Upload
flavio-ricardo
View
6
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
3
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
3.1 Caracterização Ambiental
A caracterização ambiental tem por finalidade relacionar as atividades previstas
para a área de proteção (científicas, culturais, recreativas, preservacionista) e os locais
mais apropriados à sua realização, conforme as características físicas e bióticas locais, com
propósito de compatibilizar a conservação dos recursos naturais com outros usos
(PIVELLO, 1998). Mostrando-se essa necessidade, o Decreto Federal nº 99.274, de
06/06/90, estabelece um raio de proteção de dez quilômetros ao redor das Unidades de
Conservação, onde as atividades deverão ficar subordinadas às normas editadas pelo
IBAMA (BRASIL,1990).
A análise e a interpretação da estrutura da paisagem possibilitam a obtenção de
um conjunto de conhecimentos essenciais para o planejamento de uma área ou região,
permitindo identificar os principais impactos negativos que afetam os ecossistemas do
planeta, buscando, a partir de princípios do desenvolvimento sustentável, soluções
compatíveis às esferas ecológica, social, cultural e econômica (ZANELLA, 2006).
Para realizar a análise da estrutura da paisagem, inicialmente é necessário um
diagnóstico ambiental, por meio de estudos sobre os aspectos físicos, bióticos e antrópicos
da paisagem, sendo que esta caracterização é fundamental para o planejamento das
atividades agrícolas.
O documento técnico apresentado pelo interessado ao requerer a licença ou
autorização ambiental, é o Roteiro de Caracterização do Empreendimento (RCE), onde
4
contém os estudos que devem ser realizados por profissionais que detenha habilitação legal
para a sua execução, sendo necessário o registro da Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART) ou similar (de acordo com o Conselho Profissional). Através do RCE, são
fornecidas as principais informações sobre a atividade a ser implantada, as características
da área afetada, os objetivos pretendidos e as possíveis interferências no meio ambiente.
É de extrema importância que o Roteiro de Caracterização seja realizado de
forma bastante criteriosa, fornecendo todas as informações solicitadas e contendo os
anexos necessários, como plantas, mapas de localização, estudos ambientais e fotografias,
dentre outros que sejam indicados.
3.2 Zoneamento Ecológico Econômico do Litoral Norte
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), é definido pela Lei Estadual nº
10.019/98 como sendo “o instrumento básico de planejamento que, através de
instrumentos específicos, permite a gestão dos recursos naturais da Zona Costeira, de
forma integrada e participativa, visando a melhoria da qualidade de vida das populações
locais, fixas e flutuantes, objetivando o desenvolvimento sustentado da região, adequando
as atividades humanas à capacidade de regeneração dos recursos e funções naturais
renováveis e ao não comprometimento das funções naturais inerentes aos recursos não
renováveis”.
O ZEE é um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, conforme no
inciso II do artigo 9º da Lei n.º 6.938/1981, e regulamentado pelo Decreto Federal Nº
4.297/2002, e também é previsto no Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro pela lei
federal nº 7.661/1988, como instrumento de gestão da zona costeira. O Governo Federal
editou-se o Decreto nº 5.300/04, regulamentando a Lei nº 7.661/88, esse Decreto Federal
estabeleceu cinco zonas seguindo a tipologia contemplada na Lei Estadual nº 10.019/98.
A seguir, os quadros apresentam sobre o zoneamento terrestre e a classificação da
orla marinha:
5
Quadro 1 – Zoneamento Terrestre
ZONEAMENTO TERRESTE
ZONA Z1
Zonas Criterios de enquadramento Metas
Zona que mantem os ecossistemas primitivos em pleno equilibrio ambiental, ocorrendo uma diversificada composição funcional capaz de manter de forma sustentada, uma comunidade de organismos balanceada integrada e adaptada, podendo ocorrer atividades humanas de baixo efeito impactante
- Ecossistema primitivo com funcionamento integro;- Cobertura vegetal integra com menos de 5% de alteração;- Ausência de redes de comnicação local, acesso precario com predominancia de trilhas habitações isoladas e captação de agua individual;- Ausência de cultura com menos de 1 há. (total menos que 2%)- Elevadas declividades (média acima de 47% com riscos de escorregamento);-Baixadas com drenagem complexa com alongamento pemanentes/frequentes.
- Manutenção da integridade e da biodiversidade dos ecossistemas;- Manejo ambiental da Fauna e
Flora;
- Atividades educativas.
ZONA Z2
Zonas Criterios de enquadramento Metas
Zona que apresenta alterações na organização funcional dos ecossistemas primitivos, mas capacitada para manter em equilibrio uma comunidade de organismos em graus variados de diversidade, mesmo com a ocorrência de atividades humanas intermitentes ou de baixo impacto em áreas terrestres, a zona pode apresentar assentamentos humanos dispersos e pouco populosos, com pouca integração entre si.
- ecossistema funcionalmente pouco modificado; -covertura vegetal alterada entre 5% e 20% da área total;- Assentamentos nucleados com acessos precários e baixos niveis de eletrificação e de caráter local;- Captação de agua para abastecimento semicoletivas ou para áreas urbanas;- Áreas ocupadas com culturas, entre 2% e 10% da área (roças e pastos);- Declividades entre 30 e 47%;- Baixadas com inundação.
- Manutenção funcional dos ecossistemas e proteção aos recursos hídricos para o abastecimento e para a proditividade primária, por meio de planejamento do us, de coservação do solo e saneamento simplificado;- Recuperação natural;- Preservação do patrimônio paisagístico;- Reciclagem de resíduos;- Eduacação ambiental.
ZONA Z3
Zonas Criterios de enquadramento Metas
Zona que apressenta os ecossistemas primitivos parcialmete modificados, com dificuldades de regeneração
- Ecossistema primitivo parcialmente modificado; - Cobertura vegetal alterada ou desmatada entre 20 e 40%;
- Manutenção das principais funções do ecossistema; - Saneamento e drenagem simplificados;
6
natural pela exploração ou supressão, ou substituição de alguns de seus componentes pela ocorrência de áreas de assentamentos humanos com maior integração entre si.
- Assentamento com alguma infraestrutura, interligado localmente (bairros rurais); - Culturas ocupando entre 10 e 20% da área; - Declividade menor que 30%; - Alagadiços eventuais; - Valor do solo baixo
- Reciclagem de resíduos; - Educação ambiental; - Recuperação induzida para controle da erosão; - Manejo integrado de bacias hidrográficas; - Zoneamento urbano, turístico e pesqueiro.
ZONA Z4
Zonas Criterios de enquadramento Metas
Zona que apresenta os ecossistemas primitivos significativamente modificados pela supressão de componentes, descaracterização dos substratos terrestres e marinhos, alteração das drenagens ou da hidrodinâmica, bem como pela ocorrência em áreas terrestres de assentamentos rurais ou periurbanos descontínuos e interligados, necessitando de intervenções para sua regeneração parcial..
- Ecossistemas primitivos muito modificados; - Cobertura vegetal desmatada ou alterada entre 40 e 50 % da área; - Assentamentos humanos em expansão relativamente estruturados; - Infra-estrutura integrada com as áreas urbanas; - Glebas relativamente bem definidas; - Obras de drenagem e vias pavimentadas; - Valor do solo baixo a médio.
