17 - CONTESTAÇÃO

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A(O) EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 4A VARA CVEL DA COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES, ESTADO DE MINAS GERAIS.

Autos n. 0248348-24.2011.8.13.0105 Requerente: Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais Requeridos: Dilber Porto Amaral Angela Maria Perreira Porto Amaral

DILBER PORTO AMARAL, brasileiro, casado, produtor rural, inscrito no RG n. M2168759-SSP/MG e CPF n. 463.578.746-04 e ANGELA MARIA PEREIRA PORTO AMARAL, brasileira, casada, eletricitria, inscrita no RG n. 331560-SSP/MG, ambos, residentes e domiciliados a Rua Peanha, n. 43, apartamento n. 502-A, Edifcio Ivo de Tassis, Centro, Governador Valadares/MG, por meio de seus procuradores que a esta subscrevem e ao final assinam, Gilberto Hastenreiter Aleixo, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/MG sob o n. 84.934 e Guilherme Moraes de Castro, brasileiro, solteiro, advogado inscrito de forma suplementar na OAB/ES sob o n. 16.174, ambos com endereo profissional a Rua Marechal Floriano, n. 600, sala n. 705, Centro, Governador Valadares/MG, vem presena de Vossa Excelncia, com fulcro nos artigos 5, LV da Constituio Federal de 1988, 297 e 300 do Cdigo de Processo Civil CPC, apresentar CONTESTAO face a Ao Cvil Pblica Ambiental ACP - movida pelo Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais, Promotoria de Justia de Defesa do Meio Ambiente, Habitao, Urbanismo, Patrimnio Histrico e Cultural, j qualificado nos autos epgrafe, ante aos fundamentos de fato e direito a partir de ento expostos.1

I DOS FATOS

A presente Ao Civil Pblica promovida pelo Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais em desfavor dos requeridos, pauta-se em Inqurito Civil Pblico de n. 0105.08.000064-6 onde, de acordo com informaes produzidas por meio de laudo do Instituto Estadual de Florestas IEF - , as reas de Preservao Permanente APPs no estariam inteiramente preservadas com a vegetao natural. Informa o parquet que o laudo a subsidiar o Inqurito encontra-se anexo a inicial, porm, infrutfera qualquer busca no feito para leitura do mesmo, logo, no veio a ser juntado. Com base no laudo do IEF, QUE NI VEIO SER JUNTADO AOS AUTOS, afirma o MP que o imvel rural de propriedade dos requeridos no possui Reserva Legal delimitada sendo, portanto, descumpridores de obrigao legal e lesando, juntamente a ausncia da APP, permanentemente o meio ambiente natural, alm de contrariar preceitos constitucionais e infraconstitucionais. Lista tais preceitos como a proteo do meio ambiente trazida em nossa Carta Magna Ptria de 1988, no artigo 225; nas premissas trazidas pela Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente PNMA Lei Federal n. 6.938/1981; no Cdigo Florestal, Lei Federal n. 4.771/1965; na Lei da Poltica Agrcola, Lei Federal n. 8.171/1991; na Lei Estadual n. 14.309/2002, que dispe sobres a poltica florestal e a proteo da biodiversidade; dentre outras disposies conceituais doutrinarias. Ao final requer designao de audincia de conciliao; registro da citao na matrcula imobiliria dos imveis de propriedade dos requeridos; oitiva de testemunhas arroladas, PORM, NO ARROLA TESTEMUNHA ALGUMA; definio da localizao geogrfica do imvel rural; informao quanto a existncia da rea de Reserva Legal; descrever a situao das reas de preservao permanente, Condenao dos requeridos - e NO RUS, por estarmos e um processo de cunho cvel a protocolar no IEF pedido de regularizao de Reserva Legal; a no suprimir florestas ou outras formas de vegetao, e etc; a recuperar o meio ambiente, dentre outros pedidos acessrios aos principais ora listados. Junta a inicial, to somente, cpia de portaria que instaura o Inqurito Civil Pblico; cpia da matrcula imobiliria n. 33695; cpia de Termo de Audincia2

nos autos do ICP onde foi apresentada proposta de Termo de Ajustamento de Conduta; cpia de despacho ministerial nos autos do ICP, cuja alnea f) traz o seguinte:[...]f) Matrcula n. 33695 (rea de 23,43,01 hectares), pertencente a Dilber Porto Amaral. O proprietrio ouviu proposta de termo de ajustamento de conduta, mas no compareceu audincia de continuao, demonstrando no ter interesse a celebrao do ajuste (fls. 77 e 83/84) [...]

O listado no pargrafo anterior so as provas documentais que o MP junta a inicial para embasar as alegaes a fundamentar a ACP em desfavor dos requeridos, porm, as alegaes fticas operadas na presente ao no se do da forma explanada pelo MP e, como ser demostrado a partir de ento a ttulo de impugnao dos fatos para aclarear este douto juzo o norte para resoluo do feito. Primeiramente nos cumpre esclarecer que os requeridos so

proprietrios de dois imveis rurais, um matriculado sob o n. 6.219 e o outro sob o n. 33695, ambos, registrados no Cartrio de 2o Ofcio da Comarca de Governador Valadares/MG. O imvel matriculado sob o n. 6.219 foi adquirido em 17 de agosto de 2005, tendo como rea total 52,57.50 ha, conforme R-17-6.219, cuja averbao da rea de Reserva Legal esta adstrita na Averbao de n. AV-13-6.219, muito anteriormente a qualquer investida ministerial. J o imvel matriculado sob o n. 33695, cuja rea total de 23,43.01 ha, foi adquirido em 29 de janeiro de 2009, conforme Escritura Pblica de Compra e Venda entre Edson Mrcio de Oliveira e os requeridos. Tais imveis so lindeiros e, na prtica, geridos como se uma s propriedade rural fosse, situao existente em todo o todo o territrio brasileiro e que no implica maiores deturpaes no campo da juridicidade quando da ocorrncia de situaes, como a presente, haja vista as alternativas legais postas em nosso ordenamento jurdico ptrio, dentre tais, o Instituto da Compensao da Reserva Legal, a ser oportunamente tratado. A geografia dos imveis, no divergindo da grande realidade das reas do leste de Minas Gerais, acidentada, composta em sua grande maioria de morros que no ultrapassam a declividade de 45o e de parte significativa de plancie onde encontram-se instalados curral, casas destinadas a servios, sede e etc. A vegetao existente nas propriedades dos requeridos esta em estgio avanado de regenerao, o

