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IMPAC TOS DO NOVO CPC NOS JUIZ ADOS ESPECIAIS: PETIO INICIAL E JUZO DE ADMISSIBILIDADE DA DEMANDA
C A P T U L O 1 8
Impactos do novo CPC nos juizados especiais: petio inicial e juzo de admissibilidade da demanda
Arlete Ins Aurelli1 e Izabel Cristina Pinheiro Cardoso Pantaleo2
SUMRIO: 1. INTRODUO; 2. JUIZADOS ESPECIAIS; 3. JUZO DE ADMISSIBILIDADE; 4. PETIO INICIAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS E O CPC/15; 5. DAS ATITUDES DO JUIZ AO RECEBER A INICIAL; 6. O INDEFERIMENTO DA INICIAL E DO JULGAMENTO LIMINAR DE IMPROCEDNCIA; 7. CONCLUSO; 8. BIBLIOGRAFIA
1. INTRODUO
Inicialmente, gostaramos de agradecer o convite feito pelos organiza-dores da presente obra e estimados amigos, Bruno Redondo e Welder Queiroz. Esperamos que este breve ensaio seja til a todos os operadores do Direito, interessados no estudo do impacto do novo Cdigo de Processo Civil (CPC/15), sobre o regramento dos procedimentos nos juizados especiais, notadamente no que diz respeito Petio inicial e ao juzo de admissibilidade das demandas, em tal justia especializada.
A expectativa para a aprovao do novo diploma processual foi muito gran-de, afinal foram mais de cinco anos de discusso, idas e vindas de verses nas casas legislativas e muitas e boas discusses a respeito das inovaes que esta-vam sendo propostas. Finalmente, em 17 de Dezembro de 2014, o Senado Federal aprovou em Plenrio mais de mil artigos do novo sistema que promete mais ce-leridade, simplicidade e coeso dos processos judiciais cveis, sancionada em 16 de Maro de 2015 pela Presidente da Repblica a Lei n 13.105/15.
1. Doutora e Mestre em Direito Processual Civil pela PUC/SP. Professora de Direito Processual Civil nos cursos de graduao e ps-graduao stricto sensu da PUC/SP. Membro do IBDP Instituto Brasileiro de Direito Processual e do CEAPRO Centro de Estudos Avanados de Processo. Advogada em So Paulo.
2. Mestre em Direito Processual Civil pela PUC/SP. Ps-graduada em Direito das Telecomunicaes. Professora de cursos de especializao da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Membro da Associao Brasileira de Direito da Tecnologia da Informao e das Comunicaes (ABDTIC). Advogada em So Paulo.
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Nossa tarefa, no presente texto, ser investigar os impactos do CPC/15 espe-cificamente no que se refere ao juzo de admissibilidade das demandas perante os juizados especiais bem como quanto petio inicial.
2. JUIZADOS ESPECIAIS
A Constituio Federal prev a criao, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas3 (art. 24, X) e a criao de juizados especiais para a concilia-o, julgamento e execuo de causas cveis de menor complexidade, mediante os procedimentos oral e sumarssimo (art. 98, I). Mais tarde, com a Emenda Cons-titucional 45/04, foi determinado que Lei Federal deveria dispor sobre a criao de juizados especiais no mbito da Justia Federal (art. 98, 1).
Nesse cenrio, foram promulgadas as Leis 9.099/95, 10.259/01 e 12.153/09 que tratam, respectivamente, dos Juizados Especiais Cveis e Criminais, do Jui-zados Especiais Federais e Juizados Especiais da Fazenda Pblica. Cassio Scar-pinella Bueno chama o conjunto dessas Leis de Microssistema dos Juizados Especiais Cveis, alertando que correto e desejvel que os trs diplomas legis-lativos destacados merecem ser lidos e interpretados como formadores de um s sistema4.
Est estampado na Lei 9.099/95 que o processo orientar-se- pelos critrios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possvel, a conciliao ou a transao (art. 2). Podemos dizer, ento, que tais critrios podem ser tidos como princpios desse Microssis-tema dos Juizados Especiais, identificando, aqui, um ponto comum com o CPC/15, o qual tambm prima por alguns desses objetivos.
Analisando a exposio de Motivos do NCPC, ainda na fase de anteprojeto, podemos destacar cinco principais objetivos, quais sejam5:
a) Harmonizao da lei ordinria em relao Constituio da Repblica, razo pela qual foram inseridos princpios constitucionais na redao do novo C-digo, com tratamento processual (arts. 1 a 11);
3. No nosso sentir, embora a Constituio Federal tenha trazido exista uma diferenciao entre juizado especial e juizado de pequenas causas, este ltimo regido pela revogada Lei 7.244/84, atualmente temos apenas os Juizados Especiais Cveis, com competncia para as causas cveis de pequeno valor e pequena complexidade, conforme nos ensina Alexandre Freitas Cmara em Juizados especiais cveis estaduais, fede-rais e da fazenda pblica: uma abordagem crtica. 6 ed. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2010. p. 24-25.
