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13ª ediçãoRevista, ampliada e atualizada

2015

IVAN KERTZMAN• Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil;

• Mestre em Direito Público da Universidade Federal da Bahia – UFBA;• Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador;

• Administrador de Empresas pela Universidade Federal da Bahia – UFBA;• Pós-Graduado em Finanças Empresariais pela USP;

• Professor Coordenador das Especializações em Direito e Prática Previdenciária da Faculdade Baiana de Direito-BA, da Ciclo-SE e do IMADEC – MA;

• Professor Coordenador da Especialização em Direito e Prática Tributária da Faculdade Baiana de Direito;• Professor de Direito Previdenciário de Cursos Preparatórios para Concursos Públicos

e de Cursos de Especialização.

E-mail: [email protected]

Outras obras do autor:• “As Contribuições Previdenciárias na Justiça do Trabalho”, Editora LTr;

• “A Desoneração da Folha de Pagamento”, Editora LTr;• “Resumão Jurídico – Direito Previdenciário”, Editora Barros, Fischer & Associados;

• “Questões de Direito Previdenciário”, Edições JusPodivm• “Para Aprender Direito – Direito Previdenciário”, Editora Barros, Fischer & Associados

• Co-autor do livro “Salário-de-Contribuição – A base de Cálculo das Empresas e dos Segurados”, Edições JusPodivm;

• Co-autor do “Guia Prático da Previdência Social”, Edições JusPodivm;• Co-autor do “Manual do Direito Homoafetivo”, Editora Saraiva;

• Co-autor dos “Revisaços” para o INSS, para Procurado do Estado, Procurador do Município, Magistratura Federal, Defensoria Pública Estadual e do Revisaço de Direito Previdenciário, Edições JusPodivm;

• Coordenador e co-autor do livro “Leituras Complementares de Previdenciário”, Edições JusPodivm.

CURSO PRÁTICODE DIREITO

PREVIDENCIÁRIO

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Nota da décima terceira edição

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Nota da décima terceira edição

Caros leitores,

A décima terceira edição desta obra traz uma série de atualizações que se fizeram necessárias em função da acelerada dinâmica da legislação previdenciária. Incluímos também novos posicionamentos da jurisprudência.

Ressalto que esta edição está atualizada pela minirreforma da previdência após a conversão da Medida Provisória 664/2014 na Lei 13.131, de 17/06/2015, que fez rele-vantes alterações na legislação de alguns benefícios previdenciários, principalmente no auxílio-doença, na pensão por morte e no auxílio-reclusão.

Disponibilizamos, nesta edição, um roteiro de estudo para os principais concursos públicos que incluem o Direito Previdenciário em seus programas.

Assim, desde o fechamento da décima-segunda edição ocorreram alterações legis-lativas, que foram contempladas nesta obra. Os principais atos normativos editados estão elencados a seguir:

• Lei 13.135, de 17/06/2015 – Minirreforma da Previdência, que altera a legislação de benefícios previdenciários;

• Lei 13.134, de 16/06/2015 – O seguro-defeso do pescador artesanal passar a ser administrado pelo INSS;

• MP 676, de 17/06/2015 – Altera as regras do fator previdenciário;

• Lei Complementar 150, de 01/06/2015 – Nova Lei dos Empregados Domésticos;

• Decreto 8.424, de 31/03/2015 – Altera a definição do pescador artesanal e regu-lamenta o seguro-defeso do segurado especial, no âmbito do INSS;

• Ato Declaratório Interpretativo 5, de 25⁄05⁄2015 – A Receita Federal passou a entender que não se deve mais autuar empresas por falta de recolhimento de contribuições sobre cooperativas de trabalho.

As atualizações foram efetuadas seguindo o padrão didático das demais edições, com utilização de exemplos práticos, sempre que necessários para uma melhor com-preensão do tema exposto.

Além das modificações mencionadas, efetuamos uma série de alterações, amplia-mos e inserimos diversos trechos, acrescentando novas tabelas, com a finalidade de manter esta obra em constante evolução.

