1ª Questao

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1. QUAL A TIPIFICAO DO CONTRATO DE HONORRIOS ADVOCATCIOS? DISCORRA E FUNDAMENTE A RESPOSTA

Consideraes Iniciais O contrato de honorrios advocatcios trata-se de um contrato de prestao de servios com caractersticas prprias, onde a obrigao de meio. um contrato do tipo Cotalcio, e sua cobrana incide procedimento sumrio. Apesar de no solene, um contrato bilateral, consensual e oneroso, de natureza alimentar, por isso um crdito privilegiado. considerado um ttulo executivo extrajudicial, e sua cobrana poder ser feita atravs de procedimento sumrio. um tema simples, mas ao mesmo tempo complexo, por isso entende-se que seja necessrio uma explanao mais profunda, no entanto sinttica sobre contratos e honorrios, para finalmente efetuar-se a fundamentao de forma adequada. Por isso, inicia-se esta atividade, conceituando brevemente contratos e honorrios, para na segunda etapa apresentar embasamento legal e doutrinrio a respeito dos contratos de honorrios advocatcios. 1.1 Conceitos 1.1.1 Contrato Negcio jurdico, fundado no acordo de vontades com a finalidade de criar, modificar ou extinguir um direito. todo ato humano, lcito, capaz de adquirir, transferir, modificar, ou extinguir uma relao jurdica (contrato em sentido lato). o negcio jurdico em que as partes se sujeitam a observncia da conduta idnea, satisfao dos interesses que pactuam (contrato em sentido estrito). Portanto, contrato o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas, sobre objeto lcito e possvel, com o fim de adquirir, resguardar, modificar

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ou extinguir direitos, e ocorre, conforme explicam Plcido e Silva (1982), "quando os contratantes, reciprocamente, ou um deles, assume a obrigao de dar, fazer ou no fazer alguma coisa". Quando as obrigaes que se formam no contrato so recprocas, este bilateral, quando so pertinentes somente a uma das partes, unilateral. 1.1.1.1 Elementos do contrato

1.1.1.1.1 Essenciais Devem constar de todos os contratos, sob pena de nulidade. So:a) Capacidade das partes b) Licitude do objeto e c) Forma prescrita ou no defesa em lei.

Alm dos elementos essenciais gerais, existem os elementos essenciais especiais, que devem existir somente em alguns contratos. 1.1.1.1.2 Naturais So aqueles que podem ocorrer, ou no. Exemplo: o mtuo presume-se gratuito, mas as partes podem convencionar a onerosidade do pagamento de tributos. 1.1.1.1.3 Acidentais Modificam a vontade das partes e variam de contrato para contrato. 1.1.1.1.4 De estilo No so necessrios, mas tm grande valia para demonstrar a vontade das partes.

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1.1.1.1.5 Imperativos So obrigatrios em determinados tipos de contrato. 1.1.1.1.6 Elementos complementares So facultativos e no precisam figurar no corpo do contrato. 1.1.1.2 Requisitos do Contratoa) A existncia de duas ou mais Pessoas; b) A capacidade genrica das partes contratantes; c) O consentimento livre das partes contratantes.

1.1.1.3 Objetivosa) Licitude do objeto; b) Possibilidade fsica ou jurdica do objeto; c) Determinao do objeto; d) Economicidade do objeto.

1.1.1.4 Formasa) Liberdade de forma (como regra); b) Obedincia forma quando a Lei assim o exigir.

1.1.1.5 Princpios do direito contratual 1.1.1.5.1 Princpio da Autonomia da Vontade Poder que possui o indivduo de suscitar, mediante declarao de sua vontade, efeitos reconhecidos e tutelados pela ordem jurdica. Por esse

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princpio, a liberdade de contratar domina completamente. 1.1.1.5.2 Princpio do consensualismo Significa que havendo acordo de vontade, qualquer forma contratual vlida (verbal, silncio, mmica, telefone, e-mail), excetuando-se atos solenes que exijam formalidades legais, ou seja, s ser exigida forma quando a lei ordenar. 1.1.1.5.3 Princpio da obrigatoriedade da conveno O contrato uma vez elaborado segundo os requisitos legais se torna obrigatrio entre as partes, que dele no se podem desligar, constituindo-se em uma espcie de lei aplicada entre os contratantes a ser fielmente cumprida pacta sunt servanda. O direito contemporneo tem abrandado este princpio, fortalecendo sensivelmente a clusula rebus sic stantibus (at que as coisas continuem como esto), tambm chamada de teoria da impreviso. Com isto, permite-se a reviso judicial ou um reajuste dos termos do contrato, quando a situao de uma das partes tiver sofrido mudana imprevista e impossvel de se prever. 1.1.1.5.4 Princpio da relatividade dos efeitos Encerra-se a ideia de que os efeitos do contrato so impostos somente s partes, no aproveitando e nem prejudicando terceiros. 1.1.1.5.5 Princpio da probidade e da boa-f Para o direito a boa-f presumida, cabendo, no entanto, prova em contrrio. 1.1.1.5.6 Limitaes Liberdade de Contratar Como regra, a liberdade de contratar no pode ser limitada, no entanto, duas excees ao princpio da autonomia da vontade, esto insertas no

