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Beneficiários apenas o segurado empregado, o trabalhador avulso e o segurado especial (art. 18, §1º, da Lei 8.213/91).

Carência não há.

Valor 50% do salário de benefício.

Outras informações

A) É o único benefício previdenciário exclusivamente indenizatório.B) O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da

cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.

Outras informações

C) A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconheci-mento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

D) O STJ entende que não é imprescindível que a moléstia seja irre-versível para a concessão deste benefício (REsp 1.112.866, de 25.11.09).

10. PENSÃO POR MORTE

Regulamentação básica: artigos 74/79, da Lei 8.213/91; artigos 105/115, do RPS (Decreto 3.048/99).

Códigos de concessão: 93 – Pensão por morte por acidente do trabalho e 21 – Pensão por morte previdenciária.

A pensão por morte é um benefício previdenciário dos depen-dentes dos segurados, assim consideradas as pessoas listadas no artigo 16, da Lei 8.213/91, devendo a condição de dependente ser aferida no momento do óbito do instituidor, e não em outro marco , pois é com o falecimento que nasce o direito.

`` Importante:

Todos os segurados poderão instituir pensão por morte se deixarem de-pendentes, sendo que o benefício independia de carência até o advento da Medida Provisória 664, de 30/12/2014. Desde então, o artigo 25 da Lei 8.213/91 passou a exigir carência de 24 recolhimentos mensais para a concessão da pensão por morte como regra geral, salvo nas exceções a serem vistas. Excepcionalmente, a pensão por morte somente dispensa-rá a carência apenas em duas situações: A) Quando o segurado falecido

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estava em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez; B) Quando a morte do segurado decorreu de acidente de trabalho (típico, por equiparação ou no caso das doenças ocupacionais).

Nos termos do artigo 5º, inciso III, da MP 664/2014, as alterações perpetradas na carência da pensão por morte somente possuem vi-gência a partir do “primeiro dia do terceiro mês subseqüente à data de publicação desta Medida Provisória”, ou seja, somente se aplica aos óbitos perpetrados a partir de 01 de março de 2015.

A exigência de carência para a pensão por morte como regra geral (24 contribuições mensais) busca reduzir os enormes impactos deste benefício na Previdência Social brasileira, assim como impedir filiações à beira da morte apenas com o objetivo de gerar a pensão por morte.

Vale relembrar que os dependentes da classe I (artigo 16, da Lei 8.213/91) são preferenciais e possuem presunção absoluta de de-pendência econômica: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado ju-dicialmente.

`` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?Consoante densamente comentado anteriormente entende o STJ que “a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessi-dade econômica superveniente” (Súmula 336).

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Procurador do Município de Natal em 2008, foi considerado correto o seguinte enunciado: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito a pensão previdenciária por morte do ex-marido, desde que comprovada a necessidade econômica su-perveniente. Por outro lado, no concurso para Procurador do Estado de Alagoas em 2008, foi considerado errado o seguinte enunciado: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial não tem direito à pensão por morte do ex-marido, ainda que comprove a necessidade econômica superveniente.

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Também serão dependentes preferenciais o parceiro homoafeti-vo e o ex-cônjuge ou companheiro(a) que perceba alimentos, assim como os equiparados a filho (enteado e tutelado), estes dois sem presunção de dependência econômica.

O cônjuge separado de fato apenas fará jus à pensão por morte se demonstrar a dependência econômica, inclusive em concorrência com eventual companheiro(a).

A Lei 8.213/91 não exige que a comprovação da união estável se dê através do início de prova material, podendo ser comprovada apenas por testemunhos, vigorando o Princípio do Livre Convenci-mento Motivado, razão pela qual a previsão do artigo 143 do Regula-mento da Previdência Social é ilegal neste ponto.

`` Qual o entendimento da TNU sobre o assunto?

Súmula 63 – A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material.

A pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez tenha ocorrido antes da emancipação ou de completar a idade de vinte e um anos, nos termos do Regulamento da Previdência Social, desde que reconhecida ou comprovada, pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a data do óbito do segurado.

É obrigatório que o pensionista inválido se submeta a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação pro-fissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gra-tuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são fa-cultativos, independentemente de sua idade, sob pena de suspensão do benefício.

No entanto, desde o advento da Lei 13.063, de 30 de dezembro de 2014, que alterou o artigo 101 da Lei 8.213/91, o pensionista inválido estará isento do exame pericial após completar 60 (sessenta) anos de idade, salvo se o próprio pensionista solicitar a realização do exame para verificar a recuperação da sua capacidade de trabalho, caso se julgue apto.

De acordo com o artigo 114, II, do RPS, o pagamento da cota individual da pensão por morte cessa para o pensionista menor de

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idade, ao completar vinte e um anos, salvo se for inválido, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a emancipa-ção for decorrente de colação de grau científico em curso de ensino superior.