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que no imputa dizer que a mesma fora objeto de explorao ulterior, e sim objeto de uso do homem, que, por si s, implica em atropizao das reas alterando o estado natural das coisas (silogismo esse enfrentado na sociologia como o curso natural do desenvolvimento e avano da sociedade sobre a natureza). Ocorre que, Douto Magistrado, na realidade, ou seja, na prtica, mesmo no havendo a averbao da delimitao da rea de Reserva Legal, existe vegetao mais que o suficiente para atender o comando normativo constitucional e o infraconstitucional (Cdigo Florestal), que sero oportunamente combatidos nesta pea de defesa, no havendo danos diretos ao meio ambiente natural, como afirma o parquet na presente ACP embasada em laudo tcnico desconhecido. De outro mote, o ICP no correu nos moldes noticiados na inicial pois, na nica audincia realizada na sede da Promotoria de Justia de Governador Valadares foi sem a presena do promotor de justia, tendo um servidor do rgo ministerial informado o motivo de tal Audincia, requerido que os presentes tomassem leitura da extensa proposta de TAC apresentada e caso no concordassem, no haveria problema algum. Mesmo tendo disposio contrria na pea contida as fls. 08/09 dos autos, firmamos tal posicionamento para demonstrar que o MP sequer buscou tomar providncias de carter informativo para nortear os ento investigados a promover o saneamento das supostas irregularidades ambientais adstritas em suas propriedades, pugnando pelo oferecimento de um TAC LEONINO, onde sequer resta demonstrado existirem as irregularidades a permitir um acordamento de prazos e multas que mais se adequa a um Ajustamento Unilateral, a uma imposio ministerial, fugindo aos permissivos e objetivos de tal instrumento hbil a promover em tempo til, a proteo ambiental e a segurana jurdica daqueles que se submetem ao pacto. Sobre outro prisma, Nobre Julgador, as obrigaes contidas nas normas de carter florestal, no afastando do regramento constitucional de nossa Carta Magna Ptria de 1988, sendo cedio em vrios casos, no buscam a proteo desmedida do meio ambiente a olhos cegos, colocando em cheque o desenvolvimento econmico imputando um srio confronto entre os conceitos formadores do Princpio Constitucional do Desenvolvimento Sustentvel de observao obrigatria ao se buscar a tutela judicial ou administrativa ambiental.

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Tal embate vem restando ntido a toda a sociedade em um dos debates mais aclamados no pais, qual seja, a reviso do Cdigo Florestal por meio de projeto de lei em curso no Senado e que vem provocando uma srie de contraposies entre ruralistas e ambientalistas. A preocupao maior reside em permitir o uso das propriedade rurais, com respeito ao meio ambiente e a explorao econmica. Por todo o alegado na Inicial desta ACP, necessrio veicular que em 24 de fevereiro de 2011, os requerentes protocolizaram perante o IEF, Regional de Governador Valadares/MG, sob o protocolo de n. 04050000214/11, requerimento para Regularizao da rea de Reserva Legal, cujo Termo de Responsabilidade/Compromisso de Averbao e Preservao de Reserva Legal foi obtido em 21 de outubro do corrente ano sendo protocolizado no Cartrio de 2o Ofcio Registro Imobilirio , na mesma data, para averbao na Matrcula Imobiliria e atendimento ao preconizado no Codex das normas protetivas das florestas brasileiras. Assim, resta pelos fatos colacionados que os imveis dos requeridos atendem a legislao ambiental, respeitando os espaos territoriais especialmente protegidos nos termos do inciso III do artigo 225 da Constituio Federal de 1988, no sendo reais os fatos arrolados pelo MP/MG nesta ACP.

II DA TEMPESTIVIDADE DA CONTESTAO

Conforme se depreende da certido de juntada do mandado de citao da requerida, Sra. Angela Maria Pereira Porto Amaral, em 10 de outubro de 2011 fls. 19 -, e a juntada de Instrumento de Procurao e Substabelecimento em 13 de outubro e, consoante dispositivos do Cdigo de Processo Civil CPC -, o inciso III do artigo 241, artigo 297, o prazo de 15 (dias) esgotar-se-a em 25 de outubro. Neste diapaso basta verificarmos a data de juntada aos autos do mandado de citao com o prescrito nos artigos do CPC, acima citados, para concluir que a presente pea encontra-se tempestiva, podendo ter sua anlise na forma e moldes a surtir seus legais e jurdicos efeitos.

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III PRELIMINARMENTE

a) Da Inpcia da Petio Inicial Conforme comando normativo do CPC no art. 301, passamos, aps vencidas a questes fticas, as preliminares que eivam de vcios a ACP proposta pelo MP/MG, onde demonstraremos a este douto juzo que a inicial inepta ao trazer alegaes sem fundamentao probatria que deixam a ao sem consistncia jurdica ao passo de uma situao divergente daquela descrita pelo requerente. Petio Inpta aquela que possui um defeito que a torna confusa, contraditria e no apta, em qualquer caso, a produzir efeitos. Trazendo ao cabo do CPC, petio inepta aquela em que no se observa os artigos 282 e 283 quando de seu fazimento. Por fora do art. 284 do CPC, onde demonstra que em estando a petio inepta dever o juiz determinar ao autor que a emende e, no caso em tela, no houve tal constatao pelo magistrado(a), que desapercebido passou pela necessidade de prova quanto ao fundamento principal da ACP, qual seja, a existncia de desrespeito ao Cdigo Florestal rea de Reserva Legal e a APP conforme laudo do IEF que no veio a ser juntado aos autos como informado na inicial fls. 02 -. Disposto no inciso n. VI do art. 282 do CPC, o autor dever indicar e demonstrar as provas com as quais pretende comprovar a veracidade dos fatos alegados o que, repisando, na presente ACP no houve pois as alegaes do MP pautam-se em mera informao de que ante a instruo de um Inqurito Civil Pblico constatou-se inexistir a Reserva Legal e APP na propriedade dos requeridos. Nos autos somente encontra-se, dentre as fls. 08/13, peas administrativas extradas do ICP n. 0105.08.000064-6 e, o que nos chama ateno, a inexistncia de qualquer informao tcnica a instruir a investigao ministerial para subsidiar o deslinde do inqurito. certo pela doutrina ambiental que a prova processual dever ser acompanhada de laudo tcnico, at pela prpria natureza jurdica do conceito de meio ambiente exacerbado no inciso I da PNMA Lei Federal n. 6.938/81 demonstrando a multidisciplinariedade da questo ambiental, logo, somente com argumentao terica,

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no se permite chegar a realidade dos fatos para se obter um provimento judicial que resguarde o bem da vida, neste caso, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Ademais, a igualdade disposta no inciso I do art. 5o da Constituio Federal de 1988 deve tanger o processo civil ambiental pois tratamos de regras processuais de direito civil a tutelar um direito transindividual de natureza homognea por meio da Lei da Ao Pblica Lei Federal n. 7.347 de 1985 -. Nas linhas de Princpios do Direito Processual Ambiental, 2a ed, 2007, Saraiva, So Paulo, pg. 65, Celso Antnio Pacheco Fiorillo, ao tratar sobre o contedo jurdico do Princpio da Isonomia no Direito Ambiental Brasileiro, dispe em nota de rodap de n. 42, que [...] O art. 125, I, do CPC, aplicvel subsidiariamente ao direito processual ambiental, estabelece que o juiz dirigir o processo conforme as disposies do CPC, competindo-lhe assegurar s partes igualdade tratamento [...]. Fiorillo tido como doutrinador voltado a conjugao eficaz do princpio da livre iniciativa e dos princpios gerais da ordem econmica, propicia a necessria igualdade entre partes nos processos ambientais j, Marcelo Abelha Rodrigues favorvel a uma corrente voltada ao sopesamento do princpio do desenvolvimento sustentvel em detrimento do desenvolvimento econmico na proteo Ambiental. Marcelo Abelha, em Processo Civil Ambiental, 2008, Revista dos Tribunais, So Paulo, pg. 132, vem nos mostrar ao tratar da prova no processo civil ambiental, especificamente nas perspectivas sobre as regras de distribuio, o seguinte:[...] A prova deve ser vista, sim, como algo intrnseco, necessrio e indisponvel ordem jurdica justa. H estreita e, diramos, umbilical ligao entra prova e a coisa julgada como instrumento de pacificao social. Se a coisa julgada instrumento poltico da busca dessa paz e harmonia, certo tambm que a prova o elemento ou instrumento idneo para que a coisa julgada d, efetivamente, justia. [...]