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Cdigo Civil. a) Ordem pblica: A Lei de ordem pblica fixa, no direito privado, as bases jurdicas fundamentais sobre as quais repousa a moral da sociedade. Toda a vez que o interesse individual colidir com o da sociedade, o desta ltima prevalecer, os princpios de ordem pblica no podem ser alterados por conveno entre particulares. b) Bons costumes: So hbitos baseados na tradio e no na lei, O princpio da autonomia da vontade esbarra nas regras morais no reduzidas a escrito, mas aceitas pelo grupo social. 1.1.1.6 Formao dos contratos No h ainda um contrato, so os primeiro contatos entre as partes a fim de que surja um contrato mais frente. A proposta: a parte que est segura do que pretende, manifesta sua vontade outra. At que seja aceita pela outra parte no h compromisso entre eles, todavia o proponente j tem uma obrigao manter os termos da proposta, se aceita. A aceitao: a resposta afirmativa da outra parte oferta do proponente. O aceitante manifesta sua anuncia. Pela aceitao, ambas as partes vinculam-se reciprocamente, o contrato se aperfeioou. O lugar do contrato: ponto importante, pois determina o foro competente para dirimir possveis litgios entre as partes. 1.1.1.7 Classificao dos contratos 1.1.1.7.1 Quanto forma, os contratos se classificam em:

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a) Contratos principais: existncia independe de qualquer outro. b) Contratos Acessrios: existem em funo do contrato principal. c) Contratos preliminares: ajustes que criam vrios tipos de

obrigaes definitivas para os contratantes.d) Contratos definitivos: criam vrios tipos de obrigaes definitivas

para os contraentes.e) Contratos consensuais: aperfeioam-se pelo mero consentimento

e no reclamam solenidade ou tradio.f) Contratos reais: apenas se ultimam com a entrega da coisa. g) Contratos solenes: dependem de forma prescrita em lei. h) Contratos no solenes: no h forma prescrita em lei e constitui-

se a regra. 1.1.1.7.2 Quanto sua natureza, os contratos se classificam em:a) Unilaterais: se aperfeioam por uma s obrigao. b) Bilaterais: se aperfeioam por reciprocidade de obrigaes. As

obrigaes dos contratantes so recprocas.c) Contrato a Ttulo Oneroso: h sacrifcio patrimonial para ambas

as partes.d) Gratuitos: h um sacrifcio patrimonial, apenas, para uma das

partes.e) Comutativos: as prestaes se cumprem simultaneamente. f) Aleatrios: as prestaes so deferidas para o futuro. g) Contratos paritrios: partes estipulam clusulas em p de

igualdade.h) Contratos por adeso: uma das partes apenas adere proposta

da outra, no podendo discutir as clusulas contratuais.i) Contrato

Inominado: no vedado em lei, no se acha

especificado, disciplinado formalmente no direito positivo. Da a expresso inominado. No tendo regulamentao especial, so disciplinados pela analogia com os contratos nominados e pelos princpios gerais de direito.j) Contrato Principal: dotado de existncia independente de um

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contrato preliminar.k) Contrato Sinalagmtico: do grego synallagmatiks, recproco.

Adjetivao daquilo que bilateral, recproco, que importa em igualdade de direitos e deveres para as partes contratantes. Contrato em que as partes assumem obrigaes recprocas. Tambm denominado bilateral. 1.1.1.7.3 Quanto ao tempo, os contratos se classificam em:a) Contratos instantneos: as prestaes se executam no momento

da celebrao do contrato.b) Contratos de trato sucessivo: no possvel sua satisfao em

um s momento. 1.1.1.7.4 Quanto s pessoas, os contratos se classificam em:a) Contratos pessoais: realizados em razo da pessoa, com base

na reciprocidade entre as partes e s podem ser executados pelo prprio devedor.b) Contratos impessoais: a pessoa do outro contraente no

elemento determinante para a concluso do contrato. 1.1.1.8 Outros tipos de contratosa) Civis: previstos no Cdigo civil ou que o tenham como base legal.

Podem ou no ter finalidade lucrativa e sujeitam-se aos princpios da autonomia da vontade, consensualismo, relatividade dos efeitos, probidade e boa-f.b) Administrativos: firmados pela Administrao e regidos pelas

normas de direito pblico e possuem clusulas exorbitante e a possibilidade de alterao e resciso unilaterais por parte da Administrao.c) Autocontrato: uma mesma pessoa figura nos dois polos do

contrato. De um lado representando a si prprio, e de outro, um

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mandante.d) Contrato de meio: uma das partes se compromete a empenhar

esforos para atingir determinado fim sem obrigar ao sucesso.e) Contrato de fim: o contratado se obriga a atingir determinado fim. f) Mistos: derivam-se da combinao de outros contratos. g) Puros: no so frutos da combinao de outros contratos. h) Individuais: quando apenas se obrigarem as partes que vierem a

tomar parte da celebrao.i) Coletivos: formam-se pela vontade de um grupo, gerando

obrigaes para todos, mesmo que no participem da celebrao do mesmo.j) Benfico: somente uma das partes se obriga; a outra est

