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Coisa Julgada

CAPÍTULO VIII

Coisa JulgadaSUMÁRIO • 1. Identidade de ação – 2. Coisa julgada formal – 3. Coisa julgada material – 4. Coisa julgada em relação à União – 5. Erro material – 6. Preclusão – 7. Extensão da coisa julgada: 7.1. Limites objetivos; 7.2. Limites subjetivos – 8. Questão prejudicial – 9. Relação ju-rídica continuativa – 10. Efeitos da coisa julgada criminal e civil no processo do trabalho – 11. Duplo grau de jurisdição necessário – 12.Informativos do TST sobre a matéria – 13. Quadro sinóptico – 14. Questões

um dos objetivos do processo é solucionar a lide, para conferir segurança jurídica aos litigantes em relação às matérias discutidas, uma vez decididas de forma definitiva pelo juiz ou Tribunal.

assim, o instituto da coisa julgada nada mais é do que um mecanismo processual que veda ao Judiciário apreciar mais de uma vez o mesmo litígio pelas mesmas partes e confere a determinadas sentenças a característica da imutabilidade.1

Pela sua importância, a proteção à coisa julgada foi consagrada pela CF/88, por meio da sua inserção no rol dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, de acordo com o preceito contido no art. 5º, XXXVi, da atual Carta Magna.2 Por conta disso, esse direito não pode ser objeto de supressão por meio de emenda constitucional, uma vez que constitui cláusula pétrea.

Nesse sentido, a ClT manifesta-se por meio do seu art. 836:

Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo iV do Título iX da lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.

Contudo, por não haver incompatibilidade com os princípios do processo do traba-lho, aplica-se o regramento contido no art. 467 e seguintes do Código de Processo Civil de 1973.

1. CPC de 1973. Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutí-vel a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Novo CPC. Art. 502. Denomi-na-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

2. CF de 1988. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

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1. IDENTIDADE DE AÇÃO

Para que se verifique a existência ou não do fenômeno processual da coisa julgada é necessário que haja identidade entre a ação já solucionada, com o trânsito em julgado, e a ação subsequente.

Considera-se que uma ação é idêntica à outra quando ambas têm as mesmas par-tes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. a identidade de ação pode ser total ou parcial, tendo em vista que pode haver mais de uma fundamentação e mais de um pedido (cumulação objetiva).

No primeiro caso, toda a fundamentação jurídica e o pedido (ou pedidos dela decor-rentes) coincidem com aqueles que constam em outra ação. Na segunda hipótese, apenas parte da fundamentação e do pedido respectivo é idêntica à outra.

Consequentemente, a coisa julgada pode ser parcial ou total. a primeira é mais co-mum no processo do trabalho, tendo em vista a praxe da cumulação de pedidos.

se a ação idêntica for proposta após o julgamento de outra anterior, na qual tenha havido decisão que não caiba mais recurso, o juiz não pode analisar o seu mérito. deve, nessa situação, acolher a preliminar (defesa processual) de coisa julgada.

após o trânsito em julgado, a decisão não pode mais ser modificada, conforme dis-põe o citado art. 836 da ClT, salvo nas hipóteses previstas pelo art. 463 do CPC de 1973 3 e art. 505 do novo CPC.

Em determinados casos, admite-se o ajuizamento de ação rescisória que tem por objetivo rescindir a sentença eivada de vícios insanáveis, inclusive a coisa julgada, desde que seja observado o prazo máximo de dois anos.4

o que não pode oc orrer é a parte inconformada utilizar do mandado de seguran-ça, em substituição à ação rescisória, para alterar o conteúdo do comando sentencial protegido pela qualidade da coisa julgada material, consoante entendimento cristalizado pela súmula nº 33 do TsT: “MaNdado dE sEguRaNÇa. dECisÃo JudiCial TRaNsiTada EM Julgado. Não cabe mandado de segurança de decisão judicial transitada em julgado”.5

3. CPC de 1973. Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I – para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo; II – por meio de embargos de declaração. Novo CPC. Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I – para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II – por meio de embargos de declaração.

4. CPC de 1973. Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: IV – ofender a coisa julgada. Novo CPC. Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: IV – ofender a coisa julgada.

5. No mesmo sentido a Súmula nº 268 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judi-cial com trânsito em julgado”.

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após o decurso desse prazo, a sentença adquire característica especial, quando a coi-sa julgada solidifica-se e recebe a denominação de coisa soberanamente julgada.

alguns autores defendem a tese da coisa julgada inconstitucional, pugnando pela relativização da coisa soberanamente julgada.

Esse entendimento ganhou força com a convalidação da Medida Provisória nº 2.180-35/2001, que acrescentou o parágrafo único ao art. 741 do CPC de 1973, art. 525, § 12, do novo CPC e o parágrafo quinto ao art. 884 da ClT:

Art. 525, § 12, do novo CPC. Para efeito do disposto no inciso iii do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

CLT. Art. 884. § 5º. Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.

Nesses casos, a declaração de nulidade pode ser efetivada a qualquer momento, em processo autônomo ou incidentalmente durante o procedimento de cumprimento da sentença ou, no caso do processo do trabalho, da execução do título judicial.

idêntico efeito é observado quando a decisão funda-se em sentença normativa modificada ou anulada pelo TST.

Nesse sentido, a oJ nº 277, da sdi-1, do TsT e a súmula nº 397:

SDI-1. OJ Nº 277. dJ 11.08.03. ação de Cumprimento Fundada em decisão Nor-mativa que sofreu Posterior Reforma, Quando já Transitada em Julgado a sentença Condenatória. Coisa Julgada. Não-Configuração. a coisa julgada produzida na ação de cumprimento é atípica, pois dependente de condição resolutiva, ou seja, da não--modificação da decisão normativa por eventual recurso. assim, modificada a sentença normativa pelo TsT, com a consequente extinção do processo, sem julgamento do mé-rito, deve-se extinguir a execução em andamento, uma vez que a norma sobre a qual se apoiava o título exequendo deixou de existir no mundo jurídico.

SÚMULA Nº 397. aÇÃo REsCisÓRia. art. 485, iV, do CPC. aÇÃo dE CuMPRiMENTo. oFENsa À Coisa Julgada EMaNada dE sENTEN-Ça NoRMaTiVa ModiFiCada EM gRau dE RECuRso. iNViaBilida-dE. CaBiMENTo dE MaNdado dE sEguRaNÇa. (conversão da orienta-ção Jurisprudencial nº 116 da sdi-ii). – Res. 137/2005, dJ 22, 23 e 24.08.2005. Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada perpetrada por deci-são proferida em ação de cumprimento, em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau de recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal. assim, os meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descumprimento do art. 572 do CPC (ex-oJ Nº 116 – dJ 11.08.2003).

