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CAPÍTULO 05

Imposto Territorial Rural – ITR

Sumário • 1. Aspecto material – 2. Aspecto temporal – 3. Aspecto espacial – 4. Aspecto subjetivo – 5. Aspecto quantitativo – 6. Imunidade e isenção – 7. Informações complementares: lançamento – 8. Quadro sinóptico – 9. Súmulas – 10. Questões de concursos públicos

1. ASPECTO MATERIAL

O Imposto Territorial Rural é o mais conciso dentre os impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e a legislação específica sobre a matéria também é bastante reduzida.

O art. 153, VI, da Constituição estabelece o critério material do imposto e seu pará-grafo quarto, determina que o imposto será progressivo, fixado de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. A norma também prevê imunidade para as pequenas glebas rurais, mas somente para aquelas exploradas por proprietário e família que não possuam outro imóvel.

Trata-se de um imposto sobre o patrimônio.

O patrimônio, conceitualmente, é fácil de ser identificado, tanto pela economia quanto pelo direito. Confunde-se com o capital, os “bens dos quais o possuidor, sem desfalcá-los, tira utilidades, quer se sirva deles, quer ceda o uso a terceiro”.

O ITR se aproxima do IPTU em alguns pontos, especialmente pelo fato de incidirem sobre a propriedade imóvel. Os dois impostos também se sujeitam ao princípio da legali-dade estrita (art. 150, I, da CF/88), bem como aos princípios da anterioridade do exercício (art. 150, III, b, da CF/88) e da anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c, da CF/88).

Como veremos, o imposto municipal e o imposto federal possuem uma certa com-plementaridade no que toca ao aspecto espacial. Aquele incide sobre a propriedade urbana e este sobre a propriedade rural, sendo área urbana definida pelos municípios, nos termos das normas complementares aplicáveis ao IPTU (art. 32, § 1°, do CTN), enquanto a área rural é definida por exceção, vale dizer, o que não for área urbana será área rural.

Havia uma teoria que considerava tanto o ITR quanto o IPTU como impostos reais, que incidiriam sobre a coisa, em contraposição aos impostos pessoais, que incidiriam sobre as pessoas. Esta classificação, contudo, não mais subsiste, pois hoje se considera que

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todos os tributos representam obrigações pessoais, entre contribuinte ou responsável e o fisco. Para lembrar, o direito real, como a propriedade, caracteriza-se por haver um titular do direito, o proprietário, oponível erga omnis, vale dizer, contra qualquer pessoa, en-quanto o direito pessoal se caracteriza pela existência de um ou mais credores, que podem exigir a obrigação de um ou mais devedores, devidamente identificados.

Direito Real Direito Pessoal

Caracteriza-se pela existência de um titular de di-reito oponível erga ominis.

Caracteriza-se pela definição prévia de um núme-ro limitado de credores e devedores.

Adere à coisa. Vincula somente pessoas

Ex. Propriedade, posse, hipoteca, penhor. Ex. Compra e venda, tributos, relação de empre-go.

Assim, tanto o ITR quanto o IPTU são classificados, como todos os demais tributos, na categoria de direitos pessoais.

Como diferença entre os tributos, podemos citar o aspecto espacial, a área urbana para o imposto municipal e a área rural, para o ITR e o lançamento, realizado tipicamente de ofício no IPTU e por declaração, no ITR.

Também há diferença entre os impostos no aspecto material, no fato gerador, ou ainda, na norma de competência constitucional de criação das exações. A Constituição permite ao legislador municipal que estabeleça imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, enquanto a permissão conferida ao legislador federal limita-se à cria-ção de imposto sobre a propriedade territorial rural, vedando-lhe fazer incidir o imposto sobre outros bens que agregam valor à terra, como prédios, plantações, benfeitorias etc.

As normas gerais sobre o ITR no CTN também são sucintas. Dispõe o art. 29, do Código:

Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade ter-ritorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.

Assim, pode o legislador ordinário estabelecer como fato gerador do imposto a pro-priedade plena ou quaisquer das modalidades de domínio útil, tais como o usufruto, ou mesmo a posse do imóvel situado na zona rural, como dissemos, definida por exceção, como toda área que não estiver incluída na área urbana dos municípios.

Interessante de ser analisado é o caso da invasão de propriedades rurais e sua re-percussão na obrigação tributária. Em tese, a Fazenda Pública poderá cobrar o tributo do proprietário do imóvel invadido, uma vez que o nome deste consta no registro de imóveis. Contudo, o Código Civil define que proprietário é aquele que tem a facul-dade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la faltando assim um dos elementos da propriedade invadida. A discussão, portanto, se concentra no fato de que diante de uma invasão de propriedade, o proprietário deixará de usá-la e fruí-la,

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e muitas vezes de dela dispor, ou seja, a propriedade deixa de ser plena em razão do empecilho criado pelos invasores. Diante deste fato, a jurisprudência se manifestou no sentido de que aquele que estiver desprovido ilegalmente dos direitos sobre a sua propriedade e sem possibilidade de reavê-la, não pode se enquadrar como sujeito passivo dos tributos sobre propriedade:

TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MO-VIMENTO “SEM TERRA”. PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS INE-RENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA DA EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. (...) A propriedade plena pressupõe o do-mínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, dispor e reinvidi-car a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido, pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. Com a invasão do movimento “sem terra”, o direito da recorrida ficou tolhido de praticamente todos seus ele-mentos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou de benefícios para a proprietária.