Os arquivos de atualização desta e das outras edições estão disponíveis no site da editora – www.editorajuspodivm.com.br.

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Benefícios da Previdência Social

Neste tópico, estudaremos, com profundidade, cada um dos benefícios previden-ciários disponibilizados pelo RGPS.

Os benefícios previdenciários, como mencionado no tópico 19.5, são prestações pagas, em dinheiro, aos trabalhadores ou a seus dependentes. Alguns deles substituem a remuneração do trabalhador que ficou, por algum motivo, impedido de exercer a sua atividade. Outros são oferecidos como complementação de rendimento do trabalho ou, até mesmo, independentemente do exercício da atividade.

Para facilitar o estudo dos benefícios da Previdência Social, efetuamos a seguinte divisão:

1) Pagos aos Segurados

a) Aposentadorias

• Aposentadoria por Invalidez • Aposentadoria por Idade • Aposentadoria por Tempo de Contribuição • Aposentadoria Especial

b) Salários

• Salário-Família • Salário-Maternidade

c) Auxílios

• Auxílio-Doença • Auxílio-Acidente

2) Pagos aos Dependentes

a) Pensão por Morte

b) Auxílio-Reclusão

20.1. APOSENTADORIAS

20.1.1. Aposentadoria por invalidezXX Art. 42 a 47, Lei 8.213/91

XX Art. 43 a 50, Decreto 3.048/99

A aposentadoria por invalidez será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação

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para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição.

A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, poden-do o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

De acordo com o art. 15, § 6º, da Lei 10.741/2003, alterado pela Lei 12.896, de 18/12/2013, é assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde – SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária. Ressalte-se que a previdência, mesmo antes da citada Lei, sempre possibilitou a perícia domiciliar ou a hospitalar, sempre que o segurado enfermo não tivesse condições de se deslocar.

De acordo com o entendimento da Turma Nacional de Uniformização de Jurispru-dência dos Juizados Especiais Federais, “uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez” (Súmula 47, da TNU).

O STJ segue o mesmo entendimento, considerando que, para a concessão de apo-sentadoria por invalidez, na hipótese em que o laudo pericial tenha concluído pela incapacidade parcial para o trabalho, devem ser considerados os aspectos socioeco-nômicos, profissionais e culturais do segurado (AgRg no AREsp 283.029-SP, Rel. Min. Humberto Martins, j. 9.4.2013. 2ª T).

Realmente, é fundamental que, para a concessão de benefício por incapacidade, a perícia médica avalie não só a condição física do segurado, mas a sua condição social (incapacidade social). É natural, por exemplo, que a perícia do INSS considere aspectos como a idade do segurado, a sua condição social e cultural, o estigma de sua doença para conceder o benefício. Note-se que tais aspectos influenciam diretamente na ca-pacidade de recuperação do segurado.

Um segurado que perde um braço com 20 anos de idade, certamente, não neces-sitará de aposentadoria por invalidez, pois, após um longo período de reabilitação, poderá ser requalificado para outra atividade. Já um trabalhador que aos 62 anos de idade tenha sofrido do mesmo mal poderá ser aposentado por invalidez, uma vez que a perícia pode concluir que, neste caso, a incapacidade total seria permanente.

A incapacidade social tem sido recepcionada pelos nossos tribunais. A Súmula 78, da TNU, por exemplo, dispõe que “comprovado que o requerente de benefício é porta-dor do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”.

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Com este entendimento, é possível a concessão da aposentadoria por invalidez de um segurado que teve reconhecida a incapacidade parcial, a depender de suas condi-ções pessoais e sociais. Para ficar mais claro este posicionamento, segue um exemplo:

Exemplo:

Carlos, motorista, 65 anos de idade, e João, eletricista, 20 anos de idade, so-freram acidente de carro, tendo como resultado a necessidade de amputarem uma de suas pernas. Nesta situação, é natural que Carlos seja aposentado por invalidez, pois uma análise pessoal e social de sua situação pode demonstrar que a readaptação para outra atividade é bastante complexa. Já João, com apenas 20 anos, pode, perfeitamente, ser readaptado para outra função, ou, até mesmo, com a ajuda de uma prótese, continuar exercendo a atividade de eletricista.