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2. COISA JULGADA FORMAL

Proferida a sentença na qual o juiz reconhece a existência de defeitos processuais ou ausência de uma das condições da ação, extingue-se o processo sem a resolução do méri-to, por intermédio de uma sentença denominada pela doutrina de terminativa.

Nessa hipótese, o juiz não pode rever a sua decisão, dentro do mesmo processo. Tra-ta-se da coisa julgada formal, que não impede, na maioria dos casos (exceções constam no artigo 269, inciso V, do CPC de 1973), a renovação da pretensão do reclamante por meio de outra reclamação trabalhista e implica a estabilidade relativa que se asse-melha mais ao instituto da preclusão.

o novo CPC ressalta que em determinados casos, a renovação da ação depende da correção do vício:

Art. 486. o pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. § 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos i, iV, Vi e Vii do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.

3. COISA JULGADA MATERIAL

Quando o juiz reconhece ou rejeita a pretensão do reclamante, examina o mérito da questão, solucionando a lide. Nesse caso, depois de transcorrido o prazo para qualquer recurso, opera-se o fenômeno da coisa julgada material em relação às questões decididas e aos sujeitos da relação processual.

desse modo, a sentença torna-se imutável não somente no âmbito do mesmo proces-so – coisa julgada formal – mas a sua parte dispositiva não poderá mais ser rediscutida em qualquer outro, salvo nas hipóteses de modificação pela via da ação rescisória, nos limites estabelecidos pela norma processual, e quando se tratar de coisa julgada inconstitucional.

o Código de Processo Civil de 1973 dispõe sobre a coisa julgada material em seu art. 467: “denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutí-vel a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”. Já no novo CPC essa regra está contida no art. 502: “denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”.

a Consolidação das leis do Trabalho aborda o tema em seu art. 836:

Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo iV do Título iX da lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.

ATENÇÃO! A diferença entre a coisa julgada formal e a cosa julgada material reside no fato de que quando o processo é extinto sem a resolução do mérito, admite-se, em regra, a renovação da demanda. Em sentido contrário, quando há manifestação do juízo acerca do mérito, obsta-se que a parte submeta novamente ao Poder Judiciário a apreciação da mesma lide.

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4. COISA JULGADA EM RELAÇÃO À UNIÃO

Quando os litigantes chegam a um acordo, é lavrado um termo de conciliação que tem as mesmas características de uma decisão irrecorrível, salvo em relação à união, no que diz respeito às contribuições sociais/previdenciárias devidas pelas partes.

se a conciliação é feita antes de proferida a sentença, a jurisprudência tem reconhe-cido o direito do empregado de transigir ou renunciar os direitos trabalhistas e, conse-quentemente, afastar a incidência das contribuições previdenciárias/sociais decorrentes do acordo homologado.

Para isso, deve constar do termo de conciliação a identificação de cada parcela e de sua respectiva natureza jurídica sob pena da verba previdenciária incidir sob o seu valor total, conforme oJ nº 368, da sdi-1 do TsT:

OJ Nº 368. dEsCoNTos PREVidENCiÁRios. aCoRdo HoMologado EM JuÍZo. iNEXisTÊNCia dE VÍNCulo EMPREgaTÍCio. PaRCElas iN-dENiZaTÓRias. ausÊNCia dE disCRiMiNaÇÃo. iNCidÊNCia soBRE o ValoR ToTal. dEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008. É devida a incidência das contribuições para a Previdência social sobre o valor total do acordo homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária, conforme parágrafo único do art. 43 da lei nº 8.212, de 24.07.1991, e do art. 195, i, “a”, da CF/1988.

depois de transitada em julgado a decisão, a renúncia ou transação não produz efeitos em relação à contribuição previdenciária, que tem como credor a união e não as partes.

Nesse sentido é a decisão a seguir transcrita:

aCoRdo JudiCial – TRÂNsiTo EM Julgado – iNss – CoNTRiBuiÇÃo PREVidENCiÁRia – inexiste óbice legal para a celebração de acordo judicial pelas partes, mesmo após o trânsito em julgado da sentença da fase de conhecimento, mas seus efeitos devem ser limitados às partes acordantes. o iNss, como um terceiro in-teressado, não pode sofrer os prejuízos decorrentes da transação pactuada, devendo a execução prosseguir em relação a contribuição previdenciária, a ser calculado sobre as verbas de natureza salarial objeto da condenação.6

observe-se que o fato gerador da contribuição previdenciária não se limita ao valor efetivamente pago ou creditado ao empregado, mas também aquele valor que seria devi-do, na forma da previsão contida no art. 28, da lei nº 8.212/91:

Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: i – para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destina-dos a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial,

6. TRT 15ª R. AP 02828-1996-004-15-85-0 (11931/2005). (Proc. Orig. 02828/1996). 5ª T. Relª Juíza Elency Pereira Neves. DOESP 01.04.2005.

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quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

Porem, se o acordo é feito depois de proferida a sentença, mas antes do seu trânsi-to em julgado, a contribuição previdenciária deverá incidir sobre o valor da conciliação, conforme o art. 43, § 5º da lei nº 8.212/91.

Chegou-se a essa conclusão após a análise do preceito contido no art. 832, § 6º da ClT:

Art. 832. § 6º o acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da união.

Entretanto, esse não foi o entendimento do TST, ao editar a OJ nº 376, da SDI-1:

OJ Nº 376. CoNTRiBuiÇÃo PREVidENCiÁRia. aCoRdo HoMologado EM JuÍZo aPÓs o TRÂNsiTo EM Julgado da sENTENÇa CoNdENa-TÓRia. iNCidÊNCia soBRE o ValoR HoMologado. (dEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010). É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acor-do celebrado e homologado após o trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indenizatória deferi-das na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo.

depreende-se da leitura desse verbete que o TsT adotou um posicionamento eclé-tico, representado pela necessidade de proporcionalizar o valor da contribuição pre-videnciária.

de qualquer forma, é muito importante distinguir o acordo feito depois de proferida sentença, daquele celebrado após o seu trânsito em julgado. No primeiro caso, a contri-buição social incidirá sobre o valor do acordo. Já na segunda hipótese, a transação não poderá afetar o valor já reconhecido desses tributos ou fazê-lo de forma proporcional.

