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E (Para facilitar a pesquisa e otimizar seu estudo)

Caro candidato, desde a 1ª edição, essa obra foi especialmente redigida para você que pretende obter sucesso no Concurso Público para os cargos de Analista Judiciário dos TRTs – Área Judiciária, Área Judiciária com Especialidade em Execução de Mandados ou Área Administrativa.

Antes de mais nada, é importante que você tenha conhecimento de que, para que possa assumir o cargo, deverá comprovar, no ato da posse, os seguintes requisitos especí cos, de acordo com os últimos editais publicados:

• Analista Judiciário – Área Judiciária (com ou sem Especialidade em Execução de Mandados): apresentação de diploma ou certi cado (acompanhado de histórico escolar), devidamente registrado, de conclusão de curso de gra-duação de nível superior em Direito, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC);

• Analista Judiciário – Área Administrativa: apresentação de diploma ou cer-ti cado (acompanhado de histórico escolar), devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação de nível superior em qualquer área de formação, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).

Convém, ainda, saber quais são as atividades desempenhadas pelos Analistas Judiciários.

São atividades do Analista Judiciário – Área Judiciária:

– prestar assistência em questões que envolvam matéria de natureza jurídica, analisar petições e processos, confeccionar minutas de votos, emitir infor-mações e pareceres;

– proceder aos estudos e pesquisas na legislação, jurisprudência e na doutrina para fundamentar análise de processo e tomada de decisão;

– dar suporte técnico e administrativo aos magistrados e/ou órgãos julgadores;– inserir, atualizar e consultar informações em base de dados;– veri car prazos processuais;– atender ao público interno e externo;– redação, digitação e conferência de expedientes diversos;– executar outras tarefas da mesma natureza e grau de complexidade.

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

São atividades do Analista Judiciário – Área Judiciária – Especialidade Execução de Mandados:

– Executar citações, noti cações, intimações e demais ordens judiciais, certi- cando no mandado o ocorrido;

– executar penhoras, avaliações, arrematações, praças e hastas públicas, remissões, adjudicações, arrestos, sequestros, buscas e apreensões, la-vrando no local o respectivo auto circunstanciado; redigir, digitar e conferir expedientes diversos e executar

– outras atividades de mesma natureza e grau de complexidade.

São atividades do Analista Judiciário – Área Administrativa:

– prestar assistência em questões que envolvam matéria de natureza admi-nistrativa (ex: administração de recursos humanos, materiais, patrimoniais, orçamentários e nanceiros, de desenvolvimento organizacional, licitações e contratos, contadoria e auditoria), emitindo informações e pareceres;

– examinar e elaborar uxogramas, organogramas e demais esquemas ou grá cos de informações;

– efetuar pesquisas visando ao aperfeiçoamento do serviço, elaborando, implementando, acompanhando e avaliando projetos pertinentes à área de atuação (estruturação e reorganização);

– executar trabalhos de natureza técnica para a elaboração de normas e procedimentos pertinentes à área de atuação;

– realizar e planejar atividades voltadas para a administração de recursos humanos, materiais e patrimoniais, orçamentários e nanceiros, bem como de desenvolvimento organizacional, contadoria e auditoria;

– redação, digitação e conferência de expedientes diversos;

– executar outras tarefas da mesma natureza e grau de complexidade.

O candidato encontrará na presente obra todo o conteúdo necessário para uma boa preparação ao concurso na área de Direito do Trabalho. Tomando-se por base os últimos editais, segue abaixo um Roteiro de Estudos que o auxiliará em seus estudos. Nos últimos concursos, os candidatos que utilizaram esse livro, tiveram condições de fechar a prova de direito do trabalho, acertando todas as questões dessa matéria. Esse continua sendo nosso objetivo!

Por m, destaca-se a inclusão nos itens do edital esquematizado o tópico rela-cionado a cálculos trabalhistas, matéria que passou a ser exigida no concurso para o TRT-MG em 2015.

Bons estudos e sucesso em sua prova!

Henrique Correia

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EDITAL SISTEMATIZADO

ITENS DOS EDITAIS TÓPICO DO LIVRO PÁGINAS

1. Princípios e fontes do direito do trabalho Cap. I, itens 1 e 2 49-59

2. Flexibilização Cap, I, itens 3 e 3.1 60-61

3. Desregulamentação Cap, I, Item 3 60

4. Direitos constitucionais dos trabalhadores (art. 7º da CF/1988)(Item muito abrangente – foi citado ao longo dos capítulos do livro)

5. Relação de trabalho e relação de emprego: requi-sitos e distinção

Cap. II, item 1.1 88

Cap. III, item 1 331

6. Relações de trabalho lato sensu Cap. II, item 4 155

6.1. Trabalho autônomo Cap. II, item 4.1 156

6.2. Trabalho eventual Cap. II, item 4.2 156

6.3. Trabalho temporário Cap. II, item 7 181-183

6.4. Trabalho avulso Cap. II, item 4.3 157

7. Sujeitos do contrato de trabalho stricto sensu Cap. II 87-236

7.1. Empregado (conceito e caracterização)Cap. II, itens 1, 3.1,

3.2 e 3.4

87-91, 97-101, 102-107, 139-141

7.2. Empregador (conceito e caracterização) Cap. II, item 5 165

7.2.1. Poderes do empregador no contrato de trabalho Cap. II, item 5.3 172

7.2.2. Grupo econômico Cap. II, item 5.1 166

7.2.3. Sucessão de empregadores Cap. II, item 5.2 169

7.2.4. Responsabilidade solidária Cap. II, item 5.1. 166

8. Terceirização Cap. II, item 6 175-180

9. Contrato individual de trabalho (conceito) Cap. III 331-376

9.1. Classi cação Cap. III, item 4 337

9.2. Características Cap. III, itens 2 e 3 333, 334

9.3. Alteração do contrato de trabalho: alteração uni-lateral e bilateral

Cap. III, item 5 348-352

9.3.1. Alteração bilateral Cap. III, item 5 348-352

9.3.2. Alteração unilateral e jus variandi Cap. III, item 5 348-352

9.4. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho: caracterização e distinção

Cap. III, item 6 353-360

10. Rescisão do contrato de trabalho Cap. VIII, item 2 801-822

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

ITENS DOS EDITAIS TÓPICO DO LIVRO PÁGINAS

10.1. Justas causas Cap. VIII, item 2.2.1 803

10.2. Rescisão indireta Cap. VIII, item 2.2.2 808

10.3. Dispensa arbitrária Cap. VIII, item 2.1.b 802

10.4. Culpa recíproca Cap. VIII, item 2.2.3 811

11. Aviso-prévio Cap. VIII, item 1 791-799

12. Estabilidade e garantias provisórias de emprego Cap. VI, itens 2 e 3 646-657

12.1. Formas de estabilidade Cap. VI, itens 2 e 3 646-657

12.2. Despedida e reintegração de emprego estável Cap. VI, itens 2 e 3 646-657

13. Duração do trabalho Cap. IV 377-454

13.1. Jornada de trabalho Cap. IV, itens 1.1 a 1.4 377-384

13.2. Períodos de descanso Cap. IV, item 3 401-420

13.2.1. Intervalo para repouso e alimentação Cap. IV, item 3.1.1 401

13.2.2. Descanso semanal remunerado Cap. IV, item 3.2 407-410

13.3. Trabalho noturno Cap. IV, item 1.7 389

13.4. Trabalho extraordinário Cap. IV, item 2 394-399

13.4.1. Sistema de compensação de horas Cap. IV, item 2.2 396

14. Salário mínimo: irredutibilidade e garantia Cap. V, item 1.1 573

15. Férias Cap. IV, item 3.4 412-419

15.1. Direito a férias e duração Cap. IV, itens 3.4.1 a 3.4.4 412, 413

15.2. Concessão e época de férias Cap. IV, itens 3.4.5 e 3.4.6 414, 415

15.3. Remuneração e abono de férias Cap. IV, itens 3.4.7 a 3.4.10 415-417

16. Salário e remuneração: conceito e distinções Cap. V, item 1 571

16.1. Composição do salário Cap. V, item 2 576-589

16.2. Modalidades de salário Cap. V, item 5 603

16.3. Formas e meios de pagamento do salário Cap. V, item 5 603

16.4. Décimo terceiro salário Cap. V, item 2.3 579

16.5. Equiparação salarial (princípio da igualdade de salário) Cap. V, item 7 608-611

17. Desvio de função Cap. V, item 7.1. 611

18. FGTS Cap. VI, item 4 658-667

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EDITAL SISTEMATIZADO

ITENS DOS EDITAIS TÓPICO DO LIVRO PÁGINAS

19. PIS/PASEP Cap. V, 3.6. e 3.7. 598-600

20. Prescrição e decadência Cap. VIII, item 3 823-831

21. Segurança e medicina no trabalho Cap. VII 771-790

21.1. CIPA Cap. VII 775, 776

21.2. Atividades insalubres ou perigosasCap. V, itens 2.5.4

e 2.5.5586-589

22. Proteção ao trabalho do menor Cap. II, item 3.3 133-138

22.1. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90 e alterações). Dos direitos de pro ssionaliza-ção e à proteção do trabalho