(STJ, T2, REsp 1.144.982/PR, Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe de 15/10/2009)

O STJ, portanto, entendeu que o esvaziamento dos direitos inerentes à propriedade causados pela invasão impede a cobrança do ITR do proprietário.

Entretanto, o § 1°, do art. 1°, da Lei 9.393/96 determina a incidência do ITR em imóveis declarados de interesse social, enquanto o proprietário permanecer na posse do bem. Dispõe a norma que “o ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse”. Neste caso, enquanto não ocorrer a desapropriação, o proprietário exerce plenamente seu direito, justificando-se, pois, a incidência do tri-buto.

2. ASPECTO TEMPORAL

O caput art. 1°, da Lei 9.393/96 segue exatamente o art. 29, do CTN quanto a hipó-tese de incidência e define também a data de ocorrência do fato gerador. Vejamos:

Art. 1° O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, de apu-ração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1° de janeiro de cada ano.

A norma que estabelece o fato gerador do imposto, também define seu aspecto tem-poral. Em seus termos, ocorre o fato gerador em 1° de janeiro de cada ano, de modo que não há proporcionalidade nem restituição do imposto pago, no caso de o imóvel ser alie-nado ou passar a gozar de isenção ou imunidade no decorrer do exercício.

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3. ASPECTO ESPACIAL

O elemento básico do aspecto espacial do ITR é a definição da área rural. Tratando--se de imóvel localizado na área rural, pode incidir o ITR.

O § 2°, do artigo 1°, da Lei 9.393/96, dispõe que ocorre o fato gerador, mesmo se parcela contínua do imóvel se localize na área urbana do município. O relevante, pois, é que o imóvel se localize, ao menos em parte, na área rural, definida, como vimos, pelo direito municipal.

Em virtude da repartição constitucional das receitas do imposto e da possibilidade de administração do tributo pelo município, hipótese em que toda a arrecadação pertencerá à municipalidade, o § 3°, do art. 1°, da Lei 9.393/96 disciplina a qual ente o imóvel deve ser enquadrado, quando a área rural se estende por mais de um município. Vejamos:

Art. 1° [...]

§ 3° O imóvel que pertencer a mais de um município deverá ser en-quadrado no município onde fique a sede do imóvel e, se esta não existir, será enquadrado no município onde se localize a maior parte do imóvel.

Nos termos desta regra, considera-se que o imóvel esteja localizado no município onde se encontrar a sede da propriedade para fins do ITR. Se não houver sede, deve-se verificar onde se encontra a maior parte do imóvel. Não há mais a possibilidade de rateio do imposto, pela proporção da área localizada em cada município.

O STJ, apreciando a cobrança do IPTU, tem proferido decisões que vislumbram a possibilidade de incidência do ITR também em áreas urbanas. Entende o Tribunal que a norma de competência do IPTU não abrange imóveis urbanos utilizados em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, conforme o art. 15, do DL 57/66, recepcionado como lei complementar, pela Constituição de 19881. Dessa forma, imóvel urbano com destinação tipicamente rural compõe, também, a previsão de competência do ITR. Vejamos:

1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966).

2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.

(STJ; S1; REsp 1.112.646/SP; Min. HERMAN BENJAMIN; DJe de 28/08/2009)

1 O STF reconheceu que a norma fora recepcionada pela Constituição no julgamento do RE 140.773/SP, Min. Sydney Sanches, DJ de 04/06/1999.

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Nos termos do referido art. 15, do DL 57/66, afasta-se a incidência do IPTU (art. 32, do CTN), para dar lugar à incidência do ITR, sobre imóveis localizados na área urbana do município, mas que seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial. Leia-se:

Art. 15. O disposto no art. 32 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-indus-trial, incidindo assim, sôbre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.

A recíproca não é verdadeira. Vale dizer, o ITR apenas deixa de incidir quando se fizerem presentes os requisitos formais e materiais para a incidência do IPTU (art. 32, do CTN), isto é, quando a área onde se localiza passa a ser urbana.

4. ASPECTO SUBJETIVOO sujeito ativo do imposto é a União, assim como dela é a competência para legis-

lar sobre o ITR e administrá-lo, cabendo ao município onde se encontra imóvel 50% da arrecadação (art. 158, II, da CF/88).

Nesta linha, dispõe o art. 15, da Lei 9.393/96:Art. 15. Compete à Secretaria da Receita Federal a administração do ITR, incluídas as atividades de arrecadação, tributação e fiscalização.

Parágrafo único. No processo administrativo fiscal, compreendendo os procedimentos destinados à determinação e exigência do imposto, imposição de penalidades, repetição de indébito e solução de consul-tas, bem como a compensação do imposto, observar-se-á a legislação prevista para os demais tributos federais.

Contudo, a Constituição de 1988 (art. 153, § 4°, III) prevê a possibilidade de trans-ferência da administração do imposto para o município onde se localizar o imóvel.

Lembrem-se, a competência tributária (legislativa) é indelegável e a União continua legislando sobre o ITR.

Para regular a norma constitucional, fora editada a Lei 11.250/05, que dispõe:Art.1° A União, por intermédio da Secretaria da Receita Federal, para fins do disposto no inciso III do § 4° do art. 153 da Constituição Fede-ral, poderá celebrar convênios com o Distrito Federal e os Municípios que assim optarem, visando a delegar as atribuições de fiscaliz1ação, inclusive a de lançamento dos créditos tributários, e de cobrança do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de que trata o inciso VI do art. 153 da Constituição Federal, sem prejuízo da competência supletiva da Secretaria da Receita Federal.

