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ProjetoTecnologias para construo habitacional mais sustentvelProjeto Finep 2386/04
So Paulo2007
HabitaomaisSustentvel
Documento
Levantamento do estado da arte:Energia solar
2.3documento
Autores
Racine Tadeu Arajo Prado, Dr.
Laerte Bernardes Arruda, Dr.
Airton Menezes de Barros Filho
Vanessa Montoro Taborianski, Msc.
Cristina Yukari Kawakita
Larissa Oliveira Arantes
ProjetoTecnologias para construo habitacional mais sustentvelProjeto Finep 2386/04
So Paulo2007
Habitao Sustentvelmais
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Documento 2.3
Levantamento do estado da arte:Energia solar
ProjetoTecnologias para construo habitacional mais sustentvelProjeto Finep 2386/04
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Instituies executoras
Instituies parceiras
SINDUSCON
Coordenao Prof. Dr. Vanderley M. John
POLI / USP Escola Politcnica da Universidade de So Paulo
Pesquisadores Prof. Dr. Alex K. Abiko Msc. Clarice Menezes Degani Prof. Dr. Francisco F. Cardoso Prof. Dr. Orestes M. Gonalves Prof. Dr. Racine T. A. Prado Prof. Dr. Ubiraci E. L. de Souza Prof. Dr. Vahan Agopyan Prof. Dr. Vanderley M. John
Bolsistas Airton Meneses de Barros Filho Cristina Yukari Kawakita Daniel Pinho de Oliveira Davidson Figueiredo Deana Jos Antnio R. de Lima Msc. Vanessa M. Taborianski Viviane Miranda Arajo
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
Pesquisadores Prof. Dra. Marina S. O. Ilha Prof. Dra. Vanessa Gomes da Silva
Bolsistas Erica Arizono Las Ywashima Marcia Barreto Ibiapina
UFG Universidade Federal de Gois
Pesquisadora Prof. Dra. Lcia Helena de Oliveira
Bolsista Ricardo Prado Abreu Reis
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
Pesquisador Prof. Dr. Roberto Lamberts
Bolsista Maria Andrea Triana
UFU Universidade Federal de Uberlndia
Pesquisador Prof. Dr. Laerte Bernardes Arruda
Bolsista Gabriela Salum
Msc.
Larissa Oliveira Arantes
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Sumrio
1. Introduo ............................................................................................................ 6
2. Conceitos fundamentais ........................................................................................ 8
2.1 Solarimetria ...................................................................................................... 8
2.1.1 O Sol .......................................................................................................... 8
2.1.2 Constante solar ......................................................................................... 10
2.1.3 Variao da radiao extraterrestre ............................................................. 10
2.1.4 Radiao e comprimento de onda .............................................................. 10
2.1.5 Instrumentao ........................................................................................ 11
2.1.6 Disponibilidade de radiao solar no Brasil ................................................. 14
2.2 O Sistema de aquecimento solar de gua em habitaes .................................... 16
2.2.1 Coletor solar ............................................................................................. 16
2.2.2 Reservatrio de gua quente ...................................................................... 18
2.2.3 Componentes ........................................................................................... 19
2.2.4 Tipos de sistemas ..................................................................................... 19
2.3 Anlise do desempenho de sistemas de aquecimento solar de gua ................... 22
2.3.1 Orientao da radiao solar incidente em uma superfcie ........................... 22
2.3.2 Estimativa da radiao solar ...................................................................... 24
2.3.3 Avaliao da energia solar til e da energia utilizvel ..................................... 25
2.3.4 Eficincia do sistema ................................................................................. 27
2.3.5 Frao solar .............................................................................................. 27
2.3.6 Fator de carga utilizvel .............................................................................. 28
2.3.7 Coletor solar ............................................................................................. 28
2.3.8 Reservatrio de gua quente ...................................................................... 33
2.3.9 Estratificao trmica nos reservatrios de gua quente .............................. 34
2.3.10 Perdas trmicas nos reservatrios de gua quente .................................... 40
2.3.11 Perdas nas tubulaes ............................................................................ 48
3. Caracterizao e anlise crtica das prticas existentes no mercado nacional ........... 52
3.1 Ducha solar .................................................................................................... 52
3.2 Aquecedor compacto ...................................................................................... 52
3.3 Chuveiro solar ................................................................................................ 52
3.4 Aquecedor em base nica de sustentao ........................................................ 52
3.5 Aquecedor solar PV ......................................................................................... 52
3.6 Aquecedor solar super compacto ..................................................................... 53
3.7 Aquecedor solar integrado ............................................................................... 53
3.8 Manta solar .................................................................................................... 53
3.9 Aquecedor solar compacto ecolgico .............................................................. 53
4. Metodologias de avaliao ................................................................................... 54
5. Consideraes finais ........................................................................................... 56
Referncias bibliogrficas ....................................................................................... 57
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Levantamento do estado da arte: Energia solar
Racine Tadeu Arajo Prado, Laerte Bernardes Arruda, Airton Menezes de Barros Filho,
Vanessa Montoro Taborianski, Cristina Yukari Kawakita, Larissa Oliveira Arantes
1. Introduo
Uma das alternativas para diminuir o consumo de energia eltrica para aquecimento de gua, que
como citado acima, um dos grandes responsveis pelo alto consumo, ser popularizar o uso da
energia solar para o aquecimento de gua. O mercado mundial de aquecedores solares comeou a
crescer a partir da dcada de 70, mas expandiu significativamente durante a dcada de 90 e como
resultado deste crescimento, houve um aumento substancial de aplicaes, da qualidade e modelos
disponveis (ASSOCIAO BRASILEIRA DE REFRIGERAO, AR CONDICIONADO, VENTILAO E
AQUECIMENTO ABRAVA). Sem levar em conta o Brasil, os principais pases que empregam a
tecnologia de aquecimento solar so Israel, Grcia, ustria, Austrlia, Turquia, Estados Unidos,
Japo, Dinamarca, Alemanha, etc. So no total 26 pases ao todo que representam aproximadamente
50% da populao global e cerca de 90% do mercado de aquecimento solar mundial (ABRAVA). A
rea coletora instalada acumulada nestes 26 pases, segundo estudo feito pela IEA - Agncia
Internacional de Energia, era de aproximadamente 100 milhes de metros quadrados no ano de
2001.
Ainda segundo a ABRAVA, dos 100 milhes de metros quadrados instalados at 2001:
? 27,7 milhes de metros quadrados eram relativos a coletores abertos feitos de material de base 1polimrica (EPDM , polipropileno, etc.) destinados principalmente para aquecimento de piscinas;
? 71,3 milhes de metros quadrados eram relativos a coletores planos e coletores de tubos de vcuo
para aquecimento de gua e de ambientes;
? 1,6 milhes de metros quadrados era relativo a coletores de ar, destinados principalmente
secagem de produtos agrcolas.
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Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
1 EPDM - Poli (Etileno - Propilleno - Dieno) - Excelente resistncia a condies climticas e capacidade de suportar grande quantidade de carga.
Segundo Eletrobrs (BRASIL, 2004), no ano de 2004, o consumo de energia eltrica
no setor residencial foi de 78,5 TWh, crescendo 3,0% em relao ao consumo de
2003 e atendendo a cerca de 46,8 milhes de consumidores. O setor residencial
responde por 24% do consumo total de energia eltrica no pas e, dentro deste setor,
tem-se uma participao mdia de 26% do consumo total atribudo ao aquecimento
de gua, segundo a PROCEL (BRASIL, 2005). Portanto, conclui-se facilmente que
apenas o aquecimento de gua para banho em residncias brasileiras responsvel
por mais de 6,0% de todo o consumo nacional de energia eltrica.
O indicador utilizado para comparar a evoluo dos mercados a rea instalada per capita dada em 2m (metros quadrados) por mil habitantes.
Se considerarmos a rea de coletores fechados e de tubos de vcuo instalada per capita (para cada
mil habitantes) nos diversos pases, Israel, Grcia e ustria so lderes absolutos com 508, 264 e
203 m instalados para cada mil habitantes. Podemos destacar tambm os mercados da Turquia,
Japo, Austrlia, Dinamarca e Alemanha com reas instaladas para cada mil habitantes entre 118 e
45 m (ABRAVA).
No cenrio brasileiro, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de incentivo ao uso de
energias renovveis complementares atual gerao hidreltrica. Busca-se, dessa forma, garantir
nveis de fornecimento de energia eltrica necessrios ao crescimento populacional e universaliza-
o dos servios de energia, ao crescimento econmico e gerao de novos postos de trabalho,
com menor impacto ambiental possvel. A energia solar trmica tem-se mostrado no apenas como
soluo tcnica e economicamente vivel para os problemas de reduo do consumo de energia
eltrica no setor residencial brasileiro e de modulao da curva de carga das concessionrias de
energia, como tambm age sob a forma de mecanismo de desenvolvimento limpo para a nao.
No caso do aquecimento solar de gua em substituio aos chuveiros eltricos, deve-se ressaltar
ainda que, embora no ocorra gerao de energia em seu sentido mais restrito, a retirada dos
aquecedores eltricos instantneos (chuveiros eltricos) e a correspondente reduo de sua
participao no horrio de pico de demanda das concessionrias de energia eltrica do pas, pode
ser interpretada como uma intensa e constante gerao virtual de energia eltrica. Finalmente, vale
lembrar que o Brasil se encontra em uma regio entre trpicos e prximo linha do equador
privilegiando-se dos elevados ndices solarimtricos que so determinantes para o crescente
aproveitamento do aquecimento solar.
O aquecimento solar no Brasil comeou a ser desenvolvido comercialmente na dcada de 70, mas
somente a partir dos anos 90 que o mercado obteve taxas de crescimento elevadas, principalmente
devido implantao do PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem coordenado pelo INMETRO.
A Tabela 1 mostra a evoluo do mercado de aquecimento solar no Brasil desde 1985.
Estima-se que pelo menos 80% da rea coletora solar instalada no Brasil seja destinada ao
aquecimento de gua para residncias unifamiliares; 8% sejam destinadas para instalaes
residenciais multifamiliares (edifcios). Uma pequena e crescente parcela destinada ao aqueci-
mento de piscinas e para o setor tercirio, principalmente hotis, motis, hospitais, creches e
escolas. O setor industrial ainda muito incipiente e participa com menos de 1% da rea coletora
instalada, mas com o desenvolvimento tecnolgico crescente, o aquecimento solar para gerao de
calor de processos industriais tende a evoluir bastante nos prximos anos.
