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DIREITO CONSTITUCIONAL 19
Direito Constitucional
Paulo Lpore
01.2. No neoconstitucionalismo, passou-se da supre-macia da lei supremacia da Constituio, com nfase na fora normativa do texto constitucional e na concre-tizao das normas constitucionais.
|COMENTRIOS|.`
Certo. O neoconstitucionalismo prega a importn-cia destacada da moral e dos valores sociais, garanti-dos predominantemente por meio de princpios. No se conforma com as normas programticas e as cons-tituies dirigentes, afirmando que as Constituies devem ser dotadas de fora normativa. Para conferir normatividade Constituio, destaca o Poder Judici-rio como garantidor, colocando a atividade legislativa em segundo plano. Em resumo: trabalha com a ideia de extrao da mxima efetividade do Texto Constitucio-nal, pois a Constituio deve ocupar o centro do sistema jurdico.
02. (Cespe - Advogado da Unio - 2015) Julgue o item a seguir, relativo a normas constitucionais, hermenu-tica constitucional e poder constituinte.
O prembulo da CF no pode servir de parmetro para o controle de constitucionalidade, ao passo que as normas que compem o Ato das Disposies Cons-titucionais Transitrias, ainda que tenham sua eficcia exaurida, podem ser usadas como paradigma de con-trole em razo de sua natureza de norma constitucional.
|COMENTRIOS|.`
Errado. Realmente o prembulo da CF no pode servir de parmetro para o controle de constituciona-lidade, pois figura apenas como mero vetor interpreta-tivo. Essa a posio do STF, que se filia Tese da Irre-levncia Jurdica, afastando-se da Tese da Plena Eficcia (que defende ter o Prembulo a mesma eficcia das normas que consta da parte articulada da CF) e da Tese da Relevncia Jurdica Indireta (para a qual o Prembulo parte da Constituio, mas no dotado das mesmas caractersticas normativas da parte articulada). Por
QUESTES1. CONSTITUIO. CONCEITO. CLAS-SIFICAO. APLICABILIDADE E IN-TERPRETAO DAS NORMAS CONS-TITUCIONAIS. SUPREMACIA DA CONSTITUIO
01. (Cespe - Advogado da Unio - 2015) Com relao a constitucionalismo, classificao e histrico das Cons-tituies brasileiras, julgue o item que se segue.
01.1. Constituies promulgadas a exemplo das Constituies brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988 originam-se de um rgo constituinte composto de representantes do povo que so eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, ao passo que Constituies outorgadas a exemplo das Constituies brasileiras de 1824, 1937 e 1967 so impostas de forma unilateral, sem que haja participao do povo.
|COMENTRIOS|.`
Nota do autor: para facilitar a memorizao acerca de quais constituies brasileiras so outorgadas e quais so promulgadas, lembrem-se que so promul-gadas a de 1891 e as restantes pares. So outorgadas a de 1824 e as restantes mpares.
Certo. Constituio promulgada, democrtica ou popular aquela elaborada por legtimos represen-tantes do povo, normalmente organizados em torno de uma Assembleia Constituinte. Foram constituies promulgadas no Brasil as de 1891, 1934, 1946 e 1988. J constituio outorgada aquela elaborada sem a pre-sena de legtimos representantes do povo, imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitrio, no democrtico. No Brasil, tivemos constituies outorgadas em 1824, 1937 e 1967.
20 PAULO LPORE
outro lado, as normas que compem o ADCT podem ser usadas como paradigma de controle, salvo se j tiverem sua eficcia exaurida, pois, uma vez cumprida sua fun-o no ordenamento, no mais se prestam como nor-mas de paradigma de controle.
03. (Cespe Analista Judicirio rea Judiciria TJ CE/2014) Acerca de princpios fundamentais, direitos e garantias fundamentais e aplicabilidade das normas constitucionais, assinale a opo correta. Nesse sentido, considere que a sigla CF, sempre que empregada, se refere Constituio Federal de 1988.
a) O princpio constitucional do direito de acesso informao veda o sigilo da fonte, ainda que se ale-guem motivos profissionais.
b) O repdio prtica do racismo configura um dos princpios que norteia a Repblica Federativa do Brasil em suas relaes internacionais. Essa prtica constitui crime inafianvel e imprescritvel, e o referido princpio considerado norma constitucio-nal de eficcia contida.
c) As normas programticas, que veiculam princpios a serem cumpridos pelo Estado, podem ser exem-plificadas, entre outras, pela previso constitucio-nal de proteo ao mercado de trabalho da mulher mediante incentivos especficos.
d) Os fundamentos da Repblica Federativa do Bra-sil incluem, entre outros, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo poltico e a construo de uma sociedade livre, justa e solidria.
e) Segundo a CF, a casa asilo inviolvel do indivduo, razo por que ningum, independentemente da circunstncia, poder nela ingressar sem o consen-timento do morador.
|COMENTRIOS|.`
Nota do autor: os artigos 1 ao 5, da CF, pos-suem grande incidncia em concursos pblicos. Do mesmo modo, a classificao das normas constitucio-nais quanto eficcia, adotada por Jos Afonso da Silva, matria recorrente. A questo em tela mescla os dois temas.
Alternativa correta: c: as normas constitucio-nais, segundo classificao dada por Jos Afonso da Silva, podem ser, no que tange eficcia, plenas, con-tidas e limitadas. As normas de eficcia plena so dotadas de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessitam de lei infraconstitucional para tor-n-las aplicveis e nem admitem lei infraconstitucional que lhes restrinja o contedo. Em outras palavras: elas trazem todo o contedo necessrio para a sua materia-lizao prtica. So entendidas como de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessitam de lei infraconstitucional. Exemplo: Braslia a Capital Federal (art. 18, 1, da CF). As normas de eficcia contida ou
restringvel so aquelas que tm aplicabilidade direta, imediata, mas no integral, pois admitem que seu con-tedo seja restringido por norma infraconstitucional, o que ocorre, por exemplo, com o enunciado que garante o livre exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profis-so, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer (art. 5, XIII, da CF). Para ilustrar: a funo de advogado, somente pode ser exercida atendida a qualificao profissional de ser bacharel em direito, aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Bra-sil (art. 8, IV, da Lei 8.906/94). J as normas de eficcia limitada so aquelas que possuem aplicabilidade indi-reta, mediata e reduzida (no direta, no imediata e no integral), pois exigem norma infraconstitucional para que se materializem na prtica. Elas podem ser de prin-cpio programtico ou princpio institutivo. As normas de eficcia limitada de princpio programtico (tam-bm referidas apenas como normas programticas) so aquelas que no regulam diretamente interesses ou direitos nelas consagrados, mas se limitam a traar alguns preceitos a serem cumpridos pelo Poder Pblico, como programas das respectivas atividades, preten-dendo unicamente a consecuo dos fins sociais pelo Estado. Podem-se citar como exemplos os objetivos da Repblica Federativa do Brasil (art. 3, da CF), e a deter-minao de organizao de um regime de colaborao dos sistemas de ensino dos Entes da Federao (art. 211, da CF). J as normas de eficcia limitada de princpio institutivo so aquelas responsveis pela estruturao do Estado como, por exemplo, a norma segundo a qual os Territrios Federais integram a Unio, e sua criao, transformao em Estado ou reintegrao ao Estado de origem sero reguladas em lei complementar (art. 18, 2, da CF). Portanto, as normas programticas, que veiculam princpios a serem cumpridos pelo Estado, podem ser exemplificadas, entre outras, pela previ-so constitucional de proteo ao mercado de tra-balho da mulher mediante incentivos especficos.
