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1 Teoria do Crime Dolo: É a vontade consciente de praticar a conduta típica (visão finalista). É a vontade consciente de praticar a conduta típica, acompanhada de consciência de que se realiza um ato ilícito (visão casualista). Existem três teorias sobre o conceito de dolo: Teoria da vontade: dolo é a consciência e a vontade de praticar a conduta e atingir o resultado. É quando o agente quer o resultado; Teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é a vontade de praticar a conduta com a aceitação dos riscos de produzir o resultado. O agente não quer, mas não se importa com o resultado; Teoria da representação ou de previsão: dolo é a previsão do resultado. Para que haja dolo, basta o agente prever o resultado. O Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento: Dolo é a consciência da vontade ou da aceitação do risco de produzir o resultado (art. 18, I, do CP). Espécies de Dolo Dolo natural: Para os finalistas, dolo é simplesmente querer; é a vontade, não importando a consciência da ilicitude. É uma manifestação psicológica, não havendo juízo de valor. Dolo normativo: É aquele