1ª 2ª aulas

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Silvivultura .Conjunto de conhecimentos tericos e prticos que possibilitam a criao duma floresta e o controlo da sua composio, estrutura e desenvolvimento(SPURR, 1979)

A prtica da silvicultura consisteConduo cultural dos povoamentos florestais, pela aplicao de cortes culturais (desbastes, limpezas e desramaes) e fertilizaes de modo a manter e a aumentar a sua utilidade de acordo com as necessidades do proprietrio.

Produtividade da floresta artificial maior que a da floresta natural como resultado da actividade florestal. O florestal controla:a) Estrutura e composio dos d) A criao de novos povoamentos povoamentos e) Fertilidade das estaes florestais b) Densidade f) A explorao dos povoamentos florestais c) A durao da revoluo

Utilidades das FlorestasDirectos(Bens de produo) Produtos Lenhosos Produtos no lenhosos(folhas, cascas, excudaes) frutos e

Produtos florestais primrios(bens materiais)

Associados

Pastagem, caa e pesca gua, solo, proteco, recreio, paisagem, produo de oxignio e fixao de anidrido carbnico

Servios

Transformao industrial primria

Produtos florestais secundrios(industriais)

Serradas, pastas, painis, rolhas, aglomerados de cortia e de madeira, folheados, pez

Transformao industrial secundriaEmbalagem, papel, mobilirio

Modelos de SilviculturaQuando se instala um povoamento florestal (regenerao natural ou artificial) h que definir os objectivos do povoamento em causa para que se possa estabelecer o modelo de silvicultura mais adequado e planificar as operaes culturais a realizar ao longo da vida do povoamento (Revoluo)

Os modelos de Silvicultura estabelecem(em funo dos objectivos do povoamento) a) Composio b) Regime c) Estrutura d) Tipo de plantas a utilizar i) Modo de preparar a estao j) Termo de explorabilidade k) Tipo de cortes de regenerao l) Realizao de outras operaes culturais (fertilizaes) e) Calendrio e o modo de realizao das limpezas f) Calendrio e regime de desbastes g) Calendrio e a intensidade das desramaes h) Compassos de instalao

Teoria da ExplorabilidadePrincipais diferenas entre Silvicultura e Agricultura: Longa durao da vida das rvores Grande proximidade do estado natural Recurso a espcies selvagens e organismos associados Produo simultnea de bens e servios Inexistncia de um momento de colheita perfeitamente definido Noo de produo sustentada (tipica dos sistemas de produo florestais)

Conceito de explorabilidade permite definir o produto e o momento da sua obteno, o termo de explorabilidade, mais vulgarmente expresso em idade ou em dimetro, o dimetro de explorabilidade.

Objectivos da SilviculturaControlar o estabelecimento, a composio, o crescimento e a qualidade da vegetao florestal Objectivo (Produo de madeira, gua, caa, recreio) Gesto Estrutura e composio do povoamento (abundncia relativa das espcies; estratificao)

Definido o Modelo de Silvicultura: Estabelecimento das prescries silvcolas(aspectos ecolgicos, sociais e econmicos)

Diagnstico

Prticas silvcolas

Evoluo do conceito de silviculturaAt ao sculo XIX Diminuio drstica da rea florestal - Plantao de resinosas - Espcies pioneiras - Estabilidade povoamentos puros e regulares - Estabilidade cortes de realizao : nicos ou rasos GAYER (1822-1907) Vantagens dos povoamentos mistos e da regenerao natural. Proposta de Cortes Sucessivos MOELLER (1922) Conceito de Dauerwalda) Os povoamentos florestais so considerados organismos b) Garantir a proteco do solo c) S estruturas irregulares d) S cortes p a p

Evoluo do conceito de silviculturaKRUTZSCH E WECK (1935) Naturgemaesse Waldwirtschaft (Silvicultura prxima da natureza) a) Cobertura permanente da estao b) Povoamentos mistos c) Ausncia de cortes nicos, cortes p a p d) Garantir a proteco do solo (clima florestal) e) Utilizao da regenerao natural (sempre que possvel) f) Produo de material lenhoso de grande qualidade e dimenso MOVIMENTO PR-SILVA (1989)

Evoluo do conceito de silviculturaNa linguagem corrente usual aplicar os seguintes termos: Silvicultura intensiva (LENHICULTURA) Cultura intensiva dos povoamentos no sentido da produo de lenho

Arboricultura de Lenho Produo de material lenhoso em condies prximas das que regem a cultura de lenhosas agrcolas. Tal como a lenhicultura envolve tcnicas de elevada intensidade cultural, distinguindo-se desta pelo cuidado posto na seleco de um material vegetal, ajustado a necessidades econmicas especficas.

