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GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL As lendas que fascinam gerações TRADIÇÃO OUTUBRO/2009 IMPRENSA Os primeiros jornais de Rio Pardo RODRIGO/AG. ASSMANN Jogo do osso tem origem na Grécia Antiga LAZER O Carnaval, marcado pela influência da cultura dos antigos escravos, é um dos momentos marcantes na vida de Rio Pardo Na Travessa da Matriz, ficava a tipografia de A Restauração

13 Fasciculo Completo

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  • GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL

    As lendas que fascinam geraes

    TRADIO

    OUTUBRO/2009

    O

    IMPRENSA

    Os primeirosjornais deRio Pardo

    RODRiGO/AG. ASSmAnnJogo do ossotem origem naGrcia Antiga

    LAZER

    O Carnaval, marcado pela influncia da cultura dos antigos escravos, um dos momentos marcantes na vida de Rio Pardo

    Na Travessa da Matriz, ficava a tipografia de A Restaurao

  • O que voc vai ler

    Os Saberes e Fazeres, que marcam a vida dos homens da Fronteira de Rio Pardo, so o tema deste ltimo fascculo. Com sua formao constituda por vrias etnias, Rio Pardo apresenta uma cultura mltipla e que aqui est expressa nos jogos do gacho, nos rodeios para marcao do gado, no Carnaval que saiu dos sales e virou festa popular na rua e na comida campeira, permeada por influncias africanas e indgenas. Tambm se vai contar um pouco sobre o surgimento da imprensa e da memria coletiva oral que atravessou os sculos, na forma de mitos, lendas e crendices.

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    Nos campos de Rio Pardo surgiram muitos causos

    e lendas que, graas memria coletiva, permanecem vivos nos dias de hoje. Era sempre noite, em bolichos, em torno de rodas de fogo de cho nos acampamentos de tropeiros e de carreteiros ou em galpes de estncia, que os contadores se esmeravam para narrar, nos mnimos detalhes e com muita emoo, causos estranhos que aconteciam no campo.

    O historiador Luiz Carlos Tau Golin, no seu livro O povo do pampa,conta que a tradio oral era forte entre os pampeanos, pois a convivncia social dependia quase que exclusivamente da conversao: No pampa, raramente circulavam jornais e inexistiam escolas. Mesmo assim, homens e mulheres dessa populao analfabeta se transformaram em exmios contadores de causos. Narravam histrias verdicas e inventadas, reais ou fictcias preferencialmente, noite.

    Uma das mais conhecidas lendas brasileiras foi trazida para a Amrica pelos portugueses e espanhis. A mula sem cabea uma espcie de verso feminina da lenda do lobisomem. Acreditava-se que as mulheres que se relacionassem amorosamente com algum padre seriam castigadas pelo pecado cometido, transformando-se na mula sem cabea, em cuja cauda ardia um feixe de fogo.

    Na madrugada de quinta para sexta-feira, especialmente em pocas de lua cheia, a criatura amaldioada vagava pelos campos. Homens ou animais que ficassem em seu caminho corriam o risco de ser mortos. Ao clarear do dia ela voltava ao normal, exausta e s vezes ferida.

    Em Rio Pardo, perto do antigo quartel onde hoje a casa da famlia Wunderlich, morava um americano, dono de duas mulas brancas que noite pastavam em um pavilho. Em noite de lua cheia, a claridade batia no pavilho e fazia sombra sobre as cabeas das mulas. Como os transeuntes viam s os corpos dos animais, espalharam a maldio entre os moradores da cidade.

    O que o povo conta

    A lenda do lobisomem surgiu, provavelmente, na Europa do sculo XVI. Do continente europeu, ela se espalhou por vrias regies do mundo. Chegou ao Brasil com os portugueses. A origem da criatura com caractersticas de homem e lobo tem verses diversas. No Rio Grande do Sul, o mito sustenta que o stimo filho homem de uma famlia ser fatalmente o Lobisomem a menos que seja batizado pelo irmo mais velho.

    s sextas-feiras, em noites de lua cheia, saam de suas residncias e se transformavam em lobisomens. Perambulavam at o amanhecer, quando voltavam condio humana. Se por acaso atacassem ou mordessem algum, a pessoa mordida tambm se tornaria um lobisomem. Entre os moradores de Rio Pardo, dizia-se que um senhor de

    idade, morador do Bairro Boa Vista, meia-noite se transformava no monstro e percorria as ruas, uivando. Alguns o descreviam como um enorme cachorro preto, com um nico olho que lanava chispas vermelhas.

    A mula sem cabea O mito do lobisomem

    No Estado, muitas lendas so comuns na maioria das localidades, como as do lobisomem e da mula sem cabea. Outras so mais especficas. A seguir, apresentamos alguns dos causos mais presentes no imaginrio de Rio Pardo, e tambm do Rio Grande do Sul. Alguns relatos ambientados na Cidade Histrica esto includos no livro Rio Pardo Histria, recordaes, lendas, de Marina de Quadros Rezende, publicado em 1987.

    Tradio oral: gachos se renem ao redor do fogo para contar e ouvir causos

    Joo Simes Lopes Neto autor de Lendas do Sul, livro que traz alguns famosos causos gauchescos, como O Negrinho do Pastoreio (fascculo 7), A Salamanca do Jarau e outros.

    GACHO, DE ALDO LOCATELLI/1951

  • Tradio que se torna arte

    >> A mulher de branco Conta-se que noitinha, quando os acendedores de lampies a querosene iam realizar seu trabalho, avistavam sempre uma mulher toda de branco que saa da Fortaleza e ia at a ponte do Rio Pardo. Suas vestes, ao caminhar, faziam um rudo esquisito. A figura amedrontava os habitantes da cidade.

    >> A carroa brancaDizem que todas as sextas-feiras, sempre por volta da meia-noite, uma carroa branca, puxada por cavalos brancos e carregando vrias pessoas vestidas de branco, seguia para a Avenida Bom Fim at o porto do Cemitrio Municipal, onde entrava.

    >> O homem da capa pretaEm noite alta, costumava caminhar pela Rua Andrade Neves um vulto coberto por uma capa preta. Todos temiam o fantasma e ningum ousava se aproximar dele. Viam-no s de longe. Isso durou alguns meses, at que um cabo, muito corajoso, esperou o vulto em certo ponto do trajeto e segurou-o com firmeza. Assim foi descoberto o mistrio: o homem da capa era um capito que se disfarava para realizar suas conquistas amorosas.

    So muitas as lendas existentes no Rio Grande do Sul a respeito de tesouros enterrados ou escondidos. Em Rio Pardo, entre vrias histrias, existe a do velho

    avarento. Homem riqussimo, ele contava suas moedas de ouro e de prata, mandava um escravo lustr-las e guard-las em um ba. Quando adoeceu e sentiu a aproximao da morte, ordenou a dois escravos da maior confiana transportarem

    o ba para um lugar distante da cidade. O prprio senhor acompanhou os

    cativos e mandou que abrissem uma vala, onde deixariam o tesouro. Mas antes que terminassem de cobrir o buraco, ele matou os dois escravos. Ambos foram enterrados junto com o ba. O velho faleceu dias depois. O tesouro nunca foi encontrado, mas alguns garantem que j viram as almas dos escravos perambulando noite, carregando o ba.

    Santa Josefa

    >> A Lagoa do SegredoEm 1836, durante a Guerra dos Farrapos, os farroupilhas tomaram a vila de Rio Pardo. Os revoltosos comandados pelo Menino-Diabo saquearam a cidade (fascculo 2). Para socorrer a populao, tropas legalistas foram enviadas vila. Antes de se travar o embate na Ponte do Couto, o MeninoDiabo teria enterrado um tesouro constitudo por ouro, joias e moedas. Alguns dizem que ele foi enterrado nas barrancas do Rio Jacu. Outros, em algum lugar incerto nas proximidades do Barro Vermelho. E outros, ainda, afirmam que o tesouro foi depositado no fundo da lagoa dos Buff. Quando foi iniciada a construo da ponte sobre o Jacu, em 1958, diversos operrios construram seu acampamento prximo lagoa, margem do rio. Diz a lenda que, durante um vero, a lagoa ficou quase seca. Ento os operrios notaram em seu fundo, atolado no barro, um ba, preso a uma grossa corrente. Tentaram pux-la mas ela no cedeu. At hoje, a lagoa conserva o seu segredo. Seria o tesouro do Menino-Diabo, at hoje nunca encontrado?

    Esta uma das histrias de assombrao mais populares na campanha gacha. Segundo a verso narrada por Antnio Augusto Fagundes, no livro Mitos e lendas do Rio Grande do Sul, Josefa era uma linda e religiosa escrava jovem. Seu rico senhor, morador de Cachoeira do Sul, inmeras vezes tentou desfrutar de seus favores sexuais, sem sucesso. Um dia, no conseguiu se conter e lanou-se sobre a moa.

    Josefa resistiu, mas acabou torturada e golpeada mortalmente pelos socos e pontaps de seu amo. Foi, ento, enterrada em uma pequena e improvisada cova. Dias depois, comeou a verter sangue da rstica sepultura. Seus colegas escravos passaram a acender velas em sua memria e o prprio amo, passados alguns anos, mandou erguer uma capelinha no local.

