18_2141155649172013_ACP Marataízes - Contratação Locação de Máquinas Sem Licitação

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EXCELENTSSIMA SENHORA DOUTORA JUZA DE DIREITO DA VARA DISTRITAL DE CAIEIRAS - COMARCA DE FRANCO DA ROCHA

MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

2 Promotoria de Justia Cumulativa de Maratazes

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MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

2 Promotoria de Justia Cumulativa de Maratazes

Curadoria do Patrimnio Pblico

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PBLICA DA COMARCA DE MARATAZES-ES

O MINISTRIO PBLICO DO Estado do esprito santo, por seu rgo de execuo infrafirmado, no uso de suas atribuies legais, com fundamento no art. 129, incisos II e III, da Constituio Federal, e nas Leis ns 8.666/93 e Lei n 8.429/92, vem, respeitosamente, presena de Vossa Excelncia, propor a presenteAO CIVIL PBLICA POR ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVACOM PEDIDO LIMINARem desfavor de: JANDER NUNES VIDAL, Prefeito do Municpio de Maratazes, brasileiro, casado, mdico, com endereo profissional na Prefeitura Municipal de Maratazes, situada na Av. Rubens Rangel, n 1.604, Cidade Nova, Maratazes,;

DAMONEY COMRCIO E TRANSPORTE DE CARGAS LTDA, pessoa jurdica de direito privado, representada por seu scio Adolfo Luiz Leite, situada na Rua Marechal Rondon, n 280, Miramar, Maca, Rio de Janeiro, CEP: 27943-260;ADOLFO LUIZ LEITE, brasileiro, filho de Antnia de Arajo Leite, CPF: 91802440763, residente na Rua General Osrio, n 61, Sobrado, Miramar, CEP: 27910230, Maca, Rio de Janeiro;

ANNA CARLA DA SILVA CURVELO LEITE, filha de Ana Lcia da Silva Curvelo, nascida em 28/08/1991, inscrita no CPF sob o n 14727835738, residente na Rua Marechal Rondon, n 280, Sobrado, Miramar, Maca-RJ, CEP: 27943260;

MRIO JOS DOS SANTOS BUCKER, filho de Craice dos Santos Bucker, inscrito no CPF sob o n 53462254715, residente na rua Tres Lotes, 52 e 53, Parque Eldorado, Maric-RJ, CEP: 24900000;pelos fatos e fundamentos jurdicos a seguir expostos:

I - DOS FATOSConforme apurado no procedimento administrativo que embasa a presente, o Prefeito reeleito do Municpio de Maratazes, Sr. JANDER NUNES VIDAL, celebrou, logo aps tomar posse como chefe do executivo municipal em seu primeiro mandato, no dia 15/01/2009, contrato por dispensa de licitao para locao de mquinas (dois caminhes pipa; um trator esteira com lmina; uma retro escavadeira e uma escavadeira hidrulica), pelo prazo de 70 (setenta) dias (15 de janeiro de 2009 a 25 de maro de 2009), com a empresa requerida Damoney Comrcio e Transporte de Cargas Ltda. (doc.1), de propriedade dos requeridos ADOLFO LUIZ LEITE e ANNA CARLA DA SILVA CURVELO LEITE, no valor de R$ 196.200,00 (cento e noventa e seis mil e duzentos reais).

A contratao sem licitao foi realizada com fulcro no art. 24, inciso IV, da Lei n 8.666/93, e teve como base o Decreto Municipal n 195/2009, de 02 de janeiro de 2009, onde ficou estabelecida situao de emergncia administrativa e autorizada a contratao por um perodo de 90 dias, a contar desta data, de entidades prestadoras de servios e aquisies de produtos, dispensados de procedimento licitatrio, visando atender os servios essenciais do Municpio de Maratazes (doc. 02).

Entretanto, conforme se passa a demonstrar, o procedimento de dispensa est eivado de ilegalidades, no s porque no era caso de contratao com dispensa de licitao, mas tambm porque o procedimento foi direcionado para a contratao da empresa requerida, cujo scio Adolfo Luiz Leite possui escusas ligaes com o Prefeito Municipal, o requerido Jander Nunes Vidal. Vejamos:O Decreto Municipal n 195/09, que estabeleceu situao de emergncia no Municpio de Maratazes e autorizou a dispensa de procedimento licitatrio para aquisio de bens e servios de consumo pelo prazo de 90 (noventa) dias, foi editado no dia 02/01/2009, primeiro dia de administrao do requerido JANDER NUNES VIDAL frente do Poder Executivo Municipal.

A edio deste Decreto teve por escopo tentar encobrir diversas contrataes ilegais realizadas pelo chefe do Poder Executivo Municipal, alm da ora questionada, que se trata de mais um vergonhoso exemplo dessa prtica que vem sendo adota s escncaras neste Municpio pelo requerido Jander Nunes Vidal, que as planejou antes mesmo de assumir o executivo municipal em seu primeiro mandato.

No dia 12 de abril de 2010, compareceu nesta Promotoria de Justia a testemunha Fendomar Quinteiro Bertulani, ex-Secretrio Municipal de Trnsito, o qual pediu exonerao do cargo aps 3 (trs) meses de exerccio (exerceu o cargo no perodo compreendido entre 01/01/2009 a 24/03/2009), em virtude de no concordar com as prticas ilcitas que vinham sendo realizadas pelo chefe do poder executivo municipal, o requerido Jander Nunes Vidal, e/ou por ter rompido politicamente com o mesmo. Nesta ocasio, Fendomar narrou que logo aps as eleies municipais de 2008, no qual o requerido Jander Nunes Vidal foi eleito para exercer seu primeiro mandato, foi convidado para jantar na casa da ento vice-prefeita Dilca Marvila de Oliveira, neste Municpio, local onde tambm estavam o prefeito eleito e outras pessoas. No local, discutiram sobre a criao de uma empresa para prestar, sem licitao, servio de coleta de lixo no municpio de Maratazes assim que o requerido Jander assumisse a Prefeitura Municipal, em janeiro de 2009.

Efetivamente, tal esquema foi colocado em prtica e, em novembro de 2008, foi criada a empresa NP Construes & Servios, com a finalidade exclusiva de proporcionar a locupletao ilcita de terceiros em detrimento da coisa pblica. Tal empresa, contratada ilegalmente sem licitao em janeiro de 2009, no tinha estrutura nenhuma para a prestao do servio de coleta de lixo e, para a realizao dos servios eram utilizados maquinrio e at alguns servidores da prpria Prefeitura Municipal de Maratazes.

O esquema montado foi to escandaloso que culminou logo no ajuizamento de Ao por Ato de Improbidade Administrativa pelo Ministrio Pblico Estadual em face da empresa N.P. Construes & Servios, do requerido Jander e dos outros envolvidos ainda no ms de abril do ano de 2009, tendo sido concedida liminar determinado a imediata suspenso de pagamentos pela municipalidade para a referida empresa. Atualmente, a ao est em grau de recurso no Tribunal de Justia aguardando julgamento de apelao interposta pelos requeridos, condenados em primeira instncia pela prtica de atos de improbidade administrativa (Processo n 069090014379).