- Recuperação das principais funções do ecossistema/ monitoramento da qualidade das águas; - Conservação ou recuperação do patrimônio paisagístico; - Zoneamento urbano, industrial, turístico e pesqueiro; - Saneamento ambiental localizado.
ZONA Z5
Zonas Criterios de enquadramento Metas
Zona que apresenta a maior parte dos componentes dos ecossistemas primitivos, degradada ou suprimida e organização funcional eliminada devido ao desenvolvimento de áreas urbanas e de expansão urbana contínua, bem como atividades industriais, de apoio, terminais de grande porte, consolidados e articulados.
- Ecossistema primitivo totalmente modificado; - Cobertura vegetal remanescente, mesmo que alterada, presente em menos 40% da área, descontinuamente; - Assentamentos urbanizados com rede e área consolidada; - Infra-estrutura de corte; - Serviços bem desenvolvidos; - Pólos industriais; - Alto valor do solo.
- Saneamento ambiental e recuperação da qualidade de vida urbana, com reintrodução de componentes ambientais compatíveis; - Controle de efluentes; - Educação ambiental; - Regulamentação de intervenção (reciclagem de resíduos ) na linha costeira(diques, molhes, piers, etc.); - Zoneamento urbano/industrial; - Proteção de mananciais.
FONTE: http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2011/05/Zoneamento-Ecologico-Economico_Litoral-Norte.pdf
Quadro 2 – Classificação da Orla Marítima
7
FONTE: http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2011/05/Zoneamento-Ecologico-Economico_Litoral-Norte.pdf
CLASSIFICAÇÃO DA ORLA MARITIMA
Características Sócio Ambientais Diretrizes para Gestão Uso e Atividades Permitidos
- Abrigada não urbanizada;- Exposta não urbanizada;-Semi-abrigada não urbanizada;- Especial não urbanizada.
Classe ATrecho da orla marítima com atividades compatíveis com a preservação e conservação das características e funções naturais; possui correlações com os tipos que apresentam baixíssima ocupação, paisagens com alto grau de conservação e baixo potencial de poluição.
PreventivaPressupõe a adoção de ações para conservação das características naturais existentes.
- Abrigada em processo de urbanização;- Exposta em processo de urbanização;- Semi-abrigada em processo de urbanização; - Especial em processo de urbanização.
Classe BTrecho da orla marítima com atividades compatíveis com a conservação da qualidade ambiental ou baixo potencial de impacto; possui correlações com os tipos que apresentam baixo a médio adensamento de construções e populações residentes, com indícios de ocupação recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade humana e médio potencial de poluição.
ControlePressupõe a adoção de ações para usos sustentáveis e manutenção da qualidade ambiental.
- Abrigada com urbanização consolidada; - Exposta com urbanização consolidada;- Semi-abrigada com urbanização consolidada; - Especial com urbanização consolidada.
Classe CTrecho da orla marítima com atividades pouco exigentes quanto aos padrões de qualidade ou compatível com um maior potencial impactante; possui correlação com os tipos que apresentam médio a alto adensamento de construções e populações residente, com paisagens modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial de poluição sanitária, estética e visual.
CorretivaPressupõe a adoção de ações para controle e monitoramento dos usos e da qualidade ambiental.
8
Pela Lei Estadual nº 10.019/98, o litoral paulista não é um todo ambiental
homogêneo, apresentando-se diferentes potencialidades e características espaciais e
socioambientais especificas de cada território, por isso foram divididos em Setor Litoral
Norte, Setor da Baixada Santista, Setor Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia
e Setor Vale do Ribeira.
O Setor Litoral Norte possui uma área com 1.977 km², abrangendo os municípios
de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba, e distingue-se pela potencialidade
turística e sua diversidade de recursos naturais, podendo causar problemas como a
especulação imobiliária, parcelamento irregular do solo, a pesca predatória e das estruturas
náuticas e atividades portuárias em desconformidade com relação à conservação dos
recursos marinhos.
Os trabalhos iniciais para a elaboração do ZEE do Litoral Norte começaram ao
final da década 80, quando a Secretária do Meio Ambiente estruturou várias informações
para o ZEE. Em 1993, foram elaboradas as primeiras cartas temáticas na escala 1:50.000,
referentes à declividade, geologia, geomorfologia, oceanografia, climatologia, uso do solo
e cobertura vegetal, geotécnica, infraestrutura, turismo, parcelamento do solo, pesca e
aquicultura, as quais foram digitalizadas em Sistema de Informações Geográficas,
desenvolvendo-se a seguir vários procedimentos analíticos que permitiram definir uma
proposta básica de zoneamento.
Recentemente, procurou-se ampliar, corrigir e atualizar os dados disponíveis, e
também identificar as correlações entre a infraestrutura existente e os fluxos demográficos,
o perfil da atividade turística e os sistemas produtivos, para determinar as estratégias de
zoneamento mais adequadas ao desenvolvimento econômico da região de forma
compatível com a preservação de sua função ecológica, paisagística e cultural. Por isso, foi
feito a compartimentação espacial do setor de forma vinculada às micro bacias
hidrográficas, o que admitiu o cruzamento de diversos temas e a aquisição de um
zoneamento que engloba as áreas terrestre e marinha, conforme previsto na Lei Estadual.
Embora estabelecido por um Decreto, o ZEE do Litoral Norte, foi somente
elaborado depois de várias reuniões técnicas e audiências públicas em todos os municípios
9
do Litoral Norte, a fim de solucionar os conflitos e incorporar as propostas dos diferentes
setores da sociedade civil e do poder local.
Com isso, foram realizados variados estudos e seminários com a participação de
técnicos especializados no assunto, pesquisadores científicos e representantes das
prefeituras da região, contando também com a contribuição prática dos moradores, de
empresários do ramo da construção civil e do ramo náutico, dos pescadores e dos
maricultores, dos sindicalistas, dos agricultores e dos ambientalistas, entre outros, para a
elaboração dos mapas e a definição das zonas.
Durante a definição do zoneamento, ocorreu-se a discussão sobre as atividades
turísticas, que vão desde a implantação de pousadas, hotéis, estruturas de apoio à
navegação, até mesmo as trilhas em Unidades de Conservação, e a presença de
condomínios de alto padrão com baixa densidade demográfica. Outro tema foi o da pesca
artesanal e da agricultura de subsistência, tendo sido incorporadas as propostas dos
representantes das entidades sindicais de enquadramento das zonas, obtivendo-se proteger
a atividade agrícola da crescente expansão urbana e das ações predatórias. Com relação a
pesca, preferiu-se pela criação de uma zona destinada ao desenvolvimento da atividade
pesqueira e a maricultura, da qual se excluía a pesca de arrasto e a industrial.
O ZEE do Litoral Norte foi dividido em dois zoneamentos que se complementam:
zoneamento terrestre e zoneamento marinho levando-se em consideração a características
sócio ambientais, as diretrizes de gestão, as metas mínimas de conservação ou recuperação
e os usos e as atividades permitidas em cada uma das zonas.
A seguir segue os quadros com a finalidade de orientar a implantação do
zoneamento terrestre no Litoral Norte do Estado de São Paulo:
Quadro 3 – Zoneamento Terrestre II
ZONA Z1 TERRESTRE Z1T
10
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I - áreas de vegetação em estágio avançado de regeneração e fauna associada, com alteração de cerca de 10% da cobertura vegetal, e restrições do Dec. Fed. 750/93; II - áreas com declividade média acima de 47%, com restrições da Lei Fed. 4.771/65 e Res. Conama 303/02; III - existência de comunidades tradicionais; IV - Unidade de Proteção Integral; V - manguezais, com restrições da Lei Fed. 4.771/65 e Res. Conama 303/02.
