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CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL NAS 5 FONTES PROFESSOR: VÍTOR CRUZ 1 www.pontodosconcursos.com.br Direito Constitucional nas 5 fontes: Constituição, Doutrina, Jurisprudência... ...Macetes e Questões.

150184175 62056048 Direito Constitucional Nas 5 Fontes Vitor Cruz Vampiro 2011

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    Direito Constitucional

    nas 5 fontes:

    Constituio, Doutrina, Jurisprudncia...

    ...Macetes e Questes.

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    Aula 0: Noes de Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado e Constitucionalismo.

    E a pessoal! Tudo bem por a?

    um enorme prazer aparecer novamente por aqui para ministrar mais este importante curso pelo Ponto.

    Quem sou eu?!

    Para quem ainda no me conhece: eu sou o Prof. Vtor Cruz, tambm conhecido por muitos como "Vampiro". J faz um tempinho que estou aqui no Ponto dos Concursos, ensinando (e aprendendo muito com os alunos) a disciplina mais legal e interessante dos concursos pblicos: o Direito Constitucional.

    Voc no acha o Direito Constitucional a disciplina mais legal?Ento seu caso grave! Venha agooora estudar com a gente.

    Voltando a falar sobre mim: Eu sou ex-Oficial da Marinha do Brasil, graduado em Cincias Navais pela Escola Naval e Ps-graduado em Direito Constitucional.

    Entre meus trabalhos editoriais, eu sou autor do livro "Constituio Federal Anotada para Concursos (2 ed.)" publicado pela Editora Ferreira e dos livros "Vou ter que estudar Direito Constitucional! E Agora?" e "Questes Comentadas de Direito Constitucional - FGV", ambos pela Editora Mtodo.

    Sou tambm coordenador, juntamente com o Prof. Leandro Cadenas, da coleo 1001 questes comentadas da Editora Mtodo, onde tambm participo sendo autor das seguintes obras:

    -1001 Questes Comentadas de Direito Constitucional - ESAF;

    -1001 Questes Comentadas de Direito Constitucional - CESPE;

    -1001 Questes Comentadas de Direito Constitucional - FCC;

    -1001 Questes Comentadas de Direito Tributrio - ESAF (este em parceria com Francisco Valente).

    Espero poder transmitir ao mximo para vocs essa minha experincia em concurso pblicos.

    O porqu deste curso e qual o seu diferencial?

    Bom, este curso praticamente a sntese de tudo aquilo que julgo importante no Direito Constitucional para concursos, foi feito baseado

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    em meus trabalhos e estudos durante mais ou menos 7 anos. O diferencial do curso, em relao a qualquer outro curso ou material que exista no mercado, o fato de se basear em 4 pilares:

    1- Estudo completo (J que veremos literalidade, doutrinas e jurisprudncias de cada tema abordado);

    2- Estudo com foco (Pois iremos resolver centenas de questes de concursos pblicos, selecionadas aps um pesquisa de mais de 5000 questes abordadas em certames em todo o Brasil e na viso de diversas bancas examinadoras, onde comentaremos de forma especfica sempre que houver alguma singularidade);

    3- Estudo em linguagem facilitada, porm com abordagem profunda (Eu no sou um professor que iniciei meus estudos na rea jurdica, minha formao de oficial da Marinha se baseou no pragmatismo da engenharia e da administrao, somente em momento posterior que me apaixonei pelo Direito, o que permitiu que me aprofundasse nos temas, mas sem perder a objetividade e linguagem acessvel a todos, alm de usar mtodos mnemnicos, esquemas e macetes para ajudar na fixao do aprendizado).

    4- Frum de dvidas ( o local onde estarei disponvel para esclarecer os pontos que porventura no tenham sido esclarecidos de forma satisfatria).

    Contedo do curso:

    Este curso poder ser aproveitado tanto por iniciantes, quanto por alunos avanados, e por candidatos dos principais concursos pblicos do pas, sejam eles federais, estaduais ou municipais. Principalmente para os alunos das reas: fiscal, tribunais (administrativa e judiciria), gesto, policial e Ministrio Pblico.

    Assim, ele ser uma verdadeira espinha dorsal para seu estudo no Direito Constitucional.

    Me proponho a seguir o seguinte cronograma, em aulas semanais:

    Aula zero: Noes de Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado e Constitucionalismo.

    Aula 1 (16/02): Sentidos das Constituies e Poder Constituinte;

    Aula 2 (23/02): Classificao das Constituies, estrutura e normas constitucionais;

    Aula 3 (02/03): Princpios Fundamentais;

    Aula 4 (09/03): Teoria geral dos Direitos Fundamentais, e Direitos e Deveres Individuais - parte 1;

    Aula 5 (16/03): Direitos e Deveres Individuais - parte 2;

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    Aula 6 (23/03): Direitos Sociais, Nacionalidade, Direitos Polticos e Partidos Polticos;

    Aula 7 (30/03): Organizao do Estado.

    Aula 8 (06/04): Poder Legislativo e Fiscalizao Contbil, Financeira e Oramentria;

    Aula 9 (13/04): Processo Legislativo;

    Aula 10 (20/04): Poder Executivo;

    Aula 11 (27/04): Poder Judicirio;

    Aula 12 (04/05): Controle de Constitucionalidade.

    Este cronograma inicial poder sofrer alguma adequao como desmembramento de aula ou aulas complementares (sem custo adicional), porm o contedo a ser ministrado ser o exposto acima. Certo assim?

    J esto cansados de papo, no mesmo? Vamos logo esquentar esses motores e comear de uma vez por todas essa nossa "caa aos 100% de acertos"!!!

    A vai uma "degustao" gratuita de nosso curso:

    Direito Constitucional - o que isso?

    Vamos fazer uma definio do Direito Constitucional... mas daqui a pouco, agora vamos bater um rpido papo sobre ele:

    O Direito Constitucional a "cincia" que estuda a Constituio - hh!!!! Mentira Vtor, se voc no falasse eu no ia saber.

    Mas voc sabe o que a Constituio?

    Dizer "o que uma Constituio" no fcil no... Atualmente no h consenso entre os estudiosos sobre o que efetivamente seria uma Constituio. J teve inclusive muita briga com isso. Quando formos estudar a teoria da Constituio veremos que cada um fala uma coisa diferente.

    No nos preocupando com isso agora, eu posso te dizer o seguinte (guarde bem isso): A Constituio a norma mxima de um Estado. uma norma que est l em cima da cadeia hierrquica devendo ser observada por todos os integrantes do pas e ela tambm serve de base para todos os demais tipos de normas.

    Um jurista austraco chamado Hans Kelsen elaborou a seguinte pirmide hierrquica:

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    Esta pirmide revela vrias coisas, a primeira delas que a Constituio mais "enxuta", tem poucos detalhes e dela que irradiam todas as outras normas, que vo cada vez encorpando mais o chamado "ordenamento jurdico" (conjunto das normas em vigor).

    Devido ao fato da Constituio ser a origem das demais normas, o estudo do Direito Constitucional acaba se tornando a melhor ferramenta para se ter uma base slida no estudo do direito. No se consegue ser um especialista em algum ramo do direito sem que se saiba, ao menos de forma razovel, o Direito Constitucional.

    Outro ponto que extramos da pirmide de Kelsen, que a Constituio hierarquicamente superior s leis, e estas so hierarquicamente superior s normas infralegais. Assim, importante que digamos que as leis s podem ser elaboradas observando os limites da Constituio, e as normas infralegais s podero ser elaboradas observando os limites da lei a qual regulamentam, e assim, indiretamente tambm devero estar nos limites da Constituio.

    Observao: No existem hierarquias dentro de cada patamar, ou seja, no existe qualquer hierarquia entre quaisquer das normas constitucionais nem qualquer hierarquia de uma lei perante outra lei, ainda que de outra espcie.

    1. (CESPE/Agente Administrativo-MPS/2010) A norma constitucional uma sobrenorma, porque trata do contedo ou das formas que as demais normas devem conter, apresentando princpios que servem de guias supremos ao exerccio das competncias dos rgos.

    Comentrios:

    Perfeito... J da para esquentar. A Constituio isso a. O ponto de partida para as demais normas, a norma suprema, ou como a

    Constituio

    Normas infraconstituiconais ("leis")

    Normas infralegais

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    questo diz uma: "sobrenorma" delineando o contedo e as formalidades das demais normas que esto abaixo dela.

    Gabarito: Correto.

    2. (CESPE/Agente Administrativo-MPS/2010) Segundo a estrutura escalonada ou piramidal das normas de um mesmo sistema jurdico, no qual cada norma busca sua validade em outra, situada em plano mais elevado, a norma constitucional situa-se no pice da pirmide, caracterizando-se como norma-origem, porque no existe outra que lhe seja superior.

    Comentrios:

    Olha s: a questo trouxe em palavras tudo aquilo que vimos na pirmide de Kelsen: a Constituio no pice, servindo de origem, e cada patamar devendo buscar a validade no patamar superior.

    Gabarito: Correto.

    Definio de direito Constitucional: O Direito Constitucional definido como sendo: o ramo de direito pblico que estuda os conceitos relacionados ordem constitucional, ou seja, estuda a lei mxima de um pas e o

    que estiver atrelado a ela. um direito amplo, pois, acaba albergando as noes gerais de diversos outros direitos1.

    (OBS.: Direito pblico aquele que regulamenta a poltica do Estado e as relaes entre os seus rgos, ou entre estes e os particulares. O direito pblico se diferencia do direito privado, j que este aquele que regulamenta as relaes entre particulares (pessoas) como Direito Civil, Direito Comercial e Direito Internacional Privado).

    Para fins de estudo, o Direito Constitucional divide-se, quanto ao foco de investigao, em basicamente 3 espcies:

    Direito Constitucional Comparado - Tem como objeto de estudo a comparao entre ordenamento constitucional de vrios pases (critrio espacial), ou de um mesmo pas em diferentes pocas de sua histria (critrio temporal), com o objetivo de aprimorar o ordenamento atual.

    Direito Constitucional Geral (ou comum) - o estudo dos conceitos e princpios constitucionais de forma geral, ou seja, sem se preocupar com um ordenamento constitucional especfico. um estudo terico.

    1 CRUZ, Vtor. Vou ter que estudar Direito Constitucional. E Agora? So Paulo: Mtodo. 2011.

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    Direito Constitucional Positivo (ou especial) - o direito constitucional propriamente dito, que vai estudar um ordenamento especfico que esteja vigorando em um pas, diz-se "positivo" pois est em vigor, capaz de impor a sua fora.