Portanto, claro fica que a prova, no s no processo civil ambiental e sim, no processo civil como um todo, carter essencial para a valia das aes perante a justia, como resta consignado nas citaes anteriores de doutrinadores de correntes divergentes mas, que posicionam-se paritariamente ao tratar da matria provas. Neste espeque, que demonstramos que a inpcia da inicial do parquet reside na ausncia de provas, mesmo sabendo que no caso em especfico poder haver dilao probatria com percias e etc, mas como o MP/MG afirma seu posicionamento

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sobre um laudo do IEF que at ento desconhecido, no podemos aceitar tal desiderato frente a regra processual dos artigos n. 300, 282 e 283 do CPC. Ademais, cumpre informar at de modo a sustentar a presente arguio em sede de preliminar, que os requeridos j encontram-se em fase de regularizao das reas de proteo especial consignadas na Constituio e na Legislao Infraconstitucional, como se percebe na documentao anexa, em que o IEF j expediu o Termo de Responsabilidade/Compromisso de Averbao e Preservao de Reserva Legal em que fica consignada a existncia de vegetao in loco suficiente a cumprir o percentual mnimo de 20 % (vinte por cento) sobre a rea total da propriedade (subentendido das matrculas, dos imveis), gravada como rea de Reserva Legal ou, Reserva Florestal Legal, como visto na doutrina. Nestes termos, requeremos seja acatada a presente preliminar de Inpcia da Petio Inicial ante ao no atendimento do art. 283 e inciso VI do 282, ambos, do CPC.

b) Da Carncia de Ao 1 Falta de Interesse Processual Tendo em vista que a Carncia de Ao a conseqente falta de qualquer uma das condies para o efetivo exerccio do direito de ao, quais sejam, legitimidade das partes, interesse processual e possibilidade jurdica do pedido, entendemos que a presente demanda no dever prosperar quanto aos requeridos pelos motivos a seguir expostos. cedio na doutrina e jurisprudncia majoritria que ausente qualquer uma das condies da ao o processo ser extinto sem a resoluo do mrito nos termos do artigo 267, VI do CPC. No caso em espeque o que se demonstrar justamente a ausncia de uma das condies da ao cuja argio obrigatoriamente deva ser em preliminar. A ausncia da condio a qual referimos o interesse de agir que, alm de ser condio essencial a formao da ao permite que o Estado exera a jurisdio, a tutela jurisdicional a satisfazer o alegado pela parte propositora de determinadas aes, no caso o MP/MG sobre queles que no prestaram conduta de modo espontneo como requer o Estado Democrtico de Direito apregoado em nossa Carta

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Magna Ptria de 1988. O interesse de agir, largamente insculpido na doutrina processualista acertada, deve ser objeto de estudo em todas as aes a permitir que a relao processual instaurada obtenha os fins almejados quando do uso do processo para obter a tutela em determinada situao contrria aos comandos normativas existentes. Em Teoria Geral do Processo, Antonio Carlos Arajo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cndido Rangel Dinamarco, 19a ed, Malheiros, So Paulo, pg. 259, expem de forma clara e objetiva que o interesse de agir:[...] assenta-se na premissa de que, tendo embora o Estado o interesse no exerccio da jurisdio (funo indispensvel para manter a paz e a ordem na sociedade), no lhe convm acionar o aparato judicirio sem que dessa atividade se possa extrair algum resultado til. preciso, pois, sob esse prisma, que, em cada caso concreto, a prestao solicitada seja necessria e adequada. Repousa na necessidade da tutela jurisdicional na impossibilidade de obter a satisfao do alegado direito sem a intercesso do Estado [...]

O que resta evidenciado na citao acima de que a adequao e a necessidade de se obter uma tutela jurisdicional no impliquem na impossibilidade de se obter um provimento jurisdicional til, como no caso em tela onde os requeridos encontram-se de acordo com a legislao florestal que impe limitaes administrativas na propriedade rural para fins de atender a funo socioambiental da mesma. Chiovenda e Carnelutti nos deixaram a Filosofia do Direito Processual Civil, e do processo em sentido lato sensu, de onde retiramos que o processo civil opera para combater a lide, a injustia, o germe da discrdia. Tido como um dos grande nomes da filosofia processual moderna, William Couto Gonalves, em Uma Introduo Filosofia do Direito Processual Estudos sobre a Jurisdio e o Processo Fundamentado uma Compreenso Histrica, Ontolgica e Teleolgica -, Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2005, pg. 88, nos traz o seguinte pensamento a respeito das Condies da Ao:[...] Surgem as condies da ao: possibilidade jurdica do pedido, interesse (utilidade, necessidade, adequao) e legitimidade. Na sua teoria sobressai o princpio da inadmissibilidade das demandas inviveis que tem, ao fundo, o propsito deliberado das demandas inviveis que tem, as instituies, o Estado, de esforo intil, V-se, assim, contextualizada a ao como um direito cvico fundamental que se extrata das Constituies Contemporneas [...]

A falta de interesse processual dever ser preenchida sempre, no

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somente por ser um pressuposto processual, por ser condio da ao e sim, para deixar claro ao Estado/Juiz que o provimento jurisdicional buscado por meio da ao, do processo ter utilidade no campo prtico. No basta demonstrar que o bem da vida buscado por meio do processo objeto de litgio (no sentido gnero), dever da parte que se socorre do poder jurisdicional do Estado, demonstrar no campo prtico, qual a utilidade pretenso. Note que na presente ACP, o MP/MG arraiga fatos sem a consistncia probatria necessria ausncia de laudo tcnico a demonstrar a irregularidade frente a legislao ambiental e contraria ao que h na prtica pois, os requerentes tem a rea de reserva legal in loco e em procedimento de averbao no competente cartrio de registro de imveis, conforme documentao anexa a presente Contestao. E neste iter, corrobora com a linha de raciocnio ora acertada, o entendimento de Luiz Rodrigues Wanbier, Flvio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamini em Curso Avanado de Processo Civil, v. 1, 8 ed, Revista dos Tribunais, So Paulo, 2006, pg. 130.131, seno vejamos:[...] O interesse processual esta presente sempre que a parte tenha a necessidade de exercer o direito de ao (e, consequentemente, instaurar o processo) para alcanar o resultado que pretende, relativamente sua pretenso e, ainda mais, sempre que aquilo que se pede no processo (pedido) seja til sob o aspecto prtico [...] nasce portando, da necessidade da tutela jurisdicional do Estado, invocada pelo meio adequado, que determinar o resultado til pretendido, do ponto de vista processual. importante esclarecer que a presena do interesse processual no determina a procedncia do pedido, mas viabiliza a apreciao do mrito, permitindo que o resultado seja til [...]

