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DIÁLOGOS NO MPDFT

Com a Constituição de 1988, o Ministério Público assumiu nova forma.Deixou de ser um advogado do governo para ser, antes de tudo, um defen-sor da sociedade. Às suas tradicionais funções criminais e civis foram acres-centadas outras, cada vez mais amplas, de proteção aos direitos funda-mentais do ser humano e da sociedade. Sua identidade com o povo, comos interesses coletivos, com os anseios de todos, vem crescendo progressi-vamente, em uma via dupla em que, de um lado, cresce a demanda dasociedade por seus serviços e, de outro, o Ministério Público busca aproxi-mar-se mais e mais dos cidadãos.

A construção desse novo Ministério Público é, assim, dinâmica e não seesgota nas previsões constitucionais. As práticas vêm evoluindo desde1988, mas muito ainda tem a ser construído. Nessa perspectiva, verifica-seuma exigência de crescimento e aperfeiçoamento da instituição, que lhepermita não somente atingir às suas finalidades, mas avaliar os resultadossociais de sua atuação.

Esse crescimento - notadamente no MPDFT - vem se dando de formamais acentuada nos últimos dez anos, com um substancial incremento nonúmero de Membros e de Servidores, bem como em sua estrutura física ede apoio administrativo. É hora agora de racionalizar. No contexto históricoatual de verdadeira crise dos aparelhos do Estado, não se concebe cresci-mento sem amplo planejamento. A limitação dos recursos financeiros exigecriatividade na organização e nos métodos de trabalho para que se conti-nue a crescer em eficácia do trabalho desenvolvido, apesar das necessáriascontenções. É preciso, assim, estabelecer prioridades, definir estratégias deatuação, acompanhar e avaliar os resultados do trabalho.

Foi em razão dessas circunstâncias que o Ministério Público do DistritoFederal e Territórios iniciou um projeto pioneiro: o projeto DIÁLOGOS.Seu nome foi centrado na idéia de que é preciso pensar o MPDFT por meiode amplos diálogos institucionais. Trata-se de construir uma lógica de cresci-mento para a instituição com a participação de todos os seus Membros eServidores.

Os DIÁLOGOS no MPDFT têm como objetivo a definição de parâme-tros de evolução e de avaliação dos resultados da instituição, o aperfeiçoa-mento de seu sistema de informações e o planejamento estratégico de suaatuação. Pensar e melhorar constantemente o MPDFT é, assim, a grandemissão desse projeto.

Com vários canais abertos de participação aos que fazem o MPDFT(todos os seus Membros e Servidores), esse projeto propicia uma verdadeiramobilização coletiva, um genuíno esforço concentrado, para que o MPDFTcontinue cumprindo - sempre melhor - com seu compromisso amplo dedefender a sociedade.

Rogerio SchiettiProcurador-Geral de Justiça

E d i t o r i a l

Publicação ddo MMinistério PPúblico do DDistrito FFederal ee TTerritórios

Eixo Monumental - Praça do Buriti,Lote 2, Edifício-Sede

Brasília-DF Cep 70091-900Telefones: (61) 343-9604/343-9601/

343-9690.Fax.: (61) 343-9754www.mpdft.gov.br

Procurador-GGeral dde JJustiça

Rogerio Schietti Machado Cruz

Vice-PProcurador-GGeral dde JJustiça

José Firmo Reis Soub

Corregedor-GGeral

Amarílio Tadeu Freez de Almeida

Chefe ddo GGabinete

Carlos Alberto Cantarutti

Diretor-GGeral

Antônio Marcos Dezan

Conselho EEditorial

Luisa de Marillac Pantoja

Fabiana Costa Oliveira Barreto

Coordenação ddo PProjeto

Assessoria de Comunicação do MPDFT

Conchita Rocha

Produção EEditorial

Via Brasília

Fotografias

José Evaldo Gomes Vilela

Jornalista RResponsável

Jaime Deconto

Registro Profissional - MTb: 2937

Tiragem: 2.500 exemplares

Impressão

Gráfica Diplomata

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N o t a s

A Procuradoria-Geral de Justiça doMPDFT lançou, no dia 1º de setembro,o projeto DiáLOGOS com o objetivo dedefinir parâmetros de evolução e deavaliação dos resultados do MPDFT,aperfeiçoar seu sistema de informaçõese estabelecer o planejamento estratégi-co de sua atuação para o próximobiênio. Até o final de novembro, osparâmetros deverão estar definidos.

A intenção é implantar também umnovo sistema de informação para per-mitir o acompanhamento de processos

on-line e fornecer dados para análise daatuação da instituição em relação àsdemandas da sociedade.

O projeto inclui ainda a revisão doconteúdo da Portaria 178 - que cuidadas atribuições ministeriais - a definiçãoe padronização de nomenclatura dosprocedimentos do Ministério Público doDistrito Federal e Territórios, o estabeleci-mento de critérios para criação, extinção,divisão e fusão de procuradorias e pro-motorias e o fomento de uma culturade planejamento e racionalidade.

Choque de geraçõesO envelhecimento da população mundial poderá levar a humanidade a uma

revolução econômica, política e cultural. A tese é do filósofo alemão FrankSchirrmacher, autor do livro “O complô Matusalém”, ainda sem tradução no Brasil,porém disputadíssimo no mercado europeu. Em apenas três meses, o livro vendeu300 mil exemplares. Para quem ainda não “filosofa em alemão”, a opção, por ora,é conhecer as idéias do diretor do jornal Frankfurter Allgemine pela entrevista con-cedida exclusivamente por ele à revista Veja na edição do dia 18 de agosto.Schirrmacher prevê que, quando os jovens e os adultos de hoje chegarem à terceiraidade, viverão em “um asilo de velhos”. Ele usa estatísticas de envelhecimento dapopulação mundial e aponta que, em 2050, só na América Latina, o número depessoas com mais de 80 anos será quatro vezes maior que agora.

