16 Manual Biosseguranca

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Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

BIOSSEGURAN A

Ministrio da Sade Secretaria de Vigilncia em Sade Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

MINISTRIO DA SADE MINISTRO DE ESTADO DA SADE Jos Gomes Temporo SECRETARIA DE VIGILNCIA EM SADE Gerson Oliveira Penna DEPARTAMENTO DE DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS Dirceu Bartolomeu Greco UNIDADE DE LABORATRIO ULAB Lilian Amaral Inocncio COORDENAO DO TELELAB ULAB Nvea Orm de Oliveira Guedes Nbia Gonalves Dias COORDENAO DE PRODUO DO PROJETO TELELAB 2009/2010 Maria Luiza Bazzo UFSC AUTORES: Flvia Martinello Lilian Amaral Inocncio Luiz Alberto Peregrino Ferreira Maria Luiza Bazzo Miriam Franchini Semramis Maria Duarte Dutra Yvelise Regina da Costa REVISO TCNICA Thas Cristine Marques Sincero PROJETO GRFICO, EDIO E DIAGRAMAO Virtual Publicidade Ltda. DESIGN INSTRUCIONAL Luciane Sato ILUSTRAES E FOTOS INDITAS Maurcio Muniz FOTOS DOS VDEOS PROJETO TELELAB 2009/2010 TIRAGEM: 1 edio 2010 6000 exemplares permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte. PRODUO, DISTRIBUIO E INFORMAES : Ministrio da Sade Secretaria de Vigilncia em Sade Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 0800 61 24 36 www.aids.gov.br/telelab [email protected] ou [email protected]

Biossegurana Diagnstico e monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais. Ministrio da Sade, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. 2010, 150 p. (Srie TELELAB).

ApresentaoSeja bem-vindo (a) ao Sistema de Educao a Distncia TELELAB. Os cursos foram elaborados dentro de uma abordagem que favorece a aquisio de conhecimentos e o repensar da prtica profissional. Para o sucesso da aprendizagem e a garantia de um excelente aproveitamento, alm de assistir ao vdeo, leia esse manual e releia as informaes sempre que tiver dvidas em sua prtica diria. Neste Manual de Biossegurana Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais so apresentados conceitos de biossegurana e de risco em laboratrios, alm dos procedimentos e cuidados a serem adotados, desde a coleta de sangue at o descarte de resduos para evitar acidentes e minimizar riscos ao trabalhador e ao ambiente. Tambm so apresentados os procedimentos em caso de acidentes incluindo materiais perfurocortantes e incndios no laboratrio. Desejamos que este curso seja um incentivo para repensar e aperfeioar a sua prtica. Releia os contedos desse manual e assista ao vdeo sempre que precisar. Bons estudos!

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O sistema TELELAB de ensino a distncia foi criado em 1997, e produziu, ao longo do tempo, 23 cursos com ttulos dedicados ao diagnstico laboratorial das DST, Aids e Hepatites Virais e s atividades hemoterpicas. A evoluo tecnolgica e as novas polticas para ampliao do acesso dos usurios aos servios de sade tornaram necessria a atualizao de seus contedos. Este novo curso Biossegurana Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais da srie TELELAB atualiza os contedos do manual Biossegurana em Unidades Hemoterpicas e Laboratrios de Sade Pblica da primeira srie e reconhece o trabalho dos pioneiros que criaram e trabalharam na produo dos cursos que agora esto sendo revisados e reformulados. Autores de Biossegurana em Unidades Hemoterpicas e Laboratrios de Sade Pblica: Elenice Deffune Luiz Alberto Peregrino Ferreira Maria Luiza Bazzo Maristela Marteleto (pedagogia) Miriam Franchini Paulo Roberto Carvalho Silvio Valle Colaboradores: Geni Noceti de Lima Cmara Marco A. F. da Costa Slvia M. Carvalho Ivelize Migueis Pereira Nunes

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Consideraes geraisAgora voc faz parte do Sistema de Educao a Distncia TELELAB para profissionais da sade envolvidos no diagnstico laboratorial das doenas sexualmente transmissveis, da infeco pelo HIV/Aids e das hepatites virais. O projeto TELELAB foi criado para levar at voc informaes indispensveis para que o seu trabalho seja realizado nos padres de qualidade estabelecidos pelo Ministrio da Sade. Guarde este Manual para consultar sempre que necessrio. Ele seu, use-o!

Funcionamento do seu curso TELELAB:Inscrio e Pr-teste:

Agora que voc j fez a inscrio e o pr-teste, pode comear o seu curso! Voc tem 1 ms para conclu-lo.

Vdeo e Manual:

Assista ao vdeo quantas vezes voc precisar. No Manual esto todos os contedos para o seu estudo. Aproveite!

Ps-teste e avaliao do curso:

Faa o ps-teste para avaliar o quanto voc aprendeu. Depois, responda ao questionrio de avaliao do curso. Suas opinies nesse questionrio so fundamentais para a melhoria do TELELAB.

Certificado:

Para obter o certificado, voc dever acertar no mnimo 80% do ps-teste.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 5

Ao final do curso Biossegurana Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais, voc ser capaz de: Compreender os conceitos principais em Biossegurana, risco em laboratrio e avaliao de risco; Identificar os procedimentos e cuidados recomendados nas diversas atividades laboratoriais para evitar acidentes e diminuir os riscos para o ambiente e para a sade do trabalhador e; Conhecer os smbolos de segurana e executar os procedimentos corretos para a sua segurana pessoal e de todos no laboratrio. Para esclarecimento de dvidas e sempre que precisar, comunique-se diretamente com: TELELAB Por telefone: 0800-61-2436 Por e-mail: [email protected]

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SumrioIntroduo ................................................................................................................................. 11 Captulo 1: Riscos ocupacionais e avaliao de riscos nos laboratrios ............................................................................................................................... 13 Riscos em laboratrios de sade ............................................................................15 Classificao de risco dos agentes biolgicos ...............................................16 Fatores para avaliao do risco ................................................................................17 Nveis de biossegurana do laboratrio ............................................................18 Captulo 2: Procedimentos de biossegurana ou prticas seguras em laboratrio ................................................................................................................................. 19 Procedimentos Operacionais Padro (POP) ....................................................22 Captulo 3: Organizao do laboratrio ............................................................... 23 Adequao do ambiente laboratorial .................................................................25 A rea de trabalho organizao e manuteno........................................26 Captulo 4: Cuidados pessoais e procedimentos de proteo no laboratrio ................................................................................................................................. 27 Cuidados pessoais e cuidados com o ambiente de trabalho ..............29 Higienizao das mos .................................................................................................34 Captulo 5: Equipamentos de Proteo Individual EPI ........................... 39 O que so EPIs ....................................................................................................................41 EPIs recomendados para utilizao nos laboratrios que trabalham com DST, Aids e Hepatites Virais .............................................................................42 Captulo 6: Equipamentos de Proteo Coletiva EPC ............................. 55 O que so EPCs ..................................................................................................................57 EPCs recomendados para utilizao nos laboratrios que trabalham com DST, Aids e Hepatites Virais. ............................................................................57TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 7

Captulo 7: Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais manuseio de amostras .................................................................................... 75 Coleta de Sangue ............................................................................................................77 Separao do Soro ..........................................................................................................78 Captulo 8: Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais descontaminao em laboratrios ........................................................ 79 Limpeza ..................................................................................................................................82 Desinfeco ........................................................................................................................84 Esterilizao .........................................................................................................................87 Captulo 9: Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais transporte de amostras biolgicas......................................................... 91 Transporte por via area ..............................................................................................93 Transporte do material biolgico dentro do laboratrio ........................95 Cuidados no recebimento de amostras biolgicas ....................................96 Como proceder diante de embalagens danificadas..................................96 Captulo 10: Acidentes com material biolgico .............................................. 97 Derramamento de material potencialmente infectante ........................99 Formao de aerossis ou disperso de partculas potencialmente infectantes fora da CSB ..............................................................................................100 Quebra de tubos dentro da centrfuga ..........................................................101 Procedimentos em caso de acidentes com exposio a material biolgico.............................................................................................................................102 Encaminhamento do acidentado para atendimento mdico .........103 Imunizao da equipe do laboratrio..............................................................103 Captulo 11: Segurana no manuseio de reagentes qumicos .......... 105 Riscos qumicos ..............................................................................................................107 Cuidados para manipular produtos qumicos ............................................108 A Ficha de Informaes de Segurana de Produto Qumico FISPQ ...109 Smbolos de risco qumico ......................................................................................109 Armazenamento de reagentes qumicos ......................................................111 Acidentes com substncias qumicas ..............................................................1148 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Captulo 12: Descarte de resduos ......................................................................... 117 Legislao para descarte de resduos ...............................................................119 Classificao de resduos de servios de sade .........................................119 Gerenciamento dos Resduos de Servios de Sade GRSS ............120 A separao correta dos resduos no laboratrio .....................................121 Cuidados na separao e disposio dos resduos dos grupos A, D e E................................................................................................................129 Armazenamento temporrio interno e externo ........................................129 Captulo 13: Sinalizao de segurana ............................................................... 131 Tipos de sinalizao de segurana .....................................................................133 Captulo 14: Incndio no laboratrio................................................................... 137 Causas mais comuns de incndios em laboratrios ...............................139 Equipamentos de combate a incndio...........................................................140 Classes de incndio .....................................................................................................141 Tipos de extintores .......................................................................................................141 Procedimentos em caso de incndio ...............................................................143 Homenagem e agradecimentos ............................................................................. 145 Glossrio ................................................................................................................................... 147 Referncias ............................................................................................................................. 149

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IntroduoA biossegurana uma rea de conhecimento regulamentada em diversos pases por um conjunto de leis, procedimentos e diretrizes especficos. As normas e as condutas de biossegurana foram desenvolvidas para prevenir e minimizar riscos ao meio ambiente e aos profissionais que atuam em servios de sade, reduzindo a ocorrncia de doenas ocupacionais.