Ano 1985 1990 1995 2000 2001 2004
Novos Instalados (m) 24.800 36.000 72.000 260.000 480.000 389.000
Em operao (m) 145.000 307.000 553.800 1.356.800 1.836.800 2.859.600
Evoluo do Aquecimento Solar no BrasilTabela 1 Evoluo do mercado de aquecimento solar de gua no Brasil. (ABRAVA).
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Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Ainda segundo a ABRAVA, a rea acumulada instalada de coletores solares no Brasil totalizou no ano
de 2003 aproximadamente 2,5 milhes de metros quadrados. Para o Brasil isto representa:
? Deslocamento de demanda de mais de 1200 MW no horrio de ponta;
? O pas j economizou o investimento equivalente construo de 4 usinas de Trs Marias;
? O equivalente a gerao anual de energia de pelo menos 1700 GWh.
Portanto, dadas as condies propcias do pas ao aproveitamento de energia solar, o aquecimento
de gua por termoacumulao atravs do aproveitamento desta fonte renovvel ocorreu de forma
mais ou menos espontnea, sem grandes iniciativas governamentais centralizadas. Como a busca
pela sustentabilidade ambiental dos edifcios tornou-se inexorvel, o aquecimento solar de gua se
mostra como uma das medidas mais viveis tcnica e economicamente no setor residencial e
adequado para receber maiores incentivos.
2. Conceitos fundamentais
Este captulo dividido em duas partes, sendo a primeira referente a conceitos fundamentais sobre
radiao solar e a segunda aborda os sistemas de aquecimento solar de gua.
2.1 Solarimetria
o ramo da meteorologia que se dedica a medio de parmetros relativos radiao
solar. Esses parmetros, tais como nmero de horas de sol em um dia, insolao (n de
horas de sol), radiao direta e radiao difusa, radiao global e em casos mais
especficos a radiao em determinados comprimentos de onda, so usados em
diversas aplicaes de diferentes reas do conhecimento (TIBA et al., 2000).
Em particular, para o uso da energia solar para aquecimento de gua, esses parmetros so
fundamentais, pois possibilitam estimar, com preciso satisfatria, a quantidade de energia
recebida e assim, dimensionar as instalaes e equipamentos envolvidos no processo, como os
coletores solares e o reservatrio de gua quente, dentre outros.
2.1.1 O Sol
Composio qumica principal (No)
Elemento Porcentagem (%)
Hidrognio 91,20
Hlio 8,70
Oxignio 0,078
Carbono 0,043
Tabela 2 O Sol composio qumica principal. (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2005).
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Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Segundo Duffie e Beckman (1991, p. 3), o sol uma esfera de matria gasosa (Tabela 2) intensa-9 11 mente quente com um dimetro de 1,39 x 10 m e est, em mdia, a 1,5 x 10 m da Terra. A
6 6temperatura nas regies internas centrais estimada de 8 x 10 a 40 x 10 K e a densidade estimada
em ser cerca de 100 vezes a da gua.
No ncleo do sol acontece a gerao de energia atravs de reaes termonucleares.
De acordo com Duffie e Beckman (1991, p. 4):
a energia produzida no interior da esfera solar a temperaturas de muitos milhes de graus
deve ser transferida para a superfcie e depois ser irradiada para o espao. Uma sucesso de
processos radioativos e convectivos ocorrem com sucessiva emisso, absoro e re-
irradiao; a radiao no ncleo do sol est na parte de raios-X e gama do espectro, com os
comprimentos de onda da radiao aumentando enquanto as temperaturas caem em
distncias radiais maiores.
As principais regies do sol so:
A fotosfera a camada externa da zona convectiva. Ela tem a aparncia de uma superfcie cheia de
grnulos, como ilustra a Figura 2. Este fenmeno chamado de granulao fotosfrica. Os grnulos
tm dimenses de 1000 a 3000 km e tempo de vida de alguns minutos. Segundo Duffie e Beckman
(1991), a fotosfera a fonte da maior parte da radiao solar.
Segundo Oliveira Filho e Saraiva (2005), a cromosfera a camada da atmosfera solar logo acima
da fotosfera. Ela tem cor avermelhada e visvel durante os eclipses solares, logo antes e aps a
totalidade. De acordo com Duffie e Beckman (1991,
p. 5), esta uma camada gasosa com temperaturas
maiores do que a fotosfera mas de densidade mais
baixa.
Ainda acima da cromosfera se encontra a coroa, uma
regio de baixa densidade e alta temperatura que
tambm visvel durante os eclipses totais, como
ilustrado pela Figura 3.
Figura 1 Principais regies do sol. (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2005).
Figura 2 Granulao fotosfrica. (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2005).
2Figura 3 Eclipse Solar. (CARLOS , 1991, apud OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2005).
2 CARLOS, W. The Wendy Carlos Total Solar Eclipse Page. Disponvel em: http://www.wendycarlos.com/eclipse.html. Acesso em: 20 abr. 2006.
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Levantamento do estado da arte: Energia Solar
2.1.2 Constante solar
a radiao emitida pelo sol e sua relao espacial com a Terra resulta em uma intensidade
quase fixa de radiao solar fora da atmosfera terrestre. A constante solar, G , a energia do SC
Sol, por unidade de tempo, recebida em uma unidade de rea perpendicular direo de
propagao da radiao, em uma distncia Terra-Sol mdia, fora da atmosfera. O World 2Radiation Center (WRC) adotou o valor de 1367 W/m , com incerteza na ordem de 1%.
(DUFFIE; BECKMAN, 1991, p. 6),
De acordo com Oliveira Filho e Saraiva (2005), a constante solar varia, dependendo da poca no 2ciclo de 11 anos, de 1364,55 a 1367,86 W/m , como observado na Figura 4. Segundo ABNT
2(1988), o valor adotado para verificao do rendimento de coletores solares planos de 1353 W/m .
2.1.3 Variao da radiao extraterrestre
Devem ser consideradas duas fontes de variao na radiao extraterrestre. A primeira a variao
na radiao emitida pelo Sol e a segunda a variao da distncia entre a Terra e o Sol.
2.1.4 Radiao e comprimento de onda
Observa-se, ento, que a radiao solar emitida o resultado da composio da emisso e absoro
de radiao em vrios comprimentos de onda de vrias camadas.
A radiao de ondas curtas ou radiao solar possui faixa de comprimento de onda de 0,25 a
3,0 m e a poro da radiao eletromagntica que inclui a maior parte da energia irradiada pelo
sol.
A radiao de ondas longas possui faixa de comprimento de onda maior do que 3,0 m. Segundo
Duffie e Beckman (1991, p. 47), a radiao de ondas longas emitida pela atmosfera, pelo coletor
ou por qualquer outro corpo a temperaturas normais.
O espectro da radiao solar composto pela radiao ultravioleta, visvel e infravermelha.
a) Radiao ultravioleta
Da constante solar, cerca de 9% est na poro do ultravioleta (
constitui aproximadamente 6% da radiao ultravioleta terrestre e UVA (quando tomada como 320-
400 nm) constitui os 94% restantes.
Entretanto a radiao UVB corresponde ao causador de 80% dos danos biolgicos enquanto que a
radiao UVA responsvel pelos 20% restantes.
De acordo com Echer et al. (2001, p. 277), o O (oxignio molecular) e o O (oznio) mostram fortes 2 3bandas de absoro na regio ultravioleta do espectro eletromagntico.
b) Radiao infravermelho
De acordo com o Glossrio do Observatrio Nacional do Ministrio das Minas e Energia (BRASIL,
2005), esta uma regio (ou banda) do espectro eletromagntico que est situada entre as regies
do visvel e a de microondas. Deste modo, vemos que a radiao infravermelha uma radiao
eletromagntica com comprimentos de onda longos, o que a coloca na parte invisvel do espectro
eletromagntico. A radiao infravermelha no percebida pelo olho humano. No entanto, a
presena de ondas de radiao infravermelha percebida por meio do calor.
A radiao infravermelha divide-se em:
? A radiao infravermelha prximo: ondas eletromagnticas com comprimento entre 0,8 e 3,0 mm.
? A radiao infravermelha trmica: ondas eletromagnticas com comprimento entre 3,0 e 10,0 mm.
Segundo Echer et al. (2001, p. 277), o H O (vapor de gua) e CO (dixido de carbono) absorvem 2 2fortemente radiao na regio do infravermelho.
c) Balano radiativo
3Segundo Brasseur e Solomon (1986 apud ECHER et al., 2001, p. 277):
A presena de espcies absorvedoras ocorre em toda a atmosfera terrestre, sendo os
comprimentos de onda mais curtos do ultravioleta absorvidos na mesosfera (acima de 60
km), os intermedirios na estratosfera (entre 20-30 km, pelo oznio) e a radiao infraverme-
lha na baixa estratosfera e troposfera.
De acordo com Echer et al (2001, p. 278):
Um parmetro de grande relevncia em termos de balano radiativo so as nuvens, que so
observadas cobrindo parte do planeta praticamente todo tempo. As nuvens exercem papel
muito importante, refletindo intensamente e absorvendo a radiao solar na faixa de 8 a
12 km. Elas apresentam um elevado ndice de refletividade que varia com a espessura das
mesmas e com a quantidade de gua nelas existentes. A maior parte da reflexo da radiao
solar pelas nuvens se faz diretamente ao espao, sendo assim considerada como energia
perdida para a superfcie terrestre; uma certa parte, porm se reflete na superfcie inferior das
camadas de nuvens mais elevadas e com isso refletida de volta para a Terra.
Nos itens seguintes so apresentados os principais instrumentos utilizados para a coleta de dados
solarimtricos.
2.1.5 Instrumentao
a) Heligrafo
Instrumento usado para medir a durao diria do brilho solar, a insolao (TIBA, 2000). O
3 BRASSEUR, G; SOLOMON, S. Aeronomy of the middle atmosphere, Dordrecht, Holanda: D. Reidel Publishing, 1986.
11
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
heligrafo mais usado o de Campbell-Stokes, que composto por uma esfera de quartzo polida,
conforme um calibrador, com aproximadamente 96 mm de dimetro, que atua como uma lente
convergente, queimando uma fita de papel, que serve como medida do tempo de durao do brilho
solar e em que hora houve insolao, como mostra a Figura 5 (OLIVEIRA, 1997; TIBA, 2000).
b) Pirohelimetro
Instrumento que mede a irradiao (W/m2) que incide numa superfcie plana perpendicular
incidncia da radiao solar. A radiao atinge o sensor no instrumento atravs de uma abertura que
permite apenas a viso equivalente ao disco solar e uma pequena parcela da radiao proveniente do
cu prximo ao sol (DUFFIE; BECKMAN, 1991). Os pirohelimetros acompanham o movimento do
sol ao longo do dia, de forma a que a radiao incida em ngulo normal em relao ao sensor do
instrumento (DUFFIE; BECKMAN, 1991; OLIVEIRA, 1997).
