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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

SUMÁRIO • 1. Introdução ao Direito Eleitoral. 1.1. Conceito de Direito Eleitoral. 1.2. Objeto. 1.3. Taxonomia e autonomia. 1.4. Fontes. 1.4.1. Fontes diretas. 1.4.2. Fontes indiretas. 1.5. Codificações eleitorais. 1.6. Competência legislativa. 1.7. Princípios eleitorais. 1.7.1. Conceito de princípio. 1.7.2. Princípios eleitorais em espécie. 1.7.2.1. Princípio da anualidade ou da anterioridade da lei eleitoral. 1.7.2.2. Princípio da celeridade. 1.7.2.3. Princípio da periodicidade da investidura das funções eleitorais. 1.7.2.4. Princípio da lisura das eleições ou da isonomia de oportunidades. 1.7.2.5. Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos políticos. 2. Sinopse. 3. Para conhecer a jurisprudência. 3.1. Informativos. 3.2. Jurisprudência selecionada. 4. Questões de exames e concursos. 4.1. Questão extra. 5. Gabarito.

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

1.1. Conceito de Direito EleitoralSegundo Fávila Ribeiro1, “o Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas

e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa adequação entre a vontade do povo e a atividade governamental”.

De acordo com Omar Chamon2, “o Direito Eleitoral, ramo autônomo do direito público, regula os direitos políticos e o processo eleitoral. Todas as Constituições trataram dessa matéria. Cuida-se de instrumento para a efetiva democracia, ou seja, estuda-se a influência da vontade popular na atividade estatal”.

Na lição de Joel José Cândido3, “Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado”.

Conceituamos o Direito Eleitoral como o ramo do Direito Público constituído por normas e princípios disciplinadores do alistamento, da convenção partidária, do registro de candidaturas, da propaganda política, da votação, da apuração e da diplomação dos eleitos, bem como das ações, medidas e demais garantias relacionadas ao exercício do sufrágio popular.

1.2. ObjetoIncumbe ao Direito Eleitoral tratar sobre:

• A organização da Justiça e do Ministério Público Eleitoral;

Direito eleitoral, Direito eleitoral. ,

Direito eleitoral brasileiro. ,

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• As diversas fases do processo eleitoral:

a) o alistamento eleitoral: inscrição, transferência, revisão, cancelamento e exclusão de eleitores;

b) a convenção partidária: momento e disciplinamento para escolha de candidatos e for-malização de coligações;

c) o registro de candidatos: competência dos órgãos jurisdicionais, documentação necessária para o registro e demais regras específicas;

d) a propaganda política: o disciplinamento da propaganda partidária, intrapartidária e eleitoral;

e) os atos preparatórios à votação: distribuição das seções eleitorais e sua composição, material para votação, organização das mesas receptoras e respectiva fiscalização;

f ) a votação: a forma do voto e do sufrágio, os lugares de votação, a polícia dos trabalhos, o horário de início e de encerramento da votação;

g) a apuração; e

h) a diplomação dos eleitos.

• A estruturação dos partidos políticos;

• A fixação das regras de competência e procedimentos em matéria eleitoral;

• O estabelecimento de punições administrativas e criminais no âmbito eleitoral, etc.

1.3. Taxonomia4 e autonomiaO Direito Eleitoral, na atualidade, é, indubitavelmente, ramo do direito público, pois cuida,

sobretudo, das medidas e demais garantias relacionadas ao exercício do sufrágio popular.

Não menos indiscutível é asseverar que o Direito Eleitoral adquiriu autonomia científica, didática e normativa.

Dizemos que há autonomia científica porque existem normas e princípios próprios de Di-reito Eleitoral.

A autonomia didática calca-se na presença de disciplinas específicas de Direito Eleitoral nos cursos de graduação e pós-graduação em direito.

No que concerne à autonomia normativa, encontramos no ordenamento jurídico brasileiro uma grande quantidade de normas jurídicas autônomas e específicas de Direito Eleitoral, exempli gratia, dentre outras, a Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral); a Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos); a Lei nº 9.504, de 30 de se-tembro de 1997 (Lei das Eleições); e a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990 (Lei das Inelegibilidades). Tais diplomas legais são normas jurídicas de efeito cogente ou imperativas, isto é, não podem ser alteradas em prol de interesses de particulares (eleitores, candidatos ou partidos políticos) envolvidos no processo eleitoral.

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1.4. FontesAs fontes5 do Direito Eleitoral, isto é, aquelas que dizem respeito à sua origem ou ao fun-

damento do direito, estão classificadas em dois grandes grupos: fontes diretas ou primárias e indiretas ou secundárias.