4. Curso sistematizado de processo civil: procedimentos especiais do Cdigo de Processo Civil. Juizados especiais, vol. 2, tomo II. 2 ed. rev. e atual. So Paulo: Saraiva, 2013. p. 224-225.
5. Os objetivos foram destacados na obra de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero. O Projeto do CPC. Crticas e propostas. So Paulo: RT, 2010. p. 208 e segs.
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b) Pretendeu-se converter o processo em instrumento includo no contexto so-cial em que produzir efeito o seu resultado. Deu-se nfase possibilidade de as partes porem fim ao conflito pela via da mediao ou da conciliao;
c) Com a finalidade de simplificao, criou-se, por exemplo, a possibilidade de pedido do ru independente de reconveno e a extino de alguns inciden-tes processuais (impugnao ao valor da causa, impugnao ao benefcio da justia gratuita, exceo de incompetncia relativa, dentre outras);
d) O novo sistema permite que cada processo tenha maior rendimento possvel;
e) A Comisso trabalhou sempre tendo como pano de fundo um objetivo gen-rico, que foi de imprimir organicidade s regras do processo civil brasileiro, dando maior coeso ao sistema.
Assim, podemos dizer que a palavra-chave do CPC/15 celeridade6. E, nessa seara, vemos que h objetivos coincidentes entre o novo regramento processual e aquele imposto para o microssistema dos juizados especiais.
Como j dissemos, no presente artigo, cumpre-nos falar, especificamente, sobre o impacto do CPC/15 no que diz respeito petio inicial e o juzo de ad-missibilidade da demanda nos Juizados Especiais.
No temos dvidas de que o novel diploma processual incide subsidiaria-mente sobre o microssistema dos Juizados Especiais, embora pelas regras de hermenutica as regras gerais no prevalecem sobre as especiais, certo que, quando estas forem omissas a regra geral se aplica subsidiariamente. Assim, quando houver lacuna no microssistema dos Juizados Especiais dever ser apli-cado o regramento do CPC/15.
Ressalte-se que, por disposio expressa, nos juizados especiais da Justia Federal (art. 1 da Lei 10.259/20017) no caso de lacuna, primeiro ser aplicada a Lei n 9.099/95 e somente aps, subsidiariamente, ser aplicado o CPC/15. Tal aplicao subsidiria decorre do art. 4 da Lei de Introduo s normas do Direito Brasileiro, o qual determina que os juzes devem utilizar os princpios gerais de direito, os costumes e a analogia, na busca do bem comum, bem como do art. 140
6. Mas no celeridade no sentido de obteno de processo rpido a qualquer custo, mas sim no sentido de que se conseguir que o processo termine dentro de um tempo que seja considerado razovel. Alguns diro que razovel durao do processo um conceito vago. No entanto, entendemos que no. Durao razovel do processo, nos termos impostos pelo inciso LXXVIII do art. 5 da Constituio Federal, significa que o processo deve durar exatamente o tempo necessrio para que se consiga dar a efetividade que lhe necessria, mas isto, sem deixar de lado o modelo constitucional do processo, imposto pela mesma Carta Magna.
7. Art. 1 So institudos os Juizados Especiais Cveis e Criminais da Justia Federal, aos quais se aplica, no que no conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
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do CPC/15, o qual prescreve que que o juiz no se exime de decidir sob a alega-o de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurdico. Assim, havendo lacuna na lei especial, o juiz dever preench-la com dispositivos das normas gerais, com o que no lhe seja incompatvel. Alm disso, a prpria lei especfica poder determinar expressamente a aplicao da lei geral em dada hiptese. Mas, por outro lado, certo que de forma alguma o CPC/15 poder revogar dispositivos insertos na Lei dos Juizados Especiais.
Passemos, portanto, a anlise das lacunas existentes e tambm incompatibi-lidades no que tange tarefa que nos propusemos.
3. JUZO DE ADMISSIBILIDADE
Dispe o artigo 16 da Lei 9.099/95 que registrado o pedido, independente-mente de distribuio e autuao, a Secretaria do Juizado designar a sesso de conciliao, a realizar-se no prazo de quinze dias e no artigo 3 da Lei 9.099/95 en-contramos norma que interfere com a admissibilidade das demandas perante os Juizados Especiais Cveis. De fato, referido dispositivo estabelece a competncia dos mesmos para conciliao, processo e julgamento das causas cveis de menor complexidade, assim consideradas:
I as causas cujo valor no exceda a quarenta vezes o salrio mnimo;
II as enumeradas no art. 275, inciso II, do Cdigo de Processo Civil;
III a ao de despejo para uso prprio;
IV as aes possessrias sobre bens imveis de valor no excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
evidente que o CPC/15 jamais poderia revogar o estabelecimento dessa competncia, que absoluta, mas h um impacto sobre esse dispositivo, no que tange ao as aes que eram processadas pelo rito sumrio, pelo regime do CPC revogado.