A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao RGPS não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Neste mesmo sentido, a Súmula 53 da TNU dispõe que “não há direito a auxílio--doença ou a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social”. Assim, se o segurado perdeu a sua qualidade, ficando incapaz para o trabalho durante este período, mesmo que retome as contribuições à previdência social, não fará jus aos benefícios por incapacidade.

A carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é de 12 contribuições mensais, sendo, contudo, dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa, doença profissional ou do trabalho e de doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social.

Atente-se para o fato de que a concessão de aposentadoria por invalidez aos segurados especiais independe de carência, desde que comprovem o exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses correspondente à carência do benefício requerido.

Lembre-se de que o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez é calculado a partir da média dos 80% maiores salários-de-contribuição, sem a utilização do fator previdenciário, e a renda mensal do benefício equivale a 100% do SB.

A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez, concedida por transforma-ção de auxílio-doença, será de 100% do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio-doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral. Esta forma de cálculo, inclusive, foi validada pelo Superior Tribunal de Justiça (AgRg nos EREsp 909.274-MG, de. 12.6.2013).

Quando o trabalhador acidentado estiver em gozo de auxílio-doença, o valor da aposentadoria por invalidez será igual ao do auxílio-doença, se este, por força de re-ajustamento, for maior que 100% do salário-de-benefício. Na prática, isso dificilmente

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ocorrerá, já que a renda mensal do auxílio-doença é de 91% do SB, enquanto a da aposentadoria por invalidez é de 100% desta base.

Como já mencionado, até pouco tempo atrás, nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, para o segurado que contasse com menos de 144 contri-buições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderia à soma dos salários-de-contribuição, dividida pelo número de contribuições apuradas, ou seja, não haveria eliminação dos 20% menores salários-de-contribuição.

Esta regra, todavia, foi alterada pelo Decreto 6.939, de 18/08/2009, que modificou a redação do § 4º, do art. 188-A, do Regulamento da Previdência Social e revogou o § 20 do seu art. 32. Com isso, o salário-de-benefício do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez passou a seguir a regra geral da média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição, independentemente do número de meses contribuídos.

Para fins de apuração do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria precedida de auxílio-acidente, o valor mensal deste será somado ao salário-de-contribuição, antes da aplicação da correção legal, não podendo o total apurado ser superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

Exemplo:

Em 1993, Ernani, após a consolidação das lesões decor rentes de acidente sofrido, passou a receber auxílio-acidente de R$ 500,00. Retornou, neste ano, ao trabalho, recebendo remuneração mensal de R$ 1.000,00. Em 2006, sofreu novo acidente, que o deixou incapacitado para o trabalho permanentemente. Desprezando-se os cálculos de atualização e considerando que os valores mencionados se mantiveram durante todo o período, qual será o valor da sua aposentadoria?

Resposta: O valor será de R$ 1.500,00, pois, para o cálculo do salário-de-benefí-cio, contarão, apenas, os salários-de-contribuição, a partir de julho de 1994, sendo considerada a soma do auxílio-acidente com a sua remuneração.

A aposentadoria por invalidez será devida ao segurado, quando precedida de auxílio-doença, a partir da sua cessação, ou, concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho. A aposentadoria por in-validez será devida:

a) ao segurado empregado, a contar do 16º dia do afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de 30 dias;

b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias.

Durante os primeiros 15 dias de afastamento, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário correspondente. Perceba que esta obrigatoriedade não se estende

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expressamente ao empregador doméstico, devendo a Previdência conceder-lhe o be-nefício a partir do início da incapacidade.

