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16° TÍTULO: PAPEL DA NEUROGÊNESE HIPOCAMPAL NA EXTINÇÃO DA DEFESA PREDATÓRIA CONDICIONADA: ESTUDO PARA A PADRONIZAÇÃO DO PROTOCOLO DE ABLAÇÃO DA NEUROGÊNESE HIPOCAMPAL TÍTULO: CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA: SUBÁREA: MEDICINA SUBÁREA: INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO INSTITUIÇÃO: AUTOR(ES): MARJORIE ORQUISA CARLOS AUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): CLÁUDIA DE BRITO FATURI ORIENTADOR(ES):

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16°

TÍTULO: PAPEL DA NEUROGÊNESE HIPOCAMPAL NA EXTINÇÃO DA DEFESA PREDATÓRIACONDICIONADA: ESTUDO PARA A PADRONIZAÇÃO DO PROTOCOLO DE ABLAÇÃO DANEUROGÊNESE HIPOCAMPAL

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:

SUBÁREA: MEDICINASUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULOINSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): MARJORIE ORQUISA CARLOSAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): CLÁUDIA DE BRITO FATURIORIENTADOR(ES):

1. Resumo

Dentre os critérios para elaboração de um modelo animal de psicopatologia a

validade de constructo tem grande relevância, uma vez que para preenchê-lo o

modelo deve apresentar similaridade com a neurobiologia do transtorno em

questão. De forma complementar, a psiquiatria tem buscado endofenótipos que

permitam identificar de forma mais precisa e precoce o aparecimento de

psicopatologias. Vários trabalhos indicam que a alteração na neurogênese

hipocampal seria um possível endofenótipo para depressão e transtorno de

estresse pós traumático (TEPT). A neurogênese está envolvida, por exemplo, no

processo de padrão de separação. Neste fenômeno, os novos neurônios recém-

inseridos na camada granular do giro denteado melhorariam a resolução de novas

memórias permitindo que elas sejam mais facilmente distinguíveis de estímulos

semelhantes. Dentre os sintomas apresentados pelos pacientes diagnosticados

com o TEPT está a vivência repetida do evento traumático quando o indivíduo se

depara com pistas que o relembrem do trauma. Assim, é possível que tais

sintomas estejam relacionados com um déficit no padrão de separação. Tendo isso

em vista, a utilização de testes comportamentais que envolvam o estudo dos

mecanismos neurais subjacentes ao condicionamento e extinção da memória de

medo têm se tornado uma ferramenta importante para investigar e inferir sobre os

mecanismos neurais do TEPT. Vários estudos têm sido realizados com esse

propósito, sendo que a maioria deles utiliza o choque nas patas como estímulo

aversivo. No entanto, vários trabalhos mostram que os circuitos neurais recrutados

em resposta ao choque nas patas e um estímulo natural, como a presença do

predador, são diferentes. A exposição ao predador é potencialmente o estímulo

que mais se assemelha ao evento desencadeador de uma patologia como o TEPT.

Este é, em geral, provocado por um evento que atenta contra a vida e/ou

integridade física dos portadores do transtorno, que é coerente com as reações do

rato frente à um dos seus predadores naturais, o gato. Assim, o presente trabalho

teve como objetivo iniciar a padronização das respostas comportamentais de

extinção do comportamento de defesa. Os resultados indicam que no 6º dia de

reexposição o comportamento de defesa já está totalmente extinto. À partir desses

dados será possível compreender melhor o efeito da ablação da neurogênese

hipocampal na extinção do comportamento de defesa condicionado.

2. Introdução

A elaboração e validação de um modelo experimental de transtornos

psiquiátricos pode se dar pelos critérios de validade de face, preditiva e de

constructo. O primeiro leva em consideração o fenótipo clínico da patologia, e o

segundo diz respeito à capacidade do teste de predizer, por exemplo, a eficácia

de um agente farmacológico (Treit 1985). Estes dois critérios são considerados

superficiais, uma vez que não levam em consideração as bases neurobiológicas

do comportamento. Já a validade de constructo mede a similaridade do modelo

animal com os processos fisiológicos e etiologia da patologia em questão (Treit

1985). Esse tipo de validade parte do princípio que animais e humanos

apresentam similaridades na estrutura cerebral e função (Homberg 2013). A

psiquiatria tem se engajado também na investigação de endofenótipos, definidos

como características herdáveis que estariam conectadas com as alterações

comportamentais, neurofisiológicas, bioquímicas, endócrinas ou

neuroanatômicas apresentados numa dada psicopatologia (Andreatini et al

2006).

