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PRÁTICA PENAL
1ª PEÇA
O Delegado de Polícia representou ao Juiz de Direito a fim de que fosse decretada a
prisão temporária de João, alegando que ele estava sendo investigado por crimes de
estelionato e furto e se tratava de pessoa sem residência fixa, sendo a sua prisão
imprescindível para as investigações. O juiz, após ouvir o Ministério Público, decretou
a prisão temporária por cinco dias, autorizando, desde logo, a prorrogação da prisão
por mais cinco dias, se persistissem os motivos que levaram à sua decretação. Foi
expedido mandado de prisão. Sem ser preso, João soube da decisão e procurou um
advogado para defendê-lo.
Questão: como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua
defesa.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE
...
João, nacionalidade, inscrito no CPF nº ..., RG nº ..., por seu advogado que
esta subscreve (procuração
Anexa), vem, respeitosamente ante V.Exa., requerer a REVOGAÇÃO DA SUA
PRISÃO TEMPORÁRIA, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I - DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Na data de ..., o DD. Delegado de Polícia representou à V.Exa. a fim de
que fosse decreta a prisão temporária do requerente, alegando que João
estava sendo investigado pelo cometimento de crimes de estelionato e furto,
previstos nos arts. 171, e 155, do CPB.
Alegou, o DD. Delegado, que o requerente trata-se de pessoa sem
residência fixa, sendo a sua prisão imprescindível para a conclusão das
investigações.
V.Exa. decretou a prisão temporária de João em ..., pelo prazo de cinco
dias, prorrogáveis por mais cinco se persistissem os motivos que levaram à sua
decretação.
Ocorre, V.Exa., que somente dois pressupostos para a decretação de
prisão temporária do acusado existem, de acordo com o DD. Delegado,
previstas nos incisos I e II do art. 1º da Lei 7.960/89, quais sejam: "quando
imprescindível para as investigações do inquérito policial, e quando o indiciado
não tiver residência fixa...", não cabendo em nenhuma hipótese prevista no
inciso III do art. 1º da Lei 7.960/89.
II - DOS PEDIDOS
Pelo o exposto, requer, que seja imediatamente revogada a prisão temporária
do requerente.
Nestes termos,
Pede deferimento.
ADVOGADO
OAB N°
PADRÃO DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA:
Peça: 1ª Opção: pedido de revogação da prisão temporária. 2ª opção: HC (arts. 647 e
648, I e II, do CPP, e art. 5º, LXVIII, da CF).
Competência: 1ª Opção: Juiz estadual. 2ª Opção: Desembargador Presidente do
Tribunal de Justiça.
Tese: a) prisão temporária só é possível em relação aos crimes expressamente
previstos no art. 1º, III da lei 7960/89; b) a prorrogação do prazo só é possível em caso
de extrema e comprovada necessidade (art. 2º, caput, parte final, da Lei 7960/89, não
podendo ser autorizada desde logo.
Pedido: a) revogação da prisão temporária e expedição do alvará de soltura b)
concessão liminar de HC, para que seja revogada a prisão temporária, expedindo-se
contramandado de prisão e, após as informações prestadas pela autoridade coatora, a
concessão definitiva, confirmando-se a liminar.
2ª PEÇA
Prisão ilegal – relaxamento de prisão
No dia 10 de março de 2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda,
José Alves pegou seu automóvel e passou a conduzi-lo ao longo da estrada que
tangencia sua propriedade rural. Após percorrer cerca de dois quilômetros na estrada
absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por uma equipe da Polícia Militar
que lá estava a fim de procurar um indivíduo foragido do presídio da localidade.
Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo trôpego e exalando forte odor
de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a
realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi
constatado que José Alves tinha concentração de álcool de um miligrama por litro de
ar expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de
Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime
previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do Decreto
6.488/2008, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de
entrevistar-se com seus advogados ou com seus familiares.
Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter
permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do
preso, sob protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não
comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas
pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves, redija a peça
cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente,
questionando, em juízo, eventuais ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial,
alegando para tanto toda a matéria de direito pertinente ao caso.