    Hoje, no centro de Cachoeira do Sul, existe a capela de Santa Josefa. No ptio dos fundos, encontra-se aquilo que seria a sua sepultura. L, muitos crentes da devota dirigem-se para pedir ou agradecer por alguma graa. Em diferentes lugares da campanha viu-se Josefa aparecer, noite, dependurada enforcada nos caibros dos galpes de estncias.

    Zlia Martins Kaufmann no esquece: quando era pequena, aos seis anos de idade, seu pai brincava de fazer sombra com as mos nas paredes de casa. Era uma maneira dele distrair a filha. Mas para ela, era uma diverso que mais tarde se transformaria em arte. Eu lembrava daquilo que meu pai fazia com as mos e passei a fazer desenhos com um pedao de carvo nas paredes do galpo, conta ela. O galpo ficava no hoje municpio de Vale Verde, onde Zlia nasceu em 1970 e l viveu at 1976. Depois mudou-se para Rinco Del Rey, interior de Rio Pardo. Tempos depois passou a residir na Cidade Histrica, a mesma onde Zlia ouviu muitas histrias sobre lendas. As lendas, especialmente, foram transformadas em arte, em pintura em tela: o Lobisomem, a Mulher de Branco e muitas outras. As telas, criadas entre os anos de 2000 e 2006, j foram expostas, alm de Rio Pardo, em Porto Alegre e outras cidades do Rio Grande do Sul.

    Zlia e um dos quadros: o Menino-Diabo e seu tesouro

    Odila Mazuim

    uma

    das fiis

    que visitam

    a capela

    da santa

    Livro de Antnio Fagundes rene alguns causos

    clebres do folclore gacho

    LULA HELFER/AG. ASSMANN

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    O tesouro do velho avarento

  • Em meados do sculo XIX, um mistrio ocorria nas estncias de Banhados, l para as bandas de Santa Maria

    da Boca do Monte. Na calada da noite, enquanto todos dormiam, coisas desapareciam e outras apareciam em seu lugar. Sumiam facas e apareciam esteiras. Desapareciam ferramentas e ficavam vasos de barro no local. Levavam uma manta de charque e deixavam balaios. Ningum entendia o que ocorria, porque no era roubo. Eram escambos, trocas. Muitos anos depois, tudo foi explicado.

    Um grupo de escravos encontrou, em lugar ermo no meio do mato, um negro enorme, velho mas forte.

    Trajava um colete de couro de quati e estava coberto de limo. Passaram a cham-lo de Pai Quati. No falava uma palavra em portugus. Vrios negros, descendentes de diferentes tribos da frica, tentaram conversar com ele. Depois de muitas tentativas, desvendaram o mistrio.

    Pai Quati viera da frica e fora trazido como escravo para Rio Pardo. Antes de ser vendido, conseguiu fugir. Com medo de ser recapturado, procurou viver s, longe de tudo e todos. Como precisava de utenslios que a mata no lhe oferecia, e no queria se tornar um ladro, inventou as trocas. Deixava seus produtos artesanais no lugar daquilo que precisava.

    Escravo Quati

    Mais narrativas

    Seis lendas da Cidade Histrica inspiram um grupo de vinte alunos da Escola Estadual de Ensino Mdio Fortaleza, envolvidos na produo do filme amador Em Cada Rua, Uma Histria. As narrativas O Lobisomem, O Escravo (tambm conhecida como O Velho Avarento), A Mulher de Branco, O Homem da Capa Preta, So Nicolau e A Lagoa do Segredo sero reunidas em um filme com durao de 1h20, gravado em formato digital HDV, que deve estar pronto at novembro.

    As gravaes acontecem prximo a Porto Ferreira, na mesma cidade cenogrfica utilizada nas filmagens do longa-metragem Dirio de um Novo Mundo, com Edson Celulari e Daniela Escobar. O trabalho coordenado pelos professores Rosria Huff e Antnio Petry, da Fortaleza, e envolve alunos da 8 srie ao terceiro

    ano do ensino mdio. Os figurinos usados pelos atores tambm foram cedidos pela produo do Dirio de um Novo Mundo.

    A primeira exibio ser no Centro Regional de Cultura. A seleo dos textos foi feita por Rosria, que professora de Lngua Portuguesa. A direo de Ccero Augusto Garcia. Estou aprendendo mais do que ensinando. um trabalho totalmente diferente, diz Garcia, que durante anos atuou na encenao da Paixo e Morte de Cristo, em Rio Pardo. Os alunos compartilham do entusiasmo. Tenho um interesse grande pela rea de teatro e cinema. um ramo muito legal, diz Eduardo Ezequiel, 15 anos. Faz com que a gente se envolva mais com a escola, observa Vincius Massulo, 17 anos.

    Recontando velhas histriasAlunos da Escola Fortaleza viram atores em filme sobre causos de Rio Pardo

    >> Fogo morto Carreteiros, tropeiros, viajantes e demais pessoas que antigamente se deslocavam pelos campos evitavam, na hora do pernoite ou da sesta, fazer fogo sobre as cinzas ou ties apagados de uma fogueira. Acreditava-se que terrveis infortnios recairiam sobre os ombros de quem se aproveitasse do fogo morto. Dizem que na sua juventude o general Osrio viajava a Rio Pardo, vindo da fronteira, para ver sua amada, Ana. Apesar de ter sido alertado sobre o mau agouro do fogo morto, ele no se importou. Ao chegar na vila, Osrio teve o desgosto de saber que Ana estava morta. Ela morrera justamente no dia em que ele reacendera o fogo morto.

    >> Nossa Senhora do RosrioNa Fortaleza Jesus Maria Jos, um capito devoto de Nossa Senhora rezava diariamente o tero ao nascer do dia. Certa manh, ele avistou o exrcito inimigo e deu o alarme. Ele e seus companheiros enfrentaram o invasor e venceram. Em agradecimento por essa graa, quiseram os moradores que sua povoao fosse dedicada Virgem do Rosrio, que to bem os protegera.

    >> A maldio do mongeConta-se que, l pelo ano de 1850, surgiu em Rio Pardo um monge que vivia no morro do Botucara, em Candelria (fascculo 9). Ele reunia o povo em frente Matriz e discursava, reprovando os costumes e modas da poca e recomendando que os preceitos morais fossem respeitados. Mas algumas famlias influentes no gostavam da presena do monge.O brigadeiro Jos Joaquim de Andrade Neves obrigou o monge a sair da cidade, montado em uma mula, com as costas voltadas para a frente do animal. Ento, o monge fez esta profecia: Rio Pardo no progredir enquanto existir aqui algum membro desta famlia.

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    >> Os casamentos impossveis At hoje so oferecidos vestidos Santa Nossa Senhora da Boa Morte, na Igreja So Francisco, pois esta santa ficou conhecida por ajudar a realizar casamentos impossveis. Conta-se que ela viveu h muito tempo, em Rio Pardo. Era a filha de um rico fazendeiro, que morreu por amor.

    >> So Nicolau Tornou-se famoso pelos milagres e graas que concedeu ao povo. Sua fama de milagreiro sempre correu de boca em boca pela cidade e so inmeras as pessoas que afirmam ter recebido graas e favores do santo.

    Professores Rosria Huff e Antnio Petry planejaram filme sobre lendas

    >> Barro VermelhoEntre a cidade e o Arroio do Couto fica o lugar chamado Barro Vermelho, cuja denominao est ligada a um dos momentos mais dramticos da histria gacha. Ali foi travado um violento combate durante a Revoluo Farroupilha.(fascculo 2). O sangue derramado foi tanto que, por isso, o cho teria se transformado em um barro vermelho.

    Monumento aos mortos na Praa 30 de Abril

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    A vinda da famlia real ao Brasil, em janeiro de 1808, provocou mudanas

    profundas na vida da colnia. Uma delas atingiu as comunicaes. O primeiro equipamento tipogrfico veio junto no poro da nau Medusa, sob os cuidados do marchand francs Joachim Lebreton, o Conde da Barca, amigo de Dom Joo VI.

    O equipamento foi instalado no Rio de Janeiro. Em 31 de maio de 1808, Dom Joo oficializou a criao da Imprensa Rgia e, em setembro daquele mesmo

    ano, circulou a Gazeta do Rio de Janeiro, considerado o

    primeiro jornal oficial do Brasil. Antes dele existia, na clandestinidade, o Correio Braziliense, criado pelo jornalista gacho Hiplito Jos da Costa. A impresso era feita

    na Inglaterra. Anterior a esse perodo, ocorreram

    tentativas de implantar jornais em Pernambuco (1706),

    Rio de Janeiro (1747) e Minas Gerais (1807). Elas, no entanto, foram suprimidas por ordem da Coroa Portuguesa, como forma de manter o domnio sobre a colnia. De acordo com o escritor, jornalista e

    professor Srgio Dillenburg, organizador e primeiro diretor do Museu de Comunicao Social Hiplito da Costa, a imprensa antiga do Rio Grande do Sul caracterizava-se pelas disputas partidrias e pelo uso de linguagem violenta. Para cada ao, havia uma reao. Em 1838, em pleno perodo Farroupilha, foi lanado o jornal O Povo, pr-farrapos. Em contrapartida surgiu O Mensageiro, em defesa dos legalistas.