1.4.1. Fontes diretasSão fontes diretas ou primárias do Direito Eleitoral, dentre outras:

A) A Constituição Federal6.

É a fonte suprema.

O Direito Eleitoral brasileiro, como todos os demais ramos da dogmática jurídica, retira seu fundamento de validade da Constituição Federal promulgada e publicada em cinco de outubro de 1988.

É nela onde estão inseridos os princípios fundamentais eleitoralísticos, as disposições acerca da forma e do sistema de governo; regras gerais sobre nacionalidade, direitos políticos e partidos políticos, bem como, dentre outros relevantes temas, a organização da Justiça Eleitoral e a com-petência legislativa em matéria eleitoral.

B) O Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15.07.1965) e leis posteriores que o alteraram

O Código Eleitoral, embora promulgado à época de sua edição como lei ordinária, foi re-cepcionado como lei complementar pelo art. 121 da Lei Ápice de 1988.

Dispõe acerca da organização e do exercício de direitos políticos, precipuamente os de votar e o de ser votado; estabelece a composição e competência da Justiça Eleitoral; fixa as regras atinentes ao alistamento eleitoral, aos sistemas eleitorais, ao registro de candidaturas, à propaganda política, aos atos preparatórios e à votação propriamente dita, à apuração e à diplomação dos eleitos.

Aborda, ademais, as garantias eleitorais, os recursos e as disposições penais e processuais penais eleitorais.

Está em vigor, salvo na parte não recepcionada pelo texto constitucional, bem como na parte derrogada pela legislação superveniente.

são as formas de expressão do

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C) A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP)(Lei nº 9.096, de 19.09.1995)

A LOPP dispõe, dentre outros assuntos, sobre a criação e o registro dos partidos políticos; o funcionamento parlamentar; o programa, o estatuto e a filiação partidária; a fidelidade e a disciplina partidárias; a fusão, a incorporação e a extinção das agremiações partidárias; a prestação de contas e o fundo partidário, bem como o acesso gratuito das entidades partidárias ao rádio e à televisão.

D) A Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64, de 18.05.1990)

A LC n.º 64/90 regulamenta o § 9.º do art. 14 da Constituição Federal, ao fixar os casos específicos de inelegibilidade, os prazos de cessação e determina outras providências. Foi substan-cialmente alterada pela Lei da Ficha Limpa (LC n.º 135/10).

E) A Lei das Eleições (Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997)

A LE fixa normas gerais para as eleições brasileiras, tais como as regras atinentes à formação de coligações, ao registro de candidatos, à arrecadação e à aplicação de recursos nas campanhas eleitorais, à prestação de contas, às pesquisas e testes pré-eleitorais, à propaganda eleitoral em geral, ao direito de resposta, ao sistema eletrônico de votação e à totalização dos votos, às Mesas Receptoras, à fiscalização das eleições, assim como às condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais.

INDAGAÇÃO DIDÁTICA

Medida provisória pode ser editada sobre matéria eleitoral ou partidária?

Não. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a nacionalidade, a cidadania, a direitos políticos, a partidos políticos e a Direito Eleitoral (CF, art. 22, § 1º, inc. I, alínea “a”, de acordo com a EC nº 32/01).

1.4.2. Fontes indiretasSão chamadas fontes indiretas ou subsidiárias porque podem ser aplicadas supletivamente

ao Direito Eleitoral, a saber:

A) Código Penal (CP)

O CP fixa as regras gerais para:

i) aplicação da lei penal: anterioridade da lei, lei penal no tempo, lei excepcional ou tem-porária, tempo do crime, territorialidade, lugar do crime, extraterritorialidade, pena cumprida no estrangeiro, eficácia de sentença estrangeira, contagem de prazo e frações não computáveis da pena;

ii) o crime: relação de causalidade, superveniência de causa independente, relevância da omissão, crime consumado e tentado, desistência voluntária e arrependimento eficaz, arrepen-dimento posterior, crime impossível, crimes dolosos e culposos, descriminantes putativas e erros sobre elementos do tipo e sobre a ilicitude do fato, coação irresistível e obediência hierárquica e exclusão da ilicitude por estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou por exercício regular do direito;

iii) a imputabilidade penal e o concurso de pessoas;

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iv) as penas: privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa;

v) a aplicação da pena: fixação da pena, critérios especiais da pena de multa, circunstâncias agravantes e atenuantes, cálculo da pena no concurso material, no concurso formal e no crime continuado, limites das penas em trinta anos;

vi) da suspensão condicional da pena, do livramento condicional;

vii) os efeitos da condenação, da reabilitação, das medidas de segurança e da extinção de punibilidade7.

