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PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 1 MODALIDADES DE PESQUISA: ESTUDO INTRODUTÓRIO *1 José Cosme Drumond 2 Considerações iniciais: a pesquisa e seus objetivos A execução de uma pesquisa pressupõe compreender o significado do próprio termo e os objetivos que levam a sua realização. Essa não é uma discussão simples, porque depende do ponto de vista de correntes de pensamento e, dentro delas, de enfoques paradigmáticos, no caso da pesquisa científica. Para alguns teóricos, entretanto, investigar é uma atitude inerente a toda atividade humana, pois sempre nos perguntamos e problematizamos nossa relação com a realidade. A pesquisa é um termo polissêmico que pode traduzir desde a busca por melhores preços no comércio até o trabalho sistemático e metódico de um cientista em um laboratório. A pesquisa de que estamos falando é do segundo tipo, ou seja, é atividade que pressupõe um processo metodológico próprio e tem por finalidade a construção de novos conhecimentos ou a revisão de conhecimentos já existentes. Independentemente do lugar em que se colo- que o pesquisador, toda sua produção buscará a reflexão critica sobre a realidade. A atividade da pesquisa, através dessa investigação metódica, buscará responder à neces- sidade de reflexão critica sobre os conhecimentos já existentes, ou de revisão de processos de produção cientifica, ou de busca da produção de novos conhecimentos, novos processos e métodos de produção da ciência. Assim, as pesquisas podem estar focadas (Coutinho e Cunha, 2004): Na busca do progresso da ciência, com a descoberta de fatos novos relevantes; Na abertura de novos campos de conhecimento; * DRUMOND, José Cosme. Modalidades de Pesquisa: estudo introdutório. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2006. 1 Texto produzido para a disciplina ‘Pesquisa e construção do conhecimento’, do curso de Atualização em ‘Do- cência do Ensino Superior e sua articulação com a pesquisa e a produção de textos’. 2 Professor da UEMG é doutorando em Educação, na FAE/UFMG. Curso: Especialização em Docência do Ensino Superior: Fundamentos Teórico-Metodológicos Disciplina: Metodologia e Produção de Trabalhos Acadêmicos em Educação Professora: Sheilla Alessandra Menezes

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    MODALIDADES DE PESQUISA: ESTUDO INTRODUTRIO*1 Jos Cosme Drumond2

    Consideraes iniciais: a pesquisa e seus objetivos

    A execuo de uma pesquisa pressupe compreender o significado do prprio termo e os objetivos que levam a sua realizao. Essa no uma discusso simples, porque depende do ponto de vista de correntes de pensamento e, dentro delas, de enfoques paradigmticos, no caso da pesquisa cientfica. Para alguns tericos, entretanto, investigar uma atitude inerente a toda atividade humana, pois sempre nos perguntamos e problematizamos nossa relao com a realidade.

    A pesquisa um termo polissmico que pode traduzir desde a busca por melhores preos no comrcio at o trabalho sistemtico e metdico de um cientista em um laboratrio. A pesquisa de que estamos falando do segundo tipo, ou seja, atividade que pressupe um processo metodolgico prprio e tem por finalidade a construo de novos conhecimentos ou a reviso de conhecimentos j existentes. Independentemente do lugar em que se colo-que o pesquisador, toda sua produo buscar a reflexo critica sobre a realidade.

    A atividade da pesquisa, atravs dessa investigao metdica, buscar responder neces-sidade de reflexo critica sobre os conhecimentos j existentes, ou de reviso de processos de produo cientifica, ou de busca da produo de novos conhecimentos, novos processos e mtodos de produo da cincia. Assim, as pesquisas podem estar focadas (Coutinho e Cunha, 2004):

    Na busca do progresso da cincia, com a descoberta de fatos novos relevantes; Na abertura de novos campos de conhecimento; * DRUMOND, Jos Cosme. Modalidades de Pesquisa: estudo introdutrio. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2006. 1 Texto produzido para a disciplina Pesquisa e construo do conhecimento, do curso de Atualizao em Do-

    cncia do Ensino Superior e sua articulao com a pesquisa e a produo de textos. 2 Professor da UEMG doutorando em Educao, na FAE/UFMG.