    A guerra, conforme ele, inibiu o crescimento dos jornais no Estado, pois havia dificuldades para a aquisio de papel, tipos mveis, tinta e outros produtos importados da Europa. Alm disso, os tipgrafos eram escassos e os leitores eram poucos, fruto do alto ndice de analfabetos.

    Nas trs dcadas que se sucederam Guerra dos Farrapos (encerrada em 1845), a imprensa sofreu com o empobrecimento da populao e da economia em geral.

    O jornal mais antigo que pode ser visto no Arquivo Histrico de Rio Pardo chama-se A Restaurao, editado em 1885. Seu proprietrio era Evaristo Fernandes de Siqueira. Sua sede ficava na Rua General Andrade Neves, 61, e a tipografia era na Travessa da Matriz,

    nmero 8. Circulava s quintas-

    feiras e aos domingos. A Restaurao no o mais antigo

    peridico rio-pardense e regional. O primeiro jornal circulou em 1853 e chamava-se Correio de Rio Pardo. Em 1864, havia tambm A Imprensa. No existem informaes maiores sobre eles e nem edies preservadas. Sua existncia foi constatada em atas do perodo e o registro foi feito no livro Breve histrico da imprensa sul-rio-grandense, de Jandira Silva, Elvo Clemente e Eni Barbosa.

    Na Provncia de So Pedro

    Disputas partidrias

    Na Provncia de So Pedro do Rio Grande do Sul, oficialmente, a imprensa comeou em 1 de junho de 1827, quando circulou o primeiro nmero do Dirio de Porto Alegre. Conforme o professor e historiador Antnio Hohlfeldt, ele era dirio, tinha tamanho pequeno (28 cm x 18 cm) e duas pginas, logo ampliadas para quatro. O jornal gerou problemas entre o presidente da Provncia, Salvador Jos Maciel, e a oficialidade do Imprio, pois denunciava aes dos militares no territrio. Ele chegou a 293 edies. Os responsveis eram Cludio Dubreuil e Estivalet, dois franceses aventureiros vindos da Argentina e que foram contratados pelo governo gacho.

    O comeo no Brasil

    Correio de Rio Pardo foi o primeiro

    Tipografia do mais antigo jornal com

    exemplar preservado em

    Rio Pardo ficava na Travessa da

    Matriz

    O primeiro jornal foi o Dirio de Porto Alegre, cuja edio inaugural data de 1 de junho de 1827. O segundo foi O Noticiador, em

    3 de janeiro de 1832, em Rio Grande. Durou quatro anos e o editor era Francisco Xavier Ferreira. Em 1835 apareceu, em Santo

    Antnio da Patrulha, O Pharol. Tinha como responsvel o advogado e vereador Eleutrio Jos Ferreira Mendes. No h maiores informaes e nenhuma edio do jornal. No se sabe quanto tempo durou. Rio Pardo foi o ltimo dos

    quatro municpios pioneiros a ter um peridico. Foi o Correio de Rio Pardo, que comeou a circular em 1853. No h registros de publicaes anteriores.

    Pioneiros

    LULA HELFER/AG. ASSMANN

  • Entre os primeiros jornais de Rio Pardo e, por consequncia, da regio, est O Lutador, surgido em 1886. A sede

    se situava na Rua da Imperatriz, nmeros 8 e 11. Seu diretor foi Herclito Americano de Oliveira, junto com Horcio Maisonette. Dizia-se imparcial e defensor dos interesses do 6 crculo.

    Em sua edio de 15 de dezembro de 1886, ele informa que os alicerces do prdio da Cmara Municipal da Villa de Santa Cruz esto prontos. E pede que as pessoas interessadas

    em contractar essa obra faam suas propostas ao engenheiro Carlos Trein Filho, encarregado da direco e fiscalizao da construo.

    Quando completou um ano de existncia, sua direo convidou amigos e vizinhos para a festa comemorativa. Ao noticiar o evento, citou a manifestao do intelligente jovem Americano de Oliveira. Falou ainda o illustrado, bravo e independente militar, o tenente-coronel Antnio de Sena Madureira. Os dois eram amigos e defensores da Repblica e abolicionistas (fascculos 3, 7 e 12).

    Republicanos, de novo na linha de frente

    Em 30 de maro de 1887, O Lutador publica nota, assinada por Herclito Americano de Oliveira, informando o fim das atividades. Logo em seguida, em maio de 1887, ele lana o Patriota que, para muitos pesquisadores, foi o mais importante peridico da histria antiga de Rio Pardo.

    O novo jornal no escondia suas preferncias polticas e fazia questo de deixar claro seus objetivos: Combater a escravido, louvar as mulheres e estar sempre na vanguarda

    dos grandes acontecimentos sociais. Herclito era republicano e abolicionista convicto. Tambm foi deputado constituinte em 1891.

    Estudioso da histria rio-pardense, Ciro Saraiva diz que o peridico teve participao importante na vida comunitria e acompanhou os fatos mais importantes do municpio e da regio. Fazia campanhas pela proclamao da Repblica e pela abolio, pagando cartas de alforria para os escravos.

    Patriota, polmico e engajado

    O Arquivo Histrico de Rio Pardo guarda duas edies de o Patriota impressas em tecido. Conforme o professor e pesquisador Srgio Dillenburg, os jornais em tecido, geralmente, eram editados em comemorao a datas especiais.

    Em 8 de junho de 1889, foi publicada edio na cor vermelha e em 30 de junho do mesmo ano, na cor azul. Ambas podem ser apreciadas pelo pblico junto ao arquivo.

    Em uma poca em que o consumismo era muito menor, os jornais em tecido eram bem aproveitados. Depois de lidos, podiam ser transformados em panos de cho ou mesa, toalhas, cortinas e at em peas do vesturio das famlias mais pobres.

    Outro jornal preservado no Arquivo Histrico A Ptria, lanado em 1895. A sede ficava na Rua 15 de Novembro, 30.

    Saraiva: o Patriota teve papel de destaque na histria de Rio Pardo

    Jornal feito de pano

    Com a abertura do Brasil imigrao, a imprensa ganhou uma nova dimenso. A partir de 1836, foram publicados vrios jornais em lnguas estrangeiras, inclusive o alemo. No Rio Grande do Sul, o primeiro deles foi O Colono Alemo, surgido em 3 de fevereiro de 1836, em So Leopoldo.

    Santa Cruz do Sul, um dos beros da colonizao germnica, ganhou o Kolonie (Colnia), em 1 de janeiro de 1891. Seus diretores eram Arthur Hemmsdorf e Hans Stutzer. O Kolonie comeou com publicao semanal, passou a bissemanal e, mais tarde, a trissemanal. Em pouco tempo, j possua uma rede de correspondentes e era considerado o mais importante peridico alemo fora do eixo Porto Alegre - So Leopoldo.

    Em 1901, foi adquirido pelo Snodo Rio-grandense e, em 1907,

    seu comando passou a Jos Ernesto Riedl e Adolfo Lamberts. No final da 1 Guerra Mundial, o jornal foi proibido de circular no idioma alemo. Com isso, de fevereiro de 1918 a junho de 1919, passou a ser impresso em portugus, com o nome de Gazeta de Santa Cruz.

    Em 1920, ele volta ao formato original e chega a alcanar uma tiragem de trs mil exemplares. Com o acirramento da campanha de nacionalizao, o Kolonie encerra suas atividades em 29 de agosto de 1941.

    Em 5 de setembro de 1941 surge o sucessor do Kolonie, denominado de Jornal de Santa Cruz, que alcana apenas 14 nmeros. De 21 de outubro de 1941 at a fundao da Gazeta de Santa Cruz, em 26 de janeiro de 1945, Santa Cruz do Sul vive sem jornal prprio.

    Kolonie era escrito em alemo

    As marcas permanecem

    Quem passa pela Rua 28 de Setembro e olha por sobre o telhado da Drogaria Santa Cruz, ainda pode observar o antigo prdio da sociedade Lamberts & Riedl. A inscrio Kolonie tambm ainda visvel.

    Antes de o Kolonie, Santa Cruz do Sul teve o jornal A Cruzada, lanado em 25 de maro de 1887. Pertencia a Jos Rodolpho Taborda e era publicado em portugus. Foram editados apenas dez nmeros.

  • Cachoeira do Sul apresenta um marco na imprensa da regio. Trata-se do jornal O Astro, produzido e dirigido para negros.

    Conforme o professor Jos Antnio Santos, que estuda a imprensa negra no Rio Grande do Sul, O Astro tinha edies quinzenais e durou de 13 de maio de 1927 a 13 de maio de 1928.

    Foi fundado por Jos de Farias e Manoel Etecildes da Silva, que tambm eram os redatores. Eles possuam colaboradores e at correspondentes em Rio Pardo e Porto Alegre. Eram pessoas cultas. Trabalho com a hiptese de que fossem tipgrafos ou ligados ao comrcio. Disse que, em vrias cidades, existiram jornais produzidos por jornalistas e intelectuais negros. De acordo com ele, a imprensa negra existe no Brasil desde 1830.