B) Código de Processo Penal (CPP)

O CPP estabelece o disciplinamento relativo ao processo penal em geral8 [inquérito poli-cial, ação penal, ação civil, competência, questões prejudiciais e processos incidentes, conflito de jurisdição, restituição das coisas apreendidas, medidas assecuratórias, incidentes de falsidade e mental do acusado, meios de prova em geral, atores processuais (juiz, Ministério Público, acusa-do, defensor, assistentes e auxiliares da justiça), prisão, medidas cautelares e liberdade provisória, citações e intimações, aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança e sentença], aos processos em espécie, à execução, às nulidades e aos recursos em geral, bem como às relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras.

C) Código Civil (CC)

O Direito Civil fornece ao Direito Eleitoral, dentre outros, os conceitos de domicílio, pessoa física e jurídica, capacidade, responsabilidade, direitos de personalidade, decadência e prescrição.

Também fixa os graus de parentesco e regramentos para casamento, união estável e união homoafetiva, temas indispensáveis para a aplicabilidade das diretrizes atinentes às inelegibilidades.

Por fim, nas campanhas eleitorais, é indispensável conhecer diversos institutos jurídicos ori-ginalmente civilísticos, tais como doação de recursos (a partidos políticos e candidatos), assunção de dívidas e cessões de débitos, fornecimento de materiais e prestação de serviços.

D) Código de Processo Civil (CPC).

O CPC orienta os operadores do direito como devem proceder na contagem dos prazos processuais e estabelece diretrizes gerais recursais.

É aplicado subsidiariamente ao processo eleitoral em tudo aquilo em que a lei eleitoral não tenha disposto de forma diversa.

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E) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral910

De grande valia as resoluções emanadas do TSE (plenário do TSE).

Estão relacionadas ao poder normativo da Justiça Eleitoral, cujo respaldo legal está encartado nos arts. 1º, parágrafo único c/c o art. 23, inc. IX do Código Eleitoral.

Entendemos que, não obstante figurarem como uma das fontes de maior importância do Direito Eleitoral, devem ser editadas no exercício do poder regulamentar, ou seja, como norma “secundum legem”.

Com efeito, reza a Lei das Eleições: “Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos” (Lei nº 9.504/97, art. 105, “caput”, com redação dada pela Lei nº 12.034/09).

Na prática, todavia, tem-se observado crescente expansão da atividade regulamentar do TSE, com a edição de resoluções com conteúdo de norma autônoma não emanada do Congresso Nacional, o que fez, certamente, alguns doutrinadores a classificarem tais atos normativos como fontes primárias ou diretas de Direito Eleitoral11.

F) Consultas12

O TSE pode responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade com jurisdição federal ou por órgão nacional de partido político (competência consultiva prevista no inc. XII do art. 23 do Código Eleitoral decorrente de delegação constitu-cional contida no art. 121 da CF/88).

Dois são os requisitos para que possam ser respondidas (condições de admissibilidade):

i) apresentação por autoridade competente [com jurisdição federal (“exempli gratia”, Tribunal Regional Eleitoral, Senador da República, Deputado Federal) ou por órgão nacional de agremiação partidária (“verbi gratia”, presidente do diretório nacional do PSTU)]; e

ii) indagação em tese: jamais deverá ser respondida consulta formulada sobre fato concreto. Inobstante não terem caráter vinculante, podem servir as respostas dadas às consultas como suporte para futuras decisões judiciais.

Daí a importância das consultas para o Direito Eleitoral.

in verbis -

11.Direito eleitoral brasileiro

-

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Acerca das consultas respondidas pelo TSE, a propósito, já assentou o STF13 ser “ato norma-tivo em tese, sem efeitos concretos, por se tratar de orientação sem força executiva com referência a situação jurídica de qualquer pessoa em particular”.

1.5. Codificações eleitorais14

A partir da Revolução de 1930, o Brasil ingressou na era das codificações eleitorais. Desde então, o país já contou com quatro códigos, a saber:

A) O Decreto nº 21.076, de 24.02.1932

O Decreto n.º 21.076/32 possuía 144 artigos e era dividido em cinco partes, o que foi seguido pelos demais códigos.

É considerado o primeiro Código Eleitoral brasileiro.

Foi editado sob os reclamos oriundos da Revolução de 1930.

Criou a Justiça Eleitoral; instituiu o voto feminino; previu o sufrágio universal, o voto direto e secreto em cabina indevassável; e o eleitor tinha legitimidade para propor ação penal eleitoral.

B) A Lei nº 48, de 04.05.193515

Tal qual o primeiro, o segundo Código Eleitoral adveio sob a Era Vargas.

Consistiu em um diploma legal com 217 artigos.