5. ERRO MATERIAL

Como visto, a sentença é o ato processual por meio do qual o juiz aplica a norma hipotética e abstrata a determinado caso concreto.

Já a instrumentalização da sentença perfaz-se mediante a sua redução a termo, pelos diversos meios físicos ou digitais disponíveis, para fins de registro. Nesse momento, o juiz ou o serventuário pode cometer equívocos na transcrição da ideia por meio de datilogra-fia, digitação, digitalização etc., que podem ser corrigidos, de ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo.

Essa regra encontra-se insculpida no art. 833 da Consolidação das leis do Trabalho:

Art. 833. Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex-officio, ou a reque-rimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho.

o CPC de 1973 e o novo CPC também possuem dispositivos semelhantes:

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Art. 463 do CPC de 1973. ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, só podendo alterá-la: i – para lhe corrigir, de ofício ou a requeri-mento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo.

Art. 494 do novo CPC. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: i – para corri-gir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo.

Por conta disso, eventuais erros materiais que constam da decisão jamais adqui-rem a qualidade da coisa julgada material.

RECuRso dE REVisTa – EXECuÇÃo – CoRREÇÃo dE ERRo MaTERial PElo TRT – oFENsa À Coisa Julgada NÃo CoNFiguRada. É pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que o erro material pode ser corrigido a todo tempo, de ofício ou a requerimento da parte, mesmo com o trânsito em julgado da sentença, isto porque não altera o conteúdo da decisão. deste modo, a correção de erro material ocorrido na sentença quanto ao prazo de prescrição, não atenta contra a imutabilidade da coisa julgada, mas reflete a interpretação do exato sentido e alcance do título executivo judicial. a reclamação trabalhista foi ajuizada em 03.09.2003, portanto, há de se concluir que a contagem da prescrição quinquenal, prevista constitucional-mente, retroage a 03.09.1998, e não há 03.09.1999. assim, a correção do erro material procedida pelo TRT não viola o artigo 5º, XXXVi, da Constituição Federal. Recurso não conhecido.7

6. PRECLUSÃO

Como o processo é o conjunto de atos processuais ordenados e que visam à obtenção da tutela jurisdicional, não se admite a prática repetida de atos que objetivem a frustração desse objetivo. o direito processual impõe óbice a essa espécie de procedimento por intermédio do instituto da preclusão.

desse modo, se determinada controvérsia incidental já foi solucionada pelo juiz, a parte fica obstada de renová-la no curso do processo, na forma prevista pelo art. 473 do CPC de 1973 e art. 507 do novo CPC:

Art. 473 de 1973 É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decidi-das, a cujo respeito se operou a preclusão”.

Art. 507 do novo CPC. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.

a preclusão é observada, também, quando a parte tenta praticar um ato processual que já foi analisado pelo juízo. Nesse caso, recebe a designação especial de preclusão consumativa.

se a prática do ato é feita após o decurso do prazo legal ou judicial, a preclusão é temporal.

7. TST. RR 362685-26.2003.5.12.0027. 8ª T. Rel. Juiz Conv. Sebastião Geraldo Oliveira. DEJT 19.12.2011.

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Por fim, se a parte pretende praticar um ato que não guarda correspondência lógica em relação aqueles anteriormente praticados, a hipótese é de preclusão lógica.

abaixo, os efeitos da preclusão, da coisa julgada formal, da coisa julgada material e da coisa soberanamente julgada:

Instituto Efeitos

Preclusão Impede a prática do ato dentro do processo.

Coisa julgada formal Impede alterações na sentença no processo em que foi proferida.

Coisa julgada material

Implica a impossibilidade de rediscussão da sentença em qualquer processo, res-salvada a hipótese de cabimento da ação rescisória.

Coisa soberana-mente julgada

Imutabilidade absoluta da sentença após dois anos do seu trânsito em julgado, sal-vo se a sentença foi fundada em ato normativo declarado inconstitucional pelo STF ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a CF.

7. EXTENSÃO DA COISA JULGADAo implemento da coisa julgada material torna imutável a sentença, de forma que a

mesma questão não pode mais ser reapreciada (objeto) em relação às partes que partici-param do processo (sujeitos), na forma do disposto no art. 468 do CPC de 1973 e art. 503 do novo CPC:

Art. 468 do CPC de 1973. a sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas.

Art. 503 do novo CPC. a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida.

Partindo dessa assertiva, é necessário fixar os limites objetivos e subjetivos da coisa julgada material, o que será feito a seguir.

7.1. Limites objetivosa sentença é um ato formal, cujos requisitos para sua validade estão contidos na lei

processual civil e do trabalho. o manto da res iudicata estende-se sobre toda a parte dis-positiva da decisão que rejeita ou acolhe a pretensão do reclamante, no todo ou em parte, com a extinção do processo de conhecimento com a resolução do mérito.

observa-se, de plano, que estão excluídos da qualidade da coisa julgada material os motivos e os fundamentos que foram utilizados pelo juiz para proferir a sua sentença, segundo dispõem os arts. 469 do CPC de 1973 e 504 do novo CPC.

se o reclamante formula vários pedidos e o juiz manifesta-se sobre todos, a autori-dade da coisa julgada recai sobre a totalidade da respectiva pretensão deduzida em juízo.

a tentativa de rediscussão de uma questão acobertada pela autoridade de coisa jul-gada material esbarra na objeção de coisa julgada, denominada de efeito negativo da coisa julgada.

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observa-se a incidência do efeito positivo da coisa julgada material quando a sua qualidade é utilizada pelo próprio reclamante para evitar discussões em outro processo.

Por exemplo, se em uma reclamação trabalhista anterior o reclamante postula, uni-camente, o reconhecimento da relação de emprego e o juiz acolhe sua pretensão, essa questão não pode ser reapreciada em uma reclamação trabalhista posterior por meio da qual o autor postule condenação do reclamado no pagamento das verbas decorrentes da execução do contrato de trabalho, como salário, 13º salário, FgTs etc.