Existem diversos modelos disponveis, com preciso entre 0,2 a 0,5%, e diferentes princpios de
funcionamento. De forma geral, os pirohelimetros possuem um colimador, de forma a obter
somente radiao proveniente do disco solar. O colimador composto por um tubo que direciona os
feixes de radiao, com uma termopilha em uma das extremidades. O colimador fixado em uma
base que permite o acompanhamento do movimento do sol ao longo doa dia (DUFFIE; BECKMAN,
1991).
Os pirohelimetros so divididos em trs classes, de acordo com a preciso do instrumento. Os
instrumentos padro so usados para calibrao de instrumentos de menor preciso. Alm dessa,
existem os instrumentos de primeira e segunda classe, sendo aqueles de maior preciso. Os
pirohelimetros so usados para calibrar outros instrumentos, como piranmetros. Os parmetros
considerados para classificao so: sensibilidade (m.W.cm-2); estabilidade (%); temperatura
(variao de sensibilidade com a temperatura); resposta espectral (%); linearidade (%) e constante
de tempo (TIBA, 2000).
Na Figura 6 observa-se um pirohelimetro montado em base telescpica.
Figura 5 Heligrafo de Campbell-Stokes. (LABORATORIO DE EVALUACIN SOLAR, 2006).
Figura 6 Pirohelimetro. (OLIVEIRA, 1997).
12
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
c) Piranmetro
2Instrumento que mede a irradiao (W/m ) total (tambm chamada de irradiao global), direta e
difusa, num plano horizontal. A sensibilidade dos sensores radiao independe do ngulo de
incidncia dos mesmos (DUFFIE; BECKMAN, 1991; OLIVEIRA, 1997). Os dados coletados com
esses instrumentos so os mais utilizados em simulaes e clculos da energia recebida por
coletores solares.
Os trs tipos mais comuns de piranmetros so os que utilizam termopilhas (fotocondutivo), os que
utilizam elementos bimetlicos (bolomtrico) e os que utilizam sensores fotovoltaicos (fotoeltri-
cos). Os primeiros so mais precisos, porm requerem uma alimentao de energia constante,
enquanto os segundos funcionam sem o uso de energia eltrica e por isso, de menor custo.
Existem diferentes modelos de piranmetros com termopilha, mas de forma geral a radiao
incidente medida atravs da diferena de potencial obtida pela diferena de temperatura de dois
materiais: um com elevada absortncia e o outro com elevada refletncia. Os sinais emitidos so
detectados por um potencimetro. Os dados registrados so integrados num intervalo de tempo.
Alm do erro associado ao aparelho (aproximadamente 5%), soma-se o erro na integrao dos
valores. A Figura 7 apresenta um modelo desse tipo (DUFFIE; BECKMAN, 1991).
Os piranmetros que utilizam elementos bimetlicos, tambm chamados de actingrafos,
possibilitam a leitura da radiao incidente atravs do aquecimento do bimetlico e sua deformao
proporcional quantidade de radiao recebida. Com uma pena ligada a esse elemento
registrado o valor da deformao do elemento, que correspondente a radiao incidente
(CRESESB, 2006).
Esse tipo de aparelho no depende de fonte de energia externa,
porm precisa da atuao de um operador em intervalos regulares
(dirios) para funcionar. Alm disso, a integrao dos valores
registrados feita manualmente, o que aumenta o erro associado.
Os modelos mais usados no pas so os de Robitzch-Fuess
(Figura 8).
Da mesma forma que os instrumentos com elementos bimetli-
cos, os de sensores fotovoltaicos so menos precisos do que os
fotocondutivos. E, apesar de serem de fcil manuseio, apresentam
algumas desvantagens, como a resposta espectral seletiva (ver
Figura 9) (OLIVEIRA, 1997).
Os instrumentos com termopilha possuem duas camadas de vidro hemisfricas (domo) para
proteger os sensores contra ventos e outros efeitos que possam alterar seu funcionamento. As
camadas so uniformes para que se obtenha uma resposta regular em todos os comprimentos de
onda. Alm da radiao global em plano horizontal, pode-se medir tambm a radiao global em
plano inclinado ou apenas a radiao difusa.
Figura 7 Piranmetro com termopilha. (CENTRO DE REFERNCIA PARA ENERGIA SOLAR E ELICA SRGIO DE SALVO BRITO CRESESB, 2003).
Figura 8 Piranmetro com elemento bimetlico (Robitzch-Fuess), tambm conhecido como actingrafo. (CRESESB, 2003).
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Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
A medio da radiao global em plano inclinado fornece diretamente a radiao que incide em
coletores solares, porm dependendo da inclinao do piranmetro a resposta do instrumento se
altera, devendo ser corrigida com um fator correspondente, de acordo com cada tipo de aparelho
(DUFFIE; BECKMAN, 1991).
A medio da radiao difusa feita com o auxlio de um anel de sombreamento acoplado ao
instrumento. O anel de sombreamento impede que uma pequena parte de radiao difusa chegue ao
instrumento, fazendo-se necessrio o uso de um fator de correo estimado para cada modelo de
aparelho.
2.1.6 Disponibilidade de radiao solar no Brasil
Segundo Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL (2005, p. 29), quase todas as fontes de
energia hidrulica, biomassa, elica, combustveis fsseis e energia dos oceanos so formas
indiretas de energia solar. A energia solar tambm pode ser usada diretamente como fonte de
energia trmica ou ser convertida diretamente como energia eltrica.
No Brasil, entre os esforos mais recentes e efetivos de avaliao da disponibilidade de
radiao solar, destacam-se os seguintes: a) Atlas Solarimtrico do Brasil, iniciativa da
Universidade Federal de Pernambuco _ UFPE e da Companhia Hidroeltrica do So
Francisco CHESF, em parceria com o Centro de Referncia para Energia Solar e Elica
Srgio de Salvo Brito CRESESB; b) Atlas de Irradiao Solar no Brasil, elaborado pelo
Instituto Nacional de Meteorologia - INMET e pelo Laboratrio de Energia Solar LABSOLAR,
da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. (ANEEL, 2005, p. 33)
Na Figura 10 observa-se o modelo do Atlas Solarimtrico do Brasil.
Segundo Martins (2003, on-line), o mapeamento da distribuio do recurso solar permite
reconhecer reas em que o aproveitamento dessa energia potencialmente significativo. O Atlas
Solarimtrico do Brasil contm tabelas e mapas, como ilustrado na Figura 11, com informaes
sobre a radiao solar global diria (quantidade de energia solar aproveitvel por metro quadrado,
em um dia em determinado local), insolao diria (nmero de horas de brilho do Sol em um dia em
determinado local) e mdias mensais e anuais de 511 localidades do Brasil e 67 de pases
limtrofes (MARTINS, 2003, on-line).
Figura 9 Piranmetro fotovoltaico. (OLIVEIRA, 1997).
14
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Os dados apresentados no Atlas Solarimtrico do Brasil so uma estimativa da radiao solar
incidente no pas, resultante da interpolao e extrapolao de dados obtidos em estaes
solarimtricas distribudas pelo Brasil e por estimativas da radiao solar feitas a partir da anlise de
imagens de satlites.
Segundo Tiba (2000), a radiao solar no Brasil varia entre 8 a 22 MJ/m2 dia.
A energia solar total incidente sobre a superfcie terrestre depende da latitude, da hora do dia e dia do
ano, devido inclinao do eixo de rotao da Terra e trajetria elptica de translao da Terra ao
redor do Sol, como pode ser visto na Figura 12. Para a maximizao do aproveitamento da energia
solar, pode-se ajustar a posio do coletor solar com a latitude local e o perodo do ano em que a
energia mais requerida.
Figura 10 Radiao solar global diria mdia anual tpica (MJ/m2.dia)(TIBA, 2000).
Figura 11 Insolao mdia anual diria (em horas) no territrio brasileiro. (TIBA, 2000).
15
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
O aproveitamento racional desta energia para o projeto de instalaes bem dimensionadas e
economicamente viveis s possvel a partir de informaes solarimtricas consistentes da regio
na qual o sistema solar vai ser implantado.
2.2 O Sistema de aquecimento solar de gua em habitaes
O uso da energia solar para aquecimento de gua nas habitaes uma alternativa bastante
interessante para o Brasil, uma vez que o pas apresenta grande potencial de utilizao, alm de ser
uma fonte energtica renovvel, limpa, ilimitada e disponvel em todo territrio nacional.
Entretanto, a maior dificuldade para a difuso do aproveitamento da energia solar consiste no
investimento inicial relativamente elevado, em equipamentos e instalaes, quando comparado
com os sistemas convencionais. Em compensao, o custo de operao e manuteno mnimo,
contando-se apenas com o custo da energia eltrica da resistncia utilizada no aquecimento de gua
nos dias de pouca insolao.
Em um estudo comparativo de custo entre os sistemas de aquecimento solar, a gs e chuveiro
eltrico, realizado para um conjunto residencial localizado na cidade de So Paulo, verificou-se que
em apenas cinco anos o custo de operao e manuteno do sistema de aquecimento a gs supera o
do sistema de aquecimento solar (TABORIANSKI et al., 2002).
Tradicionalmente, o sistema de aquecimento de gua, por meio da energia solar, basicamente
constitudo pelo coletor solar, reservatrio e componentes, que englobam uma fonte auxiliar de
energia e uma rede de distribuio de gua quente. A necessidade de um reservatrio se deve ao fato
de a demanda por gua quente no coincidir, na maioria das aplicaes, com o perodo de
insolao. No caso de habitaes residenciais, o consumo de gua quente ocorre principalmente
das 18 s 20 horas, mas a gerao de gua quente ocorre durante o dia.
A seguir, h uma breve descrio de cada elemento do sistema de aquecimento solar de gua.
2.2.1 Coletor solar
Segundo Lima (2003, p. 11), o coletor o dispositivo responsvel pela captao da energia pelo
sol e sua converso em calor utilizvel. Os coletores podem ser divididos em planos e de concen-
trao.