Um pouco de histriaEm 1974, foi publicado nos Estados Unidos, pelo Centro de Controle de Doenas (Centers for Disease Control CDC), o folheto Classificao dos Agentes Etiolgicos Baseando-se no Grau de Risco, que passou a servir como referncia geral para as atividades laboratoriais que envolvessem agentes infecciosos. Na dcada de 80, outras normas foram publicadas para os trabalhadores da rea da sade sob o ttulo de Precaues Universais, que se tornaram a base do manuseio seguro de sangue e fluidos corporais. No Brasil, a chamada Lei de Biossegurana foi criada em 1995, abordando apenas a tecnologia de engenharia gentica, estabelecendo os requisitos para o manejo de organismos geneticamente modificados, os transgnicos. Somente recentemente, em outubro de 2010, foi publicada a Portaria n 3.204 do Ministrio da Sade, que aprova a Norma Tcnica de Biossegurana para Laboratrios de Sade Pblica.

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Saiba mais importante que voc conhea a legislao, as normas e as regulamentaes pertinentes ao tema de biossegurana em sade. Para isso, sugerimos as seguintes leituras: Diretrizes para projetos fsicos de laboratrios de sade pblica Braslia: Fundao Nacional de Sade, 2004; Resoluo RDC ANVISA n 306/2004: dispe sobre o Regulamento Tcnico para o gerenciamento de resduos de servios de sade; Resoluo RDC ANVISA n 302/2005: dispe sobre Regulamento Tcnico para funcionamento de laboratrios clnicos; Resoluo RDC CONAMA n 358/2005: dispe sobre o tratamento e a disposio final dos resduos dos servios de sade e d outras providncias; Biossegurana em laboratrios biomdicos e de microbiologia. Ministrio da Sade, 2006. Srie Normas e Manuais Tcnicos; Portaria n 3.204, de 20 de outubro de 2010, do Ministrio da Sade: aprova a Norma Tcnica de Biossegurana para Laboratrios de Sade Pblica.

Riscos ocupacionais e avaliao de riscos nos laboratrios

Captulo 1

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Riscos ocupacionais e avaliao de riscos nos laboratriosNeste captulo voc vai conhecer os tipos de risco presentes nos ambientes laboratoriais, as classes de risco biolgico, como se faz essa avaliao e quais so os nveis de biossegurana.

Riscos em laboratrios de sadeNos laboratrios de sade, alm dos riscos comuns a outras atividades ocupacionais, estamos expostos a riscos especficos relativos s atividades que envolvem agentes biolgicos e substncias qumicas. Os riscos ocupacionais so classificados em cinco grupos principais: Riscos fsicos: esto relacionados exposio a rudos, vibraes, presses atmosfricas anormais, temperaturas extremas e radiaes, tais como a luz ultravioleta; Riscos ergonmicos e/ou psicossociais: esto relacionados a elementos fsicos e organizacionais que interferem no conforto da atividade laboral e nas caractersticas psicofisiolgicas do trabalhador. So exemplos de riscos ergonmicos/psicossociais: Posto de trabalho com mobilirio, equipamentos e dispositivos inadequados; Ambiente fsico contendo caminhos obstrudos, corredores estreitos, ventilao e iluminao inadequadas; Atividades que envolvem esforos repetitivos; Fluxo de trabalho inadequado; Assdio moral G . Riscos qumicos: esto relacionados exposio a substncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo por via respiratria, pela pele ou por ingesto.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 15

Estas substncias so consideradas de risco, pois podem apresentar efeitos que vo desde irritao das vias areas, pele e mucosas, intoxicaes agudas e crnicas, at doenas graves, como o cncer. Riscos de acidentes: esto relacionados a atividades que envolvem o uso de materiais de vidro e outros objetos perfurocortantes, de materiais ou equipamentos que geram calor ou chamas, e ao manuseio de substncias qumicas inflamveis ou explosivas. Riscos biolgicos: esto associados ao manuseio ou contato com materiais biolgicos e/ou animais infectados com agentes biolgicos que possuam a capacidade de produzir efeitos nocivos sobre os seres humanos, animais ou meio ambiente. Os agentes biolgicos so classificados de acordo com o risco que apresentam.

Classificao de risco dos agentes biolgicosAgentes biolgicos Classe de Risco 1 Descrio So agentes biolgicos que representam baixa probabilidade de causar doenas no indivduo e na coletividade. So agentes biolgicos que apresentam risco moderado para o indivduo e baixa probabilidade de disseminao para a coletividade. Podem causar doenas ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. So agentes biolgicos que apresentam risco individual elevado e com probabilidade de disseminao para a coletividade. Podem causar doenas e infeces graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. So agentes biolgicos que apresentam risco individual elevado e com probabilidade elevada de disseminao para a coletividade. Apresentam grande poder de transmisso de um indivduo para outro. Podem causar doenas graves ao ser humano, para as quais NO existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

Classe de Risco 2

Classe de Risco 3

Classe de Risco 4

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Saiba maisA relao de agentes biolgicos, de acordo com a classe de risco, pode ser encontrada na publicao do Ministrio da Sade Classificao de Risco dos Agentes Biolgicos de 2010.

Fatores para avaliao do riscoA avaliao de riscos ao profissional de laboratrio deve considerar, alm da classificao de riscos dos agentes biolgicos, os seguintes fatores: a virulncia do agente biolgico; a dose infectante; o dano decorrente da exposio ao agente; o modo de transmisso e as vias de infeco resultantes de manipulaes laboratoriais (via parenteral, via area e via oral); a estabilidade do agente no ambiente; a disponibilidade de profilaxia e tratamento eficazes; a concentrao do agente e volume do material concentrado a ser manipulado; as caractersticas do trabalhador: idade, sexo, fatores genticos, suscetibilidade individual, estado imunolgico, exposio prvia, gravidez, hbitos de higiene pessoal, uso de equipamentos de proteo individual, experincia profissional e qualificao para o desenvolvimento das atividades; a atividade laboratorial na manipulao do agente (gerao de ultrassons, produo de aerossis, centrifugao, etc.). Por exemplo, a classificao de risco dos retrovrus, como o HIV, determinada pela atividade laboratorial: para a sorologia, o HIV considerado classe de risco 2; e para o cultivo desse vrus, por exemplo, considerado classe de risco 3, exigindo um grau de proteo maior para os profissionais do laboratrio.

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AtenoNos laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais so manipuladas amostras potencialmente contaminadas com microrganismos de classes de risco 2 ou 3. importante lembrar que usurios HIV soropositivos, com hepatites e outras doenas infecciosas, realizam diversos exames laboratoriais. Por isso, todos os setores do laboratrio recebem amostras desses usurios, devendo sempre seguir as prticas de biossegurana e considerar qualquer amostra como potencialmente infectante.

Nveis de biossegurana do laboratrioO Nvel de Biossegurana (NB) de um laboratrio o nvel de proteo proporcionado aos profissionais do laboratrio, ao meio ambiente e comunidade. Existem quatro nveis de biossegurana ou nveis de conteno laboratorial: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. Os nveis de biossegurana compreendem os critrios mnimos para o projeto arquitetnico, para as barreiras primrias (equipamentos de conteno) e para as prticas padres e especiais necessrias no laboratrio. Esses nveis esto em ordem crescente de proteo e tm relao com as classes de risco dos agentes biolgicos. A maior classe de risco dos agentes biolgicos manipulados determina o Nvel de Biossegurana que deve ser adotado no laboratrio. Os laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais so normalmente de Nvel de Biossegurana 2 NB2. Podem ter reas de Nvel de Biossegurana 3 (NB3), dependendo dos fatores de avaliao de risco e das tcnicas utilizadas.

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Procedimentos de biossegurana ou prticas seguras em laboratrio

Captulo 2

Procedimentos de biossegurana ou prticas seguras em laboratrioNeste captulo voc ver o que um Procedimento Operacional Padro POP e qual a importncia deste documento na sua prtica diria.

Os procedimentos de biossegurana ou prticas laboratoriais seguras compreendem medidas a serem adotadas desde a recepo do usurio ou de amostras at a emisso do laudo final. O objetivo prevenir e reduzir os riscos para os profissionais do laboratrio, incluindo a equipe de apoio (limpeza, manuteno), para a comunidade e para o meio ambiente. Essas medidas esto relacionadas com o nvel de biossegurana do laboratrio e incluem: A adequao do ambiente laboratorial e da rea de trabalho; Os cuidados com a higiene pessoal; A imunizao da equipe do laboratrio; O uso de Equipamentos de Proteo Individual EPIs e de Equipamentos de Proteo Coletiva EPCs; O treinamento dos profissionais do laboratrio; A adoo de procedimentos seguros na manipulao de material biolgico e de substncias qumicas; A utilizao de processos adequados e seguros de limpeza e descontaminao: do ambiente laboratorial; dos equipamentos e outros materiais utilizados; dos resduos produzidos nas atividades laboratoriais; A segregao, acondicionamento e envio para descarte final do resduo infectante e do resduo qumico de maneira correta; O estabelecimento de procedimentos a serem seguidos em caso de acidentes.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 21

Procedimentos Operacionais Padro (POP)Os POPs so protocolos que descrevem detalhadamente cada atividade realizada no laboratrio, desde a coleta ou a recepo da amostra at a emisso do resultado final da anlise, incluindo a utilizao de equipamentos, procedimentos tcnicos, procedimentos e cuidados de biossegurana e condutas a serem adotadas em caso de acidentes. Os POPs tm como objetivo padronizar todas as aes para que diferentes profissionais possam compreender e executar, da mesma maneira, uma determinada tarefa. Assim, devem: estar escritos em linguagem clara e completa, possibilitando a compreenso e a adeso de todos; ser realistas para que os profissionais possam, de fato, seguir o estabelecido. ser atualizados regularmente e suas alteraes realizadas em conjunto pelos profissionais.

AtenoOs POPs devem estar disponveis em local de fcil acesso e conhecido de todos os profissionais que atuam no ambiente laboratorial; Os profissionais do laboratrio devem assinar um termo atestando que conhecem e se comprometem a cumprir o estabelecido nos POPs.

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Organizao do laboratrio

Captulo 3

Organizao do laboratrio

Neste captulo voc conhecer a importncia de organizar seu espao de trabalho e de como manter o laboratrio em condies para as atividades que sero realizadas, fazendo sua manuteno permanente.

