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171148698 Como Romper o Circulo Vicioso Do Seu Int Elaine Gottschall

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  • Como Romper o CrculoVicioso do seu Intestino

    Dieta para um Intestino Saudvel

    Elaine Gottschall

    K N Books

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  • Dieta-do-Carboidrato-Espec%C3%ADfico/276554622470113

  • Ttulo original em ingls: Breaking theVicious CycleCopyright 1986-2012, ElaineGottschallAll rights reservedCopyright da traduo K N Books,2013

    Traduo: Karin NombroReviso: Vanessa Romualdo OliveiraCapa: ine MenassiISBN: 978-0-9575656-0-9Direito exclusivo de publicao mundialem lngua portuguesa adquirido pela KN Books.Endereo: 7 Kings Drive, Bristol, BS348RD, Reino UnidoE-mail para contato:

  • [email protected]

    Elaine Gottschall declara seu direitomoral de ser reconhecida como autoradesta obra.O nome Specific Carbohydrate Diet e aabreviao SCD so marcas registradasda Kirkton Press Ltd. Eles s podem serutilizados sob licena e seguidos daabreviao TM (trade mark).Nenhuma parte desta publicao poderser reproduzida por qualquer meio ouforma sem a prvia autorizao da K NBooks. A violao dos direitos autorais crime punido por lei.Copyright das fotos utilizadas na capa: Marco Mayer / Fotolia.com M. Studio / Fotolia.com

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    INFORMAO IMPORTANTEPARA O LEITOR

    Este livro contm informaessobre dieta e nutrio que, na opinio daautora, ajudaram aqueles que asseguiram.

    A autora reconhece que otratamento de doenas e a recuperaoda sade por meio da dieta deve sersupervisionada por um mdico. Osleitores no devem tentar oautodiagnstico ou a automedicao.Fale com o seu mdico antes de comear

  • a dieta proposta aqui. Este livro podeservir como um complemento emconsultas com mdicos interessados emnutrio.

    A autora e editora no seresponsabilizam pelo mau uso dasinformaes contidas neste livro.

  • O progresso da cincia implicano s o acmulo de conhecimento, mastambm sua organizao e unificao.Isto requer a inveno peridica denovas integraes, a coordenao doconhecimento existente e novashipteses que nos forneam mtodospara abordar o desconhecido.

    George Sarton, introduo aHistory of Science

  • DEDICATRIA

    Este livro dedicado memria doDr. Sidney Valentine Haas, que memostrou a importncia de compreender oefeito da alimentao no organismo.

  • SUMRIO

    PreliminaresDedicatriaPrefcio de Ronald L. HoffmanCaptulo 1 Passado e PresenteCaptulo 2 Evidncia CientficaRelacionada s DietasCaptulo 3 Bactrias Intestinais: umMundo InvisvelCaptulo 4 Como Romper o CrculoViciosoCaptulo 5 A Digesto deCarboidratosCaptulo 6 A Histria da DoenaCelaca

  • Captulo 7 A Relao com o CrebroCaptulo 8 A Relao com o AutismoCaptulo 9 Introduo DietaCaptulo 10 A Dieta do CarboidratoEspecfico (DICE)Receitas

    SOPASBerinjela assadaCenouraCreme de tomateFrangoGaspachoLegumes

    MOLHOS E PATSKetchupMaioneseVinagrete

  • Molho de abacaxi com coentroMolho de iogurtePat de fgadoPat de queijo

    SALADASAntepastoDe halloweenAtumTerrina de frutasTomate e abobrinha italiana

    PRATOS PRINCIPAISWaldorfAbobrinha italiana fatiadaAbobrinha italiana recheadaAsa de frango ao alho e melCosteleta de porco ao alho e melCroquete de frangoEnsopado de forno de abobrinha

  • italianaEnsopado de feijoEnsopado de peixeFarofa para frango assadoFrango com iogurte e gengibreFrango realLegumes com frango, carne ouporcoLasanha de abobrinha italianaMolho bolonhesaQueijo cottage assadoPizzaPizza do John

    PES, PANQUECAS E MUFFINSReceita bsica de muffin e poMuffin de abobrinha italianaPanquecas da DeannaPanquecas de banana

  • Panquecas de feijo-brancoPo de queijoPo delicioso de Lois LangPozinhoWaffles da Deanna

    BOLOSBananaBrownie de amendoimCastanhasCenouraCheesecakeTmaras

    BISCOITOSAbboraAmndoa e melAmendoimCoco e uva-passaQueijo

  • Recheado de tmarasCOBERTURAS OU RECHEIOS

    Cream cheeseCreme e melMel

    SOBREMESASMas assadas com nozes e melMas com cobertura de melMusse de framboesaMusse de morangoPedaos de ma assadosPudim de baunilhaSobremesa de abacaxi e queijoSorveteSorvete de feijo-brancoSorvete de frutasSufl de limoTorta de ma e creme de baunilha

  • Torta musse de framboesaDOCES E GELEIA

    Bala de baunilhaBala de cocoConfeito de castanhasPirulitoGranolaCaramelo da BeckyGeleias

    BEBIDASLeite de amndoaMilk-shakesSuco de abacaxi espumanteSuco de fruta com gsPonche de festa

    PREPARAES COM LEITE EFRMULA INFANTIL

    Cream cheese

  • Creme de leiteFrmula infantil semdissacardeosIogurte

    DepoimentosRede de ApoioSobre a AutoraGlossrioBibliografiaAgradecimentos

  • PREFCIO

    Quando descobri Alimento e aReao Intestinal, a primeira edio deComo Romper o Crculo Vicioso do seuIntestino: Dieta para um IntestinoSaudvel, percebi que o livro continhauma boa soluo para o tratamento demuitas doenas gastrintestinais. Aointroduzir os princpios da Dieta doCarboidrato Especfico, ficou claro que possvel os pacientes prosperaremnuma dieta variada, que reduz ossintomas de doenas e permite orestabelecimento do trato intestinal.Apresentada de maneira simples, aDieta do Carboidrato Especfico

  • transcende vrias simplificaes squais os pacientes com problemasgastrintestinais e seus mdicosfrequentemente sucumbem.

    Meu livro Sete Semanas para umEstmago Sereno foi publicado muitosanos atrs e, desde ento, fiquei famosopor ser um grande conhecedor deproblemas gastrintestinais. Pacientes detodas as partes do pas vieram seconsultar comigo. Muitos se queixavamde sintomas compatveis aos dasndrome do intestino irritvel. Outrosforam formalmente diagnosticados coma clssica doena inflamatria intestinal.Embora muitos pacientes tenham reagidobem ao arsenal comum de ajudadigestiva natural, substituio da flora

  • intestinal, s dietas de eliminao, aosremdios convencionais antifngicos eaos antibiticos, outros no encontraramnenhum alvio.

    Alimento e a Reao Intestinal, aprimeira edio deste livro, foiapresentada a mim pelo meu colega eamigo Dr. Leo Galland. Ele mencionouo livro depois que um de seus pacientestrouxe-o consigo e mostrou-lhe.Imediatamente, reconheci o livro deElaine Gottschall como uma ddiva deDeus para os meus pacientes. Seu valorest em fornecer uma alternativaconvincente e saborosa quelas dietasnormalmente indicadas para otratamento dos problemasgastrintestinais: dieta rica em fibras, de

  • baixa gordura, de baixo resduo, semglten e outras dietas de eliminao.

    Baseado em minha experincia compacientes, eu j tinha razes paraduvidar da ideia de que o programamais saudvel de alimentao era o docarboidrato complexo, especialmentepara os pacientes com problemasgastrintestinais. Muitosgastroenterologistas, como a maioriados mdicos norte-americanos, propemesse plano de dieta de baixocolesterol. A gordura, segundo eles, aruna no somente das artrias, comotambm do trato intestinal: combinadacom protena animal excessiva, assimeles dizem, a gordura apresenta umpalco ideal para as doenas do mundo

  • ocidental, desde a diverticulite eapendicite at o cncer do clon.

    Certamente, alguns pacientesreagem bem ao consumo de fibras, masoutros se do muito mal quando comemalimentos ricos em substnciasindigerveis. A alternativa radical umadieta base de carne e salada, queelimina todos os acares e amidos desagradvel e inexequvel para todos,exceto para o paciente mais dedicado.De fato, essa dieta rigorosa base deprotenas e verduras, s vezes chamadad e caveman diet (dieta do homem dacaverna), perigosa para os pacientescom doena de Crohn ou coliteulcerativa que j esto malnutridos emuito magros.

  • Uma das grandes simplificaesque o livro de Elaine Gottschall evita a noo de que a fonte dos problemasgastrintestinais a alergia a algumalimento. J que a manipulao da dietado paciente pode produzir algumresultado, talvez seja natural achar isso.Porm, a total confiana em resultadosambguos de testes de alergia deixamuitos pacientes mal diagnosticados. Acrena mais sofisticada de que no soos alimentos sozinhos, mas sim osprodutos gerados pela digesto dosmesmos que causam problemasintestinais, est substituindo rapidamenteo conceito de alergia alimentar.

    Essa teoria foi demonstrada peloDr. J. O. Hunter em um artigo publicado

  • n a Lancet, em 1991. A Dieta doCarboidrato Especfico de ElaineGottschall um reconhecimento dateoria de Hunter. Outro artigo recente naLancet ressalta a frequncia daintolerncia ao milho, ao trigo, ao leite, batata e ao centeio. Esta deve ser arazo pela qual os pacientes que obtmbenefcios inconsistentes de uma dietasem glten ou sem lactose reagem tobem ao regime proposto pelo livro deElaine Gottschall. Essa dieta trata daintolerncia ao carboidrato de maneiramais ampla do que outras abordagens jvistas. A segunda edio de Alimento ea Reao Intestinal Como Romper oCrculo Vicioso do seu Intestino: Dietapara um Intestino Saudvel deveria

  • estar entre os recursos vitais de cadagastroenterologista.

    Outras estratgias corretivaspreocupam-se em erradicar patgenosintestinais. Aqueles que aceitam essaabordagem acreditam na filosofia acheum germe, use um remdio. ElaineGottschall apresenta uma alternativamais holstica para restabelecer oequilbrio saudvel da flora intestinal.

    Conforme comecei a colocar meuspacientes na Dieta do CarboidratoEspecfico, usando Alimento e a ReaoIntestinal como guia, fiqueiimpressionado com os resultados.Aqueles com doena de Crohn, coliteulcerativa, sndrome do intestinoirritvel, e at mesmo com intestino

  • preso mais teimoso encontraram alvio,apesar de no passado terem tido seuprogresso bloqueado por regimes deeliminao complicados emalsucedidos. O valor clnico da Dietado Carboidrato Especfico erainquestionvel e, para minha surpresa,percebi tambm benefcios imprevistos.Pacientes com dores nos msculos, nasjuntas e at mesmo com artrite bemdesenvolvida, erupes crnicas napele, psorase e fadiga generalizadaexperimentaram alvio desses sintomas.A dieta de Elaine Gottschall tinhaprovavelmente reduzido a toxicidade dointestino.