dispensada de qualquer contraprestao, a no se limitar a fruir do benefcio pactuado, nos seus exatos termos. Por isso, os contratos benficos, tambm chamados contratos a ttulo gratuito, devem ser interpretados restritivamente.k) Cotalcio: honorrios profissionais devidos ao advogado pelo

cliente. Observar-se- o procedimento sumrio para a cobrana de honorrios por profissionais liberais.l) Tpicos: tipificados em lei. m) Atpicos: no se encontram tipificados em lei e so admitidos em

fazer do princpio da autonomia da vontade.n) Alquilaria: aluguel de animais. o) Feneratcio: Contrato de emprstimo a juros. p) Leonino: favorece abusivamente uma das partes, em prejuzo da

outra. A denominao vem da clebre fbula de Esopo, na qual o leo exigia para si, na condio de rei dos animais, a melhor parte dos bens.q) Sngrafo:

do

grego

syngraphs,

instrumento

de

contrato

assinado. Instrumento particular firmado pelo credor e pelo devedor. 1.1.2 Honorrios

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O vocbulo "honorrio" tem origem latina e seus primeiros registros remontam a Roma Antiga. Derivado do latim honorarius, cujo radical honor tambm d origem palavra honra, o termo tem sua acepo clssica traduzida como sendo toda a coisa ou valor dado em contraprestao e que recebida em nome da honra, sem conotao pecuniria. Isso acontecia, nos primrdios, porque o recebimento de honorrios como forma de pagamento no fazia parte dos objetivos do indivduo que exercia a funo de advocatus. Tais indivduos agiam de maneira no profissional e exerciam o munus como forma de arte, apenas para receberem o reconhecimento pblico pelos seus dotes intelectuais e oratrios. Buscavam, em verdade, a notoriedade, a fama e a honra que deu origem ao vocbulo. Dessa poca vem ideia, hoje j abolida, de que a verba honorfica possui conotao de prmio ou agrado, como um trofu, uma medalha, uma placa ou um diploma em reconhecimento ao servio prestado. O vocbulo, por si s, sobrevive apenas em respeito a uma bela e duradoura tradio. A concepo primitiva foi a muito superada pela realidade capitalista e pela necessidade de sustento do profissional da advocacia. O Estatuto, pois, ao tratar da natureza jurdica dos honorrios advocatcios, enterrou o antigo conceito, inadmissvel atualmente, visto que contraria princpios elementares da prpria sobrevivncia do profissional. (RAMOS, 2003) A norma positivada no artigo 22 da Lei 8.906/94 mantm a tradio do vocbulo, ante a natureza especial do munus que o advogado exerce, mas acresce da necessidade de sustento e manuteno do profissional.Art. 22. A prestao de servio profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorrios convencionados, aos fixados por arbitramento e aos de sucumbncia.

Pode-se conceituar, portanto, os honorrios como sendo a contraprestao econmica paga em favor do profissional liberal, pelos servios tcnicos por ele prestados. No presente conceito abarca-se no apenas o profissional da advocacia, mas todo e qualquer profissional liberal que possa assim ser remunerado. Atenta-se que o termo possui, tambm, uma funo didtica. J est claro que entre profissional e cliente no h vnculo de emprego, posto que ntido o liame da prestao de servios. A utilizao do termo honorrio colabora nesta

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distino, posto que distingue, semanticamente, as diferentes formas de remunerao: salrio e honorrio.1.1.2.1 Natureza alimentar dos honorrios e impenhorabilidade

A prestao de qualquer servio profissional do advogado no pode ser presumida como gratuita, como j citada. No entanto, inversa a presuno legal prevista no artigo 658 do Cdigo Civil, que estabelece, no tocante ao contrato de "mandato", presuno de onerosidade quando o mandatrio exerce o objeto do contrato como ofcio ou profisso lucrativa.Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando no houver sido estipulada retribuio, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatrio trata por ofcio ou profisso lucrativa.

A ressalva prevista do referido artigo se justifica, pois o profissional da advocacia que se obriga a prestar servios faz jus percepo de honorrios, posto que esta a verba, por excelncia, remuneratria dos servios prestados pelo advogado, dela retirando sua fonte de sustento. Na Roma Antiga o advocatus recebia como remunerao apenas notoriedade, fama e honra que a atividade lhe conferia, fazendo da advocacia por sculos profisso de classes sociais elevadas. No decorrer do tempo, indivduos de classes sociais menos privilegiadas iniciaram a prtica dos atos tpicos do advocatus, fazendo surgir necessidade de sustento do profissional, e mudando a natureza do honorarius. Atualmente, no h como afastar do conceito de honorrio sua natureza remuneratria e alimentar. No se confundem honorrios e salrios. Mas tambm no h como negar que ambos possuem certas e preciosas afinidades, principalmente no que pertine s finalidades a que se destinam. Conceitualmente distintos os dois institutos, o mesmo no ocorre com suas finalidades que, em princpio, confundem-se. Como um dos direitos constitucionais do trabalhador, o salrio deve ser capaz de atender suas necessidades a as de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, etc. Do mesmo modo, os honorrios dos profissionais liberais tm idntica destinao, conferindo-lhes a evidente natureza alimentar. (ONFRIO apud MAIOR, 2003)

