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 1 FORMAS DE AGRICULTURA TRADICIONAL: AGRICULTURA ITINERANTE SOBRE QUEIMADA Dispondo de poucos recursos técnicos, encontrando-se ainda num estado pouco evoluído, diversas tribos indígenas da região amazónica praticam ainda uma agricultura itinerante sobre queimada. A Agricultura itinerante sobre queimada é uma das mais rudimentares práticas de agricultura existentes hoje em dia, tendo mudado pouco desde que surgiu no Neolítico. A sua técnica de cultivo envolve arrotear uma área da floresta que é queimada para ser limpa e preparada para as culturas. A queimada ocorre na estação seca e período de chuvas que se segue ajuda a extinguir as chamas. Sem que seja intencional, o solo é fertilizado com as cinzas produzidas pelo fogo; segue-se o plantio, com técnicas arcaicas, usando apenas um pau ou calcanhar na fina camada de solo superficial, onde são introduzidas as sementes de uma forma irregular em toda a área. A utilização do espaço é feita por alguns anos, porque o terreno vai perdendo a sua fertilidade e leva estes povos a abandoná-lo e a iniciar novamente o processo noutro lugar; Esta agricultura tem uma baixa produtividade, pelo que só pode ser levada a cabo quando não existe grande pressão demográfica (que tornaria, também, difícil a mudança regular de área de cultivo). A agricultura itinerante consiste basicamente no derrube de um certo sector da floresta, queimando-o como forma de  preparar a terra para o cultivo de subsistênci a, obtendo durante poucos anos (4 a 6) alimento  Posteriormente a área modificada primitivamente pela acção do homem é abandonada porque se torna improdutiva, vindo estes povos a ocupar outra e assim gerando um ciclo. As condições de solo e clima intensificam os impactos ambientais que surgem após a queimada da vegetação nativa. Embora a delapidação das formações vegetais para aumento do solo arável ocorra ainda em todas as regiões do mundo, é nas regiões inter-tropicais que ela assume maiores proporções. No sistema de agricultura itinerante, as queimadas destroem imensas áreas de floresta e de savana, e os solos, depois de esgotados, são simplesmente abandonados. Desprotegidos, ficam então expostos à forte insolação que destrói os microrganismos que transformam a matéria vegetal em húmus e este em elementos minerais nutritivos absorvíveis pelas plantas. Nestas condições, os solos tornam-se estéreis e as águas de escorrência acabam por destruí-los por erosão. Dá-se o avanço da desertificação e a formação de couraças lateríticas estéreis

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FORMAS DE AGRICULTURA TRADICIONAL:

AGRICULTURA ITINERANTE SOBRE QUEIMADA

Dispondo de poucos recursos técnicos, encontrando-se ainda num estado pouco evoluído, diversas tribos indígenas daregião amazónica praticam ainda uma agricultura itinerante sobre queimada.

A Agricultura itinerante sobre queimada é uma das mais rudimentares práticas de agricultura existentes hoje em dia,tendo mudado pouco desde que surgiu no Neolítico. A sua técnica de cultivo envolve arrotear uma área da floresta queé queimada para ser limpa e preparada para as culturas. A queimada ocorre na estação seca e período de chuvas que

se segue ajuda a extinguir as chamas. Sem que sejaintencional, o solo é fertilizado com as cinzas produzidas pelofogo; segue-se o plantio, com técnicas arcaicas, usandoapenas um pau ou calcanhar na fina camada de solosuperficial, onde são introduzidas as sementes de uma formairregular em toda a área. A utilização do espaço é feita por alguns anos, porque o terreno vai perdendo a sua fertilidadee leva estes povos a abandoná-lo e a iniciar novamente o

processo noutro lugar; Esta agricultura tem uma baixaprodutividade, pelo que só pode ser levada a cabo quandonão existe grande pressão demográfica (que tornaria,também, difícil a mudança regular de área de cultivo).

A agricultura itinerante consiste basicamente no derrube deum certo sector da floresta, queimando-o como forma de

 preparar a terra para o cultivo de subsistência, obtendodurante poucos anos (4 a 6) alimento… 

Posteriormente a área modificada primitivamente pela acção

do homem é abandonada porque se torna improdutiva, vindoestes povos a ocupar outra e assim gerando um ciclo.

As condições de solo e clima intensificam os impactos ambientaisque surgem após a queimada da vegetação nativa.