Logo aps a determinao liminar de suspenso de pagamentos para a empresa N.P. Construes & Servios na ao acima referida, o requerido Jander Nunes Vidal fez contato com o ora requerido Adolfo Luiz Leite, empresrio de Maca, Rio de Janeiro, tendo solicitado a este a quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para saldar dvidas com a empresa N.P. Construes & Servios, no que foi prontamente atendido. Alm desse numerrio, a testemunha Fendomar foi quem, pessoalmente, recebeu em espcie no ms de novembro de 2008 a quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) das mos do empresrio e ora requerido Adolfo Luiz Leite e da pessoa identificada como Paulinho e entregou diretamente referida quantia nas mos do Prefeito eleito, o requerido Jander Nunes Vidal.

Extrai-se do depoimento prestado por Fendomar nesta Promotoria de Justia:

... ... que a empresa NP, apesar de utilizar basicamente da mquina pblica para prestar seus servios, tambm contratou cerca de quarenta garis posteriormente; que as pessoas que haviam sido contratadas pela empresa NP posteriormente ficaram sem receber seu salrio, em virtude da liminar concedida; que os garis estavam preparando uma passeata at o Ministrio Pblico para receber seus salrios; que o Prefeito Dr. Jander fez contato com o Sr. Adolfo Luiz Leite, empresrio de Maca/RJ, para que ele fornecesse cerca de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para o pagamento dos garis contratados pela empresa NP; que o Sr. Adolfo possua estreitas ligaes com o Dr. Jander, visto que vrias empresas por ele controladas esto cadastradas na Prefeitura de Maratazes, e saindo vencedoras de diversas licitaes no Municpio, que tambm so suspeitas de serem fraudulentas; que entre estas licitaes que o depoente suspeita serem fraudulentas esto o fornecimento de medicamentos para a sade e alimentao e gs para a Secretaria de Educao; que entre as empresas envolvidas estariam a Sueli Ltda e a Damoney Comrcio e Transporte de Cargas Ltda... ...

... que diante do pagamento dos R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) os garis cancelaram sua manifestao; que o depoente deseja esclarecer que o Sr. Adolfo, no ms de novembro de 2008, a pedido do Dr. Jander, forneceu R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em espcie, pagos em duas parcelas, para que o Dr. Jander pagasse algumas dvidas pessoais e de campanha; que tal dinheiro foi trazido atravs de Adolfo e uma pessoa conhecida como Paulinho, que possui uma residncia em Maratazes e trabalha na firma Damoney com Adolfo...

... que o depoente no sabe exatamente como foi gasto esse dinheiro, mas o prprio depoente recebeu esse dinheiro das mos de Adolfo e Paulinho; que tal dinheiro foi buscado pelo depoente em um restaurante na Lagoa do Siri, cujo nome o depoente no se recorda; que foram at o carro do depoente e passaram uma bolsa contendo R$ 100.000,00 (cem mil reais) e posteriormente, cerca de 15 (quinze) dias depois, entregaram no mesmo local outra bolsa contendo o mesmo valor, totalizando R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), que o depoente entregou as referidas bolsas contendo o dinheiro nas mos do Dr. Jander, em sua residncia, que Dr. Jander pegou o dinheiro e guardou; que o depoente gostaria de esclarecer que no primeiro momento acreditou que tal dinheiro seria doao para apagamento de dvidas de campanha eleitoral, pois foi recebido no decorrer do ms de novembro de 2008, e o depoente por no conhecer profundamente a legislao eleitoral acreditou que se tratava de quantia legalizada e declarada Justia Eleitoral; que apenas posteriormente, j como Secretrio Municipal, quando verificou que a Prefeitura de Maratazes estava sendo loteada em suas licitaes por estas pessoas e outros aliados polticos do Dr. Jander, que o depoente caiu em si e percebeu que aquela quantia era ilegal, que diante dessa situao e outras j citadas anteriormente, o depoente tentou conversar e convencer o Dr. Jander, j Prefeito Municipal, a no realizar tais fraudes, em prejuzo do patrimnio pblico; que como Dr. Jander no deu ouvidos ao depoente, achou melhor pedir exonerao de seu cargo ... (doc. 3)

Pois bem. A contratao em questo foi realizada indevidamente sem licitao (no era caso legal de dispensa) e com documentos forjados, a fim de favorecer aos interesses pessoais e patrimoniais dos requeridos, o que foi feito atravs das escusas ligaes existentes entre eles, conforme acima explicitado. Em primeiro lugar, a dispensa de licitao no encontra amparo no art. 24, IV da Lei 9666/93, e nem se diga que o malfadado Decreto n 195/2009 a justifica. Tal ato normativo genrico e abstrato, bem como a justificativa que lhe subsidia, evidenciando que o chefe do executivo no se desincumbiu da obrigao inafastvel de demonstrar, pormenorizadamente, em que consistiria a situao excepcional permissiva da contratao direta com arrimo no art. 24, IV do Estatuto das Licitaes.

Com efeito, a justificativa do Decreto de Emergncia Administrativa, ao invs de fundamentar o (pseudo) estado de emergncia, preocupa-se mais em realizar uma despicienda sumarizao doutrinria do conceito e dos elementos do ato administrativo. Numa conveniente inverso lgica dos argumentos, verifica-se que so despendidas inmeras laudas em aspectos meramente tericos e doutrinrios e apena um nico trecho para indicar os pressupostos fticos supostamente indicadores da situao emergencial, quais seriam: 1) assuno do cargo em 01/01/2009; 2) aumento da populao em decorrncia do vero; e 3) necessidade de adoo de medidas mais urgentes em relao ao trnsito, segurana, limpeza, saneamento, sade pblica, dentre outras.

Obviamente no deve prevalecer a argumentao de que a assuno do cargo a partir de 01/01/2009 seja circunstncia autorizativa para a contratao com dispensa de licitao, visto que, a prevalecer a tese esposada, todo incio de mandato (para qualquer cargo eletivo) ensejaria o afastamento do certame. A licitao seria alijada por um acontecimento frequente e ordinrio do sistema republicano, que a prpria lei de regncia no prev. Assim, a mera transio de um governo para o outro no constitui evento suficiente para que no se observe a regra da obrigatoriedade da licitao, notadamente porque se modifica apenas a autoridade superior e seus secretrio, no a estrutura integral do ente Federativo, que permanece em regular funcionamento.

Outrossim, o aumento populacional no vero tambm no indicativo de situao emergencial, dado que pblico e notrio ser Maratazes uma cidade de veraneio.

Por fim, no se justifica a contratao sem licitao pela necessidade genrica de adoo de medidas mais urgentes com relao a diversos servios, elencados apenas a ttulo exemplificativo no Decreto Emergencial.

Conforme se infere dos documentos acostados ao procedimento de licitao em questo, as mquinas foram locadas para realizao dos servios de conteno da mar da praia central, aterro sanitrio, limpeza do asfalto das avenidas e irrigao das praas e jardins, sendo o que consta da solicitao assinada pelo ento Secretrio de Obras e requerido Mario Jos dos Santos Bucker no dia 05 de janeiro de 2009 - doc. 4 (a finalidade da locao dos equipamentos no consta do contrato celebrado entre o Municpio e a empresa requerida). Ainda, se infere do Parecer de lavra do ento Procurador Geral do Municpio, Mauro Roberto Ferreira de Souza, que a locao dos equipamentos se destinou a realizao dos reparos das nossas ruas e avenidas do municpio, chegando ao ponto de justificar a urgncia da contratao para evitar o risco de acidentes, e o melhor deslocamento dos muncipes. (doc. 05).