Figura 12 Representao das estaes do ano e do movimento da Terra em torno do sol. (adaptado de MAGNOLI;
4SCALZARETTO , 1998 apud ANEEL, 2005).
4 MAGNOLI, D.; SCALZARETTO,R. Geografia, espao, cultura e cidadania. So Paulo: Moderna, 1998. v.1.
16
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
a) Coletor solar plano
O coletor plano recebe e utiliza a radiao solar na mesma superfcie. composto por placa
absorvedora na cor preta, tubulaes por onde escoa o fluido a ser aquecido, isolamento trmico e,
na maioria das vezes, cobertura transparente. Os coletores planos so utilizados para temperaturas
da gua abaixo de 93 C (HUDSON; MARKELL, 1985).
A placa absorvedora tem a funo de converter a energia radiante em calor, transferi-la para as
tubulaes e, em seguida, para o fluido. Tanto as placas quanto as tubulaes so construdas com
metais de alta condutividade trmica, geralmente cobre, alumnio ou ao.
A cobertura transparente, geralmente feita de vidro comum, reduz as perdas radiativas e convectivas
da placa absorvedora, sendo responsvel pelo efeito estufa ao refletir de volta a radiao infraverme-
lha para a placa.
Como fluido a ser aquecido nas tubulaes pode-se utilizar a prpria gua, ar ou algum outro
lquido, quando necessria proteo contra o congelamento. Atualmente, utiliza-se como fluido de
transferncia o etileno-glicol ou o propileno-glicol (LIMA, 2003), no caso de sistemas indiretos.
recomendvel que o material isolante do coletor seja capaz de resistir a temperaturas de at 204 C 5sem produzir substncias volteis (ASHRAE , 1996 apud LIMA, 2003). Os materiais mais utilizados
nessa isolao so: fibra mineral, fibra cermica, espuma de vidro, espuma de plstico ou fibra de
vidro.
Conforme Lima (2003, p. 13), as vantagens do coletor plano, em relao aos demais tipos, so: a
simplicidade de construo, relativo baixo custo, nenhuma parte mvel, sem dificuldade de operar
em dias nublados, relativa facilidade de reparo e durabilidade. A Figura 13 apresenta uma seo
tpica de um coletor plano.
As propriedades pticas dos coletores planos podem ser melhoradas utilizando-se filme de teflon,
vidro, tratamento anti-reflexivo e um refletor (HELLSTROM et al., 2003).
b) Coletor de concentrao
O coletor de concentrao focaliza a energia que atinge um grande refletor ou uma lente Fresnel para
um pequeno absorvedor. Devido concentrao de energia em uma pequena rea, o fluido de
transferncia contido no absorvedor alcana temperaturas muito elevadas rapidamente.
5 ASHRAE AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATION AND AIR CONDITIONING ENGINEERS. ASHRAE: Systems and Equipament Handbook. New York: ASHRAE, 1996.
canalizao
placa absorvedora
cobertura de vidro
isolante trmico
Figura 13 Seo tpica de um coletor de superfcie plana. (ARRUDA, 2004).
17
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Esta concentrao de temperatura em uma rea pequena tambm a principal vantagem deste
equipamento. Boyle (1996) indica o uso deste tipo de coletor para temperaturas da gua entre 50 a
150 C. A Figura 14 apresenta dois modelos de coletores de concentrao: tipo parablico e tipo
Fresnel.
Segundo Lima (2003, p. 12), o coletor de concentrao requer uma montagem sob um mecanismo
motorizado de rastreamento do movimento solar, pois a radiao deve incidir no refletor ou na lente
com um ngulo correto para ser focalizado sobre o absorvedor. Desse modo, a principal desvanta-
gem deste equipamento o custo deste sistema, pois embora o aproveitamento da radiao pelo
coletor aumente, o equipamento de rastreamento complexo, caro e de difcil manuteno.
2.2.2 Reservatrio de gua quente
O sistema de aquecimento de gua por meio da energia solar define-se como um sistema de
acumulao, ou seja, ele deve armazenar gua aquecida durante o perodo em que no h insolao
disponvel, para atender a demanda nos momentos em que esta supera a capacidade de aquecimen-
to por esta fonte de calor.
O reservatrio do sistema de aquecimento solar deve responder, no mnimo, s exigncias impostas
a todos os reservatrios de gua quente. Entretanto, esses reservatrios distinguem-se pela
temperatura elevada que a gua pode alcanar em seu interior.
mecanismo de trao
absorvedor
coletor parablico
TIPO PARABLICO
lente fresnel
paredes refletoras
isolamento
absorvedor
TIPO FRESNEL
Figura 14 Coletores de foco concentrado: parablico e Fresnel. (HUDSON; MARKELL, 1985).
18
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
O Centre Scientifique et Technique de la Construction - CSTC (1999), recomenda a utilizao de um
reservatrio vertical de uma altura que equivale a 2 a 2,5 vezes o seu dimetro, a fim de assegurar
uma boa estratificao da gua pr-aquecida. Com a estratificao, a gua mais quente se acumula
na parte de cima do reservatrio, enquanto que a gua fria situa-se na parte inferior deste. Nos
reservatrios horizontais, este efeito de estratificao bem menor, de modo que o rendimento
global do aquecedor pode ser prejudicado.
Para a fabricao dos reservatrios, utiliza-se, preferencialmente, ao inoxidvel. No entanto, o
cobre e o ao esmaltado com nodo de proteo tambm podem ser utilizados. Os reservatrios de
ao galvanizado so desaconselhados devido a oferecer resistncia insuficiente corroso,
enquanto que os de material sinttico podem ser usados apenas quando gua armazenada sem
presso.
Outro importante ponto a ser observado a qualidade do isolamento trmico que reveste o
reservatrio. Ela deve ser projetada de modo que as perdas de calor para o meio sejam as menores
possveis.
2.2.3 Componentes
a) Fonte auxiliar de energia
Embora o sistema de aquecimento de gua com energia solar seja de acumulao, ele no
projetado para fornecer 100% da demanda de gua quente. Conforme observa Lima (2003), caso
fosse adotado esse critrio, o dimensionamento das placas e do tanque deveria ser feito para a pior
situao possvel, na qual ter-se-ia em conta o tempo mais frio e nublado para uma dada regio.
Desse modo, este dimensionamento resultaria em um sistema superdimensionado para a maior
parte do tempo de utilizao.
Assim, em situao decorrente de vrios dias sem insolao ou com insolao insuficiente, recorre-
se a um aquecedor auxiliar que utiliza outra fonte de energia para suprir eventuais necessidades.
Essa segunda fonte de calor pode ser eltrica ou a gs.
O aquecimento auxiliar pode ser localizado internamente ao reservatrio ou externamente. Quando
externo, pode ser de acumulao ou de passagem, sendo o de passagem o mais usual. O chuveiro
eltrico um exemplo de fonte externa de passagem que pode funcionar, na maioria das vezes, com
potncia muito abaixo da potncia de operao normal.
b) Rede de distribuio de gua quente
A rede de distribuio de gua quente do sistema de aquecimento solar deve ser projetada de acordo
com os mesmo padres utilizados nos sistemas de aquecimento por acumulao a gs ou eltrico,
ou seja, a norma NBR 7198:1993 Projeto e execuo de instalaes prediais de gua quente
(ABNT, 1993).
2.2.4 Tipos de sistemas
Os sistemas de aquecimento solar de gua podem ter quatro configuraes diferentes: sistema
passivo direto, sistema passivo indireto, sistema ativo direto e sistema ativo indireto. Quando o
fluido a ser aquecido a prpria gua, o sistema definido como direto, enquanto que o indireto
aquele em que um fluido refrigerante recebe calor no coletor e o transfere gua em um trocador de
calor. A circulao da gua ou do fluido nos coletores pode ser feita por termossifo, configurando
um sistema passivo, ou por um sistema de bombeamento, denominado sistema ativo.
19
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
20
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
a) Sistema passivo direto
Este o sistema em que a gua aquecida diretamente pelos coletores e sua circulao realizada
por termossifo, ou seja, a diferena de densidade devido variao de temperatura entre os
coletores e o reservatrio provoca um gradiente de presso que coloca o fluido em movimento.
Devido ao seu simples funcionamento, o sistema mais utilizado no aquecimento de gua para fins
domsticos. A Figura 15 ilustra um sistema com um nico reservatrio onde a fonte auxiliar de
energia est dentro da mesma e a Figura 16 ilustra um sistema com dois reservatrios de gua
quente, no qual o segundo um aquecedor auxiliar ligado em srie.
Figura 15 Esquema de instalao de um sistema direto passivo com fonte de energia auxiliar interna ao reservatrio de armazenamento de gua quente. (LIMA, 2003).
Figura 16 Esquema de instalao de um sistema direto passivo com fonte de energia auxiliar externa ao reservatrio de armazenamento de gua quente (LIMA, 2003).
RESERVATRIO DE GUA FRIA
respiro (suspiro)
resistnciaauxiliar eltrica
alimentao dos coletoresCOLETORES SOLARES
retorno da gua quente
NORTE
RESERVATRIO DE GUA QUENTE
gua para consumo
alimentao de gua fria
vlvula de reteno
dreno para reservatrios
RESERVATRIO DE GUA FRIA
respiro (suspiro)
aquecedorauxiliar eltrico
alimentao dos coletores COLETORES SOLARES
retorno da gua quente
NORTE
RESERVATRIO DE GUA QUENTE
gua para consumo
alimentao de gua fria
vlvula de reteno
dreno para reservatrios
b) Sistema passivo indireto
No sistema passivo indireto um fluido refrigerante recebe calor no coletor e o transfere gua em um
trocador de calor. A circulao do fluido feita por termossifo e o trocador de calor pode armazenar
ou no um certo volume de gua quente (Figura 17). O sistema indireto o mais utilizado quando se
deseja uma proteo ao congelamento em regies de clima muito severo, pois muito dispendioso.
Os fluidos refrigerantes etileno-glicol e propileno-glicol so os mais comuns embora existam
diversos fluidos de transferncia de calor como leos siliconados, leos hidrocarbonados e outros
refrigerantes (LIMA, 2003).
c) Sistema ativo direto
Neste sistema, a circulao de gua feita por uma bomba e a gua aquecida diretamente pelos
coletores. Devido ao uso de bomba para a circulao da gua, o reservatrio pode estar situado em
qualquer posio em relao aos coletores. A bomba acionada quando a diferena de temperatura
entre a parte superior do coletor e o reservatrio atinge um valor preestabelecido. Seu desligamento
ocorre quando esta diferena de temperatura torna-se pequena ou quando a gua do reservatrio
alcana um valor desejvel (ARRUDA, 2004).