Adequao do ambiente laboratorialO laboratrio precisa estar organizado de forma prtica e lgica. Para cumprir esses dois requisitos deve apresentar as seguintes condies: Iluminao adequada; Controle de temperatura para atender as exigncias tcnicas e dos equipamentos; Portas e janelas devem ser mantidas fechadas para diminuir a quantidade e a propagao de partculas ou aerossis pela entrada de poeira e/ou formao de correntes de ar; Aerossis So partculas microscpicas que permanecem suspensas no ar e podem carregar contaminantes qumicos, biolgicos e sujidades. Todos os procedimentos de laboratrio devem ser realizados cuidadosamente para evitar a formao dos aerossis, como nos procedimentos de pipetagem, flambagem, centrifugao e manuseio de substncias qumicas e amostras biolgicas. Os aerossis podem entrar pelas vias areas e mucosas causando infeces ou contaminar roupas, bancadas e equipamentos. reas adequadas para cada uma das atividades, ou seja, possuir espaos especficos para a coleta, a recepo das amostras, a separao do soro e a realizao dos testes; Bancadas e equipamentos dispostos de maneira a possibilitar a circulao dos profissionais sem riscos de acidentes;TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 25

Bancadas revestidas com material no poroso que impea a penetrao e o acmulo de germes, e que sejam resistentes ao dos desinfetantes comumente utilizados em laboratrios; Equipamentos eltricos instalados: de acordo com suas caractersticas e orientaes do fabricante, mantendo-os longe de pias e de outras superfcies molhadas; prximos s tomadas, sem cabos emendados ou extenses para evitar choques eltricos e outros acidentes; com seus cabos ntegros, com verificao peridica para avaliar possveis danos; com uma tomada para cada equipamento, sem uso de adaptadores (por exemplo, T), para evitar aquecimento por sobrecarga eltrica e incndio.

AtenoS ligue novos equipamentos depois de conferir se a rede eltrica do laboratrio est dimensionada para atender s necessidades de consumo. Identificao e sinalizao corretas em todas as dependncias do laboratrio. Veja mais orientaes sobre os smbolos de segurana no captulo 13 desse manual; Sinalizao do local onde esto instalados os Equipamentos de Proteo Coletiva EPCs; Fornecimento de Equipamentos de Proteo Individual EPI para todos os profissionais, em quantidade e qualidade necessrias rotina de trabalho; Sinalizao das sadas de emergncia.

A rea de trabalho organizao e manutenoOrganize a bancada apenas com os materiais necessrios para a atividade que ser executada. Converse com seus colegas sobre isso. Quanto mais material deixado sobre a bancada, mais local para depsito de aerossis e sujidades.26 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Cuidados pessoais e procedimentos de proteo no laboratrio

Captulo 4

Cuidados pessoais e procedimentos de proteo no laboratrioConhea, neste captulo, as condutas seguras que devem ser adotadas diariamente nos ambientes laboratoriais. Aprenda como utilizar corretamente os EPIs, a higienizar suas mos e tambm outras medidas para a proteo da sua sade, dos seus colegas e do meio ambiente.

Cuidados pessoais e cuidados com o ambiente de trabalhoCabelos e barbaOs cabelos de comprimento mdio ou longo devem ser mantidos presos ou cobertos com toucas descartveis. O uso de toucas descartveis obrigatrio em alguns setores como laboratrios de cultura de clulas e de biologia molecular. No recomendado o uso de barba, pois os pelos do rosto comprometem a vedao dos respiradores.

UnhasAs unhas devem estar sempre limpas e curtas, no ultrapassando a ponta dos dedos. Unhas compridas podem furar as luvas.

Roupas e caladosUse calas compridas e sapatos fechados que protejam totalmente os ps. Os calados devem ser de material no poroso e resistente para impedir que os ps sofram leses, no caso de acidentes com materiais perfurocortantes, substncias qumicas ou contaminao com materiais biolgicos.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 29

Dentro do laboratrio, as roupas pessoais devem estar sempre protegidas por jalecos ou aventais fechados. Os jalecos ou aventais que esto em uso no devem ser guardados em armrios junto com outras roupas e objetos pessoais.

Lentes de contatoO ideal no usar lentes de contato no laboratrio. Se for necessria sua utilizao, no podem ser manuseadas durante o trabalho e devem ser protegidas com o uso de culos de segurana. Nos casos de manipulao de produtos qumicos concentrados que geram vapores recomendado o uso de protetor facial completo, uma vez que o material das lentes pode ser atingido por vapores ou reter substncias que possam provocar irritaes ou leses nos olhos.

CosmticosNo permitido usar cosmticos na rea laboratorial. Estes produtos liberam no ar partculas que podem servir de veculo para a propagao de agentes biolgicos ou substncias qumicas. Alm disso, os produtos de maquiagem facilitam a aderncia de agentes infecciosos na pele.

Joias e adereosNo devem ser usados anis, pulseiras, brincos e colares que possam tocar as superfcies de trabalho, vidrarias ou usurios. Crachs de identificao presos com cordo em volta do pescoo devem estar sob o jaleco quando o profissional estiver em reas de anlise de amostras.

Alimentos e bebidas terminantemente proibido guardar, refrigerar ou aquecer alimentos para consumo dentro de equipamentos da rea analtica. Os alimentos, incluindo bebidas, devem ser consumidos exclusivamente em reas destinadas para este fim, como copas e refeitrios.

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NO guardar alimentos e bebidas nos ambientes laboratoriais:

Porque as partculas contendo microrganismos, presentes no ambiente laboratorial ou no interior de geladeiras e freezers, podem se depositar nos recipientes e nos prprios alimentos. No caso das geladeiras e freezers, os respingos da gua de condensao ou vazamentos imperceptveis de soro e outros materiais biolgicos ou reagentes podem contaminar os alimentos, as bebidas e seus recipientes; Porque voc mesmo ou um colega seu podem tocar no recipiente ou na embalagem do alimento com uma luva contaminada; Alm de correr riscos de infeces ao comer ou beber, voc tambm estar se arriscando, e a outras pessoas, quando levar para casa as sobras e os recipientes guardados no laboratrio; Comer e beber, inclusive cafezinho e gua, no mesmo ambiente onde se manipulam materiais e fluidos biolgicos como sangue, soro, urina e secrees, expem voc a riscos desnecessrios; Alm disso, farelos e restos de acar, comida e bebidas atraem diversos insetos e roedores que carreiam microrganismos, contaminando todo o local. Esses insetos e roedores podem, ainda, danificar instalaes eltricas e equipamentos e provocar srios acidentes.

VentiladoresNo devem ser usados em laboratrio, pois podem disseminar partculas contaminantes no ambiente.

Rdio e TVNo permitido assistir TV, ouvir rdio ou utilizar fones de ouvido na rea analtica. Essas prticas prejudicam a ateno no trabalho que est sendo executado e a percepo do que ocorre ao redor. A desateno gera erros e pode resultar em acidentes.

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Telefones celularesOs telefones celulares devem ser deixados fora da rea onde anlises ou ensaios so realizados, para evitar a contaminao do aparelho e a distrao do profissional.

Presena de pessoas estranhas ao servioNo permitida nos ambientes laboratoriais a presena de pessoas estranhas ao servio, ou seja, que no estejam envolvidas com o trabalho a ser realizado. A permanncia de pessoas sem conhecimento dos riscos presentes nessas reas aumenta as chances de acidentes. Alm disso, a circulao de pessoas diminui a concentrao dos profissionais, facilitando a ocorrncia de enganos durante os procedimentos, podendo gerar, como consequncia, erros de resultados ou acidentes graves. Com crianas, que so naturalmente curiosas e costumam tocar em superfcies, materiais e equipamentos, a situao de risco ainda maior. No permita que crianas entrem no ambiente laboratorial e que se exponham a riscos desnecessrios. Caso seja necessria a entrada de profissionais de outras reas como, por exemplo, da manuteno de equipamentos ou de rede eltrica, esses devem utilizar EPI e estar sempre acompanhados de um membro da equipe do laboratrio, de preferncia em horrios em que h pouca ou nenhuma atividade sendo realizada.

PlantasNa rea de laboratrio no permitido manter/cultivar plantas que no estejam relacionadas com os trabalhos do laboratrio. Elas acumulam poeira e contaminaes e podem liberar plen. Manter vasos de plantas para decorao nos ambientes laboratoriais totalmente inadequado.

32 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

AtenoUma partcula de plen mede em torno de 20 micrmetros. As bactrias medem entre 0,5 e 3,0 micrmetros e os vrus entre 0,001 a 0,005 micrmetros. Imagine quantos microrganismos uma partcula de plen pode carregar de um lugar para outro!

Procedimentos para proteo pessoal e das outras pessoas1. Tire as luvas sempre que for abrir portas, atender telefone, ligar e desligar interruptores. Desse modo, voc evita a contaminao dessas superfcies e protege sua sade e das demais pessoas; 2. Jamais pipete com a boca. A simples colocao da pipeta na boca coloca voc em risco, visto que pode carrear para o seu organismo partculas potencialmente infectantes. Alm disso, ao pipetar com a boca voc poder aspirar ou at mesmo engolir substncias txicas, carcinognicas G ou contaminadas por agentes infecciosos. Utilize equipamentos auxiliares para fazer pipetagem; 3. Descarte materiais perfurocortantes em recipientes de paredes rgidas, conforme descrito no captulo 12 Descarte de Resduos deste manual; 4. Jamais reencape agulhas. Acidentes com perfurocortantes so a principal fonte de contaminao dos profissionais de sade; 5. Identifique bactrias atravs de provas bioqumicas ou de colorao. Em hiptese alguma cheire placas de cultura ou frascos de reagente. A inalao de agentes microbianos pode resultar em infeces como, por exemplo, a meningite meningoccica. A inalao de substncias qumicas pode provocar intoxicaes agudas graves; 6. Nunca utilize recipientes de laboratrio para beber ou comer, mesmo que estejam aparentemente limpos.