    No O Astro, segundo ele, o que chama a ateno so os editoriais. Eles se manifestam contra a situao precria em que viviam os negros na sociedade brasileira, 39 anos aps a abolio. Tambm denunciam o racismo e o preconceito. Naquela poca, brancos e negros no podiam frequentar os mesmos lugares juntos. A Praa Jos Bonifcio, em Cachoeira do Sul, por exemplo, tinha um lado reservado para os brancos e outro aos negros.

    Durante muitos anos, a histria da imprensa cita Joana Paula Manso de Noronha como a primeira jornalista brasileira, em 1852. O fato, no entanto, contestado por

    pesquisadores. Eles apontam a gacha que pode inclusive ter nascido em Rio Pardo Maria Josefa Barreto Pereira Pinto como a primeira mulher jornalista. Raramente mencionada pelos estudiosos, Maria Josefa Barreto Pereira Pinto foi poetisa, escritora, professora e jornalista. Era filha adotiva de Teodzio Rodrigues de Carvalho e Josefa Joaquina da Conceio, casal de posses de Viamo. Teodzio era tio de Dom Feliciano Rodrigues Prates, primeiro bispo do Rio Grande do Sul.

    Em 17 de dezembro de 1800, aos 15 anos, ela casou-se em Rio Pardo com Manuel Incio Pereira Pinto, primeiro carcereiro da cadeia de Porto Alegre. O marido, por ter deixado escapar um preso, foi condenado e desapareceu para sempre, deixando a esposa e um casal de filhos.

    Como meio de subsistncia, Maria fundou em Porto Alegre uma escola primria mista que ficava em sua casa. Esse teria sido o primeiro curso misto no Pas.

    Em novembro de 1833 criou o seu jornal, batizado com o estranho nome de Belona irada

    A primeira jornalista do Pas De negros para negros

    No sculo 19 tornou-se comum o surgimento de jornais de mulheres. Alm de oferecerem lazer e cultura, tinham objetivos bsicos: lutar pelo direito educao, o direito profisso e, mais tarde, o direito ao voto. Os ttulos eram geralmente irnicos. Em meio a muita poesia, as autoras defendiam, de forma sutil e bem-humorada, as suas bandeiras de luta.

    O Arquivo Histrico de Rio Pardo guarda jornais femininos feitos na cidade, dos primrdios do sculo 20, em tamanho de papel ofcio. O mais antigo chama-se Incentivo, de 1908. Em 1928 surgiu O Alfinete, rgo do Partido Feminista. Focava-se em textos irnicos, brincadeiras e poemas. Os diretores se identificavam como Os Trs Mosqueteiros. Os redatores eram o Intruso e o Remeleixo.

    Mulheres, ironia e sutileza na defesa de direitos

    contra os sectrios de Momo, ou, simplesmente, Belona. O semanrio saiu 19 anos antes de o Jornal das Mulheres, do Rio de Janeiro apontado como o primeiro jornal de mulheres do Brasil , e durou at novembro de 1834.

    Belona era um jornal poltico, polmico, muito diferente dos objetivos do Jornal das Senhoras. E, por isso mesmo, no fez escola e no se tornou modelo para os peridicos feministas do sculo 19. Maria Josefa, segundo a pesquisadora Zahid Lupinacci Muzart, no foi uma lady, mas sim uma mulher trabalhadora, de faca na bota.

    Jos A. Santos estuda a imprensa negra

    O jornalista porto-alegrense

    Roberto Rossi Jung autor do livro A gacha Maria Josefa, primeira

    jornalista brasileira

    Adversrios

    A jornalista gacha, que faleceu em 9 de novembro de 1837, em Porto Alegre, foi adversria dos farrapos. Ela tambm colaborava com o jornal Idade dOuro, de Manuel dos Passos Figueroa, lanado em 1833. As pesquisadoras Hilda Hbner e Zahid Lupinacci Muzart so estudiosas da obra de Maria Josefa e garantem que ela foi uma mulher avanada para o seu tempo.

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  • Rodeio era dia de festaO patrono do

    tradicionalismo gacho, Joo Cezimbra Jacques, escreveu em 1883 no que consistia um rodeio em uma estncia. Tratava-se de reunir o gado em algum lugar do campo para marc-lo, castrar potros e touros, tosar guas, curar animais doentes, dar-lhes sal e apartar novilhos e vacas para conduzi-los s charqueadas ou aougues.

    O dia de rodeio era uma festa. Cedo, ainda antes do cantar do galo, os pees despertavam. Faziam fogo no galpo, espetavam a carne do assado matinal e preparavam o mate. Ao sinal do capataz, iam at a mangueira pegar os cavalos e seguiam com ces para diferentes pontos da estncia de onde, aos gritos, tocavam pontas de gado xucro. Os animais precisavam ser costeados e convergir para um determinado local onde se aglomeravam. Depois era necessrio imobiliz-los, um a um.

    Entrava a a habilidade dos ginetes, que precisavam laar os bichos e depois derrub-los. A marcao do gado era necessria porque os campos no eram cercados. Cada estancieiro tinha a sua marca, que podia ser uma meia-lua, um p de galinha ou alguma letra do alfabeto. Levava-se ao fogo o ferro com a marca do proprietrio e quando esse atingia a cor avermelhada, era sentado sobre o couro, na anca, no quarto ou na costela do animal, resultando disso gemidos de dor. Essa atividade podia ser realizada em campo ou aps tangenciar o gado apartado para a mangueira.

    A castrao de touros era feita normalmente no inverno, para que no ocorresse infeco no local. Os touritos de trs a quatro anos eram apartados e, depois do procedimento, ganhavam o nome de novilho. Para a cura dos animais, era comum aplicar mercrio sobre os ferimentos.

    Jogo

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    Originalmente, os rodeios eram momentos para reunir o gado, cont-lo, castrar os touros e marcar o animal com a insgnia de seu proprietrio

    Atualmente, nas festas campeiras do interior de Rio Pardo, uma das atraes a

    corrida de argoleiros, herana dos jogos medievais descritos acima. A competio consiste em o cavaleiro acertar com sua lana a argola suspensa num pndulo. So quatro corridas para cada argoleiro e o vencedor o que obtiver melhor pontuao. Quando o jogador acerta

    a argola e a segura na lana, ganha dois pontos. Se acertar e derrubar leva um ponto e no caso de errar o alvo, no faz pontuao.

    Um dos praticantes Nicolau da Silveira Linhares, morador do Passo da Areia, que j acumulou vrios trofus e medalhas em 30 anos de prtica do esporte. Ele herdou do pai, Otvio Linhares, o gosto pela disputa que exige habilidades sobre o cavalo, reflexo rpido e golpe certeiro de vista.

    A cavalhada uma tradio dos torneios da Idade Mdia, onde os aristocratas

    exibiam sua destreza e valentia em espetculos pblicos. Esses torneios de origem medieval eram tradicionais no Rio Grande do Sul onde, em um cenrio pastoril e de constantes lutas, encontraram ambiente favorvel para se tornarem populares. Raramente acontecia festa religiosa ou cvica sem a cavalhada. Escreveu Aquiles Porto Alegre que nelas brilharam homens como Bento Gonalves, Canabarro, Neto, Gomes Jardim, Osrio, Andrade Neves e tantos outros.

    Nessa encenao, que remonta ao Imprio de Carlos Magno, no sculo VIII, h a simulao de um confronto religioso entre cristos e mouros, ou seja, a luta de

    Carlos Magno e seus cavaleiros (os doze Pares de Frana), enviados para combater os mouros na Pennsula Ibrica. O nmero de participantes principais, no por acaso, de 24 doze para cada lado.

    Ocorria em uma praa com uma igreja de um lado e, na extremidade oposta, um castelo onde estava encerrada uma donzela crist raptada. Nas vrias fases, a meta era o assalto ao castelo e a derrota dos mouros, que acabavam se convertendo ao cristianismo por meio do batismo realizado na igreja.

    O espetculo normalmente era realizado na parte da manh. tarde ocorriam jogos equestres de confraternizao, onde se destacavam os de argolinhas. Nessa competio os cavaleiros precisavam tirar, com a ponta da lana, o maior nmero de argolas penduradas em uma trave.

    Torneio medieval

    Corrida de argoleiros

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    Nicolau Linhares:

    vrios trofus

    O Monarca, de Nelson Jungbluth/1990

  • Entre os jogos mais apreciados antigamente em Rio Pardo e em todo o Rio Grande do Sul, destacavam-se as carreiras. A histria das corridas de cavalos remonta a milnios. Elas

    devem ter se iniciado quando o homem passou a adestrar o cavalo e a utiliz-lo como meio de locomoo e transporte. Os primeiros povos que utilizaram cavalos foram os asiticos, isso h cerca de 4.000 a.C.

    O relato escrito mais antigo de corrida equestre vem da Grcia e o encontramos na Ilada, de Homero. Era um esporte bastante

    apreciado na Roma antiga. Durante os carnavais, romanos realizavam corridas de cavalo. Na Idade Mdia, havia a promoo de disputas entre cavaleiros. O turfe foi difundido por nobres ingleses, grandes apreciadores do esporte, no final dos sculos XVII e incio do XVIII.

    Os cavalos crioulos do Rio Grande do Sul se originam dos ibricos que possuam grande predominncia de sangue rabe introduzidos no Prata pelos espanhis. Com o passar dos decnios eles se reproduziram pelo verdejante pampa, dando origem a manadas xucras.

