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18º Domingo Tempo Comum Homilias Meditadas Lectio Divina para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb [email protected] XVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B Jo 6,24-35 1. Introdução Hoje é o evangelho do pão, o que Deus concedeu a Israel no deserto e o que Cristo multiplicou, também no deserto, para a multidão, procurando levá-la do pão material ao pão espiritual. É o grande tema da vida do homem que caminha para Deus. O Evangelho descreve a procura da multidão. Da verdadeira procura nasce o encontro. E Jesus faz-Se milagre, faz-Se pão, porque Ele, sim, nos procura. Trataremos melhor o drama deste tema no Poema/Meditação, no final. A segunda leitura tem um conteúdo próprio. Fala da mudança em todos aqueles que aderem a Cristo. Deixam de ser homens velhos e passam a ser novas criaturas no meio de todos aqueles com quem convivem. 2. Pão da Vida «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede». Entre a multiplicação dos pães, cujo relato lemos no Domingo passado, e o “discurso do pão da vida” que tem hoje o seu início, João fala dum episódio misterioso: “Como é que Jesus passou para a outra margem?”. Aquela gente veio atrás de Jesus porque tinham sido alimentados milagrosamente. Jesus, porém, não dá valor à questão e vai diretamente à temática do “pão verdadeiro”.

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18º DomingoTempo Comum

Homilias MeditadasLectio Divina para a Família Salesiana

P. J. Rocha Monteiro, sdb [email protected]

XVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Jo 6,24-35

1. IntroduçãoHoje é o evangelho do pão, o que Deus concedeu a Israel no deserto e o que Cristo multiplicou, também no deserto, para a multidão, procurando levá-la do pão material ao pão espiritual. É o grande tema da vida do homem que caminha para Deus.

O Evangelho descreve a procura da multidão. Da verdadeira procura nasce o encontro. E Jesus faz-Se milagre, faz-Se pão, porque Ele, sim, nos procura. Trataremos melhor o drama deste tema no Poema/Meditação, no final.

A segunda leitura tem um conteúdo próprio. Fala da mudança em todos aqueles que aderem a Cristo. Deixam de ser homens velhos e passam a ser novas criaturas no meio de todos aqueles com quem convivem.

2. Pão da Vida«Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».

Entre a multiplicação dos pães, cujo relato lemos no Domingo passado, e o “discurso do pão da vida” que tem hoje o seu início, João fala dum episódio misterioso: “Como é que Jesus passou para a outra margem?”.

Aquela gente veio atrás de Jesus porque tinham sido alimentados milagrosamente. Jesus, porém, não dá valor à questão e vai diretamente à temática do “pão verdadeiro”.

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Distingue “o alimento que acaba” e o “que dura para a vida eterna”. Enuncia desta forma a 5ª catequese joânica: “ quem crê em mim viverá para sempre”.

3. O verdadeiro «pão descido do céu» é EleCessam as figuras em presença da realidade que todos os dias nos é dada no banquete da Eucaristia.

Banquete eucarístico que também é Sacramento de unidade e vínculo de amor, para transformar o mundo em família de Deus. Quando as pessoas se comungarem no amor que o Pão de Cristo lhes dá, haverá menos fome e menos injustiças. A Eucaristia é o Pão que pacifica e se converte em fermento do mundo novo.

4. Ele está no meio de nós“Sim, Ele está no meio de nós, mas não é nosso”. Não é um sistema de produção ou de abastecimento. Ele é o Amor e a Alegria; Ele é o Céu e o Pão descido do Céu à nossa terra, para nos fazer viver felizes e nos elevar à Sua condição de Filho de Deus. Está no meio de nós, mas não O podemos reter ou possuir.

5. Trabalhai pelo alimento que dura até à vida eterna“Mas porque procuramos Jesus? O que nos atrai neste homem de vida itinerante, que questiona o nosso comodismo espiritual? Ele toca-nos, marca-nos, imprime em nós o selo do amor. Não mais somos os mesmos quando fazemos a experiência de Deus. Não mais somos os mesmos quando bebemos da água da vida e comemos do Pão do Céu.

Que adianta procurar outras fontes, se só Jesus Cristo nos refresca verdadeiramente e nos dá novo vigor? Em tempo de férias, urge também trabalhar pelo alimento que dura até à vida eterna”. (Semente do Evangelho)

Que sementes lançar para colher o tal alimento que não se perde?

Amar implica esforço, passar ao outro lado do mar, remar contra ventos e tempestades, oferecer a outra face, sentir o pó do caminho, subir ao monte... trabalhar pelo alimento que dura e não se perde. Só o amor dura, porque o amor jamais passará!