Alternativa a: o princpio constitucional do direito de acesso informao no veda o sigilo da fonte, quando alegados por motivos profissionais. Con-forme consta da redao do artigo 5, XIV, da CF, asse-gurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profis-sional. Ou seja, o sigilo da fonte, em casos que neces-srios ao desempenho do exerccio profissional, ser resguardado.
Alternativa b: em primeiro lugar, de acordo com a previso estabelecida pelo artigo 4 da CF, a Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-es internacionais pelos seguintes princpios: I inde-pendncia nacional; II prevalncia dos direitos huma-nos; III autodeterminao dos povos; IV no-inter-veno; V igualdade entre os Estados; VI defesa da paz; VII soluo pacfica dos conflitos; VIII repdio ao terrorismo e ao racismo; IX cooperao entre os povos para o progresso da humanidade; X conces-so de asilo poltico. Outrossim, o artigo 5, XLII, da CF,
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estabelece que a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de reclu-so, nos termos da lei. Por isso, o repdio prtica do racismo configura um dos princpios que norteiam a Repblica Federativa do Brasil em suas relaes inter-nacionais (art. 4, VIII, da CF). Essa prtica constitui crime inafianvel e imprescritvel (art. 5, XLII), e o referido princpio considerado norma constitucional de eficcia plena (e no contida), vez que so aquelas dotadas de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessitam de lei infraconstitucional para torn-las aplicveis e nem admitem lei infraconstitu-cional que lhes restrinja o contedo. Ao estabelecer que a prtica de racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, j fica evidente a possibilidade de sua imediata aplicao, como forma de repdio ao racismo. Noutro giro, vale destaque o fato de o 1, do artigo 5, da CF, estabelecer que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata. Por fim, insta explanar as classificaes das normas constitucionais quanto sua eficcia, proposta por Jos Afonso da Silva, segundo o qual, as normas podem ser plenas, contidas e limitadas. Normas de eficcia plena so aquelas dotadas de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessitam de lei infraconstitucional para torn-las aplicveis e nem admitem lei infraconstitucional que lhes restrinja o contedo. Em outras palavras: elas trazem todo o con-tedo necessrio para a sua materializao prtica. So entendidas como de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessitam de lei infraconstitucio-nal; normas de eficcia contida ou restringvel so aquelas que tm aplicabilidade direta, imediata, mas no integral, pois admitem que seu contedo seja restringido por norma infraconstitucional; normas de eficcia limitada so aquelas que possuem aplicabili-dade indireta, mediata e reduzida (no direta, no ime-diata e no integral), pois exigem norma infraconstitu-cional para que se materializem na prtica. Elas podem ser de princpio programtico ou princpio institutivo.
Alternativa d: so fundamentos da Repblica Federativa do Brasil, estabelecidos pelo artigo 1 da CF: I a soberania; II a cidadania; III a dignidade da pessoa humana; IV os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V o pluralismo poltico. No entanto, construir uma sociedade livre, justa e solidria, con-forme artigo 3, I, da CF, constitui um dos objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil (e no fundamento).
Alternativa e: segundo a CF (artigo 5, XI, da CF), a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por deter-minao judicial. Portanto, h circunstncias permis-sivas.
04. (Cespe Procurador do MP junto ao TCE--PB/2014) Acerca de constituio, poder constituinte e princpios fundamentais, assinale a opo correta com base na jurisprudncia do STF.
a) A norma que prev a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos que tenham mais de sessenta e cinco anos de idade possui eficcia plena e aplica-bilidade imediata.
b) Caso uma lei anterior CF seja com ela incompa-tvel, poder ser recepcionada pela nova ordem, desde que, na poca em que ela foi editada, fosse compatvel com a Constituio ento vigente.
c) A vedao emenda da CF durante os estados de defesa e de stio constitui uma limitao temporal ao poder constituinte derivado reformador.
d) A Repblica Federativa do Brasil constitui-se em estado democrtico de direito e tem como funda-mentos a soberania, a cidadania e a construo de uma sociedade livre, justa e solidria.
e) As constituies promulgadas so aquelas impos-tas pelo agente revolucionrio, sem a participao do povo.
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Nota do autor: dentre as alternativas, temos uma que aborda a classificao das normas constitucionais quanto eficcia, apontada por Jos Afonso da Silva. Dessa forma, imperioso que o candidato conhea a classificao e a entenda, j que bastante comum que a questo aponte determinado dispositivo, exigindo que se faa a devida classificao. Ainda, aborda temas rela-cionados aos limites do Poder Constituinte Derivado e os fundamentos da Repblica Federativa do Brasil, bas-tante abordados por provas de concursos.
Alternativa correta: a: a norma que prev a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos que tenham mais de sessenta e cinco anos de idade pos-sui eficcia plena e aplicabilidade imediata. Ela no exige nenhuma lei infraconstitucional para que pro-duza seus efeitos, tampouco admite que uma norma venha restringir sua abrangncia. O posicionamento adotado pelo Supremo no outro, valendo destaca--lo: O art. 39 da Lei n 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) apenas repete o que dispe o 2 do art. 230 da Cons-tituio do Brasil. A norma constitucional de eficcia plena e aplicabilidade imediata, pelo que no h eiva de invalidade jurdica na norma legal que repete os seus termos e determina que se concretize o quanto cons-titucionalmente disposto (STF. ADI 3769, julgado em 2007 e relatado pela Ministra Crmen Lcia).
Alternativa b: a recepo consiste no fenmeno em que normas pertencentes a uma ordem jurdica anterior so recebidas e consideradas vlidas por uma nova ordem constitucional, porque seus contedos so materialmente compatveis. Quando do surgimento
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DICAS (RESUMO)1. CONSTITUCIONALISMO. CONSTITUIO. CONCEITO. CLASSIFICAO. APLI-CABILIDADE E INTERPRETAO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. SUPREMA-CIA DA CONSTITUIO
Constitucionalismo: movimento evolutivo de criao das Constituies.