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Higienizao das mosAs mos constituem a principal via de disseminao de microrganismos, pois a pele um reservatrio de diversas bactrias, fungos e vrus que podem ser transferidos de uma superfcie para a outra, seja por meio do contato direto (pele com pele ou mucosa), ou indireto, atravs do contato com objetos ou superfcies contaminados. Recentemente, o termo Lavagem das mos foi substitudo por Higienizao das mos e, por isso, ser adotado nesse captulo. A higienizao das mos tem o objetivo de remover as clulas descamativas, sujidades, pelos, oleosidade e a microbiota G da pele, interrompendo a transmisso pelo contato, alm de prevenir as infeces cruzadas. Por isso, todos os profissionais de laboratrio devem adotar essa prtica.

AtenoNo sculo XIX, o mdico hngaro Semmelweis descobriu que o simples ato de lavar as mos podia evitar a febre puerperal, que matava muitas mulheres aps o parto. Desde ento, esse procedimento tem sido recomendado como medida primria para o controle da disseminao de agentes infecciosos. A higienizao das mos to importante na preveno da transmisso de doenas que a legislao e as normas que tratam do trabalho em servios de sade recomendam a sua adoo como a ao mais importante nos procedimentos de manuseio de material contaminado e atendimento aos usurios.

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O que utilizar para higienizar as mosNa maioria dos casos, lavar bem as mos com gua e sabo suficiente para a descontaminao, mas em situaes de maior risco recomendada a utilizao de sabo germicida.

Quando as mos devem ser higienizadasAntes de iniciar o trabalho; Antes de sair do ambiente de trabalho; Antes e aps ir ao banheiro; Antes e aps as refeies; Aps a manipulao de agentes qumicos ou de material infeccioso, mesmo que o procedimento tenha sido executado com luvas; Antes e aps o contato com usurios; Antes de calar as luvas; Aps retirar as luvas; Ao chegar em casa; Deve haver, em cada laboratrio, um lavatrio instalado prximo

sada.

As torneiras devem ter, preferencialmente, acionamento automtico (com p ou sensor). Se esses dispositivos no estiverem disponveis devese usar papel toalha para fechar a torneira a fim de evitar a contaminao das mos lavadas.

AtenoO uso de luvas de proteo para manipular materiais potencialmente infectantes e outras substncias contaminantes no elimina a necessidade de lavar as mos regularmente e de forma correta.

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Como higienizar as mos

1. Molhe as mos com gua.

2. Cubra as mos com a espuma do sabo.

3. Esfregue bem as palmas.

4. Lave entre os dedos, entrelaando-os.

5. Lave as palmas com os dedos entrelaados.

6. Esfregue a base dos dedos nas palmas das mos.

7. Limpe o polegar esquerdo com a palma da mo direita e vice-versa.

8. Esfregue novamente as palmas das mos com a ponta dos dedos.

9. Enxgue todo o sabo comeando pelos dedos e subindo em direo ao pulso.

10.Enxugue as mos com uma toalha descartvel.

11.Use esta mesma toalha para fechar a torneira.

12.Pronto, sua mos esto completamente limpas!

Figura 1 Sequncia para higienizao das mos.36 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Que tipo de sabo utilizarO sabo lquido o indicado para a utilizao nos servios de sade, devido ao menor risco de contaminao deste produto. recomendvel que este sabo tenha fragrncia leve e que no resseque a pele. Os produtos de limpeza devem ter no rtulo o nmero de registro na Anvisa/MS. O sabo lquido deve estar acondicionado em dispensadores feitos com material que no enferruje e que facilitem a carga e a recarga. Deve-se dar preferncia para o sabo lquido em refil. A limpeza completa do dispensador deve ser feita antes de cada recarga.

Como realizar a secagem das mosNo laboratrio deve-se usar papel toalha para a secagem das mos; No devem ser utilizados secadores de mos eltricos e toalhas de tecido; O porta-papel toalha deve ser fabricado com material que no enferruje e que permita a fcil limpeza. A instalao desse equipamento deve ser feita em local que no receba respingos de gua e sabo; Os recipientes para descarte dos papis utilizados junto aos lavatrios e pias devem ser de fcil limpeza e dispor de um pedal ou outro dispositivo para a abertura da tampa sem a utilizao das mos.

Como realizar a antissepsia das mosOs antisspticos so preparaes contendo substncias microbicidas (que destroem microrganismos ativos) ou microbiostticas (que inativam microrganismos em forma vegetativa), destinadas aplicao na pele, mucosa e ferimentos. Para a antissepsia das mos, friccione-as com lcool-gel a 70%, preferencialmente glicerinado, por 1 minuto, seguindo a mesma orientao para higienizao das mos com gua e sabo, na pgina 36. As mos devem secar naturalmente, sem o uso de papel-toalha.

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O lcool glicerinado minimiza o ressecamento da pele, evitando leses que possam favorecer a entrada de microrganismos. O lcool lquido tambm pode ser usado como antissptico, porm, por ser altamente inflamvel, mais perigoso, alm de evaporar mais rpido por ser mais voltil.

AtenoLave as mos sempre com gua e sabo. Use o lcool apenas se a gua e o sabo no estiverem disponveis.

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Equipamentos de Proteo Individual EPI

Captulo 5

Equipamentos de Proteo Individual EPIConhea cada um dos EPIs que devem ser usados nas atividades laboratoriais, suas caractersticas, como utiliz-los corretamente e tambm como descart-los com segurana.

O que so EPIsOs Equipamentos de Proteo Individual EPI so considerados elementos de conteno primria ou barreiras primrias e podem reduzir ou eliminar a exposio individual a agentes potencialmente perigosos. Equipamento de Proteo Individual todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a sade e a integridade fsica do trabalhador, conforme definido pela Norma Regulamentadora do Ministrio do Trabalho e Emprego NR 6 Equipamento de Proteo Individual EPI. So de uso pessoal e, portanto, cada profissional responsvel pela conservao do seu.

AtenoOs EPIs so um direito do trabalhador, previsto nas Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego NR 6 Equipamento de Proteo Individual EPI e NR 32 Segurana e Sade no Trabalho em Servios de Sade; Segundo a NR 6, todo EPI deve ter o Certificado de Aprovao (CA) do Ministrio do Trabalho e Emprego. Isso garante que ele passou por testes que comprovam a sua eficincia; Verifique se o seu EPI atende a Norma Regulamentadora 6; Na aquisio de equipamentos de proteo individual especifique a necessidade do Certificado de Aprovao do MTE.

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A instituio ou empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservao e funcionamento.

EPIs recomendados para utilizao nos laboratrios que trabalham com DST, Aids e Hepatites ViraisLuvas: Funo:So utilizadas para proteger as mos e seu uso obrigatrio na manipulao de qualquer material biolgico ou produto qumico. So fabricadas em diferentes materiais para atender s atividades laboratoriais.

Tipos de luvas1. Luvas de procedimento So utilizadas nos trabalhos que envolvem contato com amostras biolgicas, com membranas mucosas e leses, no atendimento aos usurios e para procedimentos de diagnstico que no requeiram o uso de luvas estreis. Normalmente so usadas as luvas de ltex (borracha natural). Tambm existem luvas de material sinttico (vinil) que, alm de mais resistentes aos perfurocortantes, so indicadas para pessoas alrgicas ao ltex. Essas luvas devem ser descartadas aps os procedimentos.

Figura 2 Luva descartvel.42 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

2. Luvas de borracha antiderrapante As luvas de borracha grossas so usadas para manipulao de resduos, lavagem de material ou para procedimentos de limpeza em geral. Essas luvas podem ser reutilizadas depois de higienizadas.

Figura 3 Luva de borracha antiderrapante.

3. Luvas resistentes a temperaturas altas e baixas So usadas na manipulao de materiais submetidos a aquecimento ou congelamento. Podem ser reutilizadas.

Luvas de fio de kevlar tricotado: Protegem em trabalhos a temperaturas at 250C.

Figura 4A Luva de fio de Kevlar tricotado.

Luvas trmicas de nylon: Usadas para trabalhos a temperaturas at -35C.

Figura 4B Luva trmica de nylon.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 43

4. Luvas para manuseio de produtos qumicos A escolha das luvas de proteo para o manuseio de produtos qumicos deve levar em conta o reagente que ser utilizado.

Figura 5 Luva de ltex natural, ltex neoprene, PVC e ltex nitrlico.

AtenoNo trabalhe sem luvas! Escolha as luvas de acordo com o risco da atividade que voc vai executar; Leve em considerao que a resistncia da luva depende de vrios fatores como tempo de exposio, concentrao dos produtos qumicos, temperatura e espessura da luva; Lembre-se: no utilize anis e pulseiras nas atividades de laboratrio.

44 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Veja a tabela a seguir, que relaciona o tipo de luva e sua adequao, dependendo da substncia qumica.Tabela 1 Seleo de luvas de acordo com o reagente. Substncia Acetona cido actico gua sanitria lcool etlico lcool metlico Fenol Formaldedo GlicerinaE EXCELENTE

Ltex natural E B E E E R E EB BOM

Ltex neoprene B E E E E B E ER REGULAR

PVC R B E E E B E E

Ltex nitrlico NR B E E E B E E

NR NO RECOMENDADA

Cuidados ao calar as luvas:1. Higienize suas mos e garanta que estejam secas; 2. Verifique a presena de furos ao calar as luvas; 3. Calce as luvas devagar, ajustando cuidadosamente cada dedo, para evitar que rasguem. Tome cuidado, pois podem ocorrer rasgos imperceptveis que comprometem a proteo da sua mo. Lembre-se: as mangas do jaleco devem ficar sempre presas sob as luvas.

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Cuidados ao retirar as luvas descartveis:

1. Pegue na parte externa da luva e puxe-a em direo aos dedos para retirar.

2. Feche a outra mo com a luva retirada.

46 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

3. Com a mo sem luva pegue na parte interna da luva e puxe-a em direo aos dedos para retirar.

4. Jogue a luva em recipiente adequado para material infectante.

Figura 6 Orientaes para retirar as luvas.

