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C A P Í T U L O 2

PODERES ADMINISTRATIVOS

Inicialmente, cumpre ressaltar que, ao se tratar de prerrogativas concedidas à Administração Pública, pode-se definir que todo poder corresponde a um dever. A administração não só pode como deve atuar em nome do interesse público, sob pena de omissão ilícita.

Neste sentido, a doutrina costuma estipular que os poderes da Administração sãoPoderes-deveres instrumentais não são poderes em si mesmos; são somente o instrumento pelo qual o Estado busca o interesse público. Só existem enquanto instrumento na busca do interesse público.

Se o exercício destes poderes ultrapassar o limite da instrumentalidade, sendo praticado além dos limites do estritamente necessário à busca do interesse públi-co, ocorrerá abuso de poder.

Abuso de poder se divide em:

excesso de poder: aparece toda vez que o administrador ultrapassa os limi-tes de sua competência. É um vício que atinge a competência. O adminis-trador público extrapola o limite da competência estabelecido na lei.

desvio de poder: ocorre quando o agente atua nos limites da competência legalmente definida, mas visando a uma finalidade diversa daquela que estava prevista inicialmente.

2.1. DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO

A fim de entender acerca dos Poderes da Administração Pública, é indispen-sável definir os conceitos de Poder Discricionário e Poder Vinculado. É a lei quem determina se a atuação administrativa será vinculada ou discricionária.

Poder Vinculado: a lei cria um ato administrativo estabelecendo todos os elementos do ato de forma objetiva. O administrador está limitado a essas regras, porquanto a lei não dá margem de escolha na atuação.

Poder Discricionário: situações nas quais a lei dá margem de opção ao admi-nistrador. Nestes casos, o texto legal confere poder de escolha do agente, dentro dos limites postos em lei, na busca pelo interesse público.

Este poder de escolha é o mérito administrativo nos limites da lei, o admi-nistrador deve definir a melhor situação do caso concreto. Desde que restrito aos limites estipulados legalmente, a atuação será lícita. Dessa forma, o administrador deverá buscar a solução mais oportuna e conveniente ao interesse público.

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Ex.: administrador pode alienar bem imóvel adquirido por meio de decisão judicial através de concorrência ou leilão. Cabe ao administrador, no caso concreto, se valer de um ou outro instrumento.

Em alguns momentos, a lei não é tão clara no que tange à existência de discricio-nariedade, haja vista se valer de conceitos jurídicos vagos (ou indeterminados) a fim de dar margem de escolha ao administrador. Mesmo nesses casos, o administrador deverá efetivar uma escolha, ao definir a melhor forma de atuação em cada caso concreto.

Ex.: administração pode dissolver passeata se houver tumulto. O que é tu-multo? A conceituação deste termo é feita com base no juízo de conveniência e oportunidade do agente público.

A margem de escolha é poder conferido ao administrador, aplicador da lei; é poder administrativo e não jurisdicional. Nesse sentido, o Poder Judiciário não pode substituir a decisão do administrador, não pode fazer análise de oportunidade e conveniência, não pode analisar o mérito de um ato administrativo.

Importante ressaltar que o judiciário apenas pode anali-sar os atos administrativos no que tange aos aspectos da legali-dade. Ainda que o ato administrativo seja discricionário, ele fica sujeito a controle jurisdicional no que diz respeito à sua adequa-ção com a lei – nunca na análise meritória.

Todo ato pode ser analisado no âmbito legal e do interesse público, entretanto, o juiz fica adstrito à análise da legalidade.

Importante observar, ainda, que o juiz pode analisar os limites do mérito administrativo, uma vez que são impostos pela lei. De fato, a análise dos limites do mérito não é mérito, mas sim legalidade. Por exemplo, quando se trata de conceitos jurídicos vagos. Há uma zona de incerteza na qual o administrador decide dentro do interesse público. Ocorre que a interpretação destes conceitos deve ser feita dentro dos limites da razoabilidade.

2.2. PODERES ADMINISTRATIVOS

Poder Normativo: é o poder de editar normas gerais, atos administrativos gerais e abstratos. Não é poder de edição de lei, não é poder legislativo, mas sim poder de editar ato administrativo limitado pela lei.

O poder normativo se apresenta por meio de atos expedidos com o intuito de facilitar o entendimento da lei; seus atos são sempre inferiores à lei, facilitam a execução da lei.

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Cap. 2 39

Há diversos atos normativos, mas trataremos especialmente, neste capítulo, do Regulamento.

REGULAMENTO: “Regulamento” e “Decreto” são referências ao mesmo ato. Re-gulamento é o ato; Decreto é a forma deste ato.

Os regulamentos são atos privativos do chefe do Poder Executivo (presi-dente, governador e prefeito). A doutrina comparada diferencia os regulamen-tos em duas espécies:

A) Regulamentos executivos: aquele editado para a fiel execução da lei, minu-denciando os aspectos legais.

B) Regulamentos autônomos: atuam substituindo a lei. São substitutos da lei e não facilitadores da lei.

A Constituição Federal, em seu art. 84, inciso VI, estabelece a competência do Presidente da República para extinção de cargo público vago e para tratar da organização administrativa, desde que não implique em aumento de despesas e não crie órgãos:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional no 32, de 2001)

A) organização e funcionamento da administração federal, quando não impli-car aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

B) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

A doutrina majoritária vem-se posicionando no sentido de que, com a inser-ção desta norma, existem, no Brasil, regulamentos autônomos constitucionalmente admitidos. São exceções à regra geral de que o chefe do Poder Executivo edita decretos para fiel execução da lei.

Importa ressalvar posicionamento doutrinário contrário que, por sua vez, en-tende serem decretos executivos que regulamentam diretamente texto constitu-cional, não criando direito ou obrigação a ninguém, não inovando o ordenamento. Este entendimento não prevalece em provas objetivas. Mas, sim, o primeiro.