A Medida Provisória 664/2014 tentou alterar a regra de início do benefício para o empregado, estendendo a obrigatoriedade da empresa de arcar com os 30 primeiros dias de incapacidade do empregado. A Lei 13.135, de 17/06/2015, no entanto, não aca-tou esta alteração, assim, o empregador continua obrigado a arcar somente com os 15 primeiros dias de afastamento, sendo a previdência social responsável pela concessão da aposentadoria por invalidez a partir do 16° dia de afastamento.

Saliente-se que o valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%, sendo devido ainda que o valor da aposentadoria ultrapasse o limite máximo do salário-de-contribuição. (art. 45, da Lei 8.213/91) Obviamente, este acréscimo cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.

O anexo I do decreto 3.048/99 traz as situações em que este adicional pode ser fornecido. A título de curiosidade, transcrevemo-las nesta obra:

1. Cegueira total;

2. Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta;

3. Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores;

4. Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível;

5. Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível;

6. Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível;

7. Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social;

8. Doença que exija permanência contínua no leito;

9. Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.

Considerando que o art. 45, da Lei 8.213/91 prevê o acréscimo de 25% para o segu-rado que necessite da assistência permanente de outra pessoa, sem remeter a qualquer regulamentação, entendemos que a lista constante do anexo I do Decreto 3.048/99 deve ser considerada meramente exemplificativa. Este entendimento, todavia, diverge do entendimento da autarquia previdenciária, que somente concede o referido acréscimo quando a doença estiver presente na lista.

Há grande polêmica não pacificada nos tribunais se este adicional de 25% pode ser concedido, por analogia, para outras espécies de aposentado, como o aposentado por idade, por tempo de contribuição ou especial, que, após a aposentadoria, seja acometido de doença que o torne necessitado de assistência permanente de outra pessoa.

O benefício devido ao segurado ou dependente civilmente incapaz será pago ao cônjuge, pai, mãe, tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta e por período não supe-rior a seis meses, o pagamento a herdeiro necessário, mediante termo de compromisso

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firmado no ato do recebimento (art. 162, RPS). Observe-se que a apresentação do termo de curatela não se faz mais necessário desde a edição do Decreto 5.699/2006.

Como o processo de curatela pode levar alguns meses, a Previdência Social pode prorrogar o pagamento provisório por iguais períodos de seis meses, desde que este comprove o ajuizamento de processo de curatela e o seu regular andamento.

O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer tempo, indepen-dentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, a realizar-se bienalmente, a processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e a tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos (art. 46, parágrafo único, do RPS).

O aposentado por invalidez e o pensionista inválido estarão isentos do exame pe-ricial após completarem 60 anos de idade (art. 101, da Lei 8.213/91, alterado pela Lei 13.063, de 30/12/2014). Esta isenção de perícia não se aplica quando o exame tem as seguintes finalidades:

I – verificar a necessidade de assistência permanente de outra pessoa para a concessão do acréscimo de 25% sobre o valor do benefício, conforme dispõe o art. 45;

II – verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante solicitação do aposentado ou pensionista que se julgar apto;

III – subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela.

A concessão de aposentadoria por invalidez, inclusive mediante transforma ção de auxílio-doença, está condicionada ao afastamento de todas as atividades.

O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno, e os valores recebidos, indevidamente, deverão ser devolvidos à Previdência Social. Se este bene-fício é concedido aos trabalhadores que não têm condições de exercer atividade, não há sentido em mantê-lo em caso de retorno ao tra balho.

O aposentado por invalidez pode, entretanto, ser considerado apto para o trabalho, mediante avaliação do médico-perito do INSS. Verificada, desta forma, a recuperação da capacidade de trabalho, será observado o seguinte procedimento:

I – quando a recuperação ocorrer dentro de cinco anos, contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu, sem interrupção, o benefício cessará:

a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o cer-tificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou

b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados;

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II – quando a recuperação for parcial ou ocorrer após cinco anos de afastamento ou, ainda, quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:

a) no seu valor integral, durante seis meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade;

b) com redução de 50%, no período seguinte de seis meses;

c) com redução de 75%, também por igual período de seis meses, ao término do qual cessará definitivamente.