Embora a delapidação das formações vegetais para aumento do

solo arável ocorra ainda em todas as regiões do mundo, é nasregiões inter-tropicais que ela assume maiores proporções.

No sistema de agricultura itinerante, as queimadas destroemimensas áreas de floresta e de savana, e os solos, depois deesgotados, são simplesmente abandonados. Desprotegidos, ficamentão expostos à forte insolação que destrói os microrganismos quetransformam a matéria vegetal em húmus e este em elementosminerais nutritivos absorvíveis pelas plantas. Nestas condições, ossolos tornam-se estéreis e as águas de escorrência acabam por destruí-los por erosão. Dá-se o avanço da desertificação e aformação de couraças lateríticas estéreis

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AGRICULTURA SEDENTÁRIA DE SEQUEIRO

O aumento demográfico conduziu á evolução dista prática agrícola e à necessidade de introdução de técnicas de fertilização aossolos; para tal, associou-se a criação de gado à agricultura. Desta forma, divide-se o solo em “folhas” e realiza-se a rotação anual,deixando uma das “folhas” em pousio (sem culturas), sendo aí que pastam os animais e, ao fazè-lo, enriquecem-o e fertilizam-o,de forma natural, com os seus excrementos. Este sistema favoreceu a sedentarização da população, pois deixou de ser 

necessário deslocar-se em busca de novas áreas de cultivo.

Actualmente, continua a ser praticada nos países mais pobres, de que são exemplo os Sérères (povo africano do Senegal eNigéria). O povoamento concentra-se no centro da área de cultivo e em torno desta surgem as três folhas separadas por cercas.Uma das folhas serve de pasto para o gado e as restantes são ocupadas com culturas de sequeiro. Após as colheitas, retiram ascercas e o gado pasta libremente em toda a área até à sementeira seguinte. A exploração é comunitária pelo que a produção érepartida pela comunidade, embora junto à aldeia haja um primeiro anel de culturas exploradas por cada familia e fertilizadas comos lixos domésticos de cada uma.

Ilustração: Esquema de funcionamento da Agricultura Sedentária Sérères

AGRICULTURA IRRIGADA DOS OÁSIS

A agricultura dos oásis é policultural e extremamente intensiva, já que as terras aráveis são diminutas. A principal cultura é apalmeira e a tamareira (uma espécie de palmeira), as quais fornecem sombra e protegem as culturas das tempestades de areia,muito frequentes no deserto. A tamareira tem ainda a particularidade de permitir vastas colheitas nos meses de Setembro e

Outubro. Este fruto e muito apreciado pelos muçulmanos, especialmente no Ramadão. Cada tamareira pode chegar a dar 200kgde tâmaras. No entanto, existem aqui numerosas culturas hortícolas, nomeadamente tomates, cenouras, alfaces, cebolas, grão-de-bico, amendoim ou feijão e outras árvores de fruto como damasqueiro, figueira ou oliveira… sob a sombra da tamareira. 

FOLHA 1

FOLHA 2

FOLHA 3

POUSIO e PASTO

Aldeia

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A existência deste tipo de agricultura depende da presença de água, normalmente fornecida através dos lençóis freáticos. Osoásis mais comuns são oriundos do processo de erosão eólica, no qual a acção do vento retira a superfície que geralmente écomposta por areia até atingir o aquífero subterrâneo e outros estabelecem-se de forma superficial: assim a água aflora entre asrochas e lacunas do solo e acumula-se, formando um manancial que oferece água e permitem a sua captação e drenagematravés de poços e diques, que, posteriormente, permitem a sua canalização com um sistema eficaz de irrigação, conseguidaatravés de um sistema de canais artesanais.

O oásis para os nativos dessas regiões desertas é considerado como algo divino: por exemplo, o deserto do Saara, localizado nonorte da África e o segundo maior do planeta, possui 9 milhões de quilómetros quadrados e permanece sem sequer uma gota dechuva por períodos que podem ir até dez anos.

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RIZICULTURA NA ÁSIA DAS MONÇÕES

A rizicultura da Ásia das Monções (Vietname, Camboja, Japão), utiliza poucas técnicas de produção e conta com uma mão deobra abundante e barata. 

As Monções estão diretamente relacionadas com a sobrevivência do povo asiático ligado à cultura do arroz (rizicultura).