Cap. II, Item 3.3 133-138

23. Proteção ao trabalho da mulher Cap. II, item 3.5 142-153

23.1. Estabilidade da gestanteCap. II, item 3.5.1 e

Cap. VI, item 3.2142, 650

23.2. Licença maternidade e Lei nº 9.029/95 e alterações Cap. II, item 3.5.1 142

24. Direito coletivo do trabalho Cap. IX 851-908

24.1. Liberdade sindical (Convenção nº 87 da OIT) Cap. IX, item 2.1.1. 852

24.2. Organização sindical Cap. IX, item 2 852

24.2.1. Conceito de categoria Cap. IX, item 2.1.1 852

24.2.2. Categoria diferenciada Cap. IX, item 2.1.1 852

24.3. Convenções e acordos coletivos de trabalho Cap. IX, item 3 864

24.4. Direito de greve Cap. IX, item 4 873-878

24.4.1. Dos serviços essenciais Cap. IX, item 4.5 877

25. Comissões de conciliação prévia Cap. I, item 5 67-69

26. Renúncia e transação Cap. I, item 4 64

27. Dano moral nas relações de trabalho e Indenização Cap. VII 771-790

28. Cálculos trabalhistas

Cap. III, item 4.5 342-346

Cap. IV, itens 3.2.1 e 3.2.2

407, 410

Cap. IV, item 3.4.7 415

Cap. V, item 2 (todos os subitens)

576-598

Cap. VI, item 4.3 664

Cap. VIII, item 1.2 794

Cap. VIII, item 2 (todos os subitens)

801-822

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ITENS DOS EDITAIS TÓPICO DO LIVRO PÁGINAS

28. Súmulas da jurisprudência uniformizada do Tribunal Superior do Trabalho(Esse item é muito abrangente. Colocamos as súmulas e OJs mais importantes, separadas por temas, ao nal dos capítulos, para tentar deixar a matérias mais didática)

Cap. I, item 7 79

Cap. II, item 9 191

Cap. III, item 8 364

Cap. IV, item 5 426

Cap. V, item 9 619

Cap. VI, item 6 673

Cap. VII, item 3 781

Cap. VIII, itens 1.7, 2.6. e 5

799, 822, 835

Cap. IX, item 6 882

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D

A T

Sumário • 1. Introdução: 1.1. Plano infalível; 1.2. O seu pior inimigo antes e durante a preparação; 1.3. Exercícios físicos durante a preparação para o concurso; 1.4. Sono, descanso e lazer – 2. Preparação especí ca: 2.1. Pergunta clássica: quantas horas de estudo diário são necessárias para aprovação?; 2.2. Planilha e organização de estudos: 2.2.1. Planilha – Dedicação exclusiva aos estudos; 2.2.2. Planilha – Divisão do tempo entre trabalho e estudos; 2.3. Dedicação às matérias do concurso para Analista do TRT e as bancas examinadoras (CESPE e FCC); 2.4. Técnica de estudar em grupo – funciona?; 2.5. Grupo de estudo virtual para troca de materiais e questionamentos nas últimas fases do concurso; 2.6. Cursos prepara-tórios; 2.6.1. Cursos presenciais; 2.6.2. Cursos telepresenciais e os novos cursos on-line – 3. Bibliogra a básica para o concurso de Analista do TRT – 4. Momento em que o estudante decide desistir do concurso.

1. INTRODUÇÃOOs concursos para o cargo de Analista do TRT são muito desejados e concorridos

em todo o País. O cargo possibilita o exercício de indispensáveis funções no auxílio à administração da justiça, seja na área de atuação judiciária, administrativa, seja como o cial de justiça avaliador federal. Trata-se de uma função extremamente importante para o País!

Além disso, é um cargo que possibilita uma excelente remuneração. O salário é superior a R$ 8.800,00, conforme dados retirados do edital do concurso do TRT da 3ª Região, realizado em 2015.

Portanto, para enfrentar essa fase prévia de preparação, antes da publicação do edital, é imprescindível que você se organize. Faça um plano mental e o colo-que no papel. Assista a vídeos e depoimentos para retirar alguma base daqueles pro ssionais que já passaram por essa mesma experiência e saíram vitoriosos. Há vários desses vídeos no YouTube, Facebook, sites de concursos etc. En m, traçar uma estratégia minimamente organizada é imprescindível.

Seguem algumas dicas/sugestões que considero interessantes.

1.1. Plano infalívelLembre-se de que as dicas adiante não são regras ou receitas infalíveis de

sucesso. Não foram feitas para convencer ninguém do que é certo ou errado. O candidato ao cargo de Analista do TRT que não adotar nenhuma das técnicas ali

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

descritas também tem plenas chances de ser aprovado em qualquer certame do País. Cada ser humano é diferente um do outro. A adaptação é a grande estratégia. Essa talvez seja a nossa maior riqueza e que nos fez dominar o mundo sobre os demais animais. Por isso, não acredite em um manual estático e único de conduta e preparação. Leia as mais diversas dicas e sugestões dos autores, professores e candidatos aprovados e veja a que melhor se adapta a você.

O melhor caminho é ser um bom observador. Saiba o que funciona bem ou não com o seu jeito de ser e seu estilo de vida. Gosto bastante da seguinte frase:

“Não há só um método para estudar as coisas”. (Aristóteles)

1.2. O seu pior inimigo antes e durante a preparaçãoNunca pensei que eu fosse ser membro do Ministério Público. Jamais pensei que

teria um livro publicado. O meu sonho na época da faculdade era, um dia, alcançar o cargo de O cial de Justiça do TJ/SP. Se eu contar pra alguém, pode ser que a pessoa não acredite, mas por uns três anos, durante a graduação, eu pensava nesse sonho 24 horas por dia, de forma compulsiva. Os concursos de AFT, Magistratura e do MP eram para os gênios, os melhores alunos da classe. Eu, por outro lado, sempre pegava recuperação no m do ano e carreguei algumas dependências no segundo e terceiro anos da faculdade.

Como na época o concurso para O cial de Justiça demorou muito para sair, passei a estudar também para Analista do TRT. Com isso, memorizei a legislação seca. Logo após o término da graduação, alguns amigos me chamaram para prestar um concurso da Magistratura do TRT da 3ª Região/MG e eu decidi arriscar. Foi a grande sorte da minha vida. Passei na primeira fase (objetiva) e ganhei con ança. A partir daí achei que era capaz de passar no concurso de AFT, Juiz ou Procurador do Trabalho, um dia.

Em todos os cursinhos por que passei, sempre me achava o mais inferior dos alunos. As minhas perguntas eram as mais medíocres. Até evitava fazê-las.

En m, fui prestando concursos. Não queria viver com salário de professor e nem ser advogado. Tinha essas duas convicções. E acabou dando certo.

Disse tudo isso porque, se eu tivesse acreditado mais no meu potencial desde o início e tivesse tido mais autocon ança, com toda certeza teria sido aprovado muito mais rápido. No início da preparação, por exemplo, respondia às perguntas dissertativas da 2ª fase achando que o examinador ia rir ao ler minhas respostas. Veja como isso é muito improdutivo: tive um estagiário no MPT, recentemente, que era simplesmente brilhante. Redigia de forma impecável. Um raciocínio jurídico fantástico. Mas dizia que nunca prestaria o concurso para Analista do TRT, AFT ou Magistratura porque não tinha condições de passar.

En m, você deve sempre acreditar no seu potencial. O que diferencia um can-didato do outro é a organização e determinação. Nada mais.

“Acredite que você pode, assim você já está no meio do caminho.” (Theodore Roosevelt)

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DICAS PARA PREPARAÇÃO ESPECÍFICA AO CARGO DE ANALISTA DO TRT

1.3. Exercícios físicos durante a preparação para o concursoTemos uma obsessão durante a preparação para concursos públicos: não gastar

tempo com nada e ninguém, exceto com os estudos, as viagens direcionadas aos concursos e as provas. Talvez esse seja um acerto inicial, mas um grande erro de estratégia no m.

O corpo, com mais ou menos dias, acaba sentindo os efeitos colaterais de tanto tempo sentado, estresse etc. E isso pode nos custar um período longo afastado dos estudos. Algumas doenças psíquicas, oriundas da angústia, estresse e pressão, acabam re etindo no corpo, como gastrite, doenças de pele, dores nas costas e de cabeça etc.

En m, praticar uma atividade física é tão importante como a própria dedicação aos estudos.

No meu caso, nos primeiros anos de preparação, não praticava nenhum esporte. Vivia estressado e com alguns problemas de saúde, ora era insônia, ora alergia, ora dor de cabeça. Depois, com um pouco mais de experiência, passei a fazer ca-minhadas três vezes por semana, durante 1 hora. E na reta nal, passei a praticar natação, esporte a que sempre fui ligado, desde a infância. Foi minha salvação. Acabou com as dores nas costas e melhorou muito meu ritmo de estudos. Nadava no Sesi, clube próximo da minha casa. Estava sempre bronzeado, porque nadava ao meio-dia. Parecia que tinha ido para praia e passava a ideia de que era uma pessoa com bastante tempo na vida.

Em resumo, o que todos nos já sabemos: a prática de qualquer atividade física é essencial para lidar com tamanha carga de estresse e angústia durante a árdua caminhada rumo à aprovação no concurso.

1.4. Sono, descanso e lazerUm dos pontos mais sensíveis que tive que enfrentar foi o sono. A carga de

estudos e o estresse, durante a minha preparação, foram desastrosos para minhas noites de sono. Tive muito problema com insônia, inclusive após minha aprovação. Até pouco tempo, sonhava que estava estudando ou ainda chegando atrasado para fazer as provas. Eram meus piores pesadelos. Isso demonstra como essa fase de preparação foi marcante na minha vida.