De fato, o CPC/15 suprimiu o procedimento sumrio, estabelecendo e man-tendo um procedimento padro que ser observado para as diversas formas de tutela, com exceo daquelas previstas sob o regramento dos procedimentos especiais expressamente previstos. Mesmo esses devem observar, de forma sub-sidiria, o procedimento comum.
Pois bem, se o procedimento sumrio deixou de existir, a questo que surge saber como ficaria a competncia absoluta estabelecida pelo inciso II do artigo 3 da Lei 9.099/95. J dissemos que o CPC/15 no poderia revogar dispositivos da Lei 9099/95. Ento, como compatibilizar tais normas? O artigo 1063 do novo
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diploma processual resolve a questo ao estabelecer que at a edio de lei especfica, os Juizados Especiais Cveis previstos na Lei 9.099/95 continuam com-petentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, II do CPC revogado.
Assim, a sada encontrada pelo legislador foi a de que prever que dever ser editada lei especfica para revogar o inciso do art. 3 da Lei 9.099/95. Enquanto isso no ocorre, os Juizados Especiais continuam a manter competncia sobre as demandas de menor complexidade previstas no inciso II do art. 275 do CPC revogado, quais sejam, causas de qualquer valor que envolvam arrendamento rural e parceria agrcola; cobrana pleiteada pelo condomnio contra o cond-mino; ressarcimento de danos em prdio urbano ou rstico; ressarcimento de danos causados em acidente de veculo de via terrestre; cobrana de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veculo, ressalvados os casos de processo de execuo; de cobrana de honorrios dos profissionais liberais; revogao de doao, alm de outras aes, cujo procedimento sumrio esteja previsto em leis esparsas.
Por outro lado, a competncia dos Juizados Especiais Cveis Federais com-preende todas as causas constantes do rol taxativo do art. 109, I a XI, da CF, que sejam de natureza civil.
Alm disso, tantos nos Juizados Especiais Cveis Federais como da Fazenda Pblica a causa deve ter valor de at 60 (sessenta) salrios mnimos. Ressalte-se que quando o pedido envolver parcelas vincendas, o somatrio das mesmas no pode exceder a esse limite.
Nos Juizados Especiais da Fazenda Pblica e Federais, temos ainda os seguin-tes limites quanto ao cabimento:
Causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Municpio ou pessoa domiciliada ou residente no Pas (art. 109, II, CF);
Causas fundadas em tratado ou contrato da Unio com Estado estrangeiro ou organismo internacional (art. 109, III, CF);
Disputas sobre direitos indgenas (art. 109, XI, CF);
Causas relativas a improbidade administrativa;
Demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais ho-mogneos;
Causas sobre bens imveis da Unio, autarquias e fundaes pblicas fede-rais;
Causas versando sobre anulao ou cancelamento de ato administrativo fe-deral, salvo o de natureza previdenciria e o de lanamento fiscal;
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Causas que tenham como objeto a impugnao da pena de demisso impos-ta a servidores pblicos civis ou de sanes disciplinares aplicadas a milita-res.
Foram tambm excludas da competncia especial as aes de mandado de segurana, de desapropriao, de diviso e demarcao, aes populares e execues fiscais e ainda a ao civil pblica, cuja vedao j estava implcita na delimitao ratione materiae.
Alm disso, o Enunciado n 9 da FONAJEF aduz que Alm das excees cons-tantes do 1 do artigo 3 da Lei n 10.259, no se incluem na competncia dos Juizados Especiais Federais, os procedimentos especiais previstos no Cdigo de Processo Civil, salvo quando possvel a adequao ao rito da Lei n 10.259/2001.
Quanto competncia territorial, entendemos que os juizados permanecem com a maleabilidade substancial, permitindo-se ao autor apresentar a causa ao Juizado Especial mais prximo do foro competente. De fato, o art. 4 da Lei 9.099/95 determina que o autor poder escolher entre: foro do domicilio do ru; do lugar onde a obrigao deva ser satisfeita; domicilio do autor ou do local do ato ou fato, nos casos de aes de reparao de danos. Diante deste artigo fica bastante difcil definir quando haver a incompetncia territorial. J o art. 109, 3 da CF impede que os juzos estaduais venham a exercer, de forma delegada, as competncias previstas para os Juizados Especiais Federais.