§ 1° Para fins do disposto no caput deste artigo, deverá ser observada a legislação federal de regência do Imposto sobre a Propriedade Ter-ritorial Rural.

§ 2° A opção de que trata o caput deste artigo não poderá implicar redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.

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Art. 2° A Secretaria da Receita Federal baixará ato estabelecendo os requisitos e as condições necessárias à celebração dos convênios de que trata o art. 1° desta Lei.

Assim, a administração do imposto (vale dizer, a fiscalização e a cobrança, não a competência legislativa nem a sujeição ativa) pode ser transferida aos municípios, que passam a receber toda a arrecadação do ITR paga pelos proprietários de imóveis rurais em sua área geográfica.

São requisitos da transferência da atribuição:

• Opção do município;

• Formalização da opção por convênio firmado pelo município e a Secretaria da Receita Federal;

• Manutenção da carga tributária prevista pela legislação federal.

Há outros requisitos regulamentares para a transferência da administração do impos-to relativos à capacidade material do município em desempenhar as atribuições.

É bom lembrar, que a lei menciona delegação de competência em sentido amplo, pois esta não abrange, nem poderia abranger, a função legislativa. O art. 153, § 4°, III, da CF/88, no caso, permite a atribuição das funções de arrecadação e fiscalização.

O art. 7°, do CTN, a seu turno, prevê que “a competência tributária [a legislativa] é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra [...]”

Dessa forma, as disposições da Lei 11.250/05 respeitam tanto a Constituição quanto a norma complementar.

Do outro lado da relação jurídica do ITR, da sujeição passiva, encontram-se o contribuinte e o responsável, disciplinados pelos art. 4° e 5°, da Lei 9.393/96. De ma-neira consentânea com a previsão do fato gerador, dispõe o art. 4°, da Lei 9.696/93 que “contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título”.

Para os imóveis em condomínio, a responsabilidade é solidária, independente da cota parte ou do percentual da participação de cada condômino no bem. O STJ já en-frentou a questão. Vejamos:

TRIBUTÁRIO. ITR. PROPRIEDADE EM CONDOMÍNIO. RESPONSABILIDA-DE SOLIDÁRIA. LEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA DO DÉBITO TRIBUTÁRIO DE QUALQUER DOS CONDÔMINOS.

1. Pertencendo o imóvel a vários proprietários, em condomínio, é legí-tima a exigência do Imposto Territorial Rural – ITR, em sua totalidade, de todos ou de qualquer deles, reservando-se ao que pagou a facul-dade de ressarcir-se dos demais devedores na forma do art. 283 do Código Civil.

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2. Recurso especial improvido.

(STJ; T1; REsp 1.232.344 / PA; Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI; DJe de 16/02/2012)

A regra do art. 124, I, do CTN não permitiria, mesmo, outra interpretação. Leia-se o dispositivo:

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

[...]

Todos os condôminos têm interesse no fato gerador, no caso, a propriedade. Logo a responsabilidade de todos os proprietários é solidária.

O art. 5° da Lei 9.393/96 disciplina os responsáveis do imposto:Art. 5° É responsável pelo crédito tributário o sucessor, a qualquer tí-tulo, nos termos dos arts. 128 a 133 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Sistema Tributário Nacional).

A norma dispõe que o sucessor é responsável, mas não afasta a responsabilidade de terceiros, como a do art. 134, I, do CTN, que obriga os pais ao pagamento do imposto devido pelos filhos menores.

Vejamos o art. 134, do Código:Responsabilidade de Terceiros

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III – os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tri-butos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.

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O domicílio tributário do contribuinte do ITR será o município de localização do imóvel, vedando a eleição de qualquer outro, conforme dispõe o art. 4°, da Lei 9.696/93.

Descabe no ITR, pois, a eleição de domicílio prevista pelo CTN. Sem prejuízo para a norma, pois o art. 127, do Código não cria direito subjetivo para que o contri-buinte eleja seu domicílio em qualquer situação. Ao contrário, estabelece os critérios de definição do domicílio na hipótese de o contribuinte, sendo-lhe facultado elegê-lo, não o fizer.

O contribuinte pode, contudo, nos termos do § 4°, do art. 6°, da Lei 9.393/96, in-formar o endereço onde deseja receber suas intimações.

5. ASPECTO QUANTITATIVO

A lei define o aspecto quantitativo do ITR, nos limites da norma de competência constitucional. Estabelece, também, a progressividade determinada pela Constituição e acrescenta elementos extrafiscais de estímulo ao exercício da função social da propriedade, bem como de proteção do meio ambiente.

A base do cálculo do imposto é o valor fundiário, conforme dispõe o art. 30, do CTN. Significa dizer que a base de cálculo deve se limitar ao valor da terra, excluídas todas as construções, prédios, benfeitorias, plantações etc, que agregam valor ao imóvel.

Para tanto, exclui do valor do imóvel as construções e as benfeitorias bem como di-versas áreas inúteis para a cultura rural ou que apresentem interesse ecológico, com o fim de determinar o valor da terra nua.

A determinação da base de cálculo e da alíquota do imposto encontra-se nos art. 10 e 11, da Lei 9.393/96 e segue o seguinte roteiro:

1° – define-se o valor da terra nua – VTN, com a exclusão de constru-ções, instalações, benfeitorias, culturas, pastagens e florestas plan-tadas;

2° – define-se a área tributável, retirando do valor da terra nua as áreas de preservação permanente, de reserva legal, de interesse eco-lógico, imprestáveis para exploração rural, sujeitas a regime de servi-dão florestal ou ambiental, cobertas por floresta nativa em estágio de regeneração e alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público.