Poder Hierárquico: poder que a Administração tem de se estruturar internamente.

Poder de estruturação INTERNA. Não existe hierarquia externa, entre pessoas jurídicas diferentes. A hierarquia só se manifesta dentro de uma mesma PJ.

Importante! ressaltar, portanto, a ausência de hierarquia entre União, Estados e Municípios, ou entre os entes da adminis-tração direta e os entes da administração indireta.

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OAB (1ª e 2ª fases) Matheus Carvalho40

O poder hierárquico fundamenta a possibilidade de delegação e avocação de competências estampada no artigo 12 da lei 9784/99, senão vejamos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Importante! relembrar sempre a vedação legal para de-legação de competência e, consequentemente, de avocação de competência para edição de atos de caráter normativo – a decisão de recursos administrativos, as matérias de competência exclusi-va do órgão ou autoridade.

Poder Disciplinar: poder de aplicar sanções, penalidades. Entretanto, não é qualquer sanção.

Em verdade, pode-se dizer que se trata de poder de aplicar sanção decorrente de um vínculo especial entre a administração pública e o sujeito que está sendo penalizado.

Ex.: estacionar em local proibido. A multa aplicada neste caso é penalidade, porém, não se trata de manifestação do poder disciplinar. Não há vínculo especial entre a administração e o particular infrator. Esta multa decorre do poder geral da administração.

Tradicionalmente se diz que o poder disciplinar decorre do poder hierárquico.

A doutrina mais moderna acrescenta que também pode decorrer de contratos, sempre, porém, em situação de um vínculo especial.

Logo, o poder disciplinar do Estado é o poder de aplicação de sanções por parte do poder público, sendo que estas sanções decorrem de vinculação es-pecial entre o sancionado e o Estado – notadamente, a relação hierárquica e a relação contratual.

Poder de Polícia: decorre da supremacia geral da administração pública. Ressalte-se, a princípio, que se trata de poder de polícia de caráter admi-nistrativo, uma vez que o poder de polícia judiciária não interessa ao direito administrativo. A polícia judiciária é o poder de repressão a ilícitos penais, estudada pelo direito processual penal.

Conceito de Polícia Administrativa: poder que a administração tem de restringir o exercício de liberdades individuais e de restringir o uso, gozo e disposição da pro-priedade privada, sempre na busca do interesse público à supremacia do interesse público sobre o privado aplicado no caso concreto.

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Cap. 2 41

Em suma, trata-se da restrição do exercício de garantias privadas na busca do interesse coletivo, adequação do exercício da liberdade e da propriedade ao bem comum.

Ex.: Placas com nome de rua no muro da propriedade privada.

Ex.: Gabarito de prédios, estabelecendo que uma construção não pode ultra-passar “x” andares.

Ex.: Autorização para o porte de armas.

Ex.: Semáforo de trânsito.

Esse poder pode ser repressivo ou preventivo e pode-se

manifestar por atos discricionários ou vinculados.

OBS.: Hely Lopes Meirelles: uma das características do poder de polícia é a discricionariedade

De fato, a doutrina tradicional entende que a discricionariedade é a regra do poder de polícia. A maioria das bancas de concursos adota a ideia da discriciona-riedade como característica do poder de polícia.

Logo, não se pode dizer que o poder de polícia é sempre discricionário, porque ele também pode-se manifestar por atos vinculados, como, por exemplo, licenças para construção. Todavia, pode-se dizer, para fins de provas objetivas, que a discri-cionariedade é característica geral do poder de polícia.

No que tange à possibilidade de delegação, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADIn 1717, declarou que os conselhos reguladores de profissão têm natureza de autarquia, uma vez que o exercício do poder de polícia é indele-gável a particulares.

Radar de controle de velocidade: poder de polícia. Discute-se acerca da pos-sibilidade de contratação de uma empresa que colocaria o radar e expediria as multas. A doutrina entende que é possível a delegação destas atividades de mera execução do poder de polícia. São os chamados aspectos materiais do poder de polícia que podem ser delegados aos particulares. Em suma, delega-se apenas a execução, mas não o poder de polícia em si.

2.3 SÚMULAS DE JURISPRUDÊNCIA

2.3.1 Súmulas do Supremo Tribunal Federal

SÚMULA N.419. OS MUNICÍPIOS TÊM COMPETÊNCIA PARA REGULAR O HORÁRIO DO COMÉRCIO LOCAL, DESDE QUE NÃO INFRINJAM LEIS ESTADUAIS OU FEDERAIS VÁLIDAS.

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OAB (1ª e 2ª fases) Matheus Carvalho

SÚMULA N. 645.   É COMPETENTE O MUNICÍPIO PARA FIXAR O HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL.

2.3.2 Jurisprudências 2012/2013

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DECISÃO PROFERIDA PELA JUSTIÇA ESTADUAL. DEMANDA AUTÔNOMA AJUIZADA NA JUSTIÇA FEDERAL VISANDO A REVOGAR DECI-SÃO DE JUIZ DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE HIERARQUIA ENTRE OS RAMOS DO PODER JUDICIÁRIO. 1. Ação possessória na Justiça estadual com liminar deferida e confirmada pelo Tribunal, determinando a desocupação de área. Demanda em que a União não é parte. 2. Ajuizamento, pela Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais, às vésperas da reintegração de posse, de medida cautelar visando a impedir o cumprimento da liminar emanada da Justiça estadual, alegando interesse da União na causa. 3. Decisões conflitantes. Inexistência de hierarquia entre os ramos do Poder Judiciário. Impossibilidade de revogação de decisão da Justiça estadual pelo Judiciário Federal. 4. A parte inconformada com a decisão liminar deve interpor os recursos ade-quados no momento oportuno. A União, se possuir interesse jurídico, deve manifestá-lo nos próprios autos da ação que tramita na Justiça estadual, requerendo sua remessa à Justiça Federal para que esta examine o pedido (Súmula n. 150/STJ). Não cabe ajuizamento de nova demanda na Justiça Federal para obstar o cumprimento da liminar oriunda da Justiça estadual. 5. Conflito admitido com a declaração de competência do Juízo estadual para análise dos pedidos relacionados à reintegração de posse.