    3. (FUNIVERSA/APEX-Brasil/2006) O Direito Constitucional um ramo do Direito Privado, destacado por ser fundamental organizao do Estado e ao estabelecimento das bases da estrutura poltica.

    Comentrios:

    O direito cosntitucional ramo do direito pblico e no do direito privado.

    Gabarito: Errado.

    4. (ESAF/AFC-CGU/2004) Um dos objetos do Direito Constitucional Comparado o estudo das normas jurdicas positivadas nos textos das Constituies de um mesmo Estado, em diferentes momentos histricotemporais.

    Comentrios:

    O Direito Constitucional Comparado um estudo comparativo no tempo ou no espao. A questo, corretamente, assinalou o aspecto temporal como um dos objetivos do DC comparado.

    Gabarito: Correto.

    Estado e o Constitucionalismo:

    Vamos l: voc sabe o que Estado?

    Claro que sei: Estado aquela regio que tem um monte de Municpio dentro! Rio de Janeiro, So Paulo, Gois...

    Isso at est correto, mas no vamos falar deste Estado ainda no. Vamos falar de outro Estado: O Estado Brasileiro, O Estado Francs... Ou seja, para fins do nosso estudo, quando falarmos em "Estado" gostaria que vocs entendessem como "a entidade organizada que surge das relaes entre o povo e seus governantes dentro de um territrio, sempre com o objetivo de alcanar o bem comum".

    Todo Estado possui ento necessariamente 3 elementos:

    1- Povo: constitudo somente por aquelas pessoas efetivamente ligadas ao Estado. Os nacionais daquele lugar. No se confunde com "populao" que qualquer um que esteja no territrio.

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    2- Territrio: O territrio o limite para o exerccio do poder de um Estado.

    3- Governo soberano: O governo justamente a entidade criada pelo prprio povo, para que no interesse da sociedade promova as regulamentaes das relaes e faa cumprir o que foi regulamentado. O governo soberano, pois dentro do territrio ele o poder mximo, o poder que representa os interesses do seu povo, e no estar submetido vontade de nenhum interesse que no seja originrio da vontade de seus nacionais.

    Todo Estado criado com uma finalidade: alcanar o bem comum.

    verdade que nem sempre o governo foi formado por representantes do povo, j teve poca em que o "mais forte" era o governante ou ento aquele que consideravam de descendncia "divina" (monarquias teocrticas), mas deixa isso pra l, atualmente, principalmente aps a Revoluo Francesa e a Independncia do Estados Unidos (final do sc. XVIII), o cidado se fortaleceu e um Estado, para ser considerado efetivamente como Estado, deve possuir uma Constituio que garanta ao menos as liberdades individuais para seu povo e expresse como estar organizado o exerccio do Poder.

    Ateno!!! Vocs gravaram isso?? Vou repetir: ...deve possuir uma Constituio que garanta ao menos as

    liberdades individuais para seu povo e expresse como estar organizado o exerccio do Poder. Ser que isso importante? Vocs decidem!

    5. (FCC/EPP/2004) Com fundamento em conceitos bsicos da Teoria Geral do Estado, INCORRETO afirmar:

    a) Todas as pessoas presentes no territrio do Estado, num determinado momento, inclusive estrangeiros e aptridas, fazem parte da populao.

    b) O conceito de Estado no se confunde com o de Nao.

    c) O territrio de um Estado a base geogrfica do poder soberano.

    d) So elementos constitutivos do Estado Moderno: povo, territrio e soberania.

    e) A soberania una, divisvel, alienvel e imprescritvel.

    Comentrios:

    O erro est na letra E, j que a soberania indivisvel e inalienvel.

    Gabarito: Letra E.

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    6. (CESPE/Analista-SERPRO/2008) O conceito de Estado possui basicamente quatro elementos: nao, territrio, governo e soberania. Assim, no possvel que haja mais de uma nao em um determinado Estado, ou mais de um Estado para a mesma nao.

    Comentrios:

    Dentro de um Estado pode haver vrias naes (vrios grupos vinculados), ou mesmo, esta nao pode estar espalhada por vrios Estados.

    Gabarito: Errado.

    T! J sei o que Estado! Mas me fala logo o que esse constitucionalismo...

    Meus alunos, inteligentes que so, j devem ter percebido que

    constitucionalismo est relacionado com a Constituio ( hh!). Na verdade, podemos dizer que a Constituio surge atravs do "Constitucionalismo". Ou seja, chama-se de constitucionalismo a evoluo das relaes entre governantes e governados que faz surgir a Constituio.

    O constitucionalismo ocorre de modos diferentes e em tempos diferentes nos vrios pases do mundo. O constitucionalismo de cada pas tem a sua peculiaridade

    (veja que o tempo verbal indicado "ocorre" e no "ocorreu". O constitucionalismo no foi um evento, ele um evento. Tivemos uma evoluo passada, temos uma no presente e teremos outra no futuro, pois a sociedade dinmica, os anseios se modificam e a forma e o conceito da "Constituio" devem acompanhar essas mudanas)

    Temos, resumidamente, diversos constitucionalismos:

    Constitucionalismo Antigo - Manifestado primeiramente na civilizao hebraica (que era teocrtica) onde o poder era limitado pela "Lei do Senhor" e posteriormente na civilizao grega onde havia inclusive uma escolha de cidados para os cargos pblicos;

    Constitucionalismo da Idade Mdia - Marcado pela Magna Carta de 1215 onde o rei Joo "sem terra" teve de assinar uma carta de limitaes de seu poder para que no fosse deposto pelos bares;

    Constitucionalismo Moderno - Marcado pela Revoluo Francesa e pela Independncia dos Estados Unidos, onde o povo

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    realmente passava a legitimar a Constituio e exigir um rol de garantias perante o Estado.

    Para a grande maioria da Doutrina, porm, a Constituio s pode ser chamada efetivamente de "Constituio" no constitucionalismo moderno, ou seja, a partir da Revoluo Francesa em 1789 que deu origem a Constituio de 1791 naquele pas e da Constituio Americana de 1787. Surge, ento, o chamado conceito ocidental de Constituio ou conceito ideal. Baseado na doutrina do Prof. Canotilho, neste conceito, elencamos as seguintes caractersticas:

    Forma escrita; Deve organizar o Estado politicamente e prever a

    separao de funes do Poder Poltico (tripartio dos Poderes);

    Deve garantir as liberdades individuais, limitando o poder do Estado;

    Deve prever a participao do povo nas decises polticas.

    (GRAVEM ESSAS CARACTERSTICAS!)

    7. (FCC/Defensor Pblico-SP/2006) O que assegura aos cidados o exerccio dos seus direitos, a diviso dos poderes e, segundo um dos seus grandes tericos, a limitao do governo pelo direito :

    a) o constitucionalismo.

    b) a separao de poderes.

    c) o princpio da legalidade.

    d) o federalismo.

    e) o Estado Democrtico de Direito.

    Comentrios:

    O instrumento capaz de limitar os poderes dos governantes e assegurar as garantias do povo foi a Constituio, e essa constituio surge do evento chamado constitucionalismo.

    Gabarito: Letra A.

    8. (FCC/ACE-TCE-MG/2007) O conjunto de regras concernentes forma do Estado, forma do governo, ao modo de aquisio e exerccio do poder, ao estabelecimento de seus rgos e aos limites de sua ao corresponde

    a) a um dos possveis conceitos de Constituio.

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    b) aos princpios que regem o Estado Federal.

    c) aos direitos fundamentais do homem.

    d) aos princpios que regem a Administrao Pblica.

    e) s normas que, se violadas, ensejam a interveno federal no Estado-membro.

    Comentrios:

    A questo nitidamente est tratando de um conceito possvel de Constituio, j que a funo bsica de uma constituio organizar politicamente o Estado (relao entre os poderes, populao, governo...) e garantir as liberdades individuais, limitando o poder do Estado.

    Gabarito: Letra A.

    9. (CESPE/Advogado - Petrobrs/2007) O conceito de constituio moderna corresponde idia de uma ordenao sistemtica e racional da comunidade poltica por meio de um documento escrito no qual se declaram as liberdades e os direitos e se fixam os limites do poder poltico. Esse conceito de constituio tambm conhecido como conceito oriental de constituio.

    Comentrios:

    O correto seria conceito ocidental de constituio ou conceito ideal de constituio.

    Gabarito: Errado.

    10. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) A origem do constitucionalismo remonta antiguidade clssica, especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestaes desse movimento constitucional em busca de uma organizao poltica fundada na limitao do poder absoluto.

    Comentrios:

    isso a... A questo est falando do Constitucionalismo Antigo.

    Gabarito: Correto.

    11. (CESPE/ANATEL/2006) O constitucionalismo pode ser corretamente definido como um movimento que visa limitar o poder e estabelecer um rol de direitos e garantias individuais, o que cria a necessidade de se instituir uma carta, em regra escrita, que possa juridicizar essa relao entre Estado e cidado, de forma a se gerar mais segurana jurdica.

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    Comentrios:

    Trata-se de um perfeito retrato da concepo moderna de constitucionalismo, que surgiu com a Revoluo Francesa e a independncia dos EUA.

    Gabarito: Correto.

    12. (ESAF/AFRFB/2009) O conceito ideal de constituio, o qual surgiu no movimento constitucional do sculo XIX, considera como um de seus elementos materiais caracterizadores que a constituio no deve ser escrita.

    Comentrios:

    Neste conceito, elencamos as seguintes caractersticas: forma escrita; organizao do Estado com previso da separao das funes do Poder Poltico (tripartio do Poder); garantia das liberdades individuais, limitando o poder do Estado; e participao do povo nas decises polticas.

    Gabarito: Errado.

    13. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A Constituio contm normas fundamentais da ordenao estatal que servem para regular os princpios bsicos relativos ao territrio, populao, ao governo, finalidade do Estado e suas relaes recprocas.

    Comentrios:

    A funo bsica de uma constituio a organizar politicamente o Estado (relao entre os poderes, populao, governo...) e garantir as liberdades individuais. Assim, encontra-se correta a assertiva.

    Gabarito: Correto.

    Antes dessa "formalizao" do conceito de Constituio, diversos documentos e movimentos podem ser apontados como antecedentes deste constitucionalismo moderno. Assim, so geralmente apontados como precedentes histricos do constitucionalismo moderno:

    Pensamento iluminista - Pregava o liberalismo poltico e econmico. Foi a base das revolues do sc. XVIII e XIX.

    Teoria do Pacto Social de Rousseau - Segundo Rousseau, o Estado um contrato social entre seus integrantes, logo o povo no pode estar submisso, sem participar nas decises polticas.