3° – define-se o valor da terra nua tributável – VTNt, que é igual ao VTN vezes o resultado da divisão da Área Tributável pela Área Total:

VTN t = VTN XÁrea Tributável

Área Total

Imaginemos, então, um de imóvel de 10.000 hectares (ha) no valor de R$ 5.000.000,00, com R$ 1.000.000,00 de benfeitorias e com 2.500 ha de área de preser-vação ambiental.

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1) o valor da terra nua será de R$ 4.000.000,00 (R$ 5.000.000,00 – R$ 1.000.000,00)

2) a área tributável será de 7.500 ha (10.000 ha – 2.500 ha da área de preservação ambiental)

3) o valor da terra nua tributável será R$ 3.000.000 (R$ 4.000.000 x 0,75, este obtido da divisão de 750 [área tributável] por 1.000 [área total])

A base de cálculo do imposto será, pois, de R$ 3.000.000.

Para chegar ao valor do imposto devido, é necessário apurar a alíquota progressiva e outros passos são necessários:

1° – define-se a área aproveitável, aquela passível de exploração agrí-cola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, excluídas as áreas com benfeitorias úteis e necessárias, as áreas de preservação permanente, de reserva legal, de interesse ecológico, imprestáveis para exploração rural, sujeitas a servidão florestal ou ambiental, cobertas por florestas em regeneração e alegados para formar reservatório de usinas hidre-létricas autorizadas.

2° – define-se a área efetivamente utilizada, que vem a ser a área do imóvel que no ano anterior tenha sido plantada com produtos ve-getais; servido de pastagem, nativa ou plantada; sido objeto de ex-ploração extrativa; servido para exploração de atividades granjeira e aqüícola; sido o objeto de implantação de projeto técnico, nos termos do art. 7° da Lei n° 8.629, de 25 de fevereiro de 19932.

3° – e finalmente, define-se o Grau de Utilização – GU, a relação per-centual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável.

De volta ao nosso exemplo, se a área aproveitável é de 7.500 ha e a área efetivamente aproveitada é de 6.000 ha, o Grau de Utilização terá sido de 80%.

Para encontrar a alíquota, basta enquadrar na área total do imóvel o grau de utiliza-ção na tabela abaixo:

2 Lei nº 8.629/93; Art. 7º Não será passível de desapropriação, para fins de reforma agrária, o imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto técnico que atenda aos se-guintes requisitos:

I – seja elaborado por profissional legalmente habilitado e identificado; II – esteja cumprindo o cronograma físico-financeiro originalmente previsto, não admitidas pror-

rogações dos prazos; III – preveja que, no mínimo, 80% (oitenta por cento) da área total aproveitável do imóvel seja

efetivamente utilizada em, no máximo, 3 (três) anos para as culturas anuais e 5 (cinco) anos para as culturas permanentes;

IV – haja sido aprovado pelo órgão federal competente, na forma estabelecida em regulamento, no mínimo seis meses antes da comunicação de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 2º.

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Área total do imóvel(em hectares)

GRAU DE UTILIZAÇÃO – GU (EM %)

Maior que80

Maior que65 até 80

Maior que50 até 65

Maior que30 até 50

Até 30

Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00

Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00

Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30

Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70

Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60

Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

No nosso exemplo, a área total é de 10.000 e está na última linha da tabela. O grau de utilização é de 80%, na segunda coluna, o que nos dá a alíquota de 3%.

Para apurar o valor do imposto devido, basta multiplicar o valor da terra nua tributável – VTNt, de R$ 3.000.000 por 3%, que resultará no valor devido de R$ 90.000.

Apenas uma discussão efetivamente jurídica relevante surgiu da aplicação dessas re-gras, acerca da necessidade de registro prévio da área de preservação permanente e da área de reserva legal na matrícula do imóvel, bem como da apresentação do Ato Decla-ratório Ambiental – ADA emitido pelo IBAMA, para fins de aplicação do art. 10, § 1°, II, a, da Lei 9.393/96.

A jurisprudência do STJ caminhava para dispensar tanto o registro da área de preserva-ção permanente e da reserva legal na matrícula do imóvel, quanto a apresentação do Ato Declaratório do IBAMA.

As decisões da Corte baseavam-se no princípio da legalidade, ao fundamento de que a lei não era expressa e a formalidade se encontrava prevista apenas em ato infra-legal e na submissão do imposto ao lançamento por homologação, cabendo, assim, ao contribuinte calcular e declarar o imposto devido e à Fazenda provar a falsidade das informações do contribuinte.

A jurisprudência se alterou sensivelmente, a partir do julgamento do REsp 1.027.051/SC.

Neste julgado, publicado em 17/5/2011, assentou o Tribunal que a interpretação do be-nefício que consiste na exclusão da reserva legal do cálculo da área tributável deve ser aplicada não em favor do Fisco ou do contribuinte, mas do meio ambiente, valor protegido pela nor-ma. Assim, para que possa haver efetiva fiscalização e se impeça a falsificações de reserva legal, o STJ entendeu essencial o registro da reserva na matrícula do imóvel. Dispensou, contudo,

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a prova antecipada do registro, incompatível com o sistema do lançamento por homologação e manteve o entendimento de que a isenção não pode restar condicionada à emissão de ato declaratório por instituição pública, como é o caso do ADA/IBAMA3.