Note-se que, no item I, é necessário que a recuperação para o trabalho seja comple-ta, pois, sendo parcial, independentemente do prazo em que ela se dê, aplicar-se-á o item II. Quando a recuperação ocorrer depois de 5 anos, será garantida a “mensalidade de recuperação” por 18 meses.

Veja a tabela resumo:

Situação Solução

Se a recuperação for total para o exercício de trabalho que o segurado habitualmente exercia.

E

Se esta recuperação tiver ocorrido dentro de cinco anos contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção.

• Para o segurado empregado: O benefício cessará de imediato.• Para os demais segurados:O benefício cessará depois de tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio--doença e da aposentadoria por invalidez.

Se for verificada recuperação parcial para o exercício de trabalho que o segurado habitualmente exercia.

O U

Se esta recuperação tiver ocorrido depois de cinco anos contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção.

OU AINDA

Se for declarada a aptidão do segurado para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia.

• Para todos os segurados:a) O benefício terá valor integral: Durante os

seis primeiros meses.b) O benefício terá redução de 50%: No

período seguinte de seis meses.c) O benefício terá redução de 75%: Por

igual período de seis meses, ao término do qual cessará definitiva mente.

Durante o período de percepção da mensalidade de recuperação (I, b, e II), embora o segurado continue na condição de aposentado, será permitida a volta ao trabalho, sem prejuízo do pagamento da referida mensalidade.

Atenção!Os organizadores de concursos públicos têm, frequentemente, elaborado “pegadinhas” propondo o seguinte texto: “sempre que o aposentado por invalidez retornar ao trabalho, o seu benefício será cessado”. Esta proposição está errada, pois existe a exceção do paga-mento da mensalidade de recuperação.

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Durante o período de percepção da mensalidade de recuperação integral, não caberá concessão de novo benefício, mas, no período de percepção das parcelas reduzidas, poderá ser concedido novo benefício, sendo facultado ao segurado optar, em caráter irrevogável, entre o benefício e a renda de recuperação.

Exemplo:

Natália, psicanalista de uma grande empresa, invalidou-se para o trabalho, em decorrência de distúrbios mentais. Após quatro anos de tratamento psi-quiátrico da melhor qualidade, recuperou parcialmente a capacidade para o trabalho, tendo sido aceita pelo seu antigo empregador, certamente para exercer o trabalho em atividade diversa. Nesta situação, terá ela direito à mensalidade de recuperação?

Resposta:

Natália terá direito a 18 meses da mensalidade, pois, embora ela tenha retor-nado ao trabalho e a sua incapacidade tenha durado menos de cinco anos, a sua recuperação foi parcial, devendo ser aplicado o item II.

Caso Natália adoeça nos seis primeiros meses do recebimento da mensalidade integral, não fará jus ao benefício. Se esta nova incapacidade ocorrer durante os 12 meses seguintes, poderá ela optar entre o auxílio-doença e a continuidade do recebi-mento da mensalidade. Optando pelo auxílio-doença, a mensalidade de recuperação será cessada, definitivamente, independentemente da duração da incapacidade.

Questão polêmica no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil é a possibilidade de baixa da empresa, enquanto o empregado estiver com contrato suspenso devido à aposentadoria por invalidez. O funcionário, nestas condições, tem o direito ao retorno às atividades ou à correspondente indenização, se for considerado reabilitado. Por outro lado, as empresas que desejem encerrar suas atividades não podem ser compelidas a manter--se em funcionamento apenas porque possuem funcionários afastados por incapacidade.

Sabemos que, para extinção da empresa, deve ela solicitar uma Certidão Negativa de Débito. Nestas circunstâncias, deve a SRFB emitir a CND?