A bomba tambm utilizada como proteo contra o congelamento ao acionar a recirculao da
gua quente, quando a temperatura externa atinge um valor crtico. A proteo ao congelamento
tambm pode ser efetuada pela drenagem da gua dos coletores.
Figura 17 Esquema simplificado de um sistema indireto passivo. (LIMA, 2003).
Figura 18 Esquema simplificado de um sistema ativo direto. (LIMA, 2003).
21
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
RESERVATRIO DE GUA FRIA
respiro (suspiro)
resistnciaauxiliar eltrica
alimentao dos coletores
BOMBA DE RECIRCULAO
COLETORES SOLARES
retorno da gua quenteNORTE
RESERVATRIO DE GUA QUENTE
gua para consumo
alimentao de gua fria
vlvula de reteno
dreno para reservatrios
RESERVATRIO DE GUA FRIA
resistnciaauxiliar eltrica alimentao dos coletores COLETORES SOLARES
retorno da gua quente
NORTE
RESERVATRIO DE GUA QUENTEgua paraconsumo
alimentao de gua fria
vlvula de reteno
dreno para reservatrios
A vantagem do sistema ativo em relao ao passivo a flexibilidade quanto localizao do
reservatrio na edificao, porm os custos aumentam por apresentar mais dispositivos como
bombas, sensores e controles. A Figura 18 apresenta um esquema desse tipo de sistema.
d) Sistema ativo indireto
No sistema ativo indireto a circulao de gua feita por uma bomba ou duas bombas, dependendo
do trocador de calor empregado, e um fluido refrigerante recebe calor no coletor e o transfere gua
no trocador de calor. O trocador de calor, que transfere o calor do fluido para a gua, pode ser externo
ou interno ao reservatrio, apresentando aspectos positivos e negativos em cada uma das situaes.
Se o trocador de calor for localizado externamente ao reservatrio trmico, possibilita uma maior
flexibilidade, contudo provoca maior perda de calor (Figura 19).
Este tipo de sistema utilizado em regies onde o perigo de congelamento da gua nas tubulaes
grande.
2.3 Anlise do desempenho de sistemas de aquecimento solar de gua
Existem diversos parmetros que podem ser utilizados para avaliar o desempenho do sistema de
aquecimento solar, de forma global ou especfica a um determinado subsistema componente do
sistema.
De forma geral, pode-se dividir em quatro partes o sistema de aquecimento: captao
de energia solar, aquecimento da gua pelo coletor solar, transporte da gua entre o
reservatrio e o coletor e armazenamento. Dentre estas existem parmetros que
indicam o rendimento e a eficincia do sistema. Dentre os diversos parmetros, os
mais utilizados para caracterizar a desempenho do sistema so os seguintes: 1.
Eficincia global do sistema no aproveitamento da energia solar; 2. Frao Solar; 3.
Fator de carga utilizvel; 4. Massa equivalente de gua no reservatrio.
Nos itens seguintes primeiramente sero apresentados alguns conceitos bsicos e em seguida
sero apresentados os parmetros usados para a determinao do desempenho de sistemas de
aquecimento solar de gua.
2.3.1 Orientao da radiao solar incidente em uma superfcie
O dimensionamento de qualquer sistema que utilize a energia solar requer o conhecimento da
orientao da incidncia dos raios solares em uma superfcie, seja plana ou inclinada.
Figura 19 Esquema simplificado de um sistema ativo indireto com trocador de calor localizado externamente ao reservatrio trmico. (LIMA, 2003).
22
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
RESERVATRIO DE GUA FRIA
respiro (suspiro)
alimentao dos coletores
BOMBAS
COLETORES SOLARES
retorno da gua quente NORTERESERVATRIO DE GUA QUENTE
gua para consumo
alimentao de gua fria
vlvula de reteno
dreno para reservatrios
resistnciaauxiliar eltrica
A determinao da orientao feita atravs da relao entre diversos ngulos. A seguir apresenta-
se o significado desses ngulos e suas relaes (ABNT, 1988a; ARRUDA, 2004; LIMA, 2003).
Latitude, - localizao angular em relao ao equador, varia de 90 a 90, sendo o norte positivo e sul negativo.
Declinao, - posio angular do sol ao meio dia em relao ao plano do equador. Pode-se calcular atravs de:
( )( )
+
=365284360sen45,23 d (6.1)
Inclinao da superfcie, - ngulo entre o plano da superfcie e uma superfcie horizontal varia de 0 a 180;
ngulo azimutal da superfcie, - ngulo entre a projeo da normal superfcie e o plano do meridiano local. No norte zero, para leste positivo e para oeste negativo. Varia de -180 a 180;
ngulo horrio, - deslocamento angular do sol a leste ou a oeste em relao ao meridiano local, devido ao movimento da terra. O perodo da manh negativo e da tarde positivo. Cada hora corresponde ao deslocamento de 15.
ngulo de incidncia, - ngulo entre a radiao direta incidente no plano e a normal a superfcie;
ngulo zenital, Z- ngulo entre os raios solares e a vertical; ngulo de altitude solar, - ngulo entre os raios solares e sua projeo em um plano horizontal.
ZENITE ZENITEZENITE
a) b) c)
Figura 20 ngulos solares. (ARRUDA, 2004).
Os ngulos podem ser relacionados de acordo com a equao seguinte:
++= coscoscoscoscossencossencossensencos sensensencoscoscossensencos + (6.2)
( )( )
+=
365284360sen45,23 d (6.1)
23
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
2.3.2 Estimativa da radiao solar
O uso de dados radiao solar de estaes meteorolgicas o mais indicado para estimar-se a
quantidade de radiao incidente em determinada localidade. Porm, na falta de dados, ou de dados
confiveis, necessrio estimar a radiao incidente atravs de clculos.
Segundo Duffie e Beckman (1991), o clculo feito atravs da equao seguinte:
Nnba
HH ll +=
0
(6.3)
Onde:
H - radiao diria mdia mensal em superfcie horizontal (kJ/m2);
0H - radiao extraterrestre para a localidade no mesmo perodo de tempo (kJ/m2);
la e lb - constantes empricas, dependentes da localidade;
n -horas de brilho solar dirio mdio mensal;
N - mdia mensal do nmero mximo de horas de brilho solar dirio.
A razo do lado esquerdo da equao chamada de ndice de claridade mdio mensal.
O termo 0H pode ser calculado como segue:
+
+
= pi
pisensensennGH sssc 180
coscos365
360cos033,01360024
0 (6.4)
Onde:
scG - constante solar 1353 W/m2;
n - dia do ano; - latitude, em graus; - declinao, em graus;
s- hora angular do pr-do-sol, em graus.
O termo s pode ser calculado sabendo-se a latitude e a declinao local, como segue:
tantan=s (6.5) Os termos la e lb so dependentes do clima do local e seus valores so tabelados. Em caso falta de dados para determinada regio utilizam-se valores de reas com clima semelhante.
Na equao 6.3 necessrio ter-se os valores dirios mdios mensais do local, sendo indispensvel o uso de dados de insolao de uma estao prxima.
A determinao da quantidade de radiao direta incidente em uma superfcie pode ser determinada atravs de medio direta com pirohelimetros ou atravs de dados disponveis de radiao incidente em uma superfcie horizontal, com o uso de piranmetros.
Os dados disponveis em geral referem-se a superfcies horizontais, porm possvel estimar a quantidade de radiao incidente numa superfcie inclinada a partir dos dados de radiao em
24
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
superfcies horizontais, de acordo com a relao:
Z
bR
coscos
= (6.6)
2.3.3 Avaliao da energia solar til e da energia utilizvel
A energia total incidente no coletor solar a soma de trs componentes: radiao direta, radiao
difusa e radiao refletida pelo entorno. A radiao difusa formada por trs componentes: radiao
difusa isotrpica, que a parcela recebida uniformemente por toda a abbada celeste; radiao
difusa circumsolar, que a radiao solar dispersa e concentrada na parte do cu ao redor do sol;
radiao difusa do brilho do horizonte a radiao prxima ao horizonte, mais evidente em dias de
cu claro. A radiao refletida pelo entorno composta pela reflexo da radiao incidente em
superfcies prximas ao coletor, como edificaes, pavimentos e vegetao. Para simplificao de
clculos essa parcela assumida como sendo a de uma superfcie horizontal refletindo a radiao
difusamente. A Figura 21 apresenta as fontes de radiao incidentes em uma superfcie.
O clculo das parcelas de radiao difusa e da radiao recebida pelo entorno complexo e
simplificado em alguns dos modelos utilizados para o clculo. Segundo Duffie e Beckman (1991),
vrios modelos foram desenvolvidos para calcular a radiao total incidente na superfcie de um
coletor.
A maior complexidade na obteno de modelos mais precisos reside na dificuldade de calcular as
parcelas de radiao difusa, em especial a radiao difusa circumsolar e a radiao difusa do brilho
do horizonte. Entretanto, os mesmos autores afirmam que a utilizao do modelo de cu isotrpico
pode ser feita sem erros considerveis com relao a modelos mais complexos.
Nesse modelo o clculo da radiao total incidente no coletor feito com a soma das parcelas de
radiao direta, difusa isotrpica e radiao refletida pelo entorno. As parcelas de radiao difusa
circumsolar e do brilho do horizonte no so consideradas.
Direita
Difusa do horizonte
Refletida - Solo
Solo
Cu
Circumsolar difusa
Isotrpica difusa daabboda celeste
Figura 21 Esquema de incidncia de radiao em uma superfcie. (adaptada de DUFFIE; BECKMAN, 1991).
25
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
+
+
+=2cos1
2cos1 gdbbT IIRII (6.7)
Onde:
TI - Radiao total incidente no coletor (J/m2);
bI - Radiao direta (J/m2);
bR - Relao entre a radiao incidente no plano inclinado e a radiao incidente no plano horizontal;
dI - Radiao difusa (somente isotrpica) (J/m2); cos1+/2 - Fator de viso para o cu;
I - Radiao incidente no plano horizontal (J/m2);
g- Refletncia da terra; cos1/2 - Fator de viso para terra;
- inclinao (). Como j mencionado, apenas uma parcela da radiao incidente no coletor solar de fato utilizvel para aquecimento da gua. possvel, calcular a energia til para perodos dirios, mensais e anuais, baseando-se em dados de radiao existentes ou atravs de clculo estimativo. Deve-se notar que os clculos fornecem valores aproximados, pois existem as variaes climticas.