A investigação de endofenótipos é importante para fundamentar a conclusão

diagnóstica em várias áreas da medicina, no entanto a psiquiatria é uma área em

que o estudo da neurobiologia dos transtornos ainda requer avanços para

possibilitar a utilização dos mesmos (Gould and Gottesman 2006). A

determinação de endofenótipos permitiria ainda um diagnóstico precoce e início

do tratamento tão logo os primeiros sintomas da doença se manifestassem (Flint

and Munafo 2007).

Vários estudos têm apontado que alterações na plasticidade sináptica

hipocampal possam estar estreitamente relacionadas com a gênese de

transtornos psiquiátricos (McEwen 1999; McEwen and Magarinos 2001;

Lehmann et al. 2013; Schloesser et al. 2010; Kheirbek et al. 2012). Além de ter

papel fundamental em processos mnemônicos o hipocampo também participa da

organização de comportamentos de defesa, tendo uma contribuição importante

para a percepção da ameaça predatória haja vista que, principalmente a porção

ventral, recebe projeções de setores da amigdala envolvidos com a interpretação

de informação olfatória (Wang et al. 2013; Canteras and Swanson 1992;

Kemppainen et al. 2002) e regiões envolvidas com a regulação da resposta de

estresse, como o núcleo intersticial da estria terminal (Blanchard et al. 2005;

Herman et al. 2005; Dong and Swanson 2006). Tais funções têm motivado

alguns autores a relacionar alterações no fenômeno de padrão de separação

com a gênese do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). De acordo

com Kheirbek et al (2012) prejuízos nos processos de padrão de separação seria

substrato neural para a supergeneralização frequentemente vista em transtornos

de ansiedade. A fundamentação teórica do fenômeno de padrão de separação

indica que a ablação da neurogênese no giro denteado pode prejudicar

processos responsáveis pela codificação de uma memória que apresente

características parcialmente semelhantes com um traço mnemônico apresentado

anteriormente, prejudicando assim a resolução de tais memórias (Aimone et al.

2011). Tal prejuízo poderia favorecer respostas fisiológicas de estresse quando

um dado estímulo outrora relacionado com o trauma vivido é apresentado num

contexto diferente.

O comportamento é o produto final do funcionamento do SNC e a facilidade

em observá-lo em modelos animais faz dos modelos de medo

condicionado/extinção um dos protocolos mais usados para o estudo do TEPT

(Bouton 2002). Em sua maioria, os estudos que investigam a neurobiologia

subjacente ao condicionamento de medo/extinção utilizam o choque nas patas

como estímulo aversivo. O choque nas patas provoca reações comportamentais

de defesa como a imobilidade, em que o animal permanece parado,

apresentando apenas os movimentos respiratórios. No entanto, vários autores

discutem se o circuito neural responsável por tais respostas de defesa

provocadas por um estímulo doloroso como o choque nas patas seriam os

mesmos recrutados por um estímulo que represente uma real ameaça à vida do

animal, como por exemplo, a exposição ao predador. No trabalho de revisão

bibliográfica de (Gross and Canteras 2012) os autores apontam que circuitos

neurais diferentes medeiam as mesmas respostas comportamentais de defesa

nas duas situações. É importante notar que vários trabalhos indicam que a

resposta de defesa frente o odor do predador recruta as mesmas estruturas

neurais observadas durante à exposição ao predador (do Monte et al. 2008;

Kincheski et al. 2012). Assim, é possível que a utilização da defesa predatória

para elaboração de um modelo animal de TEPT tenha maior validade de

constructo do que a utilização do choque nas patas, tendo maior probabilidade

de que os resultados obtidos à partir deste modelo possibilite a validação de um

endofenótipo (Matar et al. 2013). (Quirk et al. 2010) destaca ainda que o

desenvolvimento de um estratégica terapêutica que possibilite realçar os

processos de extinção poderia reduzir a evocação espontânea de memórias de

medo observada por exemplo no TEPT, possibilitando ainda uma redução de

sessões de terapia necessárias para a alta do paciente.