(120788 SP 2012/0011161-1, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julga-mento: 22/05/2013, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 04/06/2013)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. PAPILOSCOPISTA POLICIAL 3a CLASSE. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. DECISÃO SUFICIENTEMENTE FUNDA-MENTADA. EXERCÍCIO DO PODER DISCIPLINAR. DISCRICIONARIEDADE INEXISTENTE. CONTROLE JURISDICIONAL AMPLO. PRECEDENTES DO STJ. FRAUDE AO CONCURSO. NÃO-COMPROVAÇÃO. LAUDO ESTATÍSTICO. INSUFICIÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1. Não há que se falar em violação do art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido aborda de forma suficientemente funda-mentada todas as questões necessárias para o deslinde da controvérsia sub examine. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça orienta no sentido de que não há que se falar na presença de discricionariedade no exercício do poder disciplinar pela auto-ridade pública, sobretudo no que tange à imposição de sanção disciplinar. Por esse motivo, possível o controle judicial de tais atos administrativos de forma ampla. 3. No caso em concreto, a autoridade pública, com base exclusivamente em laudo estatístico, mera prova indiciária, determinou a exclusão da parte recorrente do certame. Este ato extrapolou os limites da razoabilidade e da proporcionalidade porquanto o referido meio de prova não é suficiente para a demonstração da autoria e da materialidade de que tenha efetivamente se valido da fraude perpetrada. 4. Prejudicada a análise da divergência jurisprudencial, ante o deficiente cotejo analítico necessário para o provimento do recurso especial interposto com fundamento na alínea c do permissivo constitucional. 5. Recurso especial parcialmente provido.

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Cap. 2 43

(1307532 RJ 2011/0296468-3, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julga-mento: 09/04/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/04/2013)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINARIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE LOCALIZAÇÂO E FUNCIONAMENTO. PODER DE POLÍCIA. LEGITIMIDADE. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de ser legítima a instituição de taxa de localização e funcionamento pelo município, em decorrência de seu poder de polícia. Entendimento reafirmado em sede de repercussão geral, no RE 588.322, da relatoria do ministro Gilmar Mendes. 2. Agravo regimental desprovido.

(392224 SP, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 14/06/2011, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-182 DIVULG 21-09-2011 PUBLIC 22-09-2011 EMENT VOL-02592-01 PP-00095)

2.4 INFORMATIVOS

2.4.1 Informativos do STJ

INFORMATIVO N. 509

DIREITO ADMINISTRATIVO. PODER REGULAMENTAR. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITA-ÇÃO NÃO PREVISTA NA LEI REGULAMENTADA.

É ilegal o art. 2o da Res. n. 207/2006-Aneel que, ao exigir o adimplemento do consumidor para a concessão de descontos especiais na tarifa de fornecimento de energia elétrica relativa ao consumidor que desenvolva atividade de irrigação ou aquicultura (Lei n. 10.438/2002), estabeleceu condição não prevista na lei para o benefício, exorbitando o poder de regulamentar. Precedentes citados: REsp 1.048.317-PR, DJe 30/9/2010, e RMS 26.889-DF, DJe 3/5/2010. AgRg no REsp 1.326.847-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/11/2012.

INFORMATIVO N. 508

DIREITO TRIBUTÁRIO. REGIME TRIBUTÁRIO DO SIMPLES. IMPOSSIBILIDADE DE INCLU-SÃO DA TCFA.

Não é possível a inclusão da TCFA no regime tributário do Simples. A Taxa de Con-trole e Fiscalização Ambiental (TCFA), instituída pela Lei n. 6.938/1981 e alterada pela Lei n. 10.165/2000, decorre da fiscalização de atividades poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais, ou seja, remunera o exercício do poder de polícia exercido pelo Ibama. O Sistema Integrado de Recolhimento de Tributos (Simples) engloba o recolhimento exclusivo de tributos e contribuições expressamente elencados na Lei n. 9.317/1996 e LC n. 123/2006, não sendo possível abranger, por ausência de previsão legal, a TCFA. Precedentes citados do STF: RE 416.601-DF, DJ 30/9/2005; do STJ: AgRg

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OAB (1ª e 2ª fases) Matheus Carvalho44

no Ag 1.419.767-MG, DJe 1o/8/2012, e REsp 695.368-RJ, DJ 11/4/2005. REsp 1.242.940-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/10/2012.

DIREITO ADMINISTRATIVO. REMUNERAÇÃO POR USO DE VIAS PÚBLICAS POR CON-CESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO.

A utilização das vias públicas para prestação de serviços públicos por concessionária – como a instalação de postes, dutos ou linhas de transmissão – não pode ser objeto de cobrança pela Administração Pública. A cobrança é ilegal, pois a exação não se enquadra no conceito de taxa – não há exercício do poder de polícia nem prestação de algum serviço público –, tampouco no de preço público – derivado de um serviço de natureza comercial ou industrial prestado pela Administração. Precedentes citados: REsp 1.246.070-SP, DJe 18/6/2012, e REsp 897.296-RS, DJe 31/8/2009. AgRg no REsp 1.193.583-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/10/2012.

INFORMATIVO N. 507

DIREITO ADMINISTRATIVO. PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE VALIDADE DE CONCURSO PÚBLICO. ATO DISCRICIONÁRIO.