    Pactos - Acordos entre o monarca e os bares (ou burgueses). Ex. Magna Carta de 1215, onde o rei s governaria se

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    aceitasse as condies impostas pela nobreza (bares). Outro importante foi o Petition of Rights (1628) onde passou ser necessria o consentimento de todos para que se fossem cobradas ddivas ou benevolncias. Importante tambm citar o Bill of Rights de 1689 (declarao de direitos) feita pelo parlamento ingls e aceita por Guilherme de Orange, que reconheceu, na Inglaterra, diversos direitos e liberdades como a propriedade privada e as eleies livres para o parlamento.

    Forais - Permitiam o auto-governo dos burgos. Cartas de Franquia - Assegurava a liberdade s corporaes e

    colocava limites ao poder dos senhores feudais para exigir tributos.

    Contratos de colonizao - Regras consensuais fixadas pelos novos colonos da Amrica do Norte, para que pudessem regulamentar o Poder e se governarem.

    (As definies de cada um desses antecedentes no cobrada em concursos! Mas, cobrado o nome deles como exemplos de antecedentes das Constituies)

    14. (ESAF/AFC-CGU/2004) A idia de uma Constituio escrita, consagrada aps o sucesso da Revoluo Francesa, tem entre seus antecedentes histricos os pactos, os forais, as cartas de franquia e os contratos de colonizao.

    Comentrios:

    Exato. Podemos ainda elencar o pensamento iluminista e as teorias sobre o contrato social.

    Gabarito: Correto.

    Atualmente, fala-se muito do neoconstitucionalismo, ou constitucionalismo contemporneo que uma fase em que o Brasil comea a adentrar a partir da Constituio de 1988, principalmente, mas que j seria vivenciada por pases da Europa Ocidental (como Alemanha e Espanha) desde os anos 50, 60, no ps 2 Guerra Mundial.

    O neoconstitucionalismo est marcado pela idia de justia social, equidade, e emprego de valores e princpios norteadores de moralidade, rompendo-se a idia de positivismo ao extremo. Trata-se ento de um "ps-positivismo". Para os defensores do neoconstitucionalismo o direito deve ter como foco a Constituio e esta, na verdade, seria um "bloco constitucional" onde os aspectos

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    principiolgicos e os valores se tornam to importantes quanto as regras insculpidas no texto constitucional.

    O neoconstitucionalismo no apenas uma nova roupagem para algo antigo, mas sim um novo repensar do direito onde a Constituio deixa de ser uma "carta de intenes" e realmente se torna um "norma jurdica" devendo, assim, ser concretizada. Dessa forma, deixa-se de lado o foco nas leis, para se colocar o foco na Constituio. Busca-se concretizar o ordenamento jurdico de acordo com o pensamento do legislador constituinte. A Constituio, ento, tem uma fora normativa, impositiva sobre o ordenamento jurdico, e no pode, assim, ser ignorada pela sociedade.

    15. (FCC/DPE-SP/2009) "A Constituio tem compromisso com a efetivao de seu ncleo bsico ( direitos fundamentais ), o que somente pode ser pensado a partir do desenvolvimento de programas estatais, de aes, que demandam uma perspectiva no terica, mas sim concreta e pragmtica e que passe pelo compromisso do intrprete com as premissas do constitucionalismo contemporneo." Este enunciado diz respeito

    a) implementao de polticas pblicas e ao neoconstitucionalismo.

    b) desconstitucionalizao dos direitos sociais e interpretao aberta da sociedade de Hberle.

    c) petrificao dos direitos sociais e interpretao literal de Savigny.

    d) ilegitimidade do controle jurisdicional e ao ativismo judicial em direitos sociais.

    e) constituio reguladora de Juhmann e ao mtodo hermenutico clssico.

    Comentrios:

    Colocar a Constituio como centro do ordenamento jurdico, dot-la de fora normativa efetiva e promover um compromisso de concretizao de seu ncleo bsico (direitos fundamentais) so preceitos initmamente relacionados ao neoconstitucionalismo.

    Gabarito: Letra A.

    16. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) O neoconstitucionalismo caracterizado por um conjunto de transformaes no Estado e no direito constitucional, entre as quais se destaca a prevalncia do positivismo jurdico, com a clara separao entre direito e valores substantivos, como tica, moral e justia.

    Comentrios:

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    O neoconstitucionalismo tenta transcender ao positivismo, chega-se ao ps-positivismo, onde os aspectos principiolgicos e os valores se tornam to importantes quanto as regras insculpidas no texto constitucional.

    Gabarito: Errado.

    17. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudana de paradigma, de Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituio passa a ocupar o centro de todo o sistema jurdico.

    Comentrios:

    Isso a...

    O preceito bsico do neoconstitucionalismo a Constituio com fora normativa ocupando o papel principal do direito.

    Gabarito: Correto.

    Junto com o constitucionalismo temos a evoluo do conceito de Estado. Com a Revoluo Francesa e pela Independncia dos Estados Unidos temos o incio do Estado Liberal, j que se asseguraram as liberdades individuais, que vieram a ser chamadas de "direitos de primeira gerao". Segundo os conceitos do liberalismo, o homem naturalmente livre, ento, buscou-se limitar o poder de atuao dos Estados para dotar de maior fora a autonomia privada e deixar o Estado apenas como fora de harmonizao e consecuo dos direitos.

    Na Constituio mexicana de 1917 e na de Weimar (Alemanha) em 1919, que nascem logo aps a 1 Guerra Mundial, temos um estilo de Constituio que prega no mais os direitos individuais em sentido estrito, mas uma viso mais ampla, do indivduo em sociedade. No podemos associ-la, do ponto de vista histrico, ao conceito de constituio liberal expresso pela Revoluo Francesa. Ela vai alm do Estado liberal. A Constituio Mexicana de 1917 passa a trazer em seu texto mais do que simples liberdades (direitos de 1 gerao - liberdades individuais - direitos polticos e civis). Ela traz os direitos econmicos, culturais e sociais (direitos de segunda gerao - relacionados igualdade), surgindo ento o conceito de Estado Social. Desta forma, possui como caracterstica a mudana da concepo de constituio sinttica para uma constituio analtica, mais extensa, capaz de melhor conter os abusos da discricionariedade. Aumenta assim a interveno do Estado na ordem econmica e social, dizendo-se que a democracia liberal-econmica passa a ser substituda pela democracia social.

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    Esse estado social superado com o fim da 2 Guerra Mundial, temos ento o surgimento do Estado Democrtico de Direito marcado pelas iniciativas relacionadas solidariedade e aos direitos coletivos.

    Assim temos basicamente2:

    Fase Marco Mundial

    Dimenso dos direitos

    Direitos Marco no Brasil

    Estado Liberal

    Revoluo Francesa e Independ ncia dos EUA

    1 Liberdade:

    Direitos civis e polticos

    Incipiente na CF/1824 e fortalecido na CF/1891

    Estado Social

    Ps 1 Guerra Mundial - Constitui o Mexicana (1917) e Weimar (1919).

    2 Igualdade:

    Direitos Sociais, Econmicos e Culturais.

    CF/1934

    Estado Democrtico

    Ps 2 Guerra Mundial.

    3 Solidariedade (fraternidade):

    Direitos coletivos e difusos.

    CF/1988

    Pulo do Gato:

    As dimenses esto na ordem do lema da Revoluo Francesa: liberdade, igualdade, e fraternidade.

    Os direitos P olticos so os de Primeira dimenso. Os direitos S ociais, Econmicos e C ulturais (SEC - Lembre-

    se de "second") so os de segunda dimenso.

    OBS. Em relao ao Estado liberal, embora tenhamos destacado o seu marco inicial com a Revoluo Francesa, tem

    antecedentes bem distantes. Foi a partir da Revoluo Francesa que se passaram a institucionalizar (positivar) universalmente em constituies as garantias dos indivduos, gerando o Estado de Direito

    2 Retirado de CRUZ, Vtor. Constituio Federal Anotada para Concursos. 2 ed. Rio de Janeiro: Ferreira.2011.

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    Liberal, mas o liberalismo j estaria sendo pregado desde a poca de John Locke no "Segundo Tratado sobre o Governo Civil", logo aps a Revoluo Gloriosa na Inglaterra e fortalecido com as idias do "Contrato Social" de Jean Jacques Rousseau que foi o maior influenciador da Revoluo Francesa. Locke, no entanto, defendia que as garantias individuais eram de cunho natural de todo ser humano independentemente de estarem escritas ou no em um texto (jusnaturalismo).

    18. (CESPE/POLCIA CIVIL DF/98) A Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, como produto da Revoluo Francesa de 1789, contm nitidamente a idia de limitao do poder do Estado pela garantia de uma esfera de liberdade do cidado, deixando bastante clara a dicotomia Estado-cidado.

    Comentrios:

    Exatamente isso... algum discorda?

    Gabarito: Correto.

    19. (CESPE/POLCIA CIVIL DF/98) A passagem do Estado Liberal para o Estado Social acompanhada da idia de que os direitos do homem s podem ser efetivamente garantidos pela necessria interveno do Estado, seja para proteger liberdades ou para criar condies materiais para o exerccio dos direitos sociais.

    Comentrios:

    Novamente est correto. O Estado Social pressupe a passagem do Estado que se limita a garantir as liberdades para um Estado que efetivamente intervm na sociedade, dando condies para o exerccio dos direitos.

    Gabarito: Correto.

    20. (CESPE/POLCIA CIVIL DF/98) A filosofia do direito natural, que teve John Locke seu precursor, defende a idia de que o homem tem direitos inatos, derivados da sua condio humana; , por isso, uma teoria que leva em considerao apenas os chamados direitos de primeira gerao, ou direitos cuja efetividade independe de uma atuao positiva do Estado.

    Comentrios:

    Isso a. O direito natural defende aqueles direitos universais do cidado. So os direitos bsicos que devem ser assegurados a qualquer pessoa no mundo. Esses direitos so as liberdades, comumente chamadas de "1 dimenso" ou "1 gerao".

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    Gabarito: Correto.

    21. (ESAF/ATA-MF/2009) A limitao do poder estatal foi um dos grandes desideratos do liberalismo, o qual exalta a garantia dos direitos do homem como razo de ser do Estado.

    Comentrios:

    isso a. Liberalismo = liberdade do cidado em face do Estado.

    Gabarito: Correto.

    importante que destaquemos tambm que com o passar do tempo, a mudana do paradigma constitucional vem

    promovendo uma tendncia de aumento do contedo da Constituio. Desta forma, a Constituio que era dita sinttica (curta) foi cada vez ficando mais analtica (extensa) pois se passou a prever no texto constitucional no s as garantias individuais e a organizao do Poder, mas ainda os direitos sociais, econmicos, culturais, coletivos e etc.