No sul e sudeste da Ásia, nas vastas planícies e vales fluviais de clima tropical, o arroz é o principal alimento há milénios. O

ciclo produtivo da rizicultura acompanha o fenómeno das monções.

As massas de ar deslocam-se dos centros de alta pressão para os de baixa pressão. O aquecimento diferencial da Terra duranteas diferentes estações do ano provoca o deslocamento desses centros:

No Inverno do hemisfério norte, os centros de alta pressão geram massaspolares no continente asiático. Essas massas de ar secas (porque foramformadas sobre o continente) deslocam-se para o sul, em direção aoscentros de baixa pressão provocando estiagens ou secas prolongadas. Sãoas monções de inverno também conhecidas como Continentais. 

No Verão forma-seum centro de baixapressão sobre ocontinente. As

massas equatoriais e tropicais deslocam-se para o norte, em direção aesse centro. Nesse deslocamento, passam pelo Oceano Índico e ganhamhumidade. por isso, provocam chuvas de Verão torrenciais no sul esudeste do continente causando enchentes e inundações. São asmonções de Verão também conhecidas como Marítimas

Esta prática é muitas vezes chamada “jardinagem”. A expressão aplica-se ao Sul e Sudeste da Ásia, onde há uma enormeprodução de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão-de-obra.

Sendo uma agricultura de subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e médias propriedades, em áreas com enormespressões demográficas e condições de vida extremamente precárias. Estes agricultores obtém altos rendimentos, através datécnica da repicagem, que consiste na introdução das sementes num canteiro que serve de “viveiro” ou “incubadora” para a

primeira fase de germinação da planta; enquanto as sementes germinam, o restante arrozal é trabalhado e são controlados osníveis de inundação para, posteriormente, serem para aí transplantados os pés de arroz. Entretanto, diminuem-se, noutroscanteiros, os níveis de água para a fase de maturação do arroz e assim sucessivamente, conseguindo obter duas a três colheitaspor ano. Os trabalhos minuciosos e constantes traduzem-se numa baixa produtividade. 

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FORMAS DE AGRICULTURA MODERNA

AGRICULTURA EUROPEIA

Com a revolução industrial vem o processo de modernização da agricultura europeia, que para além da introdução da máquina edo esforço no aumento da produção, tem que vencer séculos de divisão de propriedade e exploração do solo com métodostradicionais, extremamente enraizados numa população agrícola pouco instruída e sem formação profissional.

Vencidos alguns destes constrangimentos, a agricultura europeia ocidental, concretamente a da UE, caracteriza-se por apresentar uma forte mecanização, utilização de meios e técnicas sofisticadas, para além de apresentar, sobretudo, um carácter intensivopolicultural em terras de pequena e média dimensão, recorrendo muito a fertilizantes químicos. Presentemente, face a estascaracterísticas, esta agricultura debate-se com o problema da sobreprodução de excedentes. Para minimizar este problema, aagricultura europeia tem tido inúmeras transformações e tem progredido para uma especialização com introdução de culturasalternativas . Esta tendência foi acentuada por um um conjunto de medidas emanadas pela Política Agrícola Comum, cujoprincipal objectivo consiste em fazer diminuir a produção de excedentes, subsidiando os agricultores para substituirem as culturasexcedentárias pela produção de culturas alternativas, neste caso deficitárias, ou ainda tentando adaptar o espaço rural aactividades alternativas, como o turismo rural ou a exploração do artesanato.

AGRICULTURA NORTE-AMERICANA

A indústria agrícola americana é a maior do mundo. As explorações americanas produzem grandes quantidades de produtosagrícolas, que são mais do que suficientes para atender à procura nacional. O excesso é exportado. Os Estados Unidos são omaior exportador de produtos agrícolas do mundo.

Os Estados Unidos são o segundo maior produtor de laranjas e limões do mundo, perdendo apenas para o Brasil. A maior parteda produção nacional está concentrada na Flórida. A Califórnia é também grande produtora de frutas cítricas. O país também é omaior produtor mundial de milho, soja, amendoim (sul ), trigo (centro-norte) e algodão (sul) e o segundo maior produtor de frutascitricas (na Flórida e Califórnia). O milho e a soja são cultivados nos chamados “Corn Belt”. Os morangos e uvas são cultivados no

nordeste e a cana-de-açucar é também cultivadano sul; há, pois, uma enorme especializaçãocultural (cada região/estado do país é financiado eincentivado pelo respectivo governo para sededicar a uma ou outra cultura.