Projeto ajudará a monitorar desempenho do MPDFT

Direitos do Cidadão tem nova procuradoria

Poder de investigarNo dia 10 de agosto, a Associa-

ção Nacional dos Membros doMinistério Público - Conamp reali-zou, na Câmara dos Deputados, emBrasília, ato público em favor dopoder do MP de realizar investi-gações criminais. O presidente daConamp, João de Deus DuarteRocha, convocou os integrantes doMP a uma vigília permanente atéque o Supremo Tribunal Federal -STF julgue o recurso especial quetrata do assunto. Procuradores ePromotores de Justiça participaramdo evento.

O MP deve conduzirinvestigações?

Para o historiador e presidentedo Conselho Acadêmico do Grupode Conjuntura Internacional da Uni-versidade de São Paulo - USP, BorisFausto, sim! Em artigo publicado naFolha de São Paulo no dia 14 deagosto de 2004 (Tendências/Deba-tes - pág A/3), Fausto alerta para o“risco de um retrocesso - e dos maissérios no combate às violações dalei penal e especificamente à cor-rupção se vier a ocorrer umadecisão do Supremo Tribunal Fede-ral que negue ao Ministério Públicoas funções investigatórias”.

A nova Procuradora Dis-trital dos Direitos do Cidadãoé Ruth Kicis Torrents Pereira.Ela tomou posse no dia 15de agosto em substituição aAntônio Ezequiel Neto, queesteve à frente da procu-radoria durante últimos qua-tro anos. O ex-procuradorajudou a consolidar a aproxi-mação do MPDFT da comu-nidade local. Sua substitutaacredita que a procuradoriase destina a “contribuir parauma sociedade melhor emais justa”.

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A partir de uma experiência modeloiniciada no ano passado, o MPDFTabriu-se para a sociedade, criou umcanal de acesso para a população fazervaler os seus direitos e ainda está con-seguindo reverter a antiga idéia de quea Justiça é “lenta” e “para poucos”.

Ao realizar a segunda edição do pro-jeto MP de Portas Abertas no dia 24 desetembro, o MPDFT deu mais um passona direção de consolidar-se como refe-rência para os seus pares em todo o paísao estabelecer uma nova cultura derelacionamento entre a instituição e asociedade.

O evento atraiu cerca de 2.000 pes-soas entre estudantes do ensino médio,graduandos de direito, representantesde ONGs e pessoas da comunidade.Todos interessados na abertura propor-cionada pelo MPDFT e que permite aoscidadãos conhecer a instituição e suas

formas de intervenção social na garantiados direitos.

A fórmula surgiu no ano passado eestá sendo aprimorada. A idéia central éabrir as portas e deixar-se conhecerpelos usuários. Uma vez conhecido, oMP vira um aliado de primeira hora parao cidadão e exerce suas atribuições cons-titucionais de maneira plena. Duranteum dia inteiro, os funcionários das pro-motorias deixaram os gabinetes e insta-laram-se em cerca de trinta estandesmontados no edifício-sede. Para facilitaro acesso da população, o órgão contoucom ônibus cedidos pelas empresas detransporte coletivo da capital.

Palestras, vídeos, oficinas, peças deteatro e atendimento ao público nosestandes fizeram parte da programaçãodo MP de Portas Abertas. “O evento ésimbólico e reflete a postura interna queo MPDFT assume ao longo de todo o

ano que é a de se tornar parceiro dasociedade na defesa pelos direitos docidadão”, disse o procurador-geralRogerio Schietti. Para garantir o maisamplo acesso às informações, as pales-tras e vídeos foram traduzidos na lin-guagem universal dos sinais usados porportadores de deficiência auditiva.

IInniicciiaattiivvaa

“A experiência-piloto nasceu da cons-tatação de que, na região da capitalbrasileira, um grande número de pes-soas ainda se encontra sem acesso àJustiça”, explica Luisa de Marillac Panto-ja, assessora de Política Institucional, li-gada à Procuradoria-Geral do MPDFT.

Na opinião da administradoraClaudete Lúcia de Oliveira, moradora daAsa Norte, as pessoas deixam de procu-rar seus direitos por “absoluto” desco-nhecimento de quem pode ajuda-las.

P o r t a s A b e r t a s

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Com ela concorda a pedagoga RachelSobreira Barroso, a qual acredita que,mesmo vivendo na capital do país,ainda há, na população, uma percepçãofrágil sobre os direitos dos cidadãos.“Iniciativas como esta ajudam a esclare-cer”, disse ela durante o evento desteano.

Na mesma esteira de aproximação, oMPDFT criou o MP mais perto de você,por meio de uma Promotoria itinerante,montada em um veículo especial que sedesloca até as cidades-satélites paraprestar atendimento à população. Re-gularmente, as escolas do DF são convi-dadas a levarem seus alunos até asdependências do MPDFT para que ascrianças e jovens saibam como funcionae quais as atribuições da instituição.

Foi por meio de iniciativas de aproxi-mação com a sociedade que o MPDFTcriou outro programa de sucesso, o PaiLegal nas Escolas, que permite às cri-anças que não têm o nome do pai noregistro de nascimento, tornarem-sereconhecidas legalmente.

Chamados diante do juiz e da família,os pais ausentes são levados a com-preender a importância do reconheci-mento da paternidade e dos direitos dascrianças a terem, em suas certidões, onome dos pais. Além da importânciapsicológica desse reconhecimento, ascrianças têm direitos sociais garantidos.