Gabarito Comentado:
O examinando deverá redigir uma petição de relaxamento de prisão, fundamentado no
art. 5º, LXV, da CRFB/88, ou art. 310, I, do CPP (embora os fatos narrados na questão
sejam anteriores à vigência da Lei 12.403/11, a Banca atribuirá a pontuação relativa
ao item também ao examinando que indicar o art. 310, I, do CPP como dispositivo
legal ensejador ao pedido de relaxamento de prisão. Isso porque estará demonstrada
a atualização jurídica acerca do tema), a ser endereçada ao Juiz de Direito da Vara
Criminal.
Na petição, deverá argumentar que:
1. O auto de prisão em flagrante é nulo por violação ao direito à não autoincriminação
compulsória (princípio do nemo tenetur se detegere) , previsto no art. 5º, LXIII, da
CRFB/88 ou art. 8º, 2, “g” do Decreto 678/92.
2. A prova é ilícita em razão da colheita forçada do exame de teor alcoólico, por força
do art. 5º, LVI, da CRFB/88 ou art. 157 do CPP.
3. O auto de prisão em flagrante é nulo pela violação à exigência de comunicação da
medida à Autoridade Judiciária, ao Ministério Público e à Defensoria Pública dentro de
24 horas, nos termos do art. 306, §1º, do CPP ou art. 5º, LXII, da CRFB/88, ou art. 6º,
inciso V, c/c. artigo 185, ambos do CPP (a banca também convencionou aceitar como
fundamento o artigo 306, caput, do CPP, considerando-se a legislação da época dos
fatos).
4. O auto de prisão é nulo por violação ao direito à comunicação entre o preso e o
advogado, bem com familiares, nos termos do art. 5º, LXIII, da CRFB ou art. 7º, III, do
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil ou art. 8º, 2, “d” do Decreto 678/92;
Ao final, o examinando deverá formular pedido de relaxamento de prisão em razão da
nulidade do auto de prisão em flagrante, com a consequente expedição de alvará de
soltura.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA
COMARCA …
JOSÉ ALVES, nacionalidade, estado civil, profissão, residente e
domiciliado na Rua ..., bairro ..., cidade ..., representado por seu advogado
abaixo subscrito (procuração ad juditia anexa), vem, perante Vossa Excelência,
requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com fundamento
no art. 5º, LXV, da Constituição Federal, e art. 310, I, do Código de Processo
Penal, pelos fatos e fundamentos de direito expostos adiante.
I. DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
No dia 10 de março, o requerente foi preso em flagrante após ser
obrigado por policiais militares a se submeter ao exame de alcoolemia em
aparelho de ar alveolar.
Após dois dias da prisão, o Requerente permanece preso na Delegacia
de Polícia, incomunicável, e sem que a Defensoria Pública tenha sido
comunicada da prisão, não obstante a não indicação de advogado.
Constatando-se, Excelência, a ilegalidade da prisão em flagrante, não
devendo esta prosperar.
Conforme relatado, o Requerente foi compelido a realizar o chamado
“teste do bafômetro” contra a sua vontade, em violação ao artigo 5º, LXIII, da
Constituição Federal, que prevê o direito de não produzir provas contra si.
Portanto, a prova que ensejou a prisão em flagrante do requerente é
ilícita, nos termos do art. 5º, LVI, da Constituição Federal e do art. 157 do
Código de Processo Penal, inexistindo razão para que a prisão subsista.
Ademais, não obstante a ilegalidade da prisão por licitude da prova, a
autoridade policial impôs a incomunicabilidade ao requerente, que está
inacessível aos seus familiares e ao seu advogado, em clara violação ao art.
5º, LXIII, da CF, bem como ao art. 7º, III, do Estatuto da OAB (Lei 8.906/94).
Destarte, está demonstrado claramente mais um vício no auto de prisão em
flagrante.
Por fim, a autoridade policial não realizou a comunicação, no prazo
previsto no art. 306, § 1º, do Código de Processo Penal, da Defensoria Pública,
configurando mais uma causa de mácula ao auto de prisão em flagrante.
Dessa forma, a prisão em flagrante é ilegal por três motivos: a ilicitude
da prova, a incomunicabilidade, e a ausência de comunicação à Defensoria
Pública.
II. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja reconhecida a ilegalidade da prisão, para
que se conceda o relaxamento da prisão em flagrante. Pede, ademais, a
expedição de alvará de soltura em favor do requerente.
Termos em que,
Pede deferimento.