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Diversos

so

os

precedentes

jurisprudenciais

que

corroboram o entendimento de que os honorrios possuem natureza alimentar. Logo, no h como afastar o carter alimentar dos honorrios quando se observa a finalidade a que estes se propem e se destinam: o sustento do advogado e de sua famlia, a sua manuteno como profissional, moradia, alimentao, educao, sade, etc. Neste aspecto, em verdade, que reside a importncia da compreenso e do estudo da natureza que reveste os honorrios advocatcios. Aplica-se aos honorrios, portanto, o que dispe a smula 144 do STJ, que reconhece a preferncia dos crditos de natureza alimentar, desvinculando-os da ordem cronolgica a que se submetem outros crditos de natureza diversa no tocante ao pagamento mediante precatrios. Ainda neste sentido, ser aplicada para a verba honorfica a restrio imposta pelo artigo 649, IV, do CPC, no tocante impenhorabilidade de "vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionrios pblicos e soldo e os salrios". Assim, como j vem entendendo a jurisprudncia ao redor do pas sero impenhorveis, tambm, os honorrios advocatcios em respeito sua indiscutvel natureza alimentar. 1.1.2.2 Espcies de Honorrios Advocatcios Seguindo o que dispe o Estatuto do Advogado, Lei n 8.906/94, existem trs espcies de honorrios advocatcios: os convencionais ou contratuais, os de sucumbncia e os honorrios arbitrados judicialmente. Atenta-se ao fato que a contratao prvia de honorrios no exclui os que porventura se originem da sucumbncia. Neste sentido, vale reproduzir o que dispe o Cdigo de tica e Disciplina da OAB (Art. 35, 1):Art. 35. Os honorrios advocatcios e sua eventual correo, bem como sua majorao decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como necessrios, devem ser previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestao profissional, contendo todas as especificaes e forma de pagamento, inclusive no caso de acordo. 1 Os honorrios da sucumbncia no excluem os contratos, porm devem ser levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre presente o que foi ajustado na aceitao da causa.

1.1.2.2.1 Honorrios convencionais

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O profissional da advocacia, tendo em vista o relevo do munus pblico que exerce, deve sempre promover todas as garantias capazes de minimizar os riscos de seu ofcio. Ao convencionar seus honorrios por escrito, fazendo-os objeto de pactuao contratual, assegura no s a estabilidade de sua relao com a clientela, como tambm cumpre o dever tico-institucional previsto no caput do artigo 35 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB. De acordo com Lobo (1994) dever tico do advogado, para reduzir o potencial de risco e desgaste com o cliente que repercute mal na profisso, contratar seus honorrios por escrito. Desta forma, os honorrios convencionados tornam-se inquestionveis e permitem, em situao extrema, a execuo judicial. Devem ser utilizados parmetros seguros, tais como: valor fixo na moeda de curso forado; atualizao mediante indexador determinado, quando for o caso; percentual sobre o valor da causa, desde j determinado.

Sero considerados convencionais, tambm, aqueles honorrios pactuados verbalmente e na presena de testemunhas. Todavia, em caso de execuo, estes tomaro uma feio muito semelhante aos honorrios por arbitramento, posto que a figura do magistrado e sua valorao sero determinantes para a sua fixao. No obstante o dever tico de formalizao contratual dos honorrios, a forma do contrato livre. Deve o profissional apenas fazer constar do instrumento o nome e a qualificao dos contratantes, os servios para os quais est sendo contratado e a forma de pagamentos dos honorrios. No havendo pactuao expressa quanto forma de pagamento, observar-se- o que dispe o 3 do artigo 22 da lei 8.906/94, que determina o pagamento em trs parcelas, a primeira no incio da demanda, a segunda quando da deciso de primeira instncia sobre o litgio, e a ltima ao trmino da contenda. Convm ao profissional pactuar tambm a respeito das despesas que porventura venha a realizar com custas, depsitos recursais, deslocamentos, dirias, e outros gastos necessrios ao patrocnio da demanda. Como estes gastos decorrem do servio prestado, devem ser apreciados quando da contratao dos servios. Quando da fixao dos honorrios contratuais, o advogado dever

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observar certos parmetros (subjetivos e objetivos). Tais diretrizes bsicas esto elencadas no art. 36 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB:Art. 36. Os honorrios profissionais devem ser fixados com moderao, atendidos os elementos seguintes: I a relevncia, o vulto, a complexibilidade e a dificuldade das questes versadas; II o trabalho e o tempo necessrio; III a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros; IV o valor da causa, a condio econmica do cliente e o proveito para ele resultante do servio profissional; V o carter da interveno, conforme se trate de servio cliente avulso, habitual ou permanente; VI o lugar da prestao dos servios, fora ou no do domiclio do advogado; VII a competncia e o renome do profissional; VIII a praxe do foro sobre trabalhos anlogos.