Embora a extinção tenha sido vista por muito tempo como um processo em

que a memória de medo é simplesmente apagada, vários trabalhos indicam que

se trata na verdade de um novo aprendizado. (Quirk et al. 2010). Como em

qualquer outro processo de aprendizagem ele ocorre em três fases: aquisição,

consolidação e expressão (Quirk and Mueller 2007). O processo de extinção é

altamente adaptativo e permite que o indivíduo altere suas estratégicas para lidar

com dificuldades impostas pelas mudanças no ambiente. Atualmente o circuito

hipotético envolvido nos processos de extinção inclui o córtex pré-frontal, córtex

cingulado anterior rostral, córtex orbitofrontal e hipocampo (Rauch et al. 2005;

Rauch et al. 2006). No entanto, tais estudos foram realizados utilizando

principalmente o paradigma que envolve choque nas patas, e ainda não se sabe

se a extinção da memória de medo provocada pelo odor do predador recruta

essas mesmas regiões.

3. OBJETIVOS

Assim, levando em consideração a fundamentação teórica apresentada o

objetivo geral deste projeto foi padronizar o protocolo de extinção da defesa

condicionada.

de ablação da neurogênese hipocampal.

4. Metodologia

Animais. Em todos os estudos foram utilizados ratos albinos (Rattus

norvegicus, linhagem Wistar), machos, adultos, com aproximadamente 90 dias de

idade. Os animais foram alojados em gaiolas de polipropileno (30X40X18cm), em

salas com sistema de ventilação (23±2oC) e ciclo de luz de 12h (06:00-18:00). Água

e comida foram oferecidas ad libitum durante todos os procedimentos experimentais.

Os animais foram obtidos no CEDEME (UNIFESP) e os experimentos foram

realizados no Núcleo de Pesquisa em Neurociências (NUPEN) da UNICID. Os

procedimentos experimentais foram submetidos à apreciação das CEUAs de ambas

instituições e foram aprovados sob número 1376230314 na UNIFESP e 002/2015 na

UNICID.

5. Desenvolvimento

Os dados apresentados neste relatório consistem de um primeiro experimento

piloto realizado para conhecermos o padrão de resposta comportamental de defesa

ao longo do processo de extinção. Neste, apenas um grupo de animais foi testado.

Os mesmos foram expostos ao predador por 10 minutos e posteriormente

reexpostos ao contexto por cinco dias consecutivos. Após a análise desses dados

fizemos algumas alterações no protocolo inicialmente proposto. As alterações

consistiram na diminuição do tempo de reexposição ao contexto de dez para cinco

minutos. Assim, apresentamos também dados preliminares obtidos com a realização

deste experimento.

No segundo experimento foram testados 3 grupos: experimental, controle 1

(CTL1) e controle 2 (CTL2). O grupo experimental foi inicialmente habituado,

exposto ao gato por dez minutos, e posteriormente à sucessivas exposições ao

aparato até que os comportamentos de defesa fossem extintos. O grupo CTL1,

também chamado controle positivo, foi habituado, exposto ao predador e exposto ao

contexto no dia seguinte, mas durante o período de extinção ficou alocado na caixa

moradia dentro do biotério e foi reexposto ao aparato apenas no último dia de

extinção do grupo experimental. O grupo CTL2, denominado controle negativo, foi

submetido ao procedimento de habituação durante todo o período em que o grupo

experimental foi testado.

Aparato experimental. O aparato experimental consiste de 3 compartimentos:

caixa-moradia, um corredor de acesso e a caixa 2, onde é colocada ração durante o

procedimento de habituação e o gato no dia do experimento (Figura 1).

Figura 1. Esquema do aparato experimental.

Durante 10 dias, os animais passaram por um período de habituação a este

aparato, sendo que todos os dias, 3 horas antes do início do período de escuro, os

animais foram privados de ração. No início do período de escuro, quando ocorre o

período de maior atividade e o primeiro pico alimentar do rato, a porta da caixa-

moradia foi aberta permitindo que os animais explorassem o corredor e se

deslocassem até a caixa 2, para obterem a ração ali depositada.

