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    MINISTRIO PBLICO - SP DIREITO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    PROFESSORA CRISTIANE DUPRET

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    Infncia e Juventude: Acesso justia. Ministrio Pblico. Proteo Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos. Acesso Justia:

    - Disposies gerais - Justia da Infncia e Juventude - Dos procedimentos

    Podemos identificar trs ondas dentro do movimento pelo acesso justia. A primeira onda, destinada a remover os obstculos econmicos; a segunda, relacionada tutela coletiva; e a terceira, chamada de novo enfoque do acesso justia, de contedo bastante amplo, envolvendo, por exemplo, mudana de procedimentos tendo em vista a melhor adequao relao material, celeridade, mecanismos de tutela jurisdicional, enfim, tudo o que for necessrio para tornar o processo mais efetivo. Quanto primeira onda, j se falava, h tempos, no custo do processo e miserabilidade das pessoas como algo que constitua o verdadeiro centro das preocupaes. A segunda onda se destina a remover os bices de legitimao ativa. Partimos de uma legitimidade individual e restrita, para um sistema de tutela coletiva que desperta elogios da comunidade jurdica internacional. Quanto terceira onda esto inseridos todos os esforos para dotar o processo de mecanismos eficazes para atingir os seus escopos. Resultante de longa luta e presso dos movimentos dos direitos das crianas e dos adolescentes, acompanhando a Declarao Universal dos Direitos da Criana de 1959 e a Conveno Internacional sobre os Direitos da Criana de 1989, a sociedade e o Estado brasileiros assumem a responsabilidade constitucional de garantir um futuro digno aos mais jovens. A Constituio Federal de 1988 e o Estatuto da Criana e do Adolescente Lei n. 8.069.90 - ECA inauguraram uma nova fase na histria,

    at ento trgica, da proteo da infncia e da juventude no Brasil. O art. 6. do Estatuto da Criana e do Adolescente faz meno condio peculiar da criana e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. Foi essa percepo, ou seja, de que a temtica da infncia e da juventude pressupem uma especializao, que motivou a criao de instncias especializadas no julgamento de processos que envolvem a violao desses direitos, as chamadas Varas da Infncia e da Juventude. O Cdigo Melo Matos ( Decreto 17.943-A de 12 de outubro de 1927) criou, em seu art. 146, um juzo privativo dos menores abandonados e delinquentes no Distrito Federal. O Cdigo de Menores ( Lei n. 6.697.79), em seu art. 6. e 84, denominava de juiz de menores aquele com competncia para conhecer das matrias constantes naquela lei A denominada Justia da Infncia e Juventude constitui, na verdade, uma especializao da Justia Estadual, conforme dispe expressamente o art. 145 do Estatuto da Criana e do Adolescente.

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    A execuo das medidas poder ser delegada autoridade competente da residncia dos pais ou responsvel, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criana ou adolescente.

    Art. 149 - Compete autoridade judiciria disciplinar, atravs de portaria, ou autorizar, mediante alvar: I - a entrada e permanncia de criana ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsvel, em: a) estdio, ginsio e campo desportivo; b) bailes ou promoes danantes; c) boate ou congneres; d) casa que explore comercialmente diverses eletrnicas; e) estdios cinematogrficos, de teatro, rdio e televiso. II - a participao de criana e adolescente em: a) espetculos pblicos e seus ensaios; b) certames de beleza. As aes judiciais da competncia da Justia da Infncia e da Juventude so isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hiptese de litigncia de m-f. Competncia - A Lei n. 12.913/2008, do Estado do Rio Grande do Sul, conferiu poderes ao Conselho da Magistratura, excepcionalmente, de atribuir aos Juizados da Infncia e da Juventude, entre outras competncias, a de processar e julgar crimes de natureza sexuais em que figurem como vtimas crianas ou adolescentes, ressalvada a competncia do Juizado Especial Criminal, nos limites da atribuio que a Constituio Federal confere aos Tribunais (art. 96, I, "a"). 3. Embora haja precedentes deste Superior Tribunal em sentido contrrio, em homenagem ao princpio da segurana jurdica, e ressalvando meu posicionamento, de seguir-se o entendimento assentado nas duas Turmas do Supremo Tribunal Federal, no sentido de ser possvel atribuir Justia da