Nos últimos dois anos de preparação, acostumei a dormir após o almoço. Fazia--me muito bem esse soninho. Inicialmente, colocava despertador, 30 ou 40 minutos no máximo de sono. Mas aprendi, com o tempo, que nos dias em que não havia o despertador meus estudos rendiam muito mais. Aboli o despertador para o sono da tarde. Às vezes dormia 15 minutos, outras vezes, dormia 2 horas. Impressionante, ao ouvir as necessidades do meu corpo, houve um tremendo salto de qualidade no rendimento dos meus estudos.

Essa técnica de dormir a tarde, sem acordar com despertador, utilizo até hoje nos meus ns de semana e férias, quando estou escrevendo livros. Escrevo muito melhor quando deixo meu corpo decidir qual o melhor momento de acordar. Talvez isso não dê certo para as pessoas que tenham pouco tempo pra estudar, mas, no meu caso, como tinha as tardes livres, funcionou muito bem.

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

Outro ponto que me ajudava bastante era ir ao cinema e assistir à TV. Como na época eu não tinha TV a cabo, assistia aos telejornais tradicionais e a lmes repe-tidos da TV Globo e do SBT. Tinha o hábito de ir ao cinema uma ou duas vezes por mês. Achava revigorante. Segundo Steve Jobs: “As pessoas ligam a televisão quando querem desligar o cérebro”.

Por m, meu lazer era tomar cerveja com família e amigos e ouvir música serta-neja (também tomando cerveja). Descobri que demorava alguns dias para retomar os estudos todas as vezes que eu bebia um pouquinho além da conta. O resultado foi diminuir drasticamente o consumo de álcool, o meu passatempo favorito na época. Mesmo assim, uma vez por mês eu sempre saia para barzinhos ou ia a eventos da família e de amigos. Caso contrário, entraria em depressão profunda, o que não é nada saudável aos estudos. Um pouco mais de bom senso e moderação podem ajudar bastante nessa fase de concursos.

Após a aprovação, poderá retornar com todos os seus passatempos favoritos, alguns saudáveis, outros nem tanto.

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P C P

BREVE RELATO DA MINHA EXPERIÊNCIA DURANTE A PREPARAÇÃO PARA O CONCURSO

A decisão em prestar concurso público surgiu em 2001. Após dois anos fazendo estágio em um escritório de advocacia, decidi que não queria ser advogado, mas ingressar no serviço público. Coloquei a primeira meta (a primeira de muitas...), que era sair da faculdade já como o cial de justiça ou técnico judiciário. Comecei a fazer curso de português, fator decisivo para aprovação em qualquer concurso público.

O primeiro concurso que prestei foi para Técnico Judiciário do TRT da 15ª Re-gião. Nessa época, era professor de inglês. Trabalhava todos os dias, o dia todo, frequentava o 4º ano da Faculdade de Direito de Franca, SP. Estudava durante os intervalos das aulas de inglês, nos intervalos do curso de direito e, principalmente, à noite, ao chegar em casa (estudava todos os dias até 1 ou 2 horas da manhã) e nos ns de semana.

Estudei bastante para esse concurso de técnico, havia, inclusive, matérias estra-nhas ao curso de direito, como matemática. Consegui minha primeira aprovação, fui classi cado em 7º lugar, na área de Franca, interior de São Paulo. Não tive muita sorte, pois foram chamados 6 candidatos e o concurso prescreveu. E eu quei de fora...

Nesse meio tempo, eu já havia prestado muitos, muitos concursos em diversos locais do País. Veri quei que estava estudando matérias muito diferentes. Ora estu-dava para polícia federal, ora estudava para AGU, analista do INSS etc. Decidi focar apenas na área de que mais gostava: carreiras trabalhistas. Comecei, então, a me inscrever apenas para Técnico e Analista do TRT, Auditor Fiscal do Trabalho, Juiz e Procurador do Trabalho.

De tanto prestar concursos, e em razão dos anos de experiência como professor de inglês, fui convidado por um amigo, hoje Procurador do Trabalho, Dr. Élisson Mies-sa dos Santos, para ministrar aulas de direito constitucional, na Central de Cursos Professor Pimentel, em Ribeirão Preto, SP. Lecionava de manhã e à noite e prestava concursos quase todos os ns de semana, nos mais diferentes estados da Federa-ção. Quando não estava trabalhando ou fazendo provas, estava sempre estudando.

Fiz inúmeros cursinhos preparatórios, participei de grupos de estudo na internet. Só para Juiz do Trabalho, prestei 26 concursos (vinte e seis, isso mesmo).

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

Fui aprovado no melhor cargo público do País: Ministério Público do Trabalho (MPT). Nesse concurso, eu era um dos mais jovens Procuradores do Trabalho do País. A aprovação veio após longo período de preparação e sacrifícios. Exatamente após 3 anos, 10 meses e 12 dias de estudo depois da graduação.

Além de o salário para Procurador do Trabalho ser muito atrativo, confesso que sou muitíssimo realizado com a atuação do Ministério Público, na defesa da socie-dade, em especial do trabalhador brasileiro, combatendo as fraudes trabalhistas, promovendo a erradicação do trabalho infantil e do trabalho escravo, nas investi-gações de órgãos públicos que violam o concurso público etc.

Consegui outras aprovações (Técnico Judiciário do TJ/SP, Analista Judiciário do TRT 3a Região-MG e Procurador da Infraero), mas não assumi nenhum desses cargos, pois já era bem remunerado no cursinho e tinha decidido que iria ingressar ou na Justiça do Trabalho, como Juiz, ou no MPT.

Constam a seguir algumas dicas de uma preparação consciente. Se eu pudesse voltar atrás, faria tudo novamente. A conquista de um sonho compensa todo o es-forço. Lembre-se de que o ingresso via concurso público é o meio mais democrático e transparente de admissão para o trabalho. A inscrição é pública, todos podem concorrer ao cargo. Depende apenas do seu esforço.

1. A DECISÃO

Ao decidir prestar concurso público, é imprescindível que o candidato se inscreva em um bom cursinho de português. O conhecimento razoável da norma culta da língua portuguesa (ortogra a, regência, concordância verbal etc.) e de interpretação de texto não é su ciente para aprovação. Atualmente, exige-se que o candidato tenha profundos conhecimentos dessa matéria (acerto próximo de 90% das questões de português).

Outro ponto que considero importante: não desvie o foco do concurso. A pre-paração especializada, por exemplo, para a área trabalhista, gera resultados mais rápidos. Ao prestar para o TRT da 15a, preste também para o TRT da 2a e 3a regiões e assim por diante. A matéria é, na maioria das vezes, igual.

Não se desespere. Se não tem como você se manter sem o trabalho, estude nos momentos em que tiver tempo. Ademais, ao decidir prestar o concurso, tenha em mente que a aprovação é um projeto de médio ou longo prazo. Portanto, faça as contas antes de largar emprego ou pedir ajuda aos familiares. A aprovação poderá vir após anos de estudo.

2. A PREPARAÇÃO

Colocar em prática o sonho do concurso é a fase mais difícil, pois os hábitos devem ser modi cados. A preparação para o concurso público exige dedicação e

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PREPARAÇÃO PARA CONCURSO PÚBLICO

muita, muita disciplina. Há necessidade de que os familiares, amigos, cônjuge ou namorado(a) tenham consciência de que você cará, por algum tempo, afastado de eventos sociais. Concurso não combina com festas, cerveja e viagem. Lembre-se de que o sofrimento é temporário, mas o cargo é vitalício!

Outro ponto importantíssimo: seja organizado. Tenha sempre suas fontes pessoais de informação. Explico: durante o cursinho preparatório ou os estudos em casa, é necessário que se grife os livros, faça resumos e confeccione um excelente caderno de anotações em cada uma das matérias exigidas no edital. Existe uma grande chance de que você não passe no primeiro concurso1. Os candidatos organizados reiniciam os estudos mais facilmente. Esse ponto, se pudesse voltar atrás, eu mudaria na minha preparação. Não era organizado nos primeiros anos de estudo. Depois de várias provas veri quei a necessidade de implementar esse hábito.

A organização consiste também em fazer um horário de estudos, ou seja, progra-mação prévia de quais matérias serão estudadas em cada um dos dias da semana. Jamais vá pra cama sem saber o que você vai estudar no outro dia.

O estudante deverá conviver bem com derrotas. Quem presta concurso, por vezes, tem péssimas notícias. Terá de tentar conviver bem com elas. Tenho colegas que se apegaram à religião, outros zeram terapia com psicólogo. Indico as duas atitudes para preparação um pouco mais pací ca.

Aproveite cada minuto. Tenha um livro para todas as situações. Livro para deixar no carro, ou no aeroporto/rodoviária. No meu caso, já deixava livros e resumos na casa dos meus pais. Livro para esperar na la do banco ou dentista. Estava sempre lendo e estudando.

Há necessidade de focar o máximo possível. No último ano de preparação, eu saí pouquíssimas vezes de casa. Gostava de ir ao cinema e, raramente, frequentava barzinhos.

Outro ponto que considero importantíssimo: não erre a mesma questão duas vezes. Após a realização de cada uma das provas, refaça-a atentamente. Anote seus erros, para evitar o mesmo engano. Diminua ao máximo as chances de erro. Tenha estratégia de nida2, isto é, analise em que matérias você ainda não está seguro. Priorize seus estudos dessas matérias e, claro, das matérias com maior peso na prova.