Teste comportamental. No décimo primeiro dia, os animais do grupo

experimental e do grupo CTL1 foram expostos ao gato, que foi colocado na caixa 2,

onde a comida era oferecida durante o procedimento de habituação, e a resposta

comportamental foi observada por 10 minutos, sendo que em nenhum momento

houve contato físico entre eles. No estudo piloto, no décimo segundo dia do

procedimento experimental (1ª reexposição), os animais foram avaliados por dez

minutos durante a exposição ao aparato previamente associado à presença do

predador. Esse procedimento foi repetido nos 4 dias subsequentes.

Em função dos resultados obtidos no experimento piloto, o tempo de

exposição ao contexto no segundo experimento foi reduzido a cinco minutos e a

reexposição ao contexto foi realizada por 6 dias consecutivos.

Todos os procedimentos (exposição ao gato e exposição ao contexto) foram

filmados e as respostas comportamentais foram analisadas utilizando o programa

específico para análise comportamental “Anymaze” (Stoelting Co).

As seguintes respostas comportamentais foram categorizadas:

Congelamento o animal permanece imóvel, num estado de congelamento motor.

Exploração animal se locomove mais de 1cm sem estar com o corpo estendido.

Avaliação de risco que incluem:

“Crouch sniff” o animal permanece parado, com dorso arqueado, fazendo

movimentos com a cabeça para cheirar e esquadrinhar o ambiente.

“Stretch Attend Posture” o animal estende a cabeça e parte do corpo para frente,

mantém a cauda elevada, porém não se desloca.

“Stretch Approach” o animal mantém a mesma postura anterior, mas desloca-se

para frente.

Após o período de observação comportamental, os animais dos grupos

controle e experimental foram profundamente anestesiados e perfundidos por via

trans-aórtica. Os encéfalos foram retirados e processados para posterior realização

de imunohistoquímica para proteína deltaFosB, cujo aumento sinaliza ativação

neuronal crônica.

Analise Estatística. Temos ainda uma amostra pequena, apenas 3

animais/grupos, e por isso nenhum teste foi realizado. Mas de acordo com o

desenho experimental proposto os dados comportamentais serão realizadas

utilizando a ANOVA de duas vias (fator medidas repetidas X fator grupo) seguido do

teste a posteriori de Newman-Keuls quando necessário, considerando a diferença

significativa sempre que p < 0,05. Os resultados estão expressos em média ± erro

padrão.

6. RESULTADOS

Os resultados do estudo piloto estão apresentados na figura 2 e indicam que

no 3º dia de reexposição houve uma brusca redução nos comportamentos de

avaliação de risco e também um aumento na atividade exploratória. Com o objetivo

de aumentar o tempo de apresentação dos comportamentos de avaliação de risco

ao longo da extinção propusemos uma redução no tempo de duração das

reexposições ao contexto. Tal alteração foi testada no segundo experimento.

Na tabela 1 e figuras 3, 4 e 5 estão os resultados obtidos no segundo

experimento. Neste, o tempo de cada reexposição foi reduzido a cinco minutos.

Os resultados obtidos indicaram que, na presença do predador, os animais do

grupo experimental e CTL1 apresentaram redução no tempo gasto no corredor e na

caixa 2. Já os animais não expostos ao predador (CTL2) exploraram todo o aparato

de forma mais indiscriminada, conforme mostra a tabela 1. Coerentemente, os

resultados apresentados na figura 2 indicam que durante a exposição ao gato os

animais do grupo experimental e CTL1 passaram a maior parte do tempo em

comportamentos de defesa como avaliação de risco e congelamento, enquanto os

0

100

200

300

400

500

600

Exposição ao Gato 1o Contexto 2o Contexto 3o Contexto 4o Contexto 5o Contexto

segundos

Crouch Sniff Streach Attend Freezing Exploração

Figura 2. Análise dos principais parâmetros comportamentais durante o processo de extinção do

comportamento de defesa. Os animais foram primeiramente habituados ao aparato, expostos ao predador e

então expostos ao contexto por 5 dias consecutivos (n=4). Dados expressos em média+desvio padrão.

animais do grupo CTL2 apresentaram comportamento exploratório

predominantemente.

Tabela1. Tempo gasto (segundos) em cada um dos compartimentos do aparato

experimental. Dados expressos em média+desvio padrão.

