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29 Psicologia: Teoria e Pesquisa Jan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 029-034 1 Trabalho baseado na Dissertação de Mestrado da primeira autora sob supervisão da segunda autora. As autoras agradecem o apoio do CNPq. 2 Endereço: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rua Ramiro Barcelos, 2600/108, Porto Alegre, RS, Brasil 90035-003. E-mail: [email protected]; [email protected] O Tornar-se Avó no Processo de Individuação 1 Caroline Dal Ri Kipper Rita Sobreira Lopes 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul RESUMO O tornar-se avó assinala um período de transição no ciclo de vida familiar, marcado por transformações psíquicas significativas para os avós, caracterizando a quarta individuação. Este trabalho teve como objetivo investigar a experiência de tornar-se avó e sua importância no processo de individuação. Foi utilizado delineamento de estudo de caso coletivo. Onze avós maternas, com idades entre 49 e 66 anos, cujas filhas tiveram seu primeiro filho, responderam a uma entrevista semi-estruturada. Todas as avós tinham tido seus primeiros netos e a entrevista referia-se a sua experiência como avós desses netos. Os dados mostraram que o ser avó é uma fonte de renovação e renascimento. O estudo propiciou que as participantes refletissem sobre seus diferentes papéis familiares: avó, mãe, neta e filha. Os dados sugerem que tornar-se avó possibilita que antigos conflitos sejam repensados, renovando antigos vínculos e desejos, o que permite que a avó dê mais um passo rumo à sua individuação. Palavras-chave: tornar-se avó; individuação; ciclo de vida familiar. Becoming a Grandmother in the Individuation Process ABSTRACT – Becoming a grandmother points out a transition period in the family life cycle, marked by significant psych transformations for the grandmothers, characterizing the fourth individuation. This study aimed at investigating the experience of becoming a grandmother and its importance in the individuation process. A collective case study design was used. Eleven grandmothers, aged 49 to 66, whose daughters had their first child, answered a semi-structured interview. All grandmothers had had their first grandchildren and the interview referred to their experience as grandmothers of these grandchildren. The results showed that being a grandmother is a source of renewal and rebirth. The study enabled the participants to reflect on their different family roles: grandmother, mother, grandchild and child. The data suggest that becoming a grandmother enables old conflicts to be re-thought, renewing old ties and desires, and as a result, enabling the grandmother to give one more step towards her individuation. Key words: becoming a grandmother; individuation; family life cycle. A segunda individuação acontece, segundo Colarusso (1990), na adolescência. Blos (1994) foi o autor psicanalítico que se dedicou a este momento evolutivo, em que o jovem revive suas relações primitivas com seus pais, necessitando de um trabalho psíquico bastante doloroso, que corresponde à separação e diferenciação das imagens internalizadas dos mesmos. A terceira individuação acontece com a experiência de parentalidade (Colarusso, 1990). O novo papel assumido com a parentalidade expande o self adulto e estimula a separação de seus próprios pais. Ao tornar-se pais, um novo papel é assumido, até então exclusivo ao território dos progenitores, emergindo um novo senso de paridade. É inevitável a com- paração dos novos pais, consciente ou inconsciente, com a criação que tiveram de seus pais. A quarta individuação se dá quando o indivíduo se torna avó ou avô (Colarusso, 1990). Os avós, no momento em que seus filhos tornam-se pais, precisam redefinir a nova posição que irão ocupar entre as gerações, e devem alterar a representação de seu filho e desenvolver novos vínculos com o neto. Assim, os avós, que estão resolvendo tarefas da meia-idade, como aposentadoria, doença, perda do cônjuge, direcionam sua atenção para essa criança que acaba de chegar e que representa o futuro genético deles mesmos, um futuro que irá permanecer, mesmo após suas mortes. O momento em que nasce um neto marca a passagem para uma outra fase no ciclo de vida familiar, que traz algumas modificações, não só na estrutura familiar, como na estru- tura psíquica dos novos avós – uma nova identidade tem de ser criada, novos papéis adquiridos. Apesar da importância deste momento no desenvolvimento adulto, chama a atenção a ausência de estudos focalizando o tornar-se avós nos seus aspectos evolutivos, em especial sua importância no processo de individuação, foco do presente estudo. Na literatura psicanalítica, há uma extensa literatura sobre o processo de separação e individuação na infância e na adolescência, mas há ainda pouco sobre o processo de separação e individuação no adulto (Colarusso, 1990). O processo de individuação tem seu início na diferenciação da criança de sua mãe, de sua natureza simbiótica, com a perda do objeto materno, o que caracteriza a primeira individuação (Mahler, 1982).