    Infelizmente, a probabilidade deaceitao mais ampla de uma abordagem

  • diettica como esta pequena. Enquantomuitos dos meus colegas inovadores ecentrados em nutrio aproveitaram-sedas ideias expostas em Alimento e aReao Intestinal e introduziram-nas notratamento de seus pacientes, a maioriados gastroenterologistas no esto nemmesmo curiosos. Eles raramentereconhecem o papel que a dieta possui.Por exemplo, um artigo recente naLancet demonstrando a eficcia de umadieta de excluso no tratamento dadoena de Crohn no instigou um nicogastroenterologista na minha grandecomunidade metropolitana a enviar umacpia para seus pacientes mesmosabendo que a doena deles noresponde administrao mais

  • habilidosa de remdios.Felizmente, nmeros maiores de

    pacientes esto reconhecendo anecessidade de desprender-se dadependncia total de remdios etratamentos focados nos sintomas.Muitos suportaram anos de sofrimento,incluindo estresse mental e econmico, eagora esto dispostos a tentar uma dietasaudvel, baseada em pesquisa mdica eque faa sentido. O acolhimento dado aoAlimento e a Reao Intestinal (aprimeira edio deste livro) porpacientes teve o efeito de umaverdadeira rebelio.

    Elaine Gottschall foi umaincansvel guerreira em nome dotratamento natural de problemas

  • digestivos. Ela tornou-se uma lder ativapara muitos dos meus pacientes eforneceu orientao inestimvel quandoo progresso emperrou. Sua recompensa certamente o conhecimento garantidode que ela transformou a vida demilhes de pacientes com transtornosgastrintestinais.

    Ronald L. Hoffman, M.D.Hoffman CenterJunho, 1994

  • CAPTULO 1

    PASSADO E PRESENTE

    Em 1951, aps muitos anos deexperincia clnica, os mdicos SidneyV. e Merrill P. Haas publicaram umlivro intitulado O Controle da DoenaCelaca. Direcionado comunidademdica, documentava experincias notratamento e na cura de centenas decasos de doena celaca, assim como defibrose cstica do pncreas. Aabordagem era por meio de dieta, e elesusavam um regime bem balanceado,muito especfico em relao aos tipos deacares e amidos permitidos. Quando

  • os pacientes seguiam essa Dieta doCarboidrato Especfico por no mnimoum ano, eles se viam capazes de retornar uma dieta normal com odesaparecimento completo e permanentedos sintomas.

    Em 1958, levamos nossa filha de 8anos de idade para ver o Dr. Haas. Trsanos antes, ela tinha sido diagnosticadapor especialistas como tendo coliteulcerativa incurvel e sua condioestava piorando. Os anos de tratamentocom cortisona e sulfonamidas somados ainmeras outras abordagens foraminfrutferos, e uma cirurgia pareciaiminente. Dr. Haas a colocou na Dietado Carboidrato Especfico e, dentro dedois anos, ela j no apresentava mais

  • nenhum sintoma. Voltou a comernormalmente depois de outros poucosanos e permaneceu com uma sadeexcelente por mais de 20 anos.

    Muitos estudantes, amigos e outraspessoas que atendi no meu consultrio eque estavam sofrendo de coliteulcerativa, doena de Crohn, doenacelaca (no curada por uma dieta semglten), diverticulite e vrios tipos dediarreia crnica tentaram a dieta deHaas e a maioria ficou livre de suasdoenas. Algumas das recuperaesmais rpidas e comoventes ocorreramem bebs e crianas com priso deventre severa, e tambm em crianasque, alm de problemas intestinais,tinham problemas srios de

  • comportamento. Estes incluam casos dehipoatividade do tipo autstica ehiperatividade, frequentementeacompanhados de terrores noturnosseveros e prolongados. Muitas vezes, osproblemas comportamentais e osterrores noturnos desapareciam dentrode dez dias aps o incio da Dieta doCarboidrato Especfico de Haas. interessante observar que, em junho de1985, a Associao Britnica deEsquizofrenia lanou um projeto parainvestigar a pesquisa do Dr. F.C. Dohansobre a relao entre a doena celaca ea esquizofrenia. A base desse projetoera uma dieta absolutamente sem gros eleite, com pouqussimo acar,intimamente ligada Dieta do

  • Carboidrato Especfico.Enquanto isso, em laboratrios de

    pesquisa ao redor do mundo,pesquisadores tm estudado ostranstornos intestinais. Mdicos epesquisadores descobriram que um tipoespecial de dieta sinttica (nutrientesqumicos agregados em laboratrio),chamada Dieta Elementar, representauma grande promessa no tratamento detranstornos digestivos e intestinais detodos os tipos. O problema da mabsoro observado na fibrose csticado pncreas, assim como na diarreia queocorre aps o tratamento de cncer comquimioterapia, foi superado graas aouso da Dieta Elementar sinttica.Quando utilizada em pacientes com

  • doena de Crohn, a Dieta Elementar nosomente permitiu o desaparecimento dossintomas, como tambm ajudou crianasque no tinham crescido regularmentepor anos a ganhar peso e altura. O nvelde cloreto de sdio na transpirao (oteste de suor que mede a gravidade dacondio de sade) das crianas comfibrose cstica do pncreas diminuiudrasticamente quando elas estavamfazendo a Dieta Elementar. Mais de 600publicaes cientficas apareceram emjornais mdicos entre os anos de 1970 e1980 comprovando o fato de que a DietaElementar eficiente na correo da mabsoro e inverso do andamento demuitas doenas intestinais. Porm, comoa Dieta Elementar um regime artificial,

  • normalmente administrado por um tuboligado ao estmago, no pode continuarindefinidamente. Quando descontinuada, normalmente aps seisou oito semanas, a melhora diminuigradualmente e os sintomas retornam.

    O denominador comum fundamentalna efetividade de ambas a dieta naturaldo Carboidrato Especfico e a DietaElementar sinttica o tipo decarboidrato predominante. Na DietaElementar sinttica, o principalcarboidrato o acar simples, aglicose, que um monossacardeo(mono = um; sacardeo = acar),diferente da sacarose (acar de cana),que um dissacardeo (di = dois) e doamido, que um polissacardeo

  • (formado por muitos tipos de acares).

    Figura 1: carboidratos na dieta

    Na dieta natural do CarboidratoEspecfico, os carboidratospredominantes tambm so os acaressimples aqueles encontrados em frutas,mel, iogurte feito corretamente ealgumas verduras. Os diversosrelatrios de pesquisa que mostram quea Dieta Elementar sinttica benfica

  • para as doenas intestinaisprovidenciam apoio para a Dieta doCarboidrato Especfico, a qual pode seraplicada em casa.

    Aqueles que decidem seguir aDieta do Carboidrato Especfico noprecisam se sentir prejudicados. Muitasdas receitas deliciosas deste livropoderiam facilmente fazer parte de umlivro de receitas. O fato de elas seremto atraentes, no entanto, de maneiranenhuma compromete este raciocniofundamental: os carboidratosespecificados nas receitas sobioquimicamente corretos.

    A Dieta do Carboidrato Especficoapresentada neste livro altamentenutritiva e bem balanceada. Ela segura

  • e provavelmente efetiva na superao demuitos transtornos intestinais edigestivos incmodos.

  • CAPTULO 2

    EVIDNCIA CIENTFICARELACIONADA S DIETAS

    Os transtornos intestinaisestressantes e enfraquecedores vistoshoje em dia existem h sculos. Osnomes dados s variadas manifestaespatolgicas com sintomas de diarreia,excesso de gs, perda de peso, excessode muco, clicas, perda de sangue eintestino preso mudaram ao longo dosanos. Os mtodos de diagnstico, assimcomo o tratamento e controle, tambmmudaram. Porm, sempre existiu umacrena fundamental de que a dieta um

  • importante fator a ser considerado, nosomente para determinar a causa dotranstorno, como tambm seu tratamentoe sua cura.

    A literatura mdica est repleta deartigos narrando os efeitos favorveis damudana de dieta no tratamento dedoenas intestinais. H muito tempo, em300 d.C., um mdico romano descreveucom detalhes uma situao de diarreiasemelhante da doena celaca esugeriu que o jejum, somado ao uso desuco de banana-da-terra, iria curar omal. Em 1745, o prncipe Charles,jovem pretendente ao trono daInglaterra, sofria de colite ulcerativa e,aparentemente, curou-se adotando umadieta sem leite.

  • Durante o incio de 1990, inmerosmdicos ajudaram-nos a compreendermelhor os efeitos dos alimentos nostranstornos intestinais. Dr. ChristianHerter, mdico e professor daUniversidade de Columbia (EstadosUnidos), percebeu que em todos oscasos em que crianas ficavamdebilitadas com diarreia e fraqueza, asprotenas eram bem toleradas, asgorduras eram moderadamente aceitas,mas os carboidratos (acares eamidos) eram muito mal tolerados. Eleafirmou que a ingesto de certoscarboidratos quase invariavelmentecausava recada ou retorno da diarreiaaps um perodo de melhora. Naquelapoca, Dr. Samuel Gee, outro pediatra

  • reconhecido mundialmente , identificoucom clareza vrios fatores importantesque pesquisadores modernos deixaramescapar. Ele disse que, se o pacientecom transtorno intestinal pudesse sercurado, teria de ser por meio de dieta.Acrescentou ainda que o leite era oalimento menos apropriado durante ostranstornos intestinais e que alimentosricos em amido (arroz, milho, batata egros) eram inadequados. Dr. Geeafirmou: No podemos jamais esquecerque aquilo que o paciente come e queest alm do seu poder de digesto lhefar mal. Qualquer alimento, eparticularmente os carboidratos, dado pessoa com problemas intestinaisdeveria, portanto, ser algo que

  • precisasse de pouca ou nenhumadigesto, de modo que o prprioprocesso digestivo no atrapalhasse aabsoro dos carboidratos. Ao contrriodo que alguns pensam, carboidratos nodigeridos (e, portanto, no absorvidos)no esto passando inofensivamentepelo intestino delgado e clon e sendoeliminados pelas fezes, mas de algumamaneira e em algum lugar no tratodigestivo esto causando problemas.

    H muitas evidncias recentes quesustentam a hiptese de que o rumo devrias formas de problemas intestinaispode ser mudado favoravelmente pormeio da manipulao do tipo decarboidrato ingerido. Pacientes comfibrose cstica reagiram muito bem

  • eliminao de certos carboidratos desuas dietas, principalmente de acarrefinado (sacarose) e de acar do leite,lactose, assim como de amidos. Alactose esteve envolvida muitas vezescom a colite ulcerativa, com a doena deCrohn e com outros tipos de transtornosintestinais referidos como diarreiafuncional. A eliminao da lactose dadieta de pacientes com esses problemasresultou em uma melhora notvel.

    Pesquisas sobre a doena de Crohnrenderam resultados fantsticos comrelao aos carboidratos na dieta. Nosanos de 1980, dois artigos apareceramna literatura mdica. O primeiro relatouos resultados dos mdicos Von Brandese Lorenz-Meyer, de Marburg, na

  • Alemanha, que conseguiram que 20 deseus pacientes com doena de Crohnentrassem em remisso por meio daproibio de comidas e bebidascontendo carboidratos refinados,essencialmente sacarose e amido. Nosegundo estudo, desenvolvido com aajuda de 20 pacientes com doena deCrohn, mudanas na dieta envolvendo aeliminao de alimentos especficos,particularmente cereais e derivados doleite, resultou em remisso prolongada.Os mdicos que conduziram a pesquisaconcluram que a manipulao da dietapode ser uma estratgia efetiva a longoprazo para a doena de Crohn.