    Curso: Especializao em Docncia do Ensino Superior: Fundamentos Terico-Metodolgicos

    Disciplina: Metodologia e Produo de Trabalhos Acadmicos em Educao

    Professora: Sheilla Alessandra Menezes

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    No aperfeioamento tecnolgico; Na confirmao ou refutao de descobertas em lugares e situaes diferentes; Na reviso metodolgica e no aperfeioamento de mtodos; Na redefinio de conceitos tericos, metodolgicos e epistemolgicos subjacentes

    produo do conhecimento.

    Modalidades de pesquisa: variaes pelos enfoques, aplicao e metodologia

    A teoria de pesquisa possui vrias classificaes para os trabalhos de investigao que va-riam de acordo com o aspecto referencial para a definio tipolgica. Assim, h classificao pelos objetivos da pesquisa, pela base metodolgica e pelo enfoque. Consideremos, ainda, que comum dividirem-se as cincias em puras e aplicadas e h as correspondentes pes-quisa pura e pesquisa aplicada.

    Embora essa distino j seja um tanto quanto abandonada, h, entretanto, tericos que distinguem pesquisa pura, pesquisa bsica ou fundamental e pesquisa aplicada. A pesquisa pura tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre as coisas. A pesquisa bsica, que, se-gundo Joliot (2003), indispensvel para o desenvolvimento da cincia, apesar de seu alto custo, seria aquela que, nos moldes metodolgicos da pesquisa pura, constituiria as bases conceituais sobre as quais a pesquisa prtica atuaria (Coutinho &Cunha, 2004). A pesquisa prtica, ento, sustentada na pesquisa fundamental, buscaria dar respostas prticas que seriam traduzidas em tecnologias, tcnicas, materiais, produtos. Para alguns tericos, essa diviso incua, uma vez que a pesquisa busca sempre produzir resultados que integram as trs finalidades: teoria inovadora, fundamentao e referencial para outras pesquisas e respostas prticas para interveno na realidade.

    As classificaes pelos objetivos, pelo enfoque, pelo caminho metodolgico so mais co-muns entre os tericos da pesquisa, atualmente. Trabalharemos, a seguir, essas vrias classificaes, iniciando pela tipologia por objetivos.

    Classificao das pesquisas

    a) Classificao baseada nos objetivos das pesquisas

    A classificao por objetivos, geralmente, organiza as pesquisas em trs grandes grupos:

    Pesquisas exploratrias, que, segundo Gil (2002), visam tornar o problema mais explici-to e tm por objetivo principal o aprimoramento de idias ou a descoberta de intuies. O planejamento flexvel permite a abertura para que novos focos sejam dados ao pro-blema. So muito usuais as formas de pesquisa bibliogrfica e estudo de caso.

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    Pesquisas descritivas, que tm por objetivo a dissecao detalhada de aspectos da rea-lidade estudada, trabalhando as variveis e analisando suas possveis relaes, ou bus-cando a natureza dessas relaes. Inmeras pesquisas podem ser classificadas sob es-te ttulo. Segundo Gil (2002, p. 42), uma de suas caractersticas mais significativas est na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionrio e a observao sistemtica.

    Pesquisas explicativas so as que esto preocupadas com a identificao de fatores que determinam os fatos ou fenmenos. Assim, elas devem buscar as razes profundas que esto por trs do problema pesquisado, para que o conhecimento de realidade seja o mais ampliado possvel. Por ser mais complexa, a pesquisa explicativa mais passvel de induzir os pesquisadores a erros, o que implica os cuidados com o planejamento e com as tcnicas utilizadas no seu processo. Segundo Gil (op. cit., p. 42), pode-se dizer que o conhecimento cientfico est assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Essas pesquisas so desenvolvidas tanto pelas cincias sociais, quanto pelas cincias naturais que, quase sempre, utilizam-se do mtodo experimental.