    Infncia e Juventude, entre outras competncias, a de processar e julgar crimes de natureza sexuais praticados contra crianas e adolescentes. STJ HC 238110 2014 Informativo 551

    Ministrio Pblico

    - Arts. 200 a 205 Atribuies do MP Artigo 201 Destaque do Inciso V: V - promover o inqurito civil e a ao civil pblica para a proteo dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos infncia e adolescncia, inclusive os definidos no art. 220, 3 inciso II, da Constituio Federal; Nos processos e procedimentos em que no for parte, atuar obrigatoriamente o Ministrio Pblico na defesa dos direitos e interesses das crianas e adolescentes, hiptese em que ter vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligncias, usando os recursos cabveis. A intimao do MP ser sempre pessoal. A falta de interveno do Ministrio Pblico acarreta a nulidade do feito, que ser declarada de ofcio pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. Resguardados os interesses da criana e do adolescente, no se justifica a obrigatria e automtica nomeao da Defensoria Pblica como curadora especial em ao movida pelo

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    Ministrio Pblico, que j atua como substituto processual. A Defensoria Pblica, no exerccio da curadoria especial, desempenha apenas e to somente uma funo processual de representao em juzo do menor que no tiver representante legal Ou se os seus interesses estiverem em conflito (arts. 9 do CPC e 142, pargrafo nico, do ECA). Incabvel a nomeao de curador especial em processo de acolhimento institucional no qual a criana nem parte, mas mera destinatria da deciso judicial. REsp 1417782 - 2014 O MP tem legitimidade ativa para ajuizar ao de alimentos em proveito de criana ou adolescente. A legitimidade do Ministrio Pblico independe do exerccio do poder familiar dos pais, ou de o menor se encontrar nas Situaes de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criana e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existncia ou eficincia da Defensoria Pblica na comarca. Resp 1265821 2014. Na qualidade de autor das diversas aes ou procedimentos que lhe so confiados pelo Estatuto da Criana e do Adolescente, o Ministrio Pblico est legitimado para propor: a) ao cvel de proteo dos interesses individuais, coletivos ou difusos, relativos infncia e adolescncia ( artigos 201, V e 210, I, ECA e Lei 7.347/85); b) mandado de segurana, de injuno e "habeas corpus", em defesa dos interesses sociais e individuais indisponveis, relativos criana e ao adolescente (201, IX); c) ao de alimentos, em favor de criana ou adolescente (art. 201, III, ECA e Lei 5.478/68); d) ao de suspenso e destituio do ptrio poder (art. 201, III e 155 ss); e) ao de nomeao de tutores, curadores e guardies (art. 201, III, ECA e art. 1.187 ss, CPC); f) ao de especializao de hipoteca legal dos bens de tutores e curadores (art. 201,IV);

    g) ao de prestao de contas de tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianas e adolescentes (art. 201, IV); h) ao de remoo de tutores, curadores e guardies (art. 201, III, ECA e art. 1.194 ss, CPC); i) procedimento para apurao de irregularidades em entidades de atendimento (art. 191); j) procedimento para apurao de infrao administrativa normas de proteo criana e ao adolescente (art. 194 e 201, X); l) ao de responsabilidade civil do infrator de normas de proteo a infncia e juventude (art. 201, X); m) ao de execuo de multa cominatria (art. 214, par. 1); n) ao de execuo de sentena condenatria (art. 217); o) procedimento para apurao de ato infracional (art. 180, III); p) qualquer outra ao ou medida judicial ou extrajudicial, visando assegurar o efetivo respeito aos direitos e garantias legais das crianas e adolescentes (art. 201, VIII e par. 2); q) ao penal decorrente da prtica dos crimes definidos na nova lei contra a criana e o adolescente (art. 227, ECA e art. 129, I, CF). AO CIVIL PBLICA O Ministrio Pblico legitimado para propor a ao, concorrentemente com a Unio, Estados, Municpios, Distrito Federal e Territrios, mais as associaes afinadas com os interesses e direitos protegidas pela lei, constitudas h, pelo menos, um ano. Em caso de ao proposta por uma dessas associaes e posterior desistncia ou abandono, a lei inova, dispondo que "o Ministrio Pblico ou outro legitimado poder assumir a titularidade ativa".