Cuidados para retirar as luvas reutilizveis:1. Puxe uma das luvas pelo punho de modo que ela saia pelo lado avesso e sem que a parte externa toque sua pele; 2. Coloque esta luva no recipiente indicado para iniciar a limpeza e desinfeco (ver item abaixo); 3. Pegue, com a mo descoberta, a outra luva pelo lado de dentro do punho e retire-a, tambm pelo avesso; 4. Coloque esta luva para ser desinfetada junto com a outra; 5. Higienize suas mos. Lembre-se: reutilize estas luvas somente aps desinfet-las e quando estiverem secas.

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Limpeza e desinfeco das luvas reutilizveis Limpeza Coloque as luvas de molho em um recipiente com tampa contendo soluo de detergente e deixe por 10 minutos; Esfregue com escova se necessrio; Enxgue com gua corrente interna e externamente. Desinfeco Coloque as luvas de molho em um recipiente com tampa contendo soluo de hipoclorito de sdio 0,1% e deixe por 30 minutos; Enxgue com gua corrente em abundncia, interna e externamente; Pendure em local apropriado e deixe escorrer a gua para secar naturalmente.

Jaleco ou avental FunoO jaleco ou avental uma vestimenta de proteo que deve ser sempre usada dentro da rea tcnica. Tem a funo de proteger a pele e as roupas do profissional nas diversas atividades laboratoriais (coleta de amostras, manuseio de material biolgico ou qumico), e no contato com as superfcies, objetos e equipamentos do laboratrio que podem estar contaminados.

Especificaes do jaleco:O comprimento deve ser abaixo dos joelhos, com mangas longas, sistema de fechamento nos punhos por elstico ou sanfona e fechamento at a altura do pescoo; O fechamento frontal, com botes, preferencialmente de presso, para o caso de alguma situao de emergncia, como derramamento de material contaminado sobre o profissional quando for necessrio retir-lo com rapidez; Deve ser confeccionado em tecido de algodo ou misto, no inflamvel.48 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Figura 7 Jaleco.

AtenoO jaleco deve ser usado sempre fechado e suas mangas devem ficar presas sob as luvas.

Cuidados com o jaleco: necessrio lavar o jaleco aps o trabalho com material contaminado, ou, no mnimo, uma vez por semana, mesmo que apresente aspecto limpo; No leve o jaleco para lavar em casa. A sua instituio ou empresa tem a obrigao legal de providenciar a higienizao das vestimentas utilizadas em ambientes contaminados.

AtenoNo permitido o uso de jaleco em elevadores, copas, refeitrios, toaletes e outros locais pblicos; O jaleco deve ser deixado no ambiente tcnico, em cabides ou vestirios especficos; S usado em reas comuns quando estiverem sendo transportados materiais biolgicos, qumicos, estreis ou resduos.

Jaleco ou avental descartvel:

Em alguns laboratrios existem reas (por exemplo, Biologia Molecular e salas limpas) que exigem uso de jaleco exclusivo ouTELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 49

descartvel. Nessas situaes deve-se vestir o jaleco descartvel ao entrar na rea de trabalho e retir-lo/descart-lo ao sair do ambiente para no carrear contaminao para outros ambientes e/ou contaminar a amostra; Especificaes: so fabricados em no-tecido (polipropileno). Devem ter mangas longas e punhos em elstico ou malha sanfonada. Quando da aquisio de aventais descartveis deve-se especificar a gramatura G adequada para trabalho em ambientes contaminados ou reas limpas.

Figura 8 Jaleco descartvel.

Avental impermevel:

utilizado sobre o jaleco para lavao de materiais, evitando que a vestimenta fique molhada.

Figura 9 Jaleco impermevel.50 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

culos de segurana e escudo facialDescrio: Os culos de segurana e os escudos faciais, feitos de material rgido e leve, devem cobrir completamente a rea dos olhos. Funo: So usados para proteger os olhos e o rosto em todas as atividades que possam produzir salpicos, respingos e aerossis, assim como possvel projeo de estilhaos pela quebra de materiais contaminados com substncias qumicas ou material biolgico.

Figura 10A culos de segurana e escudo facial.

Quando h exposio a radiaes perigosas (por exemplo, luz ultravioleta) devem ser utilizados culos ou escudos faciais de proteo especial.

Figura 10B Escudo facial de proteo especial.

Cuidados com os culosHigienize os culos e os escudos faciais com gua e sabo. Quando usados na manipulao de agentes biolgicos, higienize-os com soluo desinfetante hipoclorito a 0,1% (o lcool prejudica o material com que so fabricados os culos) e guardados.

Atenoculos de grau no so suficientes para proteger contra estilhaos, respingos e aerossis de material contaminado porque tm uma superfcie de barreira menor do que os culos de segurana.

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Mscaras e respiradores

Funo das mscaras: As mscaras cirrgicas so projetadas para ajudar a prevenir a contaminao do ambiente de trabalho ou da amostra com as partculas grandes geradas pelo tcnico ou usurio (por exemplo: saliva, muco), e tambm para prevenir que estas partculas de saliva ou muco atinjam um usurio ou um instrumento/equipamento. Figura 11A Mscara cirrgica.

Funo dos respiradores: Os respiradores so dispositivos com sistemas de filtro para serem usados em reas de alta contaminao com aerossis de material biolgico e na manipulao de substncias qumicas com alto teor de evaporao, dando proteo ao aparelho respiratrio. So projetados para vedar contra a face. Figura 11B Respirador.

AtenoAs mscaras do tipo cirrgico no apresentam propriedades de filtrao ou vedao facial adequadas para fornecer proteo respiratria; Selecione e use mscaras e respiradores com base no risco a que voc est exposto; Descarte os respiradores logo aps o uso na manipulao de agentes biolgicos.

Gorro ou touca descartvel52 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Funo: Tem a funo de proteger: os cabelos de aerossis e salpicos; a amostra ou o ensaio de contaminaes quando da queda de fios cabelo sobre a superfcie de trabalho. Figura 12 Touca.

Prop ou sapatilhaFuno da sapatilha: Recomendado para a proteo dos calados/ ps, em reas contaminadas ou para trabalhar em reas estreis. recomendado que seja feita a demarcao da rea de utilizao, com o sinal fixado no cho, indicando a necessidade de se calar o prop antes de prosseguir naquele ambiente. Uma lixeira com tampa deve estar disponvel na sada do ambiente para o descarte da sapatilha usada.

Figura 13 Prop.

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Botas de borracha

Funo das botas: So usadas para proteo dos ps durante atividades em reas molhadas, para transporte de materiais e resduos e para a limpeza de locais contaminados, entre outras atividades.

Figura 14 Botas.

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Equipamentos de Proteo Coletiva EPC

Captulo 6

Equipamentos de Proteo Coletiva EPCNeste captulo esto apresentados os equipamentos de proteo coletiva, o como e quando voc deve utiliz-los e qual a sua importncia na garantia da segurana de todos os profissionais do laboratrio.

O que so EPCsSo equipamentos de conteno que possibilitam a proteo do trabalhador e do meio ambiente em uma determinada rea. Devem estar instalados em locais bem sinalizados e de fcil acesso. Todos os trabalhadores devem ser treinados para a utilizao dos EPCs.

EPCs recomendados para utilizao nos laboratrios que trabalham com DST, Aids e Hepatites ViraisAuxiliares de pipetagemSo dispositivos para auxiliar a suco em pipetas. Podem ser simples como peras de borracha, equipamentos eltricos ou eletrnicos conforme figura 15.

Figura 15 Modelos de auxiliares de pipetagem.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 57

Microincinerador de ala de transferncia metlica utilizado para a esterilizao das alas de cromonquel, substituindo a flambagem em chama de bico de Bunsen. Como alternativa de segurana, use alas de transferncia descartveis.

Figura 16 Microincinerador de ala de transferncia metlica.

Alas descartveisSo consideradas tambm EPCs porque evitam a formao de aerossis. So feitas de plstico estril. A vantagem dessas alas a de dispensar a flambagem. So ideais para serem utilizadas em cabines de segurana biolgica. Aps o uso, so descartadas como resduo infectante. necessrio descontamin-las antes do descarte final quando usadas em culturas.

Figura 17 Ala descartvel.58 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Dispensadores automticosSo utilizados acoplados a frascos que contm substncias qumicas, fazendo a suco e dispensando os reagentes lquidos. Oferecem segurana ao operador porque evitam o risco de ocorrer derramamentos.

Figura 18 Dispensadores automticos.

Anteparo para microscpio de fluorescncia um dispositivo para proteo contra a radiao da luz ultravioleta, que pode causar danos aos olhos, inclusive cegueira. Este dispositivo usado acoplado ao microscpio.

Figura 19 Anteparo para microscpio de fluorescncia.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 59

Chuveiro de emergncia um chuveiro para banhos em caso de acidentes com produtos qumicos ou material biolgico sobre o profissional. Este chuveiro acionado por alavancas de mos, cotovelos ou joelhos e deve ser colocado em local de fcil acesso, prximo s reas laboratoriais.

Figura 20 Chuveiro de emergncia com lava-olhos acoplado.

Lava-olhos utilizado para lavar os olhos quando ocorrer respingos ou salpicos acidentais de materiais biolgicos ou qumicos na mucosa ocular. Alguns modelos vm acoplados ao chuveiro de emergncia. A equipe do laboratrio deve ser treinada para o uso deste equipamento, uma vez que jatos fortes de gua podem prejudicar ainda mais o olho atingido. Pode-se utilizar tambm o frasco lava-olhos. A gua contida no frasco deve ser trocada pelo menos uma vez por semana, e o registro da troca anotado.

60 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Figura 21 Frasco lava-olhos.

AtenoOs chuveiros de emergncia e lava-olhos devem ser testados semanalmente para verificar se esto funcionando normalmente.

Extintores de incndioOs extintores so utilizados para acidentes envolvendo fogo. Podem ser de vrios tipos, dependendo do material envolvido no incndio (veja no captulo 14).

Capela de segurana qumica uma cabine de exausto que protege o profissional da inalao de vapores e gases liberados por reagentes qumicos e evita a contaminao do ambiente laboratorial.

TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 61

Figura 22 Capela de segurana qumica.