7.2. Limites subjetivos

a sentença proferida em processo, no qual não caiba mais recurso, transforma-se em lei entre as partes. Porém, a qualidade da coisa julgada daí decorrente não produz efeitos em relação aos terceiros estranhos à lide.

dessa forma, além dos limites objetivos, que obstam o juiz de decidir a mesma ques-tão mais de uma vez, a lei estabelece os limites subjetivos da coisa julgada ao afirmar que essa qualidade da sentença não pode ir além das pessoas que fizeram parte do processo.

Essa regra encontra-se disposta no art. 472 do CPC de 1973 e art. 506 do novo CPC:

Art. 472 do CPC de 1973. a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessa-dos, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.8

Art. 506 do novo CPC. a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

Na hipótese em que haja a substituição das partes, na forma prevista pelo art. 43 do CPC de 1973,9 o substituto tem que respeitar a autoridade da coisa julgada, pois, nesse caso, já não é mais considerado como terceiro e sim sucessor da parte.

Em determinadas situações, entretanto, o terceiro deve suportar os efeitos da deci-são – que não pode ser confundido com efeitos da coisa julgada – mesmo que não tenha participado do processo, fenômeno identificado como eficácia reflexa da sentença.

imagine-se que seja proposta uma ação por meio da qual o reclamante postule o reconhecimento da relação de emprego e a condenação do reclamado no pagamento dos salários devidos. a decisão que acolhe essa pretensão faz coisa julgada material entre as partes e produz efeitos reflexos em relação à união, já que o reclamante pode requerer a

8. Aplica-se o dispositivo legal acima transcrito ao processo laboral, salvo em relação a sua segunda parte, em face da incompetência da Justiça do Trabalho para apreciar questões relativas ao estado da pessoa.

9. CPC de 1973. Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no artigo 265.

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concessão dos benefícios previdenciários devidos ao empregado, que é considerado como segurado obrigatório.

a mesma sentença pode autorizar que se faça a cobrança da contribuição previden-ciária pela união ou mesmo se proceda à execução desse tributo no mesmo processo.

Já há decisões apontando para essa direção, a exemplo da que segue transcrita:

JusTiÇa do TRaBalHo – CoMPETÊNCia – CoNTRiBuiÇÕEs PREVi-dENCiÁRias – aCoRdo JudiCial – RECoNHECiMENTo dE VÍNCulo EMPREgaTÍCio – PaRCElas adiMPlidas PElo EMPREgadoR duRaN-TE a VigÊNCia dE RElaÇÃo dE EMPREgo RECoNHECida EM JuÍZo – o artigo 114, § 3º da Constituição Federal atribui competência à Justiça do Trabalho para a execução das contribuições sociais devidas ao iNss, “decorrentes das sentenças que proferir”, não fazendo distinção entre sentenças declaratórias e condenatórias. No caso concreto, tem-se que da sentença proferida resultou o reconhecimento da relação de emprego, dando azo ao fato gerador da contribuição referida, na forma do artigo 195, i, a, e ii, da Constituição da República. infere-se, daí, que, havendo o reconheci-mento do vínculo de emprego, é cabível a execução das contribuições sociais devidas, de ofício, pela Justiça do Trabalho, relativas a todo o período elaborado. Recurso de revista conhecido e provido.10

8. QUESTÃO PREJUDICIAL

Afasta-se a qualidade da coisa julgada em relação às decisões de questões preju-diciais. Contudo, reza o art. 470 do CPC de 1973 que produz coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (artigos 5º e 325),11 o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

No processo do trabalho é comum a alegação de inexistência de relação de emprego, equivocadamente enquadrada como ilegitimidade de parte, quando, na verdade, trata-se de prejudicial de mérito.

isso porque, se o juiz reconhece a procedência da alegação do reclamado, extingue o processo com a resolução do mérito. Por conta disso, a parte deve requerer ao juiz que se pronuncie, por sentença, sobre a questão prejudicial, para adquirir a qualidade da res iudicata.

Caso contrário, em outro processo, o reclamado não poderá argumentar que essa questão incidental já foi decidida, circunstância que pode levar, por exemplo, a uma

10. TST. RR 10.122/2002-900-24-00.7. 1ª T. Red. p/o Ac. Min. Lélio Bentes Corrêa. DJU 06.05.2005.11. CPC de 1973. Art. 5º. Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência

ou inexistência depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o julga-mento da lide (artigo 5º).

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Coisa Julgada

decisão totalmente contrária à anterior, no que diz respeito à existência ou não do vín-culo empregatício.

o novo CPC estabelece novas regras para que as questões prejudicais adquiram a qualidade da coisa julgada:

Art. 503. a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limi-tes da questão principal expressamente decidida.

§ 1º o disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:

i – dessa resolução depender o julgamento do mérito;

ii – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;

iii – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.

§ 2º a hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou li-mitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

9. RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUATIVAse a decisão é proferida em pretensão fundamentada em relação jurídica continua-

tiva, como ocorre com a relação de emprego, a parte interessada pode postular a revisão (ação revisional) do que ficou estabelecido na sentença, desde que haja alteração nas condições de fato ou na própria norma que serviram de fundamento, conforme preceitua o art. 471, i, do CPC e art. 505, i, do novo CPC:

Art. 471 do CPC de 1973. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: i – se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobre-veio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

Art. 505 do novo CPC. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: i – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

Nesse caso, não se implementa a qualidade da coisa julgada material e, conse-quentemente, não há possibilidade de ajuizamento de ação rescisória.

imagine-se que um empregado ingresse na Justiça do Trabalho, para postular o pa-gamento de adicional noturno, pelo fato de laborar das 22:00 às 05:00, com sentença favorável. uma vez alterado o horário de trabalho para, por exemplo, das 16:00 às 00:00, a empresa reclamada desobriga-se ao pagamento do valor que ficou consignado na sen-tença. Nessa situação, a ação revisional é cabível para diminuir o valor da condenação.

Na prática, porém, essa situação é de difícil verificação nas lides trabalhistas, tendo em vista que as ações laborais, em sua grande maioria, são propostas quando já não mais existe o vínculo empregatício.

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JOSÉ CAIRO JR.

assim, verifica-se maior incidência dessa espécie de postulação nos casos em que o empregado encontra-se acobertado pelos benefícios decorrentes da estabilidade no em-prego, mesmo que provisória.

10. EFEITOS DA COISA JULGADA CRIMINAL E CIVIL NO PROCESSO DO TRABALHO

um mesmo fato jurídico pode produzir efeitos em planos jurídicos diversos. assim, a ofensa a um direito subjetivo pode dar ensejo ao nascimento da pretensão de natureza penal, civil e trabalhista, de forma simultânea.