Dispôs, em capítulo próprio (arts. 49 a 57), acerca da atuação do Ministério Público em todas as fases do processo eleitoral; e acrescentou, como órgãos integrantes do Judiciário, as Juntas Eleitorais (na época chamadas de Juntas Especiais) incumbidas de apurar as eleições municipais.

Os Juízes Eleitorais passaram a ter competência para processar e julgar os crimes eleitorais (competência esta até então privativa dos Tribunais Eleitorais).

Reduziu os prazos prescricionais para a prática de crimes eleitorais para cinco anos (quando previstas penas privativas de liberdade) e dois anos (nos demais casos)16.

C) A Lei nº 1.164, de 24.07.1950

O terceiro Código Eleitoral possuía 202 artigos.

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Foi editado quando da vigência da Constituição Federal de 1946. Previu o sufrágio universal e o voto direto, obrigatório e secreto. Acolheu, tal como hoje, os sistemas eleitorais proporcional e majoritário. Dispôs sobre a propaganda eleitoral em capítulo específico. Não destinou capítulo próprio ao Ministério Público Eleitoral.

D) A Lei nº 4.737, de 15.07.1965É o quarto e atual Código Eleitoral. Embora lei ordinária, foi recepcionado como lei com-

plementar pela Constituição de 1988. Possui 383 artigos e está organizado em cinco partes: I. Parte Primeira – Introdução (arts. 1º a 11);

II. Parte Segunda – Dos Órgãos da Justiça Eleitoral (arts. 12 a 41);

III. Parte Terceira – Do alistamento (arts. 42 a 81);

IV. Parte Quarta – Das Eleições (arts. 82 a 233); e

V. Parte Quinta – Disposições várias (arts. 234 a 383).

INDAGAÇÃO DIDÁTICA

Houve um quinto Código Eleitoral na história do Brasil?

Não. Em 28.05.1945 foi editado o Decreto-lei nº 7.586, considerado por Pinto Ferreira como um diploma legal eleitoral propriamente dito. Em nenhuma passagem do texto do DL, todavia, houve menção em ser Código Eleitoral. Aludida norma, no entanto, foi de grande relevância, sobretudo devido ter sido o responsável pelo renascimento da Justiça Eleitoral brasileira, extinta pela Constituição de 1937. A doutrina brasileira, em sua maioria, não o elenca como um Código Eleitoral1.

1.6. Competência legislativaA competência para legislar sobre Direito Eleitoral é privativa da União. Com efeito, assim dispõe o inc. I do art. 22 da Lei Ápice, in verbis:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral...”

Não obstante incumbir à União legislar sobre Direito Eleitoral, nada impede que os Estados e o Distrito Federal legislem específica e supletivamente sobre os mecanismos de democracia direta nos seus respectivos territórios.

Esses meios de democracia direta17 estão inseridos nos incisos I a III do art. 14 da CF de 1988. São eles: plebiscito, referendo e iniciativa popular.18

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Por fim, é digno de registro informar que, tal qual estatuído no parágrafo único do art. 22 da Constituição Federal, lei complementar federal poderá autorizar que os estados-membros legislem sobre questões específicas de Direito Eleitoral.

1.7. Princípios do Direito Eleitoral

1.7.1. Conceito de princípioO vocábulo princípio tem vários sentidos ou significados.

Jânio Quadros19 elencou os seguintes significados da palavra sob disceptação: “é ato de princi-piar; momento em que se faz alguma coisa pela primeira vez ou em que alguma coisa tem origem; causa primária; origem; começo; razão fundamental; elemento que predomina na constituição de um corpo organizado; regra; teoria; preceito moral; estreia; germe; opinião; modo de ver; o princípio da vida; primícias; rudimentos; antecedentes; opiniões; convicções; regras fundamentais e gerais de qualquer ciência ou arte”.

No campo jurídico, princípio pode ser empregado no sentido de regra fundamental, regra padrão ou regra paradigma à ciência do direito20.

1.7.2. Princípios do Direito Eleitoral em espécie

1.7.2.1. Princípio da anualidade ou da anterioridade da lei eleitoralÉ o princípio que está inserido no art. 16 da Constituição Federal21, com a redação dada pela

EC nº 4/93, assim redigido: “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência”.

Destarte, para que uma lei modificadora ou alteradora do processo eleitoral produza eficá-cia especificamente a determinado pleito, ela terá que ser publicada no Diário Oficial da União (DOU), no mínimo, um ano e um dia antes da data da respectiva eleição.

O que se deve entender por “lei”?