Cabines de Segurana Biolgica CSBSo equipamentos com sistemas de filtrao de ar que protegem o profissional, o material que est sendo manipulado e o ambiente laboratorial dos aerossis potencialmente infectantes que podem se espalhar durante a manipulao de materiais biolgicos. As CSBs tm filtros de alta eficincia. O mais utilizado atualmente o filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) que apresenta uma eficincia de filtrao de 99,93% para partculas de 0,3m de dimetro, chamadas de MPPS (Maximum Penetration Particulate Size).

A escolha da cabine de segurana biolgicaA escolha de uma cabine depende, em primeiro lugar, do tipo de proteo que se pretende obter: proteo do produto ou ensaio; proteo pessoal contra microrganismos dos Grupos de Risco 1 a 4; proteo pessoal contra exposio a radionucldeos G e qumicos txicos volteis; ou uma combinao deles.

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Classificao das cabines de segurana biolgicaOs sistemas de filtrao das CSB so mais ou menos complexos, de acordo com o tipo de microrganismo ou produto que vai ser manipulado em cada cabine. Por isto, elas so classificadas em trs tipos: 1. Classe I. 2. Classe II, subdivididas em A1, A2 e B2. 3. Classe III. 1. CSB Classe I o tipo mais simples de cabine. pouco utilizada atualmente por no proteger dos riscos presentes nos laboratrios clnicos. 2. CSB Classe II So os modelos mais utilizados nas atividades que apresentam risco biolgico. Tm um filtro HEPA de exausto e um filtro HEPA de insuflamento, garantindo a proteo do produto ou amostra, do operador/profissional de laboratrio e do ambiente.

Figura 23 Cabine classe II.

Podem ser de trs tipos: A1, A2 e B2. Veja na tabela a seguir a comparao das CSBs de classe II, de acordo com o tipo de proteo desejada, caractersticas e indicaes de uso.

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Tabela 2 Comparao das CSBs classe 2 quanto s caractersticas e indicao de uso. Uso com Classes Radionucledeos / de Risco Substncias Qumicas Biolgico

Tipo

Padro de fluxo do ar

70% de ar recirculado atravs de filtro HEPA. Classe II Tipo A1 30% de ar exaurido para o (antiga tipo A) ambiente interno atravs de filtro HEPA. Classe II Tipo A2 (antiga tipo B3) 70% de ar recirculado atravs de filtro HEPA. 30% de ar exaurido para o ambiente externo atravs de filtro HEPA. Nenhuma recirculao de ar: 100% de ar exaurido atravs de filtros HEPA e tubulao rgida para o ambiente externo.

No

1e2

Sim (Nveis baixos / baixa volatilidadetoxicidade)

1, 2 e 3

Classe II Tipo B2

Sim

1, 2 e 3

3. CSB Classe III So hermeticamente fechadas e necessitam de um ambiente controlado para serem operadas. So usadas em laboratrios de conteno, onde se manipulam agentes de classes de risco 3 ou 4.

As CSBs nos laboratrios de DST, Aids e Hepatites ViraisAs cabines mais adequadas para laboratrios de DST, Aids e Hepatites virais so as CSBs Classes II A2 ou B2. Devem ser usadas nas seguintes situaes: Nos procedimentos com alto potencial de formao de aerossis ou borrifos infecciosos, tais como:

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Centrifugao; Triturao; Homogeneizao; Agitao vigorosa; Ruptura por ultrassom; e Abertura de recipientes contendo material em que a presso interna possa ser menor que a presso ambiental. Ex.: ampolas contendo material liofilizado. Nos procedimentos com altas concentraes ou grandes volumes de materiais biolgicos contendo microrganismos patognicos de classes de risco 2 e 3. As CSBs com sistema de exausto externo (A2 e B2) permitem que os produtos biolgicos sejam preparados e manipulados com produtos qumicos volteis. Porm, a proteo contra estes produtos restrita. O trabalho exclusivo com produtos qumicos deve ser feito em capela de exausto qumica e no em CSB.

Utilizao da cabine de segurana biolgicaAs cabines de segurana biolgica so equipamentos que trabalham com um fluxo ou cortina de ar como barreira de proteo. Assim, evite a interferncia neste fluxo de ar enquanto estiver trabalhando em uma CSB; Instale as cabines, preferencialmente, em locais exclusivos e protegidos, ou ento, o mais afastado possvel da porta de entrada do laboratrio para evitar interferncia no fluxo de ar. Se isto no for possvel, limite a entrada de pessoas no ambiente durante o uso da cabine; No comece as atividades dentro da cabine se estiverem sendo usados misturadores ou centrfugas no laboratrio.

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AtenoTrabalhar numa cabine de segurana biolgica no significa estar protegido. Para que a proteo seja efetiva muito importante saber usar a cabine corretamente: Os profissionais que utilizam a CSB devem receber treinamento adequado; Este equipamento deve passar por manutenes peridicas; Procure conhecer e se informar sobre o equipamento com o qual voc vai trabalhar.

O passo a passo para utilizao da CSB

Preparo do material e da CSB 1. Planeje o trabalho e os procedimentos que ir realizar. Confira se reuniu todos os materiais necessrios antes de coloc-los dentro da cabine. Fazendo isso voc evita interrupes no trabalho; 2. Ligue a CSB pelo menos 5 minutos antes do incio das atividades para estabilizar o fluxo de ar; 3. Lave as mos antes de iniciar os trabalhos; 4. Coloque os equipamentos de proteo individual necessrios s atividades que sero realizadas: jaleco com mangas longas sob luvas, respiradores e culos de segurana; 5. Faa a descontaminao da superfcie interna da cabine: pulverize as paredes e superfcie de trabalho com o lcool etlico 70%. Tome cuidado para no atingir o filtro e nem a lmpada fluorescente e a lmpada UV, se houver; com gaze embebida em lcool etlico a 70%, e com auxlio de uma pina longa para os locais de difcil acesso, limpe as superfcies comeando pelo fundo, laterais e mesa de trabalho;

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Cuidados na descontaminao da CSB No coloque a cabea dentro da cabine. Limpe as paredes de cima para baixo e a mesa de trabalho de trs para frente, seguindo o fluxo da exausto e evitando trazer a contaminao removida na sua direo; Ao limpar as lmpadas UV e fluorescente, no toque com a gaze mida nos terminais eltricos; Realize este procedimento de descontaminao diariamente, ao ligar a CSB, e repita-o quando a cabine ficar desligada por algumas horas; No realize nenhum procedimento dentro da CSB antes de descontamin-la.

6. Troque as luvas; 7. Coloque todos os materiais, previamente desinfetados com lcool a 70%, de forma organizada no fundo da cabine e no obstrua as grelhas. Verifique sempre se as grelhas, frontal e traseira, esto totalmente desbloqueadas; 8. Organize os materiais de modo que os itens limpos e os contaminados no se misturem e que os instrumentos fiquem localizados de maneira a facilitar sua utilizao, evitando o cruzamento dos braos de um lado para o outro dentro da cabine;

AtenoMateriais volumosos como recipientes para resduos e bandejas de pipetas com desinfetante so acomodados nas laterais da CSB; No utilize recipientes verticais para pipetas, uma vez que prejudicam a integridade da barreira de ar.

9. Quando a cabine dispuser de lmpada ultravioleta (UV), ligue a lmpada por 15 a 20 minutos depois do processo de desinfeco;TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 67

10. Desligue a lmpada UV. Esse cuidado serve para proteger os olhos e a pele da luz UV. Nunca trabalhe com a lmpada UV ligada. 11. Ajuste a altura de sua cadeira, fazendo com que o seu rosto fique acima da abertura frontal;

Utilizao da CSB 12. Posicione os braos dentro da cabine e espere alguns segundos para que ocorra a estabilizao do fluxo de ar e a remoo de partculas contaminantes que so introduzidas junto com os braos;

AtenoEvite movimentos bruscos dentro da cabine para no interferir no fluxo de ar. 13. Execute as atividades ao longo da superfcie de trabalho sempre no sentido da rea limpa para a rea contaminada; Cuidados adicionais O trabalho dentro da CSB pode ser realizado sobre toalhas de papel absorventes ou campos de papel-filtro, que capturam borrifos e salpicos; Quando a quantidade de trabalho a ser feito grande, necessrio o uso de uma mesa auxiliar ao lado da cabine. Nesse caso, os movimentos de introduzir e retirar os braos da cabine devem ser cuidadosos; Recomenda-se colocar os recipientes para descarte de resduos dentro da cabine, uma vez que a frequncia de movimentos dos braos para dentro e para fora interfere na integridade da barreira de ar e pode comprometer a proteo do profissional e da amostra manipulada; Os bicos de Bunsen no devem ser usados dentro das CSB, uma vez que a chama perturba o fluxo de ar e pode ser perigosa quando se utilizam substncias qumicas volteis, alm do risco de queimar o filtro HEPA.

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Procedimentos aps utilizar a CSB 14. Troque de luva e descontamine as superfcies, incluindo o papel absorvente usado na rea de trabalho, pulverizando lcool a 70% e/ou passando gaze embebida em lcool; 15. Desloque os objetos j descontaminados para a rea descontaminada dentro da cabine e, em seguida, retire-os, na seguinte ordem: Primeiro o material que vai para a estufa; Depois os que vo para o saco de descarte de material contaminante (branco); e Finalmente os que vo para a autoclavao, no esquecendo de cobrir os recipientes de descarte antes de serem retirados; 16. As luvas utilizadas no trabalho com a CSB devem ser descartadas como resduo infectante; 17. Quando a cabine dispuser de lmpada ultravioleta (UV), ligue a lmpada por 15 a 20 minutos depois do processo de desinfeco; 18. Ao terminar o trabalho, deixe a cabine ligada por 5 a 10 minutos para que o ar contaminado seja filtrado.

AtenoManter a cabine limpa e desinfetada aps o trabalho, responsabilidade de quem a utilizou.