A energia til avaliada pelo ganho de calor que a gua tem, devido circulao de gua nos coletores solares. Calculado como segue:
Onde:
Q - Fluxo de energia que chega ao reservatrio (W); - Fluxo de massa de gua (kg/s);
C - Calor especfico da gua (kJ/kgC;)
AQT - Temperatura da gua quente que sai do reservatrio apara abastecimento (C);
AFT - Temperatura da gua fria que abastece os reservatrios (C).
m
Dessa forma, a radiao total incidente no coletor solar, para uma hora:
O conceito de radiao solar crtica diz que o coletor solar plano necessita de um nvel mnimo de
radiao para entrar em funcionamento. Esse nvel, chamado de nvel de radiao crtica obtido
quando o ganho de energia excede as perdas, proporcionando o aquecimento efetivo da gua. O
nvel crtico atingido quando o fluxo de energia til se iguala s perdas, como demonstra a equao
abaixo em termos da quantidade de energia til em um intervalo de tempo:
26
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
(6.8)
t.
()( )+= TcTRcu IIFAQ (6.9)
AFAQ TTCQ =. m
Onde:
uQ - Quantidade de energia til em um intervalo de tempo t (J);
cA - rea do coletor solar (m2);
RF - Fator de remoo de calor do coletor; - Transmitncia;
- Absortncia;
Quando uQ > 0 h produo de energia til pelos coletores solares. O sinal + indica que a energia pode ser nula ou positiva e nunca negativa.
2.3.4 Eficincia do sistema
A eficincia do sistema no aproveitamento de energia solar dada pela relao entre a energia til
que chega ao reservatrio e a energia solar disponvel durante este tempo, sendo maior a eficincia
quanto maior for a utilizao da energia disponvel, como segue:
A eficincia do sistema dependente dos materiais empregados no coletor e de seu design.
2.3.5 Frao solar
O sistema de aquecimento solar no poder suprir as necessidades de fornecimento de gua quente
em todos os perodos de utilizao. Assim, utiliza-se, juntamente com o sistema de aquecimento
solar, um sistema auxiliar de suprimento de energia para aquecimento da gua em caso de dias
seguidos de chuva ou de pouca radiao solar.
Em caso de utilizao de um sistema auxiliar de fornecimento de energia chama-se de frao solar a
parcela de energia que fornecida pelo sistema de aquecimento solar. Pode-se calcular a frao
solar da seguinte forma, segundo Duffie e Beckman (1991):
=
dtGA
dtQ
Tc
u
(6.10)
Onde:
- Eficincia do sistema; TG - Fluxo da radiao solar no plano do coletor (W/m2).
o
S
o
EoS L
LL
LLF == (6.11)
Onde:
SF - Frao solar;
oL - Energia total requerida pelo sistema (energia til + perdas) (J);
EL - Energia da fonte auxiliar (J);
SL - Energia solar til (J).
27
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Quando existe um acmulo de energia, atravs do armazenamento de gua em temperatura de
utilizao, existe uma necessidade menor de utilizao da energia solar e da fonte auxiliar. Nesse
caso, desconta-se a parcela de energia acumulada em um determinado perodo de tempo para
obter-se a parcela real da energia solar e auxiliar utilizadas.
2.3.6 Fator de carga utilizvel
Energia utilizvel a energia trmica armazenada no reservatrio, calculada apenas quando a gua
est acima de uma temperatura considerada ideal para utilizao (T*). Seu valor pode ser calculado pela equao 6.8.
O fator de carga mede a habilidade do sistema em atender uma dada demanda de energia pela fonte
solar (ARRUDA, 2004). Segundo o mesmo autor deve-se atentar para a diferena entre o fator de
carga utilizvel e a eficincia o sistema. O primeiro refere-se capacidade do sistema em atender
uma determinada demanda pela fonte de energia solar, e o segundo, a capacidade de coleta de
energia do sistema.
62.3.7 Coletor solar
A radiao absorvida em um coletor plano igual diferena entre o fluxo de energia solar incidente
(G ) e as perdas trmicas e pticas existentes, por unidade de rea. A energia trmica perdida para a Tvizinhana por conduo, conveco e radiao, segundo Duffie e Beckman (1991), pode ser
representada pelo produto do coeficiente global de transferncia de calor (U ) pela diferena entre a Ltemperatura mdia do absorvedor (T ) e a temperatura mdia do ar (T r), portanto o fluxo de pm aenergia til (Q ) em um dado instante :u
()
=t
TC
t
L
dtGA
dttTUE
0
0
*
..
., (6.12)
Onde:
()tTUE ,* - Energia utilizvel (kJ); Sendo o numerador da equao (6.7) a energia utilizvel resultante da radiao solar obtida pela vazo efluente dos coletores:
Onde:
TR - Temperatura mdia da gua do reservatrio (C).
dtTRCptTUEtt
..),(00
* = para TR T * (6.13) m
6 Texto extrado de Arruda (2004).
() ( )[ ]TarT.UG.AQ pmLeTcu = (6.14)
Onde:
Ac: a rea do absorvedor do coletor, e;
()e: so a transmitncia e a absortncia efetivas.
28
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
A temperatura mdia do absorvedor influenciada pela geometria, pelas propriedades dos materiais
empregados, pela radiao solar incidente e pelo fluido de entrada, o que torna difcil sua obteno,
tanto analiticamente como experimentalmente. Desse modo, a energia til comumente expressa
em termos da temperatura do fludo:
A energia til ou disponvel no coletor tambm pode ser determinada pelo ganho de temperatura do
fluido entre a entrada (T ) e a sada (T ):e s
() ( )[ ]TarTeU.G.Fr.AQ LeTcu = (6.15) Onde:
Te: a temperatura do fluido na entrada do coletor;
Fr: o fator de remoo de calor, equivale eficincia, definido como a relao entre a quantidade real de calor absorvida e a mxima quantidade de calor possvel que pode ser transferido.
Devido cobertura de vidro, o ngulo de incidncia () solar depende da transmitncia e da absortncia. O coeficiente de correo devido ao ngulo de incidncia (K) definido pela ASHRAE (1996) como sendo a relao entre o valor de ()e para um ngulo qualquer e o valor de ()n para a radiao normal ao coletor. Esta relao encontrada experimentalmente atravs da determinao do coeficiente b0 da equao (ABNT, 1988a; ASHRAE, 1996):
()()
+== 111 0
cosbK
n
e (6.16)
A energia transferida ao coletor mxima quando todo este est temperatura local do fluido, pois, nesta situao, as perdas de calor para o ambiente so as menores possveis. Como o coletor se aquece durante o processo, o fator de remoo de calor na realidade menor. O fator de eficincia do coletor (F') a razo entre a energia real transferida para a gua e a energia til que resultaria se o absorvedor estivesse temperatura local da gua. Duffie e Beckman (1991) demonstram que este fator tambm definido pela relao entre o coeficiente global de transferncia de calor da gua para o ar (U0) e o coeficiente global de perda de calor do coletor (UL) e apresentam as seguintes relaes:
L
'UU
F 0= (6.17)
A determinao de F a partir dos dados de Fr obtidos de um ensaio em regime quase permanente obtido na equao (6.19).
=
Cp.mA.U.Fr
ln.U.ACp.mF cL
Lc
' 1 (6.19)
=
Cp.mF.U.A
exp.U.ACp.mFr
'Lc
Lc1 (6.18)
)TeTs.(Cp.mQu = (6.20) Onde:
m a vazo em massa; Cp o calor especfico do fluido a presso constante;
29
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
A eficincia do coletor definida como a razo entre o ganho til de energia durante um perodo de
tempo e a energia solar incidente neste perodo:
A temperatura Te pode ser tomada como a temperatura de entrada ou a de sada do fluido, ou a mdia
entre elas. Mtodos de ensaios para a determinao do rendimento trmico de coletores solares
planos, segundo a equao acima, so descritos na NBR 10184/88 (ABNT, 1988a) e ASHRAE 7Standard 93-1986 (1996 apud ASHRAE, 1999). Estes mtodos so desenvolvidos para a condio
de regime quase permanente, isto , para a situao em que a vazo e a temperatura do fluido de
trabalho na entrada do coletor solar so aproximadamente constantes no decorrer do tempo e as
variaes da radiao solar so pequenas.
Em ambos os mtodos as vazes dos ensaios so fixas. A NBR 10184/83 (ABNT, 1988a) estabelece
1 L / min. por unidade de rea do coletor e a ASHRAE (1999) determina uma vazo de 0,0204 L 2 2/(s/m ), ou seja, 1,224 L/(min/m ).
Vrias pesquisas foram desenvolvidas considerando o sistema submetido a regime no permanen-
te. Amer et al. (1997) comparam os resultados experimentais de quatro mtodos com os resultados
r)(Fr
)(F
FrU
UF
teste
uso"r
testeL
usoL"r
==
(6.23)
Para vazes muito abaixo destes valores a temperatura do coletor aumenta fazendo com que o
rendimento diminua. Torna-se necessrio fazer um ajuste nos valores de Fr()e e FrUL. Duffie e
Beckman (1991) demonstram que estes novos valores podem ser encontrados fazendo:
Para vazes muito abaixo destes valores a temperatura do coletor aumenta fazendo com que o
rendimento diminua. Torna-se necessrio fazer um ajuste nos valores de Fr()e e FrUL. Duffie e
Beckman (1991) demonstram que estes novos valores podem ser encontrados fazendo:
e
Onde ).(F e .UF ''rL''
r so os novos valores para a nova vazo 1m e FUL calculado pela equao (6.19).
=
Cp.mU.F.A
exp.FrU.A
Cp.mr L
'c
testeLc 1
1 1 (6.24)
7 ASHRAE AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATION AND AIR CONDITIONING ENGINEERS. ASHRAE: Systems and Equipament Handbook. New York: ASHRAE, 1996.
30
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
=
dt.GAdt.Q
Tc
uc (6.21)
A eficincia instantnea dada em funo das temperaturas e pode ser obtida dividindo ambos os lados da equao (6.15) por GT.Ac:
=
TLec G
TarTe.U.Fr)Fr.( (6.22)
8obtidos pelo mtodo indicado pela ASHRAE 93-1986 Standard (1996 apud ASHRAE, 1999). Os
mtodos so examinados criticamente sob os seguintes pontos de vista: dos procedimentos
experimentais, das tcnicas de identificao dos parmetros e dos resultados obtidos. Os autores
concluem que todos eles so parcialmente falhos.