A Lei 10.259/01 estabelece como absolutas as competncias dos Juizados Es-peciais Federias Cveis, nos foros onde estiverem instalados, suprimindo a op-cionalidade da via ordinria. Assim, vrios problemas de ordem prtica podem surgir, como nas hipteses em que o autor seja declarado falido, sendo microem-presa ou empresa de pequeno porte. Ou ainda se o autor for preso ou declarado insolvente civil. Em todos esses casos, entendemos que em razo da aplicao subsidiria do art. 8 da Lei 9.099/95, deva o procedimento ordinrio ser aceito como alternativa ao procedimento especial dos Juizados Especiais.
Os arts. 4 da Lei 10.259/2001 e 3 da Lei 12.153/2009 preveem medidas cau-telares, de ofcio ou a requerimento das partes no curso do processo. Assim, no h dvidas sobre o cabimento das medidas de urgncia provisrias no m-bito dos juizados. A dvida que surge seria se haveria uma vedao implcita s medidas cautelares preparatrias, amplamente aceitas nos Juizados Especiais estaduais. Entendemos que no deve haver nenhuma diferenciao em relao s medidas provisrias de urgncia a serem pleiteadas no mbito dos juizados, seja de natureza antecipada ou cautelar.
Por outro lado, vale ressaltar que pelo CPC/15 tanto a incompetncia abso-luta como a relativa devem ser alegadas em preliminar de contestao (art. 64
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CPC/158 c/c art. 30 da Lei 9.099/959). Entendemos que a nova normatizao poderia ser aplicada aos Juizados Especiais, uma vez que o objetivo do CPC/15 foi simplifi-car o procedimento, que o mesmo norte conferido aos Juizados Especiais, pelo que no h incompatibilidade.
Tambm entendemos que se aplica aos Juizados Especiais, por falta de nor-ma expressa e ausncia de incompatibilidade, o art. 63, 3 e 4 do CPC/1510, podendo o juiz, antes da citao do ru, de ofcio, declarar ineficaz a clusula de eleio de foro. O ru tambm dever alegar, na contestao, a abusividade da clusula de eleio de foro, sob pena de precluso.
No entanto, preciso ressaltar que, no mbito dos Juizados no ser acatada a norma do CPC/15 que determina que no caso de ser declarada a incompetncia o processo seria remetido ao juzo/foro competente (art. 64, 2), uma vez que, por fora do Enunciado n 24 do FONAJEF, nesse caso deveria ser decretada a extino do processo, sem julgamento de mrito, nos termos do art. 1 da Lei n 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei n 9.099/95, no havendo nisso afronta ao art. 12, 2, da Lei 11.419/06.
Quanto aos demais pressupostos processuais, o novel diploma no trouxe alteraes substanciais.
O CPC/15 suprimiu a possibilidade jurdica do pedido como condio da ao, a qual passar a ser analisada com o mrito. De fato, o art. 337, XI do CPC/15 menciona apenas legitimidade e interesse processual como condio da ao. evidente que a supresso tambm incide nos Juizados Especiais, em que a impos-sibilidade jurdica do pedido causar improcedncia do pedido.
8. Art. 64. A incompetncia, absoluta ou relativa, ser alegada como questo preliminar de contestao. 1 A incompetncia absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdio e deve ser de-
clarada de ofcio. 2 Aps manifestao da parte contrria, o juiz decidir imediatamente a alegao de incompetncia; se
acolhida, sero os autos remetidos ao juzo competente. 3 Caso a alegao de incompetncia seja acolhida, os autos sero remetidos ao juzo competente. 4 Salvo deciso judicial em sentido contrrio, conservar-se-o os efeitos de deciso proferida pelo juzo
incompetente at que outra seja proferida, se for o caso, pelo juzo competente.
9. Art. 30. A contestao, que ser oral ou escrita, conter toda matria de defesa, exceto arguio de sus-peio ou impedimento do Juiz, que se processar na forma da legislao em vigor.
10. Art. 63. As partes podem modificar a competncia em razo do valor e do territrio, elegendo foro onde ser proposta ao oriunda de direitos e obrigaes.
1 A eleio de foro s produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negcio jurdico.
2 O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 3 Antes da citao, a clusula de eleio de foro pode ser reputada ineficaz de ofcio pelo juiz se abu-
siva, hiptese em que determinar a remessa dos autos ao juzo do foro de domiclio do ru. 4 Citado, incumbe ao ru alegar a abusividade da clusula de eleio de foro na contestao, sob pena
de precluso.
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Quanto a legitimidade, a Lei 9.009/95, estabelece que somente podem figurar como autores as pessoas fsicas capazes11 nos Juizados Especiais Cveis, excludos os cessionrios de direito de pessoas jurdicas. No podem ser partes nas de-mandas do Juizado Especial o incapaz, o preso, tendo em vista que se entende que a submisso ao regime prisional, com a necessidade de requisio, seria incompatvel com a celeridade imposta ao processamento das causas perante os Juizados. Alm disso, tambm no podem requerer perante os Juizados, as pes-soas jurdicas de direito pblico, as empresas pblicas da Unio, a massa falida e o insolvente civil, por constiturem juzos universais. importante esclarecer que nem todos os juzos universais esto excludos dos Juizados. O inventrio, por exemplo, um juzo universal, mas que os herdeiros e os sucessores tm amplo acesso aos Juizados.