I - garantir a manutenção de diversidade biológica, do patrimônio histórico paisagístico, cultural e arqueológico; II- promover programas de controle da poluição das nascentes e vegetação ciliar para garantir quantidade e qualidade das águas; III - promover a regularização fundiária; IV - fomentar o manejo auto-sustentado dos recursos ambientais.
Conservação ou recuperação de, no mínimo, 90% da zona com cobertura vegetal nativa garantindo a diversidade biológica das espécies.
I - pesquisa científica relacionada à preservação, conservação e recuperação ambiental e ao manejo auto-sustentado das espécies da fauna e flora regional; II - Educação Ambiental; III - manejo auto-sustentado, condicionado à existência de Plano Manejo; IV - empreendimentos de ecoturismo com finalidade e padrões que não alterem as características ambientais da zona; V - pesca artesanal; VI - ocupação humana de baixos efeitos impactantes.
SUB-ZONA ÁREA ESPECIALMENTE PROTEGIDA 1 Z1 AEP
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I - Parque Nacional da Serra da Bocaina; II - Parque Estadual da Serra do Mar; III - Parque Estadual de Ilha Anchieta; IV - Parque Estadual de Ilhabela; V - Estação Ecológica Marinha Tupinambás; VI - Área sob Proteção Especial CEBIMar; VII - Área sob Proteção Especial do Costão do Navio;
Aqueles definidos na legislação que regula as categorias das Unidades de Conservação, no diploma legal que as criou e nos respectivos Planos de Manejo, quando aplicáveis.
11
VIII - Área sob Proteção Especial de Boissucanga.
ZONA Z2 TERRESTRE Z2T
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I - elevada recorrência de áreas de preservação permanente, com restrições da Lei 4.771/65, e de riscos geotécnicos; II - áreas continuas de vegetação em estágio avançado de regeneração e fauna associada, com ocorrência de supressão ou de alteração de até 30% de cobertura vegetal, com restrições do Dec. Fed. 750/93; III - ocorrência de áreas com declividade média entre 30% e 47%; IV - áreas sujeitas à inundação.
I - manter a funcionalidade dos ecossistemas, garantindo a conservação dos recursos genéticos, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico; II - promover programas de manutenção, controle da poluição e proteção das nascentes e vegetação ciliar para garantir quantidade e qualidade das águas.
Conservação ou recuperação de, no mínimo, 80% da zona com cobertura vegetal nativa garantindo a diversidade das espécies.
Aqueles estabelecidos para a Z1T: I - aquicultura; II - mineração com base no Plano Diretor Regional de Mineração, respeitando o Plano Diretor Municipal; III - beneficamento dos produtos de manejo sustentado.
ZONA Z3 TERRESTRE Z3T
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I - áreas contínuas com atividade agropecuárias e assentamentos rurais, cujos ecossistemas primitivos foram alterados em até 50%; II - áreas com declividade média inferior a 30%, cobertas com vegetação secundária em estágio inicial ou médio de regeneração, observadas as restrições previstas pelo Dec. Fed. 750/93; III - solos com aptidão ao uso agropecuário.
I - manter a ocupação com uso rural diversificado, através de práticas que garantam a conservação dos solos e das águas superficiais e subterrâneas; II - aumentar a produtividade agrícola nas áreas já cultivadas e cujos solos sejam aptos a esta finalidade, evitando novos desmatamentos; III - minimizar a utilização de agrotóxicos; IV - promover, por meio do órgão competente, a regularização fundiária
Conservação ou recuperação de, no mínimo, 50% da zona de cobertura vegetal nativa, através da formação de corredores entre remanescentes de vegetação.
Aqueles estabelecidos para a Z1T e Z2T: I - agropecuária, compreendendo unidades integradas de beneficiamento, processamento ou comercialização dos produtos agroflorestais e pesqueiros; II - ocupação humana com características rurais; III - sivilcultura.
12
em áreas julgadas devolutas; V - promover, prioritariamente, a inclusão de áreas com vegetação nativa em estágio avançado de regeneração como reserva legal de que trata a Lei Fed 4.771/65 e a Lei Fed. 7.803/89, respeitando-se o limite mínimo de 20% da área da propriedade.
ZONA Z4 TERRESTRE Z4T
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I -cobertura vegetal alterada ou suprimida em até 70% da área; II - assentamentos dispersos com uso urbano, e infra-estrutura incompleta; III - relevo com declividade média igual ou inferior a 30%.
I - manter a qualidade do ambiente, promovendo o desenvolvimento urbano de forma planejada; II - priorizar a regularização e a ocupação das áreas urbanizadas; III - promover a implantação de infra-estrutura urbana compatível com as demandas sazonais; IV - estimular, através dos instrumentos jurídicos disponíveis, a ocupação dos vazios urbanos; V - promover a implantação de empreendimentos habitacionais de interesse social.
I - conservação e recuperação de no mínimo 40% da zona com áreas verdes, incluindo neste percentual as Áreas de Preservação Permanente; II - atendimento de 100% das economias residentes quanto ao abastecimentos de água; III - atendimento de 100% das economias residenciais quanto a coleta e tratamento dos esgotos sanitários; IV - atendimento de 100% da zona quanto á coleta e disposição adequada de resíduos sólidos; V - implementação de programas de coleta seletiva dos resíduos sólidos em 100% da zona.
queles estabelecidos para a Z1T, Z2T e Z3T: I - equipamentos públicos e de infra-estrutura necessários ao desenvolvimento urbano; II - ocupação para fins urbanos; III - unidades comerciais e de serviços, e atividades de baixo impacto ambiental.
SUB-ZONA AEREA DE OCUPAÇÃO DIRIGIDA Z4 OD
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I - existência de cobertura vegetal nativa; II - presença de
I - manter ou recuperar a qualidade dos assentamentos urbanos
Conservação ou recuperação de, no mínimo, 60% da zona com
I - serão permitidos na empreendimentos de turismo e lazer,
13
empreendimentos residenciais parcialmente e/ou ocupados.
descontínuos de forma garantir a ocupação de baixa densidade e a conservação do patrimônio histórico, paisagístico e cultural; II - promover a ocupação adequada do estoque de áreas existentes; III - incentivar a utilização do potencial turístico, através da implantação de serviços de apoio aos usos urbanos permitidos; IV - promover de forma planeja o ordenamento urbano dos assentamentos existentes, com práticas que preservem o patrimônio paisagístico, o solo, as águas superfícies e subterrâneas, assegurem o saneamento ambiental.
áreas verdes, incluindo nesse percentual as Áreas de Preservação Permanente.
parcelamentos e condomínios desde que compatíveis com o Plano Diretor Municipal, observadas as diretrizes fixadas nos Planos e Programas de Z4 OD, garantindo-se a distribuição e tratamento de água, coleta, tratamento e destinação final dos efluentes líquidos e dos resíduos sólidos coletados.
ZONA Z5 TERRESTRE Z5T
Características sócio ambientais
Diretrizes para gestãoMeta mínima de conservação ou
recuperação
Uso e atividades permitidos
I - cobertura vegetal alterada ou suprimida em área igual ou superior a 70% do total da zona; II - assentamentos urbanos consolidados ou em fase de consolidação e adensamento; III - existência de infra-estrutura urbana, instalações industriais, comerciais e de serviços.