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    IDOSO

    EXCEES QUANTO IDADE DE 60 ANOS:

    - Benefcio de prestao continuada (artigo 34)

    - Gratuidade de transporte coletivo urbano e semi urbano (artigo 39)

    BENEFCIO DE PRESTAO CONTINUADA A Lei de Organizao da Assistncia Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituio da Repblica, estabeleceu critrios para que o benefcio mensal de um salrio mnimo fosse concedido aos portadores de deficincia e aos idosos que comprovassem no possuir meios de prover a prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia. Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos: V - a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de

    deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei. LOAS Lei 8742/93 Art. 20. O benefcio de prestao continuada a garantia de um salrio-mnimo mensal pessoa com deficincia e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem no possuir meios de prover a prpria manuteno nem de t-la provida por sua famlia. (...) 3 Considera-se incapaz de prover a manuteno da pessoa com deficincia ou idosa a famlia cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salrio-mnimo. ESTATUTO DO IDOSO Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que no possuam meios para prover sua subsistncia, nem de t-la provida por sua famlia, assegurado o benefcio mensal de 1 (um) salrio-mnimo, nos termos da Lei Orgnica da Assistncia Social Loas. Reclamao 4374 e RE 567985, 580963. Informativos 669 e 702 do STF O requisito financeiro estabelecido pela lei 8742/93 (renda familiar per capita inferior a um do salrio mnimo) teve sua constitucionalidade contestada. Ao apreciar a Ao Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, 3, da LOAS. A Reclamao 4374 serviu como instrumento de (re)interpretao da deciso proferida em controle de constitucionalidade abstrato. Ministro Marco Aurelio - Inconstitucionalidade em concreto do artigo 20 da LOAS

    - Natureza do BPC

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    - Princpio da proibio de concretizao deficitria

    - Reserva do possvel - Constitucionalidade do artigo 34 do

    Estatuto do Idoso Ministro Gilmar Mendes (Relator do RE 580963)

    - Negou provimento ao RE - Esvaziamento da deciso tomada na

    ADI 1232/DF - Inconstitucionalizao do art. 20, 3,

    da Lei 8.742/93 - Mudana nas circunstncias fticas, quer nas jurdicas - Diversas normas estipularam critrios diferentes de do salrio mnimo - Declarou a inconstitucionalidade do 3 do art. 20 da Lei 8.742/93, sem pronncia de nulidade, mantendo-o vlido at dezembro de 2014 Enfatizou que a questo seria relevante sob dois prismas: 1) a evoluo ocorrida; 2) a concesso de outros benefcios com a adoo de critrios distintos de 1/4 do salrio mnimo. Ministro Celso de Mello - Conquanto excepcional, seria legtima a possibilidade de interveno jurisdicional dos juzes e tribunais na conformao de determinadas polticas pblicas, quando o prprio Estado deixasse de adimplir suas obrigaes constitucionais. O Min. Luiz Fux considerou que, nos casos em que a renda per capita superasse at 5% do limite legal em comento, os juzes teriam flexibilidade para conceder a benesse. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 580.963/MT, declarou a inconstitucionalidade, por omisso parcial, do art. 34, pargrafo nico, da Lei n. 10.741/2003 e concluiu que a aposentadoria no valor de um salrio mnimo percebida por idoso integrante do grupo familiar no pode ser includa no

    clculo da renda familiar per capita, para fins de apurao da condio de miserabilidade, no tocante concesso do benefcio assistencial previsto na Lei Orgnica da Assistncia Social REsp 1226027 / PR Sexta Turma 2014

    DO TRANSPORTE Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos pblicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos servios seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos servios regulares. Constituio Federal Art. 230. A famlia, a sociedade e o Estado tm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participao na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito vida. 1 - Os programas de amparo aos idosos sero executados preferencialmente em seus lares. 2 - Aos maiores de sessenta e cinco anos garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-, nos termos da legislao especfica: I a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veculo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salrios-mnimos; II desconto de 50% (cinquenta por cento), no mnimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salrios-mnimos.

    Idosos entre 60 e 65 anos legislao local.