Quando o titular da pretensão punitiva oferece a denúncia e esta é aceita pelo juiz, inicia-se o processo penal. se, de forma concomitante, é ajuizada uma reclamação traba-lhista e existe conexão com os fatos que constam do processo crime, o juiz pode deter-minar a suspensão do processo, para esperar a sentença a ser proferida naqueles autos.

Essa regra está contida no art. 110 do CPC de 1973 e art. 315 do novo CPC:

Art. 110 do CPC de 1973. se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal”.

Art. 315 do novo CPC. se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal.

isso ocorre, com certa frequência em processos em que se discute a prática de justa causa, prevista pelo art. 482 da ClT. determinados ilícitos trabalhistas coincidem ou mantêm estreita relação com alguns crimes, como acontece, por exemplo, com a impro-bidade e os crimes contra o patrimônio; incontinência de conduta e os crimes contra os costumes; ofensas físicas e o crime de lesões corporais; etc.

Em tais situações, o sobrestamento do feito trabalhista justifica-se para que se pro-mova apuração na esfera penal, na qual prevalece o princípio da verdade real e, por conta disso, a instrução processual é bem mais criteriosa.

uma vez proferida a sentença, com o trânsito em julgado respectivo ou, se ao tempo do ajuizamento da reclamação trabalhista já existir decisão qualificada pela res iudicata no processo crime, devem ser observadas as regras constantes no art. 65 e seguintes do Código de Processo Penal.

desse modo, se, por exemplo, ficar reconhecido, pela sentença penal, que houve prática do crime de furto, pelo empregado (famulato), de objeto pertencente à empresa e durante o horário de trabalho, essa decisão faz coisa julgada no processo do trabalho de modo que restará caracterizada a justa causa, que enseja o rompimento do contrato de trabalho sem ônus financeiro para o empregador.

da mesma forma, se no juízo é reconhecida a autoria e a materialidade do fato con-siderado como delituoso, mas é admitida alguma das excludentes de ilicitude, na forma

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Coisa Julgada

prevista pelo art. 23 do CP,12 a justa causa também deve ser afastada na reclamação trabalhista ou no inquérito para apuração de falta grave que tramita na Justiça do Traba-lho (art. 65 do CPP).13

Contudo, em determinadas situações, nas quais a criteriosa instrução criminal con-cluir pela absolvição do réu (art. 386 do CPP),14 não haverá qualquer influência no processo laboral, uma vez que o ilícito trabalhista poderá ser demonstrado na Justiça do Trabalho, salvo se reconhecer a inexistência do fato em si (art. 386, i, do CPP), confor-me art. 66 do CPP: “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato”.

o artigo seguinte, do aludido diploma Processual, também prevê outras hipóteses em que a sentença criminal não obsta o ajuizamento da ação trabalhista:

Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: i – o despacho de ar-quivamento do inquérito ou das peças de informação; ii – a decisão que julgar extinta a punibilidade; iii – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

da leitura do dispositivo legal acima transcrito, principalmente do inciso iii, de-preende-se que a lei penal estabelece uma série de requisitos para qualificar a conduta humana como criminosa.

a ausência de um desses requisitos obsta o enquadramento do fato como crime, mas não afasta a configuração de ilícitos de natureza civil e trabalhista, que são menos rigorosos, nas esferas da Justiça Comum e da Justiça do Trabalho.

a questão relativa ao efeito da sentença proferida no processo civil na seara traba-lhista é bem mais delicada, mesmo porque não existe nenhum disciplinamento próprio, a exemplo do que foi citado em relação ao efeito da sentença criminal no que diz respeito à pretensão de natureza civil.

deve ser observada a competência da Justiça Comum e da Justiça do Trabalho, tra-çada pela atual Constituição Federal, de forma que não pode haver duas ações conexas tramitando em Justiças distintas. o que pode acontecer é um mesmo fato submeter-se à

12. CP. Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade; II – em legítima defesa; III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

13. CPP. Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

14. CPP. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reco-nheça: I – estar provada a inexistência do fato; II – não haver prova da existência do fato; III – não constituir o fato infração penal; IV – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; V – existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena (artigos 17, 18, 19, 22 e 24, § 1º, do Código Penal); VI – não existir prova suficiente para a condenação.

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JOSÉ CAIRO JR.

apreciação de dois Órgãos Judiciais que pertencem a ramos diversos do Poder Judiciário. Nesse caso, não há identidade de ações em face da ausência da tríplice identidade.

Cita-se, como exemplo, uma ação proposta na Justiça ordinária, pelo empregado, segurado obrigatório do iNss, em face dessa autarquia, com pedido de reconhecimento de acidente do trabalho e, consequentemente, de condenação ao pagamento do benefício previdenciário respectivo.

o mesmo empregado pode ajuizar uma reclamação trabalhista contra o seu em-pregador, com fundamento no acidente sofrido dentro do estabelecimento da empresa, para requerer a condenação ao pagamento de uma indenização compensatória por danos morais. Em tais casos, a sentença proferida em um processo em curso na Justiça Comum não produz a qualidade da coisa julgada em relação ao processo que tramita na Justiça do Trabalho, uma vez que as partes não são as mesmas.

ÊÊ Exemplo de questão sobre o tema

ÊX (TRT 15 – Juiz do Trabalho Substituto 15ª região/ 2013) Mévio foi dispensado por justa causa em razão de suposta agressão física contra seu superior hierárquico. Durante a tramitação da reclama-ção trabalhista ajuizada por Mévio em face da empresa, a ação penal movida em face de Mévio, por lesões corporais leves, foi julgada improcedente ante o reconhecimento de causa excludente de ilicitude (legítima defesa do réu). Transcorreram todos os prazos recursais no processo penal. Diante disso, é correto afirmar:

a) o juiz do trabalho poderá manter a justa causa aplicada pelo empregador, ante a independência entre os juízos penal e trabalhista;

b) o juiz do trabalho deverá extinguir o processo do trabalho sem resolução de mérito, por carência da ação (falta de interesserutilidade);

c) o juiz do trabalho deverá afastar a justa causa, na modalidade aplicada, ante a sua vinculação à sen-tença criminal, nesta matéria;

d) o juiz do trabalho deverá suspender o processo do trabalho, nos termos do artigo 265, IV, “a”, do CPC, c.c. artigo 769 da CLT, aguardando o transcurso do prazo decadencial para eventual revisão criminal de iniciativa do Ministério Público;

e) o juiz do trabalho deverá receber a sentença criminal como início de prova material e atribuir-lhe o valor probatório adequado, em conjunto com os demais elementos dos autos, ao tempo da prolação da sentença.