I - promover a criação de áreas verdes públicas urbanizada; II - otimizar a ocupação dos loteamentos já aprovados; III - promover a implantação de empreendimentos habitacionais de interesse social.
I - atendimento de 100% das economias residentes quanto ao abastecimento de água; II - atendimento de 100% das economias residenciais quanto á coleta e tratamento dos esgotos sanitários; III - atendimento de 100% da zona quanto á coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos;IV - implementação de programas de coleta seletiva dos resíduos sólidos em 100% da zona.
Aqueles estabelecidos para a Z1T, Z2T, Z3T e Z4T: I - unidades industriais; II - terminais aeroviários e rodoviários; III - complexos portuários, pesqueiros e turísticos.
FONTE: http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2011/05/Zoneamento-Ecologico-Economico_Litoral-Norte.pdf
14
Uma contribuição do ZEE do Litoral Norte, é a apresentação para o
zoneamento marinho, resultando a integração de diferentes estudos e experiências práticas,
como a metodologia usada na avaliação das condições de balneabilidade das águas
litorâneas, como também os estudos da contaminação dos organismos aquáticos e nas
pesquisas sobre modificações dos ecossistemas resultantes das atividades antrópicas.
O zoneamento marinho respaldou-se no Parecer 503/02 da Consultoria
Jurídica da SMA de que ele poderia ser incluído no ZEE Estadual, desde que, respeitadas
as competências exclusivas da União, dentro dos limites do que Lei Estadual, em seu
artigo 2º, denomina zona costeira até a isóbata de 23,6 metros, dado que para além desta
isóbata, a competência de regulamentação pertence à União.
Em seguida, procederam-se estudos técnicos que finalizaram pelo estabelecimento
de uma faixa entre marés destinada a implantação de estruturas náuticas e uma faixa
marítima, permitindo a realização de atividades pesqueiras, da maricultura e a disposição
de efluentes. As estruturas náuticas acima citadas foram definidas como conjuntos de
acessórios organizadamente distribuídos por uma área determinada, podendo incluir o
corpo d'água a esta adjacente, em parte ou em seu todo, bem como seus acessos por terra
ou por água, planejados para prestar serviços de apoio às embarcações e à navegação.
As estruturas de apoio náutico, que antes eram classificadas em pequenas, médias e
grandes, foram reclassificadas em cinco classes, que vão desde píeres simples e com
poucas intervenções para sua implantação até os empreendimentos náuticos de maior
porte, conforme se segue:
Estrutura Náutica Classe I: estruturas que não necessitam de aterros, dragagem,
rampas, desmonte de pedras, construção de proteção contra ondas e marés.
Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um comprimento máximo total de
até 20m, com até 3m de largura, podendo apresentar paralelamente à parte seca
uma plataforma de atracação de até 5m de comprimento e de até 3m de largura, não
possuindo construções e edificações conexas na parte seca;
15
Estrutura Náutica Classe II: estruturas que não necessitam de aterros, dragagem,
podendo apresentar rampas com largura até 3m, desmonte de pedras, construção de
proteção contra ondas e marés. Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um
comprimento máximo total de até 30m, com até 3m de largura, podendo apresentar
paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de até 10m de
comprimento e de até 3m de largura, ficando permitidas construções e edificações
de no máximo 50m² conexas na parte seca, sendo vedadas atividades de
manutenção, reparos e abastecimento. Não se incluem nesta classificação as
marinas e garagens náuticas de uso comercial.
Estrutura Náutica Classe III: estruturas que podem apresentar aterros de cabeceira,
rampas de até 5m de largura, construção de proteção contra ondas e marés.
Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um comprimento máximo total de
50m, com até 5m de largura, podendo apresentar paralelamente à parte seca uma
plataforma de atracação de até 20m de comprimento e de até 5m de largura,
ficando permitidas construções e edificações de no máximo 200m², conexas na
parte seca, assim como as atividades de manutenção e reparos, e vedada a de
abastecimento. Incluem-se nesta classificação as marinas e garagens náuticas
dentro das dimensões aqui definidas;
Estrutura Náutica Classe IV: estruturas que podem apresentar aterros de cabeceira,
dragagem, construção de proteção contra ondas e marés, rampas de até 10m de
largura. Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um comprimento máximo
total de até 100m, com até 10m de largura, podendo apresentar paralelamente à
parte seca uma plataforma de atracação de até 50m de comprimento e até 10m de
largura, ficando permitidas construções e edificações de no máximo 5.000m²,
conexas na parte seca, sendo permitidas as atividades de manutenção, reparos e
abastecimento. Incluem-se nesta classificação as marinas, garagens náuticas e
estaleiros dentro das dimensões aqui definidas;
16
Estrutura Náutica Classe V: estruturas que podem apresentar aterros de cabeceira,
dragagem, construção de proteção contra ondas e marés, rampas com largura
superior a 10m de largura. Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um
comprimento acima de 100m, com mais de 10m de largura, podendo apresentar
paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de mais de 50m de
comprimento e mais de 10m de largura, ficando permitidas construções e
edificações acima de 5.000m² conexas na parte seca, sendo permitidas as atividades
de manutenção, reparos e abastecimento. Inclui-se nesta classificação as marinas,
garagens náuticas e estaleiros dentro das dimensões aqui definidas.
As áreas destinadas a realização da atividade pesqueira foram estabelecidas
com base em uma referência localizada na faixa terrestre e traçada em conjunto com a
comunidade interessada - os pescadores da região. Das zonas destinadas à pesca, excluiu-
se a pesca de arrasto e a pesca de iscas vivas, principalmente nas baias, que foram
indicadas como áreas prioritárias para a procriação dos organismos aquáticos. Quanto à
pesca industrial, só foi permitida para além da isóbata de 23,6 m.
A seguir seque o quadro com a finalidade de orientar a implantação do
zoneamento marinho no Litoral Norte, contendo a caracterização das zonas e as
respectivas diretrizes de gestão, as metas de conservação ou recuperação, bem como os
usos e atividades permitidas em cada uma das zonas:
Quadro 4 – Zoneamento Marinho
ZONA 1 MARINHA Z1M
Características Sócio Ambientais
Diretrizes para Gestão Uso e Atividades Permitidos
I - Estrutura abiótica preservada;II – Comunidade biológica preservada;III- Ausência de atividades antrópicas que ameacem o equilíbrio ecológico;IV- Usos não intensivos, especialmente associados ao turismo e extrativismo de subsistência;
I – Manter e garantir a funcionalidade dos ecossistemas visando assegurar a conservação da diversidade biológica, e do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico;II – Promover a manutenção e melhoria da qualidade das águas
I – Pesquisa cientifica e educação ambiental relacionada à conservação da biodiversidade;II – Manejo autossustentado de recursos marinhos, desde que previsto em Plano de Manejo aprovados pelos órgãos ambientais competentes;
17
V – Existência de áreas de reprodução de organismos marinhos.
costeiras. III – Pesca artesanal, exceto arrasto;IV – Extrativismo de subsistência;V- Ecoturismo.- Na Zona de Amortecimento das Unidades de Conservação são aqueles estabelecidos nos Planos de manejo- Nas propriedades cuja faixa entre marés seja classificada em sua totalidade como Z1M e não houver acesso terrestre, será permitido a implantação de estruturas náuticas Classe 1.