Procedimentos de limpeza peridica da CSB Para este procedimento, siga os seguintes passos: 1. Ligue a cabine e espere entre 5 e 10 minutos para que o fluxo de ar se estabelea; 2. J utilizando luvas e jaleco, levante a chapa de ao inox que forma a mesa de trabalho. Caso a mesa tenha mais de uma chapa, veja se alguma delas tem ala. Se tiver, comece por esta, para facilitar a retirada das outras;TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 69

3. Limpe as chapas, com ateno especial ao lado de dentro. Tenha cuidado, pois as bordas podem ser cortantes. A limpeza feita com as chapas dentro da CSB;

AtenoA superfcie sob as chapas que constituem a mesa de trabalho (incluindo calhas e drenos, quando houver) deve ser limpa pelo menos uma vez por semana com lcool a 70%; Esta limpeza tambm realizada em caso de acidentes na rea de trabalho, como derramamentos que escorrem pelas grades ou linhas de encontro das chapas internas. Nesses casos deve-se considerar o tipo de material envolvido no acidente e o tipo de desinfetante a ser utilizado lcool a 70% ou hipoclorito de sdio a 0,5%. Obs.: quando utilizar hipoclorito de sdio, aplique, em seguida, uma gaze umedecida em gua e depois uma gaze umedecida em lcool a 70%, para evitar a corroso das superfcies metlicas.

4. Todas as vezes que se utilizar a cabine verifique se h lquido na calha. Se for o caso, primeiro drene esse lquido para um recipiente com hipoclorito de sdio a 2% e depois proceda a limpeza com lcool a 70% ou outro desinfetante no oxidante;

AtenoSe houver dreno, este deve permanecer fechado sempre que a cabine for utilizada. 5. Seque as superfcies e as chapas metlicas antes de recoloc-las; 6. Limpe as superfcies laterais internas da CSB e a janela frontal com lcool a 70% e gaze; 7. Limpe as reas externas da CSB com gua e detergente; 8. Desligue a cabine.

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AtenoAs instrues para a utilizao das Cabines de Segurana Biolgica devem ser descritas nos Protocolos Operacional Padro POP ou Instruo de Trabalho.

Uso da luz ultravioleta UV na descontaminao de CSB O uso da luz UV pode ser um grande aliado do manipulador de CSB, porm alguns cuidados precisam ser tomados: A luz UV um mtodo secundrio de descontaminao. Utilize-a em conjunto com outros mtodos; A luz UV no penetra em materiais, agindo somente na superfcie; A intensidade da lmpada de UV afetada pela distncia da superfcie a ser descontaminada e pelo acmulo de sujidades em sua superfcie. Portanto, limpe-a aps cada utilizao. No toque a lmpada de UV com as mos sem luvas, pois o leo natural da pele pode criar uma barreira para a luz; Durante o perodo em que a lmpada UV estiver ligada aconselhvel que ningum permanea no ambiente, a menos que a abertura frontal da cabine esteja fechada; Registre o tempo de utilizao da lmpada para no ultrapassar a sua vida til (poder germicida) e perder a sua eficcia. Verifique a vida til da lmpada nas especificaes tcnicas do produto informadas pelo fabricante; Alm de observar a vida til da lmpada, verifique a sua eficcia atravs do controle microbiolgico descrito no quadro a seguir:

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Controle microbiolgico da luz ultravioleta passo a passo 1. Selecione entre 3 e 4 colnias de microrganismos Gram positivos e Gram negativos previamente isolados e identificados; 2. Faa duas suspenses com essas colnias em soluo salina. (Uma com as bactrias Gram positivas e outra com as bactrias Gram negativas); 3. Faa duas semeaduras no centro de uma placa estril contendo meio de cultura para crescimento dos microrganismos, conforme representado a seguir:Placa com meio de cultura Semeadura Gram positivo Semeadura Gram negativo

4. Repita o procedimento descrito no item 3 em outra placa. Essa segunda placa servir como controle da viabilidade dos microrganismos. 5. Coloque uma das placas semeadas dentro da cabine de segurana biolgica, um pouco inclinada em direo lmpada UV, de modo que a luz, quando ligada, incida sobre as semeaduras sem fazer sombra nas bordas da placa; 6. Deixe a luz ligada pelo tempo indicado pelo fabricante; 7. Ao final do processo, desligue a luz e incube as duas placas semeadas (a que foi exposta luz ultravioleta e a que no foi), a 37 C por 24 horas; 8. Se no houver crescimento de bactrias na placa exposta a luz ultravioleta e houver crescimento na placa que no foi exposta, est comprovada a eficcia da lmpada. Realize este procedimento mensalmente. 9. Caso haja crescimento de bactrias na placa exposta a luz ultravioleta, solicite a troca da lmpada ao servio de manuteno da cabine. Realize o controle microbiolgico da nova lmpada instalada.

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Descontaminao completa da CSB Em algumas situaes necessrio fazer uma descontaminao profunda da cabine de segurana biolgica. Nesse caso deve ser escolhido um mtodo eficiente para os agentes manipulados na cabine. Para a maioria dos casos, o gs formaldedo eficiente.

Quando a descontaminao completa deve ser realizada Realize a descontaminao completa da CSB nas seguintes situaes:

Antes da troca do filtro HEPA; Antes das manutenes que exijam acesso a partes potencialmente contaminadas da cabine; Antes do transporte para novos locais; Depois de um grande derramamento de agentes de risco biolgico no interior da cabine.

Manuteno da CSB A manuteno preventiva e corretiva da cabine fundamental para garantir que o equipamento esteja funcionando de maneira adequada, oferecendo as condies de proteo para quem a utilizar. Deve ser feita por uma empresa especializada. As CSB devem ser certificadas:

uma vez por ano; ou quando o filtro HEPA for substitudo; e sempre que a cabine for movimentada.

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Ateno importante que a equipe tcnica que trabalha com a CSB acompanhe as manutenes e faa a anlise crtica do laudo emitido pela empresa responsvel pela manuteno.

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Captulo 7Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais manuseio de amostras

Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais manuseio de amostrasNeste captulo voc ver os cuidados que devem ser adotados na coleta de sangue, na separao do soro e no manuseio de amostras biolgicas. Ver tambm quais os EPIs que deve usar para realizar essas tarefas de modo a se proteger e tambm aos seus colegas e ao meio ambiente.

Os procedimentos laboratoriais de maior risco so aqueles com possibilidade de gerar acidentes com perfurocortantes, respingos e produo de aerossis infecciosos. Veja a seguir os cuidados que devem ser adotados na manipulao de materiais biolgicos.

Coleta de SangueA coleta de sangue envolve o uso de materiais perfurocortantes e, por isso, necessita dos seguintes cuidados: Os profissionais que fazem a coleta do sangue devem ser treinados; Em todas as etapas da coleta utilize os EPIs: jaleco, luvas e culos de proteo; As agulhas para coleta de sangue devem ter um dispositivo de segurana, conforme definido pela NR 32/2005 e regulamentada pela portaria GM n 939, de 18 de novembro de 2008, Ministrio do Trabalho e Emprego; Preencha as caixas para resduos perfurocortantes em at 2/3 de sua capacidade. Disponibilize-as prximas ao local onde est sendo realizado o procedimento, para facilitar o descarte; Feche bem o tubo de ensaio contendo a amostra, no deixando nenhum resduo de amostra nas faces externas do tubo;

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No enrole as requisies que acompanham as amostras em volta dos recipientes, pois podem ser contaminadas com o material biolgico.

Separao do SoroPara maior segurana utilize, preferencialmente, o tubo de coleta de sangue com gel separador. O soro fica separado na parte superior, aps a centrifugao, sem necessidade de transferi-lo para outro tubo. Porm, quando no h este recurso, ou quando o soro precisa ficar congelado, necessrio separar o soro. Nesses casos, siga os seguintes cuidados: Utilize sempre os EPIs; Coloque papel absorvente na superfcie da bancada de trabalho para o caso de vazamento acidental da pipeta. Descarte o papel no saco prprio para resduo infectante aps o uso; Numa cabine CSB, transfira cuidadosamente o soro para outro tubo identificado, com auxlio de pipetador ou pipeta de transferncia (pipeta Pasteur) descartvel;

AtenoQuando for necessrio pipetar qualquer tipo de material, utilize sempre um dispositivo auxiliar de pipetagem ou pipeta automtica. Aps o uso, descarte as ponteiras ou pipetas de transferncia nas caixas de perfurocortantes; Coloque os tubos contendo os resduos de sangue em sacos apropriados para esterilizao em autoclave; Tenha sempre mo desinfetantes adequados para limpar salpicos e derramamentos de material biolgico.

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Captulo 8Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais descontaminao em laboratrios

Prticas seguras em laboratrios de DST, Aids e Hepatites Virais descontaminao em laboratriosVeja a seguir como manter seu laboratrio seguro, realizando corretamente as atividades de limpeza e descontaminao das superfcies, a desinfeco e esterilizao dos materiais que voc utiliza em sua rotina. Conhea, ainda, os produtos e equipamentos disponveis para executar essas tarefas.

Os materiais utilizados em laboratrios de sade e os locais onde so executados os procedimentos de laboratrio podem propagar microrganismos infecciosos se no forem descontaminados aps sua utilizao. A descontaminao a utilizao de processos que removem ou eliminam total ou parcialmente os microrganismos.

AtenoA descontaminao dos materiais e dos ambientes no laboratrio uma ao preventiva de biossegurana. O mesmo termo utilizado para remoo ou neutralizao de produtos qumicos perigosos e materiais radioativos. O objetivo da descontaminao tornar qualquer material seguro para o descarte final ou para a reutilizao. Os processos utilizados para a descontaminao so: a limpeza; a desinfeco; e a esterilizao.

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Limpeza o primeiro passo nos procedimentos de descontaminao. Na limpeza so removidas a matria orgnica, as sujidades e as manchas, atravs da lavao, escovao e esfregao de objetos e superfcies com gua e sabo, com o auxlio de esponja, pano ou escova. A remoo de matria orgnica e de outros resduos facilita a ao dos produtos utilizados na desinfeco ou esterilizao.