    22. (ESAF/CGU/2004) Segundo a melhor doutrina, a tendncia constitucional moderna de elaborao de Constituies sintticas se deve, entre outras causas, preocupao de dotar certos institutos de uma proteo eficaz contra o exerccio discricionrio da autoridade governamental.

    Comentrios:

    Errado. A tendncia pelas analticas.

    Gabarito: Errado.

    O Poder Poltico e a Soberania:

    Tudo que leva o termo "poltico" nos d idia de organizao. O Poder Poltico, ento, o poder do qual o povo titular e, assim, utilizado para organizar o Estado.

    O Poder Poltico o poder soberano. Soberania a caracterstica que o Estado possui de ser independente na ordem externa (autrminao) e, na ordem interna, ser o poder mximo presente em seu territrio. O povo que tem nas mos este poder, o qual possui algumas caractersticas essenciais:

    Unicidade - Ele apenas um, indivisvel. Impede-se, assim, que haja conflitos ou fracionamentos criando interesses diversos daquele que o real interesse do povo.

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    Titularidade do Povo - "Todo o poder emana do povo" - O povo o titular da soberania e so os seus interesses que iro prevalecer.

    Imprescritibilidade - Este poder permanente, no se acaba com o tempo.

    Indelegabilidade - O povo no pode abrir mo de seu poder. Embora haja representantes, estes sempre agem em nome do seu povo.

    Falamos que a soberania pertence ao povo, pois segue-se o pensamento de Rousseau, para quem o Estado era um contrato social (teoria da Soberania popular) - a Constituio de 1988 adota esta teoria ao prever no art. 1, pargrafo nico, que "todo poder emana do povo".

    Lembramos que o titular da soberania o povo de um Estado, no a sua populao. Povo se refere a um vnculo entre indivduo e o seu Estado atravs de nacionalidade ou cidadania. Populao seria um conceito meramente estatstico, demogrfico, quantitativo de habitantes do territrio estatal, seriam todas as pessoas presentes no territrio do Estado, num determinado momento, inclusive estrangeiros e aptridas.

    Existe tambm a teoria da "soberania estatal", para qual o Estado seria o titular da Soberania, mas esta no adotada pelo Brasil.

    No mundo atual presente o fenmeno da globalizao. Este fenmeno rompe com o conceito de Estado isolado, assim, enfraquece o modelo de unidade poltica devido busca por grupos de interesse comum, como caso da Unio Europia, Mercosul, etc. Desta forma, tais institutos colocam em decadncia o modelo clssico de soberania. Na Unio Europia, por exemplo, os pases integrantes abdicam de parcela de sua soberania e passam a submeter-se a certas regras comuns do bloco.

    23. (ESAF/AFC-STN/2005 - Adaptada) O poder poltico ou poder estatal o instrumento de que se vale o Estado moderno para coordenar e impor regras e limites sociedade civil, sendo a delegabilidade uma das caractersticas fundamentais desse poder (Certo/Errado).

    Comentrios:

    Sua caracterstica a indelegabilidade e no a delegabilidade.

    Gabarito: Errado.

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    24. (ESAF/AFC-CGU/2004) Segundo a melhor doutrina, a soberania, em sua concepo contempornea, constitui um atributo do Estado, manifestando-se, no campo interno, como o poder supremo de que dispe o Estado para subordinar as demais vontades e excluir a competio de qualquer outro poder similar.

    Comentrios:

    Isso a.

    Gabarito: Correto.

    25. (ESAF/ENAP/2006) No caso brasileiro, a titularidade da soberania, por expressa previso constitucional, do Estado brasileiro.

    Comentrios:

    O titular da soberania o Povo.

    Gabarito: Errado.

    Estado, nao e pas:

    Comumente empregados como sinnimos, tais institutos doutrinariamente so tidos como distintos.

    A nao um conceito sociolgico, refere-se a uma idia de unio, um vinculo que o povo adquire por diversos fatores como etnia, religio, costumes... o Estado a nao poltica e juridicamente organizada. Assim, dentro de um Estado pode haver vrias naes (vrios grupos vinculados), ou mesmo, esta nao pode estar espalhada por vrios Estados, mas que continua mantendo este sentimento histrico de unio, exemplo clssico disso a nao judaica.

    Jos Afonso da Silva lembra que pas tambm no se confunde com o Estado, j que o primeiro a idia de unidade geogrfica, histrica, econmica e cultural3. O Estado um conceito de ordenao jurdica, criado para regulamentar as relaes de um territrio. Estado e pas podem coincidir como a Espanha (nome do pas e do Estado) ou no, como Portugal (nome do pas) e Repblica Portuguesa (nome do Estado)4.

    26. (CESPE/SEJUS-ES/2009) O Estado constitui a nao politicamente organizada, enquanto a administrao pblica

    3 Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 33 ed. So Paulo: Malheiros. 2010. p.97.4 Idem.

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    corresponde atividade que estabelece objetivos do Estado, conduzindo politicamente os negcios pblicos.

    Comentrios:

    Administrao pblica tudo o que faz a gesto da coisa pblica, no s a atividade que estabelece objetivos do Estado, conduzindo politicamente os negcios pblicos.

    Gabarito: Errado.

    27. (CESPE/Promotor MPE-AM/2008) Sobre o Estado, relembraremos apenas o que dizem os manuais: Estado uma nao politicamente organizada, conceito sinttico que demandaria desdobramentos esclarecedores, pelo menos quanto aos chamados elementos constitutivos do Estado e, principalmente, sobre o modo como, em seu interior, se exerce a violncia fsica legtima, cujo monoplio Max Weber considera necessrio prpria existncia do Estado Moderno. Gilmar F. Mendes, Inocncio M. Coelho e Paulo G. G. Branco. Curso de direito constitucional. So Paulo, Saraiva, 2007. A partir das idias contidas no texto acima, assinale a opo correta acerca do indivduo, da sociedade e do Estado.

    a) A idia de Estado de Direito, desde os primrdios da construo desse conceito, est associada de conteno dos cidados pelo Estado.

    b) A soberania do Estado, no plano interno, traduz-se no monoplio da edio do direito positivo pelo Estado e no monoplio da coao fsica legtima, para impor a efetividade das suas regulaes e dos seus comandos.

    c) Os tradicionais elementos apontados como constitutivos do Estado so: o povo, a uniformidade lingstica e o governo.

    d) Os fenmenos globalizao, internacionalizao e integrao interestatal puseram em franca ascendncia o modelo de Estado como unidade poltica soberana.

    e) O vocbulo nao bastante adequado para expressar tanto o sentido de povo, quanto o de Estado.

    Comentrios:

    A letra A est errada. O correto seria a conteno do Estado e no dos cidados.

    A letra B a correta.

    A letra C incorreta j que os elementos tradicionais seriam: povo, territrio e governo (soberano), ainda podendo elencar a finalidade.

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    A letra D errou, pois a globalizao e integrao enfraqueceram a soberania.

    A letra E incorreta, os conceitos no so correlatos.

    Gabarito: Letra B.

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    LINHA DO TEMPO (obviamente resumida):

    Constitucionalismo Antigo Incio do ordenamento dos

    povos em civilizaes: hebreus, gregos, romanos, egpcios...;

    Formao de Estados (lato sensu) com certa organizao de seu territrio;

    Teocracia - monarquia absolutista - Igreja mandava muito;

    Instabilidade territorial.

    Longe pra Inveno da caramba... escrita

    4000 a.C.

    Queda do Imprio Romano Ocidental Incio da idade mdia e do feudalismo; Inexistncia de um nico poder, nem da imposio de

    normas nicas oficiais; Intensa instabilidade poltica gerada pelo conflito entre

    3 foras: o imperador, os senhores feudais e a igreja.

    476 d.C. 1215

    Magna Carta Inglesa

    O Rei Joo Sem Terra no era do agrado de ningum e para no ser deposto pelos bares teve que aceitar a Magna Carta.

    Tomada de Constantinopla (Imprio Romano Oriental) Incio da idade moderna;

    1473 1776 1787

    1776: Independn cia dos EUA; 1787: Constituio Americana

    1789 1791

    1789: Revoluo Francesa 1791: Constituio Francesa

    1917 1919

    Ps 1 Guerra:

    1917: Constituio Mexicana 1787: Constituio de Weimar

    Passagem do Estado

    Liberal para o Social

    (no Brasil aconteceu em 1934)

    Ps 2 Guerra:

    As barbaridades da guerra pem em ascenso a democracia. Surge o Estado Democrtico de Direito para tentar solucionar pendncias deixadas pelos anteriores.

    (No Brasil = 1988)

    Idade Antiga Idade Mdia Idade Moderna Idade Contempornea

    Dcada de 40/50

    Constitucionalismo Moderno (Incio do

    Constitucionalismo strictu sensu)

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    28. (FCC/Audtor TCE-MG/2005) Do ponto de vista histrico, o denominado conceito de Constituio liberal foi expresso pela

    a) Carta Magna, de 1215.

    b) Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, de 1789.

    c) Constituio mexicana revolucionria, de 1917.

    d) Constituio de Weimar, de 1919.

    e) Lei Fundamental de Bonn, de 1949.

    Comentrios:

    Letra A Errada. A Carta Magna de 1215 foi uma das primeiras formas de limitao do poder Estatal na Inglaterra, mas que no chegava a pregar um liberalismo Estatal face aos cidados.

    Letra B Correta. Vimos que o conceito de Estado liberal foi iniciado pela Declarao dos direitos do homen na Revoluo Francesa.

    Letra C e D - Erradas. A Constituio Mexicana e a de Weimar. expressam o conceito de Estado social e no de Estado Liberal.

    Letra E Errada. Aps a 2 Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida na parte oriental e na parte ocidental. Bonn (ou Bona) era a capital da Alemanha Ocidental logo aps a diviso, parte que recebia influncia marcante dos EUA, Reino Unido e Frana. A lei fundametal de Bonn era o nome da Constituio Alem de 1949 que foi marcada por uma retomada de fora do constitucionalismo como reao ao perodo vivido na 2 Guerra. O Estado Liberal tem seu marco inicial muito antes. Este perodo do Constitucionalismo chamado moderno ou clssico, teve seu incio no sc. XVIII com a Revoluo Francesa e a Independncia dos Estados Unidos.

    Gabarito: Letra B.