ZONA 2 MARINHA Z2M
Características Sócio Ambientais
Diretrizes para Gestão Uso e Atividades Permitidos
I - Estrutura abiótica alterada por atividades antrópicas;II – Comunidade biológica em bom estado, mas com perturbações estruturais e funcionais localizadas;III- Existência de atividades de agricultura de baixo impacto ambiental;IV- Ocorrência de atividades de recreação de contato primário.
I – Manter a funcionalidade dos ecossistemas garantindo a conservação da diversidade biológica, e do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico;II – Promover a manutenção e melhoria da qualidade das águas costeiras.
Aqueles estabelecidos para a Z1M:I-Pesca artesanal e amadora;II – Agricultura de baixo impacto;III – Estruturas náuticas Classe I e II;IV – Recifes artificiais;V – Manejo sustentado de recursos marinhos, desde que previsto em Plano de Manejo aprovado pelos órgãos ambientais competentes.
SUB ZONA Z2MECaracterísticas Sócio
AmbientaisDiretrizes para Gestão Uso e Atividades
PermitidosSão os mesmos previstos para Z1M.
São os mesmos previstos para Z1M.
Aqueles estabelecidos para a Z1M: I – Agricultura de baixo impacto.
ZONA 3 MARINHA Z3MCaracterísticas Sócio
AmbientaisDiretrizes para Gestão Uso e Atividades
PermitidosI - Estrutura abiótica significativamente alterada
I – Recuperar a qualidade ambiental;
Aqueles estabelecidos para Z1M e Z2M:
18
por atividades antrópicas;II – Comunidade biológica em estado regular de equilíbrio com claros sinais perturbações estruturais e funcionais;III- Existência de estruturas náuticas Classe III.
II – Garantir a sustentabilidade ambiental das atividades socioeconômicas;III – Promover o manejo adequado dos recursos marinhos.
I – Estruturas náuticas Classe III;II – Pesca industrial com exceção de pesca de arrasto e captura de isca viva;III – Despejos de efluentes previamente submetidos a tratamento secundário.
ZONA 4 MARINHA Z4MCaracterísticas Sócio
AmbientaisDiretrizes para Gestão Uso e Atividades
PermitidosI - Estruturas abióticas extremamente alteradas resultantes de atividades antrópicas;II – Comunidade biológica, com perturbação do equilíbrio, alteração estrutural das populações ou empobrecimento da biodiversidade; III- Existência de estruturas náuticas Classe IV e V.
I – Recuperar a qualidade ambiental;II – Garantir a sustentabilidade ambiental das atividades socioeconômicas;III – Promover o manejo adequado dos recursos marinhos.
São permitidos além daqueles estabelecidos para Z1M, Z2M e Z3M os seguintes usos e atividades: estruturas náuticas Classe IV e V.
ZONA 5 MARINHA Z5MCaracterísticas Sócio
AmbientaisDiretrizes para Gestão Uso e Atividades
PermitidosI - Estrutura abiótica significativamente alteradas;II – Comunidade biológica, com perturbação do equilíbrio, alteração desestruturação das populações e desaparecimento de espécies; III – Existência de atividades portuárias.
I – Recuperar a qualidade ambiental;II – Garantir a sustentabilidade ambiental das atividades socioeconômicas;III – Promover o manejo adequado dos recursos marinhos.
Aqueles estabelecidos para Z1M, Z2M, Z3M e Z4M:- Portos;-Lançamentos de efluentes industriais, observando os padrões de emissão.
FONTE: http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2011/05/Zoneamento-Ecologico-Economico_Litoral-Norte.pdf
No zoneamento marinho, estão incluídas as ilhas, as ilhotas, os parcéis e as
lajes. O licenciamento de estruturas náuticas deverá levar em conta os efeitos cumulativos
19
dos demais empreendimentos e atividades existentes na área e deverá ser objeto de
licenciamento ambiental as atividades de aquicultura e a implantação de recifes artificiais.
O ZEE do Litoral Norte, pode-se ser utilizado como uma referência no
zoneamento das demais regiões litorâneas do Estado e do Brasil, tem uma base adequada
conceitual, técnica e cartográfica de modo com as ações dos diferentes setores sociais da
região, possuindo um avanço metodológico no processo de implementação do
gerenciamento costeiro.
3.3 Gerenciamento Costeiro
As Zonas costeiras, são os espaços geográficos de interação do ar, do mar e da
terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, satisfazendo uma faixa marítima e outra
terrestre que são definidas pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), se
estendendo-se por 7.300 km, se elevando para mais de 8.500 km na sua porção terrestre,
passando por 17 estados e mais de 400 municípios.
No Brasil, surgiu o processo de Gerenciamento Costeiro com a promulgação da Lei
Federal nº 7.661, de 16 de maio de 1988, que como parte integrante da Política Nacional
do Meio Ambiente (PNMA) e da Política Nacional de Recursos do Mar (PNRM),
instituiu-se o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.
Com o propósito de orientar a utilização racional dos recursos na zona costeira, a
Lei Federal nº 7.661/88 definiu-se que o detalhamento e operacionalização do PNGC,
fosse estipulado em documento específico, objeto da Resolução nº 01/90 da CIRM, de 21
de novembro de 1990, da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM),
aprovada após audiência do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), onde a
própria Lei previa estruturas de atualização do PNGC, através do Grupo de Coordenação
do Gerenciamento Costeiro (COGERCO).
O PNGC I, prevalecia uma visão descentralizadora, de maneira que as ações eram
repassadas aos agentes executivos, especialmente aos governos estaduais, não restando
qualquer campo de atuação específico ao governo federal, a não ser o estabelecimento de
20
diretrizes muito gerais. Definiu - se que a execução dos zoneamentos era de atribuição
exclusiva dos Estados e que sua conclusão constituiria pré-requisito para o
desenvolvimento das demais ações, tendo ligado o licenciamento de qualquer
empreendimento ou atividade na zona costeira à apresentação do Estudo de Impacto
Ambiental.
Entre 1990/1991, começaram-se as discussões para o zoneamento do Litoral Norte,
buscando-se um planejamento diferente do qual foi norteado o zoneamento do litoral sul,
favorecendo o zoneamento por municípios, ajudando na elaboração dos planos diretores
municipais, de acordo com a determinação das Constituições Federal e Estadual.
No decorrer desse processo, descortinam-se dois movimentos, um em nível federal,
para revisão do PNGC, e o outro pelo Estado de São Paulo, pela aprovação de uma lei
estadual, com o objetivo da instituição do PNGC.
Com as discussões, em 1997 foi aprovado a revisão do PNGC, na forma de
Resolução 005 da CIRM, de 03/12/97, após aprovação na 48ª Reunião Ordinária do
CONAMA. O objetivo do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro II era estabelecer as
bases e consolidar os avanços obtidos das ações, e permitir o seu aprimoramento. O PNGC
II intensificou a participação do governo federal, dos municípios e da sociedade civil na
condução do Programa, reafirmando a descentralização. Além disso, retirou-se do modelo
anterior o zoneamento, o sistema de informações, os planos de gestão, o monitoramento, e
acrescentando-se outros como o relatório de qualidade ambiental. Em 1998, elaborou-se o
Plano de Ação Federal para a Zona Costeira do Brasil - PAF, que consolidou os esforços
de articulação institucional no âmbito federal, apontando programas e linhas de ação que
foram detalhadas quanto aos seus executores, fontes de financiamento e cronograma de
execução.