de sua

Note, nclito Julgador, que o legislador processual ptrio, ao estipular no inciso VI do art. 267 do CPC que o processo ser extinto sem resoluo do mrito quando no restarem presentes qualquer das condies da ao, buscou impedir que o judicirio fosse entupido de causas cujos provimentos no surtissem efeito algum na prtica, que as decises, sejam declaratrias, constitutivas ou condenatrias, no importassem alterao prtica no seio do litgio, em tese, dirimido. Novamente voltamos a demonstrar: No ter efeito algum qualquer provimento jurisdicional advindo da presente ACP pois, como j demonstrado anteriormente e nos documentos que instruem a presente pea, os requeridos cumprem o contido no Cdigo Florestal!

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Assim, no h o que se falar em preenchimento da condio da ao interesse de agir. Para restar claro e evidente a presente preliminar e no deixar dvidas quanto sua existncia, oportunizando segurana quando do julgamento da presente ACP, vlido colacionarmos nesta, os ensinamentos de Marcelo Abelha Rodrigues em Manual de Direito Processual Civil, 4 ed, Revista dos Tribunais, So Paulo, 2008, pg. 140/141:[...] Quando propomos uma demanda de ndole processual porque temos uma necessidade concreta (resultante da insatisfao ou resistncia a uma pretenso) e porque julgamos que essa necessidade s pode ser satisfeita com um provimento jurisdicional [...] Analisando a situao concreta trazida demanda (e aqui tambm o direito material) o Estado-juiz verifica, em juzo sucessivo: a) se h realmente a necessidade concreta de tutela apontada pelo demandado; b) se o provimento reclamado (bem processualprovimento solicitado) seria realmente apto ou adequado para debelar aquela necessidade. Portanto, havendo juzo negativo em uma dessas situaes (falta necessidade ou falta adequao), o Estado entende inexistir o interesse, justamente porque intil seria o provimento solicitado [...]

De todo o transcrito, resta-nos que o impossibilidade jurdica da demanda verificada num plano abstrato e a falta de interesse de agir, num plano concreto, pela anlise dos dados do conflito de interesses em relao a ele. De outrossim, o provimento solicitado pelo MP/MG e o processo ou o procedimento utilizado, qual seja, a ACP, embora possveis, no so ou sero teis ao requerente porque absolutamente inadequados aos olhos do Estado que no tem os meios necessrios a embasar uma deciso condenatria a obrigar o cumprimento de uma obrigao j satisfeita, pois, os requeridos encontram-se regulares frente as disposies do Cdigo Florestal como comprovado pela documentao anexa. Portanto no poderia ser diferente a presente preliminar em que protestamos pela declarao de carncia de ao art. 301, XX e art. 267, VI do CPC na presente Ao Civil Pblica Ambiental em que busca provimento judicial a obrigar os requeridos ao cumprimento de uma obrigao normativa j satisfeita pois existe, nos imveis dos mesmos, vegetao suficiente a atender o instituto da Reserva Legal, estando, somente em vias de averbao, o Termo de Compromisso expedido pelo IEF. III DO MRITO

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a) Do Direito Ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado Disposto no art. n. 225 da Constituio Federal de 1998 esta o Direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, cuja defesa, em texto contnuo no caput do artigo 225 da CF/88, compete a coletividade e ao poder pblico. Neste sentido, alm dos artigos 127, 129, III da CF/88 e da Lei Federal n. 8.625/93, que temos a legitimidade ativa do Ministrio Pblico Estadual para buscar por meios de instrumentos existentes na legislao Constitucional e infraconstitucional ptria, a defesa ao direito coletivo ao meio ambiente. Pois bem, deixando momentaneamente de lado a questo processual que envolve a legitimidade do MP/MG, o fito do presente tpico deixar claro que o Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente equilibrado no se d somente por meio de remdios processuais a instar os poluidores (conceito do inciso IV do art. 3 o da PNMA, Lei Federal n. 6.938/81) a cumprir com suas obrigaes perante o Estado Democrtico de Direito. Via regra, todos os cidados que assinaram o pacto social constitucional devem cumprir espontaneamente seus deveres e tendo nessa via de mo dupla o respeito a seus direito. No caso em regra, ao aplicarmos o raciocnio corroborado ao direito constitucional ao meio ambiente, estendido na obrigao dos proprietrios de imveis rurais a manterem 20 % (vinte por cento) de sua rea total como reserva legal (art. 16, III ou IV da Le Federal n. 4.771/65 Cdigo Florestal), veremos que os requeridos prontamente cumpriram com sua obrigao ao promover a compensao da rea de reserva legal de um de seus imveis que compem a propriedade destinando rea a maior a volumetria necessria a atender tal instituto. Pois bem, a conduta dos requeridos em regularizar as reas de uso limitado para explorao econmica foi no mesmo sentido de prover o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ao buscarem a regularizao ambiental de sua propriedade rural, acordando explicitamente com as Teorias antropocntrica e Ecocntrica onde na primeira temos o ser humano como destinatrio do direito ambiental e na segunda temos o homem como parte, ou seja, a vida em todas as suas formas como destinatria do direito ambiental.

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O direito ao meio ambiente direito este de natureza transindividual, direito difuso, direito coletivo arraigado em nossa Carta Magna Ptria de 1988 cuja espcie espaos territoriais especialmente protegidos (inciso III do art. 225 da CF/88) acabou por recepcionar o contido no Cdigo Florestal, lei esta do ano 1965 com significativas alteraes na dcada de 90, respeitado pelos requeridos nas formas e moldes necessrios e devidamente comprovados defesa. O Termo de Compromisso de Averbao da Reserva Legal expedido pelo IEF vem atender ao disposto no 4o do art. 16 do Cdigo Florestal, bem como, do artigo 7o; 14, 4o; 16, 2o e 17, 2o da Lei Estadual n. 14.309 de 2002 (dispe sobre a Poltica Florestal e a Proteo a Biodiversidade) e ao disposto no Decreto Estadual n. 43.710 de 2004 ( regulamente a Lei Estadual n. 14.309/02) nos artigos n. 7o; 16 e 19, IV. Portanto, resta claro e evidente que os requeridos cientes de suas obrigaes no s como proprietrios rurais mas, como cidados, respeitam o Direito a Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado ao preservao as reas inseridas em sua propriedade rural a ttulo de Reserva Florestal Legal e APP, como demonstrado pelo IEF no documentos que instrui a Presente. na documentao que instrui a

b)

Do Instituto da Reserva Legal no Direito Ambiental Brasileiro Criada pela Lei Federal n. 4.771 de 1965, tida como o novo Cdigo

Florestal, por ter a poca revogado o Decreto Federal n. 23.793 de 1934, trouxe em seu artigo 16 o seguinte:[...] Art. 16. As florestas de domnio privado, no sujeitas ao regime de utilizao e ressalvadas as de preservao permanente, previstas nos artigos 2o e 3o desta lei, so suscetveis e explorao, obedecidas as seguintes restries: [...]