Diversas famílias estão reestruturan-do-se a partir da proposta do MPDFT.Idosos que não sabiam de seus direitos,passaram a gozá-los plenamente, direi-tos sociais estão sendo restabelecidos esurge uma nova teia de relações entrehabitantes do DF que se consideravamrelegados pela Justiça.

Inspirado nas experiências inovado-ras do MPDFT, o Procurador-Geral daRepública, Cláudio Fontelles, tem repeti-do em seus pronunciamentos que oMinistério Público tem que se “abrir”. Eele tem razão, já que a finalidade do MPé garantir, na prática, o direito que estána letra e que poucas pessoas sabemcomo acessá-lo em defesa da própriacidadania.

Balanço do MP de Por-tas Abertas/ 2003

• Público estimado em 1000 pes-soas;

• 10 escolas da rede pública (Braz-lândia, Celilândia, Paranoá, Gama,Recanto das Emas, Santa Maria eColégio Elefante Branco) compare-ceram com cerca de 400 criançasdo ensino de fundamental e doensino médio. Elas assistiram avídeos institucionais e exposiçõesde Promotores de Justiça;

• Oficinas para jornalistas;

• Oficinas para estudantes de Direi-to;

• 16 visitantes participaram da Excur-são por Dentro do MPDFT

Avaliação entre osparticipantes do even-to não-integrantes do

MPDFT

79% dos participantes não-inte-grantes afirmaram que haviam

mudado para melhor sua opiniãosobre a instituição.

71% disseram que o evento propor-cionou uma visão mais ampla sobre

a atuação do MPDFT.

89% deles consideraram que a inicia-tiva foi importante para esclarecer a

atuação do MPDFT na defesa deseus direitos.

P o r t a s A b e r t a s

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E s t a t u t o d o I d o s o

Simpósio Nacional sobre o Estatuto do Idoso

Pródigo na criação de leis conside-radas avançadas em relação aos demaispaíses, o Brasil, por outro lado, écampeão mundial na desobediência àspróprias regras legais. Em relação àspessoas idosas - nada menos do que 9%da população nacional - a contradição éflagrante. A existência de um dos maisarrojados arcabouços legais para a pro-teção dos direitos dos idosos não foisuficiente para que os brasileiros commais de 65 anos de idade pudessemgozar da plenitude da cidadania. Aspolíticas públicas para a terceira idadeestão longe de garantir, na prática, oque diz o Estatuto do Idoso, principalreferência legal para os direitos dessesignificativo contingente da população.Essas são algumas conclusões a quechegaram os participantes do SimpósioNacional sobre o Estatuto do Idoso,realizado em agosto pelo MPDFT.

O evento reuniu promotores deJustiça de vários estados e especialistasde diversas áreas que indicaram umasituação preocupante. Até o ano de2005, o Brasil será o sexto no rankingmundial em número de idosos. A cons-tatação é a de que o país não estápreparado para essa realidade.

Para fazer frente ao enorme desres-peito verificado em relação aos direitosdos idosos, os participantes do encontroforam unânimes ao considerar aimportância da atuação do MinistérioPúblico. “Os direitos não nascem dasprescrições normativas e sim da lutadiária de toda a sociedade”, destacou opromotor de Justiça Antônio Suxberger,um dos painelistas do evento, indicandoque a mudança de mentalidade emrelação ao direito dos idosos é umatarefa que deve envolver crianças,

jovens e adultos. Segundo ele, o papeldo Ministério Público é o de estimular odebate e velar pelo cumprimento da lei,ressaltou o promotor.

Foi com esse objetivo que a Promo-toria de Justiça de Defesa do Idoso e doPortador de Deficiência - Prodidelançou, durante o evento, a revista Revi-va. “A idéia é estimular o espírito decidadania. Queremos mudar a idéia deque as pessoas idosas são desprotegi-das, despertando nelas a vontade delutar por seus direitos”, disse a promo-tora Sandra Julião, responsável pelapublicação.

A revista tem distribuição gratuita etraz artigos de especialistas e estudiososdo assunto, além de informações úteisque ajudam a formar, de modo crítico,a opinião de quem se interessa pelos

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direitos das pessoas idosas e dos porta-dores de deficiência física. A Prodidetambém distribui a Cartilha do Idosocom informações sobre o papel de cadasetor da sociedade encarregado pelocumprimento das leis que protegem aTerceira Idade.

AAttuuaaççããoo nnoo DDiissttrriittoo FFeeddeerraall

No Distrito Federal, a Prodide tam-bém atua na maior parte dos casos deviolação aos direitos dos idosos. A pro-motoria instituiu uma comissão que fis-caliza o cumprimento do Estatuo doIdoso e cobra providências.

Uma das iniciativas da comissão é aexigência de estruturação do Conselhodo Idoso do DF. A comissão, com repre-sentantes de várias entidades civis e ofi-ciais, porém, já conseguiu agilizar oandamento prioritário dos processosque envolvem pessoas idosas no âmbitodo GDF e obrigou as empresas de trans-porte coletivo a se adaptarem às exigên-cias legais. O conselho quer ainda equa-cionar o problema dos abrigos paraidosos e torná-los mais aptos a receber,cuidar e acompanhar pessoas de ter-ceira idade.