    Em Rio Pardo, uma cancha reta no Bairro Boa Vista o local onde ainda se cultiva a tradio das carreiras. O Jockey Clube da cidade uma associao que promove eventos oficiais e o local onde so preparados os cavalos campees. Antes da atual cancha de 600 metros e quatro trilhas na Boa Vista, as corridas ocorriam na Hpica, que funcionou de 1946 a 1969, na vrzea do Rio Pardo.

    Segundo o atual presidente do Jockey Clube, Edemar Teobaldo Homrich, os treinamentos so dirios. Os cavalos so criados no local e participam de competies em todo o Rio Grande do Sul e at em Santa Catarina.

    Cancha reta de Rio Pardo

    Como se ganha

    De orelha: vitria por um pequeno detalheDe fiador: ganhar pela diferena de uma cabeaDe paleta: a cabea do perdedor no chega a cobrir

    as patas de frente do vencedorDe meio corpo: o ganhador cruza a linha com meio

    corpo de vantagemDe virilha: vitria quase de corpo inteiro (virilha

    coxa traseira)De luz: ganhar de diferena de corpo inteiro. Passar

    frente do perdedor sem que esse cobrisse qualquer parte do cavalo vencedor

    As carreiras de cavalos

    A carreira foi o esporte predileto e o jogo de preferncia do homem do campo. Dia de corrida era dia de festa e de convvio social. Era momento de rever amigos, parentes e iniciar namoros. As carreiras de desafio eram normalmente combinadas para um dia de domingo. Elas juntavam pessoas de toda a redondeza que se apinhavam dos dois lados da cancha. Comrcios eram improvisados para

    vender bebida e comida e bancas de jogos diversos eram montadas. Gaita e violo no podiam faltar.

    Nas carreiras apostava-se de tudo: dinheiro, boi por boi, vaca por vaca e, afirmam alguns, at a roupa do corpo e a prpria mulher. A parada era casada em mos de terceiros. Fortunas, rebanhos e mesmo estncias podiam ser ganhas ou perdidas nas apostas.

    A cancha reta variava de 200 a 400 metros de comprimento. Era feita em lugar plano e nivelado, de preferncia em uma vrzea, prximo a algum curso dgua onde houvesse algumas rvores para dar sombra aos assistentes e lenha para assar o churrasco. Quando eram somente dois os animais envolvidos na disputa, a corrida era de parelha. Sendo mais animais, era de califrnia ou penca.

    Os animais saam do partidor a um sinal do juiz. Sentindo no lombo a ao do rebenque e na barrigueira as rosetas da espora do jquei, disparavam deixando no caminho uma nuvem de p. No final havia o juiz de chegada, que dava a sentena. Foi no final do sculo XIX que a corrida ao estilo europeu, de raias em crculo, passou a ser adotada em cidades do Rio Grande do Sul. No campo, entretanto, permaneceram as carreiras de cancha reta.

    Como eram

    O jogo preferido do homem do campo

    gua Queen Nefertiti: competies dentro e fora de Rio Pardo

    Edemar Homrich: cavalos para corridas

    A prtica das carreiras remonta aos gregos e romanos e se reproduziu pelo Rio Grande do Sul

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    La Pulperia, de E. Castells Capurro, 1952

  • Do astrgalo grego ao jogo do osso gachoO

    jogo do osso um jogo bastante antigo,

    simples, de fcil entendimento, e muito praticado antigamente no Rio Grande do Sul. Poucos sabem a origem desse passatempo. Integrado cultura gacha, o jogo chegou Bacia do Prata com os colonizadores espanhis no incio do sculo XVII. S que antes de aportar aqui, fez um longo percurso.

    Ele de origem asitica e foi amplamente praticado por rabes e persas. Foi entre os antigos gregos que o pedao de osso ganhou seus grandes adeptos. Na Grcia antiga, o jogo recebeu o nome de astrgalo e aparece em referncias mitolgicas, como quando Ptroclo, ainda menino, teria abatido

    o amigo Anfidamonte, pelo desafio em um jogo de osso.

    Durante a expanso do Imprio Romano, ele chegou Pennsula Ibrica. Ali, soldados romanos se divertiam com o jogo nos quartis e nos acampamentos, durante o perodo de dominao.

    No Rio Grande do Sul, penetrou pela fronteira do Uruguai e da Argentina e manteve as terminologias especficas utilizadas em castelhano, tais como suerte, culo, clavada e gueso. Foi possivelmente difundido para outras regies do Rio Grande pelos carreteiros e tropeiros que, em seus deslocamentos, levavam o jogo do osso peonada nas estncias e nas carreiras de cancha reta.

    O tradicional praticar o jogo do osso ao ar livre, em uma cancha de cho naturalmente nivelado e com um terreno firme e macio. A cancha mede, usualmente, nove passos normais, de raia a raia. Na modalidade h a figura do coimeiro, responsvel pelo andamento do jogo e depositrio das apostas.

    A tava, taba, osso ou garro o instrumento com o qual se pratica o jogo. confeccionado com o astrgalo, osso do jarrete de bovino, e seu tamanho varia de acordo com a idade ou porte do animal.

    O osso possui dois lados que so chamados de suerte (sorte) e culo (azar). Os jogadores ficam

    em lados opostos e arremessam o osso para o alto e em direo ao centro da cancha. Se um dos disputantes jogar e a tava cair na posio suerte, ele ganha e continua jogando. Se der culo, perde e o outro passa a jogar. Se o osso ficar deitado (gueso ou touro), a jogada retomada e a partida segue normalmente. O osso pode tambm ficar em posio clavada, quando a salincia de clavar enterra-se no cho. Nesse caso necessrio fazer a conferncia, o que s vezes suscita discusses acaloradas. A entra o coimeiro, para arbitrar o lance.

    Atualmente, o jogo do osso considerado um esporte tradicionalista.

    Tava na posio Guesso ou Osso

    Tava na posio culo Tava na posio Culo Clavado

    n beira de uma estrada, numa encruzilhada qualquer,

    ou na sada de um passo junto a um rio, surgiram

    pelos campos afora do Rio Grande do Sul os bolichos de campanha ou pulperias.

    Eram pequenas casas de comrcio, normalmente

    simples ranchos barreados e cobertos de capim santa f, onde se comercializava secos e

    molhados. O local era frequentado por moradores

    dos arredores, viajantes e gachos andarilhos,

    predominantemente do sexo masculino. Para manter a

    presena de consumidores de bebidas e de outros

    gneros, normalmente o dono do bolicho explorava

    jogos diversos, como o de cartas, do osso, de

    corrida de cavalo ou de rinha de galo. A jogatina,

    muitas vezes, dava origem a desentendimentos que

    resultavam em peleias com o uso de adagas, faces e

    armas de fogo.

    Tava na posio Touro

    Tava na posio suerte

    LA tABA/jUAN mANUEL BLANES/1875

    Peo de campo, obra de Federico Reilly, 1990

    Entenda as regras

    Tava na posio clavada

  • O tradicional jogo do osso ainda praticado na regio. Um dos jogadores Elizer Lopes, de Cerro Alegre Baixo,

    em Santa Cruz do Sul. Ele conta que conheceu a competio porque os jogadores antigos chegavam sua oficina de ferraria solicitando que ele ferrasse os ossos para a prtica do jogo. Com a curiosidade despertada, Elizer buscou informaes sobre as regras do esporte, que exige cancha de seis metros em solo de tabatinga. E comeou a jogar.Hoje seus parceiros so alguns primos e amigos que vivem no Passo da Mangueira, na Capela dos Cunha. Adepto do cultivo das tradies gachas, ele j ensinou as regras a vrios alunos da Escola Municipal Vidal de Negreiros, educandrio

    No interior, ele sobreviveLU

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    Jnio probe

    Em 1960, aps se eleger presidente, Jnio Quadros proibiu os jogos de azar em todo o territrio nacional, sob o argumento de varrer a corrupo do Pas. Assim como o jogo do bicho e a rinha de galo, o jogo do osso caiu na ilegalidade.

    A medida, entretanto, no conseguiu extinguir a prtica. Na coluna intitulada Nos Quatro Cantos da Cidade, na edio de 6 de fevereiro de 1964, o jornal A Folha, de rio Pardo, denunciava:

    O jogo do osso, como todos sabem, terminantemente proibido, menos em Rio Pardo, pois seno vejamos e vamos ao local. Estando na Rua Andrade Neves, desce-se a Rua General Osrio e, na esquina do Armazm Borba, dobra-se esquerda indo at o fim de uma pequena rua, e ali, bem na esquina direita, em prdio de madeira (...) encontra-se uma cancha de bocha mas que serve para o jogo do osso. Dizemos mais, l se joga o osso livremente, e damos provas do que dissemos, porque no dia 18, s 16 horas, com um nmero acima de 20 espectadores (ainda bem que todos de maioridade) praticavam o osso atravs de fichas que eram trocadas por dinheiro, sendo as paradas de Cr$ 200,00 ou at mais.

    que possui um Departamento de Tradies gachas (DTg). Durante a programao da Semana farroupilha de 2009, Elizer Lopes e os estudantes da escola fizeram demonstraes do jogo do osso, despertando o interesse de vrios tradicionalistas que no conheciam a competio.