Procedimentos para a limpeza do piso do laboratrio1. A limpeza do cho deve ser feita com pano exclusivo para este fim, embrulhado num esfrego ou rodo e umedecido em balde com gua e sabo ou desinfetante; 2. O pano deve ser passado no cho de maneira a vir esfregando e trazendo as sujidades; 3. Esse pano deve ser frequentemente lavado no balde. preciso que a gua do balde seja trocada tantas vezes quantas forem necessrias para que no se limpe o pano com gua suja. Observaes importantes: A Organizao Mundial da Sade recomenda que os pisos de laboratrio sejam limpos duas vezes por dia. Os resduos tambm devem ser retirados com a mesma frequncia; Os procedimentos de limpeza devem ser realizados, preferencialmente, no intervalo entre os turnos, para minimizar os riscos para a equipe de limpeza e evitar transtornos na rotina do laboratrio. O profissional de limpeza no deve trabalhar sozinho, mas sempre acompanhado por um profissional tcnico responsvel pelo setor; Cada laboratrio deve elaborar um Procedimento Operacional Padro POP com a descrio dos procedimentos e o cronograma de limpeza e recolhimento de resduos.

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AtenoA varredura seca e a espanao NO so permitidas em ambientes laboratoriais, pois espalham poeira, matrias estranhas e microrganismos no ar e nas superfcies limpas; O uso de cera tambm NO permitido, pois facilita a aderncia de contaminantes e torna o piso escorregadio, favorecendo a ocorrncia de acidentes.

Cuidados para a limpeza de outras superfcies.Outras superfcies fixas, tais como paredes, tetos, portas, mobilirios, no representam risco significativo de transmisso de infeces em estabelecimentos de sade. Podem ser limpos com gua e sabo, a no ser que ocorra respingo ou derramamento de material biolgico, quando recomendada a desinfeco localizada; A limpeza geral, incluindo teto, paredes e vidraas, deve ser feita mensal ou semestralmente, dependendo das caractersticas e do volume de trabalho do laboratrio.

Cuidados com a equipe de limpeza do laboratrio. Treinamento e orientao:A equipe de limpeza deve receber treinamento para executar os procedimentos de limpeza e tambm os procedimentos em casos de acidentes de trabalho com materiais biolgicos ou qumicos e incndio. O treinamento deve incluir informaes sobre: Os riscos de contaminao qumica ou biolgica ao trabalhar em laboratrio; Os riscos dos resduos gerados no laboratrio; A sinalizao de risco para cada tipo de resduo; Os cuidados no transporte e os locais de disposio desses materiais.

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Recomendaes importantes para a equipe de limpeza:A equipe de limpeza deve ser responsvel apenas pelo recolhimento dos resduos e limpeza de superfcies como piso, portas e paredes no laboratrio; Durante todo o trabalho os EPIs devem ser utilizados: luvas de borracha apropriadas para a atividade, jaleco, calas compridas e sapato fechado ou botas de borracha. Na limpeza de tetos e paredes devem ser usados culos de segurana e mscaras; Deve-se ter um local, fora das reas analticas, para guardar os pertences pessoais.

ImportanteA limpeza de bancadas e equipamentos de laboratrio responsabilidade dos tcnicos ou auxiliares de laboratrio, assim como a realizao dos procedimentos nos casos de derramamentos acidentais de material infeccioso ou reagentes qumicos. A equipe de limpeza poder auxiliar, quando devidamente orientada e equipada; Toda equipe de limpeza deve realizar testes sorolgicos e receber as vacinas obrigatrias para os profissionais de sade; Os procedimentos de limpeza devem ser constantemente monitorados para verificao de sua adequada execuo.

Desinfeco o processo de eliminao de microrganismos em superfcies inertes, como pisos cermicos, frmica, granito e ao inox, atravs de procedimentos fsicos ou qumicos. Procedimentos qumicos: utilizam-se os germicidas (desinfetantes), que podem ser lquidos ou gasosos; Procedimentos fsicos: utiliza-se por exemplo, radiaes ultravioleta.

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Procedimentos qumicos os desinfetantes mais usados em laboratriosH muitos tipos de desinfetantes. A escolha desses produtos deve ser feita cuidadosamente, de acordo com a necessidade.

AtenoMuitos desinfetantes so nocivos sade e ao meio ambiente. Ao manuse-los ou prepar-los utilize equipamentos de proteo, tais como luvas, jaleco e culos de proteo; Utilize-os e descarte-os com cuidado, de acordo com as instrues do fabricante; Verifique se os desinfetantes tm o registro na ANVISA, no site: www.anvisa.gov.br.

lcoolO lcool etlico a 70% um dos desinfetantes mais empregados no laboratrio. bastante utilizado para: antissepsia da pele; e desinfeco de bancadas, cabines de segurana biolgica, estufas, banhos-maria, geladeiras, freezers e centrfugas. Como usar: Friccione o lcool nas superfcies ou objetos; Deixe secar naturalmente, repetindo a frico por 3 vezes. Como a evaporao rpida, o tempo de contato limitado; Os objetos podem ser mergulhados no lcool para desinfeco;

AtenoO lcool inflamvel e irritante para os olhos; ineficaz contra esporos G de bactrias; NO deve ser usado em acrlico. Enrijece borrachas e tubos plsticos.TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais 85

Hipoclorito de sdioativo. O hipoclorito de sdio um composto inorgnico liberador de cloro um dos desinfetantes mais utilizados em laboratrios e muito ativo para bactrias na forma vegetativa. Atua em bactrias gram-positivas e negativas, micobactrias, esporos bacterianos, fungos, vrus envelopados e no envelopados. usado para desinfeco em geral: De objetos e superfcies, inclusive quando esto contaminados com sangue e outros materiais orgnicos; De recipientes de descarte de materiais, ponteiras, swabs e outros objetos que contenham pouca matria orgnica. Como usar: Deve ser aplicado nas superfcies do laboratrio ou em qualquer superfcie contaminada. As bancadas de laboratrio podem ser desinfetadas com hipoclorito de sdio a 0,5% de cloro ativo; As solues de hipoclorito de sdio podem ser preparadas a partir de desinfetantes comerciais como a gua sanitria, que tem concentrao aproximada de 2,5% de cloro ativo; Essas solues devem ser preparadas diariamente, porque a evaporao progressiva do cloro diminui o seu efeito desinfetante; Quando usado em concentraes maiores que 0,02%, o material deve ser enxaguado em gua; As solues de hipoclorito de sdio devem ser estocadas em lugares fechados e em frascos escuros.

AtenoO efeito do hipoclorito de sdio limitado na presena de muita matria orgnica; Tem capacidade corrosiva e NO deve ser utilizado em metais, pois um forte oxidante; txico e causa irritao da pele e olhos. Realize o preparo das solues preferencialmente em capelas de segurana qumica, usando culos de segurana, luvas e respirador.86 TELELAB | Biossegurana: Diagnstico e Monitoramento das DST, Aids e Hepatites Virais

Formaldedo utilizado para desinfeco, atravs de fumigao das cabines de segurana biolgica. Por ser altamente txico e irritante para os olhos e o aparelho respiratrio NO recomendado para desinfeco rotineira de superfcies, equipamentos e vidrarias. Apresenta atividade para as bactrias gram-positivas e gram-negativas na forma vegetativa, as micobactrias, os fungos, os vrus envelopados e no-envelopados como colocado acima e os esporos bacterianos.

Esterilizao o processo de destruio ou eliminao total de todos os microrganismos na forma vegetativa e esporulada atravs de agentes fsicos ou qumicos. Em laboratrios so usados meios fsicos: o calor mido e o seco.

Esterilizao por calor mido autoclavao o processo que oferece maior segurana e economia. Na autoclavao, a esterilizao feita por vapor saturado sob presso de 1 atmosfera, a uma temperatura de 121C. Leva de 15 a 30 minutos, dependendo do material. A autoclavao indicada para a esterilizao de materiais termorresistentes. realizada com um equipamento denominado autoclave, semelhante a uma grande panela de presso.

Figura 24 Autoclave.

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Cuidados para autoclavaoA contagem do tempo de autoclavao deve ser iniciada quando a presso e a temperatura atingirem os valores desejados; Os materiais contaminados so autoclavados por 30 minutos e os materiais limpos por 15 minutos; Antes da autoclavao do material limpo, cada pacote deve ser envolvido por uma fita adesiva termossensvel. Essa fita muda de cor, indicando que o material foi realmente exposto temperatura de 121C. Obs.: esse tipo de fita NO indica o tempo em que a temperatura foi mantida.

Como colocar o material dentro da autoclave para esterilizao:Coloque os materiais dentro da autoclave preenchendo at 2/3 da capacidade da cmara e distribua-os de modo a garantir a circulao do vapor. A autoclavao perde a eficincia se o vapor no atingir todos os materiais. Com a cmara muito carregada a penetrao do calor ser inadequada e parte da carga no ser esterilizada; Todos os materiais precisam estar acondicionados em recipientes pequenos e rasos, com aberturas para facilitar a retirada do ar e permitir a penetrao do calor; Os sacos especiais para autoclave precisam estar abertos para que o vapor possa penetrar no seu contedo.

Monitoramento:Realize testes biolgicos para monitorar a eficincia do processo de esterilizao, pelo menos uma vez por semana, sempre na primeira carga do dia e ao trmino de todas as manutenes realizadas, sejam elas preventivas ou corretivas; Para realizar esses testes pode-se utilizar uma placa ou ampola contendo Bacillus stearothermophylus. A placa autoclavada e depois incubada em estufa para verificar se ainda ocorre crescimento do bacilo. Caso a cultura permanea vivel, significa que o processo de autoclavao no foi satisfatrio. Existem kits comerciais disponveis para estes testes.

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Cuidados ao operar a autoclave:Os cuidados apresentados a seguir podem minimizar os riscos quando se utiliza aparelhos que funcionam sob presso: Se a autoclave no tiver um dispositivo de segurana que impea a abertura da porta quando a cmara est sob presso, mantenha a vlvula de vapor principal fechada at que a temperatura esteja abaixo de 80C, antes de abrir a porta; Antes de descarregar a autoclave abra a porta apenas alguns milmetros, deixando-a nesta posio durante cerca de 5 minutos; Ao operar a autoclave utilize luvas grossas que protejam contra o calor, mantendo o rosto distante da porta ao abri-la, mesmo se a temperatura j estiver abaixo de 80C; Espere o resfriamento dos materiais