Pensamentos como “Será que irei conseguir?” “Estou fazendo a coisa certa?” são comuns entre os estudantes de concurso. No meu caso, como era muito jovem, vivia com esses pensamentos. Achava que estava perdendo os melhores anos da

1. Durante os anos em que ministrei aulas em Ribeirão Preto, SP, tive mais de 2 mil alunos. Vi apenas dois deles passarem no primeiro concurso. Para os demais a aprovação ocorreu após anos de estudo.

2. Tenho alguns alunos da magistratura e MPT que estudaram profundamente as mais diversas doutrinas do País, mas nunca passaram na primeira fase do concurso, cuja exigência é apenas a lei seca, sú-mulas e OJs. Falta, portanto, estratégia. Não há como ir diretamente ao nº 2 sem passar pelo nº 1.

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

minha vida. Natural pensar essas coisas, só não poderá deixar que esses pensa-mentos negativos tomem seu tempo de estudo. Outro pensamento ilusório é o de que somente os gênios passam.

Em resumo:

a) Escolha um excelente curso de português (gramática, redação e interpretação de textos).

b) Se puder, frequente um cursinho preparatório, principalmente no início da preparação, para pegar as dicas (livros, resumos, apostilas, melhores pro-fessores das matérias) e se acostumar com o ritmo de estudos.

c) Seja organizado com o material de estudo, sobretudo com seu caderno de anotações, resumos e esquemas de memorização.

d) Aproveite cada minuto de estudo. Não perca tempo!

e) Lembre-se de que a aprovação pode vir após alguns anos, logo, nesse perí-odo, podem surgir algumas derrotas. A retomada dos estudos, sem perder tempo com lamentações e arrependimentos, é imprescindível.

f) Não erre duas vezes a mesma questão. Refaça as provas já realizadas.

3. A ESPERA PELA NOMEAÇÃO E A POSSE

Ocorre, com muita frequência, a aprovação em concurso e a demora, por anos, para iniciar os trabalhos. É a burocracia do serviço público. Na minha vida de con-curseiro, acessava a internet, fóruns de bate-papo sobre concurso todos os dias. Demorava uma eternidade para a nomeação.

Importante não desanimar e não perder o foco durante essa etapa. Vários alunos, após obterem a aprovação, mesmo que distante do número das vagas previstas no edital, paralisavam os estudos, vivendo apenas de “esperança”.

E por m, a posse. Esse é um dos dias mais felizes da vida de quem se dedicou profundamente aos estudos e ao sonho de ingressar no cargo público. No meu caso, como estudei por muitos anos, confesso que foi um dia inesquecível. Ver a satisfa-ção dos meus pais, familiares, amigos e namorada e a participar da comemoração realizada em razão da minha conquista foram fatos extremamente emocionantes. Jamais esquecerei esse dia. Valeu a pena cada minuto de esforço.

Bons estudos!

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I

Sumário • 1. Fontes do Direito do Trabalho: 1.1. Fontes materiais; 1.2. Fontes formais; 1.2.1. Fontes formais autônomas; 1.2.2. Fontes formais heterônomas; 1.2.3. Hierarquia das fontes formais; 1.2.4. Con ito entre fontes formais – 2. Princípios do Direito do Trabalho: 2.1. Princípio da proteção ao trabalhador; 2.1.1. In dubio pro operario; 2.1.2. Norma mais favorável; 2.1.3. Condição mais bené ca; 2.2. Princípio da imperati-vidade das normas trabalhistas; 2.3. Princípio da primazia da realidade; 2.4. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva ao empregado; 2.5. Princípio da continuidade da relação de emprego; 2.6. Princípio da irrenunciabilidade ou indisponibilidade dos direitos trabalhistas – 3. Flexibilização do Direito do Trabalho: 3.1. Hipóteses de exibilização – 4. Renúncia e transação – 5. Comissão de Conciliação Prévia (artigos 625-A até 625-H da CLT): 5.1. Composição da Comissão de Conciliação Prévia criada em âmbito da empresa; 5.2. Necessidade de submeter a demanda à Comissão de Conciliação Prévia; 5.3. Consequências da conciliação rmada perante a CCP – 6. Questões dissertativas e estudos de caso – 7. Súmulas e orientações jurispruden-ciais do TST – 8. Informativos do TST (Citados durante o Capítulo I) – 9. Legislação relacionada ao capítulo.

1. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

Introdução

A fonte do direito do trabalho é o meio pelo qual nasce a norma jurídica. Algumas fontes são obrigatórias, ou seja, os membros da sociedade devem respeitá-las (são normas cogentes e imperativas). Outras fontes, porém, atuam como fase preliminar das normas obrigatórias, são os movimentos sociais.

Podem-se dividir as fontes em fontes materiais e fontes formais.

1.1. Fontes materiais

São fatores ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos e losó cos que inspiram o legislador (deputados e senadores) na elaboração das leis. Esses movi-mentos in uenciam diretamente o surgimento ou a modi cação das leis. Exemplo: as constantes reivindicações dos trabalhadores por mais direitos trabalhistas. Essas reivindicações também ocorrem por parte dos empregadores, na forma de pressões das empresas para reduzir ou exibilizar os direitos trabalhistas.

Nas conjunturas econômica e social atuais, podem-se citar como exemplos de fontes materiais: a) a mobilização dos sindicatos e centrais sindicais para reduzir o limite da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais; b) a reivindicação

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dos homens, maridos e companheiros de gestantes, para que eles adquiram o direito à estabilidade durante o período da gestação; c) no campo empresarial, a forte pressão, sobretudo em razão da crise mundial, para reduzir o rigor das leis trabalhistas e as constantes reivindicações para exibilizar1 os direitos trabalhistas.

Note-se que em todos esses exemplos não há obrigatoriedade, mas sim uma pressão das classes sociais (empregados e empregadores) sobre o Congresso Na-cional, com o objetivo de alterar a legislação.

A fonte material (movimento de grupos sociais) é, portanto, uma fase prévia ao surgimento das fontes formais.

1.2. Fontes formais

São a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são nor-mas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis.

As fontes formais podem ser elaboradas pelo Estado ou pelos próprios desti-natários da norma, sem a participação do Estado. São divididas em fontes formais autônomas e fontes formais heterônomas.

1.2.1. Fontes formais autônomas

São discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. Exem-plo: uma determinada negociação coletiva entre sindicato e empresa resulta em um acordo coletivo. Esse acordo coletivo, elaborado pelas partes interessadas, terá força obrigatória para trabalhadores e empresa, como o dever da empresa de fornecer uma cesta básica, ou ainda a necessidade de esses trabalhadores usarem uniformes e equipamentos de proteção.

São espécies de fontes formais autônomas:

– Convenção Coletiva (art. 611 da CLT): acordo entre sindicato pro ssional (trabalhadores) e sindicato da categoria econômica (empregadores).

– Acordo Coletivo2 (art. 611, § 1º, da CLT): acordo entre empresa e sindicato representante da categoria pro ssional.

1. Flexibilização é o fenômeno de alteração do direito legislado pelo negociado, ou seja, diminuição do rigor da lei trabalhista para adequar o contrato de trabalho, via negociação coletiva, às realidades vividas pela empresa. Há um clamor, frequente, dos empresários para a reforma da legislação tra-balhista.

2. Contrato coletivo de trabalho seria um terceiro instituto ao lado do acordo e da convenção coletiva, mas não é aplicado no Brasil. Essa terminologia, contrato coletivo, está prevista na CLT, entretanto os instrumentos da negociação coletiva são apenas: acordo coletivo e convenção coletiva.

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– Costume: prática reiterada de uma conduta numa dada região ou empresa. Exemplo: ocorre com o pagamento de gorjetas e, ainda, há previsão expressa do costume no art. 460 da CLT.

Há discussão, na doutrina, acerca do regulamento de empresa3 como fonte formal. Regulamento de empresa é o conjunto de regras elaboradas pelo empregador para melhor organizar a empresa4. Será considerado fonte formal se as regras formuladas pelo empregador forem de caráter geral e impessoal, como concessão de prêmios para trabalhadores que atingirem certas metas, xação de horários e utilização de EPIs ou, ainda, plano de cargos e salários etc.

1.2.2. Fontes formais heterônomas

Nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário).

São espécies de fontes formais heterônomas:

a) Constituição Federal. É a lei fundamental e suprema, que estabelece o funcio-namento do Estado (organização dos Poderes, distribuição das competências e direitos e garantias individuais).

b) Tratados e convenções internacionais. Para que essas normas de direito internacional tenham vigência no ordenamento jurídico brasileiro, deve-rão ser previamente aprovadas pelo Congresso Nacional, conforme prevê art. 5º, § 3º e art. 49, I, ambos da CF/88.

c) Leis. São elaboradas pelo Poder Legislativo. As leis trabalhistas são elabo-radas pelo Congresso Nacional, art. 22, I, da CF/88.

d) Medida Provisória. Ato editado pelo Poder Executivo – Presidente de Repú-blica – com força de lei, expedido em situações de relevância e urgência, conforme previsto no art. 59 e art. 62, ambos da CF/88.