    Um recente livro de medicina sobreo tema da sndrome do intestino irritvel

  • relatou os resultados de 20 estudosmundiais sobre o modelo de alimentaode pacientes com colite ulcerativa edoena de Crohn anterior ao comeo dossintomas e depois do diagnstico. Doisde trs estudos sobre o hbito alimentarde pacientes com colite ulcerativamostrou um alto consumo de po ebatatas somado a uma alta ingesto deacar refinado (sacarose). Em um dosestudos, abrangendo 124 pacientes, foiconcludo que um fator diettico nacolite ulcerativa no poder serdescartado, especialmente em relaoao po. Nesse mesmo livro, foramrelatados resultados de 17 estudos sobrea doena de Crohn, e todos elesconstataram que a ingesto de sacarose

  • maior nos pacientes com doena deCrohn que nas pessoas que no possuema doena. O autor do documentoafirmou:

    A consistncia dessa descoberta notvel considerando a variedade depases e os mtodos utilizados pararealizar os estudos. Entre os pacientesdos 17 estudos relatados, foi descobertoque a ingesto de sacarose variava entre20% e 220% a mais em pacientes comdoena de Crohn comparada a pessoasque no tinham a doena.

    Para concluir, o Dr. Heaton, autordo relatrio, disse:

    A relao entre a doena de Crohne uma dieta rica em acar est provadasem sombra de dvida. Excluindo o

  • fumo, essa a pista mais forte de umaetiologia ambiental da doena.

    O Dr. Claude Morin do HospitalSainte-Justine, no Quebec (Canad),relatou seus resultados no tratamento dequatro crianas que sofriam de doenade Crohn duradoura.

    Quando ele administrou, por meiode um tubo conectado ao estmago, aDieta Elementar sinttica contendo omonossacardeo glicose (um acarsimples) como a principal fonte decarboidrato, as crianas adquiriramganhos notveis tanto em altura quantoem peso, assim como a remisso de seussintomas. Ao contrrio da sacarose, dalactose e do amido, a glicose no requernenhuma digesto e , portanto, mais

  • provvel que seja absorvida pelasclulas do intestino delgado. Esseacar pr-digerido pode passarfacilmente atravs das clulasabsortivas do intestino, entrar nacorrente sangunea e nutrir o organismo.A glicose da Dieta Elementar sinttica,assim como a glicose encontrada emfrutas e mel, no est alm do poder dedigesto daqueles com transtornosintestinais.

    O Dr. Jan Van Eys do centro depesquisa do cncer da Universidade doTexas (Estados Unidos) reafirmou esseprincpio ao dizer:

    A mucosa gastrintestinal dascrianas est especialmente propensa aodano causado pela diarreia e,

  • consequentemente, pela intolerncia aodissacardeo. O desenvolvimento defrmulas sem dissacardeos e de dietaselementares proporcionaram um meiopelo qual os mdicos puderam permitiraos pacientes que se recuperassem sema adoo de medidas drsticas.

    O Dr. Van Eys no explicou ascondies que levavam inabilidade dedigerir acares complexos(dissacardeos), nem especificou de quemaneira a diarreia est relacionada aoproblema da digesto de dissacardeos.Porm, mais recentemente, o Dr. J.Ranier Poley, da Escola de Medicina daVirgnia Ocidental, mostrou que hrelao entre a diarreia e a inabilidadede digerir amidos e acar dissacardeo.

  • Ao examinar com um microscpio asuperfcie intestinal de pacientes comvrias formas de diarreia, o Dr. Poleydescobriu que a maioria deles perderama habillidade de digerir dissacardeospor causa da produo excessiva demuco pelas clulas intestinais. Umacamada grossa e anormal de muco nasuperfcie parece evitar o contato entreos dissacardeos e as enzimas digestivasdas clulas absortivas. Acares queprecisam ser digeridos no podem serprocessados e, assim, no seroabsorvidos para nutrir o indivduo. ODr. Poley mostrou que esse fenmenoacontece naqueles que sofrem de doenacelaca, intolerncia protena da soja e do leite de vaca, diarreia intratvel na

  • infncia, diarreia crnica em crianas,infeces parasitrias do intestino(giardase), fibrose cstica do pncrease doena de Crohn. As razes para aproduo excessiva de muco serodiscutidas com mais detalhes noprximo captulo, que trata de micrbiosintestinais.

    Carboidratos (acares e amidos)sero discutidos no captulo cinco paraque se possa compreender como algunsdeles conseguem escapar da digesto e,portanto, da absoro mais facilmentedo que outros. Vai ficar claro que,quando isso ocorre, eles permanecem notrato intestinal e so utilizados pelomundo microbiano do intestino, o qualdepende da disponiblidade desse

  • carboidrato para que os micrbiostenham energia suficiente para viver e semultiplicar. Fungos e bactrias mudamos carboidratos de tal maneira quepodem danificar o intestino, o qual podereagir a esses resduos microbiaissecretando muco em excesso. Umacadeia de eventos (Figura 2) fica assimestabelecida.

  • Figura 2: cadeia de eventos

    No momento, difcil detectar oque desencadeia o ciclo envolvendo oscarboidratos da dieta e a multiplicaomicrobiana no intestino. Em 1922, emum discurso para a comunidade mdicainti tulado O Alimento Errado em

  • Relao a Transtornos Intestinais, Dr.Robert McCarrison advertiu seuscolegas de que as doenas intestinaisestavam aumentando. Ele lhes pediu quese recordassem de que os micrbios,frequentemente culpados pelas doenasintestinais, dependem das condies devida, principalmente da nutrio, a qualmuitas vezes prepara o terreno noorganismo para o crescimento dessesmicroorganismos. razovel acreditarque carboidratos que permanecem nointestino no digeridos e no absorvidospossam servir de terreno noorganismo, encorajando o crescimento ea multiplicao de microorganismosenvolvidos nos transtornos intestinais.

    Em vrias condies, um intestino

  • que funciona mal pode ficar facilmentedesarmado pela ingesto decarboidratos que requerem muitosprocessos digestivos. O resultado umambiente apropriado para o crescimentoe a multiplicao de fungos e bactriasno intestino e, consequentemente, oincio da cadeia de eventos ou a suaperpetuao.

    O propsito da Dieta doCarboidrato Especfico privar omundo microbiano dos alimentos de queele precisa para multiplicar-se esuperpovoar o intestino. Ao usar umadieta que contm predominantementecarboidratos pr-digeridos, oindivduo com um problema intestinalpode ficar bem nutrido sem estimular em

  • excesso a populao microbiana dointestino.

  • CAPTULO 3

    BACTRIAS INTESTINAIS: UMMUNDO INVISVEL

    As duas coisas mais perigosas queum astronauta leva na sua nave so seucrebro e sua flora intestinal.(Bengson)

    O homem somente aquilo queseus micrbios fazem dele. (Ropeloff)

    geralmente aceito entre mdicose pesquisadores que, durante distrbiosintestinais e doenas intestinaiscrnicas, o estado de equilbrio normale harmonioso das bactrias que habitam

  • o trato gastrintestinal perdido. importante, portanto, que conheamos oshabitantes deste mundo invisvel.

    Antes do nascimento, o intestinohumano livre de bactrias. Porm, apartir do nascimento, ocorre umainvaso macia de vrios tipos debactrias no trato gastrintestinal, quelogo fica povoado, de acordo com o tipode leite ingerido, assim como de outrosfatores ambientais. Uma parte dessapopulao bacteriana se desenvolve docontato com a pele da me; outra partese origina do ar. Se o beb foiamamentado, mais do que 99% de todasas bactrias do intestino so de um tipoapenas. Conforme outros alimentos vosendo ingeridos, o beb desenvolve uma

  • ampla variedade de bactrias.Estudos revelaram que mais de 400

    espcies de bactrias coabitam o clonhumano. De modo geral, o estmago e amaior parte do intestino delgadoabrigam uma escassa populao de floramicrobiana. O nmero de bactriasnormalmente aumenta na parte maisbaixa do intestino delgado, o leo,devido a sua proximidade com o clon,que rico em bactrias.

  • Figura 3: o trato intestinal

    No trato intestinal saudvel, as

  • bactrias intestinais parecem viver emum estado de equilbrio: a abundnciade um tipo de bactria inibida pelasatividades de outros tipos de bactrias.Essa competio entre elas previne queum tipo domine o organismo com seusresduos ou toxinas. Outro fatorimportante de proteo que funcionapara manter a populao bacterianaescassa no estmago e no intestinodelgado a alta acidez do cidoclordrico do estmago, no qual asbactrias no conseguem sobreviver.Alm disso, o movimento peristlticonormal (ondas de contraes muscularesinvoluntrias) expele muitas bactriasdo intestino com as fezes e, dessa forma,diminui sua quantidade.

  • Contudo, o crescimento exageradode bactrias no estmago e no intestinodelgado pode ocorrer por vrias razes,entre elas:

    1. Interferncias na alta acidez doestmago devido ao uso contnuode anticidos;

    2. Uma diminuio na acidez doestmago devido aoenvelhecimento;

    3. Desnutrio ou uma dieta de baixaqualidade, causando oenfraquecimento do sistemaimunolgico do organismo;

    4. Tratamento com antibiticos, quepode causar grandes mudanas nasbactrias. Uma bactria inofensiva

  • que reside normalmente nointestino sem ser prejudicada podesofrer muitas alteraes devido aouso de antibiticos.

    Uma vez que, por qualquer razo, oequilbrio normal do clon forperturbado, as bactrias podem migrarpara o intestino delgado e para oestmago. Dessa forma, obstruem adigesto, competem por nutrientes esobrecarregam o trato intestinal comseus resduos. A absoro normal davitamina B12 logo fica prejudicada como crescimento excessivo de bactrias nointestino delgado.

    Existe uma longa histria sugerindoque bactrias e fungos esto envolvidos

  • nos distrbios intestinais. J em 1904,um exame de fezes em crianas quesofriam do que parecia ser doenacelaca revelou que havia umamanifestao alta e anormal de bactriasfermentando (comendo carboidratos)e putrefativas (comendo protenas)que estavam, sem dvida, contribuindopara o desenvolvimento da doena. Osmdicos que observaram issopropuseram que, embora o intestinonormal pudesse controlar o crescimentode bactrias, em casos celacosalguma anormalidade intestinal impediao controle de regulagem normal.

    Os primeiros pesquisadores que sededicaram ao estudo de colite ulcerativaacreditavam que essa doena era

  • causada por bactrias. Entre 1906 e1924, muitos pesquisadores isolaramcertos tipos de bactrias, injetaram-nasou suas toxinas em animais delaboratrio e afirmaram que as injeesproduziram colite ulcerativa nosanimais. Em 1932, quando o Dr. B. B.Crohn falou sobre um novo distrbiointestinal, agora conhecido como doenade Crohn, muitos mdicos que estavamem sua aula afirmaram que essa novadoena ocorria devido amicroorganismos.

    De 1920 at hoje, o papel dasbactrias e de seus resduos continuamsendo investigados com o objetivo deencontrar a causa das mais variadasformas de doenas inflamatrias do

  • intestino. Frequentemente, surgia algumaevidncia convincente de que algumasbactrias em particular poderiam darincio a certos tipos de doenaintestinal, mas, por fim, o estudo erarefutado pela insuficincia de provas.Algumas dificuldades que ospesquisadores encontraram ao tentardetectar as bactrias culpadasocorreram, sem dvida, em razo dainterminvel mudana nas condies domundo bacteriano do intestino, davariabilidade dos tipos de bactriasintestinais, ou por causa da falta detcnicas laboratoriais precisas deidentificao.