    Elizer Lopes ensinou o jogo para

    crianas da escola de

    Cerro Alegre Baixo

    O truco um jogo de cartas de origem milenar, popular em todo o Brasil. primeira vista, as jogadas e os valores das cartas parecem difceis. Uma caracterstica que faz do truco um jogo de vrias facetas a sua variedade de regras e jogadas, que mudam conforme a regio onde praticado. Em nosso Pas, cada regio possui suas caractersticas prprias. Entre as variaes esto o truco mineiro, o goiano, o gaudrio e o uruguaio. geralmente o truco mineiro e goiano so jogados com cartas de baralho normal ou o francs, possuindo a dinmica do trucco jogado pelos italianos.

    J na regio sul, o fato mais marcante a herana da cultura platina, presente na utilizao das cartas do baralho espanhol. O mais difundido no rio grande do Sul o gaudrio. Nas regies que fazem fronteira com o Uruguai, tambm se pratica a modalidade uruguaio, igualmente conhecida como truco de amostra. Este possui poucas variaes do estilo jogado no gaudrio.

    O truco pode ser jogado entre dois ou quatro jogadores, cada um dos quais recebe trs cartas. Quando apenas entre duas pessoas, chama-se truco de mano. O objetivo o jogador e seu parceiro conquistarem 12 pontos, fazendo o mximo de barulho possvel e tirando o maior sarro de seus adversrios. um jogo de artimanhas, subterfgios e simulaes, um dos raros jogos de cartas cujas regras permitem a utilizao de sinais entre os parceiros. O baralho formado por apenas 40 cartas, divididas em manilhas (que valem mais) e cartas simples.

    O truco

    O truco, de Juan L. Camaa, de

    1852, retratando a prtica na

    Argentina do sculo XIX

  • Na primeira metade do sculo XX os carnavais de salo de Rio Pardo eram de grande ostentao e luxo. O Clube Literrio recebia decorao especial e os blocos faziam fantasias que realmente

    impressionavam pela beleza, esmero e suntuosidade. A explicao para esses shows de brilho era a grande competio que existia entre os blocos. Os dois principais grupos eram o Olha o Grupo e o Tem Gente Ahi. A competio era tal que os membros dos blocos eram obrigados a experimentar a fantasia com vendas nos olhos, para no haver o risco de detalhes sobre a veste chegarem ao conhecimento dos rivais.

    Nestes anos, ser rainha do Carnaval era um posto cercado de muita pompa. Ilza Herzog Schultze, a Dona Zica, teve seu reinado em 1941, com 17 anos. Ela usou uma fantasia de rainha espanhola e, por isso, o Clube Literrio foi inteiramente decorado como se fosse um castelo na Espanha. Seu bloco o Olha o Grupo usou elaboradas fantasias com o mesmo tema. Para isso, foram mobilizados estilistas de Porto Alegre e arquitetos para decorao, tudo contratado

    O luxo dos carnavais de salo

    Rainha do Carnaval:

    Dona Zica em uma das

    vestes do reinado de

    1941

    No final do sculo XIX, comearam a aparecer os cordes carnavalescos. Eram formados por folies mascarados com feies de velhos, palhaos,

    diabos, reis, rainhas, ndios, baianas ou outros personagens. Esses grupos eram conduzidos por um mestre, ao comando de um apito. Em Rio Pardo existiam duas sociedades culturais rivais, a Sempre Viva e a Aucena. Elas no tinham vnculo carnavalesco, mas atravs delas que surgiram os primeiros cordes por volta de 1920. Quando foram extintas, os integrantes da Aucena formaram o cordo Tem Gente Ahi, enquanto a sociedade Sempre Viva formou o cordo Olha o Grupo. Esses blocos herdaram a rivalidade das duas antigas sociedades.No incio, os dois cordes pertenciam ao Literrio, mas pela rivalidade o Tem Gente Ahi se desvinculou do clube. Nesses primeiros tempos de folia, no existia Carnaval de rua. A nica manifestao que havia na rua era o desfile dos cordes se dirigindo aos clubes. Outros blocos que marcaram poca foram o Gato Preto bloco dos casados criado em 1941, o Palhaos e Peludos e o bloco infantil Vem

    Comigo, ambos criados em 1946.

    Cordes e blocos

    >> Olha o GrupoO nome surgiu porque um rio-pardense andava pela cidade gritando Olha o Grupo, e alguns rapazes comearam a imit-lo. Formavam um grupo muito animado e durante os bailes, no s de Carnaval, gritavam Olha o Grupo. Da, criou-se o cordo.

    >> Tem Gente AhiLogo aps a sada do Clube Literrio, o Tem Gente Ahi ficou sem lugar para realizar seus bailes de Carnaval, dependendo de arrumar prdio emprestado ou alugado. O primeiro baile fora do clube foi realizado provavelmente em 1928.

    Bloco Olha

    o Grupo,

    um dos mais tradicionais,

    em 1941

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    Manda gua

    No ano em que Dona Zica foi rainha do Carnaval havia sido lanada uma marchinha que dizia Manda gua pra ioi, manda gua pra iai... Coincidentemente, foi o ano da enchente de 41. Uma das brincadeiras na cidade era que a marchinha, de to executada no Carnaval de Rio Pardo, chamou a chuva causadora da enchente.

    Uma das tradies cultivadas na poca era a dos assaltos realizados antes do Carnaval. Os blocos iam at a casa de um dos membros, onde eram recebidos com petiscos ou jantar. Faziam tambm uma fantasia especfica para os assaltos, que era diferente da usada nos bailes.

    Assaltos

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    Bloco Tem Gente Ahi: belas

    fantasias para o Carnaval de salo

    pelo pai de Ilza, Oswaldo Herzog.Alm disso, o costume era a rainha ser

    buscada em casa por uma cavalaria e levada em carro aberto at o clube, passando pelas ruas centrais da cidade. Sua chegada ao clube era aguardada por todos, pois era ela quem autorizava o incio da folia. A coroao da rainha era feita em baile de gala e fantasia fina, onde se era recebida com honras de rainha mesmo, explica.

    No ano do reinado de Ilza, os dois blocos brincaram o Carnaval no Clube Literrio. As vestes da rainha foram confeccionadas em Porto Alegre, por estilistas especializados em fantasias e depois ficaram em exposio na capital gacha. A minha roupa era muito fina, brilhava muito e o manto era todo de renda bordada com strass, lembra.

    As quatro noites de Carnaval eram de muita festa ao som das marchinhas, cujas partituras eram adquiridas em lojas de msicas. Famlias inteiras se divertiam e todos brincavam juntos, comenta. Todas as fantasias eram bem-comportadas, sem nudez, e era uma diverso muito sadia.

    Ilza Herzog Schultze guarda a coroa da

    fantasia usada em 1941

  • Um padre que ama o Carnaval

    Os blocos e os cordes carnavalescos, tradicionais no final do sculo XIX e incio do sculo XX, deram origem s escolas de samba. No incio, estes grupos incorporavam msicos e saam s ruas, tocando e cantando marchinhas.

    Em Rio Pardo, onde os blocos j saam em 1920, as escolas com batucada surgiram na dcada de 1950, atravs da Unidos da Velha Guarda. Ela percorria as ruas e animava o povo, mas sem a organizao e as alas que se conhece hoje.

    O jornalista Rogrio Goulart lembra que a Velha Guarda tinha um ritmista muito popular, Airton Charo da Costa, conhecido como Mestre Caarola. Ele desfilava com uma caarola de ferro e fazia o ritmo usando uma baqueta. De tempos em tempos, arrastava a panela nas pedras das ruas, fazendo sair fascas e arrancando aplausos do pblico. Costa foi um dos fundadores da Embaixadores e, at hoje, a bateria da escola chamada Bateria Mestre Caarola.

    Goulart, que na poca era adolescente, diz que a entidade acendeu a vontade de ampliar o Carnaval de rua. Em 1959, na sua residncia, ocorreu a primeira reunio para fundar a Candangos. Era formada, na maioria, por frequentadores do Clube Literrio e considerada de classe mdia. O professor Nlvio Luiz Castanheiro da Silva, conhecido por Carrasco, foi um dos fundadores. No incio, era uma escola mirim. No entanto, seus integrantes foram se tornando adultos, trazendo namoradas ou amigos, e a escola cresceu. Hoje a mais antiga em atividade, mesclando moradores do Centro e dos bairros.

    Apaixonado por Carnaval, Marcelo Irineu Rezende Guimares foi letrista e responsvel pelo samba-enredo da Escola de Samba Candangos.Guimares tornou-se padre, atuou em Santa Cruz e em cidades da regio e hoje usa o nome de Dom Irineu. Ele monge beneditino, prior do Mosteiro da Anunciao do Senhor, em Gois, e est de malas prontas para morar em um

    mosteiro o sul da Frana. O Carnaval, no entanto, ele no esquece e diz que admira as escolas de samba, assim como a pera, o teatro e a liturgia religiosa.Filsofo, um dos fundadores da ONG gacha Educadores para a Paz. Em 2000, props

    Mocidade Independente de Padre Miguel que levasse o tema ao sambdromo, em 2001. A ideia foi abraada pela escola e o padre virou manchete nacional.