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Sobre o papel de avó no processo de individuação

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    Psicologia: Teoria e Pesquisa

    Jan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 029-034

    1 Trabalho baseado na Dissertao de Mestrado da primeira autora sob superviso da segunda autora. As autoras agradecem o apoio do CNPq.

    2 Endereo: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rua Ramiro Barcelos, 2600/108, Porto Alegre, RS, Brasil 90035-003. E-mail: [email protected]; [email protected]

    O Tornar-se Av no Processo de Individuao1

    Caroline Dal Ri KipperRita Sobreira Lopes2

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    RESUMO O tornar-se av assinala um perodo de transio no ciclo de vida familiar, marcado por transformaes psquicas signicativas para os avs, caracterizando a quarta individuao. Este trabalho teve como objetivo investigar a experincia de tornar-se av e sua importncia no processo de individuao. Foi utilizado delineamento de estudo de caso coletivo. Onze avs maternas, com idades entre 49 e 66 anos, cujas lhas tiveram seu primeiro lho, responderam a uma entrevista semi-estruturada. Todas as avs tinham tido seus primeiros netos e a entrevista referia-se a sua experincia como avs desses netos. Os dados mostraram que o ser av uma fonte de renovao e renascimento. O estudo propiciou que as participantes reetissem sobre seus diferentes papis familiares: av, me, neta e lha. Os dados sugerem que tornar-se av possibilita que antigos conitos sejam repensados, renovando antigos vnculos e desejos, o que permite que a av d mais um passo rumo sua individuao.

    Palavras-chave: tornar-se av; individuao; ciclo de vida familiar.

    Becoming a Grandmother in the Individuation Process

    ABSTRACT Becoming a grandmother points out a transition period in the family life cycle, marked by signicant psych transformations for the grandmothers, characterizing the fourth individuation. This study aimed at investigating the experience of becoming a grandmother and its importance in the individuation process. A collective case study design was used. Eleven grandmothers, aged 49 to 66, whose daughters had their rst child, answered a semi-structured interview. All grandmothers had had their rst grandchildren and the interview referred to their experience as grandmothers of these grandchildren. The results showed that being a grandmother is a source of renewal and rebirth. The study enabled the participants to reect on their different family roles: grandmother, mother, grandchild and child. The data suggest that becoming a grandmother enables old conicts to be re-thought, renewing old ties and desires, and as a result, enabling the grandmother to give one more step towards her individuation.

    Key words: becoming a grandmother; individuation; family life cycle.

    A segunda individuao acontece, segundo Colarusso (1990), na adolescncia. Blos (1994) foi o autor psicanaltico que se dedicou a este momento evolutivo, em que o jovem revive suas relaes primitivas com seus pais, necessitando de um trabalho psquico bastante doloroso, que corresponde separao e diferenciao das imagens internalizadas dos mesmos.

    A terceira individuao acontece com a experincia de parentalidade (Colarusso, 1990). O novo papel assumido com a parentalidade expande o self adulto e estimula a separao de seus prprios pais. Ao tornar-se pais, um novo papel assumido, at ento exclusivo ao territrio dos progenitores, emergindo um novo senso de paridade. inevitvel a com-parao dos novos pais, consciente ou inconsciente, com a criao que tiveram de seus pais.

    A quarta individuao se d quando o indivduo se torna av ou av (Colarusso, 1990). Os avs, no momento em que seus lhos tornam-se pais, precisam redenir a nova posio que iro ocupar entre as geraes, e devem alterar a representao de seu lho e desenvolver novos vnculos com o neto. Assim, os avs, que esto resolvendo tarefas da meia-idade, como aposentadoria, doena, perda do cnjuge, direcionam sua ateno para essa criana que acaba de chegar e que representa o futuro gentico deles mesmos, um futuro que ir permanecer, mesmo aps suas mortes.

    O momento em que nasce um neto marca a passagem para uma outra fase no ciclo de vida familiar, que traz algumas modicaes, no s na estrutura familiar, como na estru-tura psquica dos novos avs uma nova identidade tem de ser criada, novos papis adquiridos. Apesar da importncia deste momento no desenvolvimento adulto, chama a ateno a ausncia de estudos focalizando o tornar-se avs nos seus aspectos evolutivos, em especial sua importncia no processo de individuao, foco do presente estudo.