    Durante esses primeiros anos deinvestigao, o Dr. Ilya Metchnikoff

  • sugeriu que as bactrias no intestinoproduziam toxinas que eram absorvidaspela corrente sangunea. Metchnikoffafirmou que essas toxinas eram a causade muitas aflies humanas, dando onome de autointoxicao ao processopelo qual bactrias nocivas causamdoenas no intestino. Diferentemente dospesquisadores que tentaram sem sucessoencontrar os microorganismos precisosenvolvidos nos vrios tipos dedistrbios intestinais, Metchnikoffabordou o problema de maneira bemdiferente. Ele sustentou, assim comomuitos outros o fizeram, que se oambiente intestinal pudesse ser mantidoem um estado saudvel, bactriasnocivas no iriam mais representar uma

  • ameaa.Ele defendeu o amplo uso de leite

    fermentado, similar ao iogurte, e sugeriuque a bactria benfica utilizada naproduo do leite fermentado, e queainda permanece nele, entraria no tratointestinal e impediria que outrasbactrias formassem toxinas nocivas ali.Embora a proposta de Metchnikoff notenha sido adotada universalmente, suasideias foram reconhecidas porgastroenterologistas e pesquisadoresrenomados. Em 1964, o Dr. Donaldsonafirmou o seguinte em um longo artigosobre o papel das bactrias em doenasintestinais: Em alguns aspectos, oconceito de autointoxicao oferecidopor Metchnikoff precisa receber uma

  • forte reconsiderao.Pesquisadores ainda ficam

    fascinados com as proposies deMetchnikoff e continuam estudando ossupostos benefcios do leite fermentado.Pesquisadores modernos se perguntam:ser que as bactrias utilizadas nafermentao do leite realmente vomorar no intestino e, em caso afirmativo,por quanto tempo? Qual das bactriasutilizadas na fermentao do leite vaineutralizar as toxinas produzidas poroutras bactrias intestinais? Ou ser quea bactria usada para fermentar o leite ,ela mesma, o fator benfico?

    Nos anos de 1980, forampublicados um nmero crescente derelatrios afirmando que as toxinas das

  • bactrias intestinais pareciam estardanificando as clulas do intestino e,como consequncia, causando umavariedade de doenas envolvendodiarreia. Algumas dessas bactriasprodutoras de toxinas no foram, nopassado, consideradas causadoras dedoenas. Embora ainda no existaevidncia suficiente para conectar umabactria especfica a cada um dosdistrbios intestinais crnicos, umacoisa certa: as bactrias intestinais noso espectadoras inocentes.

    Um mtodo simples para minimizaras atividades indesejosas das bactriasintestinais seria atravs do uso deantibiticos. Esse mtodo usado comfrequncia, mas, infelizmente, na

  • maioria dos distrbios intestinaiscrnicos, tem suas limitaes.

    Assim, estamos diante dedistrbios intestinais envolvendopopulaes de bactrias que foramalteradas em nmero, caracterstica, ouambos. As contraes normais dosmsculos intestinais (peristalse) noconseguem expuls-las: elas parecemser tenazes. De fato, h evidncias deque as bactrias intestinais no causamdoenas a menos que desenvolvammtodos de adeso parede dointestino. O tratamento base deantibiticos tem uma utilidade limitada,enquanto outros medicamentos dafamlia da cortisona e da sulfaapresentam efeitos colaterais se tomados

  • por um longo tempo.Uma forma sensata e inofensiva de

    combater a populao anormal debactrias intestinais manipulando aoferta de energia (alimento) por meio dedieta. A maioria das bactrias intestinaisprecisa de carboidratos para obterenergia, e a Dieta do CarboidratoEspecfico restringe com rigor adisponibilidade desse elemento. Aoprivar as bactrias intestinais de suafonte de energia, seu nmero diminuirgradualmente, juntamente com osresduos que elas produzem.

  • CAPTULO 4

    COMO ROMPER O CRCULOVICIOSO

    De todos os componentes da dieta,so os carboidratos que exercem maisinfluncia sobre as bactrias intestinais.Elas obtm energia para se manter econtinuar multiplicando-se por meio deum processo de fermentao decarboidratos disponveis no tratointestinal.

    O processo de fermentao peloqual bactrias intestinais consomemcarboidratos da dieta est explicado nafigura 4.

  • Figura 4: fermentao no intestino

    A fermentao favorecida quandoa dieta contm carboidratos quepermanecem no trato intestinal em vezde serem assimilados pela correntesangunea. Carboidratos no absorvidosconstituem a fonte mais importante degs no intestino. Por exemplo, se alactose contida em 28 ml de leite no fordigerida e absorvida, ir produziraproximadamente 50 ml de gs no

  • intestino de pessoas normais. Mas sobcondies anormais, quando bactriasintestinais deslocam-se para o intestinodelgado, a produo de hidrognio podeaumentar em at 100 vezes.

    A presena de carboidratos nodigeridos e no absorvidos no intestinodelgado pode estimular as bactrias doclon a irem habitar o intestino delgadoe a continuarem se multiplicando. Isso,por sua vez, pode levar formao deoutros produtos, alm do gs, que irodanificar o intestino delgado. Exemplosdesses produtos so os cidos lticos eos acticos, alm de outros cidosorgnicos de cadeia simples queresultaram do processo de fermentao.Alm de danificar o intestino, existe uma

  • quantidade crescente de evidnciascientficas de que o cido lticoformado por meio da fermentao nointestino causa um funcionamentoanormal do crebro e docomportamento, o que poderia justificaros problemas comportamentais quefrequentemente acompanham osdistrbios intestinais. Isso explicariatambm a impressionante melhora nocomportamento das crianas queseguiram a Dieta do CarboidratoEspecfico, apontada no primeirocaptulo, pois essa dieta previne aformao de cido ltico originado dafermentao dos carboidratos noabsorvidos.

  • Figura 5: o crculo vicioso

    A produo de uma enormequantidade de cidos orgnicos decadeia simples por meio da fermentaobacteriana no intestino pode finalmentese tornar uma pista importante para adescoberta da causa de alguns tipos de

  • doenas inflamatrias do intestino.Um artigo publicado recentemente,

    intitulado Alimentao base de grose a disseminao de Escherichia coliresistente ao cido no gado lana umanova perspectiva sobre o efeito queesses cidos orgnicos tm na alteraodas caractersticas das bactrias. Desdeo incio dos anos 1980, pesquisas namedicina mostraram que certos tipos decolite ulcerativa parecem ser causadospor uma bactria intestinal muitocomum, a Escherichia coli, que devidoa uma mudana em suas caractersticas(uma mutao) desenvolveu acapacidade de gerar doenas. Emboraexistam muitos motivos para justificar ofato de certas bactrias inofensivas

  • alterarem suas caractersticas por meioda mutao gentica, pode-se tambmfazer a seguinte pergunta: ser que oambiente acidfero originado dafermentao de amidos no digeridos eno absorvidos pelas bactriasintestinais no clon humano faz com quebactrias inofensivas transformem-se emnocivas?

    Uma vez que as bactrias semultiplicam no intestino delgado, acadeia de eventos exemplificada nafigura 5 torna-se um crculo vicioso,caracterizado por um aumento naproduo de gases, cidos e outrosresduos da fermentao que perpetuamo problema de m absoro e prolongamos distrbios intestinais.

  • O crescimento bacteriano nointestino delgado parece destruir asenzimas da superfcie celular dointestino, impedindo a digesto decarboidratos e sua absoro, fazendocom que eles fiquem disponveis paramais fermentao. nessa hora que aproduo excessiva de muco desencadeada como um mecanismo deautodefesa, por meio do qual o tratointestinal tenta se lubrificar contra oferimento mecnico e qumico causadopelas toxinas bacterianas, pelos cidos epela presena de carboidratos nodigeridos e no absorvidoscompletamente.

    A Dieta do Carboidrato Especficoapresenta um mtodo para romper esse

  • crculo vicioso, de maneira que oindivduo quem fica nutrido, e no asbactrias intestinais. A dieta diminui osestresses indesejveis no intestino, poisbaseia-se no princpio de quecarboidratos especificamenteselecionados, requerendo processosdigestivos mnimos (como serdiscutido no captulo 5), so absorvidose no deixam praticamente nada para serutilizado no crescimento bacterianointestinal. Conforme a populaobacteriana diminui pela falta decomida, seus resduos nocivostambm diminuem, livrando a parede dointestino de substncias prejudiciais.Sem precisar de proteo, as clulasprodutoras de muco param de produzir

  • muco em excesso, e a digesto decarboidratos restabelecida. A mabsoro substituda por absoro.Conforme a pessoa absorve energia enutrientes, todas a clulas do corpoficam devidamente nutridas, incluindo asdo sistema imunolgico, que finalmentepodem ajudar a vencer a batalha contrauma invaso bacteriana. A Dieta doCarboidrato Especfico tem a mesmameta da Dieta Elementar sinttica: areduo e alterao do crescimentobacteriano, e a manuteno do timoestado nutricional do paciente.

  • CAPTULO 5

    DIGESTO DE CARBOIDRATOS

    Digesto o grande segredo davida. (Go e Summerskill)

    Aquilo que o paciente come almdo seu poder de digesto, far mal aele. (Gee)

    Enquanto as causas fundamentaisde vrios distrbios intestinais nopodem ser determinadas com certeza, adigesto imperfeita e a m absoro decarboidratos da dieta podem ser, emgrande parte, responsveis por essesdistrbios. Aqui, considera-se quecarboidratos so amidos e molculas de

  • acar dissacardeo, pois ambosrequerem digesto antes da absoro.Como vimos nos captulos anteriores,isso pode levar uma m absorosevera de todos os nutrientes devido aferimentos na superfcie intestinal. ADieta do Carboidrato Especfico, namaioria das vezes, corrige a mabsoro, pois permite que os nutrientesentrem na corrente sangunea e fiquemdisponveis para as clulas doorganismo e, assim, a capacidade dosistema imunolgico de combaterdoenas se torna melhor. Desta forma, oenfraquecimento do organismo recua, opeso do paciente retorna ao normal e,finalmente, a sade melhora.

    M absoro a incapacidade das

  • clulas do organismo de obter nutrientesdos alimentos ingeridos. Comoconsequncia, perde-se a energiacalorfica, as vitaminas e os minerais,pois todas as partes do corpo ficamprivadas de uma nutrio adequada. Hmuitos lugares no trato gastrintestinalonde problemas poderiam levar mabsoro:

    1. Se a comida passa muitorapidamente pelo trato intestinal(como acontece com frequnciaquando h diarreia), no h temposuficiente para as enzimasquebrarem as grandes molculas dealimento, como o amido, a gordurae a protena, e assim sua absoro

  • pela corrente sangunea ficaseveramente prejudicada;

    2. Se o pncreas estiver deficiente eno enviar enzimas digestivassuficientes para o intestino delgadoquebrar as grandes molculas deprotena, gordura e amido, aabsoro desses nutrientes no irocorrer.

    Contudo, um grande nmero depesquisas cientficas indicam um estgiomais adiante na digesto como o lugarque leva m absoro em muitosdistrbios intestinais. Essa ltima etapano processo digestivo ocorre nosmicrovilos das membranas plasmticasdas clulas absortivas do intestino.

  • Figura 6: clulas absortivas intestinais elevadas,saudveis e desenvolvidas

    A membrana das clulas dorevestimento intestinal til no scomo uma barreira passiva entre ocontedo do trato digestivo e a correntesangunea. Quando o sistema digestivoest funcionando normalmente, amembrana dessas clulas porteirasparticipa ativamente tanto na ltimaetapa da digesto, quanto no auxlio dotransporte de nutrientes para a correntesangunea.

  • A ltima etapa da digesto decarboidratos ocorre nas minsculasprojees chamadas microvilosidades(figura 6). Somente os carboidratos queforem processados apropriadamentepelas enzimas embutidas nos microvilospodem cruzar a barreira e entrar nacorrente sangunea. l que o acar doleite, a lactose, e a sacarose soquebrados (digeridos). tambm olocal onde ocorre a ltima etapa dadigesto de amidos de alimentos comoos gros e as batatas. A figura 7 resumeas etapas envolvidas na digesto decarboidratos no trato gastrintestinal eespecifica as enzimas dos microvilosque executam o ltimo estgio doprocesso digestivo.