Interessante resposta é dada por Rodrigo Moreira da Silva22, à qual nos filiamos, in verbis: “Repare que a Constituição refere-se a ‘lei que alterar o processo eleitoral’. Trata-se, nesse caso, de lei em sentido amplo, ou seja, qualquer norma capaz de inovar o ordenamento jurídico. Excluem-se daí os regulamentos, que são editados apenas para promover a fiel execução da lei e que não podem ex-trapolar os limites dela. Não podem os regulamentos criar algo novo. Em função disso, ‘[...] essa regra

Teoria geral do processo: civil, penal e trabalhista.

-

Princípio da anualidade eleitoral.

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dirige-se ao Poder Legislativo porque apenas ao parlamento é dado inovar a ordem jurídica eleitoral’. A consequência prática disso é a inaplicabilidade do princípio ao poder normativo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), logo as resoluções desse Tribunal, editadas para dar bom andamento às eleições, podem ser expedidas há menos de um ano do pleito eleitoral (art. 105 da Lei nº 9.504/1997)”.

E o que pode vir a ser entendido por processo eleitoral para fins do referido art. 16 da Constituição Federal?

A resposta foi dada em duas ocasiões pelo próprio Supremo Tribunal Federal.

A primeira, quando do julgamento da ADI 3.345, na qual se discutia a eventual inconstitu-cionalidade da Resolução do TSE que fixava o número de vereadores. Extrai-se, a propósito, do Informativo STF nº 398, de 22 a 26 de agosto de 2005, que a norma do art. 16 da Constituição Federal, “consubstanciadora do princípio da anterioridade da lei eleitoral, foi prescrita no intuito de evitar que o Poder Legislativo pudesse inserir, casuisticamente, no processo eleitoral, modificações que viessem a deformá-lo, capazes de produzir desigualdade de participação dos partidos e respectivos candidatos que nele atuam”.

A segunda, quando do julgamento da ADI nº 3.741, o Pretório Excelso decidiu haver vio-lação do postulado da anterioridade ou anualidade da lei eleitoral quando a norma: a) produzir rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e dos respectivos candidatos no processo eleitoral; b) introduzir deformação de modo a afetar a normalidade das eleições; c) contiver dispositivo considerado fator de perturbação do pleito; ou d) derivar de alteração motivada por propósito casuístico.

1.7.2.2. Princípio da celeridadeEm razão da temporariedade do exercício dos mandatos eletivos, o Poder Judiciário tem de

dar a maior prioridade possível na apreciação dos feitos eleitorais.

Com efeito, estando para ser apreciado um processo oriundo da Justiça Eleitoral e outro advindo da Justiça Comum, o magistrado dará prioridade àquele, ressalvados apenas os casos de “habeas corpus” e de mandado de segurança.

A rapidez na tramitação processual, portanto, deve ser a marca registrada do processo eleitoral.

Como reflexo do princípio da celeridade no processo eleitoral, é possível elencar:

a) recursos: devem os recursos eleitorais, na sua maioria, ser interpostos no prazo de 3 (três) dias (CE, art. 258), salvo exceções expressamente previstas em lei23 e, via de regra, não terão efeito suspensivo24 (CE, art. 257);

a) aplica-se a regra

-b) quando se declara inelegibilidade por abuso do poder

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b) irrecorribilidade das decisões do TSE: o TSE é a última instância possível para recursos em matéria estritamente eleitoral25;

c) preclusão instantânea: como o processo eleitoral é composto de uma sucessão de fases bem definidas e sucessivas (alistamento, convenção partidária, registro de candidaturas, propagan-da eleitoral, votação, etc.), concluída uma, não podem mais ser impugnadas eventuais nulidades ocorridas em fases anteriores, salvo matérias de ordem constitucional ou legal de ordem pública, isto é, as impugnações decorrentes de irregularidades ou nulidades relativas devem ser alegadas de imediato, sob pena de preclusão (“exempli gratia”: i) art. 147, § 1º do CE: “A impugnação à identidade do eleitor, formulada pelos membros da mesa, fiscais, delegados, candidatos ou qualquer eleitor, será apresentada verbalmente ou por escrito, antes de ser o mesmo admitido a votar”; ii) art. 149 do CE: “Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver havido impugnação perante a Mesa Receptora, no ato da votação, contra as nulidades arguidas”); e

d) prazo de um ano como duração razoável do processo eleitoral que possa resultar em perda de mandato: a tramitação do processo eleitoral que possa redundar em perda de mandato eletivo (em todas as suas fases e graus de jurisdição) não poderá ultrapassar o prazo de um ano26.