Constitucionalismo Primitivo (aproximadamente de 30.000 a. C. at 1.000 a. c): na antiguidade clssica, os lideres das famlias ditavam e resguardavam as regras supremas para o convvio social. Segundo Karl Loe-westein, o povo hebreu, teve grande destaque no movimento constitucionalista desse perodo, notadamente por reconhecer que os valores garantidos pelos primeiros textos bblicos no podiam ser violados por ningum (Teoria de La Constitucin. Barcelona: Ariel, 1986, p. 154-157).
Constitucionalismo Antigo (aproximadamente de 1.000 a.c. ao Sc. V d.c.): os Parlamentos e Monarcas formulavam as normas de convvio social, e j existia uma exortao aos direitos fundamentais dos indivduos. Entretanto, o constitucionalismo tinha pouco efetividade, pois os Monarcas no cumpriam as garantias dispos-tas nos direitos fundamentais.
Constitucionalismo Medieval (Sc. V a XVIII): surgimento de documentos que limitavam os poderes dos Monarcas e garantiam liberdades pblicas aos cidados, a exemplo da Magna Charta de 1215, no Reino Unido. Tambm desta poca o que se denomina constitucionalismo whig ou termidoriano, que caracteriza a evo-luo lenta e gradual do movimento constitucionalista, e que se materializou com a ascenso de Guilherme de Oranges e do partido whig no Reino Unido, no final do sculo XVII, tambm marcado pela edio da Bill of Rights (1689).
Constitucionalismo Moderno (Sc. XVIII a Sc. XX): materializao e afirmao das Constituies Formais Liberais, que representavam garantias srias de limitao dos Poderes Soberanos, e eram dotadas de legitimi-dade democrtica popular. Desenvolveu-se partir das revolues liberais (Revoluo Francesa e Revoluo das 13 Colnias Estadunidenses). Representou o incio do garantismo e o surgimento das primeiras Constituies dirigentes.
Constitucionalismo Contemporneo (Sc. XX a Sc. XXI): caracteriza-se pela consolidao da existncia de Constituies garantistas, calcadas na defesa dos direitos fundamentais igualitrios, sociais e solidrios. As dis-posies constantes nas Constituies tm reafirmada sua fora normativa destacada em relao s prescries de outras fontes jurdicas (leis e atos estatais). Esse perodo marcado pelas constituies dirigentes, que pres-crevem programas a serem implementados pelos Estados, normalmente por meio de normas programticas. Vale destacar que esse perodo acabou manchado por algumas constituies criadas apenas para justificar o exerccio de um Poder no democrtico, a exemplo da Carta Polaca de 1937, que sustentou a Era Vargas no Brasil, e que faz parte do que se denomina constitucionalismo semntico, uma vez que se busca extrair da Constitui-o apenas os significados que possam reconhecer a tomada e manuteno de Poder por regimes autoritrios.
Neoconstitucionalismo (Sc. XX e Sc. XXI): como um aprimoramento do Constitucionalismo Contem-porneo, prega a importncia destacada da moral e dos valores sociais, garantidos predominantemente por meio de princpios. No se conforma com as normas programticas e as constituies dirigentes, afir-mando que as Constituies devem ser dotadas de fora normativa. Para conferir normatividade Consti-tuio, destaca o Poder Judicirio como garantidor, colocando a atividade legislativa em segundo plano. Em resumo: trabalha com a ideia de extrao da mxima efetividade do Texto Constitucional, pois a Cons-tituio deve ocupar o centro do sistema jurdico.
Segundo Ana Paula de Barcellos (Neoconstitucionalismo, Direitos Fundamentais e Polticas Pblicas, disponvel em www.mundojuridico.adv.br), o Neoconstitucionalismo tem as seguintes caractersticas:
1) Do ponto de vista metodolgico-formal:
a) Normatividade da Constituio: todas as disposies constitucionais so normas jurdicas;
b) Superioridade da Constituio sobre o restante da ordem jurdica: o que se d por meio de constituies rgidas;
c) Centralidade da Constituio nos sistemas jurdicos: os demais ramos do Direitos devem ser compreendidos e interpretados a partir do que dispe a Constituio.
156 PAULO LPORE
2) Do ponto de vista material:
a) Incorporao explcita de valores e opes polticas nos textos constitucionais, sobretudo no que diz respeito promoo da dignidade humana e dos direitos fundamentais;
b) Expanso de conflitos especficos e gerais entre as opes normativas e filosficas existentes dentro do pr-prio sistema constitucional: envolve as colises reais e aparentes entre regras e princpios (conflitos espec-ficos) e o papel da Constituio (conflito geral). Esse conflito geral sobre o papel da constituio divide os autores em duas correntes.
Correntes sobre o papel da Constituio no Neoconstitucionalismo, segundo Ana Paula de Barcellos:
a) Percepo/Viso Substancialista: cabe Constituio impor ao cenrio poltico um conjunto de decises valora-tivas que se consideram essenciais e consensuais.
b) Percepo/Viso Procedimentalista: cabe Constituio apenas garantir o funcionamento adequado do sistema de participao democrtico, ficando a cargo da maioria, em cada momento histrico, a definio de seus valo-res e de suas polticas.
Concepes de Constituio
Constituio Sociolgica (Ferdinand Lassalle 1862): aquela que deve traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada nao, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que no corresponda Constituio real.
Constituio Poltica (Carl Schmitt 1928): aquela que decorre de uma deciso poltica fundamental, e se traduz na estrutura do Estado e dos Poderes, e na presena de um rol de direitos fundamentais. As normas que no traduzirem a deciso poltica fundamental no sero constituio propriamente dita, mas meras leis constitucionais.
Constituio Material: o arcabouo de normas que tratam da organizao do poder, da forma de governo, da distribuio da competncia, dos direitos da pessoa humana, considerados os sociais e individuais, do exerccio da autoridade, ou seja, trata da composio e do funcionamento da ordem poltica. Tem relao umbilical com a Constituio Poltica de Carl Schimitt.
Constituio Jurdica (Hans Kelsen 1934): aquela que se constitui em norma hipottica fundamental pura, que traz fundamento transcendental para sua prpria existncia (sentido lgico-jurdico), e que, por se constituir no conjunto de normas com mais alto grau de validade, deve servir de pressuposto para a criao das demais normas que compem o ordenamento jurdico (sentido jurdico-positivo).
Constituio Culturalista (Michele Ainis 1986): aquele que representa o fato cultural, ou seja, que disciplina as relaes e direitos fundamentais pertinentes cultura, tais como a educao, o desporto, e a cultura em sen-tido estrito.
Constituio Aberta (Peter Haberle 1975): aquela interpretada por todo o povo em qualquer espao, e no apenas pelos juristas, no bojo dos processos.
Constituio Pluralista (Gustavo Zagrebelsky): no nem um mandato nem um contrato. aquela dotada de princpios universais, segundo as pretenses acordadas pelas partes. Caracteriza-se pela capacidade de ofe-recer respostas adequadas ao nosso tempo ou, mais precisamente, da capacidade da cincia constitucional de buscar e encontrar essas respostas na constituio.