Ora, a locao de maquinrio para a realizao de tais servios no caracteriza a urgncia mencionada no texto legal, autorizadora da contratao por dispensa de licitao, que tem como objetivo e finalidade evitar prejuzo e/ou comprometimento da segurana das pessoas (art. 24, inciso IV da Lei n 8.666/93).

O Porf. Maral Justen Filho, em lio irretocvel, sistematiza a compreenso acerca da hiptese de dispensa de licitao prevista no art. 24, inciso IV da Lei de Licitaes, assinalando que incumbe Administrao Pblica a observncia de dois pressupostos: 1. DEMONSTRAO CONCRETA E EFETIVA DA POTENCIALIDADE DE DANO: a urgncia deve ser concreta e efetiva. No se trata de urgncia simplesmente terica. Deve ser evidenciada a situao concreta existente, indicando-se os dados que evidenciam a urgncia; 2. DEMONSTRAO DE QUE A CONTRATAO A VIA ADEQUADA E EFETIVA PARA ELIMNAR O RISCO: a contratao imediata apenas ser admissvel se evidenciado que ser instrumento adequado e eficiente para eliminar o risco, devendo-se aplicar o princpio da proporcionalidade.

Nenhum dos dois pressupostos se fazem presentes no caso concreto.

A eroso na praia central do Municpio de Maratazes fato notrio que j vinha ocorrendo h muitos anos antes do requerido Jander Nunes Vidal assumir o executivo Municipal em janeiro de 2009, e no se trata de servio que deveria/poderia ter sido contratado de forma emergencial, j que no oferecia nenhum risco iminente populao e no se trata de atividade que vinha sendo realizada e cuja soluo de continuidade poderia acarretar danos e/ou prejuzos para a administrao ou para os muncipes, quanto mais risco iminente. E, obviamente, apenas para registrar, vale ressaltar que o problema (eroso) no foi solucionado nos 70 (setenta) dias em que as mquinas foram locadas.

Da mesma forma, no se justifica a locao emergencial de maquinrio para lavagem de algumas poucas e especficas avenidas e irrigao de poucas e determinadas praas e jardins da cidade.

Infere-se atravs dos documentos relativos execuo dos servios, especificamente medio de horas do aluguel do caminho pipa e da retro escavadeira, que supostamente foram realizadas Lavagem das avenidas Cristiano Dias Lopes, Simo Soares, Rubens Rangel, Governador Lacerda de Aguiar, Atlntica, Rodovia ES at o lopo. Irrigao das praas da marinha, do jardim de infncia, principal da barra, praia da barra, Dr. Roberto e jardim da subida de Maratazes (doc. 06).Esse servio de lavagem e irrigao, que totalizou 800 horas segundo consta dos documentos acostados, se restringiu inexplicavelmente a poucas localidades, apenas lavagem de 6 (seis) ruas e/ou avenidas e a irrigao de 6 (seis) praas. E o restante do servio de limpeza e irrigao de toda a cidade, como foi realizado??Resposta: o servio de limpeza urbana, na poca, j era objeto de contrato diverso, aquele firmado pelo Municpio de Maratazes ilegalmente sem licitao com a empresa N.P. Construes & Servios Ltda., referido no comeo desta exordial, cujo prazo de vigncia foi de 90 (noventa) dias a contar de 02/01/2009. Tal contrato, objeto de ao de improbidade com sentena condenatria (atualmente no Tribunal aguardando julgamento de apelao), teve por objeto justamente a prestao de servio de limpeza pblica em todo o Municpio de Maratazes, especificamente, dentre outros, servios de varrio e capina manual de vias e logradouros pblicos, limpeza manual de praias e servios complementares, conforme se infere de sua clusula 1.1 (doc. 07).Portanto, o servio licitado era totalmente desnecessrio e foi eleito para celebrao do contrato em questo apenas como uma justificativa para a realizao de mais uma contratao ilegal firmada pelo requerido Jander Nunes Vidal com seus aliados. Um descalabro duas empresas contratadas simultaneamente (ambas com fraude no procedimento licitatrio) para realizao do mesmo servio pblico.As ilegalidades no param por a.

Como cedio, ainda nos casos e hipteses em que a licitao dispensada, a lei impe que deve existir uma justificativa para a escolha do fornecedor do servio e do preo contratado.

Por isso, buscando dar contorno e ares de legalidade contratao em apreo, a administrao simulou ter realizado oramento de preos com apenas duas empresas, sendo uma delas a requerida e contratada, Damoney Comrcio e Transportes de Cargas Ltda., e a outra a empresa Topsky Comercial Ltda. (doc. 08). Ocorre que tais oramentos so fictcios e apenas constam formalmente no procedimento.

Em primeiro lugar, deve ser registrado o estranho fato de as nicas duas empresas com preos cotados serem sediadas no Estado do Rio de Janeiro. A empresa requerida e vencedora tem sede na Rua Marechal Rondon, n 280, Miramar, Maca, Rio de Janeiro, e a empresa Topsky Comercial Ltda. tem sede na Rua Ferreira de Andrade, n 554, apto 102, bairro Cachambi, Rio de Janeiro-RJ.Em segundo, estranhamente a empresa Topsky Comercial Ltda. possui objetivos sociais totalmente diversos do objeto licitado. Infere-se de seu contrato social, especialmente de sua clusula quarta, que seus objetivos so:

.... QUARTA DOS OBJETIVOS DA SOCIEDADE: Os objetivos da sociedade so: Comrcio de Aparelhos, Equipamentos, Instrumentos e Produtos Farmacuticos, Mdicos, Odontolgicos, Veterinrios, Hospitalares e Laboratoriais; Material Fotogrfico, tico, Cinematogrficos e Material de Limpeza, Conservao, Higiene Pessoal e Bazar em Geral... (doc. 09)No toa que no oramento fraudado, supostamente apresentado pela empresa Topsky Comercial Ltda., se verifica no cabealho do documento erro grosseiro com relao ao endereo da empresa. Consta do referido documento que o n 102 uma casa, quando, na verdade, a empresa, segundo se infere do INFOSEG, est situada em um edifcio, sendo 554 o nmero do prdio e 102 o nmero da sala. Ainda, no mesmo documento consta no cabealho o nmero errado do CEP da empresa (doc. 08).

Isso se explica pelo fato de o documento no ter sido elaborado pela empresa Topsky Comercial Ltda., se trantado de documento falsificado pelos requeridos, em uma afronta aos mais basilares princpios ticos e morais. Cometeram os requeridos, e dentre eles o Prefeito Municipal, crime tipificado no ordenamento penal ptrio, falsificao de documento particular. Esta Promotoria encaminhou ofcios em abril do corrente ano aos dois scios administradores da empresa Topsky Comercial Ltda., Antonio Francisco Loures e Cesar Augusto de Oliveira Almeida, residentes no Rio de Janeiro, requisitando que informassem se a oferta de preos que consta do presente procedimento foi realmente apresentada por eles. Consta na resposta endereada a esta promotoria o seguinte:

... venho respeitosamente informar que no foi ofertada por esta empresa, nenhum dos servios de aluguel de mquinas referente ao procedimento descrito no ofcio, desconhecendo por completo o referido processo licitatrio.