    Transportes coletivos interestaduais Estacionamentos pblicos e privados:

    5% das vagas. Prioridade no embarque e

    desembarque

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    que o Poder Executivo adote medidas que viabilizem o exerccio de direitos constitucionalmente assegurados. Ofensa ao princpio da separao de poderes no configurada. Precedentes. Agravo regimental conhecido e no provido. (STF - AI 707810 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - 1. Turma) STJ Corte Especial AgRg na SLS 1453 / RJ 15/02/2012 (deciso contrria deciso tambm da CE de 2010) PEDIDO DE SUSPENSO DE TUTELA ANTECIPADA. LESO ORDEM, SEGURANA E ECONOMIA PBLICAS NO CARACTERIZADA. No lesa o interesse pblico a deciso judicial que dispensa os idosos de se cadastrarem para utilizarem gratuitamente o transporte pblico coletivo. Agravo regimental no provido. (...)submisso dos idosos a procedimento de cadastramento para o gozo do benefcio do passe livre, cujo deslocamento foi custeado pelos interessados, quando o Estatuto do Idoso, art. 39, 1 exige apenas a apresentao de documento de identidade. 4. Conduta da empresa de viao injurdica se considerado o sistema normativo. (STJ Segunda Turma 01/12/2009 - REsp 1057274 / RS Ministra Eliana Calmon) no sistema de transporte coletivo interestadual, bem como desconto de cinquenta por cento (50%), no mnimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a dois salrios mnimos. 3. Com o objetivo de regulamentar o benefcio em questo, foi editado, inicialmente, o Decreto 5.130/2004, que, embora tenha conferido amplo tratamento matria, foi omisso quanto criao da mencionada fonte de custeio. caput do art. 35 da Lei n 9.074, de 7 de julho de 1995". Disps, ainda, em seu pargrafo nico, que "a concessionria ou permissionria dever apresentar a documentao necessria para a comprovao do impacto do benefcio no equilbrio econmico-financeiro

    do contrato, observados os termos da legislao aplicvel". caso o benefcio concedido aos idosos resulte comprovadamente em desequilbrio econmico-financeiro dos contratos". representar risco ao equilbrio econmico-financeiro dos seus contratos de concesso". As transaes relativas a alimentos podero ser celebradas perante o Promotor de Justia ou Defensor Pblico, que as referendar, e passaro a ter efeito de ttulo executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. O acordo referendado pela Defensoria Pblica estadual, alm de se configurar como ttulo executivo, pode ser executado sob pena de priso civil. (STJ - REsp 1117639 / MG Terceira Turma 2010)

    EDUCAO, CULTURA, ESPORTE E LAZER (Artigos 20 a 25)

    Criar condies para garantir o acesso, o interesse e a aprendizagem dos idosos; A participao dos idosos em atividades culturais e de lazer ser proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artsticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais O Poder Pblico apoiar a criao de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivar a publicao de livros e peridicos, de contedo e padro editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural reduo da capacidade visual.

    vedada a cobrana diferenciada nos planos

    de sade. "O reajuste de mensalidade de plano de sade em razo da mudana de faixa admitido,

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    desde que esteja previsto no contrato, no sejam aplicados percentuais desarrazoados, com a finalidade de impossibilitar a permanncia da filiao do idoso, e seja observado o princpio da boa-f objetiva" (AgRg no AREsp 416164 / PE Quarta Turma 2014) O aumento da idade do segurado implica a necessidade de maior assistncia mdica. Em razo disso, a Lei n. 9.656/1998 assegurou a possibilidade de reajuste da mensalidade de plano ou seguro de sade em razo da mudana de faixa etria do segurado. Essa norma no confronta o art. 15, 3, do Estatuto do Idoso, que veda a discriminao consistente na cobrana de valores diferenciados em razo da idade. Discriminao traz em si uma conotao negativa, no sentido do injusto, e assim que deve ser interpretada a vedao estabelecida no referido estatuto. Na hiptese dos autos, o aumento do valor do prmio decorreu do maior risco, ou seja, da maior necessidade de utilizao dos servios segurados, e no do simples advento da mudana de faixa etria. REsp 1381606 / DF Terceira Turma - 2014 Todas as entidades de longa permanncia, ou casa-lar, so obrigadas a firmar contrato de prestao de servios com a pessoa idosa abrigada. No caso de entidades filantrpicas, ou casa-lar, facultada a cobrana de participao do idoso no custeio da entidade. O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistncia Social estabelecer a forma de participao prevista no que no poder exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefcio previdencirio ou de assistncia social percebido pelo idoso. Se a pessoa idosa for incapaz, caber a seu representante legal firmar o contrato. O acolhimento de idosos em situao de risco social, por adulto ou ncleo familiar, caracteriza a dependncia econmica, para os efeitos legais.