No mais, a base de cálculo e a alíquota não foram objeto de maiores debates no âm-bito do Poder Judiciário.

6. IMUNIDADE E ISENÇÃO

A lei do ITR também reproduz as hipóteses de imunidade previstas pela Constitui-ção e prevê hipóteses de isenção.

São imunes as pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel. Reproduzindo a Constituição, eis o texto do art. 2°, da Lei 9.393/96:

Art. 2° Nos termos do art. 153, § 4°, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a:

I – 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;

II – 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental;

III – 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

Imaginemos, porém, que o agricultor não seja proprietário, mas possuidor de imóvel nos mesmos termos previstos para a imunidade. Ou, ainda, que o proprietário possua dois imóveis, que, somados, tenham área inferior à da pequena gleba rural da região.

Nestes casos, não haverá imunidade, pois a Constituição prevê o benefício para pro-prietários, não para possuidores, que detenham apenas um imóvel, gerando situação injus-ta.

3 1. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que "é desnecessário apresentar o Ato Decla-ratório Ambiental – ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN SRF 67/97)" (AgRg no REsp 1310972/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 5.6.2012, DJe 15.6.2012).

2. Todavia, quando se trata da "área de reserva legal", as Turmas da Primeira Seção assentaram também que é imprescindível a averbação da referida área na matrícula do imóvel para o gozo do benefício isencional vinculado ao ITR. Precedentes: REsp 1027051/SC, Rel. p/ Acórdão Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.5.2011; REsp 1125632/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 20.8.2009, DJe 31.8.2009. (STJ; T2; AgRg no REsp 1.310.871/PR; Min. HUMBERTO MARTINS; DJe de 14/09/2012)

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A Lei 9.393/96 previu, contudo, hipóteses de isenção. Vejamos:Art. 3° São isentos do imposto:

I – o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrá-ria, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamen-to, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos:

a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;

b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites esta-belecidos no artigo anterior;

c) o assentado não possua outro imóvel.

II – o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:

a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;

b) não possua imóvel urbano.

A lei criou, assim, duas hipóteses de isenção, uma para os agricultores que possuam terras compreendidas em programa oficial de reforma agrária, atendidos os requisitos constitucionais da imunidade, ainda que a exploração do imóvel se dê na forma associa-tiva ou cooperativista; e outra para os proprietários de mais de um imóvel rural, também atendidas as demais regras constitucionais da imunidade, desde que a área somada dos imóveis rurais não ultrapasse a área da pequena gleba da região.

As isenções resolveram a injustiça e equacionaram a situação.O art. 3°-A, da Lei 9.393/96, incluído pela Lei 13.043/14 acrescentou nova hipó-

tese de isenção, para imóveis rurais oficialmente reconhecidos como áreas ocupadas por remanescentes de comunidades de quilombos que estejam sob a ocupação direta e sejam explorados individual ou coletivamente pelos membros destas comunidades.

7. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: LANÇAMENTONos termos do art. 10, da Lei 9.393/96, o ITR segue a sistemática do lançamento

por homologação prevista pelo art. 150, do CTN.Dispõe o art. 10, da lei, que “apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo

contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária”. A lei revogou, assim, o sistema de lançamento de ofício previsto pela Lei 8.847/94.

Com o lançamento por homologação, no entendimento do STJ, fixado no julga-mento do REsp 1.120.295/SP, o marco temporal do início do prazo de prescrição não é mais a data de notificação do contribuinte, mas a data do vencimento do tributo ou a data da entrega da declaração, o que ocorrer por último.

Atenção: O art. 149 do CTN autoriza somente a revisão de ofício do lançamento tributário no caso de erro de fato, que não depende de interpretação normativa para sua verificação.No caso de erro de direito, por equívoco na valoração jurídica dos fatos, não será possível a revisão, como por exemplo, modificação dos critérios de cálculo (art. 146 CTN).

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Outro tema que permeia os tributos sujeitos a lançamento por homologação refere--se aos deveres instrumentais do contribuinte, mais especificamente a declaração dos tributos. As declarações constituem, a um tempo, auxílio na apuração do imposto devi-do, meio de administração, fiscalização e controle dos órgãos fazendários e forma de se constituir a obrigação principal.

A lei do ITR prevê duas declarações, o Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR – DIAC e o Documento de Informação e Apuração do ITR – DIAT.

O DIAC é documento instrumental e informativo, utilizado para auxiliar a elabo-ração do DIAT e para a formação do cadastro fazendário do ITR. Por este documento, deve o contribuinte informar à Receita os dados do imóvel, bem como qualquer alteração significativa por ele sofrida. Vamos ler o art. 6°, da Lei 9.393/96:

Art. 6° O contribuinte ou o seu sucessor comunicará ao órgão local da Secretaria da Receita Federal (SRF), por meio do Documento de Infor-mação e Atualização Cadastral do ITR – DIAC, as informações cadas-trais correspondentes a cada imóvel, bem como qualquer alteração ocorrida, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal.

§ 1° É obrigatória, no prazo de sessenta dias, contado de sua ocorrên-cia, a comunicação das seguintes alterações:

I – desmembramento;

II – anexação;

III – transmissão, por alienação da propriedade ou dos direitos a ela inerentes, a qualquer título;

IV – sucessão causa mortis;

V – cessão de direitos;

VI – constituição de reservas ou usufruto.