E s t a t u t o d o I d o s o

São crimes contra o idoso: • Discriminar pessoa idosa, dificultando seu acesso a operações

bancárias e aos meios de transporte;

• Deixar de dar assistência ao idoso, ou ainda recusar ou retardar suaassistência à saúde;

• Expor o idoso a perigo ou ameaçar sua integridade física;

• Maus tratos e lesão corporal;

• Negar emprego ou acesso a cargos públicos por motivo de idade;

• Apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensão ou outros rendi-mentos do idoso;

• Negar acolhida ou permanência do idoso em abrigo;

• Reter cartão magnético bancário ou quaisquer cartões de benefícios;

• Veicular informações ou imagens depreciativas ou injuriosas aosidosos;

• Coagir o idoso a: fazer testamento, doações, emitir procurações eassinar contratos.

Onde buscar ajudano Distrito Federal

PPrrooddiiddee//MMPPDDFFTT: Ed. Sede doMinistério Público do Distrito

Federal e Territórios - 1º andar -Praça do Buriti - fone 343 9960

ou pelo e-mail:[email protected]

CCeennttrraall ddee VVaalloorriizzaaççããoo ddoo IIddoossoo::0800 6441401 (ligação grátis)

CCoonnsseellhhoo ddoo IIddoossoo:: 348 3614 -348 3604

CCoonnsseellhhoo NNaacciioonnaall ddooss DDiirreeiittooss ddooIIddoossoo: 429 3598

DDiissqquuee-DDeennúúnncciiaa ddaa SSeeccrreettaarriiaa ddeeSSeegguurraannççaa PPúúbblliiccaa:: 323 8855

(24 horas)

Idosos revelam suas memóriasA Federação Brasileira daIndústria Farmacêutica - Fe-brafarma - acaba de lançar“Me Conte a Sua História”,livro que reúne 59 crônicas,narrativas e reportagens,elaboradas por estudantesde jornalismo de universi-dades das principais capi-tais brasileiras. A coletâneatem como mote retratar ashistórias de vida e as recor-dações de idosos que vivemem asilos e instituições ge-riátricas.

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D i r e i t o sE n t r e v i s t a

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – O senhor assume oMPDFT em meio a um processo iniciadona gestão passada e que pretende tornara instituição cada vez mais democrática etransparente tanto interna quanto exter-namente. O senhor pretende aprofundaressa experiência?

SScchhiieettttii - O Ministério Público é uma insti-tuição destinada a velar pelo regimedemocrático. Deve, portanto, ser oprimeiro a dar o exemplo de gestãodemocrática, o que tem a ver, principal-mente, com transparência e prestação decontas dos seus atos. Nesse sentido, pre-tendemos divulgar, na intranet, internet e

em outros meios de comunicação, todosos atos por nós praticados e que nãoguardem dever de sigilo. Relatórios pe-riódicos dos órgãos da Administração,reformulação da nossa página jurídica,divulgação de nossas ações institucionaissão algumas iniciativas a serem fomen-tadas, sem esquecer do principal instru-mento de gestão: o diálogo entre nós,membros e servidores, com a comu-nidade.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – Usando a metáforade uma orquestra, o senhor deverá regeruma instituição que também tem notasdissonantes, já que nem todos pensam

da mesma forma. O concerto, porém,não pode parar. Como harmonizar o con-junto?

SScchhiieettttii - Se somos, ilustrativamente, umagrande orquestra, meu papel será voltadopara estimular cada músico a tocar seuinstrumento de trabalho com o maiorempenho e alegria, pondo o sentimento ea sonoridade na execução da partitura.Devemos compreender que, sem a riquezaindividual, o conjunto se prejudica. Nãoesqueçamos, também,de que alguns instru-mentos, como o cravo,podem até ser poucoutilizados, denotandouma aparente desvalia

para a orquestra deuma maneira

g e r a l .Mas per-

guntamos:como executar uma

obra de Bach semaquele instrumento? Éde compreender-se, por-tanto, que todos osmembros e servidoresdo MPDFT devemestar certos de que o nosso principal tra-balho é afinar nossos instrumentos e exe-cutar nossa sinfonia como um conjuntoharmônico, coeso e, prazerosamente,sonoro.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – Arte e pensamento,aliás, são algumas formas que o MPDFTestá buscando para sensibilizar seus servi-dores e torná-los cada vez mais aptos alidar com as questões do dia-a-dia. Qual éa sua meta em relação aos servidores dainstituição?

Em uma das mais prestigiadas solenidades da história do MPDFT, Rogerio Schiee doutorando em Direito Processual Penal, autor de dois livros e diversos ensa

deverá aprofundar a experiência de democratização interna e defesa externConfira a entrevista com o

COMPROMISSO COM A

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concerto, porém,o harmonizar o con-

strativamente, umau papel será voltadomúsico a tocar seulho com o maiorndo o sentimento ecução da partitura.r que, sem a riqueza

se prejudica. Não,-,ooaea.-:a

mÉ-ss

mnosso principal tra-nstrumentos e exe-

como um conjunto, prazerosamente,

Arte e pensamento,rmas que o MPDFTnsibilizar seus servi-a vez mais aptos ado dia-a-dia. Qual éo aos servidores da

SScchhiieettttii - Acredito que, por meio da arte,em suas mais variadas expressões, o serhumano se torna mais integral consigomesmo. Não é sem razão que, nasprimeiras universidades surgidas naIdade Média, grande parte do ensino eradedicado às artes. A busca pelo co-nhecimento, que sempre impulsionou ohomem para o progresso, qualifica opensamento e cria ferramentas paraconquistas materiais e espirituais. Porémo grande desafio de todo ser humano é

transformar o co-nhecimento em sa-bedoria, o pensa-mento especulativoem prática viva.Sob essa perspecti-va, daremos con-tinuidade ao ótimotrabalho feito peloDRH, direcionadoà capacitação pro-fissional dos ser-vidores e à pro-moção de eventosculturais das maisvariadas espécies.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa –A abertura de portas do MPDFT à comu-nidade parece ser um caminho bastanteválido para o relacionamento com o públi-co externo. Essa atitude deve prevalecer nasua gestão?