    Na literatura psicanaltica, h uma extensa literatura sobre o processo de separao e individuao na infncia e na adolescncia, mas h ainda pouco sobre o processo de separao e individuao no adulto (Colarusso, 1990). O processo de individuao tem seu incio na diferenciao da criana de sua me, de sua natureza simbitica, com a perda do objeto materno, o que caracteriza a primeira individuao (Mahler, 1982).

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    De acordo com Colarusso (1997), a aceitao das inevit-veis separaes e perdas, que acompanham a independncia, a tarefa desenvolvimental central do adulto de meia-idade. Outro fato estar face-a-face com a morte. O autor sugere que a preocupao com a conscincia de sua morte um poderoso organizador psquico que fora a um exame signicativo de todas as experincias passadas e tambm inuencia fortemente o processo de separao-individuao. Outras tarefas seriam manter a intimidade, transformar a relao com os lhos e integrar novos membros famlia, tornar-se avs, ter cuidados com a idade e a morte dos pais, e construir e manter amizades. O autor tambm destaca que a autonomia e a independncia de seus lhos estimula os pais a se separarem deles.

    O vnculo com os netos algo bastante particular, pois os avs tendem a idealiz-los. A idealizao intensa e in-vestimento nos netos servem como uma defesa contra as aies da idade avanada e a morte inevitvel, assim como uma chance mgica de reparar sua prpria vida, atravs da imortalidade gentica, e como uma recusa s imperfeies do self, atravs de uma identicao seletiva com qualidades dos netos (Colarusso, 1997).

    Para Robinson (1989), os avs que tm um bom relacio-namento com seus lhos adultos e com os cnjuges de seus lhos tm maior probabilidade de desenvolver uma relao graticante com seus netos. A autora tambm prope que os netos utilizam seus avs como objetos para identicao, pois unem suas prprias histrias e so uma fonte de prazer. Os avs, por sua vez, tm outra oportunidade de resolver a crise da meia-idade, ajudando os netos a superar suas crises evolutivas. Hader (1965) tambm arma que a sensibilidade e o entendimento que os avs tm ao lidar com seus netos podem fornecer um modelo de identicao para estes.

    O tornar-se avs traz muitas possibilidades para estes sujeitos e uma nova etapa para toda a famlia, pois abran-ge uma gerao a mais. Do ponto de vista das avs, Dias (1994) ressaltou que a chegada de um neto para a mulher de meia-idade pode ser uma soluo, por ter perdido seus lhos atravs do casamento. Assim, a av adquire uma nova importncia e utilidade, experenciando de uma outra forma ser me novamente, mas sem as responsabilidades que tinha quando foi me. A existncia de netos pode tambm contri-buir para a melhoria na qualidade do relacionamento entre pais e seus lhos (Lidz, 1983).

    Ao revisar a literatura sobre os avs no foram encontra-dos estudos que tenham investigado o tornar-se avs como marco evolutivo importante do desenvolvimento adulto. Os estudos enfocam predominantemente as avs como cuida-doras ou guras de apoio. Desta forma, o presente trabalho busca preencher uma lacuna, ao analisar um aspecto evolutivo do tornar-se av, o processo de individuao. O estudo teve como foco as avs maternas, j que a literatura aponta um envolvimento mais intenso das avs maternas com os netos (Fischer, 1983; Barros, 1987; Dias, 1994; Somary & Stricker, 1998). Visto que este momento bastante peculiar e traz grandes modicaes, espera-se realizar uma descrio dos aspectos mais importantes no tornar-se av, com um con-fronto entre quatro papis (av, me, neta, lha), inerentes ao processo de desenvolvimento na quarta individuao (Colarusso, 2000).

    Mtodo

    Participantes

    Participaram do estudo 11 avs maternas, cujas lhas estavam tendo seu primeiro lho e elas, o primeiro neto. Tinham idades entre 49 e 66 anos (mdia de 56 anos) e os netos, entre 3 e 4 anos, na poca da entrevista. Sete partici-pantes eram casadas, trs vivas e uma solteira. As prosses variaram, sendo que cinco participantes eram do lar, trs eram professoras aposentadas, uma advogada, uma telefonista aposentada, uma comerciria e uma contadora aposentada. O nvel escolar variou desde o Ensino Fundamental Incompleto (duas participantes), passando pelo Ensino Fundamental Completo (uma participante), Ensino Mdio Incompleto (duas participantes), Completo (quatro participantes) e Ensino Superior (duas participantes). O nmero de lhos tambm variou, sendo que oito participantes tinham dois lhos, duas uma lha e uma tinha trs lhos. O nmero de netos variou de um (sete participantes) a dois netos (quatro participantes). A maioria das participantes (seis) morava em Porto Alegre, trs moravam na Regio Metropolitana e duas no Litoral Gacho. Duas moravam com o neto.