O uso de técnicas de cultivo cada vez maismodernas e de maquinariao agrícola cada vezmais avançada contribuiu para que os EstadosUnidos alcançassem a posição de maior potênciaagro-pecuária do mundo.

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AGRICULTURA DE PLANTAÇÃO

A Plantação é uma exploração agrícola, situada numa região tropical esubtropical, que emprega regularmente trabalhadores assalariados e onde sãocultivados principalmente produtos para fins comerciais: o café, o chá, a cana-de-açúcar, a borracha, as bananas, o cacau, a noz de coco, o amendoim, o

algodão o tabaco, as fibras têxteis (sisal, juta, cânhamo), os citrinos, o óleo depalma, ou o ananás”. 

Este tipo de agricultura é caracterizado por ser uma agricultura especializada,especulativa, científica e de grande produtividade.

A agricultura de plantação teve a sua origem durante o período colonial, em regiões tropicais, com a organização, tecnologia ecapital europeus e, em alguns casos, com o trabalho dos escravos. Nos dias de hoje, as plantações pertencem aos nacionais dopaís mas, no entanto, são as grandes sociedades estrangeiras que dominam a sua produção e comercialização.

Esta agricultura é típica dos países dos países em desenvolvimento, onde os solos são mais ricos. A economia de plantaçãodepende tanto dos capitais europeus como americanos, os quais controlam os preços, os organismos de consumo e dedistribuição.

As plantações têm vindo a sofrer transformações, mas o seu objectivo tem permanecido: fornecer produtos agrícolas tropicais aospaíses industrializados.

Características da Agricultura de Plantação:

A agricultura de plantação é extremamente especializada, grandes áreas sãodestinadas à produção maciça de um único produto tropical e, de um modo geral, asplantações apresentam extensas dimensões; não tem apenas como função produzir em quantidade, mas também obter o máximo por ha, o que levou as sociedadesagrícolas a introduzirem nas plantações as mais modernas técnicas agrícolas. Com aaplicação dos estudos efectuados nos institutos de pesquisa agronómica europeus eamericanos foi permitido o combate eficaz às doenças e parasitas das plantas e o

melhoramento das espécies que, por selecção se tornaram mais produtivas. Amecanização foi também introduzida nas plantações mas, no entanto, esta não émuito intensa na medida em que a mão-de-obra é barata, com excepção daplantação da cana-de-açúcar, na qual recorrem a um maior número de máquinas,devido ao trabalho doloroso e esgotante que faz baixar o ritmo de produção.

As grandes plantações pesam, por conseguinte, no equilíbrio económico e social dos

países em que se instalaram.

A produção de enormes quantidades de produtos para mercados e indústrias estrangeiras levou a que a plantação se tornassenuma importante empresa agrícola, tornando esta agricultura especulativa o principal recurso económico de muitos países emdesenvolvimento, assim como o lucro dos investimentos das grandes sociedades capitalistas.

Problemas das Plantações: 

Os problemas das plantações devem-se principalmente a razões ecológicas (variações climáticas, doenças nas plantas eesgotamento dos solos, o que é frequente num sistema de monocultura intensiva e numa região de Clima Tropical), económicas(a irregularidade dos preços mundiais dos produtos de plantação), políticos e sociais (a instabilidade de ambas nos países

tropicais e os problemas com a mão-de-obra, que exige melhores condições de trabalho e aumento dos salários,) fazem com quea plantação se torne vulnerável às crises. Um outro problema surge face a uma concorrência dos pequenos plantadoresindividuais.

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AGRICULTURA BIOLÓGICA

Com o avanço tecnológico, as práticas associadas à Agricultura Moderna levaram ainúmeros inconvenientes, acentuados com o desenvolvimento da indústria de pesticidas efertilizantes químicos, como seja a contaminação dos solos, das águas, da atmosfera e dosalimentos; desertificação do meio rural; perda de biodiversidade; descaracterização daagricultura; efeitos na saúde humana e animal como por exemplo cancros, doençasdegenerativas do sistema nervoso, infertilidade...