Registre-se que tais parmetros so reproduzidos, apenas de forma mais sucinta, no artigo 20 do CPC, como regra a ser observada pelos magistrados quando da aplicao do princpio da sucumbncia. Os critrios acima destacados, que devem ser observados pelo profissional quando da fixao em contrato de seus honorrios, impedem no apenas uma conduta usurria do advogado, como tambm afastam a possibilidade de aviltamento da remunerao pelos servios. Da mesma forma que se combate o profissional que, agindo motivado pela cobia, exorbita na cobrana de seus honorrios, deve-se combater o profissional que compromete o sustento de toda uma classe ao oferecer por valores irrisrios seus servios. passvel de punio disciplinar, inclusive, o profissional da advocacia que promove o aviltamento dos valores referentes aos servios profissionais, conforme dispe o artigo 41 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB. Neste sentido, exercem papel fundamental as tabelas de honorrios estabelecidas pelas Seccionais da Ordem dos Advogados. No que o servio profissional sofra um tabelamento ou uma fixao de valores. Basta observar o art. 36 do Cdigo de tica para perceber que muitos dos critrios ali fixados tm cunho subjetivo, levando em considerao o renome e a competncia do profissional contratado. As tabelas de honorrios servem apenas para fixar patamares mnimos, que afastem a possibilidade do aviltamento dos servios e auxiliem o jovem

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profissional em seu incio de carreira.

1.1.2.2.2 Honorrios arbitrados judicialmente Honorrios que, ante a ausncia de contratao por escrito com o cliente, necessitam da interveno judicial e da mensurao do magistrado, para serem fixados. Apesar da indispensvel provocao judicial, no se confundem com os honorrios de sucumbncia, pois no possuem natureza processual e independem do resultado da demanda proposta pelo profissional na defesa do interesse de seu cliente. O arbitramento diante da ausncia de contratao determinao legal extrada do art. 22, 2, da Lei 8.906/94.Art. 22. (...) 2. Na falta de estipulao ou de acordo, os honorrios sero fixados por arbitramento judicial, em remunerao compatvel com o trabalho e o valor econmico da questo, no podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.

Assim, apesar da interveno do Estado-juiz, o arbitramento do valor a ser pago ao profissional no ficar ao arbtrio do magistrado. Dever o julgador levar em conta os critrios inscritos no art. 20, 3 do CPC e observar as tabelas das Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil como parmetros mnimos para a fixao dos honorrios.(...) Os honorrios sero fixados por arbitramento judicial, quando no forem convencionados previamente. O arbitramento no se confunde com arbitrariedade do juiz, que dever observar parmetros que a prpria lei fixou. H o limite mnimo que a tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB. H dois outros parmetros, que no so os nicos, a serem levados em conta pelo juiz: I a compatibilidade com o trabalho realizado, dentro ou fora do processo judicial, incluindo: tempo, a proficincia, a quantidade e qualidade das peas produzidas, a mdia da remunerao praticada pelos profissionais em casos semelhantes, a participao de mais de um profissional, as despesas e deslocamentos realizados pelo advogado. II o valor econmico da questo, relativo ao qual se estipule uma percentagem, segundo a mdia praticada no meio profissional. [07] [grifo nosso]

Desta forma, o provimento judicial no poder afastar-se destes

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parmetros mnimos, considerando o magistrado, sempre, a importncia do legitimo exerccio da advocacia e a natureza alimentar da verba honorfica. Ainda assim, aconselha-se ao profissional fixar em contrato seus honorrios, em observncia ao princpio constitucional da livre iniciativa (art. 170, CF) e buscando evitar o desgaste desnecessrio com a clientela e com o aparelho jurisdicional, que no precisaria intervir no caso da pactuao expressa. 1.1.2.2.3 Honorrios de sucumbncia So os que decorrem do xito que seu trabalho propiciou ao cliente na demanda judicial. So fixados de acordo com a regra definida no art. 20, do CPC, entre um mnimo de 10% (dez por cento) e um mximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenao (3), ou consoante apreciao equitativa do juiz, nas causas de pequeno valor ou de valor inestimvel (4). (RAMOS, 2003) Os honorrios de sucumbncia so aqueles que decorrem diretamente do sucesso que o trabalho levado a efeito pelo advogado proporcionou ao cliente em juzo. Eles derivam diretamente do processo judicial e tm suas regras gravadas nos artigos 20 e seguintes do CPC. A sucumbncia nada mais que o nus imposto ao vencido para o pagamento das custas e despesas processuais, dos honorrios e de outras cominaes como juros e correo monetria. A aplicao do princpio da sucumbncia efeito secundrio da derrota em juzo. De acordo com o que dispe o artigo 23 do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei n 8.906/94), no h que se discutir a quem pertence os honorrios oriundos da aplicao do princpio da sucumbncia.Art. 23. Os honorrios includos na condenao, por arbitramento ou sucumbncia, pertencem ao advogado, tendo este direito autnomo para executar a sentena nesta parte, podendo requerer que o precatrio, quando necessrio, seja expedido em seu favor.