A poca, o legislador Infraconstitucional federal no deu a nomenclatura hoje existente de Reserva Legal, porm, pelas caractersticas funcionais e objetivas de tais vegetaes no divergirem da mesma funo ambiental da reserva legal, tal figura jurdica j comea a ser assim observada. Quando em o legislador, ao promover adequaes ao ento Novo Cdigo

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Florestal, editou a Lei Federal n. 7.803 de 1989 que inseriu o seguinte pargrafo no artigo 16 da Lei Federal 4.771/65, notemos:[...] 2o A reserva legal, assim entendida a rea de, no mnimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde permitido o corte raso, dever margem da inscrio da matrcula do imvel, no registro de imveis competente, sendo vedada, a alterao de sua destinao, nos casos de transmisso, a qualquer ttulo, ou de desmembramento da rea. [...]

Assim, a partir de 1989 que passou a existir no mbito normativo brasileiro a figura propriamente dita da Reserva Florestal Legal cuja conceituao ainda era feita por meio da conjugao dos servios ambientais por esta prestados. Mas, desde ento podemos partilhar a conceituao de Reserva Florestal Legal ou Reserva Legal trazida por Lus Paulo Srivinskas em Manual de Direito Ambiental, 8 ed, Saraiva, So Paulo, 2010, pg 560/561, vejamos:[...] Reserva florestal legal a preservao de parte de uma rea maior de determinada propriedade particular com o objetivo da preservao da vegetao ali existente [...] V-se, pois, que a reserva florestal legal incide somente sobre a propriedade privada [...] A reserva florestal legal uma limitao ao direito de propriedade consistente em preservar um dos elementos essenciais ao meio ambiente, que a flora (art. 225, caput, da CF) [...]

Ponto importante na evoluo legislativa do Cdigo Florestal foi a Medida Provisria n. 2.166-67 de 2001 que inseriu no bojo normativo do Cdigo, o regramento a respeito da Reserva Legal que hoje encontra-se vigente cuja alterao vem sendo debatida no Congresso Nacional. Com o advento da MP 2.166-67, passamos a ter no inciso III do 2o do artigo 1o a Conceituao de Reserva Legal posta, do seguinte modo:[...] III - Reserva Legal: rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservao permanente, necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo de fauna e flora nativas. [...]

Juntamente com a insero de tal comando, veio uma nova redao ao artigo 16, transformando-o da seguinte forma:[...] Art. 16. As florestas e outras formas de vegetao nativa, ressalvadas as situadas em rea de preservao permanente, assim como aquelas no sujeitas ao regime de utilizao limitada ou objeto de legislao especfica, so suscetveis de supresso, desde que sejam mantidas, a ttulo de reserva

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legal, no mnimo: [...]

Neste caminho adotado pelo Cdigo Florestal, optou o legislador por seguir o caminho da preservao j adotado na grande maioria da legislao brasileira que tutelava o meio ambiente a ante ao processo de transformao ao qual a conscientizao mundial passava e influenciava o pas, referindo ento aos movimentos internacionais destacados como a Conveno de Estocolmo, na Sucia, em 1972 e a Eco 92, no Rio de Janeiro. Paulo Affonso Leme Machado ao trabalhar a matria em Direito Ambiental Brasileiro, 16 ed, Malheiros, So Paulo, 2008, pg 757/758, exps com maestria o alado pelo Cdigo Florestal pois foi direito ao ponto ao dizer que:[...] A Reserva Florestal Legal tem sua razo de ser na virtude da prudncia, que deve conduzir o Brasil a ter um estoque vegetal para conservar a biodiversidade [...] deve ser adequada trplice funo da propriedade: econmica, social e ambiental [...] decorre de normas legais que limitam o direito de propriedade, da mesma forma que as florestas e demais formas de vegetao[...] espao territorialmente protegido na acepo do art. 225, 1o, III da CF [...]

Assim, criou-se no Direito Brasileiro, a figura da Reserva Legal ou Reserva Florestal Legal como tratado pela Doutrina, de grande relevncia na preservao ambiental e que passou a demonstrar, significativamente os meios de conter o avano desenfreado do homem sobre a natureza. No Estado de Minas Gerais, temos a Lei Estadual n. 14.309 de 2002 que veio dispor sobre a Poltica Florestal e Proteo biodiversidade no Estado, trazendo em seu artigo 14, a conceituao de Reserva Legal nos seguinte termos:[...] Art. 14 Considera-se reserva legal a rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, ressalvada a de preservao permanente, representativa do ambiente natural da regio e necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo da fauna e flora nativas, equivalente a, no mnimo, 20% (vinte por cento) da rea total da propriedade. []

Algumas diferenas so observadas no bojo do caput porm, dentro da competncia concorrente da Unio, Estados e Distrito Federal, nos termos do Art. 24, caput e inciso VI da CF/88, vindo, por meio de Decreto Estadual de n. 43.710 de 2004, ser regulamentado no artigo 16 tendo o seguinte texto:[...] Art. 16 - Considera-se reserva legal a rea localizada no interior de uma

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propriedade ou posse rural, de utilizao limitada, ressalvada a de preservao permanente, representativa do ambiente natural da regio e necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo da fauna e flora nativas, equivalente a, no mnimo, 20% (vinte por cento) da rea total da propriedade. [...]

A competncia para aprovao da Localizao da Reserva Legal do rgo ambiental estadual, conforme 4o do artigo 16 do Cdigo Florestal e, no Estado de Minas Gerais, considerando o exarado pelo artigo 7o da Lei Estadual n. 14.309 de 2002 e no artigo 7o do Decreto Estadual n. 14.309 de 2004. Em linhas gerais, o Cdigo Florestal criou a figura da Reserva Legal como sendo obrigatria a todos os imveis rurais do pas, estando posta pelo Estado de Minas Gerais por meio das normas ora citadas e que devem ser respeitas por todos aqueles que se submetem a condio de proprietrio rural, no sendo diferente aos requeridos que, proprietrios de dois imveis rurais mas, divergente do alegado faticamente pelo MP/MG, cumprem com dita obrigao.