Caixa Moradia Corredor Caixa 2

Grupo

Experimental

576,8+10,1 12,6+4,7 0,0+0,0

CTL1 508,3+135,0 89,7+133,3 0,0+0,0

CTL2 313,5+174,1 175,8+119,1 106,9+130,7

As figuras 4 e 5 mostram a evolução do processo de extinção do

comportamento de defesa ao longo dos 6 dias de reexposição. Os dados mostram

progressiva redução dos comportamentos de avaliação de risco com concomitante

aumento progressivo da atividade exploratória. A expressão destes comportamentos

no grupo CTL1 mostram que o padrão de resposta para avaliação de risco e

atividade locomotora não se alteram no 1º dia de reexposição quando comparado ao

6º dia, conforme esperado.

0

100

200

300

400

500

600

Segu

nd

os

(s)

Grupo experimental CTL1 CTL2

Congelamento Avaliação de Risco Exploração

Figura 3. Expressão dos comportamentos de defesa (congelamento e avaliação de risco) e

atividade exploratório durante a exposição ao predador. Ambos grupo experimental (N=3)

e CTL1 (N=3) foram expostos ao predador e o grupo CTL2 (N=3) não. Dados expressos

em média+desvio padrão

-10

40

90

140

190

240

290

340

390

Segu

nd

os

(s)

Grupo Experimental Grupo CTL1 Grupo CTL2

Figura 4. Comportamento de Avaliação de risco observado ao longo de 6 dias de

reexposição ao contexto onde os animais do grupo experimental (N=3) e CTL1 (N=3)

foram expostos ao predador. O grupo CTL1 foi reexposto ao contexto apenas no dia

seguinte à exposição ao gato e no último dia do experimento. O grupo CTL2 não foi

exposto ao predador (N=3). . Dados expressos em média+desvio padrão

-10

40

90

140

190

240

290

340

Segu

nd

os

(s)

Grupo Experimental Grupo CTL1 Grupo CTL2

Figura 5. Atividade exploratória observada ao longo de 6 dias de reexposição ao

contexto onde os animais do grupo experimental (N=3) e CTL1 (N=3) foram expostos

ao predador. O grupo CTL1 foi reexposto ao contexto apenas no dia seguinte à

exposição ao gato e no último dia do experimento. O grupo CTL2 não foi exposto ao

predador (N=3). . Dados expressos em média+desvio padrão

7. Considerações finais

Os resultados obtidos com o primeiro experimento piloto indicou que os

comportamentos de defesa condicionada utilizando o gato como estímulo aversivo,

predador natural da espécie estudada, poderia ser extinguido após 3 exposições ao

aparato experimental. É possível observar que os comportamentos de avaliação de

risco reduzem drasticamente já no terceiro dia de reexposição. Durante as análises

comportamentais observamos que nos primeiros minutos da reexposição o animal

apresentava um pouco de comportamento de defesa, que logo dava lugar ao

comportamento exploratório (dados não mostrados). Assim, era difícil determinar o

padrão de comportamento de defesa de cada dia de reexposição. Dado que o

objetivo do presente projeto é investigar o papel da neurogênese hipocampal no

processo de extinção da memória de medo decidimos propor uma alteração no

protocolo comportamental inicialmente apresentado. Assim, no segundo

experimento, reduzimos o tempo de reexposição para cinco minutos. Com isso, em

cada reexposição os animais apresentaram um padrão de comportamento mais

característico. Essa alteração permitirá determinar mais facilmente o momento mais

oportuno para intervirmos no processo de neurogênese ao longo da extinção da

memória de medo.

No segundo experimento os animais do grupo experimental apresentaram um

crescente aumento na atividade exploratória que culminou no 6º dia de extinção. Um

padrão coerente se observa para o comportamento de avaliação de risco, que

diminui paulatinamente, sendo totalmente extinto no 5º dia de reexposição. O

comportamento do grupo CTL1 observados no 1º e no último dia de reexposição

indicam que a redução no comportamento de defesa observado no grupo

experimental é de fato decorrente do processo de extinção da memória de medo, e

não apenas esquecimento. Os animais desse grupo apresentaram níveis muito

semelhantes de atividade locomotora e de avaliação de risco no 1º e 6º dia de

reexposição.

À partir dos encéfalos coletados dos animais do segundo experimento

faremos um estudo de ativação neuronal para conhecer as principais áreas

recrutadas para a extinção da memória de medo condicionado ao predador e melhor

compreender como este modelo animal pode ser útil para esclarecer as alterações

neuronais que ocorrem em pacientes que apresentam o transtorno de estresse pós-

traumático.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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