3. O regulamento de empresa não é reconhecido, por alguns autores, como fonte formal do direito do trabalho, sob o argumento de que é elaborado de forma unilateral pelo empregador. Entretanto, se a questão do concurso previr que o regulamento da empresa atinge a todos os trabalhadores, de forma impessoal e genérica ou, ainda, que há a participação dos empregados na elaboração do regulamento, será fonte formal autônoma. De qualquer forma, a questão é polêmica, por isso não deveria ser exigida em questões objetivas (testes). Caberá recurso seja qual for o resultado dado pela organizadora do concurso. Para fundamentação do recurso, no sentido de a rmar regulamento como fonte formal, podem-se indicar os autores: Alice Monteiro de Barros; Sérgio Pinto Martins; Gustavo Felipe Barbosa Garcia; Carlos Zangrando e Amauri Mascaro do Nascimento.

4. Súmula nº 51 do TST. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regula-mento. II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

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e) Decretos. São atos do Poder Executivo para regulamentar (“explicar”) as leis, conforme previsto no art. 84, IV, da CF/88. Esses atos não poderão inovar, ou seja, alterar o texto aprovado pelo legislativo.

f) Sentenças Normativas. Por meio da sentença normativa, os tribunais co-locam m ao con ito coletivo, criando novas condições de trabalho. É o chamado Poder Normativo5 da Justiça do Trabalho. Nesse caso, apesar de a sentença normativa ser ato emanado pelo Poder Judiciário, apresenta caráter normativo, uma vez que cria normas gerais, abstratas e impessoais aplicáveis às relações de emprego das categorias envolvidas no dissídio. Exemplo: inicia-se a greve dos motoristas de ônibus de Belo Horizonte. Sin-dicato e empresa não chegam a um acordo sobre reajuste salarial, jornada, plano de cargos e salários. Instaura-se, portanto, dissídio coletivo para que o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região/MG solucione o impasse, criando novas condições de trabalho a todos os empregados da categoria pro ssional. O prazo de vigência dessa decisão é de, no máximo, quatro anos (art. 868, parágrafo único, da CLT).

g) Súmula Vinculante. Posicionamento majoritário do Supremo Tribunal Federal para dar segurança jurídica a questões polêmicas (art. 103-A da CF/88). Essas súmulas têm efeito vinculante, ou seja, os demais juízes não poderão decidir de forma contrária a essas decisões sumuladas. Exemplo: súmula vinculante nº 4 do STF que veda a vinculação do salário-mínimo como base de cálculo ao adicional de insalubridade.

Importante frisar que tanto as fontes formais autônomas quanto as heterônomas possuem força obrigatória, diferentemente das fontes materiais, que tratam apenas de reivindicações dos trabalhadores e empregadores.

Deve-se destacar, ainda, que a analogia6 e a equidade7 são técnicas de integração8 utilizadas para a supressão de eventuais lacunas na lei, não se confundindo com fontes do direito. O legislador (deputados e senadores) não possui condições de prever todos os acontecimentos sociais e editar lei especí ca para todos os eventos que venham a ocorrer na sociedade. Assim, se houver um caso ainda não previsto em lei, o juiz estará obrigado a julgá-lo, pois a função do magistrado é paci car os con itos, mesmo não existindo lei especí ca para aquele caso. O juiz utilizará, como

5. Súmula nº 277 do TST. Convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho. E cácia. Ultratividade. As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modi cadas ou suprimidas mediante ne-gociação coletiva de trabalho.

6. Analogia ocorre quando uma lei semelhante é utilizada para regular o caso em que não há lei es-pecí ca. Exemplo: o art. 72 da CLT prevê um intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho consecutivo para os serviços de mecanogra a. O Tribunal Superior do Trabalho aplicou, por analogia, esse intervalo de 10 minutos aos digitadores, conforme previsto na Súmula nº 346 do TST.

7. Equidade é a justiça aplicada com bom senso, com razoabilidade.8. Integrar signi ca suprir, completar as lacunas deixadas pelo legislador.

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forma de preencher a lacuna deixada pelo legislador, a analogia e a equidade. A CLT possui disposição especí ca para tratar da integração:

Art. 8º da CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência9, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do Direito do Trabalho, e ainda de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (grifos acrescidos)

1.2.3. Hierarquia das fontes formais

Nos demais ramos do direito (D. Constitucional, D. Administrativo etc.) há uma rígida hierarquia das fontes formais (CF prevalece sobre as leis; leis são superiores aos decretos etc.). No Direito do Trabalho, por força do princípio da norma mais favorável, aplica-se a fonte mais favorável aos trabalhadores.

Dessa forma, se a Constituição Federal entrar em con ito com um acordo coletivo, prevalecerá o acordo se este for mais bené co ao trabalhador. Exemplo: a Consti-tuição Federal prevê férias anuais acrescidas de . Se houver um acordo coletivo que institua adicional de férias de 100% do salário, prevalecerá o acordo sobre a Constituição Federal, pois ele é mais bené co ao trabalhador.

1.2.4. Con ito entre fontes formais

Ocorre, com frequência, o con ito entre fontes formais do direito. Exemplo: um acordo coletivo que prevê adicional de férias mais elevado do que o previsto na CLT e uma convenção coletiva prevendo décimo quarto salário, mas é prejudicial no tocante às férias. Nesse caso, qual dessas fontes o intérprete deverá aplicar? A resposta dependerá da teoria adotada.

A teoria do conglobamento defende a aplicação de apenas uma fonte em sua totalidade. Assim sendo, o intérprete deverá analisá-la no conjunto. Se o acordo coletivo for o mais favorável ao trabalhador, será aplicado como um todo. Essa teoria é a majoritária na jurisprudência e doutrina10.

A teoria da acumulação, por sua vez, é no sentido de que o intérprete deverá aplicar todas as fontes no caso concreto, utilizando-se ao mesmo tempo dos artigos

9. Jurisprudência é a decisão reiterada no mesmo sentido sobre a mesma matéria. Discute-se acerca da jurisprudência como fonte formal do direito e prevalece na doutrina e na jurisprudência apenas como forma de interpretação do direito. Entretanto, no concurso de Analista do TRT, exige-se o co-nhecimento do texto da lei, portanto indica-se a memorização nos exatos termos do art. 8º da CLT.

10. “A teoria do conglobamento é certamente a mais adequada à operacionalização do critério hierárquico normativo preponderante no Direito do Trabalho. A seu favor tem a virtude de não incorporar as apon-tadas distorções da teoria da acumulação, além de ser a única teoria a harmonizar a exibilidade do critério hierárquico justrabalhista com a essencial noção de sistema inerente à ideia de Direito – e de ciência.” DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 183.

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e cláusulas que são favoráveis ao trabalhador, desprezando os dispositivos desfavo-ráveis. A aplicação dessa teoria onera o empregador e fragmenta o sistema jurídico. É, portanto, a teoria minoritária.

Fontes

Materiais

Formais(Obrigatórias)

– Hierarquia das fontes formais: prevalece a norma mais favorável

– Con ito das fontes formais

Autônomas

Heterônomas

– não são obrigatórias– fase prévia ao surgimento das normas– fatores sociais, econômicos que in uenciam a elabora-

ção das normas (reivindicação dos trabalhadores e das empresas)

– elaborada pelas partes interessadas– Exemplos: acordo e convenção coletiva

– origem estatal– Exemplos: CF, leis e decretos

– Teoria do conglobamento– Teoria da acumulação

2. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

Os princípios representam a base do ordenamento jurídico. O Direito do Trabalho possui princípios especí cos, que desempenham funções essenciais para a interpre-tação e aplicação das normas trabalhistas. Esses princípios servem de orientação para os aplicadores do direito (juízes, procuradores do trabalho, advogados etc.) e têm, ainda, a função de inspirar e orientar os legisladores (deputados e senadores) na elaboração das leis.

Além disso, os princípios do Direito do Trabalho têm função integrativa11, ou seja, são aplicados para suprir a lacuna deixada pelo legislador. Exemplos:

a) Ocorre, com frequência, o con ito entre uma lei trabalhista e um acordo coletivo ( rmado entre sindicato e empresa). Qual deles o juiz deverá apli-car? Diante do princípio da norma mais favorável, aplica-se a norma mais bené ca ao trabalhador.

b) Empregado ingressa na Justiça do Trabalho pedindo o pagamento de aviso-prévio. Empregador alega que o contrato é de experiência, portanto não há direito ao aviso. Entretanto, a empresa não apresenta o contrato

11. Integrar o sistema jurídico signi ca completar, suprir a lacuna deixada pelo legislador. Lembre-se de que o juiz não pode deixar de julgar, devendo utilizar dos métodos de integração, previstos em lei (art. 8º da CLT).

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escrito nem outra prova que demonstre a existência do contrato por prazo determinado, uma vez que o contrato de experiência deve ser expresso. Assim sendo, pelo princípio da continuidade da relação empregatícia, o juiz determinará o pagamento do aviso-prévio, pois o contrato de trabalho é, em regra, rmado por prazo indeterminado e, consequentemente, haverá a obrigatoriedade de conceder o aviso.

Não há consenso sobre quantos são os princípios do Direito do Trabalho, pois varia de um autor para outro. Seguem, abaixo, os princípios mais importantes que norteiam o Direito do Trabalho e que aparecem, com frequência, nas provas de concurso.

2.1. Princípio da proteção ao trabalhador

A lei trabalhista estabelece normas de proteção ao trabalhador, ou seja, garante direitos mínimos ao hipossu ciente12. Esse princípio protetivo tem por nalidade estabelecer o equilíbrio que falta à relação de emprego, ou seja, o empregador possui situação econômica favorável, enquanto o empregado terá situação a seu favor na legislação trabalhista.