ÊÂ Resposta: C

11. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO NECESSÁRIOas decisões proferidas em processos contra a Fazenda Pública só produzem efeitos

depois de confirmadas pelo Tribunal a que estiver submetido o Órgão Jurisdicional de primeira instância.

Por equívoco, esse procedimento é denominado de recurso de ofício, porém não passa de uma formalidade para a validade do ato judicial, instituída pelo art. 475 do CPC de 1973 e art. 496 do novo CPC:

Art. 475 do CPC de 1973. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo Tribunal, a sentença:

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Coisa Julgada

i – proferida contra a união, o Estado, o distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público;

ii – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, Vi).

Art. 496 do novo CPC. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:

i – proferida contra a união, os Estados, o distrito Federal, os Municípios e suas respec-tivas autarquias e fundações de direito público;

ii – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

o Tribunal superior do Trabalho editou a súmula nº 303, para afastar qualquer dúvida acerca da recepção do art. 1º, V, do decreto-lei nº 779/69,15 pela Carta Magna de 1988, nos seguintes termos:

SÚMULA Nº 303. FaZENda PÚBliCa. duPlo gRau dE JuRisdiÇÃo. (incorporadas as orientações Jurisprudenciais nos 9,71, 72 e 73 da sdi-1) – Res. 129/2005 – dJ 20.04.2005.

i – Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigên-cia da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo: a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos; (ex-oJ Nº 09 incorporada pela Res. 121/2003, dJ 21.11.2003). b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do supremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal superior do Trabalho. (ex-súmula Nº 303 – Res. 121/2003, dJ 21.11.2003).

ii – Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas hi-póteses das alíneas “a” e “b” do inciso anterior. (ex-oJ Nº 71 – inserida em 03.06.1996).

iii – Em mandado de segurança, somente cabe remessa “ex officio” se, na relação pro-cessual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria adminis-trativa. (ex-oJs nº 72 – inserida em 25.11.1996 e nº 73 – inserida em 03.06.1996).

Proferida a sentença e decorrido o prazo para interposição de recurso voluntário, o juiz a quo deve remeter os autos ao Tribunal ao qual se encontra vinculado.

somente após a confirmação ou não da sentença pelo órgão ad quem é que a sentença pode adquirir a qualidade da coisa julgada, se não houver recurso para outra instância.16

15. Decreto-Lei nº 779/69. Art. 1º. Nos processos perante a Justiça do Trabalho constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividades econômicas: V – o recurso ordinário ex officio das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias.

16. STJ. Súmula nº 45. No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública.

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Em tais casos, a ação rescisória só pode ser manejada após a confirmação da sentença pelo Tribunal, conforme se observa do entendimento do TsT, explicitado por meio da oJ nº 21, da sdi-ii:

OJ Nº 21. ação Rescisória. duplo grau de Jurisdição. Trânsito em Julgado. inobser-vância. decreto-lei nº 779/69, art. 1º, V. incabível. inserida em 20.09.00 (nova reda-ção – dJ 22.08.2005). É incabível ação rescisória para a desconstituição de sentença não transitada em julgado porque ainda não submetida ao necessário duplo grau de jurisdição, na forma do decreto-lei nº 779/69. determina-se que se oficie ao Presi-dente do TRT para que proceda à avocatória do processo principal para o reexame da sentença rescindenda.

Excepcionam-se da regra do duplo grau de jurisdição obrigatório, as decisões cujo valor certo não ultrapasse sessenta salários mínimos; quando a decisão estiver de acor-do com a jurisprudência dominante ou Súmula dos Tribunais superiores; e no caso de decisão favorável proferida em sede de embargos de devedor na execução de dí-vida ativa.

Evidentemente que, para aplicação da primeira exceção acima mencionada, a sen-tença deve ser líquida. Exclui-se, portanto, a hipótese em que o juiz arbitra o valor da condenação apenas para efeito de cálculo das custas e do depósito recursal.

o art. 496, §§ 3º e 4º, do novo CPC, estabelecem outras exceções:

Art. 496. § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

i – 1.000 (mil) salários-mínimos para a união e as respectivas autarquias e fundações de direito público;

ii – 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o distrito Federal, as respecti-vas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;

iii – 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autar-quias e fundações de direito público.

§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

i – súmula de tribunal superior;

ii – acórdão proferido pelo supremo Tribunal Federal ou pelo superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

iii – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

iV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito admi-nistrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

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Coisa Julgada

12. INFORMATIVOS DO TST SOBRE A MATÉRIA

Ação Rescisória. Perda do interesse de agir. Parcelamento do débito da execução trabalhista. Substitui-ção da sentença do processo de conhecimento pelo parcelamento acatado e homologado.

Conforme a jurisprudência firmada no âmbito da SBDI-II, a sentença homologatória de acordo na exe-cução implica perda do interesse de agir na ação rescisória em que se pretendia a desconstituição de decisão proferida no processo de conhecimento da reclamação trabalhista, porque aquela substitui esta para todos os efeitos, inexistindo a coisa julgada outrora formada no processo de conhecimento. De igual modo, o pedido de parcelamento do débito da execução trabalhista implica o reconhecimento ex-presso da dívida, equivalendo à confissão do débito, o que provoca o afastamento do recurso na fase de execução, suspendendo os atos executórios e gerando uma substituição da sentença do processo de conhecimento pelo parcelamento acatado pelo credor e homologado em juízo. Com esse entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do agravo regimental e, no mérito, negou-lhe provimento. TST-A-gR-ED-RO-12270-74.2010.5.04.0000, SBDI-II, rel. Min. Emmanoel Pereira, 21.10.2014 (TST. Info-Execução nº 7).

Ação rescisória. Desconstituição de decisão proferida em embargos de terceiro. Possibilidade jurídica do pedido. Existência de coisa julgada material.