  • Figura 7: digesto de carboidratos da dieta

    A estrutura da superfcie dointestino fica drasticamente alteradadurante uma doena intestinal e, comoconsequncia, a atividade digestiva ficaseriamente comprometida. Isso faz comque a ltima etapa da digesto dessescarboidratos torne-se difcil, ou atmesmo impossvel (figura 8).

  • Figura 8: clula absortiva achatada, danificada eimatura

    A localizao das enzimas quequebram o acar, as dissacaridases,nas membranas das clulas intestinaistorna-as muito vulnerveis a leses devrias origens. Por exemplo, adeficincia da vitamina B9, de cidoflico, e/ou de vitamina B12 podeimpedir o desenvolvimento adequadodos microvilos que carregam asdissacaridases. Uma camada grossa eanormal de muco produzida pelas

  • clulas intestinais pode impedir ocontato entre as enzimas dos microvilose os dissacardeos lactose, sacarose,maltose e isomaltose. Alm disso,substncias txicas e irritantesproduzidas por fungos, bactrias ouparasitas que invadem o trato dointestino delgado podem danificar asmembranas celulares do intestino edestruir suas enzimas.

    Manifestaes patolgicasenvolvendo o intestino delgado e queso frequentemente associadas com adeficincia de lactase e de outrasdissacaridases so doena celaca,desnutrio, psilose, clera,gastrenterite, diarreia infantil dequalquer causa, pelagra, clon irritvel,

  • ps-gastrectomia (remoo de parte doestmago), intolerncia protena dasoja e do leite de vaca, diarreia infantilintratvel, infeces parasitrias dointestino, fibrose cstica e doena deCrohn. Alm disso, a deficincia delactase em colite ulcerativa est bemdocumentada, como foi relatado nocaptulo dois.

    Normalmente, a primeira enzima aser prejudicada a lactase, mas muitasvezes existe uma combinao de perdade enzimas envolvendo a sacarase, aisomaltase e, menos frequentemente, amaltase. Em distrbios intestinais comoa doena celaca (e em outrasmanifestaes patolgicas com sintomade diarreia), a enzima lactase fica

  • debilitada mais cedo do que as outrasenzimas que servem para quebrar osdissacardeos e a ltima das enzimasdo microvilo a retornar ao normaldepois que o distrbio intestinalretrocedeu. De fato, a lactase pode ficarpermanentemente debilitada aps umestado grave de desnutrio e diarreiatropical (psilose), e a deficincia emlactase pode vir a ser a nica herana dedistrbios anteriores.

    difcil de provar a ausncia deatividade das dissacaridases portcnicas mdicas atuais. Uma amostra debipsia do intestino delgado duranteuma doena intestinal pode mostrar quea atividade de enzimas dissacaridases normal. Porm, a ingesto de lactose,

  • sacarose e amidos nos dar um quadrode diarreia, clicas e vmitos. Essacontradio aparente poderia serresultado da falta de contato entreenzimas e acares devido barreira demuco relatada nos captulos dois e trs.

    Quando uma amostra de bipsiaindica que existe realmente umadeficincia na atividade das enzimasdissacaridases, a razo para issopoderia ser um problema genticoprimrio ou um problema secundriocausado por um ferimento direto nasuperfcie da clula intestinal com perdade microvilos e achatamento dasprprias clulas. Entre os fatores quedanificam a superfcie intestinal esto adesnutrio e a irritao causada por

  • substncias produzidas pelaproliferao de bactrias.

    Os acares no digeridospermanecem no intestino delgado e suapresena no lmen (espao interno) dointestino causa uma inverso doprocesso alimentcio normal. Em vezdos nutrientes passarem do espaointerno do intestino para a correntesangunea, gua lanada para dentro dolmen intestinal (figura 5). A gua, quecarrega nutrientes, perdida devido aofuncionamento anormal do intestino(diarreia) e as clulas do corpo ficamprivadas de energia, minerais evitaminas. Os acares que permanecemno lmen intestinal fornecem energiapara mais fermentao e proliferao de

  • bactrias intestinais, o que ainda maisperigoso.

    O nvel crescente de substnciasirritantes liberadas pelo aumento dapopulao bacteriana faz com que asclulas intestinais tentem se defender.As clulas produtoras de muco (clulascaliciformes) presentes normalmente nointestino secretam seu produto paracobrir e proteger a superfcie livre e nuadas clulas absortivas do intestino. Ointestino delgado reage a essa quebra doseu equilbrio normal produzindo maisclulas caliciformes, que por sua vezaumentam ainda mais a secreo demuco intestinal. Conforme a harmoniado intestino delgado vai sendoameaada por uma invaso de bactrias

  • e pelos resduos produzidos por elas,uma barreira grossa de autodefesacomea a se formar. As enzimasembutidas nas membranas celularesabsortivas no conseguem realizar seutrabalho, que o de fazer contato comcertos acares da dieta e quebr-los.

    Se as clulas caliciformes seexaurem (e existe um limite para seuesforo herico de defender orevestimento absortivo contra airritao), a superfcie intestinal nuafica sujeita a mais devastao. muitoprovvel que, nessa etapa, ocorra aulcerao da superfcie intestinal, comose v na colite ulcerativa. Isso podetambm explicar como algumasprotenas, como o glten, podem

  • penetrar de forma imprpria no interiordas clulas absortivas e destru-las.

    s vezes, at mesmo a absoro deacares simples fica prejudicada porcausa do grave estrago das clulasabsortivas. Contudo, essa condioextrema diagnosticada normalmentepor meio de exames hospitalaresrotineiros. Em algumas ocasies, ainvaso de bactrias no intestinodelgado to intrusiva que fungos soencontrados no esfago. Quando existe asuspeita de que a invaso de fungos sedifundiu (a infeco oral candidaseseria um indicador), bom reduzir aingesto de mel no incio da dieta (aquantidade de mel nas receitas deve serdiminuda em 75%). Porm, conforme a

  • pessoa vai melhorando, pode-seaumentar a quantidade de mel.

    A incapacidade de digesto deamido at mesmo por pessoas saudveiscomeou a receber ateno recentemente(veja em seguida a descrio dosamidos). Alguns alimentos contendoamido, os quais acreditava-se que eramdigeridos completamente, na verdadepermanecem parcialmente digeridospela maioria das pessoas. Nas pessoascom distrbios intestinais, adigestibilidade de amido ainda maisafetada. Como a decomposio deamido resulta na formao dedissacardeos, maltose e isomaltose, amaioria dos amidos precisa ser evitada,a menos que estejam classificados como

  • permitido na tabela do captulo dez.Alguns alimentos da Dieta do

    Carboidrato Especfico contm amidosque revelaram-se bem tolerveis. Soaqueles encontrados na famlia dasleguminosas: feijo, lentilha e ervilhaseca (mas no no gro-de-bico, na sojaou no broto de feijo). As leguminosaspermitidas na dieta devem ficar demolho por no mnimo de 10 a 12 horasantes de serem cozidos, e a gua deverser trocada, pois contm outros acaresque so indigerveis (mas que soeliminados ficando de molho). O feijo,a lentilha e a ervilha seca podem serintroduzidos em pequenas quantidadespor volta do terceiro ms da dieta. Osamidos em todos os gros, no milho e na

  • batata precisam ser rigorosamenteevitados. O xarope de milho tambm excludo, pois contm uma mistura deamidos de cadeia simples.

    Carboidratos Encontrados nosAlimentos

    1- Acares Simples(monossacardeos)Esses acares no requeremdecomposio para serem transportadosdo intestino para a corrente sangunea.So a glicose, a frutose e a galactose. Aglicose e a frutose so encontradas nomel, nas frutas e em alguns legumes ehortalias. A galactose encontrada noleite hidrolisado (com baixo teor de

  • lactose) e no iogurte.2- Acares Simples Compostos

    (dissacardeos)Esses acares precisam serdecompostos pelas enzimas das clulasintestinais. Os quatro principaisdissacardeos so a lactose, a sacarose,a maltose e a isomaltose.

    a. A lactose encontrada no leite,leite em p, iogurte comercial,iogurte caseiro que no tenha sidofermentado por 24 horas, queijosprocessados, queijo cottage, creamcheese, sorvete, alguns cremesazedos (sour cream), soro de leite(com 70% de lactose por peso) eem muitos outros podutos que

  • contenham leite ou soro de leite.Muitos medicamentos esuplementos alimentares devitaminas e minerais tambmcontm lactose.

    b. A sacarose o acar de mesa e encontrada em alimentosprocessados, como sobremesas degelatina, ketchup, granola, muitosalimentos enlatados e algunscongelados. H uma pequenaquantidade de sacarose (cerca de1% a 3%) em alguns tipos de melpasteurizado, mas essa quantidadefoi bem tolerada por aqueles queseguiram a Dieta do CarboidratoEspecfico. Mel no pasteurizadono contm sacarose, pois uma

  • enzima decompe toda e qualquersacarose que exista nele. Algumasfrutas e castanhas contm pequenasquantidades de sacarose, maspodem ser usadas na dieta e foramincludas no captulo dez.Conforme as frutas amadurecem, asacarose quebrada pelas enzimasda prpria fruta.

    c. A maltose e a isomaltose soencontradas em produtos comoxarope de milho (corn syrup), leitemaltado e balas. Porm, a maioriada maltose e isomaltose que chegas clulas intestinais para serdigerida vem de amidos. Osamidos so molculas de glicosede cadeia complexa (figura 9),

  • parcialmente digeridos pelasenzimas do pncreas e pela saliva,que os reduzem aos dissacardeosmaltose e isomaltose para seremquebrados pelas enzimas dosmicrovilos das clulas intestinais.

    3- Amido (polissacardeos)

    O amido pode ser de dois tipos:amilose e amilopectina. A maioria doslegumes e cereais contm os dois tiposem diferentes propores. Por exemplo,alguns tipos de arroz contm umapequena quantidade de amilopectina euma grande quantidade de amilose.Outros tipos de arroz contm somenteamilopectina. Assim como o arroz,algumas linhagens genticas de milho

  • contm um tipo de amilopectinaaltamente ramificado. Batata doce emandioca tambm contm somente oamido amilopectina. Parece que aengenharia gentica que visa alterar ocontedo de protena em certosalimentos tambm influencia no tipo deamido formado pela planta. A proporovariada de diferentes tipos de amidopode afetar a capacidade do intestino dedigeri-los completamente. Ou asprotenas de algumas plantas podemimpedir que o amido seja quebradocompletamente. interessante observarque um grupo de pesquisadoresdescobriu que algumas bactriasintestinais ficam mais malignas napresena de amido de milho indigerido

  • no intestino.Verduras e legumes que contm

    mais amilose do que amilopectina somais simples de digerir, porque asunidades de glicose que compem todasas molculas de amido esto arranjadasde uma maneira linear na amilose eficam facilmente expostas s enzimasdigestivas da saliva e do pncreas(figura 9). Os elos que formam asunidades de glicose nesse agrupamentolinear so decompostos at que ascadeias fiquem reduzidas a somenteduas molculas de glicose ramificadasquimicamente, chamadas de maltose. Emcomparao, molculas de amilopectinacontm unidades de glicose que formamramos (figuras 9 e 10). Quando as

  • molculas de amilopectina soparcialmente digeridas pelas enzimaspancreticas, os fragmentos que restampara passar pela ltima etapa dadigesto pelas enzimas dos microvilos so a maltose e isomaltose.