A prorrogação do prazo de validade de concurso público é ato discricionário da admi-nistração, sendo vedado ao Poder Judiciário o reexame dos critérios de conveniência e oportunidade adotados. Precedentes citados: RMS 25.501-RS, DJe 14/2009; MS 9909-DF, DJ 30/2005. AgRg no AREsp 128.916-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/10/2012.

INFORMATIVO N. 501

PLANO DE SAÚDE COLETIVO. MANUTENÇÃO APÓS APOSENTADORIA.

O trabalhador que participou de plano de saúde coletivo, decorrente do vínculo empre-gatício, por mais de dez anos tem direito à manutenção do benefício com a mesma cobertura, sem nenhuma carência, desde que assuma o pagamento integral da contri-buição à operadora do plano de saúde. No caso, o trabalhador aposentou-se em 1.994, mas continuou como beneficiário do plano de saúde coletivo custeado pela empregadora, por liberalidade desta, por mais cinco anos após a aposentadoria. Assim, o trabalhador aposentado ainda era beneficiário de plano de saúde coletivo mantido em razão de vínculo empregatício quando do início da vigência da Lei n. 9.656/1998, o que atraiu a aplicação do disposto no art. 31 dessa lei, segundo o qual o aposentado tem direito à manutenção do benefício nas mesmas condições dos beneficiários da ativa. De acordo com a jurisprudência do STJ, o disposto no art. 31 da Lei n. 9.656/1998 é autoaplicável, ou seja, contém todos os elementos necessários ao exercício dos direitos que assegura. Dessa forma, a Res. n. 21/1999 do Conselho de Saúde Suplementar CONSU, que limitou a aplicação do disposto no art. 31 a aposentadorias ocorridas após 2 de janeiro de 1.999, extrapolou o poder regulamentar e fez restrição não existente na mencionada lei. Quanto à aplicabilidade da norma no tempo, o Min. Relator afirmou ser certo que a Lei

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n. 9.656/1998 aplica-se a fatos ocorridos a partir de sua vigência, mas o diploma deve atingir também as relações de trato sucessivo, mesmo que constituídas anteriormente, tal como no caso examinado. Ademais, o art. 31 determina que o beneficiário deve assumir integralmente a mensalidade do plano de saúde, o que não gera desequilíbrio econômico-financeiro do contrato da apólice coletiva. Precedentes citados: REsp 650.400-SP, DJe de 5/8/2010; REsp 925.313-DF, DJe 26/3/2012; REsp 1.078.991-DF, DJe de 16/6/2009, e REsp 820.379-DF, DJ 6/8/2007. REsp 531.370-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/8/2012.

INFORMATIVO N. 500

ECA. PODER NORMATIVO DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA. LIMITES.

Nos termos do art. 149 do ECA (Lei n. 8.069/1990), a autoridade judiciária pode discipli-nar, por portaria, a entrada e permanência de criança ou adolescente desacompanhados dos pais ou responsáveis nos locais e eventos discriminados no inciso I, devendo essas medidas ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral, ex vi do § 2o. REsp 1.292.143-SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/6/2012.

INFORMATIVO N. 498

SERVIDOR PÚBLICO. ATESTADO MÉDICO. PRAZO. HOMOLOGAÇÃO. DESCONTO DOS DIAS NÃO TRABALHADOS. PAD. DESCABIMENTO.

A Turma entendeu que não se mostra desarrazoada ou exorbitante dos limites do poder regulamentar a resolução que, à falta de norma disciplinadora da lei federal à época, fixa prazo para a apresentação do atestado médico particular para homologação, sob risco de que já tenha terminado o tratamento de saúde quando vier a ser concedido o afastamento ao servidor. Assim, deixando de apresentar antecipadamente o atestado particular para homologação, não é ilegal ou abusivo o ato que importou no desconto dos dias em que o servidor não compareceu ao serviço, nem justificou sua falta, nos estritos limites do art. 44 da Lei n. 8.112/1990. Sendo descabida, assim, a instauração de processo administrativo disciplinar quando não se colima a aplicação de sanção disciplinar de qualquer natureza, mas o mero desconto da remuneração pelos dias não trabalhados, sob pena de enriquecimento sem causa do servidor público. RMS 28.724-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/5/2012.

INFORMATIVO N. 515

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INOCORRÊNCIA DE PERDA DO OBJETO DE MANDADO DE SEGURANÇA EM RAZÃO DO ENCERRAMENTO DO CERTAME, DO TÉRMINO DO CURSO DE FORMAÇÃO OU DA HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADO FINAL DO CONCURSO IMPUGNADO.

O encerramento do certame, o término do curso de formação ou a homologação do resul-tado final do concurso público não acarretam perda do objeto de mandado de segurança impetrado em face de suposta ilegalidade ou abuso de poder praticados durante uma

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de suas etapas. Com efeito, entender como prejudicado o pedido nessas situações seria assegurar indevida perpetuação da eventual ilegalidade ou do possível abuso praticado. RMS 28.400-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/2/2013.