Ainda quanto legitimidade, tanto a Lei 10.259/01 como a Lei 12.153/09 trazem dispositivo expresso sobre a legitimidade, tanto ativa como passiva. Assim, podem figurar no polo ativo as pessoas fsicas, as microempresas e empresas de pequeno porte, sendo que o Enunciado n 11 da FONAJEF determina que essas duas ltimas devero comprovar essa condio mediante documentao hbil. No polo passivo, a Unio, autarquias, fundaes e empresas pblicas federais. As pessoas jurdicas de direito pblico sero representadas em juzo por suas advocacias ou procura-dorias, enquanto que os autores o sero por advogados e defensores pblicos. Vale ressaltar que esses entes no podero sequer formular pedido contraposto, em contestao, conforme prev o Enunciado n 12 da FONAJEF.
No Juizado Especial Federal Cvel somente podem figurar como partes auto-ras as pessoas fsicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, isto , aquelas que tenham receita bruta anual de R$ 720.000,00 (Lei 10.259/01, art. 6, I; Lei 9.317/96, art. 2). Por outro lado, somente podem figurar no polo passivo a Unio, autarquias, fundaes e empresas pblicas federais. As sociedades de economia mista so demandadas perante a justia comum, pois esto exclu-das do mbito de competncia da Justia Federal. No se permite, ainda que a Unio ocupe o polo ativo da demanda e o particular o passivo, salvo nos casos de pedido contraposto, o que no representa uma inverso propriamente dita. Alm disso, esto excludas, quer na qualidade de autores, quer na de rs, o condomnio, o esplio, as associaes ou sociedades beneficentes, assistenciais ou sociedades civis sem fins lucrativos.
Entendemos, ainda, que a restrio expressa imposta pela Lei 9.099/95, quan-to aos incapazes e presos serem partes nos processos dos Juizados aplica-se s Leis 10.259/2001 e 12.253/2009, que no contm previso expressa quanto a isso.
11. O enunciado n 10 da FONAJEF determina que O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador especial, se ele no tiver representante constitudo.
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Feitas essas consideraes sobre o juzo de admissibilidade, cumpre-nos fa-lar agora, especificamente, sobre os requisitos da petio inicial.
4. PETIO INICIAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS E O CPC/15
certo a petio inicial a ser apresentada nos Juizados Especiais Cveis, seja Estadual, Federal ou da Fazenda Pblica, poder ser realizada oralmente, sendo o pedido reduzido a termo. No entanto, apesar da informalidade, a dita petio inicial dever seguir os requisitos do art. 319 do CPC/15. Inclusive, a prpria lei determina que da petio inicial, ainda que oral, dever constar, a qualificao das partes, causa de pedir e pedido e valor da causa. (Art. 14 Lei 9099/95 apli-cvel subsidiariamente aos juizados federais e da fazenda pblica).
O art. 319 do CPC/15 traz como novidade no que tange aos requisitos da pe-tio inicial, apenas que ser preciso declarar se a parte, autor ou ru, vive em unio estvel, a indicao do nmero do CPF e o endereo eletrnico do autor e do ru, alm das demais qualificaes j previstas no CPC revogado. Pensamos que tal alterao se aplica aos Juizados Especiais. E mais, entendemos que como previsto no 1 do mesmo dispositivo, o autor, no mbito dos Juizados Especiais, tambm poder requerer ao juiz diligncias necessrias obteno das informa-es necessrias qualificao do ru.
Conforme 2 do citado dispositivo, caso falte algum dado referente qua-lificao, mas seja possvel a citao do ru, a inicial no poder ser indeferida. Por outro lado, conforme 3 a petio inicial tambm no poder ser indeferida se a obteno dos dados da qualificao, ainda que no possibilitem a citao do ru, tornem impossvel ou excessivamente oneroso o acesso justia. Nessas hipteses, verifica-se a clara manifestao de uma das linhas mestras do CPC/15 que proporcionar a efetividade da tutela, privilegiando a possibilidade de con-cesso do direito material em detrimento do processo, que colocado no seu lugar de instrumento.
Quanto ao pedido, o regramento no CPC/15, previsto nos arts. 322 a 329, continua praticamente o mesmo do CPC revogado, no havendo alteraes subs-tanciais. O pedido deve ser certo e determinado, sendo que as previses para tanto esto em dispositivos diferentes, quais sejam arts. 322 e 324, corrigindo assim equvoco de redao do art. 286 do CPC revogado, que dizia que o pedido era certo ou determinado.
O pedido deve ser certo. No entanto, o 2 do art. 322 dispe que a inter-pretao do pedido considerar o conjunto da postulao e observar o prin-cpio da boa-f. Esse pargrafo foi inserido em funo da jurisprudncia do STJ que admite interpretao sistemtica do pedido, que j reconheceu existncia
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de sociedade de fato que no foi objeto do pedido formulado expressamente para parte. Nos parece que esse dispositivo conflita com a segurana jurdica bem como com o disposto no art. 10 do NCPC que probe a prolatao de de-cises surpresa. Ora, como poderia o juiz considerar pedido que no foi for-mulado expressamente pela parte, sem que se tenha dado oportunidade de o ru se manifestar a respeito? No entanto, devido a informalidade que rege os juizados especiais, pensamos ser plenamente aplicvel tal dispositivo aos juizados especiais.
Alm disso, o 1 do art. 330 faz apenas uma alterao substancial no que tange ao indeferimento da inicial, prevendo como uma das causas a indetermi-nao do pedido. Com isso, acata-se a orientao jurisprudencial nesse sentido.
Mas a dvida seria se tal previso se aplicaria aos Juizados Especiais. Sobre isso, a lei de regncia contm norma expressa, qual seja o 2 do art. 14 que prev que lcito formular pedido genrico quando no for possvel determinar, desde logo, a extenso da obrigao. Assim, entendemos que a inicial somente ser indeferida, no mbito dos Juizados Especiais, se for possvel determinar a extenso da obrigao.
Entendemos que se aplica aos Juizados Especiais a previso constante do 2 do art. 330 do CPC/15 que determina que nas aes que tenham por objeto a reviso de obrigao decorrente de emprstimo, financiamento ou alienao de bens, o autor ter de, sob pena de inpcia, discriminar na petio inicial, dentre as obrigaes contratuais aquelas que pretende controverter, alm de quantificar o valor incontroverso do dbito. Esse dever continuar a ser pago no tempo e modo contratados (art. 330, 3). Isto porque a lei de regncia omissa nesse aspecto, no havendo nada que venha ferir os escopos do microssistema dos Juizados. O mesmo se d com relao ao art. 332 que traz a previso da impro-cedncia liminar, nos casos que especifica, regra segundo a qual entendemos ter total aplicao na rbita dos Juizados Especiais.
Outra novidade do CPC/15, constante do inciso VII do art. 319, a de que seja informada a opo do autor pela realizao ou no da audincia de conciliao ou de mediao. Entendemos que esse requisito no ter incidncia nos juizados especiais, porquanto a um procedimento especfico expressamente previsto pela Lei 9.099/95, no art. 18, 1 combinado com 21, que dever ser observado. Assim, pensamos que no h que se falar em opo pela realizao da audincia de conciliao ou mediao, a qual ser sempre realizada.
Quanto ao valor da causa, entendemos ser plenamente aplicvel aos juizados especiais, o critrio previsto no art. 292 do CPC/15. A regra bsica a de que o valor da causa deve corresponder ao proveito econmico perseguido pelo autor. importante asseverar, no entanto, que no mbito dos juizados especiais
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cveis federais e da fazenda pblica vigora o entendimento de que quando hou-ver parcelas vencidas e vincendas, o valor da causa ser o somatrio12.
E para tanto, no se admite que se renuncie a parcelas para possibilitar seja processado o feito perante os Juizados13.
Por outro lado, o 3 do art. 292 prev que o juiz corrigir, de ofcio e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que no corresponde ao conte-do patrimonial em discusso ou ao proveito econmico perseguido pelo autor. No h nada que impea a aplicao de tal dispositivo no mbito dos juizados especiais.
O CPC/15, nos arts. 133 e segs., prev a possibilidade de se requerer na ini-cial, a instaurao de incidente de desconsiderao da personalidade jurdica, o qual se aplica aos juizados especiais, por fora do art. 1062 do mesmo diploma, o qual determina expressamente que cabe o dito incidente no mbito dos juizados especiais.
5. DAS ATITUDES DO JUIZ AO RECEBER A INICIAL
Conforme o CPC/15, o juiz, ao receber a petio inicial, far uma primeira anlise da regularidade da mesma e poder tomar uma das seguintes atitudes:
a) determinar a citao do ru, quando verificar que a inicial pre-enche os requisitos formais necessrios. (art. 334);
12. Nesse sentido, o seguinte julgado: A competncia dos juizados especiais federais definida no art. 3, caput, da Lei n 10.259/2001, limitada s demandas cujo valor da ao no ultrapasse 60 (sessenta) salrios mnimos. Segundo o 2 do artigo 3 da Lei referida, em se tratando de demanda versando o pagamento de prestaes vincendas, o valor de doze prestaes no poder superar o limite de alada fixado no caput.
Nos casos em que o pedido versar o pagamento de prestaes vencidas e vincendas, o Superior Tribu-nal de Justia firmou a orientao no sentido de que o valor da causa dever ser computado mediante a aplicao conjunta do art. 260 do Cdigo de Processo Civil e do mencionado art. 3, par. 2 da Lei n 10.259/2001, de forma que a determinao do valor da causa, para fins de definio da competncia, dever considerar a soma das prestaes vencidas mais doze parcelas vincendas. Veja-se:
"CONFLITO DE COMPETNCIA. TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E JUZO FEDERAL. PREVIDENCIRIO. AO DE REVISO DE BENEFCIO. Lei n 10259/01. PRESTAES VENCIDAS E VINCENDAS SOMATRIO. VALOR DE ALADA.
Do exame conjugado da Lei n 10259/01 com o art. 260 do CPC, havendo parcelas vincendas, tal valor deve ser somado s vencidas para os fins da respectiva alada. Conflito conhecido declarando-se a competn-cia da Justia Federal. (CC 46732/MS, Rel. Ministro Jos Arnaldo da Fonseca, Terceira Seo, julgado em 23/02/2005, DJ 14/03/2005, p. 191)
13. Nesse sentido, os seguintes enunciados da FONAJEF: Enunciado n 16 No h renncia tcita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixao de competncia. Enunciado n 17 No cabe renncia sobre parce-las vincendas para fins de fixao de competncia nos Juizados Especiais Federais. Enunciado n 18 No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixao de competncia deve ser calculado por autor.
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b) determinar a emenda da inicial (art. 321);
c) decretar, de plano, da improcedncia do pedido (art. 332);
d) indeferir a inicial (art. 330).
Tais atitudes por parte do juiz so plenamente cabveis no mbito dos jui-zados. Quanto a emenda da inicial, prevista no art. 321, o prazo passou a ser de quinze dias. A deciso que determina a emenda deve ser fundamentada sob pena de nulidade, devendo ser indicado com preciso o vcio a ser sanado.14
Os casos de improcedncia liminar, previstos no art. 332 CPC so plenamente aplicveis no mbito dos juizados especiais. So eles:
I deciso que contrariar enunciado de smula do STF ou do STJ;
II deciso que contrariar acrdo proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
III deciso que contrariar entendimento firmado em incidente de resoluo de demandas repetitivas ou de assuno de competncia;
IV deciso que contrariar enunciado de smula de tribunal de justia sobre direito local.
Alm disso, o 1 do mesmo dispositivo prev a possibilidade de o juiz tambm poder julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrncia de decadncia ou de prescrio.
6. O INDEFERIMENTO DA INICIAL E DO JULGAMENTO LIMINAR DE IMPRO-CEDNCIA
O art. 330 do CPC/15 prev as hipteses de indeferimento da petio inicial, as quais continuam praticamente as mesmas do diploma revogado. So elas:
I Inpcia da petio inicial
II Parte manifestamente ilegtima
III Quando o autor carecer de interesse processual
IV No forem atendidas as prescries dos arts. 106 e 32115.
14. Nesse sentido, o entendimento expresso pelo STJ: deve o magistrado, com os olhos nos modernos princ-pios da instrumentalidade das formas e da economia e celeridade processuais, especificar a falha contida na pea, sob pena de, por rigorismo processual, entravar o prosseguimento do feito e impedir a clere composio do litgio. (REPRO 110/412)
15. Art. 106. Quando postular em causa prpria, incumbe ao advogado: I declarar, na petio inicial ou na contestao, o endereo, seu nmero de inscrio na Ordem dos
Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimaes;
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IMPAC TOS DO NOVO CPC NOS JUIZ ADOS ESPECIAIS: PETIO INICIAL E JUZO DE ADMISSIBILIDADE DA DEMANDA
Como se v, foram feitas alteraes substanciais e necessrias no sentido de suprimir das hipteses de indeferimento, os casos de reconhecimento de prescri-o e decadncia, que passaram a ser casos de improcedncia liminar (art. 332, 1). A modificao adequada porque prescrio e decadncia so hipteses em que h extino do processo com julgamento de mrito, no podendo causar indeferimento da inicial, que causa a extino do processo sem que o mrito seja examinado.
Por outro lado, suprimiu-se a hiptese de indeferimento da inicial por inade-quao do procedimento.
A inpcia da inicial vem prevista no pargrafo 1 do art. 330. Da mesma for-ma, as hipteses so praticamente as mesmas. Apenas suprimiu-se a inpcia por impossibilidade jurdica do pedido, eis que o caso ser tratado como de impro-cedncia do pedido. que a impossibilidade jurdica do pedido, como dissemos, deixa de ser condio da ao.
Alm disso, foi acrescentado mais um caso de inpcia, qual seja a hiptese de indeterminao do pedido, no sendo caso de pedido genrico. Trata-se de adequada opo do legislador, eis que os casos de inpcia da inicial so todos relativos ou a vcios do pedido ou da causa de pedir, no havendo razo para se deixar de fora, os casos de pedidos indeterminados. O 2 do art. 330 faz meno expressa inpcia da inicial nos casos de aes que tenham por objeto a reviso de obrigao decorrente de emprstimo, financiamento ou alienao de bens, caso o autor no discrimine as obrigaes contratuais objeto da controvrsia e/ou no quantifique o valor incontroverso do dbito.
Entendemos que essas alteraes referentes ao indeferimento da inicial, ca-bem perfeitamente no mbito dos Juizados Especiais.
Quanto improcedncia liminar, o CPC/15, demonstra o art. 33216 clara pre-ocupao com a uniformidade de interpretao das normas, das decises e
II comunicar ao juzo qualquer mudana de endereo. 1 Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenar que se supra a omisso, no prazo de cinco dias, antes de determinar a citao do ru, sob pena de indeferimento da petio.
2 Se o advogado infringir o previsto no inciso II, sero consideradas vlidas as intimaes enviadas por carta registrada ou meio eletrnico ao endereo constante dos autos.
Art. 321. Verificando o juiz que a petio inicial no preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mrito, determinar que o autor, no prazo de quinze dias, a emende ou a complete, indicando com preciso o que deve ser corrigido ou completado.
Pargrafo nico. Se o autor no cumprir a diligncia, o juiz indeferir a petio inicial.
16. Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutria, o juiz independentemente da citao do ru, jul-gar liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
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isonomia entre os jurisdicionados. Essa preocupao j se notava na legislao dos Juizados Especiais, como se verifica do art. 14 da Lei 10.259/01, que rege os Juizados Especiais Federais, que prev expressamente o pedido de uniformiza-o de interpretao, bem como na Lei 12.153/09 (arts. 18 a 19).
Assim, entendemos perfeitamente cabvel a referida norma em sede de Juiza-do Especial. O CPC/15 pode ser aplicado subsidiariamente aos juizados especiais sempre que as normas de regncia sejam omissas, o que ocorre na hiptese ver-tente. Alm disso, no vemos nenhuma incompatibilidade, pelo contrrio, a im-procedncia liminar tcnica de acelerao do processo, o que converge com os objetivos dos Juizados Especiais, que tem por princpio a celeridade processual.
Nesse sentido, o Enunciado n 1 da FONAJEF j determinou que O julgamento de mrito de plano ou prima facie no viola o princpio do contraditrio e deve ser empregado na hiptese de decises reiteradas de improcedncia pelo juzo sobre determinada matria.
Ressaltamos que mesmo no mbito dos Juizados Especiais Cveis Estaduais em que a lei omissa, no h nenhuma incompatibilidade na incidncia do dis-positivo em comento, notadamente no que tange ao incidente de resoluo de demanda repetitivas.
7. CONCLUSO
Buscamos, com o presente ensaio, estudar e comparar os impactos do CPC/15 especificamente no juzo de admissibilidade das demandas perante os Juizados Especiais bem como quanto petio inicial, buscando demonstrar quais regras do novo ordenamento devem, ou no, ser aplicadas ao microssistema dos Juiza-dos Especiais Cveis.
Pelo que vimos, algumas regras so absolutamente compatveis com o novo diploma processual civil, tanto no que diz respeito ao juzo de admissibilidade quanto petio inicial nos Juizados Especiais, de modo a tornar o ordenamento jurdico mais coeso, tendo em vista que tanto um (CPC/15) quanto outro (Juizados Especiais) tem como principal caracterstica a celeridade processual.
I - Enunciado de smula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justia; II - Acrdo proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justia em julgamento de
recursos repetitivos; III - Entendimento firmado em incidente de resoluo de demandas repetitivas ou de assuno de com-
petncia; IV - Enunciado de Smula de tribunal de justia sobre direito local. 1 o juiz tambm poder julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar desde logo, a ocorrn-
cia de decadncia e prescrio.
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Portanto, entendemos que so extremamente positivos os impactos do CPC/15 nos Juizados Especiais Cveis, nos aspectos ora estudados.
8. BIBLIOGRAFIA
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de processo civil: procedimentos es-peciais do Cdigo de Processo Civil. Juizados especiais, vol. 2, tomo II. 2 ed. rev. e atual. So Paulo: Saraiva, 2013.
CMARA, Alexandre Freitas. Juizados especiais cveis estaduais, federais e da fazen-da pblica: uma abordagem crtica. 6 ed. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2010.
MARINONI, Luiz Guilherme e MITIDIERO, Daniel. O Projeto do CPC. Crticas e propos-tas. So Paulo: RT, 2010.