6. Salmo 78O Salmo 78 ensina-nos que a Bíblia é a longa história de uma salvação sempre oferecida, acolhida e, por vezes, rejeitada. Lembra-nos que as maravilhas de Deus não são para guardar no cofre da família, mas para passar, de mão em mão, de coração a coração, de pais para filhos, de geração a geração.

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A catequese é o anúncio de um acontecimento em carne viva que nos deve comprometer, e não de uma série de frias ou requentadas teses teológicas. (A. Couto)

Ef 4,17.20-24

7. Revesti-vos do homem novoNesta carta Paulo exorta os crentes a buscar a unidade e a viver dignamente a vida cristã, marcada por um verdadeiro conhecimento de Cristo. Através da pregação foram ensinados a abandonar o homem velho, corrompido pelas concupiscências, e a revestirem-se do homem novo, criado na justiça e na verdade.

Escolher a novidade é escolher a Cristo.

E escolher a Cristo é romper com as velhas apetências do pecado e estar disposto a continuar a renovar-se no Espírito, através da transformação da mente e do coração. É pela força do Espírito que o homem renasce em Jesus Cristo e é criado, segundo Deus, na justiça e santidade verdadeiras.

Ex 16,2-4.12-15

8. Alimento providencial de DeusA 1ª Leitura, tirada do livro do Êxodo, fala-nos das murmurações do povo contra Moisés e do alimento providencial dado por Deus a esse povo esfomeado, através do maná e das codornizes. A libertação do Egipto foi apenas o primeiro passo duma longa caminhada.

As dificuldades e os problemas não se fizeram esperar. As murmurações são a prova disso: «Tivéssemos antes morrido às mãos do Senhor, na terra do Egipto, quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne e comíamos pão com fartura!»

Mas a proteção de Deus também não se fez esperar: «Então, o Senhor disse a Moisés: Vou fazer chover dos céus pão para vós”... Nessa tarde apareceram codornizes, que cobriram o acampamento e, na manhã seguinte, rodeava o acampamento uma camada de orvalho... Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros: «Man-hu?», quer dizer, que é isto?...

Disse-lhes, então, Moisés: «É o pão que o Senhor vos dá como alimento».3

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9. Quero ser eucaristia contigo

O deserto é o lugar da tentação e da prova, da fome e sede, da infertilidade,das serpentes venenosas, a morada dos poderes da morte. (1ª Leitura).

Mas é também lugar de purificação, do silêncio e do encontro com Deus. (2ªLeitura).É Cristo, o pão da vida, que torna férteis todos os desertos humanos. (Evangelho)

“Aqui, frente aos teus olhos, leio e saboreio a sedução da eternidade, no agora.

Tu sabes o que há em mim, e a Tua mensagem é desafio de plenitude até Ti!

Tu és o motivo da minha fome, porque só Tu és a consumação da minha vida.

Hoje quero comungar o Teu amor como o alimento sem prazos de validade;quero aproximar os meus sonhos dos Teus, até uma sintonia perfeita.

Num mundo onde as fomes hesitam para onde ir...,quero ser eucaristia conTigo”.

Sementes do Evangelho

Dador da vida“Trabalhai, não tanto pela comida que se perde

Mas pelo alimento que dura até à vida eterna”. Jo 6,27

Vinde, correi benditos de meu Pai, Vós que tendes sede de infinito,

Fome do céu, fome dum grande amor; Vós, famintos duma vida maior.

Amantes da vida,buscadores de sonhos…

De Ti, meu Deus,flui o tempo imparável;

Sacia-nos desse Teu pão imortal, admirável,

Corram em nossas veiasencantos medonhos.

A terra sacia o homem, dá-lhe fortuna; A criança sacia sua mãe de ternura,

O jovem sacia-se ao ser amadona procura.

Os esposos, saciados são nos seus filhos.

Eu sou o pão da vida que te sacia; Faço florescer o humano para sempre.

Torno-te divino, dou-te liberdade, Coragem, esperança, eternamente.

O sangue, a seiva…sobem ao céu distante;

O rio, o mar… abraçam o azul gigante. De joelhos, prostrado em oração,

Clímax de amor profundo… adoração.

Quando eu voltar de pétalas revestido de glicínias e lilás. Levar-te-ei comigo.Encherei tua estrada vazia te saciarei.Serás um pedacinho de Deus em ti.

Mais fome e sede de Deus tu terás.Inebriar-te-ei com perfumes de rosa.Voarás para teu Deus qual mariposa.

Dormirás n’Ele. Ressuscitarás.

J. Rocha Monteiro in “Palavra ardente”