Sorriso, 19 de agosto de 2013.
ADVOGADO
OAB N°
2ª PEÇA B
JUÍZO DE DIREITO DE LARANJEIRAS DO SUL, PARANÁ.
Autos n°....
MARIA ALCÂNTARA, brasileira, casada, profissão, portadora da CI/RG
n° ..., inscrita no CPF/ MF n°..., residente e domiciliada na Rua ..., bairro ...,
cidade ... e PEDRO ALCÂNTARA, brasileiro, casado, profissão, portador da
CI/RG n° ..., inscrito no CPF/ MF n°... residente e domiciliado na Rua ..., bairro
..., cidade ..., representados por seu advogado abaixo subscrito (procuração ad
juditia anexa), vêm, perante este Juízo, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO
com fulcro nos arts. 396 e 396-A do CPP.
Os acusados foram indiciados pela prática do crime previsto no artigo
171, §2º, VI, do Código Penal. Em 12/08/134, o r. juízo recebeu a denúncia
oferecida pelo Ministério Público, contudo, como o fato típico não foi praticado
pelos acusados, conforme produção de provas, a presente ação penal deverá
ser extinta.
Diante do exposto, pede-se a absolvição sumária dos acusados, nos
termos do artigo 397, III do CPP.
Rol de testemunhas
I – DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Os acusados possuem conta conjunta no banco Caixa Econômica
Federal, agência de Ourinhos, São Paulo, podendo ambos assinar os cheques,
isoladamente, dos seus respectivos talões.
Em uma compra em Guarapuava, a acusada emitiu um cheque no
mesmo dia em que seu marido, também acusado, realizou um saque de quase
a totalidade do saldo disponível na conta corrente do casal.
No dia ..., o portador do cheque emitido pela acusada foi ao banco onde
possui conta, em Laranjeiras do Sul, Paraná, e efetuou o depósito do título.
Este retornou com o carimbo que corresponde à “linha 11: cheque sem fundos
- 1ª apresentação”.
No dia seguinte, o portador do cheque tentou novamente o depósito,
porém este retornou com o carimbo “linha 12: cheque sem fundos - 2ª
apresentação”.
Ao saber do ocorrido, a acusada procurou, imediatamente, o credor em
Guarapuava e, em 09/08/2013 realizou o pagamento do débito. Diante dos
fatos narrados, foi promovida uma ação penal contra os acusados, com base
no art. 171, §2°, VI, do Código Penal.
Nada obstante, tal acusação não deve prosperar, pois não foi
configurado o crime de estelionato previsto no art. 171, §2°, VI, do Código
Penal. Por um descuido do casal, ambos utilizaram do saldo da conta corrente
conjunta, porém a acusada não tinha ciência do comportamento do marido, e
assim que soube do ocorrido, dirigiu-se imediatamente ao credor para efetuar o
pagamento do débito. Portanto, demonstra boa-fé da acusada.
Ainda, cabe frisar a incompetência do r. Juízo para processar e julgar a
presente ação penal. Nos termos da Súmula nº 521 do STF, “O foro
competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a
modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local
onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. Pois, o título de crédito que
configura o objeto do crime de estelionato, possui como praça a cidade de
Ourinhos, portanto, cabe ao Juízo criminal dessa Comarca a atribuição de
processar e julgar o feito.
Em outra vertente, o fato apontado na denúncia é atípico, porque não há
dolo da acusada, até mesmo porque ao conhecer do ocorrido, providenciou
imediatamente o pagamento ao credor, restando extinta a sua punibilidade.
Conforme prevê a Súmula 246 do STF, em que “Comprovado não ter havido
fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”.
E por fim, vale ressaltar que o pagamento do débito ocorreu no dia 09 de
agosto de 2013, portanto, antes do recebimento da denúncia – dia 12 de
agosto de 2013 – inexistindo, assim, uma das condições da ação penal – justa
causa. De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em sua
Súmula n° 554 “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após
o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”.
II – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer sejam os acusados absolvidos sumariamente
com base no art. 397, III do CPP.
Não sendo este o entendimento do magistrado, apresenta-se o rol de
testemunha abaixo:
1
2
3
Termos em que,
Pede deferimento.
Laranjeiras do Sul, 19 de agosto de 2013.
ADVOGADO
OAB N°