    A amostra foi selecionada a partir dos participantes do Estudo Longitudinal de Porto Alegre: Da gestao Es-cola (Piccinini, Tudge, Lopes & Sperb, 1998), o qual foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa do Hospital de Clnicas de Porto Alegre. Participam do estudo aproxima-damente uma centena de famlias com vrias conguraes familiares (casadas, recasadas, solteiras), de diferentes idades (jovens e adultos), com escolaridades e nveis scio-econ-micos variados.

    Delineamento e procedimentos

    Foi utilizado neste estudo o delineamento de estudo de caso coletivo (Stake, 1994), de carter exploratrio. Este estudo teve por objetivo identicar as mudanas ocorridas nas participantes aps tornarem-se avs.

    Inicialmente, foi realizado contato telefnico com as avs, em que se explicava sucintamente a pesquisa e elas eram, ento, convidadas a participar, sendo agendada uma entrevista domiciliar. Com as avs que tinham esposos tambm era marcada uma entrevista com eles no mesmo instante, ou seja, uma pesquisadora e uma bolsista iam at a residncia do casal e as entrevistas eram realizadas com os dois em separado, no mesmo momento, para que no houvesse interferncia de um no outro. Nenhuma das avs se recusou a participar do estudo. As entrevistas com os avs no zeram parte do presente estudo.

    Instrumentos

    O Consentimento Livre e Esclarecido (GIDEP, 1998) foi assinado, no qual os participantes se declaravam cientes da sua participao na pesquisa, dando incio, dessa forma, coleta de dados. Em seguida, eram preenchidos os dados demogrcos e pessoais. Posteriormente, era realizada a Entrevista com av e av (Kipper & Lopes, 2002), que abordava temas referentes ao tornar-se av. Inclua aspectos

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    Tornar-se Av e Individuao

    da vida pessoal dos avs, reexes sobre o momento em que se tornaram avs, bem como todas as mudanas que ocorre-ram desde ento e em funo de sua nova condio de avs. Tambm era investigada a relao com a lha, antes e depois de ela ter tido um lho.

    A infncia dos participantes era relembrada, quando era abordada a relao com os prprios avs, e o ltimo tpico relacionava-se ao envolvimento com os pais, especialmente quando estes se tornaram avs e quando a participante teve o primeiro lho. Cada tpico investigado era apresentado inicialmente s avs em forma de uma questo ampla (ex: Gostaria que a senhora me falasse um pouco sobre o momen-to em que soube que ia ser av). Caso a resposta da av no fosse muito explcita, eram ento usadas outras questes que ajudavam a esclarecer os tpicos investigados (ex: Como a senhora recebeu a notcia de que ia ser av? Neste momento a senhora j estava pensando na idia de ser av?).

    Resultados

    Anlise de contedo (Bardin, 1977; Laville & Dione, 1999) foi utilizada para se examinar o tornar-se av e o processo de individuao. Para ns de anlise, os dados das entrevistas foram agrupados em quatro eixos temticos: Experincia como Av, Experincia como Me, Experincia como Neta e Experincia como lha. Em cada um destes eixos, buscou-se o entendimento de como vivenciou cada papel, e seus novos signicados em funo de ter se tornado av, assim como a nova possibilidade de resoluo de antigos conitos e desejos. Assim, o Eixo I, Experincia como Av, buscou explicitar como se deu a experincia de tornar-se av. O Eixo II, Expe-rincia como Me, teve por objetivo analisar em que medida o fato de ter um neto fez a av reviver sua experincia como me, ao ter a prpria lha. J o Eixo III, Experincia como Neta, tratou da vivncia das mulheres como netas, e como isso repercute agora em que tambm so avs. E, por m, o Eixo IV, Experincia como Filha, apresenta uma anlise sobre a relao das mulheres, na posio de lhas, com suas mes e seus pais, especilamente aps eles terem se tornado avs

    Experincia como av

    O tornar-se av, de uma forma geral, era uma expectativa que havia se realizado para quase todas as avs entrevistadas, as quais relataram que o momento em que souberam que iam ser avs foi maravilhoso e muito aguardado: saber que ia ser av foi a melhor coisa porque me deu um nimo, sabe?.