Nesta oportunidade, junta comprovante de inscrio de situao cadastral, onde consta a atividade econmica da empresa como comrcio varejista de artigos mdicos e ortopdicos, nunca tendo feito qualquer oferta de materiais ou servios distintos do objeto social. (doc. 10).

por isso que ambos os oramentos foram coletados no dia 15/01/2009 (neles constam essa data) e no mesmo dia foi assinado o contrato em questo com a empresa requerida Damoney Comrcio e Transporte de Cargas Ltda., mesmo situando-se ambas as empresas no Estado do Rio de Janeiro.Est claro que o Prefeito Municipal, ao forjar a coleta de preos com apenas duas empresas situadas fora do Estado, sendo uma delas a contratada e de propriedade de pessoa com quem possui escusas ligaes, o requerido Adolfo Luiz Leite, e a outra uma empresa que no participou do certame, mas sim teve seu nome utilizado na prtica de crime de falsificao (empresa que sequer possui dentre seus objetivos sociais o servio licitado), no atendeu aos interesses da administrao e lei, mas sim a seus interesses pessoais e de terceiros.

Ainda, deve ser registrado o fato de terem feito parte da comisso de licitao, na poca, alm do presidente Moacyr dos Santos Filho (cargo comissionado), dois servidores efetivos que no tinham a menor qualificao tcnica para comporem a referida comisso, Ftima Ribeiro Cunha e Domrio Marvila do Rosrio (doc. 11).

Ftima Ribeiro Cunha, conforme depoimento prestado nesta Promotoria em 09/03/2009, servidora efetiva ocupante do cargo de Agente de Servios Gerais e expressamente assinalou que foi convidada para integrar a comisso de licitao apesar de no ter nenhum tipo de conhecimento tcnico. Extrai-se de seu depoimento:

...que a equipe de transio do governo municipal convidou a declarante para integrar a Comisso Permanente de Licitao, apesar de no contar com experincia na referida rea...que quando passou a integrar a Comisso de Licitao no detinha nenhum conhecimento para analisar a documentao, enfim, a legalidade de um processo de licitao (doc. 12)

Da mesma forma, o servidor efetivo Domrio Marvila do Rosrio, escriturrio, assinala em depoimento prestado nesta Promotoria de Justia que no detm conhecimento para analisar a legalidade de um procedimento de licitao; que tambm no tem conhecimento acerca da documentao que deve ser apresentada pelas empresas participantes de um processo de licitao... (doc. 13)

claro que tais servidores, despidos de capacidade tcnica, foram convidados propositadamente para integrarem formalmente a comisso de licitao a fim de propiciar que as manobras e ilegalidades cometidas nas licitaes municipais fossem praticadas de forma dissimulada, sem que fossem percebidas e questionadas.

Todas essas imoralidades e ilegalidades, desde chamar para integrar a comisso de licitao servidores sem nenhuma capacidade tcnica, at falsificar documento particular, foram praticadas pelos requeridos para tentar dar ares de legalidade fraude cometida, j que mesmo nos casos em que a dispensa da licitao cabvel, necessrio que a administrao realize o contrato mais vantajoso para o ente pblico e no a seus interesses pessoais. No toa e nem coincidncia o fato de a empresa requerida e seus scios, tambm requeridos, serem de Maca, Estado do Rio de Janeiro, onde tambm reside Hugo Marvila, irmo da ento Vice-Prefeita e na poca Secretaria de Educao, Dilca Marvila de Oliveira, e mesma cidade onde est situada e reside a scia da empresa Suely Teixeira Neto Me., uma das que tambm foi beneficiada pela atual administrao municipal em licitaes fraudulentas (objeto de ao por prtica de improbidade administrativa ajuizada tambm na presente data) .

Todas essas pessoas fazem parte do esquema montado para obteno ilegal de lucros em detrimento da coisa pblica. Conforme se infere de depoimento prestado pelo requerido Jander Nunes Vidal nesta Promotoria de Justia em 09 de maro de 2009, a ento vice-prefeita e Secretria de Educao Dilcea Marvila de Oliveira lhe apresentou seu irmo Hugo Marvila, empresrio residente em Maca-RJ e outros empresrios ligados a este, todos de Maca. Inclusive, o Secretrio Municipal de Obras nomeado no incio da gesto de Jander Nunes Vidal, o requerido Mrio Jos dos Santos Bucker, tambm de Maca-RJ, tendo sido apresentado ao atual Prefeito Municipal aps este ser eleito no pleito de 2008.

Muita coincidncia tantas pessoas e empresas de Maca-RJ envolvidas em nomeaes e contrataes neste Municpio a um s tempo: logo aps a assuno do cargo pelo atual Prefeito!! Colaciono trecho do depoimento prestado por Jander Nunes Vidal, acima referido:

... que conhece o Secretrio Municipal de Obras, Sr. Mrio Jos dos Santos Bucker h pouco tempo, possivelmente a partir de novembro de 2008, que o Sr. Mrio reside no Municpio de Maca/RJ, tenho conhecido-o por intermdio de seu Secretrio Municipal de Segurana e Trnsito, Sr. Fendomar; que, embora no tenha certeza, esclarece que o Sr. Mrio engenheiro civil e exercia atividades junto a Prefeitura Municipal de Maca, como Su-Secretrio de Obras; que, no ms de novembro ou dezembro de 2008, a Sra. Dilcia Marvila de Oliveira, atual Vice-Prefeita e Secretria Municipal de Educao, apresentou ao declarante a pessoa do Sr. Paulo, natural do Estado do Rio de Janeiro, scio de Hugo Marvila em uma outra empresa cuja atividade desconhece; que no sabe o nome completo do referido Sr. Paulo; que a pessoa de Hugo Marvila irmo da Sra. Dilceia Marvila de Oliveira... (doc. 14)In casu, restou evidente que a escolha da empresa contratada no se deu em razo de ter o melhor preo, mas sim em virtude de uma motivao particular, poltica e imoral, devendo esse ato, contrrio lei e praticado de forma premeditada e dolosamente direcionado, ser coibido e reprimido pelo Poder Judicirio.

II. DO DIREITOEstabelece a Constituio Federal, em seu art. 37, XXI, que as pessoas jurdicas de direito pblico esto submetidas ao regime de licitao, necessrio para uma melhor contratao e execuo dos servios pblicos, exigindo, via de regra, que todas as contrataes devem ser realizadas mediante prvio processo licitatrio, o qual constitui requisito essencial validade dos contratos.

Como forma de regulamentar o instituto da licitao adveio a Lei n 8.666/93, estabelecendo que a administrao pblica deve observar o regime licitatrio para a contratao de servios.

Conforme estabelecido no art. 2 da Lei n 8.666/93, somente nos casos por ela especificados pode o poder pblico efetuar contrataes diretamente, sem que realize o procedimento licitatrio.

A ressalva trazida tanto pela Constituio como pela Lei n 8.666/93 diz respeito queles casos em que a licitao invivel (inexigibilidade de licitao) ou, mesmo sendo vivel, no conveniente para a administrao a sua realizao (licitao dispensada ou dispensvel), sendo este o caso que nos interessa.

No que se refere licitao dispensvel, h previso, nos vrios incisos do art. 24 da Lei de Licitaes e Contratos, de diversas hipteses em que, apesar do procedimento licitatrio poder ser realizado, achou por bem o legislador no torn-lo obrigatrio, desde que estejam expressamente justificados pelo administrador os motivos da dispensa (observncia do princpio da motivao art. 26, pargrafo nico e incisos I, II e III da Lei n 8.666/93).