    29. (VUNESP/TJ-MS/2009) Assinale a alternativa que contm uma afirmativa correta a respeito do constitucionalismo.

    a) O constitucionalismo teve seu marco inicial com a promulgao, em 1215, da Magna Carta inglesa.

    b) O constitucionalismo surge formalmente, em 1948, com a edio da Declarao Universal dos Direitos Humanos da Organizao das Naes Unidas.

    c) A doutrina do Direito Constitucional unssona no entendimento de que o constitucionalismo surgiu com a revoluo norte-americana resultando, em 1787, na Constituio dos Estados Unidos da Amrica.

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    d) possvel identificar traos do constitucionalismo mesmo na antiguidade clssica e na Idade Mdia.

    e) O constitucionalismo brasileiro inspirou-se fortemente no modelo constitucional do Estado da Inglaterra.

    Comentrios:

    Letra A - Errado. Podemos usar o constitucionalismo com duas acepes. Em uma viso mais estrita o incio do constitucionalismo se deu com a Revoluo Francesa e a Independncia dos EUA, no final do sculo XVIII. Em uma viso mais ampla, o constitucionalismo teve origem no povo hebreu. A Magna Carta de 1215 foi um marco importante para o constitucionalismo ingls, mas no pode ser considerada o marco inicial do constitucionalismo.

    Letra B - Errado. A declarao universal de direitos do homem da ONU foi um importante documento para respaldar o respeito aos direitos e garantias individuais e sociais, porm, o marco inicial do constitucionalismo anterior.

    Letra C - Errado. Realmente a revoluo norte-americana pode ser considerada um marco inicial para o constitucionalismo em uma viso estrita, porm, no podemos de forma alguma dizer que a doutrina "unssona" quanto a isso, j que diversos autores contemplam a existncia de um constitucionalismo desde a idade antiga.

    Letra D - Correto. Trata-se da viso ampla do consitucionalismo.

    Letra E - Errado. O constitucionalismo ingls um constitucionalismo consuetudinrio, costumeiro. O constitucionalismo brasileiro se inspira em diversos outros pases dependendo do seu momento, destacando-se o norte-americano (Constituio de 1891), alemo (CF de 1934), alm de outras influncias europias como o constitucionalismo francs e portugus.

    Gabarito: Letra D.

    Pessoal, fim de papo... Por hoje j acabou, mas tem muito mais na sequncia!

    E a, gostaram? No percam tempo no, juntem-se a ns. Ser um prazer irmos juntos nessa caminhada.

    Um grande abrao e excelentes estudos.

    Vtor Cruz

    "(Aquele que) no duvidar em seu corao, mas crer que se far aquilo que diz, tudo o que disser lhe ser feito." Marcos 11:23

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    Pontos importantes a serem fixados:

    No existem hierarquias dentro de cada patamar da pirmide de Kelsen.

    Direito Constitucional Comparado - Faz comparao entre ordenamentos constitucionais de pases diferentes ou em tempos diferentes.

    Direito Constitucional Geral (ou comum) - Estudo terico e geral sobre os conceitos e princpios constitucionais.

    Direito Constitucional Positivo (ou especial) - Estuda um ordenamento especfico que esteja vigorando em um pas.

    Elementos Constitutivos do Estado: Povo, Territrio e Governo soberano, podendo ainda ser elencada a finalidade.

    Constitucionalismo Antigo - Manifestado principalmente nas civilizaes hebraica e grega;

    Constitucionalismo da Idade Mdia - Marcado pela Magna Carta de 1215;

    Constitucionalismo Moderno - Marcado pela Revoluo Francesa e pela Independncia dos Estados Unidos;

    Estado - Nao jurdica e politicamente organizada. Conceito ocidental ou conceito ideal de Constituio:

    1. Forma escrita;

    2. Deve organizar o Estado politicamente e prever a separao de funes do Poder Poltico (tripartio dos Poderes);

    3. Deve garantir as liberdades individuais, limitando o poder do Estado;

    4. Deve prever a participao do povo nas decises polticas.

    Precedentes histricos do constitucionalismo moderno: Pensamento iluminista, Teoria do Pacto Social, Pactos, Forais, Cartas de Franquia , Contratos de colonizao.

    Neoconstitucionalismo - justia social, equidade, e emprego de valores e princpios norteadores de moralidade. "ps-positivismo". nfase nos aspectos principiolgicos e a Constituio como centro do Direito.

    Estado Liberal - A partir da Rev. Francesa. Direitos de 1 dimenso (civis e polticos) - Brasil = CF/1824 e 1891.

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    Estado Social - A partir da Constituio Mexicana e Weimar - Direitos de 2 dimenso (sociais, econmicos e culturais) - Brasil = CF 1934.

    Estado Democrtico - Direitos de 3 dimenso (coletivos e difusos) - Brasil - CF/1988.

    Caractersticas do poder poltico (soberania): 1. Unicidade

    2. Titularidade do Povo

    3. Imprescritibilidade

    4. Indelegabilidade

    As constituies foram ficando mais extensas com o passar do tempo. Atualmente so mais analticas.

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    Aula 1 - Sentidos das Constituies e Poder Constituinte:

    Ol pessoal, tudo certo? Animados para comearem o curso?

    Eu estou... Hoje veremos dois assuntos doutrinrios, os sentidos das constituies e o Poder Constituinte.

    Vamos nessa.

    Sentidos (concepes) das Constituies:

    Neste ponto, ainda estamos falando do "conceito de Constituio", ns veremos qual a resposta que um monte de gente (filsofos, juristas...), ao longo da histria, deu para a pergunta: o que na verdade essa tal de Constituio?

    Pois , essa pergunta no vem de agora no! Ao longo dos anos, diversas pessoas tentaram definir o que seria uma Constituio, e de que forma esta se relacionaria com a sociedade.

    Assim, desenvolveram-se diversos sentidos, ou concepes, do que seria ou do que deveria ser uma Constituio.

    Basicamente temos 3 principais doutrinas:

    Sentido sociolgico Ferdinand Lassale; Sentido poltico Carl Schimitt; Sentido Jurdico Hans Kelsen.

    Vocs so capazes de matar um monte de questo s decorando esse quadrinho acima (um monte mesmo!!!), e para ajud-los a gravar:

    Pulo do Gato:

    Sentido SocioLgico Ferdinand LaSSaLe; Sentido polT ico Carl SchimiTT ; Sobrou o "jurdico de Kelsen", mas a j ficou fcil...

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    Sentido Sociolgico:

    Lassale defendia em seu livro O que uma Constituio? (A essncia da Constituio) (1864) que na verdade, a constituio seria um fato social, seria um evento determinado pelas foras dominantes da sociedade.

    Assim, de nada vale uma constituio escrita se as foras dominantes impedem a sua real aplicao. De nada vale uma norma, ainda que chamada de Constituio, que no tivesse qualquer poder, se tornando o que chamava de uma mera folha de papel.

    Deste modo, defendia ele que o Estado possua 2 constituies: A folha de papel e a Constituio Real, esta era a soma dos fatores reais de poder, ou seja, a reunio de tudo aquilo que efetivamente mandava na sociedade.

    Assim, como a existncia da Constituio independe de qualquer documento escrito, mas sim, decorre dos eventos determinantes da sociedade, Lassale dizia que todos os pases possuem, possuram sempre, em todos os momentos da sua histria uma constituio real e efetiva.

    Sentido Poltico:

    Carl Schimitt, em sua obra "O Conceito Poltico" (1932) era defensor da teoria decisionista dizia que a Constituio fruto de uma deciso poltica fundamental que, grosso modo, significa a deciso base, concreta, que organiza o Estado. Assim, s constitucional aquilo que organiza o Estado e limita o Poder, o resto so meras "leis constitucionais".

    Assim, Schimitt pregava que a Constituio formal, escrita, no era o importante, pois, deve-se atentar ao contedo da norma e no sua forma (conceito material de constituio).

    Atualmente este conceito de Carl Schimitt no foi totalmente abandonado, embasando a diviso doutrinria entre normas materialmente constitucionais (Ou seja, que possuem contedo prprio a uma Constituio) das normas apenas formalmente constitucionais (Ou seja, que possuem forma de Constituio, porm possuem um contedo que no o contedo fundamental que uma Constituio deveria prever).

    Sentido Jurdico:

    Este o conceito cujo maior defensor foi Hans Kelsen, que foi uma grande Influncia na Constituio da ustria de 1920. Kelsen era defensor do positivismo (o que importa a norma escrita). Segundo seus ensinamentos, a Constituio "norma pura", "puro dever ser". Isso significa que a Constituio (norma jurdica) tem origem

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    nela prpria, ela criada baseando-se no que "deve ser" e no no mundo do "ser". Assim, o surgimento da Constituio no se apia em qualquer pensamento filosfico, poltico ou sociolgico. Tem-se um norma maior, uma norma pura, fundamental.

    Kelsen era contemporneo e grande rival de Schimitt. Para Hans Kelsen, o que importa para ser Constituio ter a forma de uma Constituio (conceito formal de constituio). Um texto que se coloque acima das demais normas, que s possa modificar-se por um processo rgido, complexo, e que dever ser observado por todas as demais dentro de um ordenamento jurdico.

    O sentido jurdico proposto por Kelsen traz com ele 2 desdobramentos:

    1. Sentido lgico-jurdico: a Constituio hipottica que foi imaginada antes de escrever seu texto.

    2. Sentido jurdico-positivo: a norma suprema em si, positiva, que efetivamente se formou e que servir de base para as demais do ordenamento.

    Assim, diz-se que a norma em sentido lgico-jurdico o fundamento de validade que legitima a feitura da norma jurdico-positiva.

    Outro defensor do sentido jurdico da Constituio foi o jurista alemo Konrad Hesse, discpulo de Kelsen. Hesse foi o conhecido pela obra " A Fora Normativa da Constituio" (1959), onde resgatou o pensamento de Ferdinand Lassale, e o flexibilizou - disse que o pensamento de Lassale at fazia sentido, porm, havia pecado em ignorar a fora que a Constituio possua de modificar a sociedade. Desta forma, a norma constitucional e a sociedade seriam reciprocamente influenciadas.

    Demais juristas e observaes:

    J. J. Gomes Canotilho - Sentido dirigente da Constituio:Canotilho dizia que a Constituio deve ser um plano que ir direcionar a atuao do Estado, notadamente atravs das normas programticas inseridas no seu texto. A CF/88 brasileira exemplo de uma Constituio dirigentes, principalmente devido as diversas normas programticas dos direitos sociais. Assim, a CF/88, alm de limitar o poder do Estado, traz normas que direcionam a sua atividade.

