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Estudando: Introdução a Dinâmicas de Grupo Introdução O mundo hoje avança rapidamente em todos os sentidos, principalmente no que diz respeito aos avanços científicos e tecnológicos. Poderíamos indagar, então, qual a relação destes avanços com as relações humanas? Quais as conseqüências destes avanços para a vida do indivíduo na sociedade? Precisamos estar convictos de que ele, ao contrário das demais espécies animais, necessita da interação para existir e, por isso, a maior condição para a sobrevivência do ser humano está na vida em grupo. A tecnologia influi diretamente na vida do homem e principalmente na sua forma de conviver. Diante destes questionamentos, iniciaremos nossos estudos sobre as Relações Humanas e a Dinâmica dos Grupos. Certamente você deve estar refletindo sobre o significado da expressão “Dinâmica de Grupo”. Elucidaremos esta questão a seguir. Na medida em que nos propomos a estudar as dinâmicas dos grupos, iremos nos deparar com sua estrutura, suas origens, bem como as suas necessidades e as relações entre seus componentes. O estudo das relações humanas vem a ser exatamente o estudo das relações entre os componentes dos mais variados grupos, sua atuação e a troca que existe entre estes membros. Estes conceitos serão tratados detalhadamente no decorrer deste módulo. De modo geral, participamos, a todo momento, de algum grupo e cada grupo do qual fazemos parte tem sua dinâmica própria. Estes grupos se compõem de variáveis, ou melhor dizendo, de um conjunto de variáveis, que provocam energia e geram ações diversas que, por sua vez, dão origem a situações e comportamentos entre seus membros, que irão definir a personalidade destes grupos. Precisamos entender esses fenômenos, os agentes, a atmosfera e o comportamento grupal, pois só desta forma poderemos atuar e interagir neles. Para alcançar esses objetivos, estudamos a Dinâmica dos Grupos com o fim de provocar estas mudanças consideradas necessárias, reforçando as atitudes grupais, de modo que possamos nos relacionar, inclusive profissionalmente. Para trabalhar e coordenar a participação das pessoas nos grupos, sejam eles educacionais ou organizacionais, estudaremos as técnicas de Dinâmica de Grupo. É muito importante que cada ser humano tenha ciência de sua real importância para o outro tanto quanto tenha para si próprio. O estudo das relações interpessoais se constitui como fundamental na busca de práticas que viabilizem um melhor convívio entre as pessoas, permitindo uma maior harmonia entre as mesmas. Esta visão fica bem clara no texto, a seguir, citado por Serrão e Baleeiro (1999), destacado do texto de Joyce em Finnegan´s Wake e que bem ilustra a dinâmica nos grupos. “Quando olhamos por alto as pessoas, ressaltam suas diferenças: negros e brancos, homens e mulheres, seres agressivos e passivos, intelectuais e emocionais, alegres e tristes, radicais e reacionários. Mas, à medida que compreendemos os demais as diferenças desaparecem e em seu lugar surge a unicidade humana: as mesmas necessidades, os mesmos temores, as mesmas lutas e desejos. Todos somos um”. (Baleeiro, 1999: 15) Em função desta unicidade, que aproxima as pessoas, é que hoje dedica-se grande parte das pesquisas ao estudo das relações humanas e ao estudo do indivíduo nos grupos, em seus ambientes de trabalho e em outras formas grupais. As organizações falam em “gestão de pessoas” – estudar os motivos que as levam a atuar de determinada forma e a reagir de maneiras diversas - o que se constitui no foco das atenções de muitos estudiosos desta área. Com as inúmeras mudanças trazidas pelos avanços da ciência e do processo de globalização, o ambiente de