Assim, face à falência destes sistemasde produção, desenvolveu-se a

Agricultura Biológica, que é um "sistema de produção que procura aliar tecnologias modernas com práticas de agricultura sustentável, não poluente,de base ecológica." Permite às populações cuidarem do próprio solo,tornarem-no ou manterem-no fértil, produzindo assim o seu próprio alimentocom base em recursos locais. Os produtos resultantes da AgriculturaBiológica podem trazer vantagens tanto para a nossa saúde assim comopara a dos nossos familiares e ao mesmo tempo participamos na defesa do

ambiente, dos solos, das águas e da vitalidade dos espaços rurais. Aagricultura biológica é um modo de produção que não utiliza fertilizantesquímicos ou sintéticos, pesticidas de síntese, herbicidas ou fungicidas. Utiliza técnicas e produtos que permitem uma agriculturasuficientemente produtiva e sustentável a longo prazo, sem afectar o ambiente e a saúde.

A agricultura biológica é muito diferente da agriculturatradicional … é uma agricultura moderna, nascida noséculo XX, em paralelo com a agricultura convencionalou industrial.

É verdade que faz uso de antigos métodos da

agricultura tradicional, como a compostagem da matériaorgânica e o uso de adubos verdes, mas estes métodosforam extensamente estudados e validadoscientificamente. Por outro lado, a agricultura biológicaapoia e aplica técnicas inovadoras como a mobilizaçãomínima do solo, as armadilhas com feromonas, insectosestéreis e estirpes de bactérias para combater pragas,preparados à base de extractos de plantas e mineraispara combater doenças, máquinas agrícolas com baixoimpacto ambiental, etc.

Esta prática agrícola sustentável assenta em alguns princípios e o primordial será o respeito, a observação e o “diálogo” com anatureza; um verdadeiro camponês, agricultor, agrónomo ou técnico agrícola biológico/ecológico deve ter a capacidade deperceber e de entender o que está a acontecer com a planta e/ou com o anima e isso resultará no uso da natureza a favor dacultura/prática agrícola. Também é importante o aproveitamento de recursosnaturais renováveis, a reciclagem de lixo orgânico e de resíduos, aadubação orgânica e a humidificação do solo, a adubação mineral poucosolúvel, o uso de defensivos naturais, o controle biológico e mecânico deinsectos e ervas, a permanente cobertura do solo e a adubação verde.

A agricultura biológica, de um modo geral, respeita o ambiente no seu todo.

Os eco-produtos são potenciadores de uma vida mais saudável pelas suasqualidades nutricionais e isenção de resíduos tóxicos.

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ACTIVIDADE PISCATÓRIA

A Actividade Piscatória é a extracção de organismos aquáticos (peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas) do meio ondese desenvolveram para diversos fins, tais como a alimentação, a recreação, a ornamentação ou para fins industriais.

AS PRINCIPAIS ÁREAS DE PESCA DO MUNDO localizam-se nos oceanos Atlântico e Pacífico, nomeadamente:

Nordeste do Atlântico / Costa Noroeste da Europa (região da Noruega): A plataforma continental é muito extensa. As águas sãorelativamente frias ou temperadas e a salinidade tem um valor propício ao desenvolvimento de diferentes tipos de espéciespiscícolas. A

Noroeste do Atlântico / Terra Nova / Costa Oriental do Canada e do Nordeste dos EUA :A plataforma continental é muito larga everifica-se o contacto da corrente quente do Golfo com a corrente fria do Lavrador. B

Pacífico Norte / Costa Ocidental da América do Norte e do Extremo Oriente. C

Costa do Peru e do Chile / Banco Peruano: Influência da corrente fria de Humboldt que transporta uma grande quantidade deplâncton. D

ZONA ECONÓMICA EXCLUSIVA - ZEE

É o espaço marítimo que um país detém, no qual tem direitos na utilização dos seus recursos, tanto vivos como não vivos.Delimita-se por uma linha imaginária situada a 200 milhas da costa.

DIREITOS DE UM PAÍS SOBRE A SUA ZEE:

- Exploração dos recursos marítimos;

- Investigação científica;

- Controle da pesca levada a cabo por barcos estrangeiros e nacionais;

- Exploração de petróleo e gás natural no leito marinho.

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ZEE PORTUGUESA

É a 3ª maior ZEE da União Europeia e 11ª do mundo;

A extensão geográfica da ZEE está dividida do seguintemodo:

Continente: 327.667 km²

Açores: 953.633 km²

Madeira: 446.108 km²

Total: 1.727.408 km2

Para haver a preservação e gestão dos recursos marítimos, é fundamental que Portugal disponha de um sistema eficaz de vigia econtrolo das actividades. A ZEE Portuguesa é mal vigiada, devido à falta de meios técnicos e humanos.