O que o princpio da sucumbncia possibilita a integrao do direito do vencedor, que foi obrigado a ingressar numa contenda mesmo estando protegido pelo manto da legalidade. Vale ressaltar que, apesar da natureza processual, os honorrios decorrentes da sucumbncia no perdem sua natureza alimentar. Mesmo sendo

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incerta a sua obteno pelo profissional, pois, conforme j dito, depende do sucesso da propositura, a natureza alimentar no pode ser afastada ante a finalidade do instituto. Ainda que incerto ou aleatrio o seu recebimento, a verba no perde sua natureza por este motivo. So exemplos de verbas de natureza salarial, encontradas no Direito do Trabalho e que se enquadram nesta premissa, como por exemplo: a participao nos lucros e as gratificaes com base no cumprimento de metas. Os honorrios de sucumbncia mantm sua finalidade de subsistncia do profissional, muitas vezes auxiliando em momentos difceis pelos quais o profissional possa se deparar. Quando o litgio versar sobre querelas de valor diminuto, ou de valor imensurvel, a fixao dos honorrios de sucumbncia ficar a cargo da apreciao equitativa do magistrado (art. 20, 4, CPC). A regra, todavia, a prevista no 3 do artigo 20 do CPC, ou seja, os honorrios sero fixados de acordo com os mesmo requisitos j apontados para o arbitramento judicial, respeitando-se os limites mnimos e mximos de 10% (dez por cento) e 20% (vinte por cento). Nos casos de sucumbncia recproca, e mesmo de sucumbncia parcial, aplicar-se- a proporcionalidade na repartio do nus (sucumbncia recproca) e na aferio (sucumbncia parcial). A exceo se encontra no nico do artigo 21 do CPC, nos casos em que a parte for vencida apenas em parte diminuta de sua pretenso.Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, sero recproca e proporcionalmente distribudos e compensados entre eles os honorrios e as despesas. Pargrafo nico. Se um litigante decair de parte mnima do pedido, o outro responder, por inteiro, pelas despesas e honorrios.

O princpio da proporcionalidade ir se manifestar, igualmente, nos casos em que vrios litigantes ocupem o mesmo polo, ativo ou passivo, na demanda. A sistemtica do CPC prev ainda a possibilidade de perda, pelo vencedor, dos honorrios decorrentes do princpio da sucumbncia, quando dilatar sem motivo justo o andamento da lide, no arguindo, no momento propcio, fato

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modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do autor (art. 22, CPC).

1.1.2.3 Honorrios advocatcios e o novo cdigo civil

O advento da Lei 10.406/02 provocou inmeras inovaes na ordem jurdica ptria. Convm destacar os dispositivos que, versando acerca do inadimplemento contratual e do conceito de "perdas e danos", trouxeram inovaes significativas:Art. 389. No cumprida obrigao, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualizao monetria segundo ndices oficiais regularmente estabelecidos, e honorrios de advogado. Art. 404. As perdas e danos, nas obrigaes de pagamento em dinheiro, sero pagas com atualizao monetria segundo ndices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorrios de advogado, sem prejuzo da pena convencional.

Inova o Cdigo Civil em vigor, em comparao com o diploma anterior, ao inserir dentro do conceito de perdas e danos o necessrio ressarcimento pelos gastos com a contratao de profissional da advocacia. Em verdade, refora o Cdigo Civil a necessidade de se ressarcir o credor, pelos prejuzos causados pela desdia, e consequente inadimplemento da obrigao, por parte do devedor. Vale dizer, no se confunde o disposto na Lei 10.406/02 com os honorrios decorrentes da mera sucumbncia. Em primeiro lugar, trata o novo diploma de ressarcimento pelos honorrios contratuais pactuados em virtude da necessidade do credor de buscar a reparao pelo inadimplemento do devedor. J os honorrios de sucumbncia, conforme j demonstrado, tm natureza processual e decorrem da aplicao do princpio insculpido no artigo 20 do CPC. Assim, mesmo que no ocorra provocao do estado-juiz, havendo a necessidade de contratao de profissional da advocacia, ser devida a reparao prevista na lei civil ante sua natureza material e independente da seara processualstica. Os honorrios advocatcios, por sua vez, passam a ser devidos pelo devedor mesmo que o credor no ajuze ao judicial contra o devedor. Basta, assim, comprovar que realizou despesas com advogado, com objetivo de cobrar seu crdito, para poder exigir a reparao integral, a teor do que dispe o art. 388 do

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novo Cdigo Civil. (MEIRELES, 2005) Como a diferenciao entre os honorrios convencionais e os decorrentes da mera sucumbncia ainda melhor percebida no judicirio trabalhista, tendo em evidncia que, por inmeras vezes, o profissional da advocacia s pode contar com os primeiros, no h como afastar a aplicao do disposto no novo Cdigo Civil, sob pena de se onerar ainda mais o trabalhador na busca democrtica pela proteo do estado-juiz.