    DA PROFISSIONALIZAO E DO TRABALHO

    Direito ao exerccio de atividade profissional.

    Vedada a discriminao e a fixao de limite mximo de idade.

    Os Ministros deste Tribunal, no julgamento do ARE 678.112-RG/MG, Rel. Min. Luiz Fux, reconheceram a existncia de repercusso geral do tema versado nestes autos, tendo, na ocasio, reafirmado a jurisprudncia dominante sobre a matria, j consolidada no sentido da legitimidade de fixao de limite de idade em concurso pblico quando previsto em lei e possa ser justificado pela natureza das atribuies do cargo a ser preenchido (STF - ARE 714730 AgR / GO - GOIS - Segunda Turma - 08/2013)

    DA HABITAO Arts. 37 a 38

    Moradia digna Exeo do acolhimento em entidade

    de longa permanncia Instituies: Identificao externa

    visvel, obrigadas em prov-los com alimentao regular e higiene.

    Prioridade na aquisio de imvel para moradia prpria nos programas habitacionais pblicos ou subsidiados com recursos pblicos (L. 12419/11 preferncia de pavimento trreo)

    reserva de pelo menos 3% (trs por cento) das unidades habitacionais residenciais para atendimento aos idosos

    SITUAES DE RISCO

    As medidas de proteo ao idoso so aplicveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaados ou violados: I por ao ou omisso da sociedade ou do Estado; II por falta, omisso ou abuso da famlia, curador ou entidade de atendimento; III em razo de sua condio pessoal.

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    Legitimidade do Ministrio Pblico ou o Poder Judicirio, a requerimento daquele, para determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I encaminhamento famlia ou curador, mediante termo de responsabilidade; II orientao, apoio e acompanhamento temporrios; III requisio para tratamento de sua sade, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; IV incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio, orientao e tratamento a usurios dependentes de drogas lcitas ou ilcitas, ao prprio idoso ou pessoa de sua convivncia que lhe cause perturbao; V abrigo em entidade; VI abrigo temporrio.

    ACESSO JUSTIA

    Prioridade na tramitao dos

    processos e procedimentos e na execuo dos atos e diligncias judiciais em qualquer instncia.

    Requerimento com prova da idade , o benefcio autoridade judiciria competente para decidir o feito, que determinar as providncias a serem cumpridas, anotando-se essa circunstncia em local visvel nos autos do processo.

    Para o atendimento prioritrio ser garantido ao idoso o fcil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinao a idosos em local visvel e caracteres legveis

    A prioridade no cessar com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cnjuge suprstite, companheiro ou companheira, com unio estvel, maior de 60 (sessenta) anos.

    COMPETNCIA ABSOLUTA

    Art. 79. Regem-se pelas disposies desta Lei as aes de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao idoso, referentes omisso ou ao oferecimento insatisfatrio de: I acesso s aes e servios de sade;

    II atendimento especializado ao idoso portador de deficincia ou com limitao incapacitante; III atendimento especializado ao idoso portador de doena infecto-contagiosa; IV servio de assistncia social visando ao amparo do idoso. Pargrafo nico. As hipteses previstas neste artigo no excluem da proteo judicial outros interesses difusos, coletivos, individuais indisponveis ou homogneos, prprios do idoso, protegidos em lei. Art. 80. As aes previstas neste Captulo sero propostas no foro do domiclio do idoso, cujo juzo ter competncia absoluta para processar a causa, ressalvadas as competncias da Justia Federal e a competncia originria dos Tribunais Superiores. Alegada violao do artigo 80 da Lei 10.741/2003 (Estatuto Do Idoso). Competncia "absoluta" do foro do domiclio do idoso para processamento e julgamento de aes voltadas proteo dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponveis ou homogneos. Hiptese diversa da tratada nos autos (interesse individual disponvel). Critrio territorial de definio da competncia jurisdicional que no conflita com o critrio Objetivo (em razo da matria). AgRg no AREsp 446494 / RJ Quarta Turma 2014