    Nove avs relataram que na ocasio de se tornarem avs j estavam pensando na idia, inclusive achavam que j es-tavam na idade de ser avs. Duas relataram que a notcia foi uma surpresa, pois no estavam esperando ser avs naquele momento, embora j pudessem se imaginar neste papel. As mesmas duas avs demonstraram que o recebimento da notcia foi um momento de decepo, pois no achavam que a lha devesse ser me ainda. Isto sugere que o momento de receberem a notcia de que vo se tornar avs, de con-fronto com a realidade, pode no ser muito agradvel para algumas.

    Ao se tornarem avs, algumas j tinham uma idia de como seria, que era como haviam imaginado, ou at melhor

    do que haviam imaginado: eu sempre digo que a melhor coisa do mundo ser av, sendo que para duas delas era melhor do que ser me:

    melhor que ser pai e me, eu acho que melhor porque a gente talvez esteja menos preocupada que a me... Eu s sei que ser me como uma gostosa torta, e ser av uma gostosa torta com chantily em cima.

    Alguns temas surgiram quando as avs falavam sobre o seu papel de av e o seu signicado. O ser av foi citado como sendo algo renovador, que os netos vinham para preencher um vazio experenciado pela idade: ser av renascer... ter mais nimo de vida; tava muito pra baixo e renovou tudo de novo; ele recarrega as minhas foras.

    Chama a ateno que das 11 avs entrevistadas, nove relataram no ter tido um modelo de av a seguir: tive dois modelos pssimos de av... mas sempre soube que ser av, ter av era uma coisa maravilhosa, eu no tinha boas avs; j vem com a gente. Essas avs que no tiveram suas avs como modelo procuravam resgatar com os netos as vivncias que no tiveram.

    Experincia como me

    Um dos aspectos que se destacou em todas as entrevistas foi que o nascimento do neto fez com que as avs se lembras-sem dos nascimentos de suas lhas: eu revivi tudo, contava pra ela (lha) como foi e pegava ele (neto) e parecia que tava pegando ela (lha), eu revivi o passado. Elas relata-ram que, aps verem o neto, o compararam com suas lhas no momento em que nasceram, e tambm revivenciaram os prprios partos e as diculdades por que passaram. Para elas, foi um momento de muita emoo, em que parece que passa um lme de suas vidas.

    Com exceo dos casos que tinham seus maridos doentes para cuidar, todas as outras avs relataram ter ajudado a lha nos primeiros cuidados ao neto. Elas contam que ajudaram o mximo que podiam, a maioria delas tendo cado na casa das lhas por alguns dias, dando uma assistncia em tempo integral a elas e aos netos: eu sempre deixava pra ela tomar as decises, mas sempre ajudando ela, dando apoio nas inse-guranas dela. As duas avs que no puderam acompanhar os primeiros dias dos netos relataram ter se sentido frustradas, tristes, pois gostariam de ter podido ajudar, e reconheceram que neste momento a ajuda das mes era muito importante: e eu tenho assim, um complexo de culpa, uma dor de eu no ter podido car l.

    Todas as mulheres entrevistadas relataram ter acompanha-do de uma forma muito prxima a gestao de suas lhas. Elas contaram que se preocupavam com a alimentao da lha, a acompanhavam nas consultas mdicas e ecograas, faziam companhia enquanto o genro estava trabalhando e tambm gostavam de ajudar na compra do enxoval do beb.

    As avs compararam seu papel de av com o papel de me, quando tinham os lhos pequenos. Sete delas referiram que hoje so avs diferentes do que foram mes com lhos pequenos: eu sou uma me mais doce com os netos. To-das referiram que na poca em que os lhos eram pequenos trabalhavam muito e no tinham tempo para se dedicar aos

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    C. D. R. Kipper e R. S. Lopes

    lhos, especialmente brincar com eles. Hoje, como tm mais tempo livre podem aproveitar mais o tempo com os netos, brincando. Outro ponto destacado foi o tipo de brincadeira, sendo que quase todas estas sete avs relataram que atualmen-te tm mais disposio e colocam-se na posio da criana, brincando no cho com elas, coisa que no faziam com os lhos. O que elas acharam que continua semelhante ao modo como foram mes e como so avs o carinho e amor dispensado a eles, os cuidados necessrios, como higiene e alimentao, fazer a comida que gostam, fazer as vontades, pr limites, contar histrias.