1 Da Existncia de reas In Loco para Atendimento e Delimitao da Reserva Legal Como j demonstrado anteriormente e nos documentos que instruem a presente contestao, os requeridos possuem dois imveis rurais lindeiros que so gerados como se um s propriedade fosse. Imveis estes matriculado sob o n. 6219 e 33605, ambos no Cartrio imobilirio do 2o Ofcio da Comarca de Governador Valadares. Somadas as reas dos imveis, teremos uma rea medindo 76,00 ha (setenta e seis hectares). Considerando que a Reserva Florestal Legal dever ser no percentual mnimo de 20% (vinte por cento) sobre a rea total, chegaremos a concluso que imvel rural de propriedade dos requeridos dever ter a ttulo de reserva legal uma rea de 15,2.00 (quinze, dois hectares). Observando no mapa anexo, e que instruiu o processo administrativo n. 04050000214/11 de requerimento de regularizao/compensao de Reserva Legal perante o IEF, os requeridos possuem rea florestada de aproximadamente 23,00.00 ha (vinte e trs hectares), satisfazendo in totum as obrigaes descritas na Legislao ambiental no que tange a Reserva Legal.16

Ademais, o procedimento de compensao de Reserva Legal previsto no inciso III do art. 44 da Lei Federal n. 4.771/65 Cdigo Florestal -, na Lei Estadual n. 14.309/2002, 4o do artigo 14 e 4o, inciso IV do artigo 17 e, no Decreto Estadual n. 43.710 de 2004, no inciso IV do artigo 19. De outrossim, os requeridos so cumpridores da Reserva Florestal Legal tendo, inclusive, rea alm do necessrio para atender a funo ambiental das florestas no ordenamento e meio ambiente brasileiro, no restando razo ou motivo alguma demanda objetivada por meio da presente ACP onde o MP/MG se respalda em motivos e arrazoadas divergentes da situao prtica ora existente.

c) Das reas de Preservao Permanente no Direito Brasileiro Os princpios histricos das reas de Preservao Permanente, comumente denominadas de APPs, tem praticamente a mesma evoluo legislativa que a Reserva Legal, sendo criadas no ordenamento jurdico brasileiro com o advento do novo Cdigo Florestal, Lei Federal n. 4.771 de 1965. Disposto nos artigos 2o e 3o do Cdigo Florestal, o conceito de APPs se d, da seguinte forma:[...] Art. 2 Consideram-se de preservao permanente, pelo s efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetao natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima ser 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'gua de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'gua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'gua que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'gua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'gua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'gua", qualquer que seja a sua situao topogrfica, num raio mnimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja

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a vegetao. Pargrafo nico. No caso de reas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos permetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, em todo o territrio abrangido, obervar-se- o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princpios e limites a que se refere este artigo. Art. 3 Consideram-se, ainda, de preservao permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Pblico, as florestas e demais formas de vegetao natural destinadas: a) a atenuar a eroso das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do territrio nacional a critrio das autoridades militares; e) a proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico ou histrico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaados de extino; g) a manter o ambiente necessrio vida das populaes silvcolas; h) a assegurar condies de bem-estar pblico. [...]

Mesmo sendo extenso o conceito de APPS, podemos extrair que sua natureza jurdica decorre de sua prpria qualidade ao prestar o servio ambiental que resta consignado nas alneas e incisos do Cdigo Florestal pois tem um papel grandioso na proteo das florestas e do recursos hdricos. Em Direito Ambiental Constitucional, Jos Afonso da Silva, 7 ed, Malheiros, 2009, So Paulo, pg. 174, aborda o tema APP da nos termos a seguir:[...] A natureza jurdica das reas de preservao permanente no se simples restrio imposta pelo Poder Pblico, mas decorre de sua prpria situao, de sua prpria qualificao natural. So restries portanto conaturais existncia da floresta nas condies indicadas [...]

Notrio no entendimento do Mestre Jos Afonso que a funo ambiental que o legislador buscou definir no diploma in comento foi para aumentar a proteo dos ecossistemas mais frgeis e dependentes das florestas para ter seu funcionamento de maneira ecologicamente correta. Neste ponto vem a corroborar para o entendimento do tema, as notrias palavras de dis Milar em Direito do Ambiente, Gesto Ambiental em Foco, 5 ed, 2007, Revista dos Tribunais, So Paulo, pg 690/691 onde deixa em linguagem clara a funo ecolgica das APPs.[...] com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas. Nesta linha, os arts. 2o e 3o do Cdigo Florestal trata das florestas e demais formas de vegetao que no podem ser removidas, tendo em vista a sua localizao e a sua funo ecolgica. Assim, a vegetao localizada ao longo dos cursos de gua, nas encostas, nas restingas, ao redor de lagos e lagoas, ao longo das rodovias, entre outras, conforme discriminao

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constante desses artigos, dada sua importncia ambiental, considerada de preservao permanente. [...]

Usando da competncia constitucional concorrente, o Estado de Minas Gerais, tambm buscou conceituar as APPs no artigo 10 da Lei Estadual n. 14.309/02, vindo regulament-la no artigo 10 do Decreto Estadual n. 43.710/04. Notemos assim, que nos mesmos moldes da Reserva Legal, as APPs surgiram no ordenamento jurdico brasileiro para dar proteo efetiva de parte da vegetao natural que anteriormente a promulgao de tais normas, sujeitavam-se a explorao por completo, deixando um grande prejuzo ambiental nos locais onde a ocupao se deu de forma rpida e densificada. Vlido aqui informarmos quanto a existncia da Resoluo CONAMA n. 303 de 2002, que dispe sobre os parmetros, definies e limites das APPs e que devem ser respeitada no moldes da competncia normativa descrita no artigo 8 o da Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente PNMA -, Lei Federal n. 6.938/81. As APPs existentes nas reas dos requeridos, encontram-se ocupadas nos moldes da legislao vigente, ou seja, dentro da dogmtica permissiva da legislaoo ambiental, conforme veremos a diante.

1 Da Interveno Mnima na rea de Preservao Permanente Existente nos Imveis dos Requeridos. Nos imveis dos requeridos existe somente parte que resguarda ligao com a necessidade de APP, onde existe um pequeno curso dgua. A ocupao do imvel d-se exclusivamente para lazer aos finais de semana e para o exerccio de atividade de agropecuria para consumo prprio, sem qualquer vnculo a atividade lucrativa ou comercial. A interveno nas reas de APPs matria regulamentada por meio das leis que a instituem e por meio das Resolues CONAMA as quais veremos em tpico oportuno. O Estado de minas gerais, ao mesmo tempo que caracteriza as APPs na Lei Estadual n. 14.309/02, as descreve como reas produtivas com restrio de uso (art. 8o, I) e diz que dever haver respeito a ocupao antrpica consolidada por meio de atividade agrosilvopastoril (art. 11, 1).19

De mesma forma, o Decreto Estadual n. 43.710/04, que veio regulamentar a Lei Estadual 14/309/02, trouxe no bojo no artigo 11, os mesmos termos rezados na lei, permitindo sobremaneira a ocupao das APPs quando houver consolidao. A ocupao da APP nos imveis dos requeridos, que somente se d no mbito da poligonal do imvel matriculado sobre o n. 33695 de forma mnima, onde em meio a vegetao em estado de regenerao, serve como extenso mnima de pastagem para um pequeno nmero de animais criados na propriedade. O que se assemelha em muito as atividades de agricultura familiar. Portanto Excelncia, quando o requerente alega na inicial que existe (de acordo com laudo do IEF no juntado aos autos) degradao na APP na propriedade dos requeridos, assim faz sem que tenha qualquer conhecimento de causa ou informao vlida a sustentar tal acusao.