    Embora seja possvel estabelecer uma hierarquia entre esses trs tipos de pesquisa, co-mum serem encontrados elementos integrados dos trs, em estudos realizados. Uma pes-quisa descritiva pode ser desdobramento de uma pesquisa exploratria, assim como a pes-quisa explicativa pode ser a continuao de uma pesquisa descritiva.

    Essa classificao importante para o estabelecimento do marco terico da pesquisa, isto , para que seja possvel uma aproximao conceitual com a qual o estudo vai ser realiza-do.

    b) Classificao baseada em procedimentos adotados nas pesquisas

    Para a anlise emprica dos fatos, o trabalho de investigao deve conter o que alguns te-ricos denominam de desenho, ou delineamento ou design da pesquisa. Esse delineamento termo mais usual no Brasil a parte do planejamento da pesquisa que define o modelo, a sinopse metodolgica e o planeamento, com os passos, os espaos e os tempos a serem utilizados e envolve, ainda, a anlise de dados.

    possvel estabelecer uma tipologia de pesquisa pelo delineamento, cujo ponto central so os procedimentos de coleta de dados. Segundo Gil (op. cit., p. 43),

    Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de papel e aqueles cujos dados so fornecidos por pessoas. No primeiro grupo, esto a pesquisa bibliogrfica e a pesquisa documental. No segundo, esto a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento de dados e o estudo de caso. Neste ltimo grupo, ainda que gerando certa controvrsia, podem ser includas a pesquisa-ao e a pesquisa participante.

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    Vamos, pois, fazer uma descrio sucinta de cada uma dessas classificaes:

    Pesquisa bibliogrfica constituda de material escrito j pr-existente na rea cientfica da pesquisa, tais como livros, artigos, relatrios de pesquisa, teses e dissertaes. A pesquisa bibliogrfica pode constituir-se como uma pesquisa em si ou como parte de um delineamento de uma dada pesquisa. A grande vantagem da pesquisa bibliogrfica a possibilidade de que o pesquisador tenha acesso a estudos que cobrem uma gama de fenmenos muito mais ampla do que a prevista no seu estudo. A face negativa da pes-quisa bibliogrfica a possibilidade de que o pesquisador oriente-se por possveis equ-vocos de outros pesquisadores registrados nos estudos e que no sejam de fcil desve-lamento.

    Pesquisa documental difere da pesquisa bibliogrfica na natureza das fontes. A pesqui-sa bibliogrfica tem por fontes os trabalhos produzidos por diversos autores sobre os v-rios assuntos estudados, enquanto que a pesquisa documental tem por fontes materiais que no foram analisados, anteriormente, ou que necessitam de um tratamento para tornarem-se objetos de pesquisas. Embora possam ser adotados passos semelhantes em ambos os tipos de pesquisa, as fontes da pesquisa documental so muito mais dis-persas e, em muitos casos, sua localizao, organizao e tratamento constituem gran-de parte de seus procedimentos. Os materiais que constituem as fontes da pesquisa do-cumental incluem arquivos pblicos e privados, fotografias, vdeos, objetos, lugares, ins-talaes, dentre outros. A pesquisa bibliogrfica, ao contrrio, tem suas fontes impres-sas destinadas a pblicos especficos e acessvel de forma mais simples e organizada. Vrias fontes da pesquisa documental, como o caso de jornais, revistas, panfletos, etc, podem ser, tambm, fontes de pesquisa bibliogrfica. As fontes de dados documentais so muito importantes nas pesquisas de carter histrico.

    Pesquisa experimental, de modo geral, vista como a melhor representao da pesqui-sa cientfica e se aplica, principalmente, aos fenmenos no humanos, tanto os fsicos, quanto os que envolvem a vida em outras esferas-animais, plantas, microorganismos. A pesquisa experimental com humanos usual, quando o fenmeno no de cunho soci-al e de carter pessoal, sendo a questo da tica cientfica um problema permanente a ser referncia para o limite de prticas experimentais. Um bom exemplo para ilustrar is-so so as pesquisas genticas. A pesquisa experimental de grande prestigio no meio cientfico e vista como o prottipo da produo cientfica. A sua realizao no , ne-cessariamente, circunscrita aos laboratrios, podendo ser desenvolvida em qualquer lu-gar, conforme Gil (op. cit., p. 48) desde que apresente as seguintes propriedades:

    a) manipulao: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das caractersticas dos elementos estudados;

    b) controle: o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situao experi-mental, sobretudo criando um grupo de controle;

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    c) distribuio aleatria: a designao dos elementos para participar dos grupos expe-rimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente.