    Figura 9: amidos

    Recentemente, Dr. Gunja-Smith eassociados indicaram que a molcula deamido amilopectina ainda maisramificada do que se pensou

  • originalmente.De acordo com o diagrama do Dr.

    Gunja-Smith, os ramos internos parecemmenos expostos que os ramos externos.Por isso, muito provvel que asenzimas digestivas pancreticas noconsigam atingir os elos internos e queparte das molculas de amilopectinaescapem da digesto, permanecendo nointestino e aumentando a fermentaobacteriana.

  • Figura 10: diagrama revisado de amidoamilopectina

    Atualmente, a disponibilidade deinformao sobre a quantidade de amido

  • amilopectina e de amilase presente emvrios tipos de gros e em outrosalimentos ricos em amido muitolimitada.

    4- FibraFrutas, legumes, verduras,

    castanhas e gros contm vrioscomponentes, chamados de fibras, queso indigerveis pelas enzimas do tratodigestivo. As fibras de frutas, castanhas,algumas verduras, feijo e lentilha sopermitidas na Dieta do CarboidratoEspecfico, mas todas as fibras de gros,incluindo as de farelo de cereais oumilho, no so permitidas.

  • CAPTULO 6

    A HISTRIA DA DOENACELACA

    A ltima vez que algum contou,havia 15 mil doenas conhecidas pelohomem e cura para 5 mil delas.Contudo, permanece o sonho de cadamdico jovem de descobrir uma novadoena. Essa a maneira mais rpida esegura de se conseguir notoriedade naprofisso mdica. Na prtica, muitomelhor descobrir uma nova doena doque encontrar a cura para uma antiga a cura ter de ser provada, contestadae discutida por anos, enquanto uma

  • nova doena prontamente erapidamente aceita. (MichaelCrichton)

    A doena celaca parece ter sempreexistido. Como seus inmeros sintomasimitam os de vrias outras doenas euma causa bvia sempre foi difcil de secompreender durante anos, seureconhecimento como um distrbiodistinto, o qual os mdicos pudessemprontamente diagnosticar, sempre geroumuitas divergncias de opinies.

    Uma das primeiras descriesdesse distrbio foi dada pelo mdicoArateus nos primeiros anos do imprioromano. Ele referiu-se doenacelaca como uma patologia de diarreia

  • crnica composta de alimentos nodigeridos que dura um longo perodo edebilita o corpo inteiro. Arateusdescreveu a diarreia como sendo de corclara, cheiro desagradvel eacompanhada de flatulncia. Almdisso, o paciente foi descrevido comoenfraquecido e atrofiado, plido, frgil,incapaz de realizar seus trabalhosrotineiros.

    Em 1855, ao escrever os relatriosdo Hospital Guy, Dr. Gull resumiu ossintomas encontrados em um garoto de13 anos de idade que claramente indicadoena celaca como a entendemos hoje:abdome estendido, evacuao frequentee volumosa de cor apagada eesbranquiada.

  • Alguns anos mais tarde, em 1888,Dr. Samuel Gee colocou os alicercesno somente para descrever a patologia,mas tambm para estabelecer umcritrio para seu diagnstico. Almdisso, ele instituiu uma norma deprocedimento para tratar a patologiacom sucesso por meio da dieta. Em seuclssico relatrio Sobre a doenacelaca, Samuel Gee escreveu: Existeum tipo de indigesto crnica que afetapessoas de todas as idades, mas especialmente inclinada a afetarcrianas entre 1 e 5 anos de idade. Ossinais da doena so revelados pelasfezes: mole, sem forma, mas no lquida;mais volumosa se comparada ao que secomeu; de cor plida, como se destituda

  • de bile; fermentante, espumante, umaaparncia devido fermentao; grandefedor de comida que sofreu processo deputrefao em vez de preparao. Ascausas da doena so obscuras. Ascrianas que sofrem disso no estototalmente debilitadas. Erros na dietapodem ser a causa, mas quais erros?.

    Apesar da escassez de informaode Gee sobre a doena celaca, ele viuclaramente vrios fatos importantes queescaparam em muitas investigaesposteriores:

    1. Se o paciente pudesse ser curado,teria que ser por meio de dieta. Oleite de vaca o alimento menosadequado, assim como alimentos

  • ricos em amidos, como arroz,farinha de milho e sagu;

    2. No podemos nunca esquecer deque aquilo que o paciente comealm do seu poder de digesto lhefar mal. (Gee sugeriu quealimentos inadequados faziam umpapel mais do que negativo na dietada pessoa: eles produziampatologias no trato digestivo.)

    Por muitos anos, houveramnumerosos relatrios sobre a causa e otratamento para aquilo que parecia serdoena celaca. Enquanto essasinformaes inconsistentes einconclusivas apareciam na Europa, naAmrica do Norte o interesse por essa

  • doena era pequeno. Contudo, logo apsa virada do sculo, os Drs. L. EmmettHolt, diretor de Medicina Infantil doHospital Bellevue, e Christian Herter,da Universidade de Columbia,trabalharam juntos por mais de sete anosestudando os aspectos clnicos etericos desse distrbio. Suasconcluses, publicadas em 1908, com ottulo Sobre o Infantilismo da InfecoIntestinal Crnica, incluram osseguintes pontos principais:

    1. Existe um estado patolgico infantilmarcado por uma impressionantelentido no desenvolvimento doesqueleto, dos msculos e devrios rgos, e associado a uma

  • infeco crnica no intestino,caracterizada pela proliferao deuma flora bacteriana quenormalmente pertence ao perodode lactao;

    2. As principais manifestaes desseinfantilismo intestinal so asuspenso do desenvolvimento docorpo mas com manuteno deum bom intelecto e umdesenvolvimento satisfatrio docrebro; notvel distensoabdominal; um grau leve, moderadoou considervel de anemia; acessosbito de fadiga fsica e mental;irregularidade na digestointestinal, resultando em frequentesataques de diarreia.

  • Os Drs. Holt e Herter continuarama descrever em sua monografia abactria dominante encontrada nas fezesassim como alguns resduos geradospela fermentao intestinal e putrefao.Eles observaram que nas fezes haviagordura, e atriburam isso m absorode gorduras. Alm disso, houve umameno sobre o aumento de muco nasfezes junto com evidncias dedesprendimento anormal de clulasintestinais. Eles ressaltaram que duascaractersticas principais no infantilismointestinal precisavam de maisinvestigao: lentido no crescimento eintoxicao crnica. Os pesquisadoresexplicaram que a lentido nocrescimento poderia ser atribuda m

  • absoro de nutrientes e que issoocorria provavelmente devido a umainflamao crnica localizada no leo eclon, associada presena de formasanormais de bactrias. Eles tinhamcerteza de que a intoxicao crnicaresultava da ao de produtos de origembacteriana: as toxinas tinham como alvoprincipal o sistema nervoso e osmsculos.

    Eles concluram sua obraafirmando: Recadas temporrias somuito comuns no curso da doena, atmesmo quando se toma um grandecuidado para evit-la. A causa maisfrequente dessas recadas a tentativade promover o crescimento usando umaquantidade elevada de carboidratos.

  • Embora as concluses de Herterno tenham alcanado aceitao, suasobservaes foram to perspicazes queoutros pesquisadores apoiaram-se nelasna busca do tratamento alimentar maiseficaz. Ele notou que, em todos os casos,as protenas eram muito bem toleradas,as gorduras eram assimiladasrazoavelmente bem, mas os carboidratoseram mal digeridos, quase semprecausando retorno da diarreia depois deum perodo de melhora. Ele disse: Jfoi mencionado que os carboidratos soa causa bvia dos desarranjos dadigesto que esto clinicamentedeterminados, especialmente da diarreiae da flatulncia.

    Enquanto isso, o interesse

  • demonstrado pelos Drs. Holt e Herterforam transmitidos para os dois jovensassistentes do Dr. Holt na ClnicaVanderbilt, o Dr. John Howland e o Dr.Sidney V. Haas. Em 1921, o Dr.Howland, em seu discurso presidencialdiante da Sociedade Americana dePediatria, leu um documento sobreIntolerncia Prolongada aCarboidratos. Embora Howland notenha usado o termo doena celaca(essa patologia ainda era conhecida poruma grande variedade de nomes), eledescreveu seus casos brilhantemente:

    De tempos em tempos, h fezesamolecidas e perda de peso. A condiodo paciente melhora entre ataques, masmais cedo ou mais tarde ocorre uma

  • recada e acontece uma nova perda depeso. As recadas tornam-se cada vezmais severas. Finalmente, chega-se auma condio de notvel desnutrio emuma criana irritadia e inquieta, masfrequentemente precoce. O abdome ficadistendido, a princpio de maneiraintermitente e depois quaseconstantemente. As fezes no so nuncanormais. Mesmo entre os ataques dediarreia elas so grandes, de cor cinzaclaro, com frequncia espumante enormalmente muito fedida... Ocrescimento fica afetado de acordo coma durao da persistncia dos sintomas,e muitas crianas ficam muito abaixo damdia de altura para sua idade. A partirda experincia clnica, descobriu-se

  • que, de todos os componentes dosalimentos, os carboidratos so aquelesque devem ser rigorosamente excludose, uma vez que forem bastante reduzidos,protena e gordura so, quase sempre,bem digeridos embora a absoro degordura no seja to safistatria quantoquando se est saudvel.

    Dr. Howland notificou que, aps oprogresso inicial que ocorre com aeliminao dos carboidratos, a etapa dereintroduo deles na dieta a maisdifcil. Ele explicou que, embora a faseinicial seja demorada, esses pacientesvo colher os frutos do seu trabalho.Eles no continuam meio invlidos,muitos tornam-se vigorosos e fortes,alguns at no mostram nenhum sinal de

  • hipersensitividade diettica...Tratamentos pela metade so inteis ecausam somente perda de tempo.Outros mdicos confirmaram que otratamento do Dr. Howland obteve maissucesso do que qualquer outro, masainda era necessrio encontrarcarboidratos tolerveis para a dietacelaca.

    O Dr. Sidney Valentine Haas, quetrabalhava com o Dr. Howland,concordava plenamente com seusestudos, mas estava mais interessado emsaber se algum tipo de carboidratopoderia ser adicionado dieta paratorn-la mais variada e nutritiva eacelerar a recuperao. Ao longo dosanos, ele tomou nota de artigos sobre

  • crianas com diarreia severa que tinhamfeito um bom progresso comendo farinhade banana (feita com 70% de bananamadura) e farinha de banana-da-terra.Foi na Casa para Crianas Hebraicasque o Dr. Haas experimentou, pelaprimeira vez, dar banana a seuspacientes. Um deles era um beb quetinha problemas para comer: elerecusava tudo. O Dr. Haas lhe ofereceuuma banana. Naquela poca, a bananaera considerada completamenteindigervel por uma criana doente.Todos ficaram perplexos com a ideia dedar uma banana a um beb ou melhor,todos, exceto o beb, que no somentepegou a banana, mas pediu mais. Foi-lhedado mais e, assim, o Dr. Haas

  • descobriu que a banana poderia ser bemtolerada.

    Ento, ele decidiu experimentar abanana, como a fonte de carboidrato quetanto procurava, para o tratamento dadoena celaca por meio de dieta. Elelogo descobriu que aqueles que sofriamda doena celaca podiam tolerar essecarboidrato e, mais do que isso, podiamcomer banana em grande quantidade semnenhum efeito colateral. O Dr. Haasprosseguiu experimentando algumasfrutas e verduras que continhamcarboidratos, e percebeu que elastambm podiam ser bem toleradas e queos celacos conseguiam recuperar suasade fazendo uma dieta mais variadado que aquela baseada somente em

  • protena e gordura.Durante os anos seguintes, o Dr.