Por isso, de acordo com a literalidade do Regulamento, apenas no caso de invalidez do dependente, a emancipação decorrente de colação de grau em curso superior antes dos 21 anos de idade não retira a qualidade de dependente.

Destaque-se que o posicionamento do STF e do STJ é pela ausên-cia da condição de dependente de segurado do(a) concubino(a), pois se cuida de relação paralela ao matrimônio, conforme visto anterior-mente.

Desde o advento da MP 664/2014, nos termos da atual redação do artigo 74, §2º, da Lei 8.213/91, “o cônjuge, companheiro ou companhei-ra não terá direito ao benefício da pensão por morte se o casamento ou o início da união estável tiver ocorrido há menos de dois anos da data do óbito do instituidor do benefício, salvo nos casos em que:

I - o óbito do segurado seja decorrente de acidente posterior ao casamento ou ao início da união estável; ou

II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira for considera-do incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade remunerada que lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial a cargo do INSS, por doença ou aci-dente ocorrido após o casamento ou início da união estável e anterior ao óbito.”

O objetivo deste novo dispositivo é prevenir a ocorrência de frau-des contra a Previdência Social, pois, não raro, existiam casamentos e uniões estáveis (reais ou não) firmados de última hora para a con-cessão de pensão por morte de segurados idosos ou gravemente enfermos.

De agora em diante, como regra geral, se entre a celebração do casamento ou termo inicial da união estável (e homoafetiva, por analogia) e o falecimento do segurado não se alcançou ao menos o prazo de dois anos, a pensão por morte será indevida, salvo se o se-gurado morreu de acidente após o enlace matrimonial (infortúnio) ou o cônjuge, o companheiro ou a companheira seja permanentemente

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inválido para o trabalho com causa posterior ao casamento ou união estável e até o dia da morte do segurado.

Vale frisar que a vigência do novo §2º do artigo 74 da Lei 8.213/91 não se deu em 30/12/2014, data da publicação da MP 664/2014, e sim quinze dias após, em 14 de janeiro de 2015, somente se aplicando aos óbitos verificados a contar desta data.

Conforme já estudado anteriormente, a pendência em curso uni-versitário após os 21 anos de idade não é causa de prorrogação da pensão por morte no RGPS.

`` Qual o entendimento da TNU sobre o assunto?

Súmula 37: “A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário”,

Já na classe II figuram os pais, ao passo que na classe III estão o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicial-mente.

Caso haja mais de um dependente dentro da mesma classe, ha-verá o rateio em partes iguais da pensão por morte e, na medida em que cesse a dependência de algum, os remanescentes irão acrescen-do proporcionalmente as suas cotas, salvo no caso do acréscimo de 10% por dependente que não será transferido.

Outrossim, não haverá transferência de benefício entre as clas-ses, de modo que um filho menor de 21 anos que alcance a maiorida-de previdenciária não fará com que os dependentes da classe II ou III sejam beneficiários da prestação.

Vale destacar a inovação inaugurada pela Lei 12.470/2011, no que concerne ao filho ou irmão do segurado portador de deficiência in-telectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, agora inserido como dependente pre-videnciário no artigo 16, incisos I e III, da Lei 8.213/91.

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`` Importante!

De acordo com o §4º, do artigo 77, da Lei 8.213/91, “a parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmen-te, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade empreendedora”.

Portanto, o dependente do segurado portador de deficiência in-telectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, poderá exercer naturalmente labor remunerado, mas haverá uma redução temporária de sua cota de pensão em 30%, que será restabelecida no momento da cessação da atividade remunerada.

No caso de pensão por morte paga a mais de um dependente, cada cota poderá ser inferior a um salário mínimo, mas o benefício, no valor total, será de um salário mínimo ao menos, pois substitui o salário de contribuição.

`` Importante!

A pensão por morte era paga no mesmo valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (100% do salário de benefício) até o advento da Medida Provisória 664/2014.

Entretanto, a MP 664/2014 alterou a redação do artigo 75 da Lei 8.213/91, que passou a prever que “o valor mensal da pensão por morte cor-responde a 50% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, acrescido de tantas cotas individuais de 10% do valor da mesma aposentadoria, quantos forem os dependentes do segurado, até o máximo de cinco”, assegurado o valor de um salário mí-nimo no total, vez que se cuida de benefício previdenciário que substitui a remuneração do segurado.

Trata-se de um retrocesso na proteção previdenciária, mas que era necessário pelos enormes gastos gerados pela pensão por morte que iria prejudicar as gerações futuras, vez que os recursos seriam retirados de outras áreas sociais.