1ª Licao - Introdução

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Estudando: Introduo a Dinmicas de GrupoIntroduoO mundo hoje avana rapidamente em todos os sentidos, principalmente no que diz respeito aos avanos cientficosetecnolgicos.Poderamosindagar,ento,qualarelaodestesavanoscomasrelaeshumanas?Quaisasconseqnciasdestesavanosparaavidadoindivduonasociedade?Precisamosestarconvictosdequeele,aocontrriodasdemaisespciesanimais,necessitadainteraoparaexistire,porisso,amaiorcondioparaasobrevivnciadoserhumanoestnavidaemgrupo.Atecnologiainfluidiretamentenavidadohomemeprincipalmente na sua forma de conviver.Diante destes questionamentos, iniciaremos nossos estudos sobre as Relaes Humanas e a Dinmica dos Grupos.CertamentevocdeveestarrefletindosobreosignificadodaexpressoDinmicadeGrupo.Elucidaremosestaquesto a seguir.Na medida em que nos propomos a estudar as dinmicas dos grupos, iremos nos deparar com sua estrutura, suasorigens, bem como as suas necessidades e as relaes entre seus componentes. O estudo das relaes humanasvem a ser exatamente o estudo das relaes entre os componentes dos mais variados grupos, sua atuao e a trocaque existe entre estes membros. Estes conceitos sero tratados detalhadamente no decorrer deste mdulo.Demodogeral,participamos,atodomomento,dealgumgrupoecadagrupodoqualfazemospartetemsuadinmicaprpria.Estesgrupossecompemdevariveis,oumelhordizendo,deumconjuntodevariveis,queprovocam energia e geram aes diversas que, por sua vez, do origem a situaes e comportamentos entre seusmembros, que iro definir a personalidade destes grupos.Precisamosentenderessesfenmenos,osagentes,aatmosferaeocomportamentogrupal,poissdestaformapoderemos atuar e interagir neles. Para alcanar esses objetivos, estudamos a Dinmica dos Grupos com o fim deprovocarestasmudanasconsideradasnecessrias,reforandoasatitudesgrupais,demodoquepossamosnosrelacionar, inclusive profissionalmente.Paratrabalharecoordenaraparticipaodaspessoasnosgrupos,sejameleseducacionaisouorganizacionais,estudaremos as tcnicas de Dinmica de Grupo. muito importante que cada ser humano tenha cincia de sua real importncia para o outro tanto quanto tenha parasiprprio.Oestudodasrelaesinterpessoaisseconstituicomofundamentalnabuscadeprticasqueviabilizemum melhor convvio entre as pessoas, permitindo uma maior harmonia entre as mesmas.Estavisoficabemclaranotexto,aseguir,citadoporSerroeBaleeiro(1999),destacadodotextodeJoyceemFinnegans Wake e que bem ilustra a dinmica nos grupos. Quandoolhamosporaltoaspessoas,ressaltamsuasdiferenas:negrosebrancos,homensemulheres,seresagressivosepassivos,intelectuaiseemocionais,alegresetristes,radicaisereacionrios.Mas,medidaquecompreendemososdemaisasdiferenasdesaparecemeemseulugarsurgeaunicidadehumana:asmesmasnecessidades, os mesmos temores, as mesmas lutas e desejos. Todos somos um. (Baleeiro, 1999: 15) Em funo desta unicidade, que aproxima as pessoas, que hoje dedica-se grande parte das pesquisas ao estudodasrelaeshumanaseaoestudodoindivduonosgrupos,emseusambientesdetrabalhoeemoutrasformasgrupais. As organizaes falam em gesto de pessoas estudar os motivos que as levam a atuar de determinadaforma e a reagir de maneiras diversas - o que seconstitui no foco das atenes de muitos estudiosos desta rea.Comasinmerasmudanastrazidaspelosavanosdacinciaedoprocessodeglobalizao,oambientedetrabalho,afamliaeoutrosgruposdosquaisfazemosparte,transformam-setambm.Osprofissionaisprecisamestar atentos crescente complexidade com que essas transformaes se refletem na rea das Relaes Humanas.Uma das condies para a sobrevivncia harmnica do ser humano est na convivncia social. A prpria