Aditiva Acrescentar após “MSTTR” a seguinte frase: “garantindo a par-ticipação de, no mínimo, 20%”.

Novo item Lutar por políticas públicas visando a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da terceira idade e ido-sos(as), bem como implementar internamente ações para além do seguro vida, voltadas para os(as) aposentados(as) e pensionistas que autorizam o desconto da contribuição das suas mensalidades sociais, através do desconto em seus benefícios previdenciários, a exemplo um plano de saúde.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

122. Aprofundar a compreensão sobre o Estatuto do Idoso no contexto do MSTTR e na sociedade, lutando para garantir a sua efetivação.

123. Garantir e fortalecer a formação político-sindical específica para a terceira idade, idosos e idosas, envolvendo dirigentes e lideranças sindicais, orientada pela PNF.

124. Ampliar a participação das pessoas da terceira idade e idosas nas atividades da ENFOC e demais espaços formativos, valorizando a construção coletiva do conheci-mento e a utilização de metodologias participativas e contemplando temas específi-cos para a terceira idade.

Novo item 01 Criar uma política de atenção aos idosos e idosas através de cen-tros de convivência, de cultura, esporte, lazer e palestras sobre re-lacionamentos das famílias, a exemplo de trocas de saberes e roda de conversas. Neste sentido, realizar festivais da terceira idade.

Novo item 02 Promover ações formativas para a terceira idade, realizando um trabalho de base, envolvendo a família, sobre a preparação para o envelhecimento e estimulando sua participação no MSTTR.

125. Ampliar e garantir os espaços de diálogos intergeracionais no MSTTR, reunindo a juventude, terceira idade, idosos e idosas em debates comuns sobre questões estraté-gicas, a exemplo da sucessão rural e envelhecimento humano no campo.

Novo item Trabalhar as relações interpessoais entre as gerações para criar uma cultura de respeito com as pessoas idosas, juntando a expe-riência do(a) idoso(a) com as habilidades, inclusive tecnológicas, da juventude nos fóruns do MSTTR.

126. Fortalecer o processo de organização das pessoas da terceira idade e idosas no MSTTR, em especial com a criação de Secretarias específicas nas Federações e Sindicatos.

Novo item Garantir, até o próximo congresso, a criação da Secretaria espe-cífica da Terceira Idade nas Federações de forma a fortalecer o processo de organização.

127. Fortalecer as ações de mobilização e participação das pessoas da terceira idade na base sindical, promovendo a divulgação de direitos e políticas públicas conquistadas.

128. Assegurar, na Política de Comunicação da CONTAG, abordagens que dialoguem com as especificidades das pessoas da terceira idade e idosas.

129. Aprofundar o debate sobre o conceito de terceira idade, idoso e idosa, identifican-do o termo que melhor representa e fortaleça a identidade destas pessoas no MSTTR.

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Emenda Substitutiva Substituir todo o item pelo seguinte texto: “Assumir o conceito de Pessoa Idosa dentro do MSTTR, fortalecendo a identidade de classe e as condições do envelhecimento.”

130. Instituir uma política de resgate e preservação da memória, considerando as traje-tórias de vida e saberes das pessoas que construíram a história do Movimento Sindical.

FORMAÇÃO POLÍTICO-SINDICAL

131. Fortalecer e consolidar o papel estratégico da ENFOC no desenvolvimento de pro-cessos de formação militante para lideranças sindicais que atuam nas várias frentes político-organizativas do MSTTR.

Emenda Substitutiva Substituir todo o texto do item pela seguinte frase: “For-talecer e consolidar a formação sindical de lideranças que atuam nas várias frentes político-organizativas do MSTTR, reconhe-cendo o papel estratégico da ENFOC e das escolas estaduais das FETAGs.”

Emenda Aditiva Inserir após “o papel estratégico da ENFOC” a expressão: “e de todos os projetos formativos do MSTTR”

Novo item 01 Assegurar formação político-sindical para os(as) dirigentes elei-tos(as) para os STTRs, debatendo as frentes de atuação do Movi-mento e capacitando para o exercício de comunicação e expressão.

Novo item 02 Assegurar que a CONTAG e as FETAGs realizem atividades de for-mação político-sindical nas microrregionais.

Novo item 03 Garantir que os STTRs promovam, nos municípios, atividades de formação político-sindical, priorizando a participação de trabalha-dores(as) da base.