Evoluo do conceito de silviculturaEstgio de desenvolvimento Pre-silvicultura Explorao Resultados Depleco de recursos Falha em atingir os objectivos de conservao e sustentabilidade Produo sustentada de madeira e outros recursos convencionais Silvicultura baseada na ecologia e que permite manter um vasto conjunto de condies e valores desejados pela sociedade

Estgio 1

Silvicultura baseada na produo Silvicultura baseada na ecologia

Estgio 2

Estgio 3

Silvicultura baseada na sociedade

Evoluo do conceito de silviculturaA rpida evoluo do conceito de silvicultura pode tambm ser avaliada pelas necessidades crescentes de informao sobre os recursos florestais, necessria para a gesto desses mesmos recursos(adaptado de Lund and Smirrh, 1997)Anos 50 Lenho Anos 60 Lenho Recursos mltiplos Anos 70 Lenho Recursos mltiplos Biomassa Anos 80 Lenho Recursos mltiplos Biomassa Aquecimento global Anos 90 Lenho Recursos mltiplos Biomassa Aquecimento global Ecossitemas, biodiversidade, produtos no florestais Anos 2000 Lenho Recursos mltiplos Biomassa Aquecimento global Ecossitemas, biodiversidade, produtos no florestais Outros usos do solo?

Gesto Florestal Sustentada Sustainable Forest Management (SFM)Sustainable forest management is the process of managing forests to achieve one or more clearly specified objectives of management with regard to the production of a continuous flow of desired forest products and services, without undue reduction of its inherent values and future productivity and without undesirable effects on the physical and social environment.(ITTO (International Tropical Timber Organization))

Na prtica a gesto florestal sustentvel composta pelo conjunto de prticas silvcolas, baseadas no conhecimento cientfico ou no saber tradicional, que permitem atingir mltiplos objectivos e necessidades, sem degradar os recursos florestais (HIGMAN, S. et al (1999))

Gesto Florestal SustentadaSustainable Forest Management WHY? 1. Government requirements: Uso sustentado dos recursos naturais Acordos internacionais de proteco ambiental Utilizao dos ecossistemas florestais

2. Market pressure Os compradores querem saber se o produto que compram foi obtido numa floresta que pratica SFM! 3. Financial pressure Os investidores pretendem ter uma Green image para impedir publicidade negativa, relacionada com problemas sociais e ambientais. Bancos e Companhias de Seguros

Gesto Florestal Sustentada4. Economics and commercial imperatives A implementao do SFM traduz-se em custos iniciais para o empresrio que devero ser considerados um investimento a mdio-longo prazo pois so de esperar redues de custos operacionais, uma maior produtividade e um maior valor dos produtos.

5. Environmental and social risk reduction - Com a utilizao do SFM os gestores minimizaro os riscos que podem afectar a Floresta - Noo de riscos ambientais e sociais - M gesto aumenta riscos ambientais e sociais

Florestas e Biodiversidade

A melhor forma de manter a biodiversidade nos ecossitemas florestais, no fim do sculo XX, parece ser atravs duma combinao de: 1- reas estritamente protegidas 2- reas de uso-mltiplo geridas pelas populaes locais 3- Florestas naturais geridas extensivamente no sentido de uma produo sustentvel de bens de troca como a madeira 4- Plantaes florestais conduzidas intensivamente para fornecer produtos lenho-celulsicos necessrios sociedade.