§ 2° As informações cadastrais integrarão o Cadastro de Imóveis Ru-rais – CAFIR, administrado pela Secretaria da Receita Federal, que poderá, a qualquer tempo, solicitar informações visando à sua atu-alização.

§ 3° Sem prejuízo do disposto no parágrafo único do art. 4°, o contri-buinte poderá indicar no DIAC, somente para fins de intimação, ende-reço diferente daquele constante do domicílio tributário, que valerá para esse efeito até ulterior alteração.

A entrega do documento fora do prazo enseja a aplicação de multa, nos termos do art. 7°, da Lei 9.393/96. Vejamos:

Art. 7° No caso de apresentação espontânea do DIAC fora do prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, será cobrada multa de 1% (um por cento) ao mês ou fração sobre o imposto devido não inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota.

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O DIAC não é documento a ser apresentado rotineiramente, mas somente na aqui-sição do imóvel e no caso das alterações previstas pela lei. O DIAT, contudo, dado seu caráter constitutivo da obrigação principal, deve ser entregue anualmente, salvo nos casos de imóveis isentos ou imunes.

Prevê o art. 8°, da Lei 9.393/96:Art. 8° O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de Informação e Apuração do ITR – DIAT, corres-pondente a cada imóvel, observadas data e condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal.

§ 1° O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua – VTN correspondente ao imóvel.

§ 2° O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1° de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado auto--avaliação da terra nua a preço de mercado.

§ 3° O contribuinte cujo imóvel se enquadre nas hipóteses estabele-cidas nos arts. 2°, 3° e 3°-A fica dispensado da apresentação do DIAT.

A entrega do DIAT fora do prazo também enseja a aplicação de multa. Leia-se:Art. 9° A entrega do DIAT fora do prazo estabelecido sujeitará o contri-buinte à multa de que trata o art. 7°, sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota.

A Lei 12.651/2012 criou também o Cadastro Ambiental Rural – CAR, que pretende servir como cadastro único de imóveis rurais. Leia-se o art. 29, da Lei 12.651/2012:

Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural – CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – SINIMA, re-gistro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações am-bientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

[..]

§ 3° A inscrição no CAR será obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, devendo ser requerida no prazo de 1 (um) ano contado da sua implantação, prorrogável, uma única vez, por igual período por ato do Chefe do Poder Executivo.

Como em todo tributo sujeito ao lançamento por homologação, também pode haver lançamento de ofício, vale dizer, a lavratura de auto de infração, que equivale ao lança-mento do imposto com a aplicação de multas, no caso de infração do contribuinte.

No ITR, haverá o lançamento de ofício nos termos do art. 14, da Lei 9.393/96, no caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT. Vejamos

Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determina-

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ção e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização.

§ 1° As informações sobre preços de terra observarão os critérios es-tabelecidos no art. 12, § 1°, inciso II da Lei n° 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.

§ 2° As multas cobradas em virtude do disposto neste artigo serão aquelas aplicáveis aos demais tributos federais.

Se o contribuinte deixar de entregar somente o DIAC, mas apresentar o DIAT e pagar corretamente o imposto, o lançamento de ofício constituirá apenas multa pelo des-cumprimento da obrigação acessória. Deixando de entregar o DIAT, haverá lançamento de multa pelo descumprimento da obrigação acessória e a multa proporcional ao valor do imposto. Se o imposto não for pago ou for pago a menor, também haverá a cobrança do imposto devido.

8. QUADRO SINÓPTICO

Princípio da Legalidade Deve obedecer

Princípio da anterioridade Deve obedecer

Princípio da anterioridade nonagesimal Deve obedecer

Princípios Constitucionais específicos

Função social da propriedadeProgressividade de forma a desestimular a manutenção de proprieda-des improdutivas

Hipótese de incidência

A propriedade, domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do município

Critério espacial Zona rural do Município

Critério temporal 1° janeiro de cada ano

Critério quantitativo (Base de cálculo e alíquota)

• Base de Cálculo: valor da terra nua• Alíquota: ver tabela

Critério pessoal

• Contribuinte = proprietário, possuidor e detentor do domínio• Responsável = sucessor

Observações

• 50% da arrecadação é repartida com o município onde se encontra a propriedade rural.

• Fiscalização, administração e cobrança do imposto pode ser repassa-da ao município, mediante convênio. Neste casso, 100% da arrecada-ção pertence ao município.

• Lançamento por homologação.

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9. SÚMULAS

Súmula 139 do STJ

Cabe à Procuradoria da Fazenda Nacional propor execução fiscal para cobrança de credito relativo ao ITR.

10. QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

1. (ESAF/AFRF 2002 Prova 1) Relativamente ao Imposto Territorial Rural (ITR), avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a op-ção correta.

( ) Como regra, o ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de refor-ma agrária.

( ) Segundo a interpretação legal, imóvel rural de área inferior a 30 hectares, independentemente do local onde se encontre, é considerada pequena propriedade, imune ao imposto.

( ) O “posseiro” do imóvel é estranho à relação jurídica relativa ao ITR, pois o contribuinte do impos-to é o titular do domínio útil ou o proprietário.

a) V, V, Ve) V, V, Fc) V, F, Fd) F, F, Fe) F, V, F

2. (Procurador Federal 2002) Takano é proprietário da chácara Nihon, onde reside com sua família e tem uma produção média de hortaliças. Seu imóvel situa-se na área rural do município de Utopia.