A implantação do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro só foi instituída em
03 de julho de 1998, pela Lei nº 10.019, com a finalidade do aumento da qualidade de vida
das populações locais e a proteção dos ecossistemas, estabelecendo-se para isso
orientações, metas e materais para sua elaboração, aprovação e execução, afim de
disciplinar e racionalizar a utilização dos recursos naturais da Zona Costeira.
21
A Lei Estadual foi elaborada, definindo-se a tipologia das zonas costeiras, os seus
usos permitidos, as atividades proibidas e as penalidades a serem aplicadas no caso das
infrações, e permitindo a atuação mais objetiva do Estado, principalmente em relação a
fiscalização e licenciamento ambiental. Pela lei, a fiscalização e o licenciamento deveriam
ser feitos com base nas normas e critérios estabelecidos no Zoneamento Ecológico-
Econômico, a ser instituído mediante decreto estadual, sem prejuízo das demais normas
estaduais, federais e municipais definidas pelos órgãos competentes.
O Governo Federal, através do Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002,
institucionalizou o zoneamento em todo território nacional, fornecendo as bases legais
necessárias ao Zoneamento Ecológico-Econômico no Brasil - ZEE-Brasil. Dois diplomas
legais, um de âmbito federal e outro de estadual, ambos editados no dia 07 de dezembro de
2004, constituem, até o presente momento, as últimas etapas desse processo,
respectivamente, no País e no Estado de São Paulo. No âmbito federal, o Decreto nº 5.300,
de 07 de dezembro de 2004 estabeleceu os limites, princípios, objetivos, instrumentos e
competências para a gestão, como também as regras de uso e ocupação da zona costeira,
principalmente, da orla marítima. No âmbito Estadual, o Decreto nº 49.215, de 07 de
dezembro de 2004, dispôs sobre o Zoneamento do Litoral Norte, considerando a
necessidade de promover o ordenamento territorial e de disciplinar os usos e atividades de
acordo com a capacidade de suporte do ambiente, assim como de estabelecer as formas e
os métodos de manejo dos organismos aquáticos e os procedimentos relativos às atividades
de pesca e aquicultura de maneira a proteger a pesca artesanal. A importância desse
diploma legal está, ainda, no fato de fornecer os subsídios necessários à fiscalização e ao
licenciamento ambiental.
Decreto Federal nº 5.300, de 07 de dezembro de 2004, indica os seguintes instrumentos de planejamento ambiental para as áreas costeiras no Brasil:
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC: conjunto de diretrizes gerais aplicáveis nas diferentes esferas de governo e escalas de atuação, orientando a implementação de políticas, planos e programas voltados ao desenvolvimento sustentável da zona costeira;
Plano de Ação Federal da Zona Costeira - PAF: planejamento de ações estratégicas para a integração de políticas públicas incidentes na zona costeira, buscando responsabilidades compartilhadas de atuação;
22
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC: implementa a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro, define responsabilidades e procedimentos institucionais para a sua execução, tendo como base o PNGC;
Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro - PMGC: implementa a Política Municipal de Gerenciamento Costeiro, define responsabilidades e procedimentos institucionais para a sua execução, tendo como base o PNGC e o PEGC, devendo observar, ainda, os demais planos de uso e ocupação territorial ou outros instrumentos de planejamento municipal;
Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO: componente do Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente - SINIMA, que integra informações georeferenciadas sobre a zona costeira;
Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira - SMA: estrutura operacional de coleta contínua de dados e informações, para o acompanhamento da dinâmica de uso e ocupação da zona costeira e avaliação das metas de qualidade socioambiental;
Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira - RQA-ZC: consolida, periodicamente, os resultados produzidos pelo monitoramento ambiental e avalia a eficiência e eficácia das ações da gestão;
Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro - ZEEC: orienta o processo de ordenamento territorial, necessário para a obtenção das condições de sustentabilidade do desenvolvimento da zona costeira, em consonância com as diretrizes do Zoneamento Ecológico-Econômico do território nacional, como mecanismo de apoio às ações de monitoramento, licenciamento, fiscalização e gestão;
Macrodiagnostico da zona costeira - reúne informações, em escala nacional, sobre as características físico-naturais e socioeconômicas da zona costeira, com a finalidade de orientar ações de preservação, conservação, regulamentação e fiscalização dos patrimônios naturais e culturais
No Estado de São Paulo, a Lei Estadual estabeleceu os seguintes instrumentos de gerenciamento costeiro: Zoneamento Ecológico-Econômico; Sistema de Informações; Planos de Ação e Gestão; Controle e Monitoramento.
23
3.4 Parque Estadual da Serra do Mar
Criado em 1977 O Parque Estadual da Serra do Mar tem cerca de 315.000 hectares,
vai da divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro até Itariri, no sul do estado paulista, e
contém a maior área contínua de Mata Atlântica preservada do Brasil. Porém grande parte
da sua vegetação é de mata secundária e sem fauna de grande porte devido a caça intensa e
corte de palmito.
O parque é formado pelos núcleos:
Núcleo Itutinga-Pilões;
Núcleo Caraguatatuba;
Núcleo Curucutu;
Núcleo Cunha-Indaiá;
Núcleo Picinguaba;
Núcleo Santa Virgínia;
Núcleo Pedro de Toledo.
Em São Paulo, Unidades como o Parque Estadual da Serra do Mar, são
administradas pela Secretaria do Meio Ambiente, através do Instituto Florestal ou
da Fundação Florestal. A caça e corte da Içara (um tipo de palmeira) é extremamente
comum em todos os núcleos do Parque. A fiscalização é exercida pela Polícia Militar
Ambiental e Fundação Florestal.
24
Figura 3.1 - Mapa Parque Estadual da Serra do Mar (Secretária do Meio Ambiente).
No Município de Ubatuba, o Parque abrange uma área de aproximadamente 47.500
hectares, administrada à partir de um núcleo operacional localizado no distrito de
Picinguaba, fronteira com o estado do Rio de Janeiro.
Figura 3.2 - Foto sede do núcleo de Picinguaba.
Em seus arredores são encontrados praticamente todos os ecossistemas
representativos da mata atlântica, desde manguezais e vegetação de planície litorânea com
altíssimos índices de biodiversidade, até pequenas ocorrências de campos de altitude nos
25
seus pontos culminantes, como a Pedra do Espelho (1670 m.), o Pico do Corcovado (1150
m.) e o Pico do Cuscuzeiro (1275 m.) em Ubatuba.
É o único trecho do Parque que atinge o nível do mar protegendo assim os
ecossistemas costeiros, cinco praias e duas vilas (Camburi e Picinguaba) cujos os
moradores ainda mantém aspectos de sua cultura tradicional, constituindo alguns dos
últimos redutos caiçaras do Litoral Norte. Tem sua grande importância também por por se
tratar de um ponto ambientalmente estratégico pois unir através de sobreposição das duas
unidades o Parque Estadual da Serra do Mar com o Parque da Serra da Bocaina.
3.5 Condephaat
Criado pela Lei Estadual 10.247 de 22 de outubro de 1968, o Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) é o
órgão subordinado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com a finalidade de
identificar, proteger e preservar os bens móveis e imóveis do patrimônio histórico,
arqueológico, artístico, cultural, turístico e ambiental do Estado de São Paulo, tendo
competência legal para tombar tais patrimônios.