De entre as diversas INFRACÇÕES COMETIDAS destacam-se as seguintes:

- A captura de espécies não permitidas, que pode acelerar a sua extinção;

- O tipo de pesca e o uso inadequado das redes;

- Desrespeito pelas quotas de pesca e TAB (Tonelagem de Arqueação Bruta);

- Desperdício de espécies que são capturadas indevidamente e não comercializáveis;- Descarga de produtos poluentes como o mercúrio e o chumbo.

Sem um CONTROLO EFICAZ, Portugal poderá sofrer as seguintes CONSEQUÊNCIAS:

- O esgotamento dos recursos marítimos;

- Aumento do tráfego clandestino;

- Aumento da poluição marítima e de catástrofes ambientais;

PLATAFORMA CONTINENTAL: Zona marítima de fraco declive,com cerca de 200 metros de profundidade, constituindo umprolongamento da placa continental.

CARACTERIZAÇÃO DA PLATAFORMA CONTINENTAL:

• A pouca profundidade permite a penetração dos raios solares e

consequentemente a fotossíntese das plantas, fonte defitoplâncton para alimentação dos peixes;

• Agitação provocada pelas ondas e pelas marés favorece aoxigenação da água, imprescindível à vida marinha;

• O grau de salinidade não pode ser excessivo, logo o desaguar dos rios na plataforma continental equilibra o grau de salinidade einjectando no mar matéria orgânica e inorgânica que servirá de alimento aos peixes.

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CORRENTES MARÍTIMAS - Upwelling

• Consiste na subida à superfície de aguas profundas e

frias carregadas de plâncton;

• Esta corrente vertical vem compensar a água superficialmais quente e pobre em nutrientes que o vento empurrapara alto mar;

• A compensação desta água permite um balanço perfeitomuito favorável ao desenvolvimento dos peixes.

PESCA TRADICIONAL

• Pratica-se em zonas perto das costas;

• Permanência no mar é curta (no máximo alguns dias)

• Utiliza embarcações pequenas; 

• O volume de capturas é escasso;

• Usa técnicas rudimentares; 

• Destina-se ao auto consumo e por vezes aos mercados locais;

• Predomina nos países em desenvolvimento.

PESCA INDUSTRIAL OU MODERNA

• Embarcações de grandes dimensões, equipadas para permanecer durante várias semanas ou meses em alto mar;

• Utiliza grandes frotas pesqueiras, as quais estão devidamente preparadas para preparar, congelar e armazenar o pescado;

• Obtêm grande volume de capturas; 

• As espécies obtidas destinam-se ao comércio;

• Utiliza modernas técnicas de localização e captura de bancos de peixe;

• Serve-se de grandes infra-estruturas portuárias.

OS PRINCIPAIS TIPOS DE PESCA SÃO:

Pesca local e costeira: Utilizam-se pequenas embarcações, que não se afastam da costa e utilizam técnicas tradicionais.

Pesca do alto: Realiza-se longe da costa por períodos de cerca de oito dias, utilizando já um conjunto de técnicas modernas eembarcações maiores.

Pesca de longa distância: Pratica-se com barcos de grande tonelagem e equipados com meios sofisticados, como radar, sonar (para a detecção dos bancos de pesca), processos de conservação e transformação do pescado em alto mar (navios-fábrica).

Embarcações – Navios Fábrica: O peixe, depois de capturado, é submetido a uma série de operações: lavagem, corte da cabeça,extracção das vísceras se for o caso disso, o arranque da pele e o corte de filetes. Depois é necessário conservar, dependendoda técnica utilizada do destino do pescado. O que for escolhido para a indústria das conservas tem de ser cozido e colocado emlatas com óleo vegetal; se é para produzir peixe fumado, é necessário salgar, secar, defumar; o que se destina à congelação é

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armazenado em frigoríficos de grandes dimensões. Depois de todas estas operações é ainda preciso pesar e embalar. Tudo istoé, cada vez mais, feito a bordo. Um navio de pesca transformou-se numa verdadeira fábrica flutuante. Sciences Avenir, nº57 

PROBLEMAS DA PESCA

• O grave problema da redução dos stocks das espécies piscícolas deve-se a duas causas principais:

- a sobreexploração do pescado (capturas excessivas através da modernização das técnicas de captura; aumento do consumo

das populações; localização de cardumes por satélite; etc.);- e a poluição das águas (lavagens dos tanques dos petroleiros; libertação de substancias tóxicas para o mar; etc.)