SScchhiieettttii - Sem dúvida alguma. O MinistérioPúblico do Distrito Federal e Territóriosdeve cada vez mais aproximar-se dasociedade, quer fisicamente, quer na aber-tura de oportunidades e serviços ou nacomunicação mais compreensível e diretacom a população.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – Onde mais o MPDFTpode melhorar sua ação em relação àcomunidade?

SScchhiieettttii - Talvez a maior dificuldade queainda encontramos é o desconhecimentopor grande parte da comunidade sobrenossas atribuições, o que, evidentemente,se corrigirá na medida em que a popu-lação adquira um maior grau de cidada-nia. Podemos, certamente, contribuir,como já estamos fazendo, no desenvolvi-mento de ações institucionais e individuaisque levem aos destinatários de nossosserviços as informações necessárias. Assim,eles conhecerão a estrutura e o funciona-mento do Ministério Público.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – O Distrito Federal viveum momento crítico quanto à invasão deterras públicas, degradação ambiental semprecedentes, comprometimento dos ma-nanciais de água, violência e outras maze-las típicas de conglomerados urbanos comcrescimento desorganizado. Ao olhar à suavolta, o que o senhor pensa sobre essasituação?

SScchhiieettttii - Como qualquer cidadão que sepreocupa com a sua polis e com o futurode seus habitantes, vejo com muita apreen-são a situação do Distrito Federal. Por umasérie de fatores já identificados pelos cole-gas que há anos se dedicam a velar pelopatrimônio público, ambiental e urbano de

da história do MPDFT, Rogerio Schietti Machado Cruz, 42 anos, tomou posse no dia 5 de julho de 2004. Mestre autor de dois livros e diversos ensaios e artigos, o novo procurador-geral assume um mandato bienal no qual ocratização interna e defesa externa do órgão, conforme compromisso assumido no seu discurso de posse.

Confira a entrevista com o novo chefe do MPDFT:

SO COM A DEMOCRACIA

“Pretendemos divulgar,

na intranet, internet e em

outros meios de

comunicação, todos os

atos por nós praticados e

que não guardem dever

de sigilo.”

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Composição Composição da equipeda equipe

E n t r e v i s t a

Brasília, nossa capital tem sofrido umprogressivo aviltamento de seu projetooriginal, agregando, aos naturais pro-blemas inerentes a todo conglomera-do urbano, um desenfreado processode ocupação irregular de terras públi-cas. Isso gera uma sensação dedescontrole e de ilegalidade que pre-cisa ser revertida.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – O quê o MPDFTtem feito para melhorar a qualidadede vida no Distrito Federal?

SScchhiieettttii - Em cada promotoria de justiçaencontram-se pessoas preocupadas emresolver os problemas que o convíviohumano produz permanentemente.Quando o Ministério Público age nasáreas de saúde, transporte, segurança,habitação e educação ou quando pro-move o respeito aos direitos da criança,do idoso, do deficiente físico e mental,da mulher, do consumidor, enfim, detodos os que carecem de soluções paraseus problemas, nada mais faz o pro-motor de justiça do que buscar melho-rar a qualidade de vida da sociedade aque serve.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – Como é que apopulação pode colaborar?

SScchhiieettttii - Desenvolvendo o sentimentode inclusividade e de responsabilidadesocial. Cada um de nós é responsável,de alguma forma, pelos problemas dopróximo. O indivíduo só adquire adimensão humana quando percebe

que a sua felicidade depende da felici-dade do outro. Daí por que todos deve-mos ter um compromisso com a coisapública, com o respeito aos direitos,nossos e alheios, com a obediência aosdeveres que todos temos.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – No âmbito externo,o Ministério Público é alvo de algunsquestionamentos em relação à suaautonomia para investigar e paraexercer o controle sobre outras áreas dogoverno que não gostam muito de ser“fiscalizadas”. O que está por traz dessaofensiva?

SScchhiieettttii - O Ministério Público é umainstituição que incomoda, e é claroque ninguém gosta de ser fiscalizado,principalmente quando tem algo aocultar. A Carta Política de 1988 deter-mina que nos cabe a principal tarefade defender a ordem jurídica, oregime democrático, os interessessociais e individuais indisponíveis.Como fazê-lo sem controlar, sob aótica da legalidade e moralidade, asações desenvolvidas pelos agentesestatais, promovendo, quando cons-tatar a ocorrência do ilícito (civil oupenal), a devida e justa punição dosresponsáveis? Quanto à parte final desua pergunta, parece evidente queuma das formas de enfraquecer onosso “poder de fogo” é o ataquepessoal e institucional, o que deve servisto com naturalidade, dentro, éclaro, de certos limites.

MMPPDDFFTT eemm rreevviissttaa – Por outro lado, nasua opinião, o Judiciário brasileiropode continuar sem um mecanismode controle que venha da sociedade?

SScchhiieettttii - Sou favorável a um mecanis-mo de controle externo, tanto do Judi-ciário quanto do Ministério Público.Não se pretende controlar o méritodas ações judiciárias ou ministeriais,mas apenas facilitar a apuração deeventuais desvios administrativos que,por algum motivo, não tenham sidoprontamente apurados pelos meiosinternos de cada corporação. Creioque a democracia só tem a ganharcom um controle mais efetivo dasociedade sobre suas instituições.

“O indivíduo só adquire a

dimensão humana quando

percebe que a sua

felicidade depende da

felicidade do outro.