Assim, prev o art. 24, inciso IV da mencionada Lei:

Art.24. dispensvel a licitao:

IV-nos casos de emergncia ou de calamidade pblica, quando caracterizada urgncia de atendimento de situao que possa ocasionar prejuzo ou comprometer a segurana de pessoas, obras, servios, equipamentos e outros bens, pblicos ou particulares, e somente para os bens necessrios ao atendimento da situao emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e servios que possam ser concludas no prazo mximo de 180 (cento e oitenta)dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrncia da emergncia ou calamidade, vedada a prorrogao dos respectivos contratos;

Com base nesse dispositivo foi realizada indevidamente a contratao em apreo sem licitao, j que o servio licitado no se enquadra nas hipteses legais acima elencadas.

Nesse tocante, o Tribunal de Contas da Unio, na deciso plenria n 347/1994, definiu com preciso quando deve ocorrer dispensa de licitao diante da ocorrncia de emergncia ou calamidade pblica. Transcrevo o referido decisum:1) Que a situao adversa, dada como de emergncia ou calamidade pblica, no se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desdia administrativa ou da m gesto dos recursos disponveis, ou seja, que ela no possa, em alguma medida, ser atribuda culpa ou dolo do agente pblico que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrncia de tal situao;2) Que exista urgncia concreta e efetiva do atendimento a situao decorrente do estado emergencial ou calamitoso, visando afastar risco de danos a bens ou sade ou vida de pessoas;

3) Que o risco, alm de concreto e efetivamente provvel, se mostre iminente e especialmente gravoso;

4) Que a imediata efetivao, por meio de contratao com terceiro, de determinadas obras, servios ou compras, segundo as especificaes e quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio adequado, efetivo e eficiente de afastar o risco iminente detectado.

Conforme se depreende da narrativa dos fatos, essas hipteses no se verificam na hiptese em comento.

Ainda que fosse caso de dispensa de licitao, o que se considera apenas a ttulo argumentativo, estaria a administrao pblica obrigada a realizar contrato mais vantajoso para a administrao e no a seus interesses pessoais. No por outro motivo que estabelece o pargrafo nico, incisos I, II e III do art. 26 da Lei n 8.666/93, que os processos de dispensa de licitao devem ser instrudos com justificativa sobre a situao emergencial, escolha do fornecedor do servio e justificativa do preo.

Art. 26. As dispensas previstas nos 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situaes de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do pargrafo nico do art. 8o desta Lei devero ser comunicados, dentro de 3 (trs) dias, autoridade superior, para ratificao e publicao na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condio para a eficcia dos atos.

Pargrafonico.O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, ser instrudo, no que couber, com os seguintes elementos:

I-caracterizao da situao emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;

II-razo da escolha do fornecedor ou executante;

III-justificativa do preo.

In casu, restou evidente que o servio contratado sem licitao no se deu em razo de sua urgncia e essencialidade, mas sim em virtude de uma motivao particular de contratar, a todo custo, empresa de propriedade de pessoas determinadas, os requeridos.

Os rus agiram de forma dolosa, j que o procedimento de dispensa, iniciado e finalizado em 7 (sete) dias, nele constando documento falsificado, foi direcionado contratao de empresa pr-determinada, conforme demonstrado saciedade atravs das provas produzidas.

Os atos em questo caracterizam atos de improbidade administrativa estabelecidos no artigo 10, caput e incisos V, VIII e XII e art. 11, caput e inciso I da Lei n 8.429/92, vez que os requeridos, alm de violarem de forma dolosa a lei e os princpios da administrao pblica, causaram leso ao errio com contratao por preo superior ao que seria obtido em caso de licitao (concorrncia) e, com isso, auferiram benefcio financeiro ilicitamente. Estabelece a legislao citada:Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa leso ao errio qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1 desta lei, e notadamente:

V- permitir ou facilitar a aquisio, permuta ou locao de bem ou servio por preo superior ao de mercado;VIII - frustrar a licitude de processo licitatrio ou dispens-lo indevidamente;XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriquea ilicitamente;

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da administrao pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade s instituies, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competncia;

Assim, devidamente caracterizada a prtica de atos de improbidade que causaram leso ao errio e violaram princpios da administrao pblica.

III. DOS PEDIDOS LIMINARES

1. Da indisponibilidade de bens dos requeridos (art. 7 da Lei n 8.429/92)

Requer o Ministrio Pblico, nos termos do art. 7 da Lei 8.429/92, seja liminarmente decretada a indisponibilidade de bens dos requeridos, solidariamente e at o limite de R$ 588.600,00 (quinhentos e oitenta e oito mil e seiscentos reais), a fim de garantir, ao final da demanda, o ressarcimento integral ao errio, nos termos previstos no art. 5 da referida lei. Dispe o art. 7 da Lei 8.429/92, verbis:

Art. 7 Quando o ato de improbidade causar leso ao patrimnio pblico ou ensejar enriquecimento ilcito, caber a autoridade administrativa responsvel pelo inqurito representar ao Ministrio Pblico, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Pargrafo nico. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recair sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acrscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilcito.

Presente se faz o fumus boni juris, vez que comprovada atravs dos documentos acostados a prtica dolosa de atos mprobos praticados pelos requeridos, direcionados a fraudar a licitude de procedimento licitatrio.

Outrossim, o periculum in mora se verifica presente, haja vista que a demora pode frustrar o resultado prtico do processo, com a possibilidade de dilapidao do patrimnio pelos requeridos. Em hipteses desse jaez comum ver o acervo individual patrimonial desaparecer ou ser transferido prontamente para locais incertos, dificultando e, o que pior, muitas vezes impossibilitando a reparao do dano ao errio.

Ainda, deve-se anotar que o periculum in mora est implcito na dico do artigo 7 da Lei de Improbidade.

No por outro motivo que salienta Fbio Medina Osrio que "O periculum in mora emerge, via de regra, dos prprios termos da inicial, da gravidade dos fatos, do montante, em tese, dos prejuzos causados ao errio", e com base nessa premissa, sustenta o autor que "a indisponibilidade patrimonial medida obrigatria, pois traduz conseqncia jurdica do processamento da ao, forte no artigo 37, 4, da Constituio Federal". (OSRIO, Fbio Medina. Improbidade administrativa: observaes sobre a Lei 8.429/92. 2. ed. Porto Alegre: Sntese, 1998. p. 240-241). No mesmo sentido, assevera Rogrio Pacheco Alves (GARCIA, E.; ALVES, R. P. Op. cit.,, p. 641):

[...] exigir a prova, mesmo que indiciria, da inteno do agente de furtar-se efetividade da condenao representaria, do ponto de vista prtico, o irremedivel esvaziamento da indisponibilidade perseguida em nvel constitucional e legal. Como muito bem percebido por Jos Roberto dos Santos Badaque, a indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade uma daquelas hipteses nas quais o prprio legislador dispensa a demonstrao do perigo de dano. Deste modo, em vista da redao imperativa adotada pela Constituio Federal (artigo 37, 4) e pela prpria Lei de Improbidade (artigo 7), cremos acertada tal orientao, que se v confirmada pela melhor jurisprudncia.