concepobiolgica do homem feita em grupo por um casal. A satisfao das necessidades bsicas de um beb, d-se noseiodeumgrupoafamlia.Oprocessodesocializaoedeaprendizado,tambmocorreemgrupoaescola.Essas so algumas das razes para compreendermos a importncia que o grupo tem na vida do ser humano e parapercebermosqueoprofissionalquelidacomeletem,porobrigaoepornecessidade,queseesforarparacompreendermelhoradinmicarelacional,complexa,queocorrenosgrupos;da,aimportnciadoestudodasRelaes Humanas e da Dinmica de Grupo.Se, neste momento, voc pegar um papel e uma caneta e listar todas as coisas, desde as mais simples at aquelasmais complexas, que voc realiza durante um dia de sua vida, certamente voc ir perceber que a maior parte delasvocrealizaemgrupos,sejaparticipandoefetivamentedeumatarefaousimplesmenteestandonoconvviodosmesmos. Experimente! E que grupos seriam esses? Como poderamos defini-los? Assim como Ferro e Baleeiro (1999) nos apontam que um grupo como um rio que tem fora e vida prprias, poissabemosquepormaisquenosmergulhemosemsuasguas,aproveitandosuascorrentesepossibilitandoadescoberta de suas riquezas submersas,no se pode esgotar seus mistrios (id. p.35), assim tambm sabemosque todososgrupos,dosquaisparticipamos,possuemuma dinmica prpria, composta por um conjunto devariveis que do energia e sinergia, provocando a ocorrncia de aes. So essas variveis e fenmenos, que doaos grupos uma atmosfera grupal e os comportamentos diferenciados dos membros do grupo.Conhecerbemosagentes,fenmenos,processos,aatmosferaecomportamentogrupaldefundamentalimportnciaparaoprofissionalquetrabalhacomDinmicadeGrupo,emqualquercontexto.Esteconhecimentoessencial para que voc esteja apto a aceitar esse desafio, que foi muito bem descrito por urea Castilho, Saquelesquetmacoragemdecorreroriscodeseexporqueestopreparadosparatrabalharemgrupos.Diferentemente do processo individual, a interface grupal exige sem dvidamuito mais do facilitador que um nvel depercepo,intuioevisogestltica,eestassopostasprovaacadainstantepelogrupo,atravsdoseujulgamento, presses, resistncia, coeso e normas, com as quais o facilitador ter que saber lidar a cada momento.Masprecisoqueaquelesquelideramogruposesintaminternamentebastantepreparadosparacompreenderoque se passa com ele e analisar as relaes desse fenmeno com sua condio e realidade pessoal, criando para sium nvel de conscincia exata de sua posio e situao existencial, dentro do contexto do grupo, ante o momentovivido. Em outras palavras, [que se tenha uma viso terica e real do movimento do grupo.(urea Castilho, 1997) E a que essas colocaes de Castilho nos levam? O que importante se ter, a priori, para se (con)viver em grupo?Como os sujeitos, que compem um grupo, se vem e so vistos dentro do mesmo? Quais as condies necessriaspara se viver de forma harmnica num grupo, buscando alcanar um objetivo comum? Pararesponderessasperguntas,deveremosanalisaralgunsprincpiosqueembasamasrelaesgrupais,taiscomo:a prpria construo identitria dos sujeitos; as questes de relaes entre os diferentes parceiros; a existncia de valores e atitudes para o reconhecimento satisfatrio entre os diferentes elementos que formam ogrupo. UtilizamosaFbuladosGansosparaproporumareflexo,procurandoextrairquestespertinentesaosassuntosaquidesenvolvidoseoutrosmaisaserempensados,quevocpoderdestacar,compondoidiasqueolevemabusca de maior aprofundamento sobre os seus prprios conceitos e valores, ao mesmo tempo que, sem a pretensode desgastar todas as possibilidades de anlise que ele sugere, poderemos utiliz-lo, posteriormente, para iluminaroutras reflexes.Para melhor compreender o que queremos dizer, leia o texto e os comentrios sobre cada pargrafo, na lio 2.