Classificao das Constituies:
I. Quanto Origem
1) Democrtica ou Promulgada ou Popular: elaborada por legtimos representantes do povo, normalmente orga-nizados em torno de uma Assemblia Constituinte.
2) Outorgada: aquela elaborada sem a presena de legtimos representantes do povo, imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitrio, no democrtico.
3) Constituio Cesarista, Bonapartista, Plebiscitria ou Referendria: aquela criada por um ditador ou imperador e posteriormente submetida aprovao popular por plebiscito ou referendo.
4) Heteroconstituio (ou Constituio Dada): aquela criada fora do Estado em que ir vigorar. Ex: Constituio do Chipre (procedente dos acordos de Zurique, de 1960, entre a Gr-Bretanha, a Grcia e a Turquia).
II. Quanto ao Contedo:
DIREITO CONSTITUCIONAL 157
1) Formal: compe-se do que consta em documento solene que tem posio hierrquica de destaque no ordena-mento jurdico.
2) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de Estado, organizaes dos Poderes e direitos fun-damentais. Portanto, suas normas so aquelas essencialmente constitucionais, mas que podem ser escritas ou costumeiras, pois a forma tem importncia secundria.
III. Quanto Forma:
1) Escrita/Instrumental: formada por um texto.
1.1) Escrita Legal (Paulo Bonavides): formada por texto oriundo de documentos esparsos ou fragmentados.
1.2) Escrita Codificada (Paulo Bonavides):formada por texto inscrito em documento nico.
2) No Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurisprudncia predominante e at mesmo por documentos escritos (por mais contraditrio que possa parecer). Como esclarece Dirley da Cunha Jnior, no existe Consti-tuio inteiramente no-escrita ou costumeira, pois sempre haver normas escritas compondo o seu contedo. A Constituio inglesa, por exemplo, compreende importantes textos escritos, mas esparsos no tempo e no espao, como a Magna Carta (1251), o Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act (1679), o Bill of Rights (1689), entre outros (Direito Constitucional. 6 ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 120).
IV. Quanto Estabilidade:
1) Imutvel: no prev qualquer processo para sua alterao.
2) Fixa: s pode ser alterao pelo Poder Constituinte Originrio, circunstncia que implica, no em alterao, mas em elaborao, propriamente, de uma nova ordem constitucional (CUNHA JNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6 ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 122-123)
3) Rgida: aquela em que o processo para a alterao de qualquer de suas normas mais difcil do que o utilizado para criar leis.
Vale ressaltar que alguns autores falam em Constituio super-rgida, como aquela em que alm de o seu pro-cesso de alterao ser mais difcil do que o utilizado para criar leis, dispe ainda de uma parte imutvel (clusulas ptreas).
4) Flexvel: aquela em que o processo para sua alterao igual ao utilizado para criar leis.
5) Semi-rgida ou semiflexvel: aquela dotada de parte rgida (em que somente pode ser alterada por processo mais difcil do que o utilizado para criar leis), e parte flexvel (em que pode ser alterada pelo mesmo processo utilizado para criar leis).
V. Quanto Extenso:
1) Sinttica: a Constituio que regulamenta apenas os princpios bsicos de um Estado.
2) Analtica ou prolixa: a Constituio que vai alm dos princpios bsicos, detalhando tambm outros assuntos.
VI. Quanto Finalidade:
1) Garantia: contm proteo especial s liberdades pblicas.
2) Dirigente: confere ateno especial implementao de programas pelo Estado.
VII. Quanto ao Modo de Elaborao:
1) Dogmtica: sistematizada a partir de ideias fundamentais
2) Histrica: de elaborao lenta, pois se materializa partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.
VIII. Quanto Ideologia:
1) Ortodoxa: forjada sob a tica de somente uma ideologia.
2) Ecltica: fundada em valores plurais.
IX. Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein):
1) Normativa: dotada de valor jurdico legtimo
2) Nominal: sem valor jurdico, apenas social
3) Semntica: tem importncia jurdica, mas no valorao legtima, pois criada apenas para justificar o exerccio de um Poder no democrtico. So meros simulacros de Constituio.
Mximas quanto s Classificaes das Constituies
158 PAULO LPORE
Toda Constituio rgida escrita, pois no h rigidez em uma Constituio No Escrita ou Costumeira.
Toda Constituio costumeira , ao menos conceitualmente, flexvel, pois seu processo de alterao no se dife-rencia do que se utiliza para a alterao de qualquer outra norma que discipline o convvio social.
Nem toda Constituio escrita rgida, pois a Constituio formada por um texto pode ser imutvel, fixa, rgida, flexvel, ou semiflexvel.
Uma Constituio pode ter partes rgidas e partes flexveis, e nesse caso ser denominada de semi-rgida ou semiflexvel.
CLASSIFICAO DA CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
1. Democrtica ou Promulgada ou Popular
Elaborada por legtimos representantes do povo
2. Formal Documento solene
3. Escrita ou Instrumental Texto nico
4. Rgida ou Super-rgidaRgida: seu processo de alterao mais difcil do que o utilizado para criar leis; Super-rgida: alm de o seu processo de alterao ser mais difcil do que o utilizado para criar leis, ela tem uma parte imutvel (clusulas ptreas)
5. Analtica Vai alm dos princpios bsicos, trazendo detalhamento tambm de outros assuntos
6. Dirigente Confere ateno especial implementao de programas pelo Estado
7. Dogmtica Sistematizada a partir de ideias fundamentais
8. Ecltica Fundada em valores plurais
9. Normativa Tem valor jurdico legtimo (no apenas social)
Elementos das Constituies (Jos Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 6 ed. So Paulo: Malheiros, 1990, p. 43-44)
Elementos Orgnicos: regulam a estrutura do Estado e do Poder
Elementos Limitativos: referem-se aos direitos fundamentais, que limitam a atuao do Estado, protegendo o povo.
Elementos Scio-ideolgicos: revelam o compromisso do Estado em equilibrar os ideais liberais e sociais ao longo do Texto Constitucional.
Elementos de Estabilizao Constitucional: asseguram a soluo de conflitos institucionais entre Poderes, e tambm protegem a integridade do Estado e da prpria Constituio.
Elementos Formais de Aplicabilidade: referem-se s regras de interpretao e aplicao da Constituio, a exemplo do prembulo, do ADCT, e a aplicabilidade imediata dos direitos e garantias fundamentais.
Bloco de Constitucionalidade
O bloco de constitucionalidade (ideia de Louis Favoreu, mas desenvolvida por Canotilho e consagrada nas ADIs 595 e 514, pelo Ministro Celso de Mello) consiste no conjunto de normas materialmente constitucionais, que at servem de paradigma para controle de constitucionalidade, mas que, no necessariamente, integram formal-mente a Constituio, a exemplo dos tratados internacionais de direitos humanos aprovados de acordo com o regramento do art. 5, 3, da CF.