A necessidade do princípio protetor tem fundamento na subordinação exercida pelo empregador, limitando a autonomia da vontade. Explica-se: em um contrato de locação (contrato civil), por exemplo, as partes têm liberdade de recusar as propostas uma da outra. Assim, se o proprietário pedir um valor elevado pelo alu-guel, o locatário poderá entregar o imóvel. Da mesma forma, se o locatário pedir ao proprietário que reforme todo o imóvel, ele provavelmente se recusará. Veja que nesse contrato civil (locação) há plena liberdade em contratar, pois as partes (locador e locatário) estão em pé de igualdade.

Por outro lado, imaginemos um contrato de trabalho em que o empregador so-licite ao seu empregado que comece a trabalhar aos sábados no período da tarde, alertando que há muitas pessoas querendo aquele emprego. Esse empregado irá se recusar a trabalhar aos sábados? Claro que não. A mesma situação ocorre quando o empregador pede para que ele trabalhe além da jornada de 8 horas etc. Veri ca-se, assim, que a liberdade em contratar é menor nas relações de trabalho, em virtude da subordinação, havendo a necessidade do princípio protetor.

De acordo com o Professor José Cairo Júnior:

Pela regra do Direito Civil, todos são iguais perante a lei e devem ser tratados de forma igualitária por ela. Isso não ocorre no Direito Labo-ral. Reconhece-se que não existe uma igualdade entre empregados e empregadores, em face da superioridade econômica e jurídica destes últimos em relação aos primeiros. Para equilibrar a relação havida entre

12. Hipossu ciente é a parte juridicamente mais fraca na relação jurídica trabalhista, isto é, o empregado.

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os atores sociais, o Direito do Trabalho procura proteger o empregado contra o desejo insaciável de lucro do empresário13.

Desse princípio protetivo, decorrem outros três princípios:

2.1.1. In dubio pro operario

Quando houver várias interpretações sobre a mesma norma, o intérprete utilizará a interpretação mais favorável ao trabalhador. Ressalta-se que esse princípio foi superado pelo princípio da norma mais favorável. Ademais, não se aplica o princí-pio in dubio pro operario na área processual. No processo, as partes serão iguais, recebem o mesmo tratamento. Exemplo: prazo idêntico para apresentar razões nais e ingressar com recurso.

2.1.2. Norma mais favorável

Entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza-se a mais favorável em relação ao trabalhador. Exemplo: há convenção coletiva e acordo coletivo que preveem cláusulas de férias. O intérprete (juiz, advogado, procurador do trabalho) deverá analisar qual desses instrumentos é mais favorável ao trabalhador, no tocante às férias, e aplicá-lo à relação empregatícia. Nesse sentido:

Súmula nº 202 do TST. Existindo, ao mesmo tempo, grati cação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais bené ca.

Art. 620 da CLT. As disposições estabelecidas em Convenção, quando mais favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo.

Cabe ressaltar que o princípio da norma mais favorável ao trabalhador não é absoluto, isto é, não poderá ser aplicado quando existirem normas de ordem pública ou de caráter proibitivo. Essas normas não comportam interpretação ampliativa. Exemplo: empregado que ingressa com ação judicial após dois anos do término do contrato de trabalho. Não caberá a aplicação do Código Civil para a utilização de prazos mais extensos, pois prescrição trata de norma de ordem pública que visa à paz social.

Por m, havendo o con ito entre normas do acordo e convenção coletiva, a aplicação da mais favorável, no caso concreto, não gera nulidade automática da-quela que não foi aplicada. Para que haja nulidade de uma cláusula é necessário constatação de ordem formal ou material14.

13. CAIRO JÚNIOR, José. Curso de Direito do Trabalho. Direito Individual e Direito Coletivo de Trabalho. 4. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2009. p. 98.

14. Informativo n. 17 do TST (con ra o texto integral ao nal desse capítulo).

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2.1.3. Condição mais bené ca

Esse princípio assegura ao empregado as vantagens conquistadas durante o contrato de trabalho, conforme previsto no art. 468 da CLT. Diante disso, essas con-quistas não poderão ser alteradas para pior. Exemplo: empregador fornece, todos os meses, uma cesta básica ao empregado. Diante disso não poderá, simplesmente, cessar o fornecimento, pois o trabalhador já conquistou esse direito com base no princípio da condição mais bené ca. Nesse sentido:

Súmula nº 51 do TST.

I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.

II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

Súmula nº 288 do TST.

I – A complementação dos proventos da aposentadoria é regida pelas normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações posteriores desde que mais favoráveis ao bene ciário do direito.

II – Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por enti-dade de previdência privada, a opção do bene ciário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro. (grifos acrescidos)

2.2. Princípio da imperatividade das normas trabalhistas

No Direito do Trabalho prevalecem as regras cogentes, obrigatórias. Diante desse princípio, há restrição da autonomia das partes em modi car as cláusulas contratuais previstas no contrato de trabalho. Exemplo: as partes não poderão alterar a natureza do pagamento das horas extras, ou seja, essa parcela tem natureza salarial (re ete nas demais parcelas), não podendo ser paga a título indenizatório (sem que haja o re exo). De acordo com Professor Maurício Godinho Delgado15:

Para esse princípio prevalece a restrição à autonomia da vontade no contrato trabalhista, em contraponto à diretriz civil de soberania das partes no ajuste das condições contratuais. Esta restrição é tida como instrumento assecuratório e caz de garantias fundamentais ao trabalhador, em face do desequilíbrio de poderes inerente ao contrato de emprego.

15. DELGADO. Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 201.

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2.3. Princípio da primazia da realidade

A realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve-se, portan-to, veri car se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. É óbvio que esse documento não corresponde à verdade dos fatos. Outro exemplo: pagamento “por fora”, empregado registrado em carteira com um salário-mínimo, mas recebe mil reais, como forma de burlar o pagamento de encargos trabalhistas (INSS e FGTS). Em ambos os casos, há aplicação do princípio da primazia da realidade sobre a forma (documentos não representam a verdade dos fatos).

Outras hipóteses de aplicação do princípio da primazia da realidade:

a) Cortadores de cana com contrato de estágio escrito (estagiários não pos-suem direitos trabalhistas). Assim, esses “estagiários”, que trabalham oito horas diárias, recebem oitocentos reais por mês e cumprem as ordens do empregador são, na verdade, empregados e não estagiários, pois não possuem nenhum aprendizado teórico. Diante do princípio da primazia da realidade, esses contratos de estágio são nulos de pleno direito, devendo ser reconhecido o vínculo empregatício e o pagamento de todos os direitos trabalhistas (hora extra, férias, 13º salário, depósitos do FGTS etc.).

b) Grande o cina mecânica que não possui nenhum empregado, apenas empre-sários lhe prestam serviços de mecânico. Esses “empresários” eram antigos empregados que constituíram empresas (pessoa jurídica) e continuaram exer-cendo a mesma jornada de trabalho, mesmo salário, recebendo as mesmas ordens etc. Nesse contexto, os mecânicos são, na verdade, empregados da o cina, diante da prevalência da realidade sobre a forma escrita.

2.4. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva ao empregado

No Direito do Trabalho, é vedada qualquer alteração contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo se houver consentimento deste (artigo 468, caput, da CLT). Assim, conforme previsto no art. 2º da CLT, os riscos do empreendimento são su-portados exclusivamente pelo empregador, não sendo permitido a ele dividir os prejuízos com seus trabalhadores.

Art. 468 da CLT. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alte-ração das respectivas condições, por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

2.5. Princípio da continuidade da relação de emprego

Em regra, o contrato de trabalho é rmado por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente xado para seu m. Aliás, é de interesse público que esses contratos sejam rmados para prazos de longa duração, pois, enquanto o

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6. QUESTÕES DISSERTATIVAS E ESTUDOS DE CASO Treino e Padrão de respostas:

Ao resolver uma questão dissertativa ou estudos de caso em concursos para Analista do TRT, é fundamental tentar escrever com clareza, sem erros e com letra legível, de modo que se torne uma leitura simples e fácil ao examinador. Lembre-se que o examinador não cará horas, tentando decifrar códigos ininteligíveis, e ainda, descartará questões com erros graves de ortogra a, pontuação etc. Ele tem milhares de questões pra corrigir, portanto cause uma boa impressão logo no início do texto.

É muito importante que o candidato redija, com frequência e com antecedência, o máximo de questões sobre temas atuais e importantes do direito e do processo do trabalho. Treine sempre manualmente, evite digitar as respostas, pois não terá o computador ao seu lado no dia do concurso. Esse é o melhor treino e estudo para questões abertas.

Tente responder às questões seguintes antes de veri car o gabarito apresentado ou procurar a resposta na teoria. É uma forma de treinar seu cérebro às condições apresentadas na hora da prova. Lembre-se de que algumas questões não têm respos-ta certa ou errada. Portanto, a boa fundamentação é o caminho para a aprovação.

Cabe frisar, ainda, que não dará tempo de elaborar um rascunho detalhado prévio, na maior parte dos concursos. Portanto, antes de iniciar sua redação, colo-que ao lado do próprio enunciado alguns pontos principais de que você precisará se lembrar durante a confecção da resposta. Essa técnica evitará que se esqueça de abordar assuntos importantes.