INFORMAÇÃO JURISPRUDENCIAL

Excesso de prazo para conclusão de inquérito policial e duração razoável do processo eleitoral

EMENTA. ELEIÇÕES 2010. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE CORRUPÇÃO ELEITORAL. ART. 299 DO CE. RE-CURSO EM HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO PARA A CONCLUSÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. REALIZAÇÃO DE INÚMERAS DILIGÊNCIAS, JÁ ULTIMADAS. PERÍODO SUPERIOR A TRÊS ANOS. PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURA-ÇÃO DO PROCESSO. ART. 5º, LXXVIII, DA CF/88. FALTA DE JUSTIFICATIVA PARA AS PRORROGAÇÕES. TRANCAMENTO. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.

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1. O limite da razoável duração do inquérito policial é o período de tempo necessário à obtenção dos elementos que formarão a convicção do titular do monopólio da ação penal pública acerca de sua viabilidade. Em outras palavras, a duração do inquérito será razoável e justificada enquanto houver diligências a serem realizadas pela autoridade policial que sirvam ao propósito de oferecer fundamentos à formação da opinio delicti do Ministério Público.

2. In casu, embora não se constate inércia ou falta de interesse por parte da autoridade policial na apuração dos fatos em apreço, passados mais de três anos da instauração do inquérito sem que o Ministério Público tenha concluído pela viabilidade ou não da ação penal, impõe-se a fixação de prazo para sua conclusão em atenção ao princípio da razoável duração do processo de investigação, a fim de que o paciente não seja submetido a um procedimento eterno.

3. Recurso em habeas corpus a que se dá parcial provimento para conce-der prazo de um ano para a conclusão do inquérito policial. Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em prover parcialmente o recurso para fixar o prazo de um ano para a conclusão do inquérito, nos termos do voto da Relatora (TSE, Recurso em Habeas Corpus nº 64-53/MG Relatora: Ministra Luciana Lóssio, j. 3.09.2014).

1.7.2.3. Princípio da periodicidade da investidura das funções eleitoraisOs magistrados e os membros do Ministério Público Eleitoral são investidos na função eleitoral,

salvo motivo justificado, por um prazo de dois anos e nunca por mais de dois biênios consecutivos. Vê-se, destarte, a ausência do princípio constitucional da vitaliciedade inerente à magistra-

tura e ao MP, mas sim a presença da regra da periodicidade da investidura das funções eleitorais. Nesse sentido, dispõe o § 2º do art. 121 da Constituição Federal de 1988, “in verbis”: “Os

juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria”.

1.7.2.4. Princípio da lisura das eleições ou da isonomia de oportunidades As eleições em um regime verdadeiramente democrático devem ser pautadas pela igualdade

de oportunidades entre todos os candidatos em disputa. A garantia da lisura das eleições no Brasil está calcada na ideia de cidadania, de origem popular

do poder e no combate à influência do poder econômico ou político nas eleições. Com efeito, na Constituição Federal de 1988 há diversos dispositivos voltados ao tema,

dentre os quais se podem elencar, a título meramente exemplificativo: a) a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios

e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um de seus fundamentos a cidadania (art. 1º, inc. II); e

b) todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (art. 1º, parágrafo único); e

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c) Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14, § 9º, com redação dada pela ECR nº 4/94).

Por seu turno, no plano infraconstitucional, o princípio está expressamente tratado no art. 23 da Lei das Inelegibilidades (LC nº 64/90), in verbis: “O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral”.

Ademais, grande passo no sentido de buscar a lisura nas eleições brasileiras foi dado com a aprovação da:

a) Lei de Combate à Corrupção Eleitoral ou Lei da Captação Ilícita de Sufrágios (Lei nº 9.840/99): com o objetivo de combater a prática nefasta da compra de votos nas eleições brasileiras, foram acrescentados o art. 41-A e § 1.º à Lei nº 9.504/97, atualmente com a seguinte redação: “Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cin-quenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990. Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir”;

b) Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97): visando coibir a prática de abuso do poder econômico e político nos pleitos eleitorais brasileiros, sobretudo após o advento da Emenda Constitucional da Reeleição no país para cargos do Poder Executivo (EC nº 16/97), o legislador previu uma série de condutas vedadas, sob pena de multa e eventual cassação do registro e do diploma, bem como a declaração de inelegibilidade27; e

c) Lei da Ficha Limpa (LC nº 135/10)28: foi aprovada a partir de uma mobilização de entidades da sociedade civil, com o objetivo de se aferir a idoneidade dos candidatos a cargos ele-tivos e impedir, pelo prazo de oito anos, candidaturas de pessoas condenadas por decisão judicial transitada em julgado ou por deliberação de órgão colegiado do Poder Judiciário, dentre outras hipóteses legalmente elencadas.

1.7.2.5. Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos políticosO princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos políticos na propaganda

eleitoral está expressamente contido no art. 241 do Código Eleitoral: “Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga, imputando-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos”.