    Peter Hberle - A sociedade aberta dos interpretes da Constituio: Hberle dizia que as Constituies eram muito fechadas, pois eram interpretadas apenas pelos intrpretes oficiais Os Juzes. Defendia, ento, que todos os agentes que participam da realidade da Constituio deveriam participar tambm da interpretao constitucional.

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    Quadro Esquemtico:

    Autor Ferdinand Lassale

    Carl Schimitt Hans Kelsen

    Sentido ou concepo de Constituio

    Sentido Sociolgico

    Dica: LaSSaLe - SocioLgico

    Sentido poltico

    Dica: SchimiTT - PolTico

    Sentido Jurdico

    O que dizia: Obra: A Essncia da Constituio - O que uma Constituio? - 1864.

    Constituio um fato social.

    No adianta tentar colocar uma norma escrita, pois a constituio escrita = mera folha de papel a Constituio formada pelas "Foras Dominantes da Sociedade" = soma dos fatores reais de poder.

    Asism para Lassale tinhamos 2 constituies = a constituio real e a folha de papel.

    Obra: O conceito poltico - 1932

    A constituio uma deciso poltica fundamental - "decisionimo".

    Por deciso poltica fundamental entende-se a deciso base, concreta que organiza o Estado. Assim, s constitucional aquilo que organiza o Estado e limita o Poder, o resto so meras "leis constitucionais".

    Influncia na Constituio da ustria - 1920

    Contemporneo e grande rival de Schimitt - defendia o "positivismo".

    conceito formal de constituio - tudo que est na constituio capaz de se impor sobre o resto do ordenamento jurdico.

    A constituio tem 2 sentidos:

    Lgico-jurdico: norma hipottica (imaterial, pensada - como deveria ser) que serve base para o sentido Jurdico-Positivo: Constituio efetiva, escrita, capaz de se impor sobre o resto do ordenamento.

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    Vamos fixar agora com algumas questes:

    Questes da FCC: 1. (FCC/PGE-MA/2003) A Constituio "como deciso poltica do titular do poder constituinte" conceito atribudo a

    a) Sieys.

    b) Kelsen.

    c) Montesquieu.

    d) Carl Schmitt.

    e) Ferdinand Lassalle.

    Comentrios:

    Trata-se do conceito poltico de Constituio, defendido por "Carl Schimitt".

    Letra D.

    2. (FCC/Subprocurador - TCE-SE/2002) A conceituao de Constituio como "a soma dos fatores reais do poder que regem nesse Pas", atribuda a Lassalle, indica, segundo a doutrina, uma concepo de Constituio no sentido

    a) sociolgico.

    b) jurdico.

    c) poltico.

    d) axiolgico ou normativo.

    e) instrumental ou estrutural.

    Comentrios:

    Lassale era o defensor do Conceito Sociolgico.

    Letra A.

    3. (FCC/Defensor Pblico-SP/2006) O termo "Constituio" comporta uma srie de significados e sentidos. Assinale a alternativa que associa corretamente frase, autor e sentido.

    a) Todos os pases possuem, possuram sempre, em todos os momentos da sua histria uma constituio real e efetiva. Carl Schmitt. Sentido poltico.

    b) Constituio significa, essencialmente, deciso poltica fundamental, ou seja, concreta deciso de conjunto sobre o modo e a forma de existncia poltica. Ferdinand Lassale. Sentido poltico.

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    c) Constituio a norma fundamental hipottica e lei nacional no seu mais alto grau na forma de documento solene e que somente pode ser alterada observando-se certas prescries especiais. Jean Jacques Rousseau. Sentido lgico-jurdico.

    d) A verdadeira Constituio de um pas somente tem por base os fatores reais do poder que naquele pas vigem e as constituies escritas no tm valor nem so durveis a no ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade. Ferdinand Lassale. Sentido sociolgico.

    e) Todas as constituies pretendem, implcita ou explicitamente, conformar globalmente o poltico. H uma inteno atuante e conformadora do direito constitucional que vincula o legislador. Jorge Miranda. Sentido dirigente.

    Comentrios:

    Essa questo muito legal... Traz um resumo de todo o tema.

    Letra A - Errada. A doutrina que defendia isso era o sentido sociolgico de Lassale, j que para ele, no importava qualquer documento escrito para que um pas possusse Constituio. A Constituio real e efetiva seria marcada pelo somatrio dos fatores reais de poder, ou seja, as foras dominantes, as quais sempre existem e existiram em qualquer sociedade.

    Letra B - Errada. Essa a concepo poltica de Schimitt no de Lassale, que era a sociolgica.

    Letra C - Errada. Est correto dizer "sentido lgico-jurdico", mas quem disse isso foi Hans Kelsen. Rousseau era quem previa que o Estado derivaria de um "contrato social", nada tem haver com sentido jurdico de Constituio.

    Letra D - Correto. o que Lassale dizia. Se a Constituio no exprimisse o pensamento das foras dominantes, ela seria uma mera Folha de Papel.

    Letra E - Errada. Jorge Miranda um professor portugus cujas obras de direito constitucional so de grande relevncia. Porm o sentido dirigente defendido por Canotilho, segundo este autor a Constituio deve ser um plano que ir direcionar a atuao do Estado, notadamente atravs das normas programticas inseridas no seu texto.

    Gabarito: Errado.

    Questes do CESPE:

    4. (CESPE/Analista-STF/2008) Considere a seguinte definio, elaborada por Kelsen e reproduzida, com adaptaes, de Jos Afonso

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    da Silva ( Curso de Direito Constitucional Positivo. So Paulo: Atlas, p. 41... ). A constituio considerada norma pura. A palavra constituio tem dois sentidos: lgico-jurdico e jurdico-positivo. De acordo com o primeiro, constituio significa norma fundamental hipottica, cuja funo servir de fundamento lgico transcendental da validade da constituio jurdico-positiva, que equivale norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criao de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. correto afirmar que essa definio denota um conceito de constituio no seu sentido jurdico.

    Comentrios:

    O sentido jurdico proposto por Kelsen traz com ele 2 desdobramentos: 1. Sentido lgico-jurdico: a Constituio hipottica que foi imaginada antes de escrever seu texto;

    2. Sentido jurdico-positivo: a norma suprema em si, positiva, que efetivamente se formou e que servir de base para as demais do ordenamento.

    Assim, diz-se que a norma em sentido lgico-jurdico o fundamento de validade que legitima a feitura da norma jurdico-positiva.

    Gabarito: Correto.

    5. (CESPE/Juiz Substituto - TRF 5/2009) Segundo Kelsen, a CF no passa de uma folha de papel, pois a CF real seria o somatrio dos fatores reais do poder. Dessa forma, alterando-se essas foras, a CF no teria mais legitimidade.

    Comentrios:

    Quem dizia isso era Ferdinand Lassale e no Hans Kelsen.

    Gabarito: Errado.

    6. (CESPE/Agente Administrativo - MMA/2009) No sentido sociolgico defendido por Ferdinand Lassale, a Constituio fruto de uma deciso poltica.

    Comentrios:

    Realmente Lassale defendia o sentido sociolgico. Mas dizer que a Constituio fruto de uma deciso poltica expressar o pensamento de Carl Schmitt (conceito poltico) e no de Lassale.

    Gabarito: Errado.

    7. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1/2009) No sentido sociolgico, a constituio seria distinta da lei constitucional, pois

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    refletiria a deciso poltica fundamental do titular do poder constituinte, quanto estrutura e aos rgos do Estado, aos direitos individuais e atuao democrtica, enquanto leis constitucionais seriam todos os demais preceitos inseridos no documento, destitudos de deciso poltica fundamental.

    Comentrios:

    Este seria o sentido poltico defendido por Carl Schimitt, onde teramos de forma bem distinta: a Constituio, que seria formada pelas normas que organizam o Estado e limitam o poder estatal, e as demais normas que formariam meras "leis constitucionais" j que no veiculariam contedos essenciais a uma Constituio.

    Gabarito: Errado.

    8. (CESPE/Agente Administrativo - MMA/2009) No sentido jurdico, a Constituio no tem qualquer fundamentao sociolgica, poltica ou filosfica.

    Comentrios:

    O defensor do sentido jurdico era Hans Kelsen, para ele a norma se origina na prpria norma, a Constituio norma pura, o chamado puro "dever ser", ou seja, o mundo hipottico fruto do pensamento racional do ser humano, aquilo que o homem deseja para a organizao do poder. O que importa no sentido jurdico a formalidade, a rigidez da constituio, sua caracterstica de ser superior s demais normas e servir de ponto de partida para todas as outras, ser a norma fundamental do ordenamento, independente do assunto tratado. Desta forma, no h qualquer fundamentao sociolgica, poltica ou filosfica j que a Constituio normativa e no um mero convite aos poderes pblicos.

    Gabarito: Correto.

    9. (CESPE/Analista - DPU/2010) O termo constituio possui diversas acepes. Dessa forma, ao se afirmar que a constituio norma pura, sendo fruto da vontade racional do homem e no das leis naturais, considera-se um conceito prprio do sentido

    a) culturalista.

    b) sociolgico.

    c) poltico.

    d) filosfico.

    e) jurdico.

    Comentrios:

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    O enunciado mostra o pensamento de Hans Kelsen, que defendia o conceito jurdico de Constituio, sendo esta uma norma pura, que tem origem nela mesma, sem se prender a qualquer fundamentao sociolgica, poltica ou filosfica.

    Letra E.

    10. (CESPE/Juiz Substituto - TRF 5/2009) De acordo com o princpio da fora normativa da constituio, defendida por Konrad Hesse, as normas jurdicas e a realidade devem ser consideradas em seu condicionamento recproco. A norma constitucional no tem existncia autnoma em face da realidade. Para ser aplicvel, a CF deve ser conexa realidade jurdica, social e poltica, no sendo apenas determinada pela realidade social, mas determinante em relao a ela.

    Comentrios:

    Exato. Hesse resgatou o pensamento de Ferdinand Lassale, e o flexibilizou, dizia que Lassale havia pecado em ignorar a fora que a Constituio possua de modificar a sociedade. Desta forma, a norma constitucional e a sociedade seriam reciprocamente influenciadas.

    Gabarito: Correto.

    11. (CESPE/Promotor-MPE-RO/2010) Para a teoria da fora normativa da constituio - desenvolvida, principalmente, pelo jurista alemo Konrad Hesse -, a constituio tem fora ativa para alterar a realidade, sendo relevante a reflexo dos valores essenciais da comunidade poltica submetida.

    Comentrios:

    isso a.

    Gabarito: Correto.