Daí por que todos devemos

ter um compromisso com

a coisa pública.”A equipe de trabalho escolhida pelo Procu-

rador Geral do MPDFT, Rogerio Schietti, para ospróximos dois anos é a seguinte:VViiccee-PPrrooccuurraaddoorr-GGeerraall:: José Firmo Reis SoubCChheeffee ddee GGaabbiinneettee:: Carlos Alberto CantaruttiDDiirreettoorr-GGeerraall:: Antonio Marcos DezanAAsssseessssoorriiaa CCíívveell:: Wanessa Alpino BigonhaAlvim, Maércia Correia de Mello e DiógenesAntero LourençoAAsssseessssoorriiaa ddee CCoonnttrroollee ddee CCoonnssttiittuucciioonnaalliiddaaddee::Antônio Henrique Graciano SuxbergerAAsssseessssoorriiaa CCrriimmiinnaall:: Andrelino Bento SantosFilhoAAsssseessssoorriiaa ddee PPoollííttiiccaass IInnssttiittuucciioonnaaiiss:: Luiza deMarillac Xavier dos Passos Pantoja e FabianaCosta Oliveira BarretoAAsssseessssoorriiaa ddee RReeccuurrssooss CCoonnssttiittuucciioonnaaiiss:: AntônioLuis Barbosa de Alencastro e Juliana Ferraz daRocha SantilliCCeennttrroo ddee EEssttuuddooss TTééccnniiccoo-jjuurrííddiiccooss:: Maria deLourdes Abreu - coordenadora-geral substituta;Tania Maria Nava Marchewka - coordenadorade Pesquisa e Grupos de Estudos; e RodolfoCunha Salles - coordenador de Divulgação ePublicações. AAsssseessssoorriiaa PPaarrllaammeennttaarr:: Aldo Oliveira GilAAsssseessssoorriiaa ddee CCoommuunniiccaaççããoo:: Conchita Rocha

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G a m a

sição ição ipeipe

Nova sede da Promotoria de Justiça do Gama

colhida pelo Procu-rio Schietti, para osinte:

Firmo Reis Soublberto Cantaruttios Dezan Alpino BigonhaMello e Diógenes

oonnssttiittuucciioonnaalliiddaaddee::Suxbergerino Bento Santos

ttuucciioonnaaiiss:: Luiza dePantoja e Fabiana

ttiittuucciioonnaaiiss:: Antônioe Juliana Ferraz da

jjuurrííddiiccooss:: Maria deora-geral substituta;ka - coordenadoraEstudos; e Rodolfor de Divulgação e

o Oliveira GilConchita Rocha

O dia 5 de agosto de 2004 foi im-portante para as pessoas residentes noGama e que procuram, diariamente, oMPDFT em busca de seus direitos decidadãos. Os moradores da cidade-satélite passaram a contar com a novasede da Promotoria de Justiça doMPDFT. Até a inauguração, a promoto-ria funcionava em salas emprestadaspelo Tribunal de Justiça desde 1981.Ao proporcionar bem-estar para osservidores do MPDFT e conforto paraos usuários, a nova sede da Promotoriado Gama é a resposta a um antigoanseio da comunidade, antes atendidade maneira precária em relação àsinstalações físicas.

Com cerca de 4.500 metros quadra-dos de área construída, o prédio, loca-lizado no Setor Industrial Leste, abrigará12 promotorias de Justiça que atuamnas varas Cível, de Família e Criminal nosjuizados de competência geral e numa

vara do Tribunal do Júri e de Delitos deTrânsito. O edifício tem capacidade paracomportar 28 servidores, 14 estagiáriose poderá atender a uma média de 50pessoas diariamente.

Ao projetar a obra, o MPDFT privile-giou o acesso especial para portadoresde deficiência física, o uso racional dematerial de construção e a adequação àsnormas ambientais contra o desperdíciode água e energia elétrica. De acordocom o promotor-chefe, Wanderley Fer-reira dos Santos, o prédio obedece aoscritérios definidos para a política de exe-cução de obras do MPDFT: austeridadenos gastos, desde o projeto até a exe-cução, eficiência, funcionalidade earquitetura em sintonia com o projetomodernista.

Até o ano que vem, o MPDFT deveráconcluir outras obras destinadas aopúblico das cidades-satélites: o edifício-

sede da Promotoria de Justiça de Defesada Infância e Juventude, a sede da Pro-motoria de Justiça de Planaltina e daPromotoria de Justiça de Samambaia.

PPaasssseeiioo

O novo prédio da Promotoria doGama possui três níveis. No subsolo, háuma garagem para 55 veículos, área desegurança, sala de refeições, local de usomúltiplo, equipamentos e instalações deinfra-estrutura para energia elétrica,informática, salas de manutenção,vestiário e sanitários coletivos e privativospara portadores de necessidades especi-ais e escadas de emergência. O andartérreo possui cerca de mil metrosquadrados de área construída, salas paraatendimento ao público, sanitários cole-tivos e especiais, copa e lavabo. O pavi-mento superior também possui salaspara as promotorias, banheiros e áreascomuns. A parte externa, com cerca de

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Gama

8 mil metros quadrados, tem estaciona-mento com 96 vagas e área verde.

Rampas e elevadores facilitam o aces-so ao prédio e às instalações internas. Assalas são refrigeradas com ar condi-cionado central e controle de tempe-ratura independente. Os banheiros têmsensores de presença para iluminação eequipamentos para evitar o desperdíciode água nas pias e vasos.