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Todavia, com o advento da Lei nº 12.891/13, houve restrição à responsabilidade solidária entre candidatos e partidos, ao se acrescentar o parágrafo único ao supratranscrito art. 241 do CE, assim redigido: “a solidariedade prevista neste artigo é restrita aos candidatos e aos respectivos partidos, não alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes de uma mesma coligação”.

Ademais, pela Lei n.º 13.165/15, novamente houve nova restrição ao princípio da responsabilidade solidária para partidos políticos por sanções aplicadas pela Justiça Eleitoral a candidatos, pois foi inserido o § 11 ao art. 96 da Lei n.º 9.504/97, com a seguinte redação: “As sanções aplicadas a candidato em razão do descumprimento de disposições desta Lei não se estendem ao respectivo partido, mesmo na hipótese de esse ter se beneficiado da conduta, salvo quando comprovada a sua participação”.

Não obstante, a Lei nº 9.504/97, em diversos dispositivos, torna explícito o aludido princípio da responsabilidade solidária quando assevera:

a) As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma desta Lei (art. 17);

b) O candidato é solidariamente responsável com a pessoa indicada na forma do art. 20 desta Lei pela veracidade das informações financeiras e contábeis de sua campanha, devendo ambos assinar a respectiva prestação de contas (art. 21, com redação dada pela Lei nº 11.300/06); e

c) Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou candidato (art. 38, “caput”, com redação dada pela Lei nº 12.891/13).

O TSE, por sua vez, tradicionalmente tem se posicionado pela responsabilidade solidária entre partidos políticos e seus candidatos por excessos na propaganda eleitoral. Nesse sentido os seguintes arestos jurisprudenciais:

“Propaganda eleitoral irregular. Placas. Comitê de candidato. Bem particular. Retirada. [...] 4. Nos termos do art. 241 do Código Eleitoral, os partidos políticos respondem solidariamente pelos excessos praticados por seus candidatos e adeptos no que tange à propaganda eleitoral, regra que objetiva assegurar o cumprimento da legislação eleitoral, obrigando as agremiações a fiscalizar seus candidatos e filiados. [...]” (TSE, Ac. de 22.2.2011 no AgR-AI nº 385447, rel. Min. Arnaldo Versiani); e

“[...]. Propaganda eleitoral extemporânea. Multa. Responsabilidade solidária do partido e do locutor da propaganda eleitoral extemporânea. Art. 241 do CE. Omissão configurada. [...] 2. Configurada omissão quanto à suposta violação do art. 241 do Código Eleitoral. No entanto, corretos os fundamentos adotados no acórdão proferido pelo TRE/MG que aplicou o princípio da solidariedade entre o partido político e o interlocutor da propaganda eleitoral extemporânea. Carece de fundamento o pedido de redução da multa ao mínimo legal, haja vista o aresto que julgou o recurso na representação ter estipulado a penalidade neste patamar, conforme se verifica da leitura da ementa (fls. 94-95). 4. Não se vislumbra a ocorrência de bis in idem inconstitucional ao se aplicar multa ao partido político e ao interlocutor de propaganda eleitoral extemporânea quando este último for nota-damente candidato a cargo político. [...].”(TSE, Ac. de 15.3.2007 nos EDclREspe no 26.189, rel. Min. José Delgado.)

Por seu turno, é digno informar, ainda sobre o tema da responsabilidade, que o art. 15-A da Lei nº 9.096/95 (LOPP), cujo “caput” foi modificado pela Lei nº 12.034/09 e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 12.891/13, passou a ter a seguinte redação, in litteris:

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53

Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe exclusivamente ao órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dado causa ao não cumprimento da obrigação, à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato ilícito, excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária.

Parágrafo único. O órgão nacional do partido político, quando responsável, somente poderá ser demandado judicialmente na circunscrição especial judiciária da sua sede, inclusive nas ações de natureza cível ou trabalhista.

Na linha do art. 15-A da LOPP, pela responsabilidade individual e não solidária entre os diversos órgãos de direção partidária, assim decidiu o TSE:

EMENTA. PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL. EXERCÍCIO FINAN-CEIRO DE 2009. PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO (PRB). APROVAÇÃO COM RESSALVAS.

1. A responsabilidade pela apropriação contábil das sobras da campanha municipal de 2008 é do respectivo órgão de direção municipal, a teor do art. 31, caput, da Lei 9.504/97, reproduzido no art. 28 da Res.-TSE 22.715/2008. Assim, descabe penalizar o órgão de direção nacional pela ausência de informação sobre sua existência. Precedente.