    Pesquisa ex-post facto ou correlacional, semelhante pesquisa experimental, difere dessa, no entanto, porque o pesquisador no dispe de controle sobre a varivel inde-pendente, que fator presumido do fenmeno, uma vez que j ocorreu. Por isso, a de-nominao de pesquisa aps o fato ocorrido. O pesquisador trabalha sobre situaes em que o seu desenvolvimento j identificado. A pesquisa de caso-controle na rea da sade, em que um caso de ocorrncia diferente dos outros casos utilizado, um bom exemplo desse tipo de pesquisa. Segundo Gil (op. cit., p.50):

    Apesar das semelhanas com a pesquisa experimental, o delineamento ex-post facto no garante que suas concluses relativas a relaes do tipo causa-efeito sejam totalmente se-guras. O que geralmente se obtm nesta modalidade de delineamento a constatao da existncia de relao entre variveis. Por isso que essa pesquisa muitas vezes deno-minada correlacional.

    Estudo de coorte refere-se a acompanhamento de um grupo de pessoas com determi-nadas caractersticas de interesse da investigao, que forma uma amostra a ser acom-panhada durante um tempo delimitado. Tal como o caso-controle, este estudo muito comum na rea de sade e pressupe um processo rigoroso de acompanhamento, o que uma de suas vantagens. Este estudo pode ser prospectivo (contemporneos para o futuro) ou retrospectivo, de carter histrico.

    Levantamento um tipo de estudo em que se faz inquirio direta a pessoas cujo com-portamento ou caractersticas sejam objeto da pesquisa. Pode-se optar pelo levanta-mento tipo censo, em que so recolhidas informaes da totalidade do universo pesqui-sado ou pelo levantamento amostral, em que so escolhidas pessoas cujas caractersti-cas sejam representativas do universo pesquisado. A conformao amostral feita atra-vs de procedimentos estatsticos e a amostra passa, ento, a ser o objeto do estudo. As concluses, aps a investigao, so projetadas para o universo que compe a po-pulao objeto da pesquisa. So estudos em que o enfoque quantitativo fundamental e nos quais os dados so agrupados em tabelas para permitir a quantificao de variveis e a definio probabilstica de erro nos resultados alcanados. Esses tipos de estudos podem ser utilizados, principalmente, em pesquisa de carter descritivo, mas permitem orientar anlises de cunho explicativo, em alguns casos.

    Estudo de campo uma modalidade de estudo que permite maior profundidade do que o levantamento, do qual se distingue porque:

    a) busca o aprofundamento das questes propostas, enquanto o levantamento preo-cupa-se com a extenso da ocorrncia das mesmas. O planejamento do estudo de campo mais flexvel, podendo ter seus objetivos reformulados no desenvolvimento da pesquisa;

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    b) estuda um nico grupo ou comunidade, buscando captar a interao entre seus componentes, enquanto o levantamento procura identificar as caractersticas dos componentes do universo, para traar um perfil identificador. O estudo de campo, ao contrrio, busca as dessemelhanas e as diferenas identitrias dos componentes.

    c) O pesquisador realiza a maior parte do trabalho, pessoalmente, buscando ter expe-rincias diretas com o objeto de estudo, durante o maior tempo possvel, ao contr-rio do levantamento, que no implica em contato direto com o objeto. O pesquisador deve buscar, tambm, a imerso na realidade pesquisada, ao contrrio do levanta-mento, que no permite isso.

    d) os dados so tratados com nfase nas anlises qualitativas, sendo possveis as in-ferncias do pesquisador, ao contrrio do levantamento, cuja nfase fica nas anli-ses quantitativas.

    e) oferece a vantagem do contato direto no prprio local onde ocorrem os fenmenos, fornecendo maior confiabilidade aos resultados, do que no levantamento que no implica esse contato com a realidade;

    f) busca utilizar tcnicas de observao e no de interrogao, como ocorre nos levan-tamentos.