A decisão proferida em sede de embargos de terceiro faz coisa julgada material em relação às matérias que lhe constituem o objeto cognoscível, sendo, portanto, suscetível de corte rescisório. Com efeito, os embargos de terceiro constituem ação nova, de natureza civil e autônoma, que está ao dispor daqueles que não integraram a lide na fase de conhecimento e que sofreram algum tipo de perturbação no exer-cício do direito de posse, o que permite ampla cognição do julgador e a prolação de decisão de mérito compatível com a formação de coisa julgada material. Com esse entendimento, a SBDI-II, decidiu, à una-nimidade, negar provimento ao recurso ordinário do réu, admitindo, assim, a possibilidade jurídica do pedido de desconstituição da sentença de mérito proferida em embargos de terceiro por meio de ação rescisória. TST-RO-638-42.2012.5.09.0000, SBDI-II, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 19.8.2014 (TST. Info-execução nº 4).

Ação rescisória. Desconstituição de decisão proferida em embargos de terceiro. Possibilidade jurídica do pedido. Existência de coisa julgada material.

A decisão proferida em sede de embargos de terceiro faz coisa julgada material em relação às matérias que lhe constituem o objeto cognoscível, sendo, portanto, suscetível de corte rescisório. Com efeito, os embargos de terceiro constituem ação nova, de natureza civil e autônoma, que está ao dispor daqueles que não integraram a lide na fase de conhecimento e que sofreram algum tipo de perturbação no exer-cício do direito de posse, o que permite ampla cognição do julgador e a prolação de decisão de mérito compatível com a formação de coisa julgada material. Com esse entendimento, a SBDI-II, decidiu, à una-nimidade, negar provimento ao recurso ordinário do réu, admitindo, assim, a possibilidade jurídica do pedido de desconstituição da sentença de mérito proferida em embargos de terceiro por meio de ação rescisória. TST-RO-638-42.2012.5.09.0000, SBDI-II, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 19.8.2014 (TST. Info-execução nº 4).

AR. Equiparação salarial. Segunda demanda. Indicação de paradigma diverso. Coisa julgada. Não con-figuração. Modificação da causa de pedir. Ausência da tríplice identidade prevista no art. 301, § 2º, do CPC.

O ajuizamento de segunda ação com os mesmos pedidos e em face do mesmo reclamado, mas com indi-cação de paradigma diverso daquele nomeado na primeira demanda, para efeito de equiparação salarial, afasta a possibilidade de rescisão por ofensa à coisa julgada (art. 485, IV, do CPC), pois modifica a causa de pedir, impedindo a configuração da tríplice identidade prevista no art. 301, § 2º, do CPC. Com esse entendimento, a SBDI-II, por maioria, conheceu de recurso ordinário e, no mérito, negou-lhe provimento. Vencidos os Ministros Maria Cristina Irigoyen Peduzzi e João Oreste Dalazen, os quais acolhiam a ofensa à coisa julgada visto que, na hipótese, apesar de haver indicação formal de paradigmas diversos, na se-

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gunda ação proposta, o reclamante pleiteou a equiparação a Antônio Gomes de Macedo e o pagamento das diferenças salariais decorrentes de ação na qual o Senhor Antônio fora equiparado a Maria Beladina Ferreira, indicada como paradigma na primeira reclamação trabalhista, restando, portanto, caracterizada a tríplice identidade. TST-RO-108500-11.2010.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fon-tan Pereira. 10.4.2012 (TST. Info nº 5).

AR. Ação autônoma que reconhece a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços. Existência de sentença condenatória definitiva em que figurou como parte apenas o prestador de serviços. Al-teração subjetiva do título executivo judicial. Ofensa à coisa julgada e ao direito à ampla defesa e ao contraditório. Art. 5º, XXXVI e LV, da CF.

A decisão em ação autônoma que reconhece a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, quando há sentença condenatória definitiva prolatada em ação anteriormente proposta pelo mesmo reclamante em que figurou como parte apenas o prestador de serviços, altera a titularidade subjetiva do título executivo e ofende a literalidade do art. 5º, XXXVI e LV, da Constituição Federal (coisa julgada e direito ao contraditório e à ampla defesa). Com esse entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário para desconstituir o acórdão proferido nos autos da reclamação traba-lhista e, em juízo rescisório, dar provimento ao recurso ordinário do reclamado para julgar improcedente o pedido formulado na inicial da referida reclamatória. TST-RO-100200-60.2010.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Pedro Paulo Manus. 27.3.2012 (TST. Info nº 4).

Responsabilidade subsidiária. Ajuizamento de ação autônoma apenas contra o tomador de serviços. Impossibilidade. Existência de sentença condenatória definitiva prolatada em ação em que figurou como parte somente o prestador de serviços.

Não é possível o ajuizamento de ação autônoma pleiteando a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços quando há sentença condenatória definitiva prolatada em ação anteriormente proposta pelo mesmo reclamante, em que figurou como parte apenas o prestador de serviços. Tal procedimento afron-taria a coisa julgada produzida na primeira ação e o direito à ampla defesa e ao contraditório, resguarda-do ao tomador de serviços. Assim, reiterando a jurisprudência da Corte, a SBDI-I, por unanimidade, co-nheceu dos embargos por divergência jurisprudencial e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento. Vencidos os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Delaíde Miranda Arantes. TST-E-RR-9100-62.2006.5.09.0011, SBDI-I, rel. Min. Horácio Raymundo de Senna Pires, 8.3.2012 (TST. Info nº 1).

13. QUADRO SINÓPTICO

Capítulo VIII – Coisa julgada

Instituto Conteúdo Item

Limitação do juizÉ vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já

decididas, excetuados os casos expressamente previstos em lei e a ação rescisória (art. 836 da CLT).

1

Identidade de ação

Considera-se que uma ação é idêntica à outra quando ambas têm as mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. A identi-dade de ação pode ser total ou parcial, tendo em vista que pode haver mais de uma fundamentação e mais de um pedido (cumulação objetiva).

1

Coisa julgada formal

Proferida a sentença na qual o juiz reconhece a existência de defeitos processuais ou ausência de uma das condições da ação, extingue-se o processo sem a resolução do mérito, por meio de uma sentença deno-minada pela doutrina de terminativa. Nessa hipótese, o juiz não pode rever a sua decisão, dentro do mesmo processo, diante da presença dos efeitos da coisa julgada formal.