    Alguns dos mais importantes momentos festivos da Cidade Histrica contaram, e ainda contam, com a presena delas. As bandas marciais so parte importante da identidade do municpio. A Banda Marcial Drages de Rio Pardo foi criada em 1952, no Instituto de Educao Ernesto Alves. Foi batizada em 1966 e em 1983 comeou a usar o uniforme oficial, utilizado at hoje. Aps um perodo desativada, voltou a funcionar em junho de 1995. Hoje, os Drages realizam de 20 a 30 apresentaes por ano, inclusive fora do Vale do Rio Pardo. Anualmente, participam do concurso de bandas promovido pela Associao Gacha de Bandas Marciais (AGB). Foram campees em 1997 e 2007, e vices em 1998, 1999, 2000 e 2005.

    A Banda Marcial Granadeiros do Auxiliadora, do Instituto Educacional Auxiliadora, foi fundada em 1951. Chegou a contar com mais de 70 integrantes, entre msicos, comisso de bandeiras,

    baliza e corpo coreogrfico. Marcou presena em vrios festivais e concursos, sendo tetracampe estadual e campe do Sulbrasileiro. Participou do Concurso Nacional de Bandas na cidade de Taubat, SP, ficando em 2 lugar. Hoje, est desativada.

    J a banda da Escola Estadual de Ensino Mdio Fortaleza foi criada em 1952. Desativada em 1980, ela voltou em 2004, no desfile de 7 de Setembro. Com 50 membros, a banda entrou na Andrade Neves carregando uma faixa com a frase: O esforo e a unio da comunidade reativaram a Banda Marcial Fortaleza exemplo de cidadania. Ela representa um resgate da autoestima dos alunos, e tambm dos pais, comenta Slvia Stahler, vice-presidente da Associao de Amigos da Banda da Escola Fortaleza. Os jovens tm a chance de ocupar o tempo ocioso com uma atividade que encanta os rio-pardenses.

    Velha Guarda

    No ritmo das bandas marciais

    Banda da Escola Fortaleza

    >> Embaixadores Alm da Velha Guarda e da Candangos, na poca ainda surgiu a Black Boys, que no durou muito. Em 1968 apareceu a Embaixadores do Ritmo, integrada, basicamente, por moradores dos bairros. Carrasco, que foi um dos fundadores, conta que ela nasceu forte e logo se tornou a grande rival da Candangos. A disputa entre as duas sempre foi intensa. E isso foi positivo, pois fortaleceu o nosso Carnaval de rua.

    Hoje, o Carnaval de Rio Pardo conta com as escolas Candangos, Embaixa-dores do Ritmo e Realeza da Vila, na Classe A. Na B, esto a Unidos de Santa Luzia, Enamorados e Unidos da Vila Guerino. Os blocos mais importantes so o Pirilampos, Sacarrolha e Tentao. Mas existem ainda dezoito grupos que se apresentam na Rua Andrade Neves.

    Como hoje

    Drages de Rio Pardo

    Desfile das escolas atrai turistas para Rio Pardo

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    Junto com a feijoada, de forte influncia africana, o feijo mexido um prato tpico da culinria campeira. preparado a partir das sobras de feijo preto, ao qual se adiciona farinha de

    mandioca e outros condimentos.

    A fama do peixe fritoRio Pardo j foi conhecida como a cidade do peixe frito, pois os viajantes que chegavam estao de trem encontravam meninos vendendo postas de trara. Pesquisa da licenciada em Histria Antoanete Luiza Reis Alvarez mostra que, dos anos 20 at os 60, os moradores ribeirinhos pescavam, fritavam os peixes e enviavam seus filhos para vend-los na estao frrea.

    A professora explica que, com a funo do porto, muitos tinham renda baixa trabalhando na estivao e carregando mercadorias. Por isso, buscavam outras alternativas para aumentar os ganhos. Os trens da fronteira passavam por volta do meio-dia e os compradores geralmente eram os viajantes.

    Assim, a fama do peixe frito se espalhou. Eram traras preparadas em postas maiores, diferente dos filezinhos encontrados hoje. A prtica da pesca, preparo e venda do peixe frito durou at o trmino das viagens de trem para a fronteira. Antoanete comenta ainda que, depois disso, a comercializao continuou por alguns anos na estao rodoviria, no Centro da cidade.

    Antoanete: peixe na estao

    O churrasco e o arroz de carreteiro so os dois pratos mais caractersticos da culinria rio-grandense. Mas a gastronomia gacha

    bastante rica e diversificada. Fatores geogrficos e a predominncia de algum grupo tnico em determinada rea fazem com que se altere um pouco o padro alimentar da populao. JRio Pardo se caracteriza pela hibridez em sua culinria. Isso decorre em parte da sua localizao, e tambm porque recebeu a influncia de diferentes grupos tnicos: os negros; os ndios, cuja influncia muito maior do que normalmente se imagina; os espanhis do Prata; os portugueses e brasileiros de outras regies, que a se estabeleceram; e os colonos aorianos, alemes e italianos. O resultado uma mesa farta e muito peculiar.

    Cozinha hbrida

    Carreteiro: o arroz dos mercadores

    O mocot um prato que, presumivelmente, tem suas origens entre escravos e a populao mais pobre da regio Sul do Brasil. Surgiu em senzalas de charqueadas e em galpes de estncias, preparado e consumido por eles. O mocot era feito a partir de partes do gado bovino consideradas restos ou sobras da carneao. Costumeiramente so usados o bucho e as patas do animal, complementados com a adio de feijo branco e mais alguns condimentos. Tornou-se popular no Rio Grande do Sul e at hoje est presente em nossa mesa.

    Presena indgena na mesa

    A herana indgena na cozinha gacha pode ser verificada pela uti-lizao da mandioca e de seus pro-dutos (farinha, tapioca, beju, piro e mingau); o uso do milho assado, cozido e seus derivados (canjica, pa-monha, pipoca e farinha); o aprovei-tamento de plantas nativas (abbora, amendoim, car, batata-doce, banana e anans); o cozimento de alimentos na tucuruva (trempe de pedras) ou no moqum (grelha de varas) para assar carne ou peixe; o preparo do peixe assado envolvido em folhas; a moqueca e tambm a paoca de peixe ou de carne (feita no pilo); e o uso de bebidas estimulantes como o mate e o guaran.

    Mocot: comida de escravos

    Puchero,tipicamente espanhol, entrou no Rio Grande do Sul pela regio do Prata

    Durante muito tempo, o Rio Grande do Sul foi um deserto populacional. Com poucas cidades e vilarejos, as distncias percorridas poderiam demorar dias ou at mesmo meses, em razo das dificuldades de locomoo. As carreteadas eram as caravanas formadas por mercadores que se deslocavam pelo territrio para comercializar os mais diferentes produtos: mantimentos, tecidos, bebidas, facas, panelas, etc. O meio de transporte utilizado eram as carretas puxadas por juntas de bois. Os comerciantes eram conhecidos como carreteiros.

    Por passarem muitos dias afastados de casa e por no haver estabelecimentos onde pudessem dormir e se alimentar, o arroz de carreteiro se tornou a comida mais comum em seus acampamentos. Preparado com pedaos de charque e arroz, este prato ainda muito apreciado na culinria regional. O arroz de china pobre um derivativo do carreteiro. Ao invs de ser feito com charque ou carne de gado fresca, utiliza-se a linguia.

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    Arroz com charque , ao lado do

    churrasco, o prato mais tradicional da

    culinria gacha

  • A receita ensinada aos sobrinhos em uma tarde de inverno, no dia 5 de junho de 1965, teria sido responsvel por perpetuar a principal

    tradio gastronmica de Rio Pardo. Quem conta a histria o casal Pasqual e Maria Emlia Reina, em cuja famlia se mantm o segredo de como fazer os famosos sonhos uma massa doce e frita, originalmente sem recheio e coberta de acar. Segundo a histria local, Luclia Lisboa Fischer, portuguesa que veio morar em Rio Pardo e se casou com um filho de imigrante alemo, recebeu, por volta de 1865, a visita de uma irm que vivia em Portugal. Nessa visita, a irm lhe ensinou uma receita de sonhos portugueses.

    Como eram deliciosos, passaram a integrar o cardpio da famlia, como acompanhamento nos saraus. Dcadas mais tarde, quando Julieta e seu marido Frederico Fischer assumiram o restaurante da antiga Estao Ferroviria de Rio Pardo, passaram a vender os sonhos aos viajantes.

    Rapidamente, a fama da iguaria se espalhou e no faltava quem chegasse

    Sonhos: receita trazida de Portugal

    Rio Pardo sede do Festival dos Sonhos de Inverno, quando a tradicional iguaria, feita com a receita original, comercializada. O evento conta tambm com adaptaes originais, como recheios doces e salgados.

    ao restaurante da estao frrea solicitando sonhos para lev-los aos familiares e amigos de outras cidades. Tornaram-se conhecidos como Os Sonhos de Rio Pardo, transportados em latas grandes pelo Estado afora.