Por m, a indicação do número da lei, do artigo, da súmula ou orientação juris-prudencial somente deve ser colocada se você realmente souber, com exatidão, o número da norma ou se assim for exigido pela banca examinadora.

Bom treino, bons estudos e boa sorte!

QUESTÃO DISSERTATIVA 01:

Disserte sobre fontes do Direito do Trabalho e trace as eventuais regras para resol-ver os con itos entre as fontes formais.

RESPOSTA SUGERIDA PELO AUTOR:

A fonte do direito do trabalho é o meio pelo qual nasce a norma jurídica. Algumas fontes são obrigatórias, ou seja, os membros da sociedade devem respeitá-las (são normas cogentes e imperativas). Outras fontes, porém, atu-am como fase preliminar das normas obrigatórias, são os movimentos sociais. Podem-se dividir as fontes em fontes materiais e fontes formais.

As fontes materiais são fatores ou acontecimentos sociais, políticos, eco-nômicos e losó cos que inspiram o legislador (deputados e senadores) na

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elaboração das leis. Esses movimentos in uenciam diretamente o surgimento ou a modi cação das leis. Têm-se, como exemplo, as constantes reivindicações dos trabalhadores por mais direitos trabalhistas. Essas reivindicações também ocorrem por parte dos empregadores, na forma de pressões das empresas para reduzir ou exibilizar os direitos trabalhistas.

Por sua vez, as fontes formais são a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis. As fontes formais podem ser elaboradas pelo Estado ou pelos próprios destinatários da norma, sem a participação do Estado. São divididas em fontes formais autônomas e fontes formais heterônomas.

As fontes formais autônomas são discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. É possível mencionar, como exemplo, uma de-terminada negociação coletiva entre sindicato e empresa que resulta em um acordo coletivo. Esse acordo coletivo, elaborado pelas partes interessadas, terá força obrigatória para trabalhadores e empresa, como o dever da empresa de fornecer uma cesta básica, ou ainda a necessidade de esses trabalhadores usarem uniformes e equipamentos de proteção. São espécies de fontes formais autônomas: a convenção coletiva (art. 611 da CLT), o Acordo Coletivo (art. 611, §1º, CLT) e o costume, enquanto prática reiterada de determinada con-duta numa dada região ou empresa.

Por outro lado, nas fontes formais heterônomas, não há participação dire-ta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário). São espécies: as normas contidas na Constituição Fe-deral, nos tratados e convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, nas leis, nas medidas provisórias, nos decretos do Poder Executivo, bem como as sentenças normativas, que são o instrumento utilizado pelos tribunais tra-balhistas para por m ao con ito coletivo, criando novas condições de tra-balho, e as súmulas vinculantes, que expressam o posicionamento majoritário do Supremo Tribunal Federal para dar segurança jurídica a questões polêmicas (art. 103-A da CF/88).

No caso de con itos entre fontes formais, deve-se aplicar o princípio da norma mais favorável, compabilizando com as teorias do conglobamento e da acumulação.

A teoria do conglobamento defende a aplicação de apenas uma fonte em sua totalidade. Assim sendo, o intérprete deverá analisá-la no conjunto. Se o acordo coletivo for o mais favorável ao trabalhador, será aplicado como um todo. Essa teoria é a majoritária na jurisprudência do TST e na doutrina35.

35. “A teoria do conglobamento é certamente a mais adequada à operacionalização do critério hierárquico normativo preponderante no Direito do Trabalho. A seu favor tem a virtude de não incorporar as apon-tadas distorções da teoria da acumulação, além de ser a única teoria a harmonizar a exibilidade do critério hierárquico justrabalhista com a essencial noção de sistema inerente à ideia de Direito – e de ciência.” DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 183.

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O segundo efeito é a formação de título executivo extrajudicial, isto é, po-derá ser executado diretamente na Justiça do Trabalho. A título de exemplo, o termo de conciliação vale como “cheque” dado pelo empregador: se não for pago, será executado. Na reclamação trabalhista, há necessidade de juntar provas (documentos, testemunhas etc.) e, por isso o processo é mais demorado. Já na execução, o processo é rápido, pois a instrução é realizada com o título executivo.

Por m, caso sejam criadas CCP no âmbito da empresa e no sindicato, é possível que o empregado escolha aquela a que deseja submeter a demanda. Nesse caso, ocorrerá a prevenção naquela que for provocada primeiro. É o que estabelece a CLT:

Art. 625-D, § 4º, CLT: Caso exista, na mesma localidade e para a mes-ma categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas submeter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.

7. SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS DO TST

Resumo das Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST citadas durante o capítulo. É importante que o candidato ao cargo de Analista TRT estude as Súmulas e Orientações Jurisprudenciais por matérias, para facilitar a memorização. Segue abaixo o quadrinho de resumo:

Capítulo I – Introdução ao Direito do Trabalho.

Fontes do Direito do Trabalho

Súmula nº 51 do TST. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.

II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

Súmula nº 277 do TST. As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modi cadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.

Orientação Jurisprudencial nº 322 da SDI – I do TST. Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é invá-lida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado.

Súmula nº 346 do TST. Os digitadores, por explicação analógica do art. 72 da CLT, equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanogra a (datilogra a, escrituração e cálculo), razão pela qual têm direito a intervalos de descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) de trabalho consecutivo.

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Princípios do Direito do Trabalho.

Súmula nº 202 do TST. Existindo, ao mesmo tempo, grati cação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais bené ca.

Súmula nº 288 do TST. I – A complementação dos proventos da aposentadoria é regida pelas normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações posteriores desde que mais favoráveis ao bene ciário do direito.II – Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência privada, a opção do bene ciário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro.

Súmula nº 212 do TST. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.

Súmula nº 276 do TST. O direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo compro-vação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego.

Flexibilização do Direito do Trabalho

Súmula nº 364 do TST. Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto perma-nentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.

Súmula nº 423 do TST. Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não tem direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras.

Súmula nº 85 do TST. I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário.III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser instituído por negociação coletiva.

Súmula nº 449 do TST. A partir da vigência da Lei nº 10.243, de 27.6.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT, não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho para ns de apuração das horas extras.

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Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO

Renúncia e Transação

O TST admite, excepcionalmente, a renúnciaSúmula nº 276 do TST. O direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo compro-vação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego.

Admite a transaçãoOrientação Jurisprudencial nº 270 da SDI-I do TST. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.

Orientação Jurisprudencial nº 356 da SDI-I do TST. Os créditos tipicamente trabalhistas reconheci-dos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária ( PDV).

Orientação Jurisprudencial nº 420 da SDI-I do TST. É inválido o instrumento normativo que, re-gularizando situações pretéritas, estabelece jornada de oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento.

8. INFORMATIVOS DO TST (CITADOS DURANTE O CAPÍTULO I)

1. PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL

1.1. Cláusula não aplicada

Ação anulatória. Acordo coletivo de trabalho que contém norma menos favorável que aquela prevista em convenção coletiva vigente no mesmo período. Art. 620 da CLT. Nulidade afastada. O confronto entre duas cláusulas dispondo sobre a mesma vantagem constante tanto de acordo quanto de convenção coletiva vigentes no mesmo período não enseja a anulação da norma menos favorável, mas apenas a sua inaplicabilidade ao caso concreto, conforme dicção do art. 620 da CLT. O reconhecimento de que a convenção coletiva deve ser aplicada em detrimento do acordo coletivo, quando aquela for mais favorável, não implica a declaração da nulidade do acordo, pois, para tanto, seria necessária a constatação de irregularidades de ordem formal ou material a afrontar o ordenamento jurídico. Com esse entendimento, a SDC, por unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário para, afastando a nulidade das cláusulas terceiras dos acordos coletivos 2007/2008 e 2008/2009, rmados entre os réus, julgar improcedente a ação anulatória. Entendeu-se, outrossim, que a improcedência da presente ação não interfere na pretensão de aplicação da norma mais favorável aos empregados, a qual deve ser discutida em ação judicial própria. (Informativo nº 17)

2. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DE TRATAMENTO

Dissídio coletivo. Uniões estáveis homoafetivas e heteroafetivas. Paridade de tratamento. Reconhecimento. ADI 4277.Ante os princípios da dignidade humana (art. 1º, III, da CF) e da igualdade (art. 5º, caput e I, da CF) e o entendimento exarado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4277, que reconheceu às uniões homoafetivas o status de entidade familiar, estendendo a essas relações a mesma proteção jurídica destinada à união estável entre homem e mulher conferida pelos arts. 226, § 3º, da CF e 1.723 do CC, a SDC, à unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre para, no particular, reformar a decisão do TRT, que entendeu ser a matéria própria para acordo entre as partes, e deferir a cláusula postulada com a seguinte redação:

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“Cláusula 48 – Parceiro (a) do mesmo sexo: Quando concedido pela empresa benefício ao companheiro(a) do(a) empregado(a), reconhece-se a paridade de tratamento entre as uniões estáveis homoafetivas e heteroafetivas, desde que observados os requisitos previstos no art. 1.723 do CC”. Ressalvou a fundamentação o Ministro Ives Gandra Martins Filho. TST--RO-20424-81.2010.5.04.0000, SDC, rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, 9.9.2013 (Informativo nº 58)

3. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE

Radialista. Enquadramento. Lei nº 6.615/78. Registro. Ausência. Princípio da primazia da realidade. A ausência de registro perante a Delegacia Regional do Trabalho não é óbice para o enquadra-mento do empregado na condição de radialista, desde que preenchidos os requisitos essenciais previsto na Lei nº 6.615/78, quais sejam, a prestação de serviço à empresa equiparada à de radiodifusão (art. 3º) e o exercício de uma das funções em que se desdobram as atividades mencionadas no art. 4º da referida lei. No caso, prevaleceu a tese de que a inobservância de exigência meramente formal não afasta o enquadramento pretendido, em atenção ao princípio da primazia da realidade e à não recepção da norma limitativa da liberdade de expressão pela Constituição Federal de 1988, na esteira da jurisprudência do STF quanto à exigência de diploma de jornalista. Assim, a SBDI-I, por unanimidade, no tópico, conheceu dos embargos do reclamante, por divergência jurisprudencial e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer a decisão do Regional, que enquadrou o empregado como radialista. TST-E-ED-RR-2983500-63.1998.5.09.0012, SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 7.3.2013 (Informativo nº 39)

Atividade Docente. Instrutora de informática. Curso pro ssionalizante. Reconhecimento da condição de professora. Princípio da primazia da realidade.Tendo em conta o princípio da primazia da realidade que rege as normas de Direito do Tra-balho, a empregada contratada para o exercício da atividade de instrutora de informática, em estabelecimento que oferece cursos pro ssionalizantes, tem direito ao reconhecimento da condição de professora e à percepção das parcelas trabalhistas próprias dessa categoria. As exigências formais previstas no art. 317 da CLT são dirigidas aos estabelecimentos particu-lares de ensino. Assim, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negou-lhes provimento. TST-E-ED-RR-6800-19.2007.5.04.0016, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen, 11.4.2013 (Informativo nº 42)

4. RENÚNCIA E TRANSAÇÃO

Ação anulatória. Acordo coletivo de trabalho. Horas in itinere. Cláusula que estabelece qui-tação geral e indiscriminada. Período anterior à vigência. Impossibilidade. A SDC, por unanimidade, deu provimento a recurso ordinário em ação anulatória para declarar a nulidade de cláusula de acordo coletivo de trabalho que previa a quitação geral e indiscriminada de horas in itinere relativas a todo o período anterior à vigência da norma. Esclareceu o Ministro relator que, no caso, não houve estabelecimento de qualquer contrapartida aos trabalhadores, o que equivale à renúncia aos salários correspondentes ao tempo à disposição do empregador, em contraste com os arts. 9º, 58, § 2º, e 444 da CLT. Ademais, cláusulas que transacionam direitos referentes a lapso temporal anterior à sua vigência são ine cazes, ante o disposto no art. 614, §3º, da CLT e na Súmula nº 277 do TST, restando claro que a referida cláusula foi instituída com o intuito de liberar a empresa do pagamento de eventuais débitos a título de horas de percurso que possam vir a ser apurados em reclamações trabalhistas, inibindo, portanto, o acesso dos empregados ao Poder Judiciário. TST-RO-22700-15.2010.5.03.0000, SDC, rel. Min. Fernando Eizo Ono, 15.5.2012. (Informativo nº 8)

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Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO

Adesão a novo plano de benefício previdenciário. Efeitos. Renúncia às regras do plano an-terior. Incidência da Súmula n º 51, II, do TST.Aplica-se o item II da Súmula nº 51 do TST aos casos em que se discute os efeitos da adesão a novo plano de benefício previdenciário oferecido por entidade de previdência privada, pois a nalidade última do referido verbete é resguardar o ato jurídico perfeito que se aperfeiçoa com a livre adesão às vantagens de um plano mediante a renúncia ao regulamento de complementação de aposentadoria anterior, sendo indiferente o fato de a opção referir-se a plano de previdência privada ou a regulamento de empresa. Com esses fundamentos, a SBDI-I, em sua composição plena, conheceu dos embargos da recla-mante, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento, mantendo o entendimento adotado pela Turma no sentido de que a opção da empregada pelo BRTPREV/2002 implicou renúncia às regras do plano anterior. Vencidos os Ministros José Roberto Freire Pimenta, João Oreste Dalazen, Renato de Lacerda Paiva e Delaíde Miranda Arantes. TST-E-RR-140500-24.2008.5.04.0027, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 18.4.2013 (Informativo nº 43)

5. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Comissão de Conciliação Prévia. Acordo rmado sem ressalvas. E cácia liberatória geral. Parágrafo único do art. 625-E da CLT.Nos termos do parágrafo único do art. 625-E da CLT, o termo de conciliação, lavrado peran-te a Comissão de Conciliação Prévia regularmente constituída, possui e cácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas ressalvadas expressamente. Em outras palavras, não há limitação dos efeitos liberatórios do acordo rmado sem ressalvas, pois o termo de con-ciliação constitui título executivo extrajudicial, com força de coisa julgada entre as partes, equivalendo a uma transação e abrangendo todas as parcelas oriundas do vínculo de emprego. Com esse posicionamento, a SBDI-I, em sua composição plena, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, pelo voto preva-lente da Presidência, deu-lhes provimento para julgar extinto o processo sem resolução de mérito, na forma do art. 267, IV, do CPC. Vencidos os Ministros Horácio Raymundo de Senna Pires, Rosa Maria Weber, Lelio Bentes Corrêa, Luiz Philippe Vieira de Melo Filho, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Delaíde Miranda Arantes, por entenderem que a quitação passada perante a Comissão de Conciliação Prévia não pode abranger parcela não inserida no correlato recibo. TST-E-RR-17400-43.2006.5.01.0073, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 8.11.2012 (Informativo n. 29 do TST)

Comissão de Conciliação Prévia. Termo de quitação. E cácia liberatória. Diferenças em com-plementação de aposentadoria. Não abrangência.A e cácia liberatória geral do termo de quitação referente a acordo rmado perante a Co-missão de Conciliação Prévia (art. 625-E, parágrafo único, da CLT) possui abrangência limitada às verbas trabalhistas propriamente ditas, não alcançando eventuais diferenças de comple-mentação de aposentadoria. Com esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes parcial provimento para, afastada a quitação do termo de conciliação quanto aos re exos das horas extras e do desvio de função sobre a complementação de aposentadoria, determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho, para que prossiga no julgamento do feito como entender de direito. Ressaltou-se, no caso, que a complementação de aposentadoria, embora decorrente do contrato de trabalho, não possui natureza trabalhista. Ademais, não se pode estender os efeitos da transação rmada na CCP a entidade de previdência privada, por se tratar de terceiro que não participou do negócio jurídico. TST-E-RR-141300-03.2009.5.03.0138, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, 6.12.2012 (Informativo nº 33)

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DIREITO DO TRABALHO – Henrique Correia

9. LEGISLAÇÃO RELACIONADA AO CAPÍTULOFONTES DO DIREITO DO TRABALHO» CLT

Art. 1º – Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela previstas.

Art. 8º – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principal-mente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

Parágrafo único – O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamen-tais deste.

Art. 611 – Convenção Coletiva de Trabalho é o acôrdo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e pro ssionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.

§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias pro ssionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais emprêsas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da emprêsa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.

§ 2º As Federações e, na falta desta, as Confede-rações representativas de categorias econômicas ou pro ssionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações.

COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA» CLT

Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de com-posição paritária, com representante dos empre-gados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os con itos individuais do trabalho. Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:

I – a metade de seus membros será indicada pelo empregador e outra metade eleita pelos

empregados, em escrutínio, secreto, scalizado pelo sindicato de categoria pro ssional;

II – haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;

III – o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma recondução.

§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o nal do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.

§ 2º O representante dos empregados desenvol-verá seu trabalho normal na empresa afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.

Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcio-namento de nidas em convenção ou acordo coletivo.

Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza tra-balhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria.

§ 1º A demanda será formulada por escrito ou reduzida a tempo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados.

§ 2º Não prosperando a conciliação, será forneci-da ao empregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustada com a descrição de seu objeto, rmada pelos membros da Comissão, que devera ser juntada à eventual reclamação trabalhista.

§ 3º Em caso de motivo relevante que impossi-bilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição da ação intentada perante a Justiça do Trabalho.

§ 4º Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas sub-meter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.

Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu proposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá e cácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

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Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO

Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.

Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a rea-lização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2º do art. 625-D.

Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a uir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F.

Art. 625-H. Aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista em funcionamento ou que vierem a ser criados, no que couber, as disposições previstas neste Título, desde que observados os princípios da paridade e da negociação coletiva na sua constituição.

PRINCÍPIOS» CLT

Art. 9º – Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.

Art. 8º – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principal-mente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

Parágrafo único – O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamen-tais deste.

Art. 10 – Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.

Art. 13 – A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade pro ssional remunerada.

Art. 444 – As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Art. 448 – A mudança na propriedade ou na estru-tura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.

Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Parágrafo único – Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de con ança.

Art. 620 – As condições estabelecidas em Conven-ção quando mais favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo.

Art. 651 – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

§ 1º – Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou lial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

§ 2º – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou lial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

§ 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

Art. 912 – Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas não consumadas, antes da vigência desta Consolidação.

» CONSTITUIÇÃO FEDERALArt. 1º, III – A dignidade da pessoa humana.Art. 5º, XXXVI – A lei não prejudicará o direito

adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.Art. 7º – São direitos dos trabalhadores urbanos

e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

I – relação de emprego protegida contra des-pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III – fundo de garantia do tempo de serviço;

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