A polêmica foi dirimida por manifestação oficial de entendimento do INSS, por meio de consulta técnica formulada. A posição da Autarquia é a de que a empresa pode ser baixada e, em caso de retorno do trabalhador, ficarão os seus representantes legais res-ponsáveis pelo cumprimento das obrigações trabalhistas.

A jurisprudência do STJ entende que a citação válida deve ser considerada como termo inicial para a implantação da aposentadoria por invalidez concedida na via judicial quando ausente prévia postulação administrativa. Assim, caso o segurado demande diretamente no judiciário a sua aposentadoria por invalidez, e este entenda que no caso concreto é dispensável o prévio requerimento administrativo, o marco inicial da aposentadoria em caso de deferimento do benefício deve ser a citação válida (REsp 1.369.165-SP, julgado em 26/2/2014).

Por último, a aposentadoria por invalidez pode ser extinta pela cessação da inca-pacidade ou pela morte do segurado.

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Até a publicação do decreto 6.722/08, havia expressa previsão no art. 55 do RPS que possibilitava a transformação, a pedido do segurado, da aposentadoria por inva-lidez em aposentadoria por idade, desde que cumpridos os requisitos necessários à concessão deste benefício. O citado Decreto, todavia, revogou o art. 55 do RPS. Assim, à primeira vista, deixou de ser possível a mencionada transformação direta, devendo antes ser cessado o benefício por incapacidade, para somente depois ser concedido o novo benefício.

A vantagem em promover a transformação da aposentadoria por invalidez em apo-sentadoria por idade, para os segurados que já tiverem cumprido as exigências legais, é que, desta forma, não necessitarão comparecer bianualmente ao INSS para fins de avaliação médico-pericial.

20.1.1.1. Quadro resumo – Aposentadoria por invalidez

Quadro resumo – Aposentadoria por invalidez

RequisitoIncapacidade permanente para trabalho ou para a atividade habitual, com pequena possibilidade de recuperação.

Beneficiários Todos os segurados.

Carência Doze contribuições mensais ou nenhuma para acidentes e algumas doenças (ver lista).

Renda mensal (valor)

100% do salário-de-benefício.

Início do pagamento

• Empregados:a) A contar do 16º dia de afastamento da atividade, quando requerida até o 30º

dia.b) A partir da data de entrada do requerimento, se entre o afastamento e o re-

querimento decorrerem mais de 30 dias.• Demais segurados:

a) A contar da data de início da incapacidade, quando requerer até o 30º dia.b) Da data de entrada do requerimento, se entre a data da incapacidade e a do

requerimento passarem mais de 30 dias.

Suspensão do pagamento

Quando o segurado não comparecer à perícia médica periódica, ou a convocação do INSS.

Cessação do pagamento

Quando ocorrer a recuperação da capacidade para o trabalho ou a morte do segurado.

Quando o segurado aposentado por invalidez retornar voluntariamente à atividade o seu benefício é cancelado, desde a data do retorno ao trabalho.

20.1.2. Aposentadorias por idadeXX Art. 48 a 51, Lei 8.213/91

XX Art. 51 a 55, Decreto 3.048/99

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que completar 65 anos de idade, se homem, ou 60, se mulher, reduzidos esses limites para 60 e 55 anos de idade, para os trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres.

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siNoPse Para estudo

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Sinopse para estudo

DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

A seguridade social foi definida no caput do art. 194 da Constituição Federal como “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar o direito à saúde, à previdência e à assistência social”.

Saúde

“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”.

O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estran geiros que não residem no País. Até as pessoas ricas podem utilizar o serviço público de saúde, não sendo necessário efetuar quaisquer contribuições para ter direito a este atendimento.

A saúde é administrada pelo SUS – Sistema Único de Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde. Este órgão não guarda qualquer relação com o INSS ou com a Previdência Social.

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (art. 199, CF 88). As instituições privadas poderão participar de forma complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

É proibida, no entanto, a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

As empresas ou capitais estrangeiros não podem participar da assistência à saúde, salvo nos casos previstos em lei.