2.4.2 Informativos do STF

INFORMATIVO N. 656:

REVISÃO DE ANISTIA POLÍTICA E DECADÊNCIA - 1

A 1a Turma, por maioria, desproveu recursos ordinários em mandados de segurança nos quais alegado direito líquido e certo de que não fosse iniciado procedimento de revisão de ato que concedera anistia política, com as consequentes reparações econômicas. Na espécie, o STJ denegara o writ preventivo lá impetrado sob fundamento de que o ato coator — portaria interministerial que deflagrara a criação de grupo de trabalho para rea-lização de estudos preliminares acerca de anistiados — não teria atingido qualquer direito individual. Sustentava-se decadência do reexame da concessão de anistia, porquanto este se submeteria à fluência do prazo decadencial de cinco anos. De início, entendeu-se que a portaria impugnada não teria anulado a anistia concedida, tampouco suspendido o seu pagamento, visto que apenas permitiria a instauração de procedimento preliminar de revisão para apurar eventuais ilegalidades. Nesse contexto, salientou-se o poder-dever da Administração Pública de rever seus atos, nos termos do Enunciado 473 da Súmula do STF (“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”). RMS 30973/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 28.2.2012. (RMS-30973). RMS 30975/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 28.2.2012. (RMS-30975)

INFORMATIVO N. 693

CONTROLE DE ATO ADMINISTRATIVO E SEPARAÇÃO DOS PODERES

Ao assinalar que não viola o princípio da separação dos Poderes o controle de legalidade exercido pelo Judiciário, a 1a Turma negou provimento a agravo regimental, das Centrais Elétricas da Mantiqueira S/A, interposto de decisão do Min. Dias Toffoli, que desprovera agravo de instrumento, do qual relator. No acórdão recorrido, o Tribunal de origem consignara que “em linha de princípio, o Poder Judiciário controla somente o aspecto da legalidade estrita do ato administrativo, ou seja, o plano de validade do mesmo. 7. Todavia, em se tratando de direitos da terceira geração, envolvendo interesses difusos e coletivos, como ocorre com afetação negativa do meio ambiente, o controle deve ser da legalidade ampla”. Inicialmente, explicitou-se que, na espécie, referir-se-ia à suspensão de estudos de viabilização de usina hidrelétrica. Asseverou-se não ser o caso de ofensa ao aludido princípio (CF, art. 2o). No mais, sublinhou-se ser vedado o reexame de fatos e provas dos autos. AI 817564 AgR/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 18.12.2012. (AI-817564).

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Cap. 2 47

INFORMATIVO N. 677

CONCURSO PÚBLICO: MÉRITO DE QUESTÕES E ANULAÇÃO - 5

Em conclusão de julgamento, a 1a Turma, por maioria, concedeu, em parte, mandado de segurança a

fim de anular questões objetivas de concurso público para provimento de cargo de Pro-curador da República, em virtude de equívoco na elaboração destas — v. Informativos 658 e 660. Afirmou-se que, observada erronia no gabarito da prova objetiva, deveria ser reapreciada a situação jurídica do impetrante pela comissão do concurso. Destacou-se precedente da 2a Turma segundo o qual, em que pese a máxima de que o Judiciário não poderia substituir a banca examinadora, a verificação de erro grosseiro levaria ao reconhecimento de ilegalidade. Por fim, mantiveram-se os efeitos da liminar concedida, que assegurava a participação do candidato nas demais fases do certame e reservava vaga em caso de aprovação final. Vencidas as Ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia. Esta destacava a impossibilidade de o Poder Judiciário fazer o controle jurisdicional de mérito do ato administrativo, que, no caso, seria da alçada das bancas examinadoras. MS 30859/DF, rel. Min. Luiz Fux, 28.8.2012. (MS-30859).

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C A P Í T U LO 20

HABEAS DATA

20.1. CABIMENTO

O habeas data, tem base constitucional no art. 5o, LXXII da Constituição Federal e se encontra regulado pela Lei n° 9.507/97.

Conforme já explicitado, o habeas data é cabível sempre que for necessária uma providência judicial para garantir o direito a informação acerca da pessoa do impetrante. Neste sentido, o art. 7o da lei 9.507/97 define ser cabível a medida em 3 hipóteses distintas, a saber:

a) o impetrante quer obter informações acerca da sua pessoa que constam de um determinado registro público.

b) o impetrante pretende retificar informações de sua pessoas que estão in-corretamente postas em registro público.

c) o impetrante pretende acrescentar informações neste registro.

Ademais, para que seja cabível a medida judicial, se faz necessária a com-provação de recusa da autoridade pública em prestar as informações, retificar ou acrescentar. Caso a autoridade não se manifeste no prazo legal, ocorre a recusa tácita. Com efeito, a lei define que:

a) quando o impetrante pretende obter informações, o decurso de mais de 10 dias sem prestar as informações requeridas configuram recusa tácita.

b) quando o impetrante pretende acrescentar ou retificar informações, a recu-sa tácita se presume após mais de 15 dias sem manifestação da autoridade competente.

Por fim, ressalte-se não ser cabível o habeas data para obtenção de certidões. De fato, se, além de obter as informações, o particular quiser uma certidão acerca destas informações, terá que pleitear por meio de mandado de segurança.

20.2. ESTRUTURA

Em termos de estrutura, o habeas data funciona de forma muito parecida com o mandado de segurança. Haverá a autoridade coatora, o autor e o réu. E, assim como no mandamus, a competência do habeas data é definida pela autoridade coatora. Inclusive, por isso foi sugerida, como macete, a leitura do art. 20 da lei 9507/97 para fins de definição da competência do mandado de segurança.

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Entretanto, a estrutura do habeas data é mais simples, porque, nesta ação, não há a necessidade de cientificação do réu para participar da ação. Com efeito, a medida funciona, em verdade, como funcionava o mandado de segurança antes da Lei n° 12.016/09.

Desta forma, o habeas data é impetrado contra ato de autoridade coatora. O réu é chamado para participar da ação somente se houver alguma decisão contra ele.

Ademais, nas ações de habeas data, não se admite a cobrança de honorários advocatícios e nem de custas processuais, por se tratar de procedimento gratuito, nos moldes da Constituição Federal.

20.3. MARCAÇÃO DO CÓDIGO

A princípio devem ser grifados alguns dispositivos da Lei n° 9.507/97. Logo no início da lei (antes do artigo 1°), deve-se escrever “vide art. 5°, XIV, XXXIII e LXXII, da CF” (deve-se marcar, na Constituição Federal a página e grifar estes incisos do art. 5°). Além disso, é importante colocar: vide Lei n° 12.527/11 (lei de acesso a informações). Esta última lei será marcada com clipe e os arts. 5°, 7°, 8° e o 10 serão grifados.