    O estudo de campo, nascido na Antropologia, , tambm, muito utilizado nos estudos sociolgicos, no campo educacional, da sade pblica, da administrao, da poltica e da economia. Uma possvel desvantagem do estudo de campo pode ser identificada na sua durao longa. Alm disso, por ser feito, via de regra, por um nico pesquisador, h o risco de subjetivismos na anlise e nos resultados da pesquisa. O estudo de campo pode ser utilizado tanto nas pesquisas descritivas, quanto nas pesquisas explicativas.

    Estudo de caso uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas cincias soci-ais e nas cincias biomdicas e consiste no estudo profundo e exaustivo de um objeto ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossvel mediante outros delineamentos j considerados (Gil, op. cit., p. 54). As desvantagens do estudo de caso esto vinculadas s impossibilidades de gene-ralizaes das anlises para a realidade mais ampla.

    Pesquisa-ao pode ser definida como: ...um tipo de pesquisa com base emprica que concebida e realizada em estreita associ-ao com uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo e no qual os pesquisado-res e participantes representativos da situao ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (Thiollent, 1985, p.14)

    Embora de carter militante e com implicaes poltico-ideolgicas, a pesquisa-ao forneceu elementos importantes para a compreenso sociolgica e poltica de grupos e comunidades, em muitos casos, guetizadas socialmente. Alm disso, suas prticas for-

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    neceram novos elementos para o desenvolvimento de pesquisas de campo na rea das cincias sociais.

    Pesquisa participante uma modalidade semelhante pesquisa-ao, da qual se dife-rencia, apenas, por seu carter de engajamento poltico. Muitos autores no fazem dife-renciao entre as duas modalidades, embora possam ser distinguidas na forma de a-o dos pesquisadores. Na pesquisa-ao, h uma preocupao com uma forma de a-o planejada para permitir o avano dos grupos envolvidos na soluo de seus proble-mas imediatos, enquanto na pesquisa participante h a centralidade na questo da valo-rizao do conhecimento popular contraposto ao conhecimento dominante e a preocu-pao com a formao poltica vinculada a ideais marxistas de carter revolucionrio. Volta-se, principalmente, para grupos desfavorecidos socialmente, como operrios, camponeses, ndios, moradores de rua, etc.

    Consideraes Finais

    Classificar uma pesquisa em uma ou mais modalidades importante para que os pesquisa-dores, especialmente os iniciantes, tenham clareza quanto aos caminhos que devem seguir, tanto no delineamento, quanto nos procedimentos de seu estudo cientfico. Entre os inician-tes, estaro os alunos de graduao, no momento de elaborar o projeto de pesquisa de sua monografia, por exemplo. Os professores responsveis pela orientao devem nortear seus caminhos, para que suas escolhas sejam as mais adequadas para a elaborao da pesqui-sa e do respectivo relatrio.

    As classificaes dos estudos em modalidades, entretanto, no deve ser rgida, pois, como ficou evidente no texto, possvel que caractersticas de um tipo estejam presentes em ou-tro. O mais importante no planejamento de uma pesquisa que os procedimentos sejam adequados para atingir seus objetivos. Por isso, em muitos casos, a flexibilidade deve ser princpio orientador das aes e o delineamento do estudo deve prever a possibilidade de reviso dos mesmos.

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    Referncias Bibliogrficas

    COUTINHO, Maria Tereza da Cunha & CUNHA, Suzana E. da. Os caminhos da pesquisa em Cincias Huma-

    nas. Belo Horizonte: Editora PUCMINAS, 2004.

    GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. So Paulo: Editora Atlas, 2002.

    JOLIOT, PIERRE. Une rflexion ncessaire. In: DUCLERT, V. & CHATRIOT, A. (org.) Quel avenir pour la recher-

    ch? Paris: Flammarion, 2003.

    THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ao. So Paulo: Cortez, 1985.