    Tambm foi relatado que na poca em que a lha era pequena, algumas das atuais avs trabalhavam demais e hoje querem dar aos netos tudo que no puderam dar lha: eu reconheo que tudo que eu no pude fazer pela lha eu no deixei isso acontecer com a neta. As avs relataram que hoje tm mais tempo para os netos do que tinham para os lhos quando eram pequenos e que a me ou a sogra, ou seja, as avs de seus lhos que faziam com seus lhos o que hoje elas fazem com os netos: o que eu to fazendo hoje a minha me fazia e eu dizia pra no fazer todas as vontades, ela dizia deixa, a mesma coisa eu digo agora pra minha lha.

    As avs tambm falaram sobre o seu relacionamento com as lhas que lhe deram o primeiro neto ou neta. Algumas delas relataram que sempre tiveram bons relacionamentos com elas, sendo enfatizada a grande proximidade que existe com a lha: ela me, amiga, lha, v, pai, tudo, a gente muito amiga. Por outro lado, algumas relataram ter tido um relacionamento conituoso com a lha durante sua adolescncia. Todas elas caracterizaram seu relaciona-mento atual com a lha como bom ou muito bom. Tambm foi citado que o relacionamento com a lha melhorou aps sua lha ter se tornado me: a lha comigo melhorou, ela se tornou mais preocupada comigo; ela cou mais madura porque depois que a gente se torna me, a gente amadurece, at valoriza mais a me depois.

    De acordo com 10 avs, as lhas as consideravam boas avs e no interferiam no seu relacionamento com os netos: eu fao o que eu quero, se eu quero pegar pra sair eu te-lefono, e tambm o que eu fao com ele durante o dia ela no liga.

    Para nove avs, h uma diferena no envolvimento com o neto por parte das avs maternas e paternas. Elas acham que h uma proximidade maior delas com os netos, vem os netos com mais freqncia, alm de acharem que so mais envolvidas:

    a outra v no se importa, ela no se envolve assim se eles tm ou se no tm alguma coisa, se elas tomaram banho ou no, se elas mamaram ou no, se t doente. Eu todo dia se eu no vou l eu ligo.

    Experincia como neta

    Algumas avs no conviveram com os avs maternos, outras com os paternos. Apesar dos diferentes tipos de con-vivncia, havia em comum um sentimento de que eles eram distantes. Pode ser esta a razo pela qual a maioria das avs disse que a forma como so avs diferente do modo como seus avs eram com elas quando tinham a idade que seus

    netos tm hoje: antigamente no faziam o que a gente faz hoje em dia porque naquela poca eram mais rgidos, bem diferente. Todas relataram que seus avs eram mais severos e enrgicos com elas, e algumas acrescentaram que no eram carinhosos, nem tinham uma proximidade com elas: a gente no podia chegar nem perto, eu me lembro que a minha v materna ia l em casa era como se fosse uma santa, ns beijvamos a mo dela.

    Algumas avs contaram que com os netos voltaram a ser crianas, ou que ao serem avs estavam sendo netas novamente, sendo as avs que no tiveram: na verdade eu tava querendo ser neta de novo, pois eu no tive av; eu fao tudo o que eles no faziam, acho que pra compensar. Estes dados mostram que o tornar-se av faz reviver no apenas a experincia como me, mas tambm as vivncias infantis como neta.

    Experincia como lha

    Ao comparar o modo de serem avs com a forma como seus pais foram avs de seus lhos, quando estes tinham a idade de seus netos, sete delas relataram que so diferentes: como se diz aquela plantinha que tu vai regando vai cres-cencdo, eu penso que no que eles no tivessesm amor pra dar, mas de repente no tinham tempo pra cultivar.

    Para nove avs entrevistadas, o relacionamento com o pai e a me, antes de serem mes, era bom, sendo que para algumas delas melhorou aps o nascimento do neto: como se faltasse alguma coisa, um elo pra aquele relacionamento, o que veio com o meu neto. Mas para as outras seis entre-vistadas, o relacionamento com o pai e a me permaneceu igual. Algumas avs passaram a valorizar mais os pais por tudo que eles passaram por elas: eu passei a reconhecer, valorizar mais a minha me, tudo que ela se doou, acho que aconteceu com todas as lhas.