    12. (CESPE/ANAC/2009) Concebido por Ferdinand Lassale, o princpio da fora normativa da CF aquele segundo o qual os aplicadores e intrpretes da Carta, na soluo das questes jurdicoconstitucionais, devem procurar a mxima eficcia do texto constitucional.

    Comentrios:

    Ferdinand Lassale no tinha nada haver com fora normativa da Constituio, pelo contrrio, ao pregar o sentido sociolgico da Constituio, onde a constituio real era aquela formada pelos fatores reais de poder da sociedade, dizia que a constituio poderia ser completamente ignorada pela sociedade. A fora normativa da

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    Constituio foi concebida por Konrad Hesse, jurista da doutrina positivista, que defendia o sentido jurdico da Constituio aplicando os ensinamentos de Hans Kelsen.

    Gabarito: Errado.

    13. (CESPE/Promotor-MPE-RO/2010) Para o jurista alemo Peter Hrbele, a constituio de um pas consiste na soma dos fatores reais de poder que regulamentam a vida nessa sociedade.

    Comentrios:

    Quem dizia isso era Lassale. Hrbele estava preocupado com o fato da interpretao constitucional ser realizada por todos os agentes da sociedade.

    Gabarito: Errado.

    14. (CESPE/Promotor-MPE-RO/2010) O legado de Carl Schmitt, considerado expoente da acepo jurdica da constituio, consistiu na afirmao de que h, nesse conceito, um plano lgico-jurdico, em que estaria situada a norma hipottica fundamental, e um plano jurdicopositivo, ou seja, a norma positivada.

    Comentrios:

    O sentido jurdico dizia exatamente isso. Porm o seu defensor era Hans Kelsen e no Carl Schmitt. Este era defensor do sentido poltico.

    Gabarito: Errado.

    15. (CESPE/Procurador Municipal de Natal/2008) A sociedade aberta dos intrpretes da Constituio, defendida por Peter Hberle, prope que a interpretao constitucional seja tarefa desenvolvida por todos aqueles que vivem a norma, devendo ser inseridos no processo de interpretao constitucional todos os rgos estatais, os cidados e os grupos sociais.

    Comentrios:

    Exato. Era isso que pregava Hrbele.

    Gabarito: Correto.

    Questes da ESAF:

    16. (ESAF/PGFN/2007) Carl Schmitt, principal protagonista da corrente doutrinria conhecida como decisionista, advertia que no h Estado sem Constituio, isso porque toda sociedade politicamente

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    organizada contm uma estrutura mnima, por rudimentar que seja; por isso, o legado da Modernidade no a Constituio real e efetiva, mas as Constituies escritas.

    Comentrios:

    Realmente, Carl Schmitt era defensor da corrente decisionista, porm, a Constituio escrita no importante para ele, pois, estava preocupado apenas com o contedo das normas - conceito material de constituio.

    Gabarito: Errado.

    17. (ESAF/PGFN/2007) Para Ferdinand Lassalle, a constituio dimensionada como deciso global e fundamental proveniente da unidade poltica, a qual, por isso mesmo, pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebvel, nesta perspectiva materializante, a idia de rigidez de todas as regras.

    Comentrios:

    Deciso fundamental a corrente decisionista de Schimitt, no de Lassale. Lassale defendia a constituio como FATO SOCIAL, seria um evento determinado pelas foras dominantes da sociedade.

    Gabarito: Errado.

    18. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criao das normas positivas, seria a constituio em seu sentido lgico-jurdico.

    Comentrios:

    A norma em sentido lgico-jurdico o fundamento de validade que legitima a feitura da norma jurdico-positiva.

    Gabarito: Correto.

    19. (ESAF/AFC-STN/2005) Na concepo de constituio em seu sentido poltico, formulada por Carl Schmmitt, h uma identidade entre o conceito de constituio e o conceito de leis constitucionais, uma vez que nas leis constitucionais que se materializa a deciso poltica fundamental do Estado.

    Comentrios:

    Para Carl Schimitt o importante era matria tratada e no a formalidade. Assim, no podemos dizer que a Constituio equivaleria s leis constitucionais, estas seriam apenas aquelas normas presentes no corpo constitucional mas que no tratariam das matrias essencialmente constitucionais.

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    Gabarito: Errado.

    20. (ESAF/AFTE-RN/2005) A constituio em sentido poltico pode ser entendida como a fundamentao lgico-poltica de validade das normas constitucionais positivas.

    Comentrios:

    O sentido poltico da Constituio era o sentido defendido por Carl Schimitt, onde a Constituio seria o fruto de uma deciso poltica fundamental, pouco importava a forma, o que importava na verdade era a matria tratada que deveria englobar a organizao do Estado + Direitos Fundamentais. A fundamentao de validade das normas constitucionais positivas refere-se a concepo lgico-jurdica de Kelsen.

    Gabarito: Errado.

    21. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003) A concepo de constituio, defendida por Konrad Hesse, no tem pontos em comum com a concepo de constituio defendida por Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores histricos, polticos e sociais presentes na sociedade no concorrem para a fora normativa da constituio.

    Comentrios:

    Konrad Hesse, na verdade, flexibilizava Lassale, no o negava. Havia pontos em comum entre as duas teorias.

    Gabarito: Errado.

    Questes de outras bancas:

    22. (TRT 23/Juiz Substituto - TRT 23/2010) No sentido sociolgico, a Constituio, segundo a conceituao de Ferdinand Lassale a somatria dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade, e no sentido poltico, segundo Carl Schimitt, a deciso poltica fundamental, fazendo distino entre Constituio e leis constitucionais;

    Comentrios:

    Perfeita a assertiva. Trouxe com exatido o pensamento de Lassale e Schimitt.

    Gabarito: Correto.

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    23. (TRT 23/Juiz Substituto - TRT 23/2010) Para Hans Kelsen a concepo de Constituio tem dois sentidos: lgico - jurdico, que equivale norma positiva suprema, ou seja, conjunto de normas que regula a criao de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau, e jurdico - positivo, que significa norma fundamental hipottica;

    Comentrios:

    A questo quase trouxe o pensamento de Kelsen. Porm, ela inverteu o que seria a norma em sentido lgico-jurdico (norma hipottica) com o sentido jurdico-positivo (norma suprema positiva). Por isso ficou incorreta.

    Gabarito: Errado.

    24. (VUNESP/Procurador - Louveira - SP/2007) A concepo de Constituio como "somatria dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade", advm de um conceito de ndole

    a) poltica, empregada originalmente por Michel Temer.

    b) sociolgica, empregada originalmente por Ferdinand Lassale.

    c) jurdica, empregada originalmente por Hans Kelsen.

    d) antropolgica, empregada originalmente por Jos Afonso da Silva.

    e) material, empregada originalmente por J.J. Gomes Canotilho.

    Comentrios:

    O enunciado trata da sociedade como formadora da Constituio real. o pensamento de Ferdinand Lassale - Sentido Sociolgico.

    Letra B.

    25. (VUNESP/OAB-RN/2003 - Adaptada) Em sentido poltico, a constituio abriga normas que, segundo Ferdinand Lassalle, tm origem nos chamados fatores reais de poder predominantes em determinada poca e lugar.

    Comentrios:

    Esse conceito o sociolgico e no o poltico.

    Gabarito: Errado.

    26. (VUNESP/OAB-RN/2003 - Adaptada) Em sentido sociolgico, a constituio o fruto de uma deciso poltica fundamental acerca do modo e da forma da unidade poltica onde surgiu.

    Comentrios:

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    Esse o conceito poltico e no o sociolgico.

    Gabarito: Errado.

    27. (TRT 24/Juiz Substituto - TRT 24/2007) Considere as referncias abaixo acerca dos conceitos de Constituio:

    I. Constituio no sentido lgico-jurdico.

    II. Constituio no sentido jurdico-positivo.

    III. Constituio como deciso poltica fundamental.

    Faa a correlao com as referncias a seguir:

    ( A ) Significa a norma fundamental hipottica.

    ( B ) A Constituio dimensionada como deciso global e fundamental advinda da unidade poltica, e identificvel pelo ncleo de matrias que lhe so prprias e inerentes.

    ( C ) Equivale norma positiva suprema. Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que expressa a relao correta entre as referncias acima:

    a)(I-C);(II-A);(III-B).

    b)(I-A);(II-B);(III-C).

    c)(I-A);(II-C);(III-B).

    d)(I-B);(II-C);(III-A).

    e)(I-B); (II-A);(III-C).

    Comentrios:

    O sentido jurdico de Kelsen se desdobra no sentido Lgico-jurdico e no Jurdico-Positivo. O Lgico-jurdico a norma hipottica (imaterial, pensada - como deveria ser) que serve base para o sentido Jurdico-Positivo, que Constituio efetiva, escrita, capaz de se impor sobre o resto do ordenamento.

    Assim temos I-A e II-C

    A letra B expressa o sentido poltico da Constituio. Assim, III-B

    Gabarito: Letra C.

    28. (IPAD/Delegado PC-PE/2006) Os chamados "fatores reais de poder" caracterizam o sentido poltico do termo Constituio, na teoria de Carl Schmitt.

    Comentrios:

    Os fatores reais de poder caracterizam o sentido sociolgico de Lassale.

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    Gabarito: Errado.

    29. (IPAD/Delegado PC-PE/2006) para Hans Kelsen, apesar de um caracterizar-se por um dever-ser, a Constituio exige uma fundamentao sociolgica, poltica ou filosfica.

    Comentrios:

    Para Hans Kelsen a Constituio no possua qualquer fundamentao sociolgica, poltica ou filosfica.

    Gabarito: Errado.

    30. (OAB-DF/OAB-DF /2004) A concepo sociolgica de Constituio indica que a Carta Magna:

    a) a deciso poltica fundamental do Estado, contendo normas fundamentais, tais como estrutura do Estado, organizao do Poderes e direitos fundamentais;

    b) a norma hipottica fundamental, ou seja, o vrtice do ordenamento jurdico;

    c) a soma dos fatores reais de poder, de nada valendo o texto escrito quando contrrio a tais fatores;

    d) o resultado de um processo de interpretao conduzido luz da publicidade, ou seja, pelos intrpretes da sociedade aberta e pluralista.

    Comentrios:

    A letra A traz o sentido poltico.

    A letra B traz o conceito lgico-jurdico, de Kelsen.

    A Letra C o conceito sociolgico.

    A Letra D traz o pensamento de Peter Hrbele.

    Gabarito: Letra C.