    ATUAO DO MINISTRIO PBLICO Previso nos artigos 73 a 77:

    Funes exercidas nos termos da respectiva lei orgnica

    Competncias definidas no artigo 74 A legitimao para as aes cveis de

    sua competncia no exclui a de outros legitimados

    O rol de sua competncia meramente exemplificativo.

    Livre acesso s entidades de atendimento ao idoso

    Intimao pessoal

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    Nulidade por falta de intimao pessoal do MP, declarada de ofcio pelo Juiz ou a requerimento de qualquer interessado

    Nos processos e procedimentos em que no for parte, atuar obrigatoriamente o Ministrio Pblico na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipteses em que ter vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer diligncias e produo de outras provas, usando os recursos cabveis

    Para as aes cveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponveis ou homogneos, consideram-se legitimados, concorrentemente: I o Ministrio Pblico; II a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios; III a Ordem dos Advogados do Brasil; IV as associaes legalmente constitudas h pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorizao da assemblia, se houver prvia autorizao estatutria. Obs.: REsp 1106515 / MG 2010 Lei 11.448/07 Admitir-se- litisconsrcio facultativo entre os Ministrios Pblicos da Unio e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei. Em caso de desistncia ou abandono da ao por associao legitimada, o Ministrio Pblico ou outro legitimado dever assumir a titularidade ativa. O Estatuto do Idoso instrumento que representa aquilo que se Rogrio Sanches denomina de especializao da justia (nesse sentido Rogrio Sanches e tantos outros autores). Em outras palavras, a poltica criminal no nosso pas tambm vem sendo conduzida de maneira a dar maior efetividade a casos em que a violncia se direciona contra determinado grupos de pessoas.

    DOS CRIMES Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena mxima privativa de liberdade no ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposies do Cdigo Penal e do Cdigo de Processo Penal. STF - Art. 94 da Lei n. 10.741/2003: interpretao conforme Constituio do Brasil, com reduo de texto, para suprimir a expresso "do Cdigo Penal e". Aplicao apenas do procedimento sumarssimo previsto na Lei n. 9.099/95: benefcio do idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicao de quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretao benfica ao autor do crime. 3. Ao direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para dar interpretao conforme Constituio do Brasil, com reduo de texto, ao art. 94 da Lei n. 10.741/2003. (ADI 3096, Relator(a): Min. CRMEN LCIA, Tribunal Pleno, STF, julgado em 16/06/2010 A existncia de crimes no Estatuto do Idoso no afasta crimes previstos no Cdigo Penal, como a leso corporal. Vejamos: Conquanto se esteja diante de crime em tese praticado no mbito das relaes domsticas e familiares, j que o acusado filho da vtima, o certo que esta ltima pessoa do sexo masculino, o que afasta as disposies especficas previstas na Lei 11.340/2006 - cuja incidncia restrita violncia praticada contra mulher -, notadamente a que dispensa a representao do ofendido para que possa ser iniciada a persecuo penal nos delitos de leso corporal. STJ 2014 - RHC 51481 / SC No crime de furto possvel aplicar o princpio da insignificncia?

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    A conduta perpetrada pelo ru - subtrao do valor de R$ 240,00, proveniente da aposentadoria de um idoso - no se revela como de escassa ofensividade social e penal. STJ - AgRg no REsp 1448852 / MS 2014 Em crime contra a f pblica, praticado contra idoso, incide a agravante do CP? HABEAS CORPUS. MOEDA FALSA. ART. 289, 1, DO CDIGO PENAL. F PBLICA. BEM JURDICO TUTELADO. ESTADO, PESSOA JURDICA DIVERSA OU PESSOA FSICA. VTIMAS. PREJUZO NOTRIO. AGRAVANTES. ARTS. 61, INCISO II, ALNEAS "E" e "H", TAMBM DO CP. CRIME PRATICADO CONTRA ASCENDENTE MAIOR DE 60 ANOS. INCIDNCIA. POSSIBILIDADE. A f pblica do Estado o bem jurdico tutelado no delito do art. 289, 1, do Cdigo Penal, o que no induz concluso de que o Estado seja vtima exclusiva do delito. No caso de se praticar um crime contra criana, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grvida, a norma, claramente, visou a proteger aquele que naturalmente mais vulnervel, punindo, com maior rigor, o agente do delito. STJ - HC 211052 / RO 2014 Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei so de ao penal pblica incondicionada, no se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Cdigo Penal. Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operaes bancrias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessrio ao exerccio da cidadania, por motivo de idade: Pena recluso de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. 2o A pena ser aumentada de 1/3 (um tero) se a vtima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.