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Há, no entanto, um caso especial de acréscimo de 10% no valor da pensão por morte a ser rateado entre os dependentes. Isso no caso de haver filho do segurado ou pessoa a ele equiparada, que seja órfão de pai e mãe na data da concessão da pensão ou durante o período de manutenção desta, observado o limite máximo de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento e a maioridade previdenciária do órfão, quando a cota extra cessará.

Contudo, a aludida cota extra de 10% na pensão por morte em que haja pensionista órgão de pai e de mãe não será aplicada quan-do for devida mais de uma pensão aos dependentes do segurado, a exemplo da concessão de duas pensões deixadas pelo pai e mãe falecidos.

A cota individual de 10% da pensão por morte irá cessar com a perda da qualidade de dependente, revertendo-se em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar, mas sem o acréscimo da correspondente cota individual de dez por cento.

Suponha-se que um segurado faleceu deixando uma esposa e dois filhos menores de 21 anos não emancipados. Neste caso, será concedida pensão por morte de 80% do salário de benefício (se o se-gurado estava na ativa) ou de 80% da sua aposentadoria (se morreu já aposentado), pois se aplica o valor básico de 50% acrescido de 3 cotas de 10%.

Quando o filho mais velho completar 21 anos de idade (se não in-válido ou não interditado por problemas mentais), a pensão por mor-te será reduzida para 70% para os dois dependentes remanescentes.

Por sua vez, quando o segundo filho também deixar de ser de-pendente ao alcançar a maioridade previdenciária, a pensão por morte percebida exclusivamente pela viúva será de 60%.

Nos termos do artigo 5º, inciso III, da MP 664/2014, as alterações perpetradas na renda da pensão por morte somente possuem vigên-cia a partir do “primeiro dia do terceiro mês subseqüente à data de publicação desta Medida Provisória”, ou seja, somente se aplica aos óbitos perpetrados a partir de 01 de março de 2015.

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`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Promotor de Justiça do Espírito Santo em 2010, foi considerado correto o seguinte enunciado: João, que era casa-do com Maria e tinha um filho menor não emancipado chamado Júnior, exercia, quando veio a falecer, atividade abrangida pelo RGPS, como empregado de uma fábrica há oito meses, recebendo, nesse período, um salário de R$ 700,00. Morava ainda com o casal e o filho menor a mãe de João. Se Maria, sua sogra e Júnior requererem pensão por morte, o benefício será concedido apenas a Maria e Júnior, em partes iguais, sendo que a parte de cada um poderá ser menor que um sa-lário mínimo.

Destarte, indiretamente, a pensão por morte também será calcu-lada com o manejo do salário de benefício.

`` Importante!

Em regra, a pensão por morte será paga a partir do óbito do segurado. Contudo, se postulada administrativamente após 30 dias do falecimento, será devida apenas a partir da data de entrada do requerimento admi-nistrativo.

Vale ressaltar que, mesmo nos casos em que o requerimento do benefício é protocolizado após 30 dias do óbito, a data de início do benefício será o dia do falecimento, mas apenas serão devidas as parcelas a contar da data do requerimento.

É que no dia da morte é que nasce o direito, independentemente de quando foi requerido o benefício. Nesse sentido, dispõe o artigo 105, inciso I, do RPS, que no caso de requerimento após 30 dias do falecimento do segurado, a data de início do benefício será a data do óbito, aplicados os devidos reajustamentos até a data de início do pagamento, não sendo devida qualquer importância relativa ao período anterior à data de entrada do requerimento.

No caso dos absolutamente incapazes, pois contra eles não cor-rerá a prescrição, a jurisprudência e o próprio INSS vem entendendo que o benefício será devido desde a data do falecimento, mesmo que o requerimento seja protocolizado após 30 dias do óbito, equiparan-do-se ao menor de 16 anos os incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, conforme o artigo 3º, do Código Civil.

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`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Advogado da CEF em 2010, foi considera-do correto o seguinte enunciado: Túlio, menor impúbere com 15 anos de idade, foi reconhecido judicialmente como filho e único herdeiro de Adalberto, que havia falecido quando Túlio tinha três anos de idade. Nessa situação, uma vez reconhecida a paternidade, se Adalberto for se-gurado obrigatório da previdência social, Túlio terá direito à percepção do benefício previdenciário denominado pensão por morte, podendo pleitear as prestações vencidas devidas pela previdência social desde a data do falecimento de seu genitor.

`` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça não vem acatando o entendi-mento do INSS. Isso porque vem utilizando como critério de menoridade os 18 anos de idade, e não os 16 anos de idade, conquanto se saiba que a prescrição corre para os relativamente incapazes: Informativo 546 – “DIREITO PREVIDENCIÁRIO. TERMO INICIAL DE PENSÃO POR MORTE REQUERI-DA POR PENSIONISTA MENOR DE DEZOITO ANOS. A pensão por morte será devida ao dependente menor de dezoito anos desde a data do óbito, ainda que tenha requerido o benefício passados mais de trinta dias após completar dezesseis anos. De acordo com o inciso II do art. 74 da Lei 8.213/1991, a pensão por morte será devida ao conjunto dos depen-dentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do requerimento, caso requerida após trinta dias do óbito. Entretanto, o art. 79 da referida lei dispõe que tanto o prazo de decadência quanto o prazo de prescrição são inaplicáveis ao “pensionista menor”. A meno-ridade de que trata esse dispositivo só desaparece com a maioridade, nos termos do art. 5º do CC – segundo o qual "A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil" –, e não aos dezesseis anos de idade. REsp 1.405.909-AL, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Ari Pargen-dler, julgado em 22/5/2014”.

Na hipótese de morte presumida, a pensão por morte será devida desde a prolação da respectiva decisão judicial, valendo ressaltar que “o reconhecimento da morte presumida, com o fito de concessão de pensão previdenciária, não se confunde com a declaração de ausên-cia regida pelos diplomas cível e processual. In casu, obedece-se ao disposto no artigo 78, da Lei 8.213/91” (STJ, REsp 232.893, de 23.05.2000).

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Benefícios e serviços do regime geral de Previdência social

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Juiz Federal da 5ª Região em 2009, foi consi-derado errado o seguinte enunciado: A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do requerimento do benefício, no caso de morte presumida.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso da FCC para Analista do TRF da 3ª Região em 2014, foi con-siderada correta a letra D: Considere as seguintes hipóteses: I. Pensão por morte requerida no vigésimo dia após o óbito. II. Pensão por morte requerida no trigésimo quinto dia após o óbito. III. Pensão por morte requerida no décimo quinto dia do óbito. IV. Pensão por morte requerida após sessenta dias do óbito. De acordo com a Lei no 8.213/91, a pensão por morte será devida a partir da data do requerimento APENAS nas hi-póteses: a) I, II e IV. b) II e III. c) I. d) II e IV. e) I e III. :

Por outro lado, se comprovado o desaparecimento do segurado em consequência de acidente, desastre ou catástrofe, seus depen-dentes farão jus à pensão provisória independentemente da decla-ração de ausência, pois se presume a morte do segurado, sendo de-vido o benefício desde a data da ocorrência do evento, se requerida em até 30 dias (artigo 318, II, “d”, da Instrução Normativa INSS PRES 45/2010).

Vale ressaltar que a ação judicial para reconhecer a morte pre-sumida para fins de percepção da pensão será de competência da Justiça Federal.

`` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?

Esse posicionamento foi adotado pela Corte Superior no julgamento do conflito de competência 20.120, de 14.10.1998.

A morte presumida será declarada pela autoridade judicial com-petente, depois de 06 meses de ausência, sendo concedida pensão provisória e pago o benefício a contar da data de prolação da sen-tença declaratória.

Contudo, se o desaparecimento do segurado decorrer de aci-dente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão

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provisória independentemente da declaração, a partir da data do desaparecimento.

Caso o segurado reapareça, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos va-lores recebidos, salvo comprovada má-fé.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Advogado da CEF em 2010, foi considerado errado o seguinte enunciado: Renato desapareceu após sofrer trágico acidente automobilístico e, em virtude desse fato, seus dependentes re-quereram, observados os preceitos legais pertinentes, pensão provisória por morte presumida. Após dois anos, Renato reapareceu, depois de ter--se recuperado de perda de memória decorrente do referido acidente. Nessa situação, verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, sendo obrigados os dependentes a repor os valores recebidos a título provisório.

Ademais, a concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclu-são de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.

Isso quer dizer que o INSS não poderá aguardar a habilitação de todos os dependentes para conceder o benefício, devendo, de logo, deferir ao primeiro que se habilitar, promovendo a inserção posterior de outros eventuais dependentes que requerem o benefício.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Advogado da CEF em 2010, foi considerado errado o seguinte enunciado: Considere que, quando faleceu, Alberto estava impugnando ação de reconhecimento de paternidade que tra-mitava contra ele e que, à época de seu falecimento, sua mãe era sua única dependente declarada. Nessa situação, havendo a possibilidade de posterior habilitação de possível dependente, que importaria na ex-clusão da mãe de Alberto dessa condição, a concessão da pensão por morte poderá ser protelada, a critério da autoridade competente.

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Benefícios e serviços do regime geral de Previdência social

De acordo com o artigo 114, do RPS, cessará o pagamento da cota da pensão por morte: pela morte do pensionista;para o pensionista menor de idade, ao completar vinte e um anos, salvo se for inválido, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for decorrente de colação de grau científico em curso de ensino superior; ou para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez, verificada em exame médico-pericial a cargo da previdên-cia social; pela adoção, para o filho adotado que receba pensão por morte dos pais biológicos.