Desde 1968, o CONDEPHAAT já tombou mais de 500 bens, formando-se um
conjunto de representações da história, e da cultura no Estado de São Paulo entre os
séculos XVI e XX, composto de bens móveis, edificações, monumentos, bairros, núcleos
históricos e áreas naturais. As cidades que possuem bens tombados encontram-se
representadas no mapa do Estado de São Paulo.
A intenção do tombamento é impedir que bens de valor histórico, cultural,
arquitetônico, ambiental e até afetivo, venham a ser destruídos ou descaracterizados para a
população, tornando-se um ato administrativo feito pelo poder público.
Todo cidadão tem o direito de solicitar ao CONDEPHAAT, iniciando-se com a
abertura do processo de tombamento pelo Colegiado do órgão e completa-se com a
homologação do Secretário da Cultura e a publicação da Resolução de Tombamento no
Diário Oficial do Estado.
O braço técnico e executivo do CONDEPHAAT é a Unidade de Preservação do
Patrimônio Histórico (UPPH), uma das Coordenadorias da Secretaria de Estado da
Cultura, contando-se com dois Grupos Técnicos, sendo o Grupo de Estudos de Inventário e
26
Reconhecimento do Patrimônio Cultural e Natural e outro é o Grupo de Conservação e
Restauração de Bens Tombados, trabalhando profissionais das áreas de arquitetura,
história e sociologia. Além disso, a UPPH tem um Núcleo de Apoio Administrativo e uma
Assistência Técnica de apoio direto à Coordenadoria da Unidade.
3.6 Lei de Uso do Solo em Ubatuba
O Município de Ubatuba, localizado no Litoral Norte Paulista, é evidenciado
pelo seu acelerado crescimento populacional e urbano como também a sua grande
capacidade ambiental, possuindo um ecossistema de sobremaneira produtivo, e
potencialidade para várias atividades humanas e a limitação de espaço causam conflitos
em relação ao uso e ocupação do solo, especialmente quando a finalidade é preservar o que
resta da Mata Atlântica no Brasil.
O rápido crescimento populacional e urbano, fez-se com que crescessem as
áreas de miséria, moradias sem infra- estrutura adequada para se viver, e a alta especulação
imobiliária, a falta de fiscalização faz-se com que contribui o aumento de construções em
áreas proibidas e inadequadas. Mais aumentaram também o número de turistas e
veranistas, fazendo-se a população caiçaras e de pescadores vendem-se suas moradias aos
veranistas, ocasionando a população a construção de casas em novos lugares prejudicais ao
meio ambiente, como perto de rios, encostas em morros, causando impactos ambientes e
risco a vida pelo fato de um deslizamento de terra pela a erosão do solo.
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e
Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), o Departamento Estadual de
Proteção de Recursos Naturais (DEPRN), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Florestal (IF), e a Prefeitura através
da verificação da ocupação e o uso do solo com o Plano Diretos de Ubatuba (Lei
Municipal n. 711, de 14/02/1984), são órgãos públicos, federais e estaduais que estão no
controle e fiscalização do solo em Ubatuba. Entretanto, mesmo com todos esses órgãos, a
ocupação ainda existe de uma maneira desordenada, muitas vezes sendo ilegal.
Ubatuba fica em uma região sujeita aos conflitos de competência entre os entes
federativos, pois, abriga em parte, o Parque Estadual da Serra do Mar, de acordo com o
27
Decreto Estadual no. 10.251, de 30 de agosto de 1977, alterado pelo Decreto no. 13.313,
de 6 de março de 1979. O Decreto declara a Serra do Mar área de Proteção Ambiental
(APA), restringindo o uso e a ocupação do solo, além da Resolução nº 40/85, da Secretaria
de Cultura do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) criou o tombamento da Serra do
Mar e Paranapiacaba. Além disso, a presença da Mata Atlântica constituindo a Serra do
Mar e junto às praias do Estado de São Paulo, possuindo um dos mais ricos ecossistemas
do Estado.
Ubatuba está dependente a regime especial de proteção, segundo o art. 225, § 4o.
da Constituição Federal, que trata da costa brasileira, pelo fato de localizar-se no litoral do
Estado de São Paulo, sendo assim, Ubatuba é objeto de regulamentação pela Lei Federal
no. 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro.
A urbanização do município era rarefeita até a construção da BR-101, na década de
70, antes sua principal ligação era através da SP-125, que vai de Ubatuba à Taubaté. Após
a construção da BR-101, ocorreu o crescimento rápido e desordenado, e o aumento de
turistas. Primeiramente, a região sul do município foi ocupada por loteamentos de segunda
residência, pequenos núcleos de população fixa, comércio e serviços. A região norte até a
divisa com o estado do Rio, o processo de ocupação foi mais lento devido que a região
serrana ser quase que integralmente protegida pelo Parque Estadual da Serra do Mar
(PESM). Na região central, a ocupação é constituída por população fixa, compreendendo a
maioria dos estabelecimentos de serviços e comércios, destacando-se ao apoio ao turismo e
para construção civil.
A ocupação industrial de Ubatuba é insignificante, com apenas algumas indústrias
alimentícias, voltadas à construção civil ou de transformação de metais não ferrosos. Em
relação ao uso agrícola, destaca-se a banana, mais não apresenta relevância
economicamente. A exploração mineral é concentrada sobre materiais para a construção
civil, causando ameaças a estabilidade ambiental, existindo também a exploração do
granito verde Ubatuba (charnokito).
Ubatuba apresenta o maior número de parcelamentos do solo e elevado
índice de ocupação, sendo a maioria dos parcelamentos encontrados na área central.
28
O Processo de autorização para construção dentro do município em áreas
ainda com vegetação, pode ser complicado e demorado, necessitando-se não somente do
alvará concedido pela Prefeitura, que tem que ser de acordo com o plano diretor de 1984,
conforme legislação estadual que estabelece o zoneamento em função da cota altimétrica, e
o parecer do CONDEPHAAT, quando o empreendimento se localizar acima da cota 40m,
mais também o envolvimento de alguns órgãos para aquisição da autorização.
Por apresentar uma fiscalização rigorosa e devido às restrições de ocupação,
alguns imóveis à venda são mais valorizados apenas por já apresentarem autorização para
supressão de vegetação.
No município de Ubatuba, a CETESB é o órgão de licenciamento ambiental
responsável pela autorização de supressão de vegetação nativa (em qualquer estágio
sucessional), e quando não houver impedimento da autorização de supressão de vegetação,
exige-se o cumprimento do artigo 17 do decreto federal 5.300/04, ou seja, para cada área a
ser ocupada que implicar na retirada de vegetação nativa, será compensada por averbação
de no mínimo uma área equivalente na mesma zona afetada.
3.7 Licenciamento Ambiental
O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo utilizado no Brasil
realizado pelo órgão ambiental competente, com o intuito de exercer controle prévio e de
realizar o acompanhamento de atividades que utilizem recursos naturais, afim de licenciar
a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que
sejam poluidoras ou que possam causar degradação ao meio ambiente.
O licenciamento ambiental é um dos instrumentos de gestão ambiental
estabelecidos pela Lei Federal n.º 6938/81, também conhecida como Política Nacional do
Meio Ambiente.
