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COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO FISCAL

Art. 1º A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

1. LEF COMO ÚNICO INSTRUMENTO PROCESSUAL PARA RECUPERAR DÍVIDA ATIVA ADMINISTRADA POR ENTES PÚBLICOS

A Lei de Execução Fiscal, LEF, se destina à cobrança de créditos inscritos em dívida ativa não apenas da União, mas dos demais entes federados e suas autarquias. Não poderia deixar de ser diferente, já que estamos diante de norma de cunho processual, matéria sobre qual apenas a União pode legislar 43. Logo, as demais pessoas de direito público citadas no art. 1º não podem instituir sua própria forma de cobrança processual de cré-ditos públicos, pelo que é possível afirmar, na esteira de Aldemário Araújo Castro, que a execução fiscal é o único meio [processual] de igualar o sonegador ao contribuinte 44.

Aqui, é importante ter em conta que o crédito a ser executado não precisa necessa-riamente ser do ente público que promove a execução, bastando que lhe caiba a admi-nistração daqueles valores, a autorização constitucional (para tributos) e/ou legal (para os demais créditos não tributários) para instituí-los e a possibilidade legal de inscrevê-los em DA (dívida ativa). Assim se dá com as contribuições para o Sistema S (SENAI, SESI etc.) e para o FGTS: a destinação dos recursos arrecadados é para pessoas jurídicas de direito privado, mas sua arrecadação se dá por meio de execução fiscal.

-. SESI

-

43

44

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32 ARTHUR MOURASesi e Senai. 2. O Tribunal

fiscal-

As

. 8. Acrescente-se

A LEF é único instrumento processual para recuperação do crédito público, mas isso não significa que administrativamente outros mecanismos não possam ser utilizados:

É o que se depreende da leitura do art. 1º da Lei 9.492/1997:

das res-

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-

-

fiscal

-

- 14. A Lei 9.492/1997

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34 ARTHUR MOURA

Direito Público e Pri-Direito

direito

do Direito

Direito

2. LEGITIMAÇÃO PARA PROPOR EXECUÇÃO FISCAL

Nas execuções fiscais propostas pela União, apenas a Procuradoria da Fazenda Na-cional tem legitimidade para representá-la (ou “presentá-la”, como querem alguns) no polo ativo. Sejam créditos tributários ou não tributários, o marco divisor de atuação funcional entre a Procuradoria da Fazenda Nacional a Procuradoria da União (ambos órgãos vinculados à AGU 45) é exatamente a inscrição em dívida ativa da União (DAU). Com efeito, nem em teoria se poderia designar outro órgão que não a Procuradoria da Fazenda Nacional, para exercício do mister de recuperar o crédito tributário inscrito em DAU, a teor do mandamento constitucional:

nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funciona-

(...)

Para os créditos não tributários, desde o Decreto-Lei 147/1967, ainda em vigor naquilo em que não contraria a Lei Complementar 73/1993, a Procuradoria da Fazenda Nacional já detinha a atribuição para sua execução:

(...)

45

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Semelhante conclusão foi corroborada pela reforma do disposto no art. 39 da Lei 4320/1964, alterado pelo Decreto-Lei 1.735/1979:

serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas

(...)

Nacional.

Posteriormente, a Lei 11.457/2007 (que, à época, ficou conhecida como Lei da Super Receita), ratificou aquele entendimento, em seu art. 23:

Art. 23. Compete à Fazenda Nacional a representação judicial na cobrança de créditos de qualquer natureza inscritos em Dívida da

Observe-se que toda essa legislação é citada no próprio sítio eletrônico da Procura-doria-Geral da Fazenda Nacional, em sua “Cartilha aos órgãos de origem”, documento produzido com intuito de “explicar o que é a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN, quais créditos devem ser inscritos na Dívida Ativa da União (DAU), como deve se dar o encaminhamento destes créditos à PGFN, quais documentos devem ser encaminhados para inscrição de um crédito em DAU e o valor mínimo para inscrição.” 46.

As execuções fiscais de DA das autarquias e fundações federais estão a cargo da Procuradoria Geral Federal, segundo a Lei 10.480/2002, art. 10, combinado com o art. 17 da Lei Complementar 73:

-

de consultoria e assessoramento jurídicos, a apuração da liquidez e certeza dos

III – a apuração da liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, ine-

amigável ou judicial.