    Haas tratou mais de 600 casos dedoena celaca com sua Dieta doCarboidrato Especfico mantendo seuspacientes na dieta por pelo menos 12meses e descobriu que a prognosedessa doena era excelente: A cura completa, sem recadas, crises, morte,envolvimento pulmonar ou retardamentodo crescimento. Em 1949, a boareputao do Dr. Haas era conhecida aoredor do mundo e, no dia cinco de abrildaquele ano, mais de 100 mdicosreuniram-se na Academia de Medicinade Nova York para prestar-lhehomenagem. O jornal The New YorkTimes deu a seguinte notcia:

  • Hoje, para comemorar oquinquagsimo aniversrio de seuingresso na Medicina, um dos maiorespediatras dos Estados Unidos, o Dr.Sidney V. Haas, foi homenageado peloseu trabalho pioneiro no campo dapediatria. Entre suas realizaes maisimportantes, est o tratamento da doenacelaca, um distrbio digestivo no qual acriana no tolera alimentos ricos emamido, que era considerado fatal napoca em que iniciou seus estudos.Depois de sua descoberta de que oscarboidratos da banana poderiam sertolerados pelos pacientes de doenacelaca, o Dr. Haas desenvolveu umaterapia que foi a base do tratamento e depesquisas posteriores nesse campo.

  • Em 1951, o Dr. Haas e seu filho,Dr. Merrill P. Haas, publicaram TheManagement of Celiac Disease(Gerncia da Doena Celaca), o livrode medicina sobre doena celaca maisabrangente que j havia sido escrito:com 670 referncias a estudospublicados, o livro descreveu a doenacelaca da maneira mais completa quequalquer outro estudo anterior. Nestelivro, escreveram sobre o sucesso daDieta do Carboidrato Especfico e, noltimo captulo, deram sua hiptese darazo pela qual ela era eficaz. Apsdcadas de busca, parecia que nosomente um tratamento eficaz eduradouro baseado numa dieta haviasido encontrado, mas tambm que a

  • Dieta do Carboidrato Especfico estavasendo aceita pela comunidade demdicos ao redor do mundo como umacura para a doena celaca.

    Porm, como Michael Crichtonescreveu: a batalha continuava. Umano aps a publicao do livro dos Drs.Haas, um curioso artigo apareceu nojornal mdico ingls The Lancet. Umgrupo de seis professores dodepartamento de farmacologia epediatria da Universidade deBirmingham decidiu, depois de fazertestes com apenas dez crianas, que noera o amido (carboidrato) presente nosgros que era nocivo sade, mas sim aprotena o glten presente nasfarinhas de trigo e centeio que causava

  • os sintomas da doena celaca.O glten, como todas as protenas,

    composto por centenas de estruturaschamadas aminocidos, que estoconectadas para formar uma molcula deprotena. Na maioria das pessoas, amolcula de glten quebrada pelasenzimas digestivas do intestino delgadoe os aminocidos simples que compemo glten so absorvidos pelas clulasabsortivas do intestino para nutrir oresto do organismo. Acredita-se queisso no acontea na doena celaca eque o glten permanea no digerido.

    O artigo do The Lancet terminoucom a seguinte concluso:

    A funo gastrintestinal foiinvestigada em dez crianas com doena

  • celaca. A remoo da farinha de trigoda dieta gerou uma melhora rpida, tantoclnica quanto bioqumica. Areintroduo na dieta de farinha de trigoou glten causou deteriorao, mas oamido do trigo no produziu nenhumefeito prejudicial.

    Eles contradisseram todo otrabalho anterior ao afirmar que nohavia necessidade de restringir oscarboidratos e, portanto, uma seleoilimitada de alimentos poderia seringerida, contanto que trigo e centeiofossem excludos da dieta. Alm disso,uma dieta de alto teor calrico podeser dada ao paciente, com biscoitosfeitos de farinha de milho, soja ou amidode trigo em vez de farinha de trigo.

  • Eles sustentaram a tese de que oculpado no era o amido nos gros, massim o glten e, quando este eraremovido da farinha, o amido restanteera perfeitamente bom. De um dia para ooutro, essa hiptese ganhou aceitaogeral. No havia mais necessidade dosmdicos se preocuparem em aderir auma dieta que eliminava carboidratosespecficos encontrados em muitosalimentos. Agora, somente uma exclusodeveria ser feita, e essa era o glten dafarinha de trigo e do centeio. Issosimplificou o difcil problema de manteras pessoas em uma dieta mais restrita.No havia mais necessidade depesquisar a bioqumica dos alimentos ede se perguntar por que alimentos que

  • continham glten, como o milho, erampermitidos.

    Apesar da ampla pesquisa feita pormuitos estudiosos, no h, at agora,uma certeza sobre a natureza precisa doglten que danifica as clulas intestinais.Durante os anos de 1970, novas tcnicaspermitiram que os pesquisadoressubdividissem a grande molcula deglten em fraes menores, e foidescoberto que a frao alfa-gliadinapossua propriedades txicas quepareciam danificar as clulas intestinaisdos verdadeiros celacos. Mas aindapermanecem perguntas sem respostassobre a menor frao de protena alfa-gliadina:

  • 1. Ser que existe uma falta genticade enzimas digestivas quenormalmente quebrariam essasmolculas de gliadina emaminocidos simples e assimevitariam seus efeitos prejudiciais?

    2. Ser que existe um enfraquecimentodas membranas das clulasintestinais permitindo que asmolculas de gliadina nodigeridas (e intactas) penetrem nasclulas intestinais e, uma vez ldentro, envenenem as clulas?

    3. Ser que as molculas de gliadinase ligam superfcie das clulasintestinais e, dessa maneira,imobilizam as clulas e asdestroem?

  • A teoria mais popular a de que afrao de gliadina, ao penetrar amembrana da clula intestinal, fica sob asuperfcie das clulas dos glbulosbrancos e causa reao imune incluindo anticorpos e fere as clulasintestinais fazendo com que elas mudemseu formato e funcionem irregularmente.Descobertas mais recentes acusaramuma molcula de carboidrato fixada namolcula de gliadina como o compostotxico. Quando o carboidrato retirado,a molcula de gliadina no maisprejudicial s clulas intestinais.

    Novas pesquisas lanaram mais luzsobre a hiptese do celaco-glten erealaram a interao entre oscomponentes de amido e protena da

  • farinha moda de gros. Quase todas aspessoas normais no conseguemabsorver uma grande quantidade deamido da farinha de trigo. Essaabsorvio incompleta de amido resultaem um aumento na fermentao intestinale na produo de gs no intestino. Natentativa de descobrir por que o amidode trigo no totalmente digerido pormuitas pessoas, foram feitasinvestigaes relacionadas estruturafsica da farinha de trigo. Descobriu-seque ela composta por grnuloscontendo um ncleo de amidocircundado por uma rede de glten. Essecomplexo de amido e protena pode serseparado por um processo de fabricaopor meio do qual a maioria do glten

  • retirado. A farinha restante vendidacomo farinha com baixo teor de glten e,quando substituda pela farinha detrigo normal, ocorre uma melhora nadigesto e absoro do amido.Surpreendentemente, quando se faz umpo com farinha de baixo teor de gltene adiciona-se o glten que tinha sidoseparado da farinha, no ocorre a mabsoro do amido apesar do fato deque a mesma quantidade de glten estpresente no po, como estava presenteno gro inteiro antes de o glten serremovido. Visto que a absoro doamido de trigo completa, no ocorrefermentao ou gases intestinais. Issoindica que no o glten sozinho quecausa sintomas intestinais.

  • Os pesquisadores acham que ainterao entre o amido e o glten queresulta na digesto incompleta e mabsoro do amido, levando produode gases intestinais, desconfortoabdominal e diarreia. Especula-se que oprocesso de extrao do glten altere ouexponha o ncleo do amido, fazendocom o que o amido fique mais sensvels enzimas digestivas do pncreas. Essainterao bastante intrigante entre oamido e a protena dos gros ser, semdvida, a base de muitas pesquisas epoder vir a demonstrar a relao com adoena celaca.

    Alguns pacientes mostraram umanotvel melhora clnica em seu bem-estar geral aps seguirem uma dieta sem

  • glten. Porm, amostras de bipsiasvistas em microscpio revelaramclulas intestinais que ainda estavamnotadamente anormais. Alm disso,alguns pacientes que comearam acomer alimentos sem glten mostraram-se estar bem em um momento e muitomal em outro. Concluiu-se que nosomente diferentes pacientes celacosreagiam de maneira diferente a umadieta sem glten, como tambm de vezem quando o mesmo paciente tinhareaes variadas. Quando ocorre a tohabitual recada, fala-se ao paciente queele deve ter comido, sem perceber,alguma coisa com glten. comum ospacientes ficarem to preocupados emcometer um erro que supem que todos

  • os nomes em um produto que comececom as letras glut devem ser glten:cido glutmico, glutamina, glutamatomonossdico etc., ou que o gltenconseguiu, de alguma maneira, aparecerno alimento, apesar de no estarmencionado no rtulo do produto.

    Logo ficou claro que gros quecontinham outras protenas alm doglten estavam causando um efeitodanoso no trato digestivo. Algunspacientes apresentavam recadas eexibiam clulas intestinais(microscopicamente) danificadasquando comiam produtos a base de soja.Descobriu-se que a aveia e a cevadacontm protenas semelhante ao gltenque causavam problemas a muitos

  • celacos. Artigos suplementaresrelataram que o arroz tambm prejudicial para as clulas intestinais.

    No entanto, a dieta para administrara doena celaca havia sido simplificadae agora s faltava simplificar odiagnstico. O novo instrumento dediagnstico, o de bipsia intestinal, iriaser utilizado para identificar a doenacelaca. Apesar dos sintomas que opaciente manifestava, ele no seriadiagnosticado como um verdadeirocelaco at que outros critrios fossemsatisfeitos. Primeiramente, faria-se umasrie de bipsias intestinais: umaamostra de tecido seria coletada dointestino delgado antes que o gltenfosse removido da dieta; uma segunda

  • amostra seria coletada depois que opaciente estivesse fazendo uma dietasem glten. As amostras de bipsiateriam de refletir a mudana na dieta.Quando vista no microscpio, asuperfcie intestinal do paciente queingeriu glten teria que parecerachatada . Aps a retirada do glten dadieta, a superfcie intestinal deveriareverter-se sua arquitetura normal decolinas e vales. Se o pacientesatisfizesse esse critrio determinado,seu tipo de doena celaca seriachamado de enteropatia glten-induzida. Consequentemente, somenteum pequeno nmero de pessoasapresentando sintomas clnicos de mabsoro, incluindo diarreia, barriga

  • inchada e deficincia nodesenvolvimento, poderia serclassificado de celaco. Os outros, umgrupo ainda maior, que tinham osmesmos sintomas (mas que nopassaram no teste de critrio da bipsiaintestinal) continuariam sofrendo dediarreia causada por uma razodesconhecida, esteatorreia (gordura nasfezes), m absoro, psilose etc.Portanto, se um mdico seguisse adefinio rigorosa de diagnstico dadoena celaca, o nmero de celacosverdadeiros permaneceria bastantepequeno, enquanto o grupo de pacientescom diagnsticos diversos ou nenhumdiagnstico aumentaria. Em uma recentereviso da doena celaca, o

  • gastroenterologista que escreveu oartigo referiu-se a esse mtodo dediagnstico como o atual modelo deouro para diagnstico.