Este tambm o entendimento perfilhado pelos tribunais ptrios, inclusive pelo Superior Tribunal de Justia, conforme se verifica do aresto abaixo transcrito, verbis:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. NULIDADE DO ACRDO DE ORIGEM, POR FUNDAMENTAR SUAS RAZES DE DECIDIR NO PARECER DO PROCURADOR REGIONAL DA REPBLICA. INOCORRNCIA. MEDIDA CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS. ART. 7o. E 16 DA LEI 8.429/92. DESNECESSIDADE DE DEMONSTRAO DO PERICULUM IN MORA, QUE SE TEM POR IMPLCITO. DISSDIO JURISPRUDENCIAL. SMULA 83/STJ. RESSALVA DO PONTO DE VISTA DO RELATOR. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. No h nulidade no acrdo recorrido por ter-se fundado suas razes de decidir do parecer do Procurador Regional da Repblica, tendo em vista que o Magistrado pode reportar-se ao parecer ministerial, a precedentes jurisprudenciais e mesmo s razes das partes para fundamentar seu entendimento, no incorrendo em nulidade

o julgado que transcreve trechos de outras peas do processo em suas razes de decidir, tratando-se a irresignao de mero inconformismo da parte.2. O pedido cautelar de indisponibilidade de bens (arts. 7o. e 16 da Lei 8.429/92), dada a que a sua inquestionvel natureza cautelar, exige demonstrao dos dois requisitos clssicos da cautelaridade: periculum in mora e fumus boni iuris; contudo, a 1a. Seo desta Corte Superior uniformizou a sua jurisprudncia, admitindo o periculum in mora implcito na Ao de Improbidade Administrativa: REsp. 1.319.515/ES, Rel. p/acrdo Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 22/08/2012 (acrdo pendente de publicao).

3. Ressalta-se que o Processo Cautelar adquiriu, desde o Cdigo Buzaid (1973), compondo o seu Livro III, a reclamada autonomia processual, didtica e cientfica, equivalendo a um retorno jus-metodolgico eliminar-se a exigncia daqueles seus requisitos especficos, sem embargo da sua aptido para preservar relaes jurdicas em situao de risco devidamente evidenciada, de acordo com as possibilidades e a limites do sistema processual positivo.

4. Agravo Regimental desprovido.(AgRg Edcl 1271045/RP; Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, DJ: 12/09/2012).

O valor requerido para a indisponibilidade de bens, R$ 588.600,00 (quinhentos e oitenta e oito mil e seiscentos reais), se justifica pelo fato da necessidade de garantir, alm do prejuzo ao errio, a multa imposta como penalidade no art. 12 e incisos da Lei n 8.429/92. Nesse sentido trilha a jurisprudncia ptria, conforme se infere do aresto proferido pelo Superior Tribunal de Justia, abaixo colacionado:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. GARANTIA DE EVENTUAL EXECUO. LIMITES. VALOR DO DANO AO ERRIO, ACRESCIDO DE POSSVEL IMPOSIO DE MULTA CIVIL, ESTIMADO PELO AUTOR DA AO. CONTA-CORRENTE. POSSIBILIDADE. PODERES DE CAUTELA E DE CONDUO DO FEITO PELOS MAGISTRADOS. OBSERVNCIA DE PRECEITOS LEGAIS SOBRE VEDAO INDISPONIBILIDADE.

1. pacfico nesta Corte Superior entendimento segundo o qual a indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimnio dos rus em ao de improbidade administrativa de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuzo ao errio, levando-se em considerao, ainda, o valor de possvel multa civil como sano autnoma.

2. Na espcie, o Ministrio Pblico Federal quantifica inicialmente o prejuzo ao errio na esfera de R$ 189.455,85 (cento e oitenta e nove mil e quatrocentos e cinquenta e cinco reais e oitenta e cinco centavos). Esta , portanto, a quantia a ser levada em conta na decretao de indisponibilidade dos bens, no esquecendo o valor do pedido de condenao em multa civil, se houver (vedao ao excesso de cautela).

3. Assim, aplica-se a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia no sentido de que, at a liqidao, devem permanecer bloqueados tanto quantos bens foram bastantes para dar cabo da execuo em caso de procedncia da ao.

4. Deixe-se claro, entretanto, que ao juiz responsvel pela conduo do processo cabe guardar ateno, entre outros, aos preceitos legais que resguardam certas espcies patrimoniais contra a indisponibilidade, mediante atuao processual dos interessados a quem caber, p. ex., fazer prova que determinadas quantias esto

destinadas a seu mnimo existencial.

5. lcita a decretao de indisponibilidade sobre ativos financeiros do agente ou de terceiro beneficiado por ato de improbidade. (Precedentes: REsp 1078640/ES, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/03/2010, DJe 23/03/2010; REsp 535.967/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/05/2009, DJe 04/06/2009)

6. Agravo regimental no provido (AgRg AgRg AResp 100.445/BA, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJ: 23/05/2012)

No mesmo sentido o entendimento esposado no AgRg no Resp 1311013/RO, de relatoria do Min. Humberto Martins, publicado no Dirio da Justia do dia 13/12/2012.

Registre-se, por fim, que tal medida constritiva no irreversvel, se tratando apenas de uma garantia cujo deferimento de faz necessrio para resguardar o fiel cumprimento da lei, tendo carter preventivo, para acautelar direito difuso, ou seja, a defesa do patrimnio pblico.

2. Do afastamento cautelar do Prefeito Municipal do cargo (art. 20 da Lei n 8.249/92

Consoante prescreve a regra inserta no pargrafo nico do art. 20 da Lei n. 8.249/92, caber o afastamento liminar do agente pblico do exerccio do cargo quando a medida se fizer necessria instruo processual. Por outro lado, dispe no mesmo sentido o art. 12 da Lei Federal n. 7.347/85, ao dizer que poder o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificao prvia, em deciso sujeita a agravo.

O pedido de afastamento liminar, sem audincia prvia, justifica-se devido ao fato de o requerido Jander Nunes Vidal, na condio de Prefeito Municipal, estar em contato direto com a mquina burocrtica da Administrao Municipal e j ter dado demonstraes mais do que suficientes da sua disposio para fraudar/falsificar documentos e montar esquemas fraudulentos como o que ora se descortina. O requerido Jander Nunes Vidal o superior hierrquico dos servidores que participaram do procedimento licitatrio fraudulento e se continuar frente do Executivo Municipal encontrar facilidade em forjar ou engendrar contraprovas e exercer seu poder para corromper e coagir testemunhas (servidores) que dependem de seus cargos como meio de vida. Tais servidores, ainda que no tenham praticados atos decisrios no procedimento licitatrio, sero importantes testemunhas na instruo processual.

Conforme j assinalado, faziam parte da comisso de licitao, na poca, dois servidores efetivos da Prefeitura Municipal de Maratazes, Domrio Marvila do Rosario e Ftima Ribeiro Cunha que, apesar de atualmente no mais exercerem cargos comissionados, ao menos no na comisso de licitao, continuam sendo servidores municipais e esto sob a hierarquia do requerido Jander Nunes Vidal que, se continuar frente do Executivo Municipal, utilizar sua influncia como forma de corromper e ameaar esses servidores que dependem de seus cargos como meio de vida e outras testemunhas.