Convenes Constitucionais: (...) consistem em acordos, implcitos ou explcitos, entre as vrias foras pol-ticas, sobre o comportamento a adoptar para se dar execuo ou actuao a determinadas normas constitu-cionais, legislativas ou regimentais. Esses acordos no necessariamente criam normas solenes, mas tem fora material, apresentando-se como verdadeiras limitaes aos poderes constitudos. (Direito constitucional e teoria da Constituio. Coimbra: Almedina, 2007).
Normas, Postulados Normativos, Princpio e Regras
Normas Jurdicas de Primeiro Grau (Princpios e Regras): os Princpios so mandados de otimizao que impem a promoo de um fim, na maior medida possvel, com abstrao e generalidade, enquanto as Regras prescrevem comportamentos imediatos, de modo mais completo e preciso.
DIREITO CONSTITUCIONAL 159
Normas Jurdicas de Segundo Grau/Postulados Normativos (Humberto vila): situam-se num plano dis-tinto daquele das normas cuja aplicao estruturam. A violao deles consiste na no interpretao de acordo com sua estruturao. No impem a promoo de um fim, mas, em vez disso, estruturam a aplicao do dever de promover um fim. No prescrevem imediatamente comportamentos, mas modos de raciocnio e de argu-mentao relativamente a normas que indiretamente prescrevem comportamentos.
Coliso de Direitos Fundamentais: a coliso ocorrida em mbito constitucional, no pode ser considerada na mesma perspectiva do conflito entre leis ordinrias, (tambm chamadas de regras), ou seja, como um conflito aparente de normas para cuja soluo seriam utilizados os critrios cronolgico, hierrquico ou da especiali-dade, na forma do tudo ou nada (all or nothing), em que s se aplica um documento normativo daqueles que aparentemente conflitavam. Essa soluo inaplicvel aos princpios, que no se sujeitam a esses critrios apontados pela doutrina, tampouco podem ser afastados um em razo de outro. Assim, em toda coliso de princpios deve ser respeitado o ncleo intangvel dos direitos fundamentais concorrentes, mas sempre se deve chegar a uma posio em que um prepondere sobre outro (mas, sem elimin-lo). A coliso deve ser resolvida por concordncia prtica (Konrad Hesse), com aplicao do princpio da proporcionalidade (tradio alem) ou pela dimenso de peso e importncia (Ronald Dworkin), com aplicao do princpio da razoabilidade (tradio norte-americana).
Classificao das Normas Constitucionais quanto Eficcia
No que tange eficcia, segundo classificao de Jos Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser: plenas, contidas e limitadas.
Normas de eficcia plena so aquelas dotadas de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessi-tam de lei infraconstitucional para torn-las aplicveis e nem admitem lei infraconstitucional que lhes restrinja o contedo. Em outras palavras: elas trazem todo o contedo necessrio para a sua materializao prtica. So entendidas como de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois no necessitam de lei infraconstitucional. Exemplo: Braslia a Capital Federal (art. 18, 1, da CF).
Normas de eficcia contida ou restringvel so aquelas que tm aplicabilidade direta, imediata, mas no inte-gral, pois admitem que seu contedo seja restringido por norma infraconstitucional, o que ocorre, por exemplo, com o enunciado que garante o livre exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualifica-es profissionais que a lei estabelecer (art. 5, XIII, da CF). Para ilustrar: a funo de advogado, somente pode ser exercida atendida a qualificao profissional de ser bacharel em direito, aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 8, IV, da Lei 8.906/94).
Normas de eficcia limitada so aquelas que possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida (no direta, no imediata e no integral), pois exigem norma infraconstitucional para que se materializem na prtica. Entre-tanto, apesar de no se realizarem sozinhas na prtica, elas so dotadas de eficcia jurdica, pois revogam as leis anteriores com elas incompatveis; vinculam o legislador, de forma permanente, sua realizao; condicionam a atuao da administrao pblica e informam a interpretao e aplicao da lei pelo Poder Judicirio. Elas podem ser de princpio programtico ou princpio institutivo.
As normas de eficcia limitada de princpio programtico (tambm referidas apenas como normas progra-mticas) so aquelas que no regulam diretamente interesses ou direitos nelas con sagrados, mas se limitam a traar alguns preceitos a serem cumpridos pelo Poder Pblico, como programas das respectivas atividades, pre-tendendo unicamente a consecuo dos fins sociais pelo Estado. Podem-se citar como exemplos os objetivos da Repblica Federativa do Brasil (art. 3, da CF), e a determinao de organizao de um regime de colaborao dos sistemas de ensino dos Entes da Federao (art. 211, da CF).
J as normas de eficcia limitada de princpio institutivo so aquelas responsveis pela estruturao do Estado como, por exemplo, a norma segundo a qual os Territrios Federais integram a Unio, e sua criao, transformao em Estado ou reintegrao ao Estado de origem sero reguladas em lei complementar (art. 18, 2, da CF).
CLASSIFICAO DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS QUANTO EFICCIA
1. Eficcia Plena
2. Eficcia Contida
3. Eficcia Limitadaa) Princpio Programtico (Programticas)
b) Princpio Institutivo
Mtodos de Interpretao Constitucional
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Mtodo Jurdico ou Hermenutico Clssico (Ernest Forsthoff): parte de uma Tese da Identidade que existiria entre a Constituio e as demais leis, ou seja, se a constituio uma lei, no h porque ter mtodo especfico para interpret-la. Ele se vale basicamente dos seguintes elementos: a) gentico (origem do ato); b) gramatical ou filolgico (anlise textual e literal); c) histrico (momento e contexto de criao do ato); d) lgico (no contra-dio); e) sistemtico (anlise do todo ou conjunto); f) teleolgico (finalidade social do ato).
Mtodo Cientfico-espiritual, Valorativo ou Sociolgico (Rudolf Smend): tem como norte o esprito cons-titucional, ou seja, valores consagrados nas normas constitucionais. Alm dos valores, levam-se em conta tam-bm outros fatores extraconstitucionais, como a realidade social e cultural do povo, exigindo-se uma interpreta-o elstica do texto constitucional, alando a Constituio a instrumento de integrao e soluo de conflitos em busca da construo e da preservao da unidade social.
Mtodo Tpico-problemtico (Theodor Viehweg): atua sobre as aporias (aporia: dificuldade de escolher entre duas opinies contrrias e igualmente racionais sobre um dado problema). Topos que no plural so os topoi representam formas de pensamento, raciocnio, argumentao, pontos de vista ou lugares comuns. Os topoi so retirados da jurisprudncia, da doutrina, dos princpios gerais de direito e at mesmo do senso comum. Trata-se de uma teoria de argumentao jurdica em torno do problema. A partir do problema expem-se os argumentos favorveis e contrrios e consagra-se como vencedor aquele capaz de convencer o maior nmero de interlocutores. Tem aplicabilidade nos casos de difcil soluo, denominados por hard cases.