    31. (OAB-DF/OAB-DF/2006 - Adaptada) A concepo sociolgica de constituio, de Ferdinand Lassale, e a concepo de constituio de Konrad Hesse tm em comum o reconhecimento de que as condies scio-polticas e econmicas tm influncia na fora normativa da Constituio;

    Comentrios:

    Perfeita correlao dos pensamentos. Hesse reconhecia tal fato que j era pregado por Lassale, mas inovou ao dizer que a Constituio tambm teria o seu papel em moldar a sociedade, sendo uma influncia recproca.

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    Gabarito: Correto.

    Poder Constituinte:

    GRAVEM MUITO BEM UM COISA: Em direito, quase todos os termos tem um origem lgica, quanto mais vocs ficarem atentos a isso, mais fcil a vida de vocs ser facilitada.

    Poder Constituinte o poder de "constituir", ou seja, de fazer ou modificar aquilo que est escrito como "Constituio".

    Espcies:

    O poder constituinte se divide basicamente em 2: originrio e derivado.

    O originrio o que expressa a vontade inicial do Povo, d origem a toda a ordenao estatal, fazendo surgir a Constituio, o chamado poder constituinte de primeiro grau.

    O derivado o que deriva do inicial, modificando as coisas que foram anteriormente estabelecidas ou estabelecendo coisas que no foram inicialmente previstas, o chamado poder constituinte de segundo grau.

    De uma forma mais analtica, podemos elencar 5 poderes constituintes:

    1- Originrio (PCO) - o poder inicial do ordenamento jurdico, um poder poltico (organizador). Todos os outros so poderes jurdicos, pois foram institudos pelo originrio, ou seja, j esto na ordem jurdica, enquanto o originrio "pr-jurdico".

    2- Derivado Reformador - o poder de fazer emendas constitucionais. Trata-se da reforma da Constituio, ou seja, a alterao formal de seu texto. (CF, art. 60).

    3- Derivado Revisor - o poder que havia sido institudo para se manifestar 5 anos aps a promulgao da Constituio e depois se extinguir. Seu objetivo era restabelecer uma possvel instabilidade poltica causada pela nova Constituio (instabilidade esta que no ocorreu). O poder , ento, manifestou-se em 1994, quando foram elaboradas as 6 emendas de reviso, e aps isso acabou, no podendo ser novamente criado, segundo a doutrina. O procedimento de reviso constitucional era um procedimento bem mais simples que a reforma (vide CF, art. 3 ADCT).

    4- Derivado Decorrente - o poder que os Estados possuem para elaborarem as suas Constituies Estaduais. a faceta da autonomia estatal chamada de "auto-organizao".

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    OBS. A criao pelos Municpios de suas "leis orgnicas municipais" no considerada como fruto deste poder

    constituinte decorrente, j que a lei orgnica no possui aspecto formal de constituio e sim de uma lei ordinria, embora materialmente seja equiparada a uma Constituio. No entanto, alguns doutrinadores costumam dizer que se trata de um "poder constituinte de terceiro grau".

    5- Difuso - Ganha espao na doutrina recente. o poder de se promover a mutao constitucional. Mutao constitucional a alterao do significado das normas constitucionais sem que seja alterado o texto formal. Ela se faz atravs das novas interpretaes emanadas principalmente pelo Poder Judicirio. Assim, diz-se que a mutao provoca a alterao informal da Constituio.

    Poder Constituinte Originrio X Derivado:

    O poder constituinte originrio (PCO) um poder inovador, defendido pioneiramente pelo Abade Sieys, em sua obra O que o terceiro Estado? publicada pouco antes da Revoluo Francesa. Assim, segundo o abade, decorreria da soberania que o povo possui para organizar o Estado. Desta forma, o povo o titular da soberania (poder supremo que exercido pelo Estado nos limites de um determinado territrio, sem que se reconhea nenhum outro de igual ou maior fora) e por consequncia disso, tambm ser o titular do poder constituinte originrio.

    Como j vimos, o PCO no um poder jurdico, mas sim um poder poltico, ele inicial, tem seu fundamento de validade anterior ordem jurdica. Assim, ele o poder que organiza o Estado. Quando se faz uso do poder constituinte originrio est se organizando o Estado e assim criando a ordem jurdica. Dentro desta ordem jurdica estar tambm instituindo-se os demais poderes constituintes (revisor, reformador e decorrente). Estes poderes, ento, sero chamados de poderes jurdicos, j que foram institudos pelo PCO e retiram o seu fundamento diretamente da ordem jurdica instituda. Tais poderes no so mais poderes iniciais, mas sim derivados.

    Os poderes constituintes derivados esto presentes no corpo da Constituio. Eles possuem sua manifestao condicionada pelo PCO nos limites do texto constitucional. Na CF brasileira, os encontramos nos seguintes dispositivos:

    Reformador - CF, art. 60;

    Revisor - CF, ADCT, art. 3;

    Decorrente - CF, art. 25 e CF, ADCT, art. 11.

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    Modos de manifestao do Poder Constituinte Originrio:

    O Poder Constituinte Originrio se manifesta basicamente de 4 formas:

    Conveno ou Assemblia Nacional Constituinte - Reunio de legitimados pelo povo para que se elabore um texto constitucional.

    Revoluo - Depe-se atravs de uma revoluo o poder at ento vigente, para que se institua uma nova ordem constitucional.

    Outorga - O governante, unilateralmente impe uma nova Constituio (ou Carta Constitucional) de observncia obrigatria para o povo, sem que este se manifeste.

    Mtodo Bonapartista ou Cesarista - O governante impe a Constituio ao povo, porm, este ratifica o texto constitucional atravs de um referendo. Desta forma, no obstante ser um Constituio outorgada, temos a participao popular para que entre em vigor.

    Titular do Poder X Exercente do Poder:

    comum que as pessoas confundam o exerccio com a titularidade, achando que por ser a Assemblia Nacional Constituinte a reunio de legitimados, ela tomaria para si a titularidade.

    O titular do poder o povo, pois ele o titular do Poder Poltico, poder para organizar o Estado. A Assemblia Nacional Constituinte apenas o exercente deste poder do povo, que permanente, no se esgotando com a feitura da Constituio. J que se o povo perceber que aquela ordem constitucional no mais vlida para seus anseios, poder dissolv-la e instituir uma nova.

    Caractersticas do PCO e suas definies:

    1- Poder poltico - Pois ele que organiza o Estado e institui todos os outros poderes;

    2- Inicial ele que d incio a todo o novo ordenamento jurdico;

    3- Ilimitado, irrestrito, ou soberano - No reconhece nenhuma limitao material ao seu exerccio ( o que diz a corrente positivista adotada pelo Brasil). Uma parte da doutrina que resgata o pensamento "jusnaturalista" diz que o PCO deve ser limitado pelos direitos humanos supranacionais. Porm, para fins de concurso esta afirmao no vlida, a no ser que se mencione expressamente a doutrina jusnaturalista, j que o Brasil adota majoritariamente a corrente positivista.

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    Apesar dessa inexistncia de limitaes defendida pela corrente positivista, existe historicamente nas Constituies (de pases democrticos) um respeito dos princpios bsicos

    como o da dignidade da pessoa humana e da justia. A diferena que para os jusnaturalistas esse respeito seria uma obrigao instransponvel, enquanto para os positivistas seria apenas um bom senso, um respeito aos direitos conquistados, e decorrncia lgica do regimes que se pretendem instituir.

    4- Autnomo - Ele no se submete a nenhum outro poder.

    5- Incondicionado No existe nenhum procedimento formal pr-estabelecido para que ele se manifeste.

    6 - Permanente Porque no se esgota no momento de seu exerccio.

    Ateno: Cada caracterstica possui a sua exclusiva definio. No se pode definir a uma certa caracterstica

    usando a definio de outra.

    Desta forma, incorreto, por exemplo, falar que "o PCO ilimitado, pois no se sujeira a nenhum procedimento pr-estabelecido de manifestao". errado pois definiu "ilimitado" com o conceito de "incondicionado". Isso muito comum em concursos.

    Caractersticas dos Poderes Derivados (em especial o reformador) e suas definies

    1- Poder Jurdico - Pois foi institudo pelo PCO dentro da ordem jurdica.

    2- Derivado Pois no o inicial, e sim deriva do PCO.

    3- Condicionado - Pois sua manifestao se condiciona ao rito estabelecido pelo art. 60

    4- Limitado - Deve respeitar os limites impostos pela Constituio.

    Consequncias do exerccio do Poder Constituinte Originrio:

    1- Revogao de todo o ordenamento constitucional anterior.

    Ao entrar em vigor, inaugurando a nova ordem jurdica, a nova constituio revoga completamente todas as normas da constituio anterior. Desta forma, no aceito no Brasil a chamada "teoria da desconstitucionalizao". A teoria da desconstitucionalizao defende que as normas constitucionais anteriores, que no fossem conflitantes, estariam albergadas pela nova Constituio, continuando

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    assim a vigorar, porm, com status rebaixado, como se fossem leis ordinrias. Essa posio, aceitando a "teoria da desconstitucionalizao" s dever ser marcada como correta no concurso caso se fale em "doutrina minoritria".

    2- Recepo do ordenamento infraconstitucional compatvel materialmente.

    Essa a chamada teoria da recepo. Agora, no estamos falando mais de normas constitucionais e sim daquelas leis com status inferior Constituio. Nessa teoria, entende-se que todas essas leis que forem compatveis em seu contedo com a nova Constituio sero recebidas por esta e continuaro a viger, independente de sua forma. uma face do princpio da conservao das normas e da economia legislativa.

    Ratificamos que para que ocorra a recepo basta analisar seu contedo material, pouco importando a forma. Por exemplo, o CTN (lei n 5.172/66) criado como lei ordinria em 1966 sob a vigncia da CF de 1946 vigora at os dias de hoje, mas com status de lei complementar, que a forma exigida para o tratamento da matria tributria pela CF de 1967 e 1988. Ainda falando sobre CTN, vemos neste caso uma recepo parcial, j que parte de seu contedo contraria o disposto na CF/88 e assim est revogada, vigorando apenas uma parte que no conflitante com a Constituio. Assim, a recepo parcial perfeitamente vlida.

    Outro fator que deve ser levado em considerao ao falar em recepo o fato que s podem ser recepcionadas normas que estejam em vigor no momento do advento da nova constituio, assim, normas anteriores j revogadas, anuladas, ou ainda em vacatio legis (perodo normalmente de 45 dias entre a publicao da lei e a sua efetiva entrada em vigor) no podero ser recepcionadas.

    As normas que no forem recepcionadas sero consideradas revogadas. No h o que se falar em inconstitucionalidade delas, pois para que uma norma seja considerada inconstitucional, ela j deve nascer com algum problema, algum vcio. Assim,