Desta forma, o único mérito que você será discutido, no habeas data, é o direito a informação acerca da pessoa do impetrante, utilizando-se de todos estes artigos.

O art. 7°, da lei 9507/97 deve ser grifado integralmente. Esse dispositivo dis-põe que é cabível a impetração do habeas data quando o impetrante quiser obter informações acerca de sua pessoa, retificar informações constantes em um registro público acerca de sua pessoa ou acrescentar informações.

Deve ser grifado, também, o paragrafo único, do art. 8°, da Lei n° 9.507/97, que dispõe que se faz necessária a recusa tácita da Administração púbica, ou expressa, para que seja possível a impetração do habeas data. Então, dispõe o dispositivo legal, no caso de obtenção de informações, ou o Estado nega, ou não presta as informações no prazo de 10 dias. No caso de acréscimo e retificação, ou o Estado nega, ou não retifica e nem acrescenta no prazo de 15 dias.

Marque, ainda, os arts. 9°, que determina a notificação da autoridade coatora (aqui não há cientificação do réu); 12, que trata a intimação do ilustríssimo repre-sentante do Ministério Público; e o art. 20, que define a competência do habeas data e do mandado de segurança.

Como o réu não é chamado para participar da ação, no esquema do habeas data vai constar somente: autor, autoridade coatora, competência, pedido e fun-damentação.

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20.4. TUTELA DE URGÊNCIA

Não obstante seja possível o requerimento de tutela antecipada, nos moldes do art. 273 do CPC (conforme estudado para as ações ordinárias), no habeas data deve-se atentar para o fato de que a prestação de informações em sede de tutela de urgência satisfaz o resultado final do processo, o que não se admite.

Sendo assim, é possível o requerimento de urgência, desde que seja somente para providenciar as informações ou para retificar informações provisoriamente até a decisão final do processo. Nestes casos, será elaborada a medida emergencial, com fulcro no art. 273 do CPC, desde que demonstrada a verossimilhança das ale-gações do autor e o fundado receio de dano irreparável.

20.5. MODELO DE HABEAS DATA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA.

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(10 linhas)

__

JOÃO SILVA, brasileiro, solteiro, profissão, RG n° ..., CPF n° ..., residente e domiciliado na rua..., vem, por seu advogado infrafirmado com procuração em anexo e endereço profissional na rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, impetrar HABEAS DATA, contra ato do CHEFE DO SETOR DE PESSOAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA, agente público, com endereço profissional na Rua...., pelos fatos e fundamentos a seguir:

DO CABIMENTO

É cabível a impetração do habeas data, com fulcro no art. 5°, LXXII, “a”, da CFB, e art. 7°, I, da Lei n° 9.507/97, por tratar-se de direito a informação acerca da pessoa do impetrante.

DOS FATOS

O impetrante exerceu por 20 (vinte) anos o cargo de técnico da receita federal. Pretendendo concorrer a outro cargo público, no momento está organizando curriculum vitae, e precisa ter conhecimento do que consta em sua folha de assentamentos no Ministério da Fazenda, informações que estão sendo dificultadas pelo servidor impetrado;

Há 3 (três) meses o impetrante protocolou a solicitação pleiteada (cópia em anexo, doc. 2) junto ao referido órgão, no entanto, até a presente data, não obteve sucesso quanto ao pedido;

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Em razão da demora em receber a informação solicitada, o impetrante dirige-se à seção de registro funcional, e obteve do impetrado a alegação escrita, através de uma certidão (doc. 3), de que a quantidade de serviços no departamento é que acarretava tal delonga.

DO MÉRITO

A princípio Constituição da República, de 1988, em seu art. 5°, XIV e XXXIII garante o direito à informação do cidadão dos atos praticado pela Administração Pública. Vejamos:

“Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;”

No mesmo sentido o art. 5°, da Lei N° 12.527/11 garante a todos o direito à informações de interesse público ou pessoal.

Ainda na mesma esteira, o art. 7°, da Lei N° 12.527/11 define que o direito à informação abrange as informações constantes de registros públicos.

Na situação apresentada, foi negado ao autor as informações pessoais que constam em seu assentamento individual. Tal negativa configura ato ilícito, inclusive guerreável por habeas data, nos moldes do art. 8°, parágrafo único, I, da Lei n° 9.507//97.

Ademais, o poder público tem o dever de publicidade dos atos e registros mantidos por ele.

Com efeito, o princípio da publicidade tem base no art. 37, da CFB/88 e foi desrespeitado na situação em epígrafe.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto requer:

1)a notificação da autoridade coatora para que preste suas informações no prazo de 10 dias;

2)a procedência do pedido, determinando à autoridade coatora que preste as informações pleiteadas em dia e hora determinados pelo juízo;

3) a intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como fiscal da lei;

4) a juntada dos documentos que comprovam o direito do Autor;

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Cap. 20 439

5) a tramitação prioritária do feito, nos moldes do art. 19 da lei 9.507/97.

Dá-se a causa o valor de R$ 200,00 (duzentos reais).

Nesses termos, pede deferimento.

Local, data

Advogado

OAB no ...