Mtodo Hermenutico-concretizador (Konrad Hesse): aquele em que o intrprete se vale de suas pr-com-preenses valorativas para obter o sentido da norma em um determinado problema. O contedo da norma somente alcanado a partir de sua interpretao concretizadora, dotada do carter criativo que emana do exegeta. Nesse sentido, o mtodo de Hesse possibilita que a Constituio tenha fora ativa para compreender e alterar a realidade. Mas, nesse mister, o texto constitucional apresenta-se como um limite intrans ponvel para o intrprete, pois se o exegeta passar por cima do texto, ele estar modificando ou rompendo a Constituio, no a interpretando.
Mtodo Normativo-estruturante (Friedrich Mller) ou Concretista (Paulo Bonavides): aquele em que o intrprete parte do direito positivo para chegar estruturao da norma, muito mais complexa que o texto legal. Nesse caminho, h influncia da jurisprudncia, da doutrina, da histria, da cultura e das decises polticas. Em outras palavras: o exegeta colhe elementos da realidade social para estruturar a norma que ser aplicada.
Mtodo Concretista da Constituio Aberta (Peter Hberle): traz a ideia que a Constituio deve ser inter-pretada por todos e em quaisquer espaos (abertura interpretativa), e no apenas pelos juristas no bojo de procedimentos formais.
Mtodo da Comparao Constitucional (Peter Hberle): prega a interpretao partir da comparao entre diversas Constituies.
Leitura Moral da Constituio: Segundo Ronald Dworkin, a leitura moral da Constituio elucida que a inter-pretao jurdica deve valer-se de uma teoria poltica, sem que isso signifique uma corrupo da interpretao. Os princpios e valores dos julgadores tendem a influenciar no desvelar das normas jurdicas (Uma questo de princpio. So Paulo: Martins Fontes: 2001, p. 246-247).
Princpios de Interpretao Constitucional
Princpios Enunciados por Canotilho:
Princpio da unidade da Constituio: preceitua que a interpretao constitucional deve ser realizada toman-do-se as normas constitucionais em conjunto (interpretao sistmica), como um sistema unitrio de princpios e regras, de modo a se evitarem contradies (antinomias aparentes) entre elas.
Princpio do efeito integrador ou da eficcia integradora: traz a ideia que as normas constitucionais devem ser interpretadas com objetivo de integrar poltica e socialmente o povo de um Estado Nacional.
Princpio da mxima efetividade ou eficincia: exige que o intrprete otimize a norma constitucional para dela extrair a maior efetividade possvel, guardando estreita relao com o princpio da fora normativa. Segundo Luis Roberto Barroso, por meio dele realiza-se uma aproximao, to ntima quanto possvel, entre o dever-ser normativo e o ser da realidade social. (Curso de direito constitucional contemporneo. So Paulo: Saraiva, 2009).
Princpio da conformidade/correo/exatido funcional ou da justeza: limita o intrprete na atividade de concretizador da Constituio, pois impede que ele atue de modo a desestruturar as premissas de organizao poltica previstas no Texto Constitucional.
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Entende-se, tambm, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descen-dentes (Famlia Monoparental).
Os direitos e deveres referentes sociedade conjugal so exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
O casamento civil pode ser dissolvido pelo divrcio.
Fundado nos princpios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsvel, o planejamento fami-liar livre deciso do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e cientficos para o exerc-cio desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituies oficiais ou privadas.
dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, digni-dade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.
A lei punir severamente o abuso, a violncia e a explorao sexual da criana e do adolescente.
Lei estabelecer: I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de juventude, de durao decenal, visando articulao das vrias esferas do poder pblico para a execuo de polticas pblicas.
A famlia, a sociedade e o Estado tm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participao na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito vida.
De acordo com o STF, o artigo da CF que assegura a gratuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de sessenta e cinco anos de idade constitui norma de eficcia plena e de aplicabilidade imediata, conforme restou decidido no seguinte julgado: Ao direta de inconstitucionalidade. Art. 39 da Lei 10.741, de 1 de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), que assegura gratuidade dos transportes pblicos urbanos e semiurbanos aos que tm mais de 65 (sessenta e cinco) anos. Direito constitucional. Norma constitucional de eficcia plena e aplicabili-dade imediata. Norma legal que repete a norma constitucional garantidora do direito. Improcedncia da ao. O art. 39 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) apenas repete o que dispe o 2 do art. 230 da Constituio do Brasil. A norma constitucional de eficcia plena e aplicabilidade imediata, pelo que no h eiva de invalidade jurdica na norma legal que repete os seus termos e determina que se concretize o quanto constitucionalmente disposto. Ao direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 3.768, jul-gada em 2007 e relatada pela Ministra Crmen Lcia).
ndios
So reconhecidos aos ndios sua organizao social, costumes, lnguas, crenas e tradies, e os direitos origi-nrios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo Unio demarc-las, proteger e fazer respei-tar todos os seus bens
As terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios destinam-se sua posse
As terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios destinam-se sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes (sem qualquer participao da Unio), nos termos do art. 231, 1, da CF.
A CF, em seu art. 231, 5, consagrou o princpio da irremovibilidade dos ndios de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catstrofe ou epidemia que ponha em risco sua populao, ou no interesse da soberania do pas, devendo, cessado o risco, os ndios retornar, de imediato, s suas terras
O aproveitamento dos recursos hdricos, includos os potenciais energticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indgenas s podem ser efetivados com autorizao do Congresso Nacional (e no da Fun-dao Nacional do ndio FUNAI), ouvidas, as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participao nos resultados da lavra, na forma da lei.
SMULAS APLICVEIS1. DIREITOS FUNDAMENTAIS Smula Vinculante 1: Ofende a garantia constitucional do ato jurdico perfeito a deciso que, sem ponderar
as circunstncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficcia de acordo constante de termo de adeso institudo pela Lei Complementar 110/2001.
Smula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ou revogao de ato administrativo que beneficie o inte-
DIREITO CONSTITUCIONAL 241
ressado, excetuada a apreciao da legalidade do ato de concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso.
Smula Vinculante 5: A falta de defesa tcnica por advogado no processo administrativo disciplinar no ofende a Constituio.
Smula Vinculante 11: S lcito o uso de alge-mas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justi-ficada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da respon-sabilidade civil do Estado.
Smula vinculante 14: direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados em procedimento investigatrio realizado por rgo com competncia de polcia judiciria, digam respeito ao exerccio do direito de defesa em procedimento investigatrio realizado por rgo com competncia de polcia judiciria.