    Naquele inverno de 1965, Julieta Fischer transmitiu a receita para Pasqual e Maria Emlia Reina. Ela era tia de Maria Bopp da Silva Reina, me de Pasqual. Em uma visita ao jovem casal, Julieta ensinou-os a fazer a iguaria e explicou que estava lhes deixando sua herana. No dia que precisassem, era s preparar os sonhos que certamente venderiam. Pasqual e a esposa tiveram cinco filhos. Faziam os sonhos apenas para os familiares e amigos mais chegados.

    Quando se aposentaram ele era bancrio e ela, professora passaram a preparar os sonhos para vender e tambm ensinaram a receita aos filhos. Nunca pudemos trocar nada da receita, que feita sempre de forma artesanal, com massa batida na mo, comenta Maria Emlia. O casal j tentou fazer a guloseima com mquina industrial, mas o sabor foi alterado e tiveram que retornar ao modo tradicional.

    Muito bem guardada

    Atualmente, quem quer saborear os tradicionais sonhos de Rio Pardo com a receita original pode encontr-los nos domingos tarde, em frente ao Espao Cultural Panatieri, na esquina da Rua da Ladeira. Faz 14 anos que a famlia Reina vende sonhos nos domingos

    tarde no mesmo local, e tambm os comercializa nos eventos da cidade e sob encomendas para alguns clientes, inclusive de outras cidades da regio. Hoje os sonhos so fabricados pelas irms Ana Jlia e Ana Flvia Reina. A receita, como se v, continua guardada a sete chaves.

    Pasqual e MariaEmlia Reina preservam a receita original

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  • Melancias do Passo da AreiaA

    s melancias do Passo da Areia, no interior de Rio Pardo, so famosas por seu sabor e qualidade. H quem diga que o solo

    arenoso, apropriado para o cultivo, o responsvel pelo sucesso das frutas. J outros o atribuem s tcnicas de cultivo, que so at curiosas. Uma das prticas o rodzio de terrenos, de forma que a lavoura onde cultivada a melancia numa safra fica dois anos descansando, sem receber mudas.

    Moacir Silveira da Rosa um dos cerca de 70 produtores de melancia e representa a terceira gerao da famlia a produzir as frutas em ramas rasteiras nas terras do Passo da Areia. Os dois avs, tanto Dorival Rodrigues da Rosa como Aldio Rodrigues Silveira, foram produtores. Eles passaram o ofcio aos seus filhos, e esses a Moacir. Ningum sabe dizer quem comeou a produzir melancias no local,

    mas Moacir supe que a produo deva ter se iniciado para o consumo prprio. Como havia sobra, vendiam na cidade, at que algum viu que dava para ganhar dinheiro com isso, comenta.

    Aldio Rodrigues da Silveira, hoje com 85 anos, do tempo em que a produo e venda demandavam muito mais esforo. Ele ia de carroa ou carreta at as cidades de Rio Pardo e Santa Cruz do Sul para vender melancias. Comeou a produzir aos 18 anos. Cabiam de 35 a 40 frutas na carreta de bois e ele s vezes demorava dois dias para chegar nas cidades.

    Atualmente a produo tem alta tecnologia e transporte mais facilitado, mas a preferncia pelas melancias do Passo da Areia continua a mesma. Moacir e Aurides Rodrigues da Rosa cultivam em mdia 50 hectares por safra, com produo de cerca de 100 mil frutas, o que d em torno de 1 mil toneladas. As frutas vo para supermercados e fruteiras da regio central do Estado e tambm para a Ceasa de Porto Alegre. Mas a tradicional venda na beira da estrada ainda praticada. S em Santa Cruz do Sul, so duas barracas tradicionais onde, todos os veres, as pessoas podem comprar as melancias do Passo da Areia.

    Moacir comenta que algumas pessoas vm da Serra e de Porto Alegre e procuram as barracas de Santa Cruz do Sul para comprar melancias. Alguns at comentam que vo levar para presentear os amigos e familiares com as melancias de Passo da Areia, diz. A fama das frutas tanta que alguns produtores esto amadurecendo a ideia de criar um certificado ou selo para as melancias originrias da localidade.

    Aldio Rodrigues da Silveira viajava de carreta de boi at Venncio Aires para

    vender melanciasfO

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    Romalino da Silveira: clientes atendidos h 35 anos

    Charretes do leite

    H 35 anos, Romalino Marques da Silveira no falha ao compromisso: trs vezes por semana acorda s 4 horas da manh, ordenha as cinco vacas, carrega o leite na charrete, encilha o cavalo e ruma cerca de 20 km at chegar na Cidade Histrica. uma hora de viagem, de Passo da Areia, interior de Rio Pardo, at a cidade. faa chuva ou faa sol, seu Romalino nunca deixa a gente sem leite no caf da manh, conta a professora aposentada Lea Pellegrini ferreira, de 80 anos. A tradio de distribuir leite aos clientes em Rio Pardo, seu Romalino, hoje com 61anos, herdou de seu sogro, Jos garcia. Jos foi quem comeou nessa lida por volta de 1940, at que veio a falecer. Meu sogro morreu de infarto, numa manh fria, no caminho de volta pra casa, depois de atender as pessoas. E o cavalo levou ele at em casa, relata Romalino. Depois de Jos garcia , as filhas Orlanda e Ana, com cerca de 15 e 17 anos, assumiram as responsabilidades do pai. Ana casou-se com Romalino e agora ele quem bate de porta em porta para atender suas clientes.

    Promoo e Execuo: Gazeta do Sul

    UMA LUZ PARA A HISTRIA DO RIO GRANDE

    PROjETO RIO PARDO 200 ANOSGAZETA DO SU

    L GAZETA DO SUL GAZETA DO

    SUL GAZETA DO SUL

    Insurreiofoi sufocadapor A. Neves

    Brancos numaigreja, negrosem outra

    RINCO DOS PRETOS

    RESISTNCIA

    Na regio,da Fortalezaxxxxxxxxx

    NEgROS

    ABRIL 2009

    GAZETA DO SUL GAZETA DO S

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    O SUL

    Quando a vidaj era boa, veio a guerra

    O legado dedois mundosque se somam

    A CULTURA

    A PERSEGUIO

    A penosaadaptao em terra estranha

    O COMEO

    MAIO 2009

    Descendentes de italianos em Ibarama, no centro

    do Rio Grande do Sul: reunir amigos, jogar quatrilho, rir muito e no esquecer o vinho. Afinal, a vida boa

    Apoio: Universidade de Santa Cruz do SulEdio: Maria Rosilane Zoch RomeroAssistente Editorial: Otto TescheSuperviso: Romeu NeumannCoordenao: Olgrio VogtTextos: Cristina Severgnini, Elemir Polese, jos Augusto Borowsky, Lus Fernando FerreiraMapas e ilustraes: Fernando BarrosProjeto e diagramao: Paulo Cesar Meinhardt

    Gazeta Grupo de ComunicaesRua Ramiro Barcelos, 1.206, CEP 96.810-900Santa Cruz do Sul/RSwww.gazetadosul.com.brriopardo200anos@gazetadosul.com.brTelefone (51) 3715 7931

    Edio de fotografia e Superviso grfica: Mrcio O. MachadoAuxiliares de pesquisa: Fabia Behling, Rafael de Brito ViannaImpresso: Pallotti Porto Alegre

    Moacir da Rosa: tecnologia atual garante grande produo

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    GAZETA DO SUL GAZETA DO S

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    O SUL

    Santo mongee seus vriossucessores

    Igreja guardaum tesouroem madeira

    SO FRANCISCO

    CURANDEIROS

    Quebra-santoabala distritodo interior

    JOO RODRIGUES

    JUNHO

    GAZETA DO SUL GAZETA DO S

    UL GAZETA DO SUL GAZETA D

    O SUL

    A pioneira dofeminismo noRio Grande

    Fachada doteatro foipreservada

    APOLO

    ANNA AURORA

    Tranqueira cenrio paraa literatura

    LIVROS

    JULHO/2009

    PANATIERI NA BIBLIOTECA MUNICIPA

    L: NOS LIVROS, A HISTRIA BICENTENRI

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    AIA

    GAZETA DO SUL GAZETA DO S

    UL GAZETA DO SUL GAZETA D

    O SUL

    Em pedreiraabandonada,um paraso

    Os temposureos doCentenrio

    SOCIEDADE

    GAIA

    A fora e afria do maiorrio do Estado

    JACU

    AGOSTO 2009

    11

    O

    Estncia Boa Vista da Quinta,

    no interior de Rio Pardo: casa de 1886

    GAZETA DO SUL GAZETA DO S

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    O SUL

    PERSONALIDADES

    O boticrio que amavaRio Pardo

    QUINCA

    Herclito de Oliveira

    Protasio AlvesProtassiioio AA Allvlves

    Trajetriasque o tempono apagou

    Capela, no cemitrio, foi

    construda por deciso

    do ex-vereador

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    SETEMBRO 2009

    GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL GAZETA DO SUL

    Jogo do Ossotem origem naGrcia Antiga

    IMPRENSA

    LAZER

    As lendas que fascinam geraes

    TRADIO

    OUTUBRO/2009

    Os primeirosjornais deRio Pardo

    O Carnaval, marcado pela influncia da cultura dos antigos escravos, um dos momentos marcantes na vida de Rio Pardo

    Na Travessa da Matriz, ficava a tipografia de A Restaurao