A forma como ocorre no Brasil o licenciamento ambiental pode ser considerado de
certa forma como único no mundo pois engloba três tipos de licença:
29
Licença Prévia (LP), licença que deve ser solicitada na fase de planejamento da
implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Aprova a viabilidade
ambiental do empreendimento, não autorizando o inicio do empreendimento;
Licença Instalação (LI), licença que aprova os projetos. É a licença que autoriza o
inicio do empreendimento, é concedida depois de atendida as condições da licença
previa;
Licença de Operação (LO), licença que autoriza o inicio do funcionamento do
empreendimento. É concedida depois de atendidas as condições da licença de
instalação.
A solicitação de qualquer uma das licenças deve estar de acordo com a fase que se
encontra o empreendimento: concepção, obra, operação ou ampliação, mesmo que não se
tenha obtido anteriormente a licença prevista em lei.
Outro ponto singular é a inclusão ao Licenciamento Ambiental da Avaliação de
Impacto Ambiental, por meio do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatorio de Impacto
Ambiental.
No licenciamento através de seus mecanismos são avaliados impactos causados
pelo empreendimento, tais como: seu potencial ou sua capacidade de gerar líquidos
poluentes, resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos, como
por exemplo: explosões e incêndios.
É importante lembrar que as licenças ambientais estabelecem as condições para que
a atividade ou o empreendimento cause o menor impacto possível ao meio ambiente. Com
isso, qualquer alteração no processo de licenciamento original deve ser submetida a um
novo licenciamento, com a solicitação de licença previa.
3.8 Avaliação de Impacto Ambiental
No Brasil, na década de 70, projetos de grande porte, financiados por organismos
multilaterais, foram submetidos à Avaliação de Impacto Ambiental, como por exemplo, a
Usina Hidrelétrica de Sobradinho, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí etc. Tais experiências
30
promoveram a inclusão do AIA como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio
Ambiente.
Assim, é em 1981 surge a Lei Federal n° 6.938 e seu respectivo Decreto em 1983
n° 99.351 que estabeleceriam as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA).
Em 1986, foi editada a Resolução Conama 01/86, estabelecendo as definições,
responsabilidades, critérios básicos e as diretrizes para o uso e implementação da avaliação
de impacto ambiental, aplicado ao licenciamento ambiental de determinadas atividades
modificadoras do meio ambiente. Entre os aspectos relevantes da citada resolução,
podemos destacar:
Prevê que o estudo de impacto ambiental contemple alternativas tecnológicas e de
localização do projeto (inciso I do art Art. 5º);
Define o conteúdo básico do Estudo de Impacto Ambiental, ou seja: diagnóstico,
análise dos impactos ambientais, definição de medidas mitigadoras, e proposição
de programas de monitoramento e acompanhamento (artigo 6º);
E sugere a execução de audiência pública, para informação sobre o projeto e seus
impactos ambientais e discussão do RIMA (parágrafo segundo do artigo 11º).
No artigo 225 da Constituição Federal de 1988, dedicado ao meio ambiente, foi
incluída a obrigação do Poder Público de exigir a elaboração de AIA para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
As diretrizes da política nacional do meio ambiente foram substituídas
posteriormente pela Lei Federal n° 7.804 de 1989 e seu respectivo Decreto n° 99.274 de
1990. Como instrumento da PNMA, elaboraram-se as
diretrizes da Avaliação de Impacto Ambiental (Aia) e de outros instrumentos
complementares: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA).
31
Esses teriam como fundamentos essenciais constituir os procedimentos de avaliação do
impacto ambiental no âmbito das políticas públicas, além de fornecer os subsídios para o
planejamento e a gestão ambiental, vislumbrando assim, a prevenção relativa aos danos
ambientais
3.9 Compensação Ambiental
A compensação ambiental é um instrumento de política pública que, intervindo
junto aos agentes econômicos, proporciona a incorporação dos custos sociais e ambientais
da degradação gerada por determinados empreendimentos, em seus custos globais.
A lei 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza, através de seu artigo 36, impõe ao empreendedor a obrigatoriedade de apoiar a
implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de proteção integral,
quando, durante o processo de licenciamento e com fundamento em EIA/RIMA, um
empreendimento for considerado como de significativo impacto ambiental.
A compensação ambiental é, portanto, um importante mecanismo fortalecedor do
SNUC. No âmbito do Instituto Chico Mendes, órgão responsável pela gestão das Unidades
de Conservação federais, a competência quanto aos recursos de compensação ambiental
está relacionada à sua execução, sejam eles advindos de processos de licenciamento
federais, estaduais ou municipais.
Após fixado o valor da compensação ambiental para um determinado
empreendimento e definida a sua destinação pelo órgão licenciador, o empreendedor é
notificado a firmar termo de compromisso com o Instituto Chico Mendes, visando ao
cumprimento da condicionante. Esse procedimento foi regularizado através da IN 20/2011
do Instituto Chico Mendes.
Devem ser obedecidas as ações prioritárias para aplicação dos recursos de
compensação ambiental, descritas no Decreto 4340/02, quais sejam:
32
I regularização fundiária e demarcação das terras;
II elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;
III aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e
proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento;
IV desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação; V
desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de conservação e área
de amortecimento.
A Coordenação de Compensação Ambiental do Instituto Chico Mendes é o setor
responsável pela operacionalização da compensação ambiental destinada às unidades de
3.10 Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) foi criada em 24 de
julho de 1968, pelo Decreto nº 50.079, com o nome inicial de Centro Tecnológico de
Saneamento Básico, incorporando-se a Superintendência de Saneamento Ambiental –
SUSAM, filiada à Secretaria da Saúde, que, por sua vez, absorvera a Comissão
Intermunicipal de Controle da Poluição das Águas e do Ar – CICPAA.
Em 1973, a CETESB recebe a denominação de Companhia Estadual de Tecnologia
de Saneamento Básico e de Controle da Poluição das Águas através da Lei nº 118/73, e em
1975 ganhou o nome de Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e de
Defesa do Meio Ambiente. Por meio da Lei 13.542 que entrou em vigor em 2009,
ampliando suas atribuições, especialmente no licenciamento ambiental no Estado, a sua
denominação foi simplificada para Companhia Ambiental do Estado de São Paulo,
permanecendo ainda sua sigla.
A CETESB é uma agência do Governo do Estado, responsável pelo controle,
fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades causadoras de poluição, e com
as novas atribuições, passa-se a licenciar as atividades que implicam no corte de vegetação
e também a intervir em áreas consideradas de preservação e ambientalmente protegida.
Assim, adota-se uma gestão ambiental dentro do desenvolvimento da sustentabilidade,
33
certificando-se da melhoria da qualidade do meio ambiente de maneira a atender às
expectativas da sociedade no Estado de São Paulo.
A CETESB, tornou-se um dos 16 centros de referência da Organização das Nações
Unidas (ONU), operando-se em colaboração com os 184 países que integram esse
organismo internacional para as questões ambientais. Tornando-se, também, uma das cinco
instituições mundiais da Organização Mundial de Saúde (OMS) para questões de
abastecimento de água e saneamento, além de órgão de referência e consultoria do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, para questões ligadas a
resíduos perigosos na América Latina.
Com 46 agências pelo Estado, a CETESB tem convênios com Prefeituras para a
descentralização do licenciamento de atividades e empreendimentos de pequeno impacto
local.