O requerido j demonstrou saciedade sua disposio para fraudar documentos e montar esquemas fraudulentos como o que ora se descortina e, caso continue rente do executivo, testemunhas importantes para o cabal esclarecimento dos fatos se calaro mediante o temor de represlias.

Coincidentemente, na data de hoje esteve nesta Promotoria de Justia o servidor efetivo da Prefeitura Municipal de Maratazes, Marcelo Sonsim de Oliveira, o qual exerce o cargo de Fiscal Ambiental e o nico servidor efetivo lotado na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, relatando que decidiu pedir exonerao de seu cargo porque se sentiu constrangido e responsabilizado pela sociedade local por omisses e aes do Poder Pblico Municipal que sempre agiu com descaso para com os deveres e obrigaes dos servios e conservao ambientais. O Governo Municipal sempre se omitiu e dificultou o seu exerccio da funo competente ao cargo de fiscal, impedindo-o de usar o veculo para fiscalizao, no oferecendo equipamentos e ferramentas de trabalho e impedindo-o de fiscalizar e monitorar ocorrncias de danos ambientais.

Referido servidor procurou esta Promotoria indignado e com a finalidade de dar conhecimento sobre os desmandos e descaso que presenciou por parte da Prefeitura Municipal em sua rea de atuao. Narrou que passou a se sentir ameaado pela equipe designada pelo requerido Jander Nunes Vidal, sendo tratado com desrespeito a ponto de no suportar e pedir exonerao. Transcrevo trecho de depoimento onde os fatos so expostos:

... se sente ameaado pelo uso coercitivo de poder por parte da equipe designada pelo prefeito municipal. Equipe esta que ocupa todos os cargos da Secretaria de Meio Ambiente e que, entre aes inconvenientes e ofensivas a dignidade humana, fez com que o Fiscal Ambiental se sentisse tratado com desrespeito ao ponto de pedir demisso de seu cargo ... (doc. 18)O servidor efetivo em questo chegou ao ponto de se prejudicar, pedindo exonerao de seu cargo efetivo por se sentir ameaado e desrespeitado simplesmente porque queria exercer suas funes dignamente. Imagine a presso que sofrer um servidor potencial testemunha contra os requeridos e o prejuzo que isso acarretar para a instruo processual. As provas so concretas e evidentes.Assim, in casu, o afastamento do requerido Jander do comando do Executivo Municipal medida salutar a fim de que o agente pblico no venha a influir na apurao das irregularidades, mesmo porque tal afastamento no ir acarretar a suspenso de seus vencimentos, mas, to somente, tir-lo do contato com as provas que possam ser requisitadas por este Juzo da prpria Administrao Municipal e coibir a intimidao de testemunhas.

H que se ressaltar que, in casu, um crime de falsidade documental foi praticado e, certamente, o culpado pela prtica direta e imediata do falso aparecer com muito mais facilidade estando o requerido Jander Nunes Vidal afastado de suas funes. Tal fato gravssimo e ganha relevo com o envolvimento inegvel do chefe do poder executivo municipal nessa prtica delituosa, o qual, indevidamente, num pssimo exemplo, continua frente da administrao pblica municipal, dissimulando gerir os interesses dos muncipes enquanto, na verdade, vem causando prejuzos aos cofres pblicos ao tempo em que enriquece ilicitamente. Por outro lado, cumpre registrar que a liminar pleiteada tem como condo, ainda, resguardar a Administrao Pblica da continuidade de atos que importem em imoralidade, como vem acontecendo h anos. Visa a liminar estancar esses atos que causam leso aos mais altaneiros princpios constitucionais da administrao. Como bem anota Pazzaglini Filho em sua obra Improbidade Administrativa, Aspectos jurdicos da defesa do patrimnio pbico, o deferimento de medida liminar como cautela em ao civil pblica destinada a reparar os danos da improbidade administrativa ou reprimir o enriquecimento ilcito, justificada pela indispensabilidade de se garantir a efetividade dos princpios constitucionais da Administrao Pblica, por certo mais privilegiado que o direito individual que restringe (Improbidade Administrativa, Aspectos jurdicos da defesa do patrimnio Pblico. Pazzaglini Filho, Marino, et ali. So Paulo: Atlas, 1999, pp. 197).

Seja pela garantia de no se conspurcar as provas, seja para impedir que o agente pblico continue a causar danos morais e patrimoniais ao ente pblico que gere, que se torna imprescindvel tal medida. Nesse sentido, transcrevo aresto proferido pelo Colendo Superior Tribunal de Justia, verbis:MEDIDA CAUTELAR. EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO. ADMISSO EM RARA EXCEPCIONALIDADE. PREFEITO. DENNCIA. IMPROBIDADE. AFASTAMENTO DO CARGO. PROVIDNCIA QUE SE IMPE EM BENEFCIO DO ERRIO E DA MORALIDADE PBLICA.

- Constituindo os fatos irrogados ao Prefeito, crime em tese, e havendo possibilidade de, no exerccio do cargo, manipular documentos, pressionar testemunhas, dificultando a apurao dos fatos, e mais, com vistas a repetio da conduta reprovvel, impe-se decretar o afastamento temporrio do Prefeito at o trmino da instruo criminal e julgamento do mrito, motivadamente (art. 2, II, de Decreto-lei 201/67). "Fumus boni iuris" indemonstrado. - Agravo conhecido e desprovido. (AgRg na MC n 1411, rel. Min. Jos Arnaldo da Fonseca, DJ: 19/10/1998)Conforme demonstrado, desde que o Prefeito Municipal assumiu seu primeiro mandato vem montando esquemas e fraudando licitaes para se beneficiar e beneficiar terceiros, no se preocupando em bem administrar o Municpio, que enfrenta graves e srias carncias nas reas de sade, educao, sem contar os problemas ambientais e afetos Infncia e Juventude.

Para evitar todo esse mal, todo esse descaso com a coisa pblica, que se torna necessrio o seu afastamento, a fim de preservar a integridade da Administrao Municipal e de seus administrados e, acima de tudo, resguardar a instruo processual. Tem por escopo, portanto, a liminar na presente ao, assegurar a integridade do patrimnio pblico e da moralidade administrativa, bem como assegurar a instruo processual, a fim de que os poderes do chefe do Executivo municipal no tenham o condo de influir na produo das provas, resguardando a justia da futura sentena, o que somente ser possvel com seu afastamento do cargo, pelo menos at que se conclua a instruo processual.IV DOS PEDIDOSEstando comprovados os atos de improbidade administrativa que violaram princpios que regem a Administrao Pblica e causaram prejuzo ao errio, requer o Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo:

1. seja a presente autuada e processada na forma e no rito preconizado no art. 17 da Lei n 8.429/92;

2. seja dispensado o pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, vista do disposto no art. 18 da Lei n 7.347/85, aplicado subsidiariamente;

3. sejam confirmados os pedidos liminares;

4. sejam as intimaes do autor feitas pessoalmente, dado o disposto no artigo 236, 2, do Cdigo de Processo Civil e no art. 14 do Provimento n 14/99, de 08/03/99, da Corregedoria Geral da Justia do Estado do Esprito Santo, com a redao que lhe foi dada pelo Provimento n 15/99, de 14/04/99;