20.6. CASOS CONCRETOS

I. José, cidadão estrangeiro, que residira durante trinta anos no Brasil e passara os últimos trinta anos de sua vida no exterior, sem visitar o Brasil, decidiu retornar a este país. Após fixar residência no Brasil, tomou a iniciativa de re-ver os conhecidos. Em uma conversa com um de seus mais diletos amigos, este lhe informou que ouvira um rumor de que constaria dos assentamen-tos do Ministério X que José havia se envolvido em atividade terrorista reali-zada no território brasileiro, trinta e cinco anos atrás. José decidiu averiguar a informação e apresentou uma petição ao Ministério X, requerendo cópia de todos os documentos de posse do referido ministério em que constasse o seu nome. Dentro do prazo legal, José obteve várias cópias de documen-tos. A cópia do processo entregue a José apresentava-o inicialmente como suspeito de participar de reuniões do grupo subversivo em questão. Porém, ao conferir a cópia que lhe foi entregue, José percebeu que, além de falta-rem folhas no processo, este continha folhas não-numeradas. Suspeitando de que as folhas faltantes no processo pudessem esconder outro documen-to em que constasse seu nome, José formulou novo pedido ao Ministério X. Dessa vez, novamente dentro do prazo legal, José recebeu comunicado de uma decisão que indeferia seu pedido, assinada pelo próprio ministro da Pasta X, em que este afirmava categoricamente que o peticionário já rece-bera cópias de todos os documentos pertinentes. Incrédulo e inconformado com a decisão, José procurou os serviços de um advogado para tomar a providência judicial cabível.

Na qualidade de advogado(a) de José, redija a peça jurídica mais adequada ao caso relatado na situação hipotética, atentando aos seguintes aspectos:

- competência do órgão julgador;

- legitimidade ativa e passiva;

- argumentos a favor do acesso a todos os documentos em que conste o nome de José, no Ministério X;

- requisitos formais da peça judicial proposta.

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OAB (1ª e 2ª fases) Matheus Carvalho440

GABARITO:

A peça cabível é um Habeas data; com fulcro no art. 5.o, LXXII, “a”, da CF, e no art. 1o e seguintes, da Lei 9.507/97, por se tratar de obtenção de informações acerca da pessoa do impetrante que consta em um registro público.

Autor: José

Autoridade coatora: Ministro da Pasta X

Competência: Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supe-rior Tribunal de Justiça

Pedido: obtenção de informações.

Por tudo exposto, requer:

a) a notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo de lei;

b) a procedência do pedido, marcando data e horário para que sejam pres-tadas as informações acerca da pessoa do impetrante;

c) a Intimação do ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da lei;

d) a juntada de todos os documentos comprobatórios do direito líquido e certo do Autor;

e) a tramitação prioritária da ação, nos moldes do art. 19 da lei 9.507/97.

Cabimento

É cabível a presente ação, com fulcro no art. 5o, LXXII, “a” da Constituição Federal e art. 1o e seguintes da lei 9.507/97.

Fundamentação Jurídica:

A princípio Constituição da República, de 1988, em seu art. 5°, XIV e XXXIII garante o direito à informação do cidadão dos atos praticado pela Administra-ção Pública.

No mesmo sentido o art. 5°, da Lei N° 12.527/11 garante a todos o direito à informações de interesse público ou pessoal. Ainda na mesma esteira, o art. 7°, da Lei N° 12.527/11 define que o direito à informação abrange as informações constantes de registros públicos.

Ademais, o poder público tem o dever de publicidade dos atos e registros mantidos por ele. Com efeito, o princípio da publicidade tem base no art. 37, da CFB/88 e foi desrespeitado na situação em epígrafe.

II. Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta, participou de movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. Seus movimentos foram monitorados

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pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de 2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo seu pedido indeferido, em todas as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisó-rio, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos. Tício, inconformado, procura aconselhamentos com seu sobrinho Caio, advogado, que propõe apresentar ação judicial para acessar os dados do seu tio.

Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça cabível ao tema, observando: a) competência do juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos for-mais da peça inaugural.

GABARITO:

A peça cabível é um Habeas data; com fulcro no art. 5.o, LXXII, “a”, da CF, e no art. 1o e seguintes, da Lei 9.507/97, por se tratar de obtenção de informações acerca da pessoa do impetrante que consta em um registro público.

Autor: Tício

Autoridade coatora: Ministro de Estado da Defesa

Competência: Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supe-rior Tribunal de Justiça

Pedido: obtenção de informações.

Por tudo exposto, requer:

a) a notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo de lei;

b) a procedência do pedido, marcando data e horário para que sejam pres-tadas as informações acerca da pessoa do impetrante;

c) a Intimação do ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da lei;

d) a juntada de todos os documentos comprobatórios do direito líquido e certo do Autor;

e) a tramitação prioritária da ação, nos moldes do art. 19 da lei 9.507/97.

Cabimento

É cabível a presente ação, com fulcro no art. 5o, LXXII, “a” da Constituição Federal e art. 1o e seguintes da lei 9.507/97.

Fundamentação Jurídica:

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A princípio Constituição da República, de 1988, em seu art. 5°, XIV e XXXIII garante o direito à informação do cidadão dos atos praticado pela Administra-ção Pública.

No mesmo sentido o art. 5°, da Lei N° 12.527/11 garante a todos o direito à informações de interesse público ou pessoal. Ainda na mesma esteira, o art. 7°, da Lei N° 12.527/11 define que o direito à informação abrange as informações constantes de registros públicos.

Ademais, o poder público tem o dever de publicidade dos atos e registros mantidos por ele. Com efeito, o princípio da publicidade tem base no art. 37, da CFB/88 e foi desrespeitado na situação em epígrafe.

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C A P Í T U LO 30

QUESTÕES DISCURSIVAS

30.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Inicialmente, é importante ressaltar que uma boa elaboração das questões discursivas depende de uma boa preparação no que tange ao direito material. Com efeito, tratam-se de questionamentos específicos de matéria ou, até mesmo, de casos concretos nos quais se pretende que o candidato informa qual a melhor solução para aplicação do direito ao caso concreto.