SOLUÇÕES QUE MINIMIZEM OS IMPACTOS DA ACTIVIDADE PISCATÓRIA

• Fiscalização e controle das Zonas Económicas Exclusivas - ZEE;

• Implementação de Politicas de Pesca; 

• Tratamento de poluentes (ETAR); 

• Aquacultura - consiste na criação controlada de espécies piscícolas (peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas) emviveiros, obedecendo a alguns princípios básicos, como a selecção de espécies adequadas às condições naturais e resistentes adoenças.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PESCA PORTUGUESA

• Envelhecimento da frota; 

• Embarcações de reduzida dimensão; 

• Vocacionada quase exclusivamente para a pesca costeira; 

• Mar com grande biodiversidade, mas em pequenas quantidades; 

• Plataforma Continental de reduzida dimensão, apesar da grande dimensão da ZEE;

• Sector mais modernizado sofre os efeitos da grande concorrência internacional, devido à falta de acordos de pesca.

MEDIDAS PARA POTENCIALIZAR A PESCA PORTUGUESA

• Modernização da frota; 

• Novos navios de maior TAB (pesca em locais mais longínquos; mas com maiores stocks piscícolas);

• Aposta na formação profissional e na qualificação da mão-de-obra;

• Renovação das infra-estruturas existentes (portos, lotas e redes frigoríficas) ou construção de novos equipamentos;

• Negociação de novos acordos de pesca no âmbito da Política Comum de Pescas, nomeadamente com o aumento das quotas decaptura;

• Desenvolvimento da aquacultura. 

De entre os benefícios que o Mar nos pode trazer, podemos destacar, para além da PESCA, que é um verdadeiro veículo para aprosperidade económica de um país:

- a ENERGIA DAS ONDAS e MARÉS, bem como as ENERGIAS FÓSSEIS como o PETRÓLEO e o gás natural;

- os MINÉRIOS e MOLÉCULAS existentes no fundo marinho que podem ser utilizados na indústria farmacêutica.

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Competências a testar na PROVA DE AVALIAÇÃO:

I- Actividades Económicas

1- Distinguir os diferentes sectores de actividade económica;

2- Classificar actividades segundo o sector de actividade em que se inserem;

3- Relacionar a distribuição da População Activa pelos diferentes sectores de actividade com o grau de desenvolvimento dospaíses:

Maior desenvolvimento implica uma redução da população activa no sector primário e, progressivamente, também no secundário,aumentando a população activa no sector terciário:

Países Em Desenvolvimento - domínio do sector primário e fraca expressão dos sectores secundário e terciário;

Países Desenvolvidos – domínio do sector terciário e fraca expressão dos sectores produtivos (primário e secundário).

Causas: crescente mecanização dos processos produtivos nos Países desenvolvidos e maior exigência da população destespaíses, que pretendem maior quantidade e diversidade de serviços que lhes proporcionem elevados padrões de qualidade de

vida.

4- Explicar o fenómeno da Terciarização das sociedades actuais.

Vem na sequência do facto de as sociedades mais desenvolvidas perderem sucessivamente activos dos sectores primário esecundário, os quais vão “engrossar” o sector terciário… 

II- Actividade Agrícola

1- Distinguir Agricultura Tradicional de Agricultura Moderna;

2- Caracterizar as diferentes práticas de Agricultura Tradicional;

3- Caracterizar as diferentes práticas de Agricultura Moderna;

4- Identificar os principais problemas ambientais resultantes da exploração dos recursos agrícolas;

5- Apontar a importância da prática de Agricultura Biológica como forma sustentável de explorar os recursos agrícolas.

III- Actividade Piscatória

1- Identificar/Localizar as principais zonas de pesca do Mundo;

2- Referir em que consiste a Zona Económica Exclusiva;

3- Relacionar a ZEE com a actividade piscatória;

3.1- Caracterizar as vantagens e os constrangimentos associados à ZEE portuguesa;

4- Relacionar as características das Plataformas Continentais com a actividade piscatória;

5- Distinguir pesca tradicional da industrial ou moderna;

6- Identificar/caracterizar os principais tipos de pesca;

7- Referir os principais problemas associados à actividade piscatória;

8- Apontar soluções que permitam potencializar a exploração dos recursos do mar.