Todavia, a previsão regulamentar de cessação da cota de pen-são por morte pela adoção é desprovida de amparo legal, pois não listada do artigo 77, §2º, da Lei 8.213/91, tendo o condão de inibir as adoções para a manutenção do benefício.

`` Importante!

Após a publicação da Medida Provisória 664/2014, a pensão por morte no Regime Geral de Previdência Social para cônjuges, companheiros e companheiras passou a ser temporária ou vitalícia, a depender da ex-pectativa de sobrevida do dependente aferida no momento do óbito do instituidor segurado.

Anteriormente, para os citados dependentes, a pensão por mor-te era vitalícia, vedada a acumulação de mais de uma pensão deixa-da por cônjuge ou companheiro, ressalvada a opção pela mais van-tajosa.

A expectativa de sobrevida será obtida a partir da Tábua Comple-ta de Mortalidade - ambos os sexos - construída pela Fundação Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, vigente no momento do óbito do segurado instituidor, que é publicada anualmente no dia 1º de dezembro.

Para que seja definitiva a pensão por morte, é necessário que o dependente, no dia do óbito do segurado, possua uma expectativa de sobrevida de até 35 anos. Caso a expectativa de sobrevida do dependente no dia do óbito do segurado supere a 35 anos, será concedida a pensão por morte temporária, observada a seguinte tabela:

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EXPECTATIVA DE SOBREVIDA DO DEPENDENTE NO DIA DO ÓBITO DO

SEGURADO/TABELA IBGE

ANOS DE DURAÇÃO DA PENSÃO POR MORTE

Maior que 35 e até 40 anos 15 anos

Maior que 40 e até 45 anos 12 anos

Maior que 45 e até 50 anos 09 anos

Maior que 50 e até 55 anos 06 anos

Maior que 55 anos 03 anos

Considerando que a tábua do IBGE em vigor a partir de 01/12/2014 previu que a pessoa com 44 anos de idade possui uma expectativa de sobrevida de 35,0 anos, conclui-se que para os óbitos ocorridos até 30/11/2015, o dependente cônjuge, companheiro ou companheira com 44 anos ou mais de idade no dia da morte terá direito à pensão por morte vitalícia, devendo-se adotar uma nova tabela após a cita-da data, vez que em 01/12/2015 será publicada uma nova tábua de expectativa de sobrevida pelo IBGE.

Para os pensionistas na condição de cônjuges, companheiros ou companheiras mais jovens, será adotada a seguinte tabela para os óbitos ocorridos até 30/11/2015:

FAIXA ETÁRIA DURAÇÃO DA PENSÃO POR MORTE

De 39 até antes de completar 44 anos de idade 15 anos

De 33 até antes de completar 39 anos de idade 12 anos

De 28 até antes de completar 33 anos de idade 9 anos

De 22 até antes de completar 28 anos de idade 6 anos

Até antes de completar 22 anos de idade 3 anos

No entanto, existe uma segunda possibilidade de concessão de pensão por morte vitalícia. Isso se, independentemente da sua ex-pectativa de sobrevida, o cônjuge, o companheiro ou a companheira for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercí-cio de atividade remunerada que lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial a cargo do INSS, por acidente ou doença ocor-rido entre o casamento ou início da união estável e a cessação do pagamento do benefício.

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Benefícios e serviços do regime geral de Previdência social

Nos termos do artigo 5º, inciso III, da MP 664/2014, a concessão da pensão por morte temporária somente possui vigência a partir do “primeiro dia do terceiro mês subseqüente à data de publicação desta Medida Provisória”, ou seja, somente se aplica aos óbitos per-petrados a partir de 01 de março de 2015.

`` Importante!Com o advento da Lei 12.470/2011, que alterou a redação do artigo 77, da Lei 8.213/91, passou a ser causa de cessação da pensão por morte o le-vantamento da interdição para o pensionista com deficiência intelectual ou mental que era enquadrado como absoluta ou relativamente incapaz.

De acordo com a atual legislação, o novo casamento do pensionis-ta não fará cessar a pensão por morte, como ocorria no regramento pretérito, em que o casamento do pensionista do sexo feminino ex-tinguia a pensão. Aliás, antigamente apenas o marido inválido tinha direito à pensão por morte, o que foi alterado com a nova legislação.

Em obediência ao Princípio do Tempus Regit Actum, tendo em vista que é no momento do óbito que nasce o direito ao benefício, a lei em vigor na data da morte definirá o regime jurídico da pensão por morte, pouco importando a data de entrada do requerimento admi-nistrativo ou outro marco qualquer.

`` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?Súmula 340 – A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Defensor Público da União em 2010, foi con-siderado correto o seguinte enunciado: A jurisprudência consolidou o entendimento de que a concessão da pensão por morte é regida pela norma vigente ao tempo da implementação da condição fática neces-sária à concessão do benefício, qual seja, a data do óbito do segurado. Outrossim, no concurso para Procurador do Município de Natal em 2008, foi considerado correto o seguinte enunciado: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data de óbito do segurado. Por outro lado, no concurso para Juiz Federal da 1ª Região em 2009, foi considerado errado o seguinte enunciado: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é a que esteja vigente na data do requerimento administrativo formulado pelos beneficiários, e não a vigente à data do óbito do segurado.

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Ademais, considerando que a concessão da aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial independente da manuten-ção da condição de segurado, a teor do artigo 3º, da Lei 10.666/2003, desde que o segurado já preenchesse os requisitos para se aposen-tar, os seus dependentes terão direito à pensão por morte.

`` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?

Súmula 416- É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos le-gais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Defensor Público da União em 2007, foi consi-derado correto o seguinte enunciado: Atualmente, é possível a concessão de pensão por morte aos dependentes, mesmo que o segurado tenha falecido após perder a qualidade de segurado. Para isso, é indispensável que os requisitos para obtenção da aposentadoria tenham sido preen-chidos de acordo com a legislação em vigor à época em que os requisitos foram atendidos.

Para exemplificar o caso, suponha-se que Alex tenha completado 65 anos de idade e já tenha a carência de 180 contribuições mensais para se aposentar por idade. Contudo, como não estava mais traba-lhando há muitos anos e por desconhecimento da legislação previden-ciária, ele faleceu sem sequer sonhar que tinha direito ao benefício.

Neste caso, se tiver deixado dependentes, estes terão direito à pensão por morte, pois passou a ser irrelevante o fato de Alex não mais ser segurado do RGPS, bastando o preenchimento dos pressu-postos para a aposentação, como ocorreu na hipótese.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Juiz Federal da 2ª Região em 2011, foi cobrada a seguin-te questão dissertativa: Asdrúbal vive com Cleopatra, com quem é casado desde 1970. Desde 1998, Asdrúbal, à margem do casamento, mantém um relacionamento amoroso com Juanita. Esta é sustentada por Asdrúbal, que lhe alugou um apartamento e arca com praticamente a totalidade de suas despesas. Em janeiro de 2012, Asdrúbal, que tinha 67 anos, e Cleopatra morrem em um acidente de carro. Juanita ajuíza ação ordinária em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na qual postula a

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condenação da autarquia federal a conceder-lhe pensão pela morte de Asdrúbal em razão da sua qualidade de companheira. Citado, o INSS plei-teia, na contestação, a improcedência do pedido, sustentando que: (i) Juanita não se insere no rol de dependentes previsto na legislação pre-videnciária; (ii) ao tempo do óbito, Asdrúbal não ostentava mais a quali-dade de segurado, visto que, conforme as alegações contidas na petição inicial, os documentos apresentados pela autora e as informações cons-tantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, o falecido so-mente teve, em toda sua vida, um único vínculo empregatício, com a res-pectivas contribuições, no período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 2005, não havendo a comprovação de qualquer outra das hipóteses previstas nos artigos 11 e 13 da Lei n. 8.213/91. Presumindo-se a veracidade dos fatos narrados na questão, analise a pertinência dos argumentos de defesa da autarquia para o indeferimento da concessão do benefício previdenciário pretendido, com a indicação dos dispositivos legais ou constitucionais pertinentes.

Este, inclusive, é o atual posicionamento administrativo do INSS, sendo concedida pensão aos dependentes mesmo que o óbito te-nha ocorrido após a perda da qualidade de segurado, desde que o instituidor do benefício tenha implementado todos os requisitos para obtenção de uma aposentadoria até a data do óbito ou fique reconhecido o direito, dentro do período de graça, à aposentado-ria por invalidez, a qual deverá ser verificada por meio de parecer médico-pericial do INSS com base em atestados ou relatórios mé-dicos, exames complementares, prontuários ou outros documentos equivalentes, referentes ao ex-segurado, que confirmem a existência de incapacidade permanente até a data do óbito.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Juiz Federal da 1ª Região em 2009, foi con-siderado errado o seguinte enunciado: Maria, segurada obrigatória do RGPS, preenchia todos os requisitos para a obtenção da aposentadoria por tempo de serviço, de acordo com as exigências previstas na Lei n.º 8.213/1991. Entretanto, no momento de requerer a aposentadoria, ela desistiu. Pouco tempo depois, por não concordar mais com as ordens emitidas por seu empregador, Maria resolveu deixar o emprego. Após 38 meses sem contribuir para a previdência social, Maria sofreu um ataque cardíaco e faleceu, sem haver requerido aposentadoria. Nessa situação hipotética, com relação ao benefício da pensão por morte, os dependentes

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de Maria não terão direito de recebê-lo, nos termos da Lei n.º 8.213/1991, uma vez que Maria não havia requerido aposentadoria à previdência so-cial. Por outro lado, foi considerado correto o seguinte enunciado: Nessa situação hipotética, com relação ao benefício da pensão por morte, os dependentes de Maria terão direito de recebê-lo, pois Maria havia pre-enchido todos os requisitos para requerer a aposentadoria por tempo de serviço.