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2. O CONTRATO DE PRESTAO DE SERVIOS ADVOCATCIOS

A relao jurdica surgida entre o advogado e o cliente de natureza contratual, e revela-se de dois modos distintos: por um lado consubstancia-se pela elaborao do contrato de mandato, pelo qual o cliente outorga ao advogado os poderes necessrios para atuar na lide, constituindo-lhe como seu defensor. Instrumentaliza-se pela procurao outorgada pelo cliente, com clusula ad judicia. Alm disso, h a celebrao do contrato de prestao de servios advocatcios e honorrios profissionais, no qual o advogado compromete-se a prestar os servios de natureza advocatcia e o cliente compromete-se a pagar ao profissional certo valor, a ttulo de honorrios advocatcios. A outorga e a confeco do instrumento do mandato so procedimentos necessrios para que o advogado possa comprovar os poderes que lhe foram conferidos pelo mandatrio e, assim, desenvolver sua atividade profissional. J o contrato de honorrios instrumento que formaliza a contratao dos servios advocatcios pelo cliente, sendo, portanto, necessrio para o estabelecimento dos parmetros que regero a relao jurdico-contratual. O contrato de prestao de servios advocatcios regido principalmente pelo Cdigo Civil de 2002 e pelo Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, Lei n 8.906/94. Assemelha-se ao contrato de prestao de servios previsto nos arts. 593 e seguintes do CC/02, contudo, possui caractersticas prprias que o distinguem daquele. Assim, um contrato bilateral, por gerar deveres para ambos os contraentes, oneroso, haja vista as vantagens originadas tambm para ambos, consensual, pois se aperfeioa pelo simples acordo entre as partes e no solene, uma vez que a lei no prev forma especial para tal espcie de contrato. Todavia, o contrato de prestao de servios advocatcios distinguese pela finalidade a que se destina, por se tratar de obrigao de meio assumida pelo advogado por ocasio da celebrao contratual.Diz-se que a obrigao de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e tcnicas para a obteno de determinado resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele. (GONALVES, 2006)

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O advogado no pode prometer ao cliente sucesso na demanda que patrocina, uma vez que no detm o poder decisrio sobre a causa, mas somente o poder postulatrio, que lhe permite provocar e apresentar ao Poder Judicirio teses jurdicas fundamentadas, com o intuito de convencer os julgadores pelos argumentos apresentados. Desse modo, ainda que no obtenha xito na lide, se atuar corretamente e com a diligncia habitual que se lhe espera, ter direito ao recebimento dos honorrios contratados ou exigir-lhe o pagamento dos mesmos. Alm disso, o contrato de prestao de servios advocatcios considerado ttulo executivo extrajudicial e constitui-se em crdito privilegiado nas hipteses de falncia, recuperao judicial e extrajudicial, concurso de credores, insolvncia civil e liquidao extrajudicial como dispe o art. 24 da Lei n 8.906/94. que os honorrios advocatcios tm natureza alimentar e, por isso, no podem ser preteridos em relao aos demais crditos concorrentes. Ademais, o advogado pode fazer juntar aos autos o contrato de honorrios celebrado com o cliente, devendo o juiz da causa determinar que lhe sejam pagos os honorrios diretamente, para deduo da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que j os pagou (art. 22, 4 da Lei n 8.906/94). Por fim, h um prazo prescricional de 05 (cinco) anos para o ajuizamento da ao de cobrana de honorrios pelo advogado, contados do vencimento do contrato, se houver, do trnsito em julgado da deciso que os fixar, da ultimao do servio extrajudicial, da desistncia ou transao na lide, da renncia ou revogao do mandato, tal como previsto no art. 25 e alneas do Estatuto da OAB. 2.1.1 Elementos do contrato de honorrios advocatcios Constituem-se elementos essenciais do contrato de prestao de servios e honorrios advocatcios:a) Sujeitos: os contratantes podem ser pessoas fsicas, desde que

capazes, ou jurdicas, devidamente representadas pelos seus scios e/ou administradores. Devem figurar como contratantes todos aqueles aos quais o advogado prestar seus servios

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profissionais, de acordo com a extenso do direito a ser defendido ou postulado. Os contratados podero ser um ou mais advogados, ou mesmo a sociedade de advogados, desde que a procurao seja outorgada individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que faam parte. a norma contida no art. 15, 3 do Estatuto da OAB. No caso da contratao de dois ou mais advogados, todos assumiro iguais obrigaes e poderes, salvo disposio em contrrio. b) Objeto: o objeto do contrato de prestao de servios advocatcios uma obrigao de fazer, constante no ingresso de medida judicial ou extrajudicial cabvel pelo advogado constitudo para defesas dos interesses do cliente. A obrigao pode consistir tambm na elaborao de parecer jurdico ou minuta de instrumento particular de negcio jurdico, como um contrato de compra e venda, por exemplo. Segundo Prunes (1979), o objeto deve informar a natureza e extenso dos servios prestados, ou seja, se abrangem todo o ciclo judicial ou no, se alcanam ou no a rea recursal, podem se limitar a servios em segunda instncia ou em instncia extraordinria. c) Preo: So os honorrios cobrados pelo advogado. indispensvel que o contrato de servios advocatcios contenha clusula estabelecendo o valor, a forma e o meio de pagamento dos honorrios contratados, ainda que se trate de advocacia pro bono. (DINIZ, 2006). Desse modo, o valor dos honorrios pode ser contratado de forma fixa, baseando-se na tabela de honorrios fixada pela OAB, ou ser fixado um percentual, geralmente de 20% (vinte por cento) incidente sobre o valor da condenao ou sobre o que advier do cliente. possvel, ainda, o estabelecimento de clusula mista, que preveja estas duas espcies de fixao de honorrios. Importante frisar que os honorrios de sucumbncia, isto , aqueles fixados pelo julgador por ocasio de prolao de sentena ou acrdo pertencem ao advogado, por fora do art. 23 do Estatuto da Advocacia e da OAB, e no se confundem com os honorrios contratados entre cliente e advogado. Assim mesmo, aconselhvel que haja clusula expressa dispondo sobre a verba sucumbencial.