Assistência social

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contri-buição. Aqui, o requisito básico é a necessidade do assistido.

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exercícios fuNdameNtados

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Exercícios fundamentados

29.1. HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL – CAPÍTULO 2

01. (AGU – Advogado da União 2006 – CESPE) Após o modelo de previdência social concebido por William Beveridge, implantado na Inglaterra a partir de 1946, novos sistemas surgiram no cenário mundial: o social-democrata, adotado nos países nórdicos, cujo objetivo era assegurar rendas a todos mediante redistribuição igualitária; e o liberal ou residual, cujo exemplo mais expressivo é o do Chile, caracterizado, especialmente, pela individualização dos riscos sociais.

02. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) No Brasil, o primeiro texto constitu-cional a adotar e tratar da criação das casas de socorros públicos foi a Constituição da República de 1824.

03. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) O Decreto-legislativo n.º 4.682, de 24/01/1923 – famosa Lei Eloy Chaves – é considerado, pela maioria dos autores, o marco inicial da previdência social no Brasil, tendo determinado a criação de uma caixa de apo-sentadoria e pensões para os empregados em empresas de estrada de ferro.

04. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) A partir de 1933, o governo abandonou o método de criar pequenas instituições (caixas) previdenciárias porque elas, muitas vezes, não tinham condições financeiras para arcar com os benefícios previdenciários dos seus segurados, criando entidades de âmbito nacional, nas quais foram englobados trabalha-dores de uma mesma atividade.

05. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) A Lei n.º 3.807/1960 (Lei Orgânica da Previdência Social) uniformizou a legislação previdenciária das diferentes categorias de trabalhadores, amparadas por distintos institutos previdenciários.

06. (Paraná Previdência – Advogado Pleno 2007 – CESPE) A LBA e a FUNABEM foram partes integrantes do SINPAS, criado pela Lei n.º 6.439/1977.

07. (Defensor Público do Estado do Ceará 2008 – CESPE) No ordenamento jurídico brasileiro, a primeira referência a instituições que promovessem ações relacionadas ao que hoje se denomina seguridade social foi feita pela Constituição de 1824, que criou as casas de socorros, consideradas embriões das santas casas de misericórdia.

08. (DPGU / Defensor Público da União 2010 – CESPE) A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682/1923), considerada o marco da Previdência Social no Brasil, criou as caixas de aposentadoria e pensões das empresas de estradas de ferro, sendo esse sistema mantido e administrado pelo Estado.

09. (Analista Judiciário do TRT 21ª Região 2010 – CESPE) Até a década de 50 do século XX, a previdência social brasileira caracterizava-se pela existência de institutos previdenciários distintos que atendiam a diferentes setores da economia.

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súmulas PrevideNciárias

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Súmulas Previdenciárias

30.1. SÚMULAS VINCULANTES – STF8. São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do decreto-lei nº 1.569/1977 e os artigos

45 e 46 da lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

21. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

28. É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

33. Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.

30.2. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL217. Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador,

o aposentado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo.

219. A indenização acidentaria não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador.

230. A prescrição da ação de acidente do trabalho conta-se do exame pericial que comprovar a enfermidade ou verificar a natureza da incapacidade.

235. É competente para a ação de acidente do trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda instancia, ainda que seja parte autarquia seguradora.

241. A contribuição previdenciária incide sobre o abono incorporado ao salário.

359. Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários, inclusive a apresentação do requerimento, quando a inatividade for voluntária.

371. Ferroviário, que foi admitido como servidor autárquico, não tem direito a dupla aposenta-doria.

372. A lei 2.752, de 10 04 1956, sobre dupla aposentadoria, aproveita, quando couber, a servi-dores aposentados antes de sua publicação.

382. A vida em comum sob o mesmo teto “more uxorio”, não e indispensável a caracterização do concubinato.

439. Estão sujeitos a fiscalização tributaria ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.