    No caso de discriminao por motivo de raa, cor, etnia, religio, ou procedncia nacional contra pessoa idosa, estar-se-ia caracterizado o crime incurso no art. 96, 1o do Estatuto do Idoso, sendo esta pena menor do que se fosse incurso nos crimes de preconceito previstos na Lei Ca. Ou seja, o Estatuto do Idoso, que objetiva trazer normas protetivas a pessoas nessa condio, acabou por abrandar a situao do agente que pratica discriminao por raa, cor etc. contra pessoa idosa. Art. 97. Deixar de prestar assistncia ao idoso, quando possvel faz-lo sem risco pessoal, em situao de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistncia sade, sem justa causa, ou no pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pblica: Pena deteno de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Pargrafo nico. A pena aumentada de metade, se da omisso resulta leso corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de sade, entidades de longa permanncia, ou congneres, ou no prover suas necessidades bsicas, quando obrigado por lei ou mandado: Pena deteno de 6 (seis) meses a 3 (trs) anos e multa. Vejamos o artigo 244 do CP: Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistncia do cnjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente invlido ou maior de 60 (sessenta) anos, no lhes proporcionando os recursos necessrios ou faltando ao pagamento de penso alimentcia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: Art. 99. Expor a perigo a integridade e a sade, fsica ou psquica, do idoso, submetendo-o a condies desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados

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    indispensveis, quando obrigado a faz-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: Pena deteno de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. 1o Se do fato resulta leso corporal de natureza grave: Pena recluso de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 2o Se resulta a morte: Pena recluso de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Especialidade em relao ao artigo 136 do CP: Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a sade de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilncia, para fim de educao, ensino, tratamento ou custdia, quer privando-a de alimentao ou cuidados indispensveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correo ou disciplina: 1 - Se do fato resulta leso corporal de natureza grave: Pena - recluso, de um a quatro anos. 2 - Se resulta a morte: Pena - recluso, de quatro a doze anos. 3 - Aumenta-se a pena de um tero, se o crime praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Art. 100. Constitui crime punvel com recluso de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa: I obstar o acesso de algum a qualquer cargo pblico por motivo de idade; II negar a algum, por motivo de idade, emprego ou trabalho; III recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistncia sade, sem justa causa, a pessoa idosa; IV deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execuo de ordem judicial expedida na ao civil a que alude esta Lei; V recusar, retardar ou omitir dados tcnicos indispensveis propositura da ao civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministrio Pblico. Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execuo de

    ordem judicial expedida nas aes em que for parte ou interveniente o idoso: Pena deteno de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, penso ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicao diversa da de sua finalidade: Pena recluso de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Para a conduta de desviar bens do idoso, prevista no art. 102 da Lei n. 10.741/2003, no h necessidade de prvia posse por parte do agente, restrita hiptese de apropriao. REsp 1358865 / RS Sexta Turma 2014 Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanncia do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar procurao entidade de atendimento: Pena deteno de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 104. Reter o carto magntico de conta bancria relativa a benefcios, proventos ou penso do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dvida: Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicao, informaes ou imagens depreciativas ou injuriosas pessoa do idoso: Pena deteno de 1 (um) a 3 (trs) anos e multa. Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procurao para fins de administrao de bens ou deles dispor livremente: Pena recluso de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procurao: Pena recluso de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida representao legal:

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    Pena recluso de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 109. Impedir ou embaraar ato do representante do Ministrio Pblico ou de qualquer outro agente fiscalizador: Pena recluso de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.