Acerca dessa situação hipotética, julgue os itens abaixo.a) A obrigação tributária relativa ao imposto territorial rural (ITR) incidente sobre a propriedade da

chácara Nihon pode ser caracterizada como uma obrigação real, porque o ITR é um imposto real, dado que seu fato gerador é a propriedade de um terreno, que é um direito real.

b) Apesar de o ITR ser um tributo federal, cabe a Utopia metade do produto da arrecadação do ITR relativo a imóveis situados no município.

c) A legislação tributária estabelece hipoteca legal dos bens imóveis como forma de garantir o pa-gamento dos créditos tributários que tenham como fato gerador a propriedade desses bens e, portanto, a chácara de Takano pode ser penhorada em processo judicial no qual seja excutido crédito tributário referente a ITR incidente sobre a propriedade desse imóvel.

d) Os lençóis freáticos fazem parte do patrimônio dominical da União e, portanto, apenas a União poderia instituir e cobrar de Takano tributo pela utilização da água do lençol freático localizado abaixo de sua propriedade, sendo que o tributo estabelecido com essa finalidade teria caráter de taxa, mesmo que instituído mediante lei que o chamasse de imposto.

e) Se, devido a mudanças na legislação tributária municipal e estadual, a propriedade da chácara Nihon viesse a se subsumir às hipóteses de incidência tanto do ITR quanto do imposto predial e territorial urbano (IPTU), o Estado não poderia exigir de Takano o pagamento de ambos os tribu-tos, pois, nesse caso, apesar de o ITR e o IPTU terem diferentes bases de cálculo e serem devidos a entes federados diversos, o ordenamento jurídico brasileiro vedaria a bitributação.

3. (Procurador Federal 2002) Carlos é proprietário da chácara Bragança, onde reside com sua famí-lia e tem uma produção média de hortaliças, e seu imóvel situa-se na área rural de determinado município.

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Acerca desse quadro hipotético e considerando que o ITR é um imposto cujo lançamento dá-se por homologação e que a lei não fixa prazo definido para a homologação da declaração dos con-tribuintes desse imposto, em cada um dos itens seguintes é apresentada uma situação hipotética adicional, seguida de uma assertiva, que deverá ser julgada.

a) Carlos propôs a um amigo a venda da chácara Bragança, afirmando que não havia débitos fiscais relativos ao imóvel e mostrando, como prova da inexistência de dívidas tributárias. O compro-vante do pagamento da última parcela do ITR, cujo pagamento havia sido dividido em quatro parcelas. Nesse caso, como no direito tributário, diversamente do que ocorre no direito civil, o pagamento de uma parcela não gera presunção de pagamento das parcelas anteriores. O com-provante de pagamento apresentado por Carlos não é instrumento hábil para provar que ele estava em dia com suas obrigações fiscais.

b) Em fevereiro de 2002, foi editada lei ordinária estabelecendo a impenhorabilidade de imóveis ru-rais com determinadas qualidades, nas quais a chácara Bragança se enquadrava. Nessa situação, nos termos do referido diploma normativo, tal impenhorabilidade não poderia ser arguida em caso de execução judicial de débito tributário, pois regras gerais em matéria tributária somente podem ser estabelecidas mediante lei complementar.

c) Carlos era sujeito passivo de processo de execução fiscal, por meio do qual se cobrava dívida tri-butária derivada do não-pagamento do ITR incidente sobre a propriedade da chácara Bragança. Nesse caso, ele não podia participar de concorrência pública realizada pela União, mesmo que houvessem sido penhorados bens suficientes para garantir o pagamento da dívida.

d) Carlos efetuou a declaração do ITR incidente sobre sua chácara, referente ao exercício de 1995, mas, por erro, digitou de forma equívoca o valor do imóvel, o que o fez calcular o imposto em valor 20% inferior ao devido e, conseqüentemente, o pagamento que fez do imposto foi 1 da declaração e do pagamento, não editou ato homologando a declaração. Nesse caso, ocorrerá homologação tácita da referida declaração de Carlos, o que gerará decadência do direito da União de constituir o crédito tributário relativo ao valor que Carlos deixou de recolher em virtude do erro de cálculo e, conseqüentemente, causará a extinção da obrigação tributária referente a essa quantia.

e) A declaração do ITR apresentada por Carlos continha dados falsos, e o poder público efetuou lançamento de ofício, cobrando a diferença entre o valor devido e a quantia efetivamente paga. Inconformado, Carlos impugnou o lançamento, de ofício, mediante mandado de segurança, que foi julgado improcedente por não haver prova pré-constituída suficiente para a demonstração do direito alegado por Carlos. Nesse caso, a sentença do mandado de segurança faz coisa julgada material e, portanto, ocorre preclusão do direito de Carlos de ingressar com ação declaratória de inexistência de débito tributário.

4. (FCC/Sefaz/SP/AgenteFiscal/2009) Em relação à competência tributária, cabea) à União instituir impostos sobre: I) importação de produtos estrangeiros; II) propriedade territo-

rial rural; III) doação de quaisquer bens e direitos.b) aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I) transmissão causa mortis; II) opera-

ções relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interes-tadual e intermunicipal e de comunicação; III) propriedade de veículos de qualquer natureza.

c) aos Municípios instituir impostos sobre: I) propriedade territorial urbana e rural; II) serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência tributária dos Estados, definidos em lei complementar; III) doação de quaisquer bens e direitos.

d) aos Estados instituir impostos sobre: I) propriedade predial territorial e urbana; II) transmissão “inter vivos” a qualquer título, por ato oneroso ou gratuito de quaisquer bens e direitos; III) ser-viços de qualquer natureza.

e) à União instituir impostos sobre: I) importação de produtos estrangeiros; II) propriedade terri-torial rural; III) os impostos estaduais em território Federal e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais.