Importante notar que mesmo taxas (portanto, tributo) instituídas pela União em favor das Autarquias serão inscritas em DA e executadas na forma da LEF pela PGF. Também não custa lembrar que as contribuições previdenciárias são instituídas e administradas pela União; como possuem natureza tributária, são inscritas em DAU, cuja execução se

46 -

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36 ARTHUR MOURAdá pelas mãos da Procuradoria da Fazenda Nacional, ainda que o valor arrecadado seja destinado a uma autarquia, o INSS.

Para Estados e o Distrito Federal, vale o que a Lei local disciplinar sobre a respectiva Procuradoria-Geral do Estado, devendo necessariamente dispor sobre que setores da PGE serão responsáveis pela execução fiscal de créditos tributários e não tributários, do ente tributante, de suas autarquias e fundações.

O certo é que não há espaço para carreiras paralelas ou, pior, para a contratação de advogados estranhos ao quadro funcional da PGE, e isso decorre de expresso comando constitucional:

-des federadas.

A própria AGU já manifestou sobre o tema, por meio de Parecer na Ação Direta de Inconstitucionalidade 5215. O Parecer está assim ementado:

procurador autárquico. Atribuições referentes à representação judicial de autar-

-

pela procedência do pedido veiculado pela requerente.”

E não poderia ser diferente, face ao que já decidiu o Eg. STF:

-

-

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37

-Ricardo

Lewandowski

Celso de MelloCelso de Mello

de 25-4-1997.

Já as Procuradorias dos Municípios não receberam tratamento constitucional. Isso tem gerado bastante controvérsia sobre a imposição ou faculdade de a edilidade ter em seus quadros Procuradores concursados ou se pode contratar, com ou sem licitação, advogados privados para exercer funções de Procurador.

O STJ assim já se manifestou:

-

-

Ao quanto decidido por aquela Colenda Corte, anote-se a opinião sempre ilustre de Adilson Abreu Dallari 47:

Da mesma forma, não está abrangida a administração descentralizada ou indi-reta, especialmente as empresas estatais, dotadas de personalidade jurídica de

47

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38 ARTHUR MOURA

No entanto, ao menos na parte concernente à promoção das execuções fiscais muni-cipais, parece ser essencial que o Município mantenha procuradoria própria, com servidor contratado por concurso público. Quem quer que atue na execução fiscal municipal há de ter acesso aos autos do processo administrativo fiscal e a cadastros administrativos e financeiros do contribuinte; portanto, fará parte da Administração Tributária Municipal. Não parece adequado que pessoas estranhas à Administração Tributária, isto é, à Fazenda Pública, tenham acesso a tais dados. Veja-se o que dispõe a CF, em seu art. 37:

-

da lei ou convênio.

Agora, em cotejo como CTN:

Ora, quem atuar no polo ativo da execução fiscal municipal fará parte do concei-to de Fazenda Pública Municipal, cuja dimensão principal é Administração Tributária Municipal. Apenas quem dela faz parte, como servidor concursado, pode ter acesso às informações fiscais do contribuinte.

Portanto, ao menos no que toca às execuções fiscais, padece de nulidade o proce-dimento que for instaurado por pessoa estranha à Administração Tributária Municipal.

Além das pessoas de direito púbico já mencionadas no art. 1º, as Fundações Pú-blicas e as autarquias profissionais (CREA, CRM etc.) também podem se valer deste instrumento processual.

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EXECUÇÃO FISCAL.-

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As empresas públicas e de economia mista, por injunção constitucional 48, não se podem valer do procedimento previsto na LEF para executar seus créditos. Porém, elas podem figurar no polo passivo da execução fiscal, como qualquer outra empresa privada.

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40 ARTHUR MOURAAs execuções fiscais prescindem da atuação do Ministério Público, matéria inclusive já

sumulada pelo STJ 49. No caso de massa falida que figure como executada, o regramento anterior à Lei 11.101/2005 exigia a participação do Parquet:

-

Após a edição da nova Lei de Falências, sua intervenção deixou de ser obrigatória, embora não se descarte a hipótese de sua legitimação para atuar como custus legis caso algumas das questões previstas na Lei 11.101/2005, nos arts. 19 50 (para casos que en-volvam, v.g., o FGTS); 52, V 51; 99, XIII 52; 142, § 7º 53; 154, § 3º 54, sejam ao menos tangenciadas em alguma execução fiscal. Parece que o mesmo se dá em relação às execuções fiscais em desfavor de fundações, a teor do que prescreve o art. 66 55 do Código Civil.

4950 -

-

51

52

53pena de nulidade.

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