Nayak e Amer (2000) compararam terica e experimentalmente nove mtodos que avaliam a
capacidade trmica de coletores em testes dinmicos e confrontaram os resultados com dados
experimentais. O resumo dos mtodos estudados por estes autores mostrado no Quadro B.1. Os
mtodos de Rogers, Wijeysundera e o designado por Filter foram excludos da comparao por
entenderem que estes no podem predizer o comportamento dinmico do coletor porque estimam
apenas os parmetros em regime permanente. Os demais mtodos tm em comum a segmentao
do coletor em pequenos trechos ou ns para calcular o rendimento total a partir do rendimento de
cada trecho consecutivo. Os mtodos de Perers, DSC e NDM (new dynamic method) alcanaram
resultados mais prximos dos dados experimentais.
O mtodo DSC o nico que considera varivel, simultaneamente, a vazo, a radiao e a tempera-
tura do ambiente, porm resulta em grande quantidade de dados a serem trabalhados uma vez que o
intervalo de tempo de amostragem de dois segundos e o coletor dividido em trinta segmentos.
Este mtodo foi tambm testado por Bosanac e Nielsen (1997) e obtiveram resultados com erro de
5% na energia til anual prevista. Todos os demais mtodos fixam condies permanentes que no
ocorrem em um sistema real.
Coletores solares no convencionais tm sido utilizados com sucesso. Janjai et al. (2000)
apresentam um estudo terico e sua validao experimental para um coletor formado por duas
canaletas ligadas em srie, cada uma com 24,1 metros de comprimento, 1,25m de largura, trinta
centmetros de profundidade e com cobertura de plstico, utilizado no aquecimento de gua em um
hotel em Almeria, Espanha. Os coletores podem ser interligados em srie ou em paralelo conforme
mostra a Figura 22, ou uma combinao dos dois casos. No caso de dois coletores combinados em
paralelo, sendo eles idnticos, a vazo a mesma nos dois, segundo Duffie e Beckman (1991);
assim, se forem consideradas as temperaturas de entrada aproximadamente iguais nos dois, ambos
tero o mesmo desempenho.
No caso do arranjo em srie, a temperatura de entrada no segundo coletor T consideravelmente semaior que a temperatura de entrada no primeiro, alterando assim seu rendimento. Pode ser
observado na equao (6.22) que quanto maiores as temperaturas no coletor (T ), maiores as perdas ee menor o rendimento. Por tal razo a disposio em paralelo mais indicada para pequenas
instalaes.
8 ASHRAE AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATION AND AIR CONDITIONING ENGINEERS. ASHRAE: Systems and Equipament Handbook. New York: ASHRAE, 1996.
Figura 22 Coletores associados: a) em paralelo; b) em srie. (ARRUDA, 2004).
31
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
32C = constante
Quadro 1 Mtodos de clculo para testes de coletores solares analisados por Nayak e Amer (2000).
Mtodo/ (autor) Equao do modelo Condies*
Rogers / (Rogers, 1981; adotado pela norma British Standard Institution)
Filter / (Wang et al., 1987)
Saunier / (Saunier; Chungpaibulpatana, 1983)
Exell / (Chungaibulpatana; Exell, 1988)
Perers / (Perers et al., 1990; Perers; Walletun, 1991)
DSC Dynamic Solar Collector Procedure / (Spirkl, 1993; Bosanac et al., 1994; Spirkl et al. 1997)
Wijeysundera / (Wijeysundera et al. 1996)
QDT Quick Dynamic Test Procedure/ (Amer et al. 1996)
NDM New Dynamic Method / (Amer et al. 1999)
() () ()[ ] ( )arTeTFrUnGKFrjq LN
1nTjneu =
=
()()( ) )TarTe(FrUdtttGthFrq L1iiTe0u =
t( ) ( )( )+=
+ TarTAUUGAT
Cpmm pmaa1Ta0pm
ea
( ) )PP(TarTAU efb2pma2 ++
[ ]( )( )xAUUGPP)t(T)t(TH aAtt TefbpmpmT +++= 121 012
[ ] [ ].dtTarTAUdt.Tar)t(T22t
1t pma22t
1t pm
() () += TUF)G(KF)G(KFq 'dde'bbe'u 1
() TU
dt
dTmcTUFTUFTUF p
pmeskysky
''' 32
() ( )[ ] ( )1TpmnTCpmTarTpmnUG
NF
dt
dT
N)mc(
pmnLTec
'pmn
c
e=
() ( )[ ]()( )1pmtRLTeasT TRTUATarTeU)t(GFrAdtdTC
=
() ( )
dtdT
)mc(TarTUFGFq pmepmL'
Te'
u =
() ()+=
dtemcLU
'F
s Te.etT ()
() ()( )() ( )() ttkemc
LUF'N
kar
e
LT
e
e etk-tTmc
F`Utk-ttGmc
F'
=
+1
0
= pequena variaoTar
CG ;CTe C;m t == ;
() LFrU ,e Fr,
2U ,1U,0 ,em muito grandem = ;0q ;CP ue ==
2U ;1U ;0 0==uq ;CeP
()
e(mc) ;skyU'F
;U'F ;U'F ;U'F
;dK ;bK ;e'F
321
CTar
C;m ;CTe
=
() e(mc) ;LU'F ;e'F
CTar
;CG ;Cm T
() TC ;LFrU ;Fr ()tURA
CTar ;CG ;Cm T =
() e(mc) ;LU'F ;'F CTar ;CT ;Cm e ==
controladoTG =
() eL'' (mc) ;UF ;F CTar ;CT ;Cm e ==
CTG
CG ;CTe C;m t == ; CTar
Parmetros caractersticos
() LFrU ,e Fr,
() LFrU ,e Fr,
92.3.8 Reservatrio de gua quente
O aquecimento de gua com energia solar configura-se como um sistema central de acumulao. A
gua aquecida gradativamente durante o dia armazenada para utilizao nos momentos de
consumo, inclusive durante a noite. O volume armazenado deve ser determinado em funo do perfil
de demanda, do volume de consumo dirio e da relao entre temperatura de utilizao e da
temperatura de armazenamento da gua. Em termos prticos, para pequenas instalaes em
residncias isoladas, este volume corresponde de 100 a 150% do valor do consumo dirio.
O reservatrio de gua quente tem o funcionamento muito dinmico, pois recebe, armazena e cede
calor a taxas variveis ao longo do tempo. O calor recebido provm do coletor solar e da fonte auxiliar
de energia; o cedido inclui as perdas para o ambiente, o consumo de gua quente e possvel
circulao da gua nos coletores, quando este ltimo est com temperatura abaixo da temperatura
do reservatrio. A Figura 23 ilustra este fluxo representado pelas equaes (6.25) a (6.28).
Sendo:
9 Texto extrado de Arruda (2004).
E'AF
EAQ
Eu SR EFR
Eu E ERc
Reservatrio degua quente
ER
Eu R
Figura 23 Esquema do fluxo de energia no reservatrio de gua quente durante um intervalo de tempo t. (ARRUDA, 2004).
A energia til total que o reservatrio recebe ( REu ), durante um intervalo de tempo t :
ESR
'AFR EuEuEEu ++= (6.25)
t.PEu eReE = (6.28)
Onde:
SREu a energia solar captada no coletor que chega at ao reservatrio (kJ);
EEu a energia til da fonte auxiliar de calor (kJ); 'AFE a energia da gua fria (entalpia) que reabastece o reservatrio (kJ);
mAF a massa de gua fria que entra no reservatrio no intervalo t (kg);
Re o rendimento da resistncia eltrica (fonte auxiliar);
TRe a temperatura da gua na entrada do reservatrio (C) e
TRs a temperatura da gua na sada do reservatrio (C).
(6.26)AFAF
'AF T.CpmE =
(6.27)( )tTRsReT.CpmEu cSR =
cm a vazo em massa que passa pelo coletor (kg /s);
33
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
A variao da energia total no reservatrio ( RE) igual a soma de todas as energias envolvidas, considerando negativas aquelas que tiram calor, ou seja:
( )RcFRAQRRR EEEEuRT.Cp.mE ++== (6.29) Sendo:
(6.30)
t).TarRT.(UE RFR = ; (6.31)
( )tTRsReT.Cp.mE cRc = (6.32)
t.T.CpmE AQAQAQ = ;
Onde:
mR a massa de gua no reservatrio (kg);
RT a variao da temperatura mdia do reservatrio no intervalo t (kJ);
AQE a energia da gua quente que sai para o abastecimento (kJ);
FRE o calor cedido ao ambiente (kJ);
RcE a energia perdida na circulao de gua quando o coletor est a uma temperatura abaixo da temperatura do reservatrio (kJ) e
UR o coeficiente global de transferncia de calor do reservatrio (W/ C).
A distribuio da temperatura no interior do reservatrio de gua quente pode ser estudada de duas
formas. A primeira, como considerado nas equaes (6.29) e (6.31), mais conservadora e
pressupe que ocorra uma mistura total da gua dentro do reservatrio, enquanto a segunda forma
considera a estratificao trmica devido s diferenas de densidade do lquido. Esta ltima mais
realista e de maior interesse para o estudo dos sistemas de aquecimento solar, pois a estratificao
trmica interfere no rendimento do coletor solar.
2.3.9 Estratificao trmica nos reservatrios de gua quente
Os modelos que consideram a estratificao trmica so desenvolvidos, segundo Duffie; Beckman
(1991), em duas categorias. Na primeira, chamada de mltiplos ns, a abordagem feita dividindo o
reservatrio em "N" sees ou ns e feito um balano de energia entre cada seo consecutiva,
portanto uma abordagem analtica. Na segunda categoria, chamada plug-flow, as vrias sees se
movem como uma pilha de livros em uma estante: quando uma seo na entrada ou na sada se
move, ocorre um igual deslocamento em volume nas demais sees.
Para serem formulados, os modelos requerem que se saiba como a gua que entra no reservatrio se
distribui nas sees vizinhas. O modelo de mltiplos ns, descrito a seguir segundo Duffie e
Beckman (1991), considera que as vazes de entrada se distribuem em apenas um segmento e que
neste ocorre uma mistura total. As sees so numeradas de cima para baixo (1...N); o nmero da
seo que recebe a gua do coletor tem a designao Sh, o nmero da seo que recebe a gua fria
de reabastecimento designado por SL.
Na Figura 24 os valores de Sh e SL so, respectivamente, 3 e N.
Trs funes de controle so para determinar quais mdulos recebem gua do coletor e da gua fria.