DDeemmaannddaass

Com cerca de 136 mil habitantes, oGama é uma das cidades-satélites quemais buscam o Ministério Público doDistrito Federal para a solução de confli-tos. Entre as principais demandas dopúblico local para a Promotoria deJustiça do MPDFT estão aquelas rela-cionadas aos crimes de roubo, porte ile-gal de arma, furto e lesões corporaisgraves. Na área cível, as questões rela-cionadas à pensão alimentícia são asque aparecem em maior número napromotoria. Nos juizados especiais, asameaças e lesões corporais leves são osprincipais fatos que levam a população aprocurar o MPDFT.

Os números da NovaSede da Promotoria

do Gama2288 servidores

77 estagiários de nível superior77 estagiários de nível médio

33 Promotorias de Justiça de Família11 Promotoria de Justiça Cível, Órfãos

e Sucessões44 Promotorias de Justiça Criminais

22 Promotorias de Justiça do Tribunaldo Júri e dos Delitos de Trânsito

22 Promotorias de Justiça EspeciaisCriminais

44..558833 metros quadrados de áreaconstruída

5500 pessoas/média/dia é a capacidadede atendimento da nova sedeEquipe do Gama: espaço adequado para atender a comunidade

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O Brasil faz parte do seleto clube dos países que decidiram declarar guerra a um inimi-go público que ronda os quatro cantos do planeta e atinge crianças, jovens e adultos em todasas classes sociais e nas mais diversas culturas: o tabagismo. As leis federais brasileiras querestringem a propaganda sobre cigarros e o fumo em áreas públicas começam a fazer parte da vidade milhares de pessoas em todo o país. Alguns estados da federação, a exemplo do Distrito Federal,já possuem leis próprias que limitam a prática considerada nociva para fumantes ativos e passivos. Naluta contra o fumo, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios tem tido um papel dedestaque.

Sob a responsabilidade da Promotoria de Defesa do Consumidor - Prodecon estão dois dos maisimportantes inquéritos da história do país sobre a responsabilização dos fabricantes de cigarros pordanos à saúde dos consumidores. Nos processos, a Phillip Morris e a Souza Cruz foram condenadaspor danos físicos e morais provocados aos fumantes. Foi por pressão da sociedade e pela ação doMPDFT que as publicidades de cigarro foram banidas dos veículos de comunicação.

A promotoria assumiu o papel de conduzir parte do debate sobre o tabagismo no que se rela-ciona às leis anti-fumo e suas aplicações em defesa da saúde da população. No final de maio desteano, a promotoria realizou em Brasília o I Fórum Nacional de Mobilização para o Controle do Taba-co. O evento reuniu os principais especialistas no tema e apontou novos “fronts” para a luta que,segundo o promotor de justiça Guilherme Fernandes Neto, está apenas no começo.

A Prodecon quer mudar a cultura tabagista que, segundo a ONU, atinge um terço da popu-lação adulta no Brasil. Isso significa quase trinta milhões de fumantes ativos. Inquietante é o dadodo Instituto Nacional do Câncer de que existem no país cerca de três milhões de fumantes comidade entre cinco e dezenove anos. De acordo com Organização Mundial de Saúde, cerca de duzen-tas mil pessoas morrem a cada ano no Brasil devido ao tabagismo.

O caminho adotado pelo MPDFT para tentar ajudar a reverter o quadro é a implementação da legislação sobre o tema e a difusão das medidas que estão sendo adotadas para fazer valer a leibrasileira, considerada uma das mais avançadas nesse assunto. Segundo Guilherme Neto, da Prodecon,qualquer iniciativa que se faça nesse sentido vale a pena. Alguns números servem de estímulo aos defen-sores de uma sociedade livre do hábito de fumar. O Instituto Nacional do Câncer já aponta para a reduçãona tendência ao tabagismo entre os brasileiros. De 1989 a 2002, o Distrito Federal registrou a queda de26% para 17% no número de fumantes. Sinal de que a soma dos esforços vale a pena. O DF é o sextaunidade da federação com os menores índices de fumantes no Brasil.

Leis anti-fumo se integram ao dia-a-diados cidadãos

Leis anti-fumo

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Leis anti-fumo

AAvvaannççooss

Como em diversos outros setores, aquestão do controle ao tabagismo noBrasil passa por avanços e recuos. De umlado, vemos o esforço do Ministério daSaúde em combater o mal que causaprejuízos humanos e econômicos cujaconta acaba caindo no colo do con-tribuinte. Nos últimos anos, o MS temadotado uma postura agressiva ao tratardo cigarro por meio da mídia.

As campanhas mudaram o enfoqueoficial ao problema tentando esclarecerque cada centavo - dos bilhões de reaisgastos todos os anos para tratar adependência do tabaco - poderia estarsendo usado na educação ou na saúde.As novas campanhas comparam: o di-

nheiro gasto com um maço de cigarropoderia comprar, por exemplo, um litrode leite e sete pães. O foco é a popu-lação de baixa renda, uma das que maisparticipam das estatísticas negativas dotabagismo e que dispõem de menosacesso à informação e aos tratamentosnecessários.

RReeccuuooss

Confiante de que a lei que protege aindústria do fumo veio para ficar, aprefeitura de São Paulo foi além. Permi-tiu que, na maior cidade da AméricaLatina, a divulgação de cigarros e simi-lares em eventos esportivos se estendaaté o ano de 2009. Para o promotor deDefesa do Consumidor do MPDFT, amedida representa um retrocesso.

Lei Federal N° 9.294, de 15 de julho de 1996Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas,

medicamentos, terapias e defensivos agrícolas.

Lei distrital N° 1162, de 19 de julho de 1996Proíbe o fumo nos recintos fechados.