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A forma de pagamento dos honorrios pode ser livremente estabelecida entre o advogado e cliente, mas o 3 do art. 22 dispe que salvo estipulao em contrrio, um tero dos honorrios devido no incio do servio, outro tero at a deciso de primeira instncia e o restante no final. d) Despesas processuais: Faz-se necessria a presena de clusula contratual que determine qual parte arcar com as despesas relacionadas ao servio contratado, como custas processuais, preparo, cpias de documentos, envio de correspondncias e demais gastos de natureza diversa da verba honorria. Na maior parte dos casos, estabelece-se que o contratante arcar com todas as despesas processuais, devendo repassar ao advogado todos os valores solicitados e reembolsando o contratado pelos gastos que porventura possa ter realizado, em razo da urgncia. e) Foro: geralmente o foro estabelecido para se dirimir eventuais questes relacionadas ao contrato de prestao de servios advocatcios do domiclio profissional do advogado, no se aplicando neste caso as disposies previstas no Cdigo de Defesa do Consumidor. Em suma, estes so os elementos principais que devem constar de todo contrato de prestao de servios advocatcios, sem prejuzo de outras disposies convencionadas entre os contratantes, desde que lcitas ou no defesas em lei. Entretanto, com o advento das leis que reformaram o Cdigo de Processo Civil, e as alteraes realizadas em dispositivos que se referem diretamente relao contratual entre advogado e cliente, surgiu a necessidade de previso de certas clusulas contratuais que embora no se refiram essncia do contrato de honorrios, tem ganhado relevncia, a ponto de tornarem-se imprescindveis, sobretudo para fins de proteo do advogado frente s suas responsabilidades profissionais. 2.2 Novas clusulas contratuais face s novas disposies do CPC. Muitas vezes a verba honorria ajustada de forma verbal, restando, por fim, ao advogado, quando no remunerado pelo cliente, lanar mo

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de ao de cobrana de honorrios para recebimento de seu crdito. Por este motivo, importante a confeco do instrumento particular de prestao de servios advocatcios que, alm de constituir-se em ttulo executivo extrajudicial (neste caso aplica-se as novas disposies trazidas pela Lei n 11.382/2006) permite ao advogado a incluso de clusulas que visam resguardar o seu exerccio profissional. Assim, fundamental que o contrato de honorrios contenha clusula que estabelea ao contratante (cliente) o dever de manter sempre atualizados seus dados cadastrais, necessria tambm clusula dispondo expressamente que a advocacia atividade-meio, pela qual o contratado compromete-se a executar o servio de maneira o mais diligente possvel, mas sem a garantia de qualquer resultado para o cliente. Em alguns casos, a contratao dos servios poder ser efetuada por fases no processo (fase de conhecimento, fase recursal, fase de execuo) fazendo constar no contrato clusula prevendo os limites dos poderes conferidos ao advogado para atuar na lide. Tal situao, embora primeira vista possa proteger o advogado de eventual responsabilizao pelo no cumprimento da intimao feita em seu nome para cumprimento de obrigao, como na hiptese do art. 475-J do CPC, pode caracterizar medida destinada frustrao do processo de execuo, e serem classificadas como atentatrias ao exerccio da jurisdio, ensejando, se for o caso, a multa prevista no art. 14 do Cdigo de Processo Civil, combinado com as penas de litigncia de m-f, insertas no art. 17 do CPC. (WAGNER JNIOR, 2007) Finalmente, o contrato de honorrios advocatcios deve conter clusula que preveja as responsabilidades dos contratados no cumprimento do objeto avenado. Assim, o advogado deve responder pela prestao dos servios advocatcios nos termos do art. 32 do Estatuto da OAB, de forma subjetiva, desde que comprovado dolo ou culpa em sua atuao. J o contratante responder pelo no cumprimento das obrigaes avenadas, como a omisso no fornecimento de todos os documentos e informaes necessrios para a atuao do contratado, bem como por qualquer prejuzo decorrente de sua omisso ou desdia. Responder tambm pelo no pagamento dos honorrios, resultando na possibilidade de execuo do contrato pelo inadimplemento. Indispensvel, ainda, que a pactuao estabelecida entre advogado e cliente esteja refletida no instrumento de mandato, naquilo que for pertinente e

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exigido, como os limites dos poderes de atuao do profissional. Dessa forma, o advogado previne-se de eventuais complicaes que possam surgir durante a prestao dos servios advocatcios e preserva a solidez e reciprocidade da relao de confiana entre o profissional e o cliente, que lhe inerente.

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