Novo item 04 Fortalecer o debate no itinerário da ENFOC de temas de agricultura familiar, ideologia, política partidária, feminismo, patriarcado, vio-lência de gênero e geração, e violência nas escolas.

Novo item 05 Priorizar o GES como estratégia de multiplicação criativa na base.

Novo item 06 Ampliar o debate sobre política partidária no itinerário da ENFOC, nos Grupos de Estudos Sindicais (GES) e Programa Jovem Saber.

Novo item 07 Transformar os grupos do Programa Jovem Saber em GES especí-ficos para jovens trabalhadores e trabalhadoras rurais.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 08 Disponibilizar recursos do Fundo Solidário da ENFOC para garan-tir a atuação da Rede de Educadores e Educadoras Populares nos processos formativos nos estados, municípios e demais itinerários formativos da Escola.

Novo item 09 Garantir a utilização dos recursos do Fundo Solidário da ENFOC para o custeio das atividades formativas, elaboração de materiais didáticos e comunicação sindical, garantindo a continuidade dos processos formativos nos estados e municípios que não dispõem de condições financeiras.

Novo item 10 Garantir a utilização dos recursos do Fundo Solidário da ENFOC para atividades formativas para a terceira Idade nos estados e municípios.

Novo item 11 Implementar processos de formação nas comunidades rurais, po-tencializando o trabalho de base, fortalecendo o debate de temas como: organização da produção, políticas públicas e organização social, entre outros.

Novo item 12 Realizar formações específicas para o público infanto-juvenil e adolescentes.

Novo item 13 Realizar formações específicas para mulheres, jovens e pessoas da terceira idade e idosos na ENFOC (nacional, estadual e municipal), ampliando o debate sobre formação política.

Novo item 14 Realizar cursos de formação específicos para as lideranças do MSTTR que participam dos conselhos municipais e estaduais, a exemplo dos conselhos estaduais e municipais de saúde, idosos, educação, entre outros.

Novo item 15 Garantir nos espaços formativos do MSTTR o debate sobre o papel e os instrumentos de comunicação popular.

Novo item 16 Realizar, como parte das ações da ENFOC, cursos de formação para conselheiros e conselheiras do MSTTR que atuam nos espaços das políticas de proteção social.

Novo item 17 Lutar para que nos espaços públicos, como bibliotecas, sejam ga-rantidos materiais relacionados à história do MSTTR.

Novo item 18 Incentivar e apoiar a criação nos STTRs de espaços de estudos, com biblioteca, videoteca e afins, para uso da comunidade.

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132. Assumir a Sistematização de Experiências enquanto prática educativa, estimulan-do a realização de atividades que deem visibilidade à memória do Movimento.

133. Fortalecer a Rede de Educadoras e Educadores como espaço horizontal do MSTTR, para que esta possa ser estimuladora, articuladora e dinamizadora de práticas solidárias entre Sindicatos e Federações.

Novo item 01 Incentivar intercâmbios da Rede de Educadores(as) entre as re-gionais, fortalecendo o trabalho de formação e capacitações para Diretoria e funcionários(as) dos Sindicatos.

Novo item 02 Fortalecer a Rede de Educadores(as) através de um processo de formação continuada em temas que abordem as relações políticas e o Estado.

Novo item 03 Financiar a Rede de Educadores e Educadoras para a produção do conhecimento e materiais de suporte, garantindo, assim, as condi-ções para realizar as atividades.

Novo item 04 Fortalecer os Grupos de Estudos Sindicais (GES) como estratégia de formação de base para a luta de classe.

Novo item 05 Fortalecer a autonomia política-pedagógica da ENFOC, asseguran-do o cumprimento dos princípios da PNF.

Novo item 06 Ampliar ações formativas de base, tendo como referência os mu-tirões, semanas e acampamentos sindicais, as jornadas pedagógi-cas, entre outras.

Novo item 07 Intensificar e disseminar o uso das tecnologias de ensino à distân-cia como uma das ferramentas que auxilia na formação da base, a exemplo de aplicativos que deem acesso aos programas de forma-ção, como o Jovem Saber e outros.

Novo item 08 Lutar para que a gestão dos recursos do Senar, destinados à forma-ção dos(as) agricultores(as) familiares, seja gerido pela CONTAG.

Novo item 09 Divulgar e fortalecer a estratégia de gestão compartilhada dos re-cursos do Fundo Solidário da ENFOC que são revertidos às Federa-ções e Sindicatos em apoio às ações de formação de base.