2

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Coisa Julgada

Capítulo VIII – Coisa julgada

Instituto Conteúdo Item

Coisa julgada material

Quando o juiz reconhece ou rejeita a pretensão do reclamante, exami-na o mérito da questão e soluciona a lide. Nesse caso, depois de trans-corrido o prazo para qualquer recurso, opera-se o fenômeno da coisa julgada material em relação às questões decididas e aos sujeitos da re-lação processual.

3

Em relação à União

Quando os litigantes resolvem conciliar é lavrado um termo de con-ciliação que tem as mesmas características de uma decisão irrecorrível, salvo em relação à União, no que diz respeito às contribuições sociais/previdenciárias devidas pelas partes.

4

Erro material

No momento da redução a termo da decisão, o juiz ou o serventuário pode cometer equívocos na transcrição da ideia por meio de datilogra-fia, digitação, digitalização etc., que podem ser corrigidos, de ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo, pois representa simples erro material.

5

Preclusão

Conceito É o instituto que impede que o processo marche para trás.

6

Espécies

Consumativa – ocorre quando a parte tenta pra-ticar um ato processual que já foi analisado pelo juízo.

Temporal – quando a prática do ato é feita após o decurso do prazo legal ou judicial.

Lógica – quando a parte pretende praticar um ato que não guarda uma correspondência lógica em re-lação àqueles anteriormente praticados.

Extensão da coisa julgada

Limites objetivos

O efeito da coisa julgada estende-se sobre toda a parte dispositiva da decisão que rejeita ou aco-lhe a pretensão do reclamante, no todo ou em parte.

Exclui-se, desse efeito, os motivos e os funda-mentos que foram utilizados pelo juiz para proferir a sua sentença, bem como as questões prejudiciais decididas incidentalmente no processo.

7.1

Limites subje-tivos

A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litiscon-sórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros. (art. 472 do CPC).

7.2

Questão prejudicial

Produz coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer, o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressu-posto necessário para o julgamento da lide.

8

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JOSÉ CAIRO JR.

Capítulo VIII – Coisa julgada

Instituto Conteúdo Item

Relação jurídica continuativa

Se a decisão é proferida em pretensão fundamentada em relação jurídica continuativa, como ocorre com a relação de emprego, a parte interessada pode postular a revisão (ação revisional) do que ficou esta-belecido na sentença, desde que haja alteração nas condições de fato ou na própria norma que serviram de fundamento.

9

Efeitos da sen-tença criminal e civil no processo

do trabalho

Excludente de ilicitude

Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhece ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cum-primento de dever legal ou no exercício regular de direito.

10Absolvição do

réu

Em determinadas situações, nas quais a criteriosa instrução criminal concluir pela absolvição do réu, não haverá qualquer influência no processo laboral, uma vez que o ilícito trabalhista poderá ser demons-trado na Justiça do Trabalho, salvo se reconhecer a inexistência do fato em si.

Não impede a propositura da reclamação

trabalhista

I. o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;

II. a decisão que julgar extinta a punibilidade;III. a sentença absolutória que decidir que o fato

imputado não constitui crime.

Duplo grau ne-cessário

Regra

As decisões proferidas em processos contra a Fa-zenda Pública só produzem efeitos depois de con-firmadas pelo Tribunal a que estiver submetido o Órgão Jurisdicional de primeira instância.

11

Exceção

• decisões cujo valor certo não ultrapasse sessenta salários mínimos;

• quando a decisão estiver de acordo com a juris-prudência dominante ou Súmula dos Tribunais superiores;

• decisão favorável proferida em sede de embargos de devedor na execução de dívida ativa.

14. QUESTÕES

1. (TRT 9ª R. Analista/2007) Havendo condenação do Poder Público em sentença proferida por juiz do trabalho, ocorrerá, necessariamente, a remessa oficial ao tribunal regional para reexame do julgado, exceto, apenas, quando o valor da condenação não exceder a 60 salários mínimos ou a decisão recorrida estiver em consonância com decisão do plenário ou de súmula do STF.

2. (TRT 23ª R. 2007) Numa ação ordinária, no prazo fixado pelo juiz, o réu apresentou o seu rol com duas testemunhas. Na véspera da audiência, formulou pedido para inclusão de mais uma testemunha. Esse pedido foi indeferido, por ter ocorrido a

a) preclusão lógica.

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Coisa Julgada

b) coisa julgada formal.c) preclusão temporal.d) coisa julgada material.e) preclusão consumativa.

3. (TRT 2ª R. 2008) Considere:I. Dissídio individual com decisão contrária à Fazenda Pública, com consequente condenação corres-

pondente a R$ 35.000,00.II. Dissídio individual com decisão contrária à Fazenda Pública mas em consonância com orientação

jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.III. Ação rescisória com decisão proferida pelo juízo de primeiro grau desfavorável ao ente público con-

denando a Fazenda Pública em R$ 25.000,00.IV. Mandado de segurança em matéria trabalhista no qual figura, na relação processual, pessoa jurídica

de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Estão obrigatoriamente sujeitas ao duplo grau de jurisdição as demandas indicadas APENAS ema) I e III.b) I, II e III.c) II e IV.d) II, III e IV.e) II e III.

4. (Magistratura do Trabalho. 8ª R. 2009. ADAPTADA) Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando a con-denação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos e quando for proferida em consonância com decisão plenária do Tribunal Superior do Trabalho ou com súmula do Supremo Tribunal Federal.

5. (Magistratura do Trabalho. 23ª R. 2008. ADAPTADA) o art. 462 do CPC, que admite a invocação de fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito, superveniente à propositura da ação, é aplicável aos processos em curso em qualquer instância trabalhista, desde que haja provocação da parte interessada.

Gab. Fundamentação legal e jurisprudencial Tópico do livro

1 E TST. Súmula nº 303, I, “b”. CPC. Art. 475, § 2º Item 11

2 E

a) CPC. Art. 473 a) item 6

b) CPC. Art. 468 b) item 6

c) CPC. Art. 473 c) item 6

d) CPC. Art. 467. d) item 3

e) CPC. Art. 473 e) item 6

3 A

i) TST. Súmula nº 303, I, “a” i) item 11

II. TST. Súmula nº 303, I, “b” II. item 11

III. TST. Súmula nº 303 III. item 11

IV. TST. Súmula nº 303, III IV. item 11

4 E TST. Súmula nº 303. CPC. Art. 475, § 2º item 11

5 E TST. Súmula nº 394 Parte II, capítulo V, item 7.1

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