2 Da Resoluo CONAMA n. 425 de 2010 Interveno na APP. A Resoluo CONAMA n 425 de 2010, que dispe sobre os casos em que pode haver a interveno nas APPs por atividades agrosilvopastoris, conforme art. 1o traz em seu artigo 3o, o seguinte regramento:[...] Art. 3o Para efeitos desta Resoluo considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentados de projetos de reforma agrria, aqueles que praticam atividades no meio rural, atendendo ao disposto no art. 3o da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006. [...]

Por sua vez, a Lei Federal n. 11.236/2006, que estabelece as diretrizes para a formulao da Poltica Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, remete ao preenchimento de requisitos, conforme o texto seguinte:[...] Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - no detenha, a qualquer ttulo, rea maior do que 4 (quatro) mdulos fiscais; II - utilize predominantemente mo-de-obra da prpria famlia nas atividades econmicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mnimo da renda familiar originada de atividades econmicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua famlia. [...]

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O mdulo fiscal, no Municpio de Governador Valadares, conforme Instruo Normativa Especial do INCRA n. 20 de 1980 de 70 hectares, logo, considerando a rea total dos imveis dos requeridos, veremos que o mesmo se adequa ao inciso I. Na propriedade dos requeridos, a mo de obra da famlia, ante ao pequeno nmero de afazeres existentes, uma vez que a mesma para o subsdio de parte da renda dos requeridos, tendo somente um funcionrio para complementar os trabalhos, satisfazendo assim os incisos II e III da norma em referncia e, notoriamente, a propriedade rural dos requeridos gerida por eles, conforme requer o inciso IV do artigo 3o da Lei Federal 11.236/2006. Portanto, encontram-se preenchidos todos os requisitos para que os requerentes faam jus ao uso da rea de APP, sendo de impacto e interveno mnima no havendo assim maiores razes para prosperar a demanda do MP/MG

2.1) Da Funo Social da Propriedade Rural frente a Constituio Federal De acordo com a Constituio Federal, a Funo Social da Propriedade Rural cumprida quando atende simultaneamente o aproveitamento racional e adequado; a utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente; observncia das disposies que regulamentam as relaes de trabalho e/ explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores Art. 186, incisos I a IV da CF/88 -. Portanto, propriedade que cumpre a funo social, ressalvados os outros critrios do art. 186 da CF/88, aquela que utiliza adequadamente dos recursos naturais disponveis, respeitando o meio ambiente, ou seja, observado todo o regramento jurdico ambiental existente em nosso Estado Democrtico de Direito que tutela o meio ambiente. Como j percebido nas linhas desta pea contestatria, os requeridos preservam a Reserva Legal nos moldes da legislao federal e estadual, bem como a rea de APP, conforme documentao e plantas anexas, podendo, nesta ltima fazer uso de forma limitada. Assim, no h que se falar na manuteno das alegaes do MP na presente

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Ao Civil Pblica Ambiental.

2.2) - Da Limitao Administrativa A Limitao Administrativa, Instituto de Direito Administrativo, visto pela sociedade como um empecilho ao exerccio da propriedade mas, como observou Pontes de Miranda em Comentrios Constituio de 1967 com a Emenda n. 1 de 1962, 2 Edio Revista dos Tribunais, So Paulo,1969, p. 397[...] a propriedade tem passado, desde o terceiro decnio do sculo, por transformao profunda, qual ainda no se habituaram os juristas propensos s a consulta ao Cdigo Civil, em se tratando de direito de propriedade [...]

George Louis Hage Humbert, em Direito Urbanstico e Funo Socioambiental da Propriedade Imvel Urbana, Editora Frum, 2009, Belo Horizonte, p. 93, assim dips sobre a matria:[...] No direito brasileiro, ou a propriedade pblica ou privada, mvel ou imvel etc. Jamais uma funo. Isso o que o ordenamento prescreve e deve ser respeitado, sob pena de violao a lei [...]

Ou seja, as normas a que todos estamos acostumados, servem de base para a regulao entre particulares o que, determinou em muito a evoluo dos conceitos relativos a tal instituto jurdico, ainda mais com o advento das novas discusses sobre os direito difusos e coletivos onde se fixou a funo social da propriedade como princpio constitucional na Constituio Ptria de 1988, j dito anteriormente. em normas de Direito Administrativo que se define a limitao. Como norma de Direito Pblico ato derivado do poder de polcia de restrio ao domnio privado com base na supremacia do interesse pblico como ressaltado por Gustav Radbruch quando discorreu sobre Filosofia do Direito, 6 edio, Traduzido por L. Cabral de Moncada, Coimbra, 1979, p. 18, notemos:[...] a propriedade no tem apenas um lado positivo, o do gozo das coisas; tem tambm um lado negativo, o da excluso de todos os demais desse gozo [...].

Nas premissas acima levantadas, logicamente somadas a outras de maior complexidade e grau de escoamento do tema, que se formaram os conceitos da limitao a garantia constitucional fundamental do direito de propriedade (inciso XXII do art. 5 da CF/88).

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Assim, entende-se por limitao administrativa no somente normas gerais e abstratas dirigidas a propriedade individualmente identificadas com a finalidade de satisfazer interesses coletivos abstratos e sim, nos termos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro em Direito Administrativo, 22 edio, Atlas, So Paulo, 2009 pgs. 130/131 como:[...] limitaes administrativas, no mais das vezes corresponde a uma obrigao de no fazer[...] propriedade, porque a afetam em um de seus traos fundamentais o seu carter de direito absoluto concebido como poder de usar e desfrutar da coisa da maneira que melhor lhe aprouver a seu titular[...]na limitao administrativa, a obrigao de no fazer imposta em benefcio do interesse pblico genrico, abstratamente[...].

E continua por assim dizer que:[...] a propriedade no afetada na sua exclusividade, mas no seu carter de direito absoluto, pois o proprietrio no reparte, com terceiros, os seus poderes sobre a coisa, mas, ao contrrio, pode desfrutar de todos eles, da maneira que lhe convenha, at onde no esbarre com bices opostos pelo poder pblico em prol do interesse coletivo[...]

Fechando seu raciocnio onde busca deixar um entendimento claro a respeito deste instituto do Direito Administrativo, Di Piiettro, conceitua as limitaes administrativas como:[...] medidas de carter geral, previstas em lei com fundamento no poder de polcia do Estado, gerando para os proprietrios obrigaes positivas ou negativas, com o fim de condicionar o exerccio do direito de propriedade ao bem estar social [...]