    Discusso

    Ao investigar o momento do tornar-se av, oportunizou-se que as avs reletissem sobre o seu papel de avs e sobre os outros papis que exerceram e ainda tm exercido ao longo de suas vidas. Antes de serem avs, foram lhas, netas e mes. Como lhas desenvolveram uma relao particular com seus pais, uma forma de relacionar-se que trazem consigo, como uma bagagem, e que as permitiu apreender um modelo de re-lacionar-se com os outros. E, independentemente ou no desta relao, tiveram outra com seus avs, que tambm deixou marcas e expectativas de como uma av deve ser. Como mes tambm puderam desenvolver outra relao e experimentar um novo papel, diferente dos que j haviam vivido.

    A primeira individuao se deu enquanto ainda eram crianas, medida que foram se diferenciando da me (Mahler, 1982). Na adolescncia, tiveram seus conitos tpicos da idade, em busca de sua autonomia, o que as proporcionou a segunda individuao (Blos, 1994). Ao se tornarem mes, na terceira individuao (Colarusso, 1990), uma nova estrutura psquica se formou, em que uma relao de intimidade gerou um lho. Nesse momento, presenciaram a construo de um novo papel, para seus pais, em que estes exerceram a funo de avs. Aqui j houve um confronto

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    Tornar-se Av e Individuao

    entre o que elas assimilaram de um relacionamento entre avs e netos, atravs de sua relao com seus avs, e seus prprios pais como avs.

    Por se tornarem mes, tambm puderam colocar-se no lugar de suas mes, e essa experincia as forneceu a opor-tunidade de compreend-las. Uma nova relao surgiu, com seus descendentes, em que experenciaram seu papel de me, alternando momentos prazerosos e momentos difceis. Mais tarde, quando j na meia-idade, outra mudana, o tornar-se av, oportunizou que elas reavaliassem sua vida, caracteri-zando a quarta individuao (Colarusso, 1990, 1997, 2000). Puderam, assim, estabelecer uma nova relao com outra criana, amparada em laos co-sangneos, sendo assegu-rada a sua continuidade gentica. Os resultados do presente estudo mostraram que, apesar das peculiaridades de cada av, todas experenciaram uma reexo sobre suas vidas, seus papis, seus relacionamentos. Hoje, aps anexarem esta experincia a suas vidas, tornaram-se pessoas diferentes, com outros propsitos e outras resolues para antigos con-itos. O contato com os netos permitiu que se renovassem os vnculos com suas lhas, suas mes, e com suas avs. Uma nova constelao familiar se formou, e novos papis se agregaram aos j existentes, inaugurando uma nova etapa de vida, reorganizando a identidade feminina.

    De acordo com Carter e McGoldrick (2001), em cada fase do ciclo de vida familiar h tarefas especcas a se-rem resolvidas, mas em cada ponto de transio os antigos conitos, que no foram solucionados, tm novamente uma chance de se desfazer. Assim como ao se tornar pai e me, ao se tornar av e av h uma possibilidade de elaborao de conitos anteriores. Colarusso (1997) aponta a transio para o tornar-se av como um destes momentos em que os conitos ressurgem e em que, atravs dos netos, conitos com os lhos, com os pais, e consigo mesmo, podem ser reelaborados, caracterizando-se o que o autor denomina a quarta individuao.

    O presente estudo traz evidncias sobre o ressurgimento de questes infantis e da tentativa de elaborao das mesmas no tornar-se avs. Assim, pode-se concluir que estas questes so reativadas no apenas pela parentalidade, como desta-cam alguns autores que trabalham com o desenvolvimento emocional (Brazelton & Cramer, 1992), mas ressurgem no tornar-se av, caracterizando a quarta individuao. O lho representa uma promessa de realizao de desejos infantis, tais como o desejo de onipotncia e completude, de simbiose e fuso, de realizao de ideais e oportunidades perdidas, de renovao de antigos vnculos. O neto representa uma segunda chance de reparao das experincias infantis e de superao dos pais, na medida em que os avs podem imaginar que agora com o neto nalmente iro conseguir realizar os desejos que no puderam ser realizados com seus prprios pais, na posio de lhos, com seus avs, na posio de netos, ou com seus lhos na posio de pais. No presente estudo, todas as avs relataram que quando seus lhos eram pequenos, tinham que trabalhar e no tinham muito tempo para brincar com eles, por exemplo. Desta forma, procuravam resgatar com os netos a vivncia que no puderam ter com os lhos e proporcionar a eles tudo o que no puderam dar aos lhos. Os resultados do presente estudo mostraram ainda que o nascimento do neto representa, para muitas avs, o

    seu prprio renascimento, e uma nova chance de realizao de oportunidades perdidas. Ou seja, o neto tem o poder de reavivar nos avs seus desejos, sonhos, ideais que no pu-deram ser realizados.