Gesto Florestal SustentadaPrincipais componentes: 1. Enquadramento legal e poltico Concordncia com a legislao e regulamentao disponvel Ttulo de posse e direitos de utilizao Envolvimento das organizaes do sector florestal privadas e pblicas

2. Produo sustentada de bens e servios da floresta Plano de Gesto (Plano de Ordenamento) Produo sustentada de bens e servios Monitorizao da gesto praticada Proteco da floresta contra actividades prejudiciais ou ilegais Optimizao dos benefcios da floresta

Gesto Florestal Sustentada3. Proteco do ambiente Avaliao do impacto ambiental Conservao da biodiversiade Sustentabilidade ecolgica Utilizao de produtos qumicos Gesto de resduos

4. Qualidade de vida das populaes Consulta e participao das populaes Avaliao do impacto social Reconhecimento dos direitos e da cultura das populaes Contribuio para o desenvolvimento local

Gesto Florestal Sustentada5. Especial plantaes 1. 2. 3. 4. 5. Planeamento da regenerao natural ou artificial Escolha das espcies a utilizar Preparao da estao Controlo de pragas e doenas Conservao e restaurao do coberto florestal natural

Ordenamento do espao (Povoamentos Objectivos)Dinmica dos povoamentos (Ecossistemas)o silvicultor controla a estrutura obriga o conhecimento

Abundncia Obriga Composio ao controle Disposio no espao

dos diferentes estratos

Tratamentos: -Cortes -Preparao da estao -Regenerao -Escolha das espcies -Desbastes e desramaes -Fertilizao -Herbicidasque controlam que produzem estruturas

Diferentes velocidades de crescimento das espcies

que influenciam

Performances fisiolgicas: -Produo hidratos de carbono -Relaes hdricasque controlam

Potencial gentico (genes) Condies do meio

-Reproduo

Terminologia florestal1. Dos macios florestaisa) Mata propriedade no fechada entre 10 e 10000 ha. As matas podem aindaser Parques se existirem cuidados de jardinagem ou Tapadas se forem muradas.

b) Matinha, boua ou boia, bosquete e devesal propriedade florestal,geralmente no fechada, com menos de 10 ha. O devesal est geralmente ligado ideia de devesa, linha de rvores que limita uma propriedade, por isso ser uma faixa arborizada mais comprida que larga.

2. Da diviso da mata e formao do parcelar e inventrioa) Rede Divisional feita com aceiros ou arruados e arrifes ou atalhadas. Osaceiros so faixas de terreno sempre limpas de vegetao, com larguras variando entre os 5 e 25 metros, coincidindo geralmente com caminhos ou linhas de defesa contra incndios. Devem estar orientados na direco dos cortes e, quando a topografia no impe outra direco de Este para Oeste no nosso pas. Os arrifes servem de limite visvel aos Talhes ou grandes parcelas e de comunicao entre os aceiros, sendo-lhes geralmente perpendiculares. A sua largura costuma ser mais pequena, pelos 2 a 3 metros.

Terminologia florestalb) Talhes unidades geogrficas resultantes da diviso da mata. Em zonasplanas tm muitas vezes a forma rectangular (Mata Nacional de Leiria), em que o lado maior proporcional direco do vento dominante e duplo do lado menor. A sua rea costuma estar compreendida entre os 15 e 30 ha. Os talhes esto definitivamente marcados no terreno.

c) Parcelas constituidas pelos diferentes povoamentos que se encontram numtalho. Uma parcela uma poro de mata homognea quanto idade, composio e s condies da estao, logo susceptvel de ser submetida mesma gesto, ou seja, ao mesmo modelo de silvicultura. As parcelas so verdadeiras unidades de gesto, sobre que assenta o plano de explorao e a contabilidade florestal. As parcelas so subdivises temporrias dos talhes, pois a interveno do homem ou qualquer acidente pode modificar as razes da sua existncia. As parcelas no devem ter reas inferiores a 1-2 ha.

Terminologia florestald) Parcelar conjunto das parcelas com planta topogrfica geralmente na escala1:10000. Os parcelares contm: i) composio do povoamento e ii) classes de idade.

Em Portugal as classes de idade adoptadas, alto fuste, so: I Classe povoamentos de 1 a 20 anos II Classe povoamentos de 21 a 40 anos III Classe povoamentos de 41 a 60 anos IV Classe povoamentos de 61 a 80 anos V Classe povoamentos com mais de 80 anos.

Terminologia florestale) Inventrio consiste na caracterizao das estaes e no inventrio dospovoamentos em p. Do inventrio resulta a descrio parcelar da mata, geralmente organizada em tabelasTalho Parcela rea (ha) Situao fisiogrfia; Exposio; Altitude e, Declive Solo Composio Idade Origem; Densidade; Classe de qualidade; Vigor; rea basal e Volume Observaes

3. Do modelo de gesto (de explorao) a adoptar a) Estabelecidos os objectivos da gesto, estabelecidos os modelos de silviculturadivide-se a mata em Seces que representam partes da mata que devido s suas caractersticas, sero sujeitas a modelos de silvicultura prprios. As seces podem constituir uma Srie a unidade econmica de explorao ou subdividir-se em vrias sries, tradicionalmente as sries de explorao e as sries de proteco.