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5. (FCC/TJ/AP/Cartórios/2011) Sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), é corre-to afirmar que

a) é de competência municipal, sendo admitida a delegação da capacidade tributária à União.b) para obtenção de incentivos fiscais e de crédito rural é dispensada a comprovação do recolhi-

mento do ITR, salvo no caso de concessão de financiamento ao amparo do PRONAF.c) para atos de registro e averbação no Registro de Imóveis, salvo exceções legais, é necessária a

comprovação do recolhimento do ITR referente aos últimos cinco exercícios.d) os serventuários do registro de imóveis são responsáveis por sucessão no caso de registro de

imóvel rural sem comprovação de recolhimento do ITR no último exercício, somente.e) o domicílio tributário do contribuinte do ITR é por ele eleito quando do ato do envio do Docu-

mento de Informação e Apuração do ITR – DIAT.

6. (FCC/PGE/MT/Procurador/2011) A Constituição Federal fixa regras que limitam o exercício da competência tributária. Dentre elas podem ser citadas as regras da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal. Estas regras não são absolutas, comportando exceções. NÃO se sub-mete às regras da anterioridade anual e nonagesimal, ao mesmo tempo, a majoração de alíquota do imposto sobre

a) produtos industrializados (IPI).b) a renda e proventos de qualquer natureza (IR).c) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF).d) a propriedade territorial rural (ITR).e) circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermu-

nicipal e de comunicação (ICMS).

7. (FCC/TJ/PE/Juiz/2011) A regra da anterioridade, que veda cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, não se aplica

a) aos impostos de importação e exportação.b) ao IR.c) ao ITR.d) às contribuições sociais.e) aos impostos estaduais.

8. (FCC/TJ/PE/Cartórios/Ingresso/2013) A competência tributária:a) é delegável por lei, como no caso do Imposto Territorial Rural – ITR, em que a União pode delegar

a competência para os Municípios que assim optarem.b) não pode deixar de ser exercida, razão pela qual, a União tem obrigação constitucional de insti-

tuir todos os impostos de sua competência.c) é renunciável nos casos expressamente autorizados pela Constituição Federal, como no caso do

Imposto sobre Grandes Fortunas, que era de competência da União.d) é exclusiva em relação a todos os tributos, devendo cada ente se limitar a instituir os tributos

expressamente previstos na Constituição Federal ou em lei.e) é indelegável em qualquer situação, não podendo o ente renunciá-la ou transferi-la a outro ainda

que por lei.

9. (FCC/Sefaz/SP/AgenteFiscal-TI/2013) Em relação à sujeição ativa dos tributos, o:a) ICMS, nas operações com lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, competirá a dois

estados, sendo repartido entre os Estados de origem e de destino.

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b) ICMS, nas operações que destinem mercadorias para exterior, caberá ao Estado de origem da mercadoria, não importando a Unidade da Federação em que se localiza o porto em que foram despachadas.

c) Imposto sobre Doações e Transmissão de bens causa mortis, relativamente aos direitos sobre imóveis, competirá ao Estado de localização do bem, e, relativamente a créditos, competirá ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento.

d) Imposto Territorial Rural competirá ao Município de localização da propriedade e será repartido proporcionalmente quando a propriedade ultrapassar os limites de um único território munici-pal.

e) Imposto sobre Transmissão “inter vivos” competirá ao Estado de localização do bem imóvel, por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis.

10. (FCC/TJ/PE/Cartórios/Remoção/2013) Pelo exercício da atividade notarial e de registro cabe a incidência de Imposto sobre:

a) a Renda – Pessoa Jurídica.b) a Circulação de Mercadorias e Serviços.c) Serviços de Qualquer Natureza.d) a Transmissão de Bens Imóveis.e) a Propriedade Predial e Territorial Urbana e sobre a Propriedade Territorial Rural.

11. (FCC/Sefaz/SP/AgenteFiscal-TI/2013) Possuem competência para instituir o Imposto Sobre Doa-ções e Transmissão causa mortis, Imposto Territorial Rural, Impostos sobre Importações e Impos-tos sobre Serviços de Qualquer Natureza, respectivamente:

a) Estados; Municípios; União; Estados e Distrito Federal.b) Municípios; Estados e Distrito Federal; União; Municípios.c) Estados e Distrito Federal; União; União; Distrito Federal.d) Estados; União; Estados e Distrito Federal; Municípios.e) Estados; Municípios; União; Municípios e Distrito Federal.

Gabarito

Questão Resposta Referência

1 B Tópicos 2, 6 e 4

2A ERRADO Tópico 1

2B CERTO Tópico 4

2C ERRADO Tópico 1

2D ERRADO Matéria fora do ITR

2E CERTO Tópico 3

3A CERTO Parte geral

3B ERRADO Parte geral

3C ERRADO Parte geral

3D ERRADO Parte geral

3E ERRADO Tópico 7 e parte geral

4 E Tópicos 1 e 4

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Gabarito

Questão Resposta Referência

5 C Tópicos 1, 4 e 7 e Direito Civil

6 C Tópicos 1 e 2 (quanto ao ITR)

7 A Tópicos 1 e 2 (quanto ao ITR)

8 E Tópico 4

9 C Tópico 3

10 C Tópico 1

11 C Tópico 4