    Com relao ao desejo de fuso, os avs tm a experin-cia de perda dos lhos, devido ao crescimento destes, mas o desejo de fuso pode ser alimentado pelos netos, contra-pondo-se aos sentimentos negativos de perda (Colarusso, 2000). O sentir-se fusionado com o neto apareceu no relato de algumas avs, assim como a percepo de que o neto era como um lho.

    O desejo narcsico de completude, que surge com a parentalidade (Brazelton & Cramer, 1992), tambm pode se evidenciado nas avs. No presente estudo, o nascimento do neto trouxe para as avs lembranas do nascimento das prprias lhas, sendo que o momento do parto das lhas representou uma reconstruo de seus prprios partos. Os relatos mostraram que h uma recordao quase el do dia do nascimento das lhas, com uma riqueza de detalhes e identicaes com o momento atual, em que a lha repetia a mesma situao das mes. Assim, o mesmo sentimento de estar se completando revivido, integrando tempos distantes, mas que tm muito em comum. Muitas avs tambm rela-taram que os netos vieram preencher um vazio provocado, entre outras coisas, pela sada da lha de casa, evidenciando, uma vez mais, o desejo de completude.

    A relao da nova av com a prpria lha que se torna me fortalecida com estes novos acontecimentos e surgi-mento de novos papis (Barros, 1987). A lha vista de uma forma mais madura pela me, pois o sofrimento de tornar-se me provoca uma identicao entre as duas geraes, e a lha adulta reconhecida como tal. Para Colarusso (1997), a autonomia dos lhos estimula a independncia dos pais.

    Uma das questes que chamou a ateno foi o fato de que a maioria das avs no teve modelos de avs. Na entrevista utilizada no presente estudo, tinha-se uma questo sobre onde buscaram os modelos de avs, se na prpria infncia, com os avs, ou j na vida adulta, com os pais sendo avs de seus lhos. As participantes do estudo relataram que no tempo em que eram crianas, os avs eram mais distantes emocionalmente e a relao dos netos com os avs era formal. A vivncia dos prprios pais como avs tambm no serviu como modelo. Para Bowen (1991), autor da abordagem familiar sistmica, o processo de individuao consiste na tentativa de diferenciao em relao famlia de origem. Desta forma, ao reetir sobre seu papel de av, comparado forma como seus pais foram avs, a av est diferenciando-se deles, e construindo seu modo particular de vivenciar este papel. Pode-se concluir que o tornar-se av propicia uma reexo e uma construo particular do que ser av, e em-bora os avs e os pais no sirvam como modelos perfeitos, so sempre um modelo de referncia, mesmo ao desejarem ser avs diferentes.

    Para nalizar, espera-se que este estudo tenha contribu-do para compreender o tornar-se av como um importante marco evolutivo do desenvolvimento adulto, pouco abordado nos estudos sobre avs. O foco no processo de individuao especialmente importante e praticamente ignorado pela literatura, podendo contribuir para um melhor entendimento dos aspectos emocionais envolvidos no processo de tornar-se

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    C. D. R. Kipper e R. S. Lopes

    av. Uma limitao do estudo consiste no fato de a coleta de dados ter sido realizada em um nico momento, em que os netos estavam com 3 ou 4 anos de idade. Estudos futuros poderiam acompanhar, atravs de delineamento longitudi-nal, o tornar-se av desde o perodo gestacional da lha, possibilitando, assim, melhor apreender o desenrolar dos processos evolutivos na av. Sugere-se, tambm, que estudos futuros possam investigar as avs paternas, bem como os avs maternos e paternos, com o intuito de analisar as suas peculiaridades.

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    Recebido em 03.03.2005Primeira deciso editorial em 11.10.2005

    Verso nal em 16.12.2005Aceito em 13.02.2006

    NORMAS DE PUBLICAO

    So adaptadas de Publication Manual of the American Psy-chological Association (APA, 5 Edio, 2001) e podem ser consultadas ao nal de cada nmero (verso impressa ou online) ou no stio: http://www.revistaptp.org.br