Smula Vinculante 18: A dissoluo da socie-dade ou do vnculo conjugal, no curso do man-dato, no afasta a inelegibilidade prevista no 7 do art. 14 da CF.
Smula Vinculante 25: ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquer que seja a modalidade do depsito.
Smula 419 do STJ: Descabe a priso civil do depo-sitrio judicial infiel.
Smula Vinculante 28: inconstitucional a exi-gncia de depsito prvio como requisito de admissibilidade de ao judicial na qual se pre-tenda discutir a exigibilidade de crdito tributrio.
Smula 654 do STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art 5, XXXVI, da Constituio da Repblica, no invocvel pela entidade estatal que a tenha editado.
Smula 667 do STF: viola a garantia constitucional de acesso jurisdio a taxa judiciria calcada sem limite sobre o valor da causa.
Smula 693 do STF: No cabe habeas corpus con-tra deciso condenatria a pena de multa, ou rela-tivo a processo em curso por infrao penal a que a pena pecuniria seja a nica cominada.
Smula 694 do STF: No cabe habeas corpus con-tra a imposio da pena de excluso de militar ou de perda de patente ou de funo pblica.
Smula 695 do STF: No cabe habeas corpus quando j extinta a pena privativa de liberdade.
Smula 693 do STF: No cabe habeas corpus con-tra deciso condenatria a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infrao penal a que a pena pecuniria seja a nica cominada.
Smula 692 do STF: No se conhece de habeas corpus contra omisso de relator de extradio, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova no constava dos autos, nem foi ele provo-cado a respeito.
Smula 395 do STF: No se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o nus das custas, por no estar mais em causa a liberdade de locomoo.
Smula 512 do STF: No cabe condenao em honorrios de advogado na ao de mandado de segurana.
Smula 270 do STF: No cabe mandado de segu-rana para impugnar enquadramento da Lei 3.780, de 12-7-1960, que envolva exame de prova ou de situao funcional complexa.
Smula 268 do STF: No cabe mandado de segu-rana contra deciso judicial com trnsito em jul-gado.
Smula 267 do STF: No cabe mandado de segu-rana contra ato judicial passvel de recurso ou correio.
Smula 266 do STF: No cabe mandado de segu-rana contra lei em tese.
Smula 431 do STF: nulo julgamento de recurso criminal, na segunda instncia, sem prvia intima-o ou publicao da pauta, salvo em habeas cor-pus.
Smula 632 do STF: constitucional lei que fixa prazo de decadncia para impetrao de man-dado de segurana.
Smula 630 do STF: A entidade de classe tem legitimao para o mandado de segurana ainda quando a pretenso veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
Smula 629 do STF: A impetrao de mandado de segurana coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorizao destes.
Smula 624 do STF: No compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de man-dado de segurana contra atos de outros Tribu-nais.
Smula 625 do STF: Controvrsia sobre matria de direito no impede concesso de mandado de segurana.
Smula 510, do STF: Praticado o ato por autori-dade, no exerccio de competncia delegada, contra ela cabe o mandado de segurana ou a medida judicial.
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Smula 513 do STF: A deciso que enseja a inter-posio de recurso ordinrio ou extraordinrio no a do plenrio, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do rgo (cmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.
Smula 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exer-ccio de suas atribuies, pode apreciar a constitu-cionalidade das leis e dos atos do Poder Pblico.
4. FUNES ESSENCIAIS JUSTIA Smula 644, do STF: Ao titular do cargo de Procura-
dor de autarquia no se exige a apresentao de ins-trumento de mandato para represent-la em juzo.
5. ORDEM ECONMICA E FINANCEIRA E ORDEM SOCIAL Smula 657 do STF: A imunidade prevista no art.
150, VI, d, da CF (livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso), abrange os fil-mes e papis fotogrficos necessrios publicao de jornais e peridicos.
INFORMATIVOS APLICVEIS
1. STF
1.1 ADVOCACIA PBLICA ` ADI e prerrogativas de Procuradores de Estado 2
Em concluso, o Plenrio julgou procedente pedido formulado em ao direta para declarar a inconsti-tucionalidade da expresso com porte de arma, independente de qualquer ato formal de licena ou autorizao, contida no art. 88 da Lei Complemen-tar 240/2002, do Estado do Rio Grande do Norte. A norma impugnada dispe sobre garantias e prerro-gativas dos Procuradores do Estado. Na sesso de 16.11.2005, o Plenrio assentou a inconstitucionali-dade do inciso I e 1 e 2 do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art. 87 da aludida lei. Na presente assentada, concluiu-se o exame do pleito remanes-cente relativo ao art. 88, que autoriza o porte de arma aos integrantes daquela carreira. Asseverou-se que, se apenas Unio fora atribuda competncia privativa para legislar sobre matria penal, somente ela poderia dispor sobre regra de iseno de porte de arma. Em acrscimo, o Min. Gilmar Mendes res-saltou que o registro, a posse e a comercializao de armas de fogo e munio estariam disciplinados no Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). Esse diploma criara o Sistema Nacional de Armas Sinarm e transferira polcia federal diversas atribuies at ento executadas pelos estados-membros, com
o objetivo de centralizar a matria em mbito fede-ral. Mencionou precedentes da Corte no sentido da constitucionalidade do Estatuto e da competncia privativa da Unio para autorizar e fiscalizar a pro-duo e o comrcio de material blico (CF, art. 21, VI). Aduziu que, no obstante a necessidade especial que algumas categorias profissionais teriam do porte funcional de arma, impenderia um dilogo em seara federal. ADI 2729/RN, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, 19.6.2013. Pleno. (Info 711)
1.2 ANISTIA ` AgRg no ARE 724.006-RJ. Rel. Min. Gilmar Mendes
Agravo regimental em recurso extraordinrio com agravo. 2. Direito Administrativo. 3. Anistia poltica. Reparao econmica. Ajuizamento de ao pelo anistiado com intuito de pleitear a incidncia de juros e correo monetria. Descumprimento de requisito previsto em acordo. Anulao do termo de adeso pela autoridade coatora. 4. Anlise de legislao infraconstitucional. Lei 11.354/06. Ofensa meramente reflexa ao texto constitucional. 5. Reexame do con-tedo ftico-probatrio. Impossibilidade. Incidncia do Enunciado 279 da Smula do STF. 6. Ausncia de argumentos capazes de infirmar a deciso agravada. 7. Agravo regimental a que se nega provimento. (Info 708)
1.3 COMPETNCIA ` ADI: uso de veculos apreendidos e competncia
3
