12º Encontro com Veteranos

Apadrinhamento e Grupo BaseEssenciais para Recuperação e Crescimento

O Grupo Base

“Ao longo dos anos, a essência da força de A.A. tem se mantido em nosso Grupo base, o qual, para muitos membros é como a prolongação da sua família”, conforme as palavras do livreto “O Grupo de A.A. onde tudo começa.

“Meu nome é Eliana, sou uma alcoólica em recuperação e faço parte da Irmandade de Alcoólicos Anônimos”. Isto, para mim, tem um significado muito importante, de pertencer a algum lugar, pois assim como muitos e muitas, antes de conhecer Alcoólicos Anônimos me sentia à margem da vida; e hoje, me sinto parte desta Irmandade que me acolheu, me compreendeu e me amou antes mesmo de eu ter condições de me amar.

Na evolução do sentido de pertencer nasce a responsabilidade de participar. No livreto “O Grupo de A.A. onde tudo começa” lemos: “Com o ingresso, vem o direito de emitir seu voto sobre o que pode afetar o grupo ou A.A. como um todo – um processo que realmente forma a pedra angular da estrutura de serviços de A.A. Para todos os assuntos da consciência de grupo, cada membro tem direito a um voto; e este é idealmente manifestado no Grupo Base”.

Como diz o prefácio de “O Grupo base: a batida do coração de A.A.”

“O Grupo Base é o lugar onde os alcoólicos começam a adotar os princípios de Alcoólicos Anônimos como

realidades que dão resultados em suas vidas sóbrias.”

Apadrinhamento

As raízes do apadrinhamento são mais antigas que a própria Irmandade de A.A. Em novembro de 1934, Ebby T., velho companheiro de Bill W., veio visitá-lo. Ebby estava sóbrio pela primeira vez em muito tempo, que Bill pudesse lembrar; e estava muito desejoso de falar a respeito de sua nova maneira de viver. Em um artigo publicado em junho de 1966 na revista Grapevine, Bill escreveu: “Como é do conhecimento da maioria de vocês, Ebby, me falou da libertação do desespero que havia conseguido no Grupo de Oxford como resultado do autoexame, a reparação, a doação aos outros e a oração. Em poucas palavras, estava-me propondo as atitudes e princípios que mais tarde seriam usados para formular os Doze Passos para a recuperação em A.A.” Bill demorou algum tempo para alcançar a sobriedade, e para Ebby foi difícil manter sua sobriedade por períodos de tempo mais longos, porém, para Bill essa foi a primeira experiência do poder do intercâmbio entre um alcoólico e outro e ao longo de toda sua vida Bill continuou a chamar Ebby de “meu amigo e padrinho”.

O apadrinhamento é tão antigo quanto a relação que tinham os cofundadores Bill W. e o Dr. Bob para se manter sóbrios quando se conheceram em Akron, Ohio, em 1935; é tão novo quanto a relação que está sendo forjada, neste mesmo momento, entre um veterano, ou um Grupo inteiro, e um recém-chegado doente e desconcertado.

Descrevendo sua relação com o Dr. Bob nos primeiros dias, Bill disse certa vez: “O Dr. Bob não me necessitava para sua instrução espiritual... o que necessitava, quando nos vimos pela primeira vez, era a deflação profunda e a compreensão que somente um bêbado pode dar a outro. O que eu necessitava era da humildade do esquecimento de mim mesmo e o sentimento de parentesco com outro ser humano da minha própria índole”.

Como é explicado no folheto “Perguntas e respostas sobre o apadrinhamento”, seja um alcoólico ajudando outro alcoólico na sua recuperação pessoal ou a prestar serviço no Grupo, “o apadrinhamento em A.A. é basicamente o mesmo. Os dois tipos de serviço brotam dos aspectos espirituais do programa”. .

O apadrinhamento “assegura ao recém-chegado que existe pelo menos uma pessoa que compreende perfeitamente a situação e se preocupa – uma pessoa a quem recorrer, sem timidez, quando surgem dúvidas, perguntas ou problemas ligados ao alcoolismo. O apadrinhamento oferece ao recém-chegado um amigo compreensivo e acolhedor, no momento em que mais precisa.

“Os pioneiros de Cleveland tinham experimentado três coisas essenciais: o valor do apadrinhamento pessoal; o valor do livro de A.A. na orientação aos recém-chegados e a certeza de que A.A., quando a mensagem fosse realmente de um lugar para outro, poderia então crescer solidamente para um tamanho maior”.

Eis aqui a essência do apadrinhamento nas palavras de Dr. Bob, cofundador de A.A.:“Passo muito tempo transmitindo o que aprendi àqueles que querem e precisam desesperadamente disto. Faço-o por quatro motivos:1 – sentimento de dever;2 – é um prazer;3 – porque, ao fazer isto, estou pagando minha dívida para com o homem que encontrou tempo para me transmitir tudo isto;4 – porque, cada vez que o faço, garanto-me um pouco mais contra uma possível recaída. ” 

A essência do apadrinhamento resume-se no que diz a reflexão do dia 28 de setembro do livro “Reflexões Diárias”:

“No apadrinhamento tive duas surpresas. Primeira que meus afilhados se preocupavam comigo. O que pensava que era gratidão, parecia mais amor. Eles queriam me ver feliz, crescer e permanecer sóbrio. Os fatos de saber como eles se sentiam, me manteve longe da bebida por mais de uma vez. Segunda, descobri que eu era capas de amar alguém responsavelmente, com um respeitoso e autêntico interesse pelo crescimento dessa pessoa. Antes disso, pensava que minha capacidade de cuidar sinceramente do bem-estar dos outros tinha se atrofiado por falta de uso. Aprender que posso amar sem cobiça ou ansiedade foi uma das maiores dádivas que o programa me deu. Gratidão por este presente me manteve sóbrio muitas vezes”.