34
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
Estas funes so:
Este modelo no considera a tendncia de desestratificao com o tempo devido difuso e
conduo do calor pelas paredes do reservatrio. Para a exemplificao do modelo plug-flow,
segundo Duffie e Beckman (1991), ser considerado que o retorno dos coletores est na seo mais
alta do reservatrio.
Si seSi se
Fh
hci
=
=
01
(6.33)
=
=
L
LLi Si se
Si seF
01
(6.34)
(6.35) +=
=
=
N
1ij
LjAF
1i
1j
cjci F.mF.m
Rs;T c m
Re;
S h
T c m
Fonte auxiliar
TRN
i
TRi + 1
TR
TRi - 1
AF ;
= N
T
LS
AF ; m
T
TR
TR3
TR2
1
AQ ;mAQ ;
= 3
Figura 24 Esquema da estratificao do fluido no reservatrio. (ARRUDA, 2004).
O balano de energia em cada segmento expresso como:
( )( )
N1,i para P
0 se Cp.TRTR
0 se Cp.TRTR
EI
i1iii
ii1ii
=+
+
+
(6.36)
Onde: (UA)i o coeficiente global da perda de calor da seo i.
( ) ( ) ( )+++
= iAFAFL
iiecc
iii
ii TRTm.FTRTRm.FTRTarCp
UAdt
dTR.m
A Figura 25 mostra um esquema para o reservatrio dividido em quatro sees de volumes Vi cada uma e temperatura TRi. Em um determinado perodo de tempo o coletor entrega um volume Vc que igual a /tmc temperatura TRe. Supondo que TRe seja maior que TR1, um novo seguimento ir somar ao topo do tanque e o perfil existente deslocado (ver Figura 25-B). Ao mesmo tempo, entra com temperatura TAF um volume VAF igual a /tmAF . Se TAF menor que TR4, ento um segmento adicionado ao fundo do reservatrio e o perfil existente se desloca
35
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
novamente (ver Figura 25-C). Os passos 1 e 2 esto apresentados seqencialmente, mas ocorrem simultaneamente. O deslocamento total do perfil igual diferena entre o total do volume que vem do coletor e o volume que vem da gua fria, ou seja, /t)mm( AFc . Os segmentos ou fraes de seguimentos cujas posies ficam fora dos limites do reservatrio so
os cedidos ao consumo ou retornados do coletor.
Se o reservatrio for dividido em N segmentos, as temperaturas mdias da gua quente liberada para
o abastecimento e para os coletores so estimadas como mostrado a seguir.
Figura 25 Representao esquemtica do escoamento em plug-flow em um reservatrio dividido em quatro sees. (ARRUDA, 2004).
Se: Vc < VAF
TRs = TAF (6.37.a)
e
AF1k
ikkiicAQ V/VaTVTReTVT
++=
(6.37.b)
onde o volume Vk o volume do segmento que deixou o reservatrio parcialmente e o coeficiente "a" a porcentagem deste volume que foi entregue ao abastecimento, calculado pelas condies:
10 a
AFkk
iic VaVVV =++
=
1
1 (6.38)
Se: Vc > VAF
ReTTAQ = (6.39.a)
e
c
N
1kikkiiAFAF V/VaTVTVTTRs
++= +=
(6.39.b)
36
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
T1
T2 T3
T4
tempo = t1
V1 V2 V3 V4
A)
T1
T1
T1
TRe
TRe
T2
T2
T2
T3
T3
T3
T4
T4
T4 T5
TAF
VAF
tempo t2 = t1 + t
passo 1
passo 2
VC V1 V2 V3 V4
VC V1 V2 V3 V4
V1 V2 V3 V4 V5
B)
C)
D)
onde a e k precisam satisfazer as condies:
As perdas no reservatrio e a conduo de calor entre os segmentos devem ser avaliadas antes do
perfil ter sido ajustado pela soluo da seguinte equao diferencial para cada seguimento:
Este ltimo modelo, segundo Duffie e Beckman (1991), pode representar maiores graus de
estratificao que o modelo dos mltiplos ns.
Hahne e Chen (1998) analisaram o perfil trmico e a eficincia trmica de um reservatrio cilndrico
vertical, com o fluxo de gua quente feito pelo topo e a descarga pelo fundo, sob condies
adiabticas. O mtodo utilizado para estudar as caractersticas do escoamento e da transferncia de
calor foi a soluo numrica do arranjo das equaes da continuidade, da quantidade de movimento
e da conservao da energia. A anlise se baseou na premissa que "uma boa estratificao trmica
em um reservatrio de gua quente resulta em uma alta eficincia do reservatrio a uma dada
temperatura". A eficincia do reservatrio definida pela equao (6.37).
Nota-se que na equao acima a temperatura de entrada do lquido constante, apenas a temperatu-
ra de sada que varia com o tempo em funo da estratificao e da mistura da gua no reservatrio.
Os autores relacionaram a eficincia de carga com os seguintes adimensionais: nmero de
Richardson (Ri) modificado, nmero de Peclet (Ped) e mdulo de Fourier (Fo), definidos pelas
equaes (6.43) a (6.45).
( ) ( )1i
1iii
1i
i1i1iii
ii z
TT)A.(z
TT)A()TarT()UA(dt
dTCpV+
+
+=
kk. (6.41)
10 a
ckN
kiiAF VaVVV =++
+=1 (6.40)
Onde:
1iz: a distncia entre os centros dos segmentos i-1 e i;
1+iz: a distncia entre os centros dos segmentos i e i+1 e
k: a condutividade trmica (W / m.C).
( )( )ini
tc0
R RTReTmCp
dt.)t(TRsReTCpm
= (6.42)
Onde:
m: a massa total de gua no reservatrio;
m : a vazo em massa da gua quente que entra;
tc: o tempo para o enchimento total do reservatrio,
iniRT e TR Re;T : so, respectivamente, as temperaturas de entrada, sada e inicial.
( )
2e
Rinik2m v
H.RTReT..gReGrRi == (6.43)
37
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
dRem
HvPr.RePed
== (6.44)
2R
d
H
tFo
= (6.45)
Onde:
Gr: o nmero de Grashof ( )[ ]23Rinik /HRTTRe.g = ; : a viscosidade cinemtica (m2/s);
Rem: o numero de Reynolds modificado [ ]/Hv Re= ; Pr: o nmero de Prandtl [ ]d/=; k: o coeficiente de expanso volumtrica (K-1); HR: a altura total do reservatrio (m);
ve: a velocidade de entrada (m/s) e
d: a difusividade trmica (m2/s). -
Hahne e Chen (1998) fizeram neste trabalho as observaes descritas abaixo.
a) Para pequenas diferenas de temperatura entre a gua que entra e a que est no reservatrio, o
aumento da velocidade de entrada diminui a eficincia trmica; medida que a diferena de
temperatura aumenta, o efeito de flutuao da gua quente aumenta e a descarga direta da gua
quente pelo fundo diminui. Para diferenas de temperatura maiores que 20 K, o efeito da velocidade
pode ser desprezado, nesta situao a eficincia permanece quase constante em torno de 97 a 98%.
b) Quando o nmero de Rirchardson grande (Ri > 0,25), o aumento da vazo melhora a eficincia
se a temperatura da gua que entra for muito elevada ( 80 C), pois, quanto maior Ri maior o efeito de
flutuao da gua quente, aumentando a estratificao trmica; porm, quando este nmero
pequeno, ou a temperatura de entrada baixa, o efeito ao contrrio: a eficincia diminui com o
aumento da vazo. Todavia o efeito da vazo muito menor que o efeito da diferena de temperatura.
c) Se a relao entre a altura e o dimetro (HR /d) estiver no intervalo de um a quatro, o aumento desta
relao promove um aumento na eficincia; para valores maiores que quatro este efeito desprez-
vel.
d) Para valores de Ri entre 0,001 e 0,01, quanto maior o Ri e quanto maior o nmero de Peclet, maior
a eficincia; para nmero de Richardson maior que 0,25 a eficincia quase constante, variando
entre 97e 98%.
e) Para nmeros de Richardson maior que 0,25 a eficincia aumenta com o aumento do mdulo de
Fourier; para valores pequenos de Ri acontece o contrrio, porm o efeito deste parmetro
pequeno quando comparado com a influncia dos outros dois adimensionais utilizados. Hahne e
Chen (1998) encontraram a seguinte relao para a eficincia do reservatrio:
( )10,1R74,049,057,0R dH.Fo.Ped.Ri.206,01 = (6.46)
A equao acima s se aplica gua e vlida para as seguintes condies:
0,0013< Ri 10; 1,25.106 Ped 1,95.106; 8,15.10-6 Fo 1,54.10-3 e 1,0 H/ D 8,1.
38
Habitao mais Sustentvel
Levantamento do estado da arte: Energia Solar
R
F*V
t.Q = (6.47)
Yoo et al. (1999) desenvolveram uma soluo analtica para o clculo da estratificao trmica em
reservatrios cilndricos verticais funcionando nas mesmas condies testadas por Hahne e Chen
(1998), isto , com uma nica entrada de gua quente no topo e uma sada no fundo do reservatrio.
O mtodo considera o processo adiabtico, sem nenhum outro trocador de calor interno e prev que
na primeira seco, prxima a entrada de gua quente, ocorre uma mistura total e que nas demais
sees o fluxo se d pelo modelo plug-flow. exigido que a temperatura de entrada seja maior ou
igual temperatura do topo do reservatrio, podendo ser constante ao longo do tempo ou varivel
segundo uma funo linear ou exponencial. A funo da temperatura (T= f(t)) pode sofrer alteraes
ao longo do processo, desde que seja conhecida.
Alizadeh (1999) estudou a estratificao trmica em reservatrios horizontais realizando quatro
tipos de ensaios com a circulao da gua simulando apenas a descarga e a recarga, isto , sem
considerar o circuito da gua nos coletores. Os dois primeiros tipos de ensaio iniciavam com o
reservatrio preenchido com gua quente e com um perfil trmico pr-estabelecido. No primeiro
tipo, a gua era introduzida com temperatura igual temperatura do fundo e, no segundo, com
temperatura abaixo desta ltima. No terceiro tipo de ensaio, o reservatrio tinha a temperatura
uniformizada para receber a gua fria. E, no quarto tipo, a primeira situao era repetida com um
bocal direcionando o fluxo 30 para baixo, ligando a tubulao de entrada ao reservatrio. As vazes
variaram de 6 a 10 litros por minuto. Para verificar o quanto a estr