Com o fito de demonstrar que o gravame imposto sobre a propriedade imvel dos requeridos pelo Cdigo Florestal e pela Legislao Estadual ao legislar em seu mbito de competncia constitucional, acabou por limitar o usos dos imveis, o que vem sendo respeitado, de modo a corroborar para o atendimento da funo social da propriedade rural.

d)

Da Desnessecidade de Registro das Citaes nas Matrculas dos Imveis Em um de seus muitos e dbios pedidos, requer o MP/MG seja determinado,

com fulcro no art. 167, I, alnea 21 do art. 167 da Lei de Registros Pblicos Lei Federal n. 6/015/1973 e no 3o do artigo 42 do CPC, o que, no merece prosperar conforme demonstraremos. A alnea 21 do inciso I do artigo 167 da Lei de Registros Pblicos dispes que no Registro de imveis, alm da matrcula imobiliria sero feitos os registros da

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citaes de aes reais ou pessoais reipersecutrias, relativas a imveis. J o artigo 42 do CPC, no 3o ao tratar das Substituio das partes e dos procuradores remete que as sentena proferida entre as partes originrias estender seus efeitos ao adquirente ou cessionrio. Sabendo que a Reserva Legal e a APP so obrigaes propter rem, que perseguem seu objeto, so prprias da coisa porm, ante a comprovao nestes autos de que os requeridos promovem o respeito a tais regras de natureza ambiental e axiologicamente de natureza imobiliria, haja vista a limitao administrativa imposta ao uso dos imveis, no se faz necessrio que este douto juzo busque compelir os requeridos com um gravame na matrcula imobiliria dos imveis. Isto baseia-se pela j existncia de averbao na matrcula 6.219 quanto a existncia de rea de reserva legal, quanto pelo procedimento cartorrio em andamento da averbao do Termo de Responsabilidade/Compromisso de Averbao e Preservao de Reserva Legal expedido pelo IEF onde, ser feita a compensao da Reserva Florestal da matrcula n. 33.695 no imvel de matrcula 6.219, conforme previso legal j largamente explanada na presente pea. Portanto, imprprio o requerimento do MP/MG uma vez que j se encontra, nas matrculas dos imveis dos requeridos, o gravame necessrio a fazer se perpetuar a Reserva Legal e a APP. Ademais, inexiste qualquer mandamento legal ou fundamento que assim o torne, de que as APPs devero esta averbadas na matrcula imobiliria, logo, impertinente, inoportuno e descabido o requerimento do MP/MG onde busca gravar no registro de imveis anotao de termos imprprios ao que resguardam os registros pblicos.

e)

Da Desnessecidade de Percia frente a Manifestao do IEF Requer, ainda, o MP/MG, a produo de Percia nos moldes do art. n. 276

do CPC para atendimento dos seguintes quesitos: 1 Definir a Localizao Geogrfica, cartogrfica e confrontaes do imvel rural; 2 Informar se pelo menos 20% da rea do imvel tem cobertura arbrea24

ou vegetao que atenda as exigncias do art. 16 do Cdigo Florestal; 3 Descrever as APPs; 4 Esclarecer se as intervenes nas APP e Reserva Legal acarreta o impedimento ou dificuldade na regenerao natural; 5 Descrever os danos causados pelos requeridos nos termos do inciso II do art. 3o da Lei da Poltica Nacional do Meio Ambiente. Pois bem, em que pesem os quesitos bem formulados do MP/MG, todos, podem ser respondidos e comprovados pelos documentos que instruem a presente defesa para descaracterizar a necessidade de percia nestes autos o que poder imputar uma demora significativa ao curso do mesmo e ir contrrio ao preceito maior de proteo que requer o meio ambiente natural. Requer o MP/MG que seja, ao se determinar a percia, o que no se faz cabido, apresentado a localizao do imvel geogrfica e cartograficamente alm das confrontaes, o que fazemos desde ento. A Localizao geogrfica do imvel encontra-se no Memorial Descritivo Georreferenciado feito por profissional competente, juntamente com Anotao de Responsabilidade Tcnica ART conforme anexos, juntamente com a planta de situao e localizao a definir geograficamente os imveis, bem como, a indicar os confrontantes. No que tange a informao quanto a existncia de vegetao que atenda o percentual mnimo de 20% sobre a rea total dos imveis, como j demonstrado em tpico anterior, na rea dos requeridos no somente h os 20%, como rea a mais para satisfazer a proteo ambiental disposta no artigo 16 do Cdigo Florestal, no existindo qualquer interveno ou explorao no local. A APP existente nos imveis dos requeridos, como j amplamente debatido em tpico oportuno na presente pea processual de defesa se d em pequena proporo e se submete ao regime da Resoluo CONAMA 425 de 2010, logo, deixa por terra a necessidade de percia para sua caracterizao. Tendo a Reserva Legal, conforme fotos anexas, formada em estado avanado de Regenerao, cujas caractersticas naturais somente podero desaparecer em caso de supresso de vegetao, e a APP submetida a um regime diferenciado de

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uso, como j combatido nesta defesa, no h o que se falar em ser necessrio uma percia para descrever se h explorao nas mesmas, consequentemente no havendo qualquer impedimento para sua regenerao natural. Por fim, requer o MP/MG que sejam descritos os danos existentes na APP e na Reserva Legal o que, inoportuno se aventa vez no haver degradao da qualidade ambiental por alteraes adversas das caractersticas do meio ambiente onde existe rea de Reserva Legal e APP nos moldes legais. Por tudo o que se v, no somente nas argumentaes fticas e tericas e sim, nas provas que instruem os autos onde resta demonstrado por meio das fotos, plantas, imagens de satlites, documentos do IEF e etc, os requeridos so cumpridores das imposies da legislao ambiental, atendendo a funo social da propriedade rural e respeitando o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

IV DOS REQUERIMENTOS

Ante ao todo exposto s nos resta requerer o que se segue:a)

Recebimento da presente Contestao para surtir seus jurdicos e legais efeitos

nestes autos de Ao Civil Pblica Ambiental;b)

Acolhimento das Preliminares Inpcia da Petio Inicial e de Carncia de Ao

por falta de Interesse Processual julgamento o processo nos termos do artigo n. 267, I do CPC, determinando sua extino sem resoluo do mrito e consequentemente determinando seu arquivamento;c)

Caso no seja o entendimento deste Douto Juzo, o requerido anteriormente, e o

mesmo adentre no mrito da questo, requeremos sejam julgados improcedentes os pedidos do Ministrio Pblico de Minas Gerais ante a comprovao quanto a existncia e respeito pelos requeridos da rea de Reserva Legal e APP nos moldes do Cdigo Florestal e da Legislao Estadual de Regncia, determinando a extino da presente Ao Civil Pblica Ambiental com resoluo do Mrito e consequentemente determinando seu arquivamento.d)

Requeremos seja deferidos o benefcios da Assistncia Judiciria Gratuita nos

termos da Lei Federal n. 1.060 de 1950, artigo 4o;26

e)

Protestamos provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,

especialmente o documental, pericial, e testemunhal sem prejuzo dos demais necessrios a correta soluo do feito;

Nestes Termos, Pede e Espera Deferimento.

Governador Valadares/MG, 24 de outubro de 2011.

Gilberto Hastenreiter Aleixo Advogado OAB/MG 84.934

Guilherme Moraes de Castro Advogado OAB/ES 16.174

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