2. A comprovação das despesas com aluguel de bem imóvel se dá pela apresentação de recibo, nos termos do disposto no art. 1º da Lei 8.846/94 c.c. art. 9º, II, da Res.-TSE 21.841/2004. Na espécie, a ausência desse documento pode ser suprida por depósito na conta bancária do locador ante a sua recusa em emitir recibo por estar em contenda judicial com o partido, não havendo comprometimento da regularidade das contas e do seu efetivo controle pela Justiça Eleitoral.

3. A comprovação da doação de serviços estimáveis em dinheiro efetuada por pessoa jurídica se dá pela apresentação de termo de doação e da nota fiscal ou recibo da prestação dos serviços. A ausência de tais documentos não compromete a regulari-dade das contas no presente caso, tendo em vista que o próprio prestador de serviços informou a doação estimável à Justiça Eleitoral. Precedente.

4. Contas aprovadas com ressalvas [Prestação de Contas nº 927-11/DF Relator: Ministro João Otávio de Noronha DJE de 14.11.2014].

Incumbe acrescentar, por último, que, eventual responsabilidade penal por crime eleitoral será individual do infrator (sempre pessoa física), pois não há previsão legal de punição por prática de aludido delito por pessoa jurídica.

2. SINOPSE

INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

2.1. Conceito de Direito Eleitoral

É o ramo do Direito Público disciplinadores do alistamento, da

dos eleitos, bem como das do sufrágio popular.

2.2. Objeto

O Direito Eleitoral cuida, dentre outras matérias, da e do Ministério Público Eleitoraldisciplina dos competência e procedimentos em matéria eleitoral, bem como do estabelecimento de no âmbito eleitoral.

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54

INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

2.3. Taxonomia e autonomia

O Direito Eleitoral é ramo do direito público. Possui .

2.4. Fontes

Fontes diretas ( Federal e leis eleitorais) e fontes indiretas ( , -).

. Desde então, contou com (

Eleito-).

sobre Direito Eleitoral

2.7. Princípios eleitorais

--

3. PARA CONHECER A JURISPRUDÊNCIA

3.1. Informativos

Lei Eleitoral.

-

-

-

-

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55

--

3.2. Jurisprudência selecionada

Lei eleitoral e princípio da anterioridade da lei eleitoral

MERO APERFEIÇOAMENTO DOS PROCEDIMENTOS ELEITORAIS. INEXISTÊNCIA DE ALTERAÇÃO DO PRO-CESSO ELEITORAL. PROIBIÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE PESQUISAS ELEITORAIS QUINZE DIAS ANTES DO PLEI-TO. INCONSTITUCIONALIDADE. GARANTIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DO DIREITO À INFORMAÇÃO LIVRE E PLURAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA AÇÃO DIRETA.

candidatos no processo eleitoral.

Decisão

Lei--

(ADI 3741/DF – DISTRITO FEDERAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI. Órgão Julgador: Tribunal Pleno).

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-DIATA DA NOVA REGRA SOBRE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ELEITORAIS, INTRODUZIDA NO TEXTO DO

CAPUT, E LIV). LIMITES MATERIAIS À ATIVIDADE DO LEGISLADOR CONSTITUINTE REFORMA-

-

-

-

caput) e do devido processo legal

-

processo eleitoral.

Decisão

--

(ADI 3685/DF – DISTRITO FEDERAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Relator(a): Min. ELLEN GRACIE. Órgão Julgador: Tribunal Pleno).

4. QUESTÕES DE EXAMES E CONCURSOS

-

de sua vigência.

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57

-

-

-te de eleitores, processamento de dados, dentre outras.

É fonte direta do Direito Eleitoral, salvo

d) nenhuma.

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58

-

-

Julgue o item a seguir Certo ou Errado

-

Julgue o item a seguir Certo ou Errado.

-

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59

-

-

-

-

audiência.

4.1. Questões extras

-

É inaplicável, dentro do sistema processual eleitoral,

18. -plementar pode dispor acerca de matéria eleitoral.

19.

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60

20.

21. conteúdo eleitoral.

5. GABARITO

GABARITO COMENTÁRIOS

01. D

02. E

a)

b)

c) d)

exercer do sufrágio universal.e)

-

-

03. D-

Eleitoral.

04. A -

05. A

06. B

07. B -lidade imediata. Ela vigora independentemente da lei referida.

08. D

09. C10. D

11. ERRADOnão seria válida.

12. ERRADO

Lei Maior da República.

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61

GABARITO COMENTÁRIOS

13. A. -

.

14. C.

-

data de sua vigência.

-

.

15. ERRADO

-

16. ERRADO -do lacuna, o CPC é plenamente aplicável ao sistema processual eleitoral.

17. ERRADO

18. ERRADO -

19. CERTO -

20. ERRADO

21. ERRADO -

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