Terminologia florestalb) Sries um conjunto de talhes com uma gesto (explorao) distinta e umasequncia de cortes durante todo o tempo de durao da revoluo. Cada srie de explorao funciona como uma mata independente. A parcela a unidade de gesto (cultural) da propriedade florestal enquanto a srie a unidade administrativa.

Designao das sries 1 srie dita de 2 srie dita de

Talhes em cada srie 1 Srie Talho Talho 2 Srie Talho Talho

Superfcie dos talhes (ha)

Superfcie das sries (ha)

Observaes

nao lhes Superfcie celas

Situao

Idade do Natureza, Propriedades do Essencias arvoredo consistncia e solo em 1919 estado da vegetao

Observaes

a)

0.05

)

11.87

Plano com exposio de todos os Arenoso, fundo, quadrantes; altitude leve e fresco, de 142 metros, 2 classe de desprotegida dos fertilidade ventos dominantes Quasi-plano, com exposio de todos Idem, idem; os quadrantes, mantas: viva e altitude de 141 a 142 morta metros, protegida dos insignificantes ventos dominantes

--

--

--

Clareira

p.b.

21

)

0.22

Plano, idem ...

Idem, idem; mantas nulas

p.b.

10

)

0.2

Idem, idem ...

Idem, idem ...

p.b.

10

Bastio de origem Tem uma pequena artificial e densidade rea desbastada normal com mau este ano, junto desenvolvimento e linha do caminho de estado de vegetao ferro raquitico Sementeira de origem artificial, muito basta, de desenvolvimento muito bom, com vigoroso estado de vegetao Idem, idem, tendo a Sul uma faixa menos desenvolvida Bastio de origem artificial, com densidade e desenvolvimento normais, e bom estado de vegetao -Estrada, caminho de ferro e aceiros laterais

)

2.15

Idem, idem ...

Idem, idem; mantas: morta regular e viva nula

p.b.

21

)

0.55

--

--

--

--

a)

4.3

Idem, protegida dos Idem, idem; ventos dominantes, mantas: morta com altitude de 140 abundante e viva metros nula

p.b.

21

Idem, idem

a)

1.22

Idem, idem ...

Idem, idem; mantas insignificantes

p.b.

21

Idem, idem; com densidade normal e bom desenvolvimento, sendo bom o estado de vegetao

)

0.06

Idem, idem ...

Idem, superficial, leve e fresco; de 2 classe de fertilidade; mantas: morta abundante e viva

p.b.

10

Sementeira artificial, basta, com bom desenvolvimento e estado de vegetao

Histria da Floresta Portuguesa1. 2. Paleobotnica Desde a formao da nacionalidade Idade mdia monteiro-Mor Reduo da rea florestal para metade dos sculos XIV a XIX 3. Aparecimento das Cincias Florestais no sculo XVIII 1764 Duhamel de Morceau 1800-1900 Hartig e Cota; escola alem; primeiras Faculdades Florestais 4. Ensino Florestal em Portugal 1815 Jos Bonifcio de Andrade e Silva Memria sobre a necessidade e utilidade do plantio de novos bosques em Portugal Fixao de dunas 1886 Administrao Geral das Matas Servios Florestais 1864 Sousa Pimentel Pereira Coutinho 1888 Administrao Florestal de Manteigas e do Gers 1938 a 1960 196346 ha arborizados Perimetros Florestais

Histria da Floresta Portuguesa

Laboratrio de Biologia Florestal Estao de experimentao do Pinheiro bravo Estao de experimentao do Sobreiro Estao Florestal Nacional Universidade de Trs-os-Montes (Vila Real)

Notas de Leitura

1. Dois Sculos da Arborizao em Portugal M. C. Radiche; A. Monteiro Alves (2000) Parte II A Floresta do Sculo XX; pg. 109-167 2. Tcnicas de Produo Florestal A. A. Monteiro Alves (1988) Sistemas de Produo Florestal; pg. 17-21