Novo item 10 Criar na estratégia da ENFOC ações específicas voltadas à orga-nização, planejamento e orientação da gestão da produção, com temas como: organização da produção; associativismo e coopera-tivismo; e elaboração e execução de projetos; entre outros.

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DOCUMENTO BASE E PLANO DE LUTAS DO 12º CNTTR

Novo item 11 Orientar que as Federações e Sindicatos identifiquem os(as) edu-cadores e educadoras que passaram pelos processos formativos da ENFOC e realizem atividades regionais específicas com o objetivo de sensibilizá-los para contribuírem com as ações formativas do MSTTR.

FORTALECIMENTO DA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO

134. Atualizar e promover a Política de Comunicação Integrada do MSTTR, como instru-mento popular e de massa que privilegie o diálogo com a base.

Novo item 01 Criar a TV CONTAG e orientar os Sindicatos a criarem rádios co-munitárias, bem como programas informativos padronizados para os Sindicatos.

Novo item 02 Estabelecer parceria entre as Secretarias Estaduais de Educação e os Sindicatos para utilizar as escolas como espaço para comunicação.

135. Estruturar e fortalecer a Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares de forma que atinja as lideranças sindicais e os(as) agricultores e agricultoras familiares, que divulgue as lutas e conquistas do MSTTR, que seja instrumento de articulação e mobilização e que priorize a comunicação por meio de radiodifusão.

Novo item Criar espaços e instrumentos pedagógicos para a formação em comunicação popular para dirigentes sindicais.

136. Lutar pela democratização do acesso à informação e pelo fim do monopólio dos meios de comunicação, visando o fortalecimento da consciência de classe.

Novo item Democratizar a comunicação incentivando a criação e regulariza-ção, bem como o fortalecimento de rádios comunitárias.

137. Massificar o PADRSS no MSTTR, implementando ações estratégicas de comunica-ção popular e formação.

Novo item 01 Promover ações articuladas entre a Rede de Comunicadores(as) e a Rede de Educadores(as) Populares da ENFOC voltadas ao forta-lecimento da Política de Comunicação do MSTTR.

Novo item 02 Massificar a divulgação das ações e conquistas nos espaços de in-formação e mídia do MSTTR.

138. Ocupar espaços nos meios de comunicação, valorizando, promovendo e divul-gando o PADRSS e os modos de vida e produção dos povos do campo, das florestas e das águas, dando publicidade às lutas e conquistas do MSTTR.

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Novo item Utilizar rádios comunitárias, programa de televisão, panfletos, car-tilhas, redes sociais (Facebook, Twitter, WhatsApp, Youtube) como espaços para que a comunicação alcance a base e para a divulga-ção dos trabalhos e conquistas do MSTTR.

139. Lutar pela liberdade de expressão, assegurando a regulação dos meios de comu-nicação e compreendendo este instrumento como essencial à cidadania, ao fortaleci-mento da democracia e à mobilização e participação nos processos eleitorais em prol de candidaturas orgânicas do Movimento Sindical.

Emenda Supressiva Suprimir do item a frase: “assegurando a regulação”

Novo item 01 Lutar por um sistema de comunicação (radio, TV) do MSTTR que alcance os(as) trabalhadores(as) agricultores(as) familiares, cons-tituindo uma forma segura de informação e formação.

Novo item 02 Buscar mecanismos para fortalecer a comunicação interna e externa do MSTTR, gerando uma “comunicação em rede” capaz de sensibili-zar e fortalecer o diálogo com a sociedade e as organizações, supe-rando o distanciamento entre campo e cidade, de modo a divulgar as lutas e conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Novo item 03 Estimular a criação de canais de comunicação pelos STTRs, com o objetivo de ampliar a aproximação e interação com seus associa-dos(as).

Novo item 04 Criar meios de comunicação que divulguem a importância de os aposentados(as) e pensionistas do Movimento Sindical a autoriza-rem o desconto em suas mensalidades.

Novo item 05 Estimular a participação de pessoas que passam pelo processo forma-tivo para auxiliar, criar e disseminar as ferramentas de comunicação.

Novo item 06 Incentivar os Sindicatos a buscarem profissionais da área da co-municação que tenham relação com o MSTTR para que possam criar materiais de divulgação que valorize o campo.

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ELABORAÇÃO: Assessoria da CONTAGCOORDENAÇÃO: Diretoria da CONTAG

REVISÃO DE TEXTO: Verônica TozziDIAGRAMAÇÃO: Fabrício Martins

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