No que concerne ao contribuinte individual que trabalha por con-ta própria, a sua filiação não ocorre tão somente com o exercício de atividade laborativa remunerada, sendo condicionada ao recolhimen-to da contribuição previdenciária, não sendo válidos recolhimentos após a morte para a regularização da sua condição de segurado para fins de deferimento da pensão por morte aos seus dependentes (ve-dação à inscrição post mortem do contribuinte individual que trabalha por conta própria).

`` Qual o entendimento da TNU sobre o assunto?

Súmula 52 – Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços.

`` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?

“Em relação ao recolhimento post mortem das contribuições previdenciá-ria, esta Corte vem firmando orientação no sentido de que é imprescindí-vel o recolhimento das contribuições respectivas pelo próprio segurado quando em vida para que seus dependentes possam receber o benefício de pensão por morte. Desta forma, não há base legal para uma inscrição post mortem ou para que sejam regularizadas as contribuições pretéritas, não recolhidas em vida pelo de cujus." (REsp1.346.852, de 21/05/2013).

Questão que traz polêmica é saber se o segurado em gozo de au-xílio-acidente, benefício exclusivamente indenizatório, que não mais desenvolve atividade laborativa remunerada, poderá ou não instituir pensão por morte pelo seu falecimento.

O INSS, na via administrativa, indefere a pensão por morte. To-davia, a Lei 8.213/91 não traz qualquer restrição, pois o segurado em

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gozo de benefício mantém a qualidade de segurado, mesmo sem verter contribuições previdenciárias, a teor do artigo 15, I, da Lei 8.213/91.

Deveria a Lei 8.213/91 ter excluído a concessão da pensão por morte para os dependentes de segurado em gozo de auxílio-acidente que não mais desenvolve atividade remunerada, por se tratar de verba indenizatória, pois não visa substituir a remuneração.

Assim sendo, diante da lacuna legal, a jurisprudência vem defe-rindo a pensão por morte nesta hipótese, a exemplo do posiciona-mento do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no julgamento da APELREE 2002.61.04.009993-1, de 01.12.2008.

Foi dito anteriormente que a renda mensal inicial da pensão por morte é no mesmo valor da aposentadoria percebida pelo segurado ou, se ativo, no montante da aposentadoria por invalidez que teria direito (100% do salário de benefício), até o advento da MP 664/2014.

Mas nem sempre a pensão por morte era paga no valor integral no RGPS, sendo inovação da Lei 9.032/95, que alterou a redação do artigo 75, da Lei 8.213/91.

Na vigência da Lei 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social), o valor básico era 50% do valor da aposentadoria que o segurado percebia ou daquela a que teria direito se na data do seu falecimento fosse aposentado, e mais tantas parcelas iguais, cada uma, a 10% do valor da mesma aposentadoria quantos forem os dependentes do segurado, até o máximo de cinco.

Posteriormente, o originário artigo 75, da Lei 8.213/91, previu o valor da pensão por morte em 80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou teria direito, mais 10% por dependente, até o máximo de 100%, exceto no que concerne ao falecimento decorrente de acidente de trabalho, cujo pagamento era integral.

Por conseguinte, os pensionistas que não recebiam a pensão por morte integral, pois com data de início anterior à vigência da Lei 9.032/95, começaram a propor as respectivas ações judiciais revisionais, tendo em conta o indeferimento administrativo perpetrado pelo INSS.

A jurisprudência se posicionava pacificamente pela possibilidade de revisão, inclusive o STJ. Mas o tratamento do tema mudou drasti-camente com o posicionamento do STF.

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`` Qual o entendimento do STF sobre o assunto?

A Suprema Corte acolheu os argumentos do INSS, que sustentava a impos-sibilidade jurídica da revisão da pensão por morte para 100% do salário de benefício, pois inexistente prévia fonte de custeio para a majoração, devendo também prevalecer o Princípio do Tempus Regit Actum, posicio-namento tomado no julgamento do RE 415.454.

Assim, a posição firmada pelo STF é pela ausência de direito dos dependentes dos segurados de revisar as pensões por morte conce-didas antes da Lei 9.032/95. Com o advento da MP 664/2014 voltou-se ao valor da pensão por morte adotado antes do advento da Lei 8.213/91.

`` Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso do CESPE para Procurador do Tribunal de Contas da Bahia em 2010, foi considerado correto o seguinte enunciado: Segundo en-tendimento do STF, lei nova mais benéfica que altere a forma de cál-culo da renda mensal inicial da pensão por morte, aumentando seu percentual, não se aplicará aos benefícios previdenciários concedidos antes de sua vigência.

Há uma regra especial de sucessão na legislação previdenciária que afasta os dispositivos do Código Civil por sua especialidade. Deveras, de acordo com o artigo 112, da Lei 8.213/91, o valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus dependen-tes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento.

Hipótese comum no foro é a pensão por morte apenas deferida ao filho do(a) falecido(a), mas não em favor do(a) companheiro(a) pela não comprovação de união estável, sendo questionado judicial-mente quando o filho completa 21 anos de idade e o benefício é naturalmente cessado.

Neste caso, uma vez comprovada à união estável, o(a) compa-nheiro(a) terá direito à percepção da pensão por morte, mas sem direito à percepção das parcelas no período que o filho recebeu.

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É que o benefício foi revertido em favor do lar, sacado pelo(a) companheiro(a) do instituidor na condição de representante legal do menor previdenciário, conforme a melhor jurisprudência (TRF da 4ª Região, AC 2008.71.99.001312-4, de 25.08.2008).

Questão curiosa e que desperta a atenção dos alunos em sala de aula é a possibilidade do deferimento de pensão por morte a depen-dente que praticou delito de homicídio contra o instituidor.

Talvez o caso mais comum seja o da popular “viúva negra”. Vale registrar que expressamente a Lei 8.213/91 não vedava o pagamento de pensão por morte nesta hipótese, pois é omissa a respeito.

Contudo, entendia-se que em se tratando de homicídio doloso há fundamento no ordenamento jurídico para impedir a concessão do benefício, pois ninguém poderá se locupletar da própria torpeza, expressão consagrada como princípio geral do Direito.

De efeito, era possível tomar de empréstimo o artigo 220, da Lei 8.112/90, que prevê que “não faz jus à pensão o beneficiário conde-nado pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do servidor”.

Posteriormente, a MP 664/2014 inseriu vedação no §1º do artigo 74 da Lei 8.213/91, ao estatuir que “não terá direito à pensão por morte o condenado pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do segurado”.

Ressalte-se que é preciso que haja condenação penal trânsita em julgado para obstar a percepção da pensão, sob pena de violação ao Princípio da Presunção de Inocência, conforme correto posicionamen-to do Tribunal Regional da 5ª Região, tomado na ação cível 430.140, de 31.03.2008.

Quadro sintético – Pensão por morte

Cabimento óbito do segurado da Previdência Social que deixar dependentes.

Beneficiários

os dependentes, observada a ordem preferencial das classes do artigo 16, da Lei 8.213/91, ressaltando que a classe I tem presunção de dependência econômica (o cônjuge; a companheira; o compa-nheiro; o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicial-mente; o parceiro homoafetivo; o ex-cônjuge ou ex-companheiro que percebe alimentos).

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Quadro sintético – Pensão por morte

OBS - Se entre a celebração do casamento ou termo inicial da união estável (e homoafetiva, por analogia) e o falecimento do segurado não se alcançou ao menos o prazo de dois anos, a pensão por morte será indevida, salvo se o segurado morreu de acidente após o enlace matrimonial (infortúnio) ou o cônjuge, o com-panheiro ou a companheira seja permanentemente inválido para o trabalho com causa posterior ao casamento ou união estável e até o dia da morte do segurado.

Carência24 contribuições mensais, em regra, salvo se decorrente de aci-dente do trabalho ou de segurado em gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez.

Valor

Cinquenta por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, acrescido de tantas cotas individuais de dez por cento do valor da mesma aposenta-doria, quantos forem os dependentes do segurado, até o máximo de cinco.

Outras informações

A) A condição de dependente será aferida no momento do óbito, e não posteriormente.

B) Será devida desde o falecimento ou do requerimento, se pos-tulada após 30 dias; no caso de morte presumida, após a deci-são judicial.

C) Havendo mais de um dependente da mesma classe, será divida em partes iguais, excluídos os da classe inferior.

D) Com a morte, a cessação da invalidez, a emancipação ou a maioridade, a cota da pensão será revertida para o outro dependente, não se transmitindo para os dependentes de classe inferior.

E) De acordo com o artigo 114, II, do RPS, a emancipação por cola-ção de grau em curso superior antes dos 21 anos não faz cessar a pensão por morte.

F) Súmula 340, STJ: A lei aplicável à concessão de pensão previ-denciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.

G) Súmula 336, STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na sepa-ração judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superve-niente.

H) Súmula 416, STJ- É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, pre-encheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.