Revestem-se de constitucionalidade as Leis 5.717/98 e 6.931/2001, do Estado do Esprito Santo, que autori-zam a utilizao, pela polcia militar ou pela polcia civil estadual, de veculos apreendidos e no identificados quanto procedncia e propriedade, exclusivamente no trabalho de represso penal. Essa a orientao do Plenrio que, em concluso, por maioria, julgou impro-cedente pedido formulado em ao direta de inconsti-tucionalidade ajuizada contra as mencionadas normas. Avaliou-se no se tratar de matria correlata a trnsito, mas concernente administrao. Recordou-se que norma do Cdigo de Trnsito Brasileiro permitiria que veculos fossem levados a hasta pblica, embora consti-tusse permisso que nem sempre ocorreria. Destacou--se que as normas disporiam sobre a regulao no plano estritamente administrativo, na esfera de autonomia do estado-membro. ADI 3327/ES, red. p/ ac. Min. Crmen Lcia, 8.8.2013. Pleno. (Info 714)
` Adaptao de veculos de transporte coletivo e acessibilidade
O Plenrio julgou improcedente pedido formulado em ao direta de inconstitucionalidade proposta contra a Lei 10.820/92, do Estado de Minas Gerais, que dispe sobre a obrigatoriedade de empresas concessionrias
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de transporte coletivo intermunicipal promoverem adaptaes em seus veculos, a fim de facilitar o acesso e a permanncia de pessoas com deficincia fsica ou com dificuldade de locomoo. Salientou-se que a Constituio dera destaque necessidade de prote-o s pessoas com deficincia, ao instituir polticas e diretrizes de acessibilidade fsica (CF, arts. 227, 2; e 244), bem como de insero nas diversas reas sociais e econmicas da comunidade. Enfatizou-se a incorpo-rao, ao ordenamento constitucional, da Conveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Defi-cincia primeiro tratado internacional aprovado pelo rito legislativo previsto no art. 5, 3, da CF , interna-lizado por meio do Decreto 6.949/2009. Aduziu-se que prevaleceria, no caso, a densidade do direito acessi-bilidade fsica das pessoas com deficincia (CF, art. 24, XIV), no obstante pronunciamentos da Corte no sen-tido da competncia privativa da Unio (CF, art. 22, XI) para legislar sobre trnsito e transporte. Consignou-se que a situao deveria ser enquadrada no rol de com-petncias legislativas concorrentes dos entes federa-dos. Observou-se que, poca da edio da norma questionada, no haveria lei geral nacional sobre o tema. Desse modo, possvel aos estados-membros exercerem a competncia legislativa plena, suprindo o espao normativo com suas legislaes locais (CF, art. 24, 3). Ressaltou-se que a preocupao manifestada, quando do julgamento da medida cautelar, sobre a ausncia de legislao federal protetiva encontrar-se--ia superada, haja vista a edio da Lei 10.098/2000, a estabelecer normas gerais e critrios bsicos de pro-moo da acessibilidade de pessoas com deficincia. Registrou-se que, diante da supervenincia dessa lei nacional, a norma mineira, embora constitucional, per-deria fora normativa, na atualidade, naquilo que con-trastasse com a legislao geral de regncia do tema (CF, art. 24, 4). ADI 903/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, 22.5.2013. Pleno. (Info 707)
` Alegao de inconstitucionalidade e Zona AzulA 2 Turma deliberou afetar ao Plenrio julgamento de recurso extraordinrio em que se alega a inconstitucio-nalidade de lei municipal paulistana, de iniciativa de vereador, que autorizaria oficiais de justia estacionar seus veculos em reas denominadas Zona Azul, sem pagamento das tarifas prprias. Destacou-se que o recurso poderia ser paradigmtico, apesar de anterior sistemtica da repercusso geral, porque esses esta-cionamentos rotativos onerosos existiriam em muitas localidades brasileiras. RE 239458/SP, Rel. Min. Crmen Lcia, 18.12.2012. 2 T. (Info 693)
` ADI: cancelamento de multas e competnciaO Plenrio, por maioria, julgou procedente pleito for-mulado em ao direta proposta, pelo Procurador-Geral da Repblica, contra a Lei fluminense 3.279/99, que dis-pe sobre o cancelamento de multas de trnsito. Con-cluiu-se pela afronta regra de competncia privativa
da Unio para legislar sobre a matria (CF, art. 22, XI). ADI 2137/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. Pleno. (Info 701)
` ADI e competncia para parcelar multa de trnsitoO Plenrio, por maioria, julgou procedente pleito formulado em ao direta contra o art. 29 da Lei 6.555/2004, do Estado de Alagoas, na parte em que autoriza o parcelamento de dbitos oriundos de mul-tas de trnsito, inclusive os inscritos em dvidas ativas. Reputou-se que, na esteira da jurisprudncia da Corte, a norma questionada estaria em conflito com o art. 22, XI, da CF, segundo o qual competiria privativamente Unio legislar sobre trnsito e transporte. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurlio, que julgava procedente o pedido em menor extenso. Admitia o parcelamento por entender tratar-se de receita do estado-membro. Sublinhava, no entanto, que o legislador alagoano teria adentrado no campo do direito processual, ao prever, no 4 do art. 29 da norma impugnada, que o pleito de parcelamento do dbito implica, em si, a desistncia, a renncia a processo, a pretenso j sub-metida ao Judicirio. Assentava, assim, a inconstitu-cionalidade do aludido preceito. ADI 4734/AL, Rel. Min. Rosa Weber, 16.5.2013. Pleno. (Info 706)
` ADI: parcelamento de multas e competnciaO Plenrio, por maioria, julgou procedente pedido for-mulado em ao direta ajuizada, pelo Procurador-Geral da Repblica, contra a Lei 8.027/2003, que autorizou o parcelamento de multa vencida, resultante de infrao de trnsito, e sua norma regulamentadora, Decreto 3.404/2004, ambos do Estado de Mato Grosso. Neste, autorizou-se que a penalidade de multa vencida, resul-tante de infrao, pudesse ser dividida. Rejeitou-se pre-liminar de no conhecimento do Decreto 3.404/2004, porquanto se trataria de norma regulamentadora da lei questionada. No mrito, ante a usurpao de com-petncia legislativa privativa da Unio, declarou-se a inconstitucionalidade da Lei 8.027/2003 e, por arrasta-mento, do referido decreto. ADI 3708/MT, Rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. Pleno. (Info 701)
` ADI: segurana no trnsito e competnciaO Plenrio julgou procedente pleito formulado em ao direta de inconstitucionalidade proposta, pelo Pro-curador-Geral da Repblica, contra a Lei 10.521/95, do Estado do Rio Grande do Sul, que estabelece a obrigato-riedade do uso de cinto de segurana nas vias urbanas daquele estado, bem como probe aos menores de dez anos viajar nos bancos dianteiros de veculos que men-ciona. Asseverou-se haver inconstitucionalidade formal por ofensa ao art. 22, XI, da CF, que dispe sobre a com-petncia privativa da Unio para legislar sobre trnsito e transporte. ADI 2960/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. Pleno. (Info 701)