    Contudo, esse modelo dediagnstico foi questionado seriamentepor muitos especialistas. A superfcieintestinal achatada foi descrevida eminmeras circunstncias doentias:hepatite infecciosa, colite ulcerativa,infeces parasitrias do intestino,incluindo vrios tipos de lombrigas eparasitas unicelulares, kwashiorkor,intolerncia protena de soja e leite devaca, diarreia intratvel em bebs,doena de Crohn e proliferao debactrias no intestino delgado. Ocrescimento bacteriano no intestino

  • delgado resultou tambm no alargamentoe achatamento irregular de suasuperfcie. Quase todas as patologiasassociadas com diarreia parecem levaro intestino delgado mesma aparnciadaquela vista nos assim chamadoscelacos verdadeiros.

    Apesar do nmero crescente detestes sofisticados desenvolvidos paraconfirmar o diagnstico da doenacelaca incluindo testes de anticorpos,testes genticos envolvendo tipagem deHLA (antgenos dehistocompatibilidade) e estudos degmeos parece haver mais excees regra do que diagnsticos que seencaixem nelas. A realidade quemilhares de pacientes esto sofrendo e

  • nunca tiveram um diagnstico, a no server um psiquiatra, e milhares depacientes esto seguindo uma dieta semglten obtendo alvio mnimo, ou talveznenhum.

    O desenvolvimento maisinquietante no cenrio celaco-glten ofato de que os celacos apresentamoutros problemas intestinais severos queuma dieta sem glten no pareceprevenir efetivamente,independentemente do fato deresponderem favoravelmente ou no retirada do glten da dieta. Parece,portanto, que alguma outra coisa almdo glten est envolvida na causa dodistrbio.

    Alguns pesquisadores sempre

  • mantiveram que a incapacidade dedigerir dissacardeos provocasensibilidade ao glten. Mas mesmo seos dissacardeos no fossem a causa daintolerncia ao glten, eles nodeveriam ser includos na dieta doscelacos. As clulas intestinaisabsortivas achatadas perderam suacapacidade de cumprir a ltima etapa dadigesto, que a de quebrar osdissacardeos. Muitos pesquisadoresconfirmaram o fato de que, nos pacientescelacos, a habilidade de digerirdissacardeos, principalmente lactose, severamente limitada. Incluirdissacardeos e determinados amidos nadieta daqueles que exibem umasuperfcie intestinal achatada pedir o

  • impossvel dessas clulas digestivas eabsortivas e aumentar ainda mais osproblemas existentes.

    O texto seguinte um fragmento deuma carta no solicitada enviada paraesta escritora e que, infelizmente, relataum episdio muito frequente:

    Aps oito anos de sintomasmisteriosos, dzias de mdicos, testesexaustivos e muitas vezes humilhantes emuito sofrimento, ningum podia medizer o que estava errado comigo. Acheique, como minhas duas irms e minhafilha tinham sido diagnosticadas comdoena celaca, tambm eu deveriaseguir uma dieta sem glten.Infelizmente, para mim, minha filha euma irm, a dieta sem glten no

  • funcionou. Alguns sintomas diminuram,mas nenhuma de ns estava prosperandoe no estvamos absorvendo osalimentos. Finalmente, encontramos aDieta do Carboidrato Especfico e issofoi uma ddiva de Deus. Nunca me sentimelhor. Minha filha, que era umacriana introvertida (muitas vezeschorona) e fraca, com cabelos finos eolheiras escuras, agora uma meninaexpansiva, de rosto corado e feliz. Todomundo reparou em seu cabelo grosso ebrilhante. De fato, ela correu umamaratona na escola este ano e terminouem 15 lugar (entre 79 crianas). No anopassado ela participou da mesmamaratona (antes da dieta) e terminou em53 lugar, chegou chorando e dormiu no

  • carro at voltarmos para casa.Estou fazendo a Dieta do

    Carboidrato Especfico h menos de umano e ainda tenho muito que percorrer,mas minha vida mudou drasticamentenesse pequeno tempo. Agora, estouativamente prosseguindo no meuinteresse em arte, algo de que sempregostei, mas que nunca tive energia oudinamismo para investir.

    A Dieta do Carboidrato Especficodemonstrou curar completamente amaioria dos casos de doena celaca, seseguida por no mnimo um ano. Ela verdadeiramente uma dieta sem glten,pois elimina todos os gros que ocontm ou as protenas semelhantes aesse elemento, e ao mesmo tempo

  • reconhece as limitaes da superfcieintestinal danificada. Para aqueles queno esto satisfeitos com seu progressoem uma dieta sem glten, a Dieta doCarboidrato Especfico oferece aoportunidade de recuperar a sade.

  • CAPTULO 7

    A RELAO COM O CREBRO

    Desde o incio de 1900, a procurapela causa da esquizofrenia e de outrosdistrbios neurolgicos severosconduziu muitos pesquisadores para asprofundezas sombrias do tratogastrintestinal. Embora localizadoanatomicamente longe do crebro, ointestino continua, como sempre,reivindicando ateno dos muitospesquisadores que buscam a origem dosdistrbios neurolgicos. Em repetidasocasies, a literatura mdica relatou quealergistas, especialistas em

  • gastroenterologia epsiquiatras,constataram que certos tiposde alimentos atrapalhavam a digesto eque a absoro ou ingesto imperfeita devitaminas e minerais afetavam ofuncionamento do sistema nervoso,incluindo o crebro.

    J em 1908, especialistas emdoena celaca comearam a relatar aevidncia de que alguns pacientes quesofriam de diarreia e m absoro porprolongados perodos estavam tambmmostrando degenerao do crebro, damedula espinhal e de outros grupos detecidos nervosos. Essa deteriorao dosistema nervoso na doena celaca foiatribuda incapacidade do paciente deabsorver nutrientes essenciais, incluindo

  • vitaminas e minerais, devido aosferimentos no trato intestinal queacompanham a doena. Conforme maisavanos foram feitos nas reas debioqumica e biologia celular, vriosartigos cientficos foram escritosmostrando, com muitos detalhes, o efeitodevastador que a falta de certasvitaminas e minerais tem no crebro eem outros centros nervosos em todaparte do corpo. Algumas formas deparalisia e alguns tipos de distrbiospsiquitricos revelaram-se ser resultadoda perda de nutrientes que, por sua vez, causada pela m absoro durante adoena intestinal. Tambm descobriu-seh quase 100 anos que a ao demicrbios no mundo invisvel do trato

  • intestinal pode ser uma fonte de toxinasque afeta o funcionamento normal docrebro.

    Por volta de 1960, quando nossafilha mais nova curou-se de coliteulcerativa por meio de mudanas na suadieta, o primeiro sintoma quedesapareceu foi um tipo de ataque queocorria depois que ela adormecia. Elese caracterizava por delrio, que duravamais ou menos uma hora e ocorriavrias vezes por semana. A recuperaoda doena intestinal foi precedida pelofim desses ataques, e eles nunca maisretornaram. Durante sete anos deconsultas com pessoas diagnosticadascom doena de Crohn, colite e outrasformas de diarreia crnica, observei que

  • o progresso para muitos comeava como desaparecimento de distrbios mentaisduradouros, incluindo epilepsia,esquizofrenia, confuso mental, falta dememria e comportamento estranho.Finalmente, com a distribuio do meulivro Alimento e a Reao Intestinal,chegaram cartas relatando estefenmeno: distrbios mentais queocorriam h muito tempo estavammelhorando antes mesmo de osproblemas intestinais desaparecerem.

    A literatura mdica abundante empesquisas publicadas que tentaramexplicar essa conexo entre o intestino eo crebro. O cientista francs Dr. H.Baruk resumiu 50 anos de pesquisa emesquizofrenia e distrbios mentais

  • declarando:Em vez de julgar essas doenas

    incorrigveis, melhor considerar amaioria das psicoses ou neuroses comoreaes a fatores biolgicos que so,muitas vezes, de origem digestiva, e apsiquiatria precisa reconhec-los. Essesfatores txicos so desprezados muitofrequentemente.

    J em 1923, o Dr. Baruk acusouuma linhagem nociva de bactriasintestinais (E. coli, um habitante naturaldo trato intestinal) como produtoras deuma toxina que pressiona o sistemanervoso. Essa toxicidade, concluiuBaruk, produz um sono patolgico comdelrio, resultando em confuso mentaldo tipo psictico ou esquizofrenia.

  • Nessa mesma poca, os Drs.Buscainos da Clnica Neurolgica daUniversidade de Npoles, Itlia,relataram que a maioria dosesquizofrnicos apresentavam algumaforma de doena intestinal, enquantomuitos pacientes manacos-depressivosno tinham nada. Alm disso, elesdescobriram que a populao bacterianaintestinal dos esquizofrnicos eraanormal. Ento, afirmaram:

    Esquizofrenia de verdade (e nosomente alguns sintomasesquizofrnicos) parece ser resultado daintoxicao crnica de fatorespsicotxicos produzidos no intestino.

    Mais recentemente, por volta de1970, o psiquiatra Dr. F. C. Dohan

  • acusou os cereais e o leite de serem osresponsveis pela relao entre ocrebro e o intestino. Algunspesquisadores definiram o impactonegativo desses alimentos nas pessoascom distrbios mentais, como algumtipo de alergia cerebral ou reaoimunolgica, mas h muita controvrsiaentre os cientistas na tentativa deequiparar os efeitos desses alimentoscom uma tpica reao alrgica. Em1991, o Dr. J. O. Hunter deu sua opiniosobre esse assunto controverso dizendoque, se esse tipo de alergia alimentarno fosse uma doena imunolgica, massim um transtorno da fermentaobacteriana no clon, ento seria maisapropriado cham-la de doena

  • enterometablica (intestinal).O Dr. C. Orian Truss, um clnico

    geral, concentrou-se na relao entrealergia e infeco. Com a publicao deseu livro The Missing Diagnosis, elelanou a ideia de que a candidase(infeco fngica) estava na base demuitos tipos de distrbios mentais efsicos. Entre muitos de seus pacientescom sintomas variados, os sintomaspsicticos incluindo esquizofrenia eneurose eram frequentemente parte docenrio. Partindo do princpio de que aflora intestinal, em particular os fungos,encontrava-se em um estado dedesequilbrio (disbiose), ele inclua emseu tratamento e cura uma dieta semcarboidratos. Por qu? Porque de todos

  • os componentes da dieta, so oscarboidratos no digeridos e noabsorvidos (amido e acar) que tm amaior influncia na proliferao demicrbios intestinais.

    No fim dos anos de 1970 e duranteos anos de 1980, vrios artigos forampublicados em jornais mdicoscolocando mais lenha nessa fogueira.Mdicos relataram que entre ospacientes que se submeteram a umacirurgia para diminuir o tamanho dointestino delgado (um tratamentoindicado para distrbios gastrintestinaisseveros e obesidade) havia alguns queestavam apresentando sintomasneurolgicos incomuns. Entre ossintomas, estavam agressividade,

  • desorientao repentina, visoperturbada, comportamento grosseiro,pronncia confusa, passo cambaleante,giro dos olhos, confuso e delrio. Osataques duravam entre 36 e 80 horas.Utilizando os mtodos mais sofisticadosde anlise, descobriu-se que oscarboidratos no estavam sendodigeridos ou absorvidos (a operaotinha limitado severamente a capacidadede digesto do paciente), e as bactriasintestinais estavam sendo inundadas porum excesso de carboidratos quefermentavam na poro do tratointestinal ainda intacta. Comoconsequncia, o cido D-ltico, umresduo da fermentao bacteriana,estava sendo produzido irregularmente e

  • em enormes quantidades. Atualmente,acredita-se que esse cido, juntamentecom outros produto