Irlanda, Noruega, Escóciae algumas localidades nosEstados Unidos, como acidade de Nova Iorque.

O Brasil é líder entre ospaíses que declararamguerra ao tabagismo.

Países que são referência mundial no

controle do tabagismo:

Leis que são referência para o combate ao fumo

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Penas alternativas

O Distrito Federal lidera a experiênciabrasileira na aplicação de medidas epenas alternativas. A partir do trabalhodesenvolvido pelo Ministério Público doDistrito Federal e dos Territórios, pormeio da Central de Medidas Alternativas- CEMA, surgem os primeiros dadosestatísticos sobre a prática judicial queestá mudando conceitos e ajudando nareeducação dos infratores e sua reinte-gração social. O Retrato da Aplicaçãodas Penas Alternativas no DF, no período2003/2004, está disponível na CEMApara os estudiosos do assunto. A leiturado documento é reveladora.

“Trata-se de um dos raros trabalhosexistentes no país sobre a sistematiza-ção dos dados e resultados na experiên-cia do Judiciário na aplicação de medi-das alternativas”, explica a promotora

de justiça Fabiana Costa Oliveira Barreto,coordenadora da comissão formada poroutros promotores e servidores doMPDFT para atuar na CEMA. A Centralfoi criada em 2001 com o objetivo deapoiar o Ministério Público na propo-sição, fiscalização e sistematização dosdados relativos às penas alternativas.

Os primeiros núcleos criados foramem três das cidades-satélites mais popu-losas do DF: Ceilândia, Taguatinga eSamambaia. A partir da experiência-piloto da CEMA nessas localidades, oMPDFT ampliou sua ação para o Gamae Brazlândia. Deverão ser criados aindaeste ano os núcleos de Sobradinho,Paranoá e Planaltina. Até 2005, espera-se que todo o Distrito Federal estejaintegrado na experiência, inclusive oPlano-Pilloto.

A expansão tem como referência aexperiência inicial desenvolvida emCeilândia, Taguatinga e Samambaia. Osdados do primeiro levantamentomostram que 72% das penas aplicadasaos infratores são de natureza alternati-va, ou seja, não incluem a privação deliberdade. O percentual corresponde aoperíodo: setembro de 2003 a abril de2004. Somente 28% foram casos emque houve sentença de prisão em umtotal absoluto de 1.453 casos.

Desse universo, 23% foram crimes porporte de armas; 10,6% delitos de furto e10,4% de infrações de trânsito. Crimescontra o patrimônio (furto, estelionato,receptação e roubo) somam 25,1% doscasos e constituem, de acordo com oestudo da CEMA, a maior incidência noscasos de aplicação das penas alternativas.

DF é referência na aplicação depenas alternativas

Levantamento mostra que 72% das penas não incluem privação de liberdade

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Penas alternativas

Entre as penas aplicadas estão aprestação pecuniária, prestação deserviço, comparecimento ao juízo,proibição de se ausentar da comarca oufreqüentar lugar, participação em cur-sos, reparação do dano e participaçãoem grupos de saúde física e mental. Asprestações pecuniárias e serviços corres-pondem a 54% das penas aplicadas noperíodo.

Os homens representam 89% dosinfratores. Somente 11% são mulheres.A maior parte das infrações é cometidapor pessoas na faixa etária de 25 a 39anos com escolaridade de 1º grauincompleto.

“Até a aplicação do Retrato dasPenas Alternativas não existiam dadoscompletos sobre a aplicação de medidasdessa natureza no país”, esclarece Fabi-ana Barreto. Segundo ela, a intenção daCEMA é publicar os dados regular-mente. A meta global é produzir infor-mações para garantir mais efetividadepara a aplicação e execução das penas emedidas.

Também é intenção da CEMA ade-quar as penas para o caso concreto. Istoé, se uma pessoa praticar um delito detrânsito, ela deverá servir em instituiçõesafins para que ela reflita sobre sua con-

duta. Outra meta é que nenhuma penaseja descumprida.

De acordo com a promotora, a penade prisão é dessocializante, provocaestigmas e ainda onera o Estado. Umprisioneiro custa, em média, R$ 1.500por mês no Brasil. Com a prisão, odetento ainda perde o contato com a

sociedade e estabelece uma relação derevolta em relação aos demais.

Fabiana Barreto garante que no casoda pena alternativa, tudo o que se afir-mou sobre a prisão de um indivíduo seinverte. “Além disso, a reincidência ébem menor quando se aplicam as alter-nativas”, diz ela.

A população carcerária no Dis-trito Federal é de cerca de 6.800pessoas. No Brasil o número sobepara 240 mil detentos. Cada presocusta, em média, R$ 1.500 por mêspara o Estado. Juntando tudo, dámais que o orçamento de setoresfundamentais do governo. Quempaga são os contribuintes. Con-siderando que as prisões brasileirassão escolas de formação e aper-feiçoamento para o crime, asociedade cria um monstro que,freqüentemente, se volta contra elaem forma de rebeliões cada vezmais violentas. Ou seja: o custo éalto demais. Em todos os sentidos.

Com sua atuação, o MPDFTcoloca o Brasil em dia com arecomendação da organizaçãodas Nações Unidas - ONU emrelação às aplicações de penasalternativas. A partir de um pro-tocolo elaborado no final dadécada de 90, em Tóquio, aONU estabeleceu regras míni-mas para tentar reduzir as penasde prisão para as infrações menosgraves e ajudar na reeducação dosindivíduos que cometem os delitos.Mais detalhes sobre as Regras de Tóquio:www.un.org

Análise

Comissão de promotores e servidores fez a primeira sistematização de dados sobre penas alternativas do DF

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