5. a intimao do Municpio de Maratazes, na pessoa de seu representante legal, para que, como litisconsorte facultativo, venha integrar a lide, j que, em tese, tem interesse no deslinde da causa e existe previso legal nesse sentido (art. 17, 3, da Lei n 8.429/92 e art. 6, 3, da Lei n 4.717/65);

6. sejam determinadas as notificaes dos requeridos para, querendo, oferecerem manifestaes por escrito, que podero ser instrudas com documentos e justificaes, dentro do prazo de quinze dias, na forma prevista no 7 do art. 17 da Lei n 8.429/92;

7. seja recebida a petio inicial, determinando-se as citaes dos requeridos para, querendo, contestarem o presente pedido, no prazo de quinze dias, sob pena de confisso e revelia, permitindo-se ao Oficial de Justia utilizar-se da exceo prevista no art. 172, 2, do Cdigo de Processo Civil;

8. seja, ao final, julgado procedente o presente pedido, para:

8.1. reconhecer a nulidade do contrato firmado com a empresa Damoney Comrcio e Transporte de Cargas Ltda. e condenar os requeridos pela prtica dos atos de improbidade administrativa previstos nos arts. 10, caput, e incisos V, VIII e XII e art. 11, caput, e inciso I da Lei n 8.429/92, aplicando-lhes as sanes civis alistadas no art. 12, incisos II e III do mesmo diploma legal;

9. a condenao dos requeridos no pagamento das custas processuais e eventuais honorrios de assistente tcnico e perito judicial;10. a produo de todas as provas admitidas em Direito, notadamente testemunhal e documental, depoimento pessoal dos requeridos, sob pena de confisso, realizao de percias e inspees judiciais.

D causa o valor de R$ 588.600,00 (quinhentos e oitenta e oito mil e seiscentos reais).Maratazes, 29 de maio de 2013.

Camila de Melo Baptista

Promotora de Justia Art.24. dispensvel a licitao:

(...)

IV-nos casos de emergncia ou de calamidade pblica, quando caracterizada urgncia de atendimento de situao que possa ocasionar prejuzo ou comprometer a segurana de pessoas, obras, servios, equipamentos e outros bens, pblicos ou particulares, e somente para os bens necessrios ao atendimento da situao emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e servios que possam ser concludas no prazo mximo de 180 (cento e oitenta)dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrncia da emergncia ou calamidade, vedada a prorrogao dos respectivos contratos.

Como exemplo, cito contratao que o Prefeito Jander Nunes Vidal firmou, sem licitao, no dia 02/01/2009, com posto de combustvel de propriedade de seu colaborador de campanha eleitoral, um ex-prefeito deste Municpio (Ananias Francisco Vieira), cujo objeto foi o abastecimento da frota municipal pelo perodo de 90 (noventa) dias. Tal contratao fraudulenta, que teve como ntido propsito o pagamento de dvida de campanha eleitoral, deu origem ao ajuizamento de Ao de Improbidade Administrativa no dia 27 de fevereiro de 2013 pelo Ministrio Pblico Estadual (Processo que tramita sob o n 069.11.003537-0), tendo sido deferida liminar por este juzo para decretar a indisponibilidade de bens dos requeridos, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), inclusive do requerido Jander Nunes Vidal.

Saliente-se que este no o nico contrato ilegal firmado pelo Municpio de Maratazes com a empresa Damoney Comrcio e Transportes de Cargas Ltda. que objeto de Ao de Improbidade Administrativa. Na presente data ajuizada, tambm, ao em que so rus o Prefeito Municipal Jander Nunes Vidal, a empresa ora requerida e seus scios, Adolfo Luiz Leite e Anna Carla da Silva Curvelo Leite, alm de outras pessoas, ao fundamentada no Procedimento de Licitao n 006/2010 (Prego Presencial n 004/2010), fraudado em conluio com a empresa do falecido Paulo Gontijo de Aguiar, acima citado (pessoa que junto com o requerido Adolfo Luiz Leite entregou a quantia de R$ 200.000,00 para ser repassada para o Prefeito Municipal, ora requerido).

Ainda, na data de hoje, tambm ajuizada pelo Ministrio Pblico Estadual Ao de Improbidade Administrativa decorrente do Processo Licitatrio n 16/2009 (Carta Convite n 01/2009), em que foi contratada pelo Municpio de Maratazes a empresa Suely Teixeira Neto, coincidentemente tambm situada no Municpio de Maca-RJ, para fornecer merenda escolar pelo perodo de 30 dias (05/02/2009 a 05/03/2009), no valor de R$ 75.990,25, sendo convidadas, de fachada outras duas empresas para participarem do certame, sendo elas ARBC Atacadista Ltda. e Pro Oeste Med Produtos Mdicos Hospitalares Ltda., ambas com sede no Estado do Rio de Janeiro e de propriedade de pessoas da mesma famlia.

JUSTEN FILHO, Maral. Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos. 11. Ed. So Paulo: Dialtica, 2005, p. 238.

No por outro motivo que estabelece o pargrafo nico, incisos I, II e III do art. 26 da Lei n 8.666/93, que os processos de dispensa de licitao devem ser instrudos com justificativa sobre urgncia, a escolha do fornecedor do servio e justificativa do preo.

Existe Termo de Ajustamento de Conduta celebrado h mais de quatro anos com o Municpio de Maratazes visando a estruturao e aparelhamento adequado dos pronto atendimentos e Unidades de Sade, no cumprido at a presente data. Pior do que isso, desde anteontem (27/05/2013) h uma equipe do Centro de Apoio do Meio Ambiente do Ministrio Pblico que est aqui no Municpio vistoriando tais unidades de sade a pedido desta Promotoria e, na data de hoje, me foi dito informalmente que a situao no Municpio catica e que as unidades de sade no tm a menor condio de estarem sequer em funcionamento. Relataram os profissionais que os mdicos no cumprem a carga horria, sendo os enfermeiros que fazem todo tipo de atendimento, inclusive prescrio de medicao. Ainda, relataram que a higienizao feita apenas uma vez por semana, o que faz com que tais unidades de sade sejam verdadeiros locais de proliferao de bactrias e contgio de todo tipo de doenas, sem contar a precariedade da estrutura fsica e ausncia dos medicamentos e materiais mais bsicos, inclusive para se fazer um simples curativo. Tais fatos, resultado do trabalho que se encerrar hoje (29/05/2013), sero formalmente relatados e encaminhados a este rgo para a tomada das providncias cabveis.

Verifica-se atravs de matria veiculada no jornal A Gazeta do dia 03 de abril de 2013 a precariedade e descaso com a Educao neste Municpio doc. 15.

Neste ano j foram ajuizadas 6 Aes Civis Pblicas contra o Municpio para obrig-lo a exercer seu dever de polcia na proteo ao meio ambiente (invaso de reas de APP em lagoas e despejo de dejetos de pescados nas margens das lagoas e do rio Itapemirim). Alm disso, a populao local sofre reiteradamente, h mais de sete anos, com frequentes queimadas e forte odor no conhecido lixo de Jacarand doc. 16. Enquanto toda essa situao de descaso ocorre com relao s polticas pblicas essenciais, foi gasta a vultosa quantia de R$ 8.253.246,96 (oito milhes, duzentos e cinquenta e trs mil, duzentos e quarenta e seis reais e noventa e seis centavos) nos ltimos trs anos com a contratao de shows musicais, muitas delas realizadas com fraude no procedimento licitatrio doc. 17.

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