No entanto, o candidato deve se preocupar com a apresentação de respostas completas, em que se responda os questionamentos feitos diretamente e também se faça uma abordagem acerca do tema discutido na questão. Com efeito, a prova traz algumas “perguntas implícitas” que estarão no espelho da questão, embora não tenham sido feitas diretamente ao candidato. Cite-se o exemplo da questão que foi cobrada na prova da segunda fase do exame de ordem de 2010.2.

“(Exame de Ordem – 2010.2) Abílio, vendedor ambulante e camelô, comerciali-zava os seus produtos em uma calçada no centro da cidade do Rio de Janeiro, mediante autorização expedida pela Prefeitura do Município do Rio de Janeiro. Em razão de obras no local, todos os ambulantes foram reiterados e impedidos de comercializar seus produtos na calçada onde Abílio e seus companheiros vendiam seus produtos.

Abílio, não conformado com a decisão da Administração Pública municipal, resolve ingressar com uma ação na Justiça, por meio da qual pretende uma indenização por danos morais e materiais, em virtude do período em que ficou sem seu tra-balho, além do restabelecimento da autorização para que volte a vender seus produtos no mesmo local.

Na qualidade de advogado de Abílio, identifique a natureza jurídica da autoriza-ção municipal e exponha, de forma fundamentada, se Abílio possui ou não di-reito às indenizações pelos danos morais e materiais, além do restabelecimento da autorização”.

Verifique que a questão somente questiona acerca da natureza jurídica do ato de autorização de uso, para que o candidato conclua acerca da possibilidade ou não de pleitear indenização do poder público. No entanto, no espelho da prova, para que o candidato fizesse jus à pontuação integral, deverá informar que a praça é bem público de natureza especial e que pode ser utilizada por particular me-diante autorização de uso. Tratam-se de questionamentos “implícitos” na questão.

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Vejamos:

Distribuição dos pontos

Item Pontuação

Definição e classificação do bem público objeto da autorização 0 / 0,1 / 0,3

Possibilidade de uso mediante autorização 0 / 0,2

Características do ato de autorização (especialmente a sua natureza precária) 0 / 0,1 / 0,2 / 0,3

Ausência de direitos decorrentes do ato 0 / 0,2

Desta forma, o candidato deverá sempre elaborar texto dissertativo amplo, com respostas completas tratando acerca do tema referente à questão de forma a abarcar qualquer assunto implicitamente considerado importante pela banca.

30.2. QUESTÕES COM PERGUNTAS DIVIDIDAS EM TÓPICOS

Muitas vezes, as questões discursivas apresentam mais de uma pergunta, dividindo-as em tópicos (I, II, III... ou a, b e c).

Nestes casos, o candidato só terá uma opção, qual seja responder a ques-tão, dividindo a sua resposta nos tópicos especificados. É possível elaborar a resposta, dividindo-a em tópicos, da mesma forma. Assim, a resposta ficaria a seguinte forma:

a) ........

b) .........

c) ..........

Ressalte-se que, a partir do XVI exame, a OAB proíbe que o candidato escreva um texto dissertativo único, respondendo todos os questionamentos formulados, ao invés de dividi-los por tópicos. Isso porque, nestes casos, a resposta que for dada para um tópico poderá ser aproveitada pela banca se estiver no espelho de outro tópico, diferentemente da situação de divisão da resposta em tópicos , o que, repita-se, passou a ser VEDADO pelo exame.

Logo, quando o questionamento for dividido em tópicos, a respostas igual-mente o será.

30.3. ESTRUTURA DA RESPOSTA

Por fim, é importante salientar que a estrutura da resposta de uma questão dissertativa se aproxima muito a uma fundamentação de parecer. Sendo assim, o candidato não deve resumir o questionamento feito, antes de elaborar a resposta (lembre-se que o número de linhas para resposta é bastante limitado).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS: estudo e elaboração da prova

31.1. ORIENTAÇÃO DE ESTUDOInicialmente, em relação aos estudos, é importante que o candidato se dedi-

que à análise do direito material, que é fundamental para uma boa elaboração das peças. Em virtude desta necessidade, esta obra é dividida em duas partes, dedican-do toda a primeira parte à análise completa do direito administrativo.

Ressalte-se que é muito comum que o candidato esteja ansioso para o treina-mento de peças, haja vista, muitas vezes, ter saído da faculdade sem elaborar uma peça sequer. No entanto, o direito material corresponde a cerca de 75% da prova, pelo menos. De fato, ele será o caminho para a resolução das questões discursivas que, somadas, tem valor de 50% da prova e também o direito material será neces-sário para o preenchimento do tópico “Do MÉRITO”, que costuma corresponder a metade da pontuação atribuída à peça prático-profissional.

Os temas devem ser analisados, ponto a ponto, dando mais ênfase àqueles que tratam de matéria doutrinária, sem regulamentação legal, como ocorre com atos administrativos, poderes administrativos, responsabilidade civil do estado, por exemplo. Se possível, ao final de cada tema, o aluno poderá tentar responder a questões discursivas que trata da matéria, como forma de treinar e revisar o assunto estudado.

Logo, após a análise do direito material, passa-se à análise das peças, exa-tamente na ordem em que foi posto neste livro, no entanto, antes de aprender a estrutura das peças processuais, o candidato deverá fazer a marcação do código.

A obra tem um capítulo específico dedicado à marcação do código por cores, como forma de facilitar no momento da prova para que o examinando possa en-contrar os pontos cobrados na questão. É importante que o aluno marque somente os dispositivos tratados no livro, caso contrário, se a legislação ficar toda sublinha-da, na verdade, não se dará destaque a nada.

Para isso o candidato deverá ter em mãos uma legislação específica de direito administrativo e uma vade mecum geral, que será necessário para a marcação do direito processual, que não costuma estar presente nas coletâneas que tratam de direito administrativo.

Após a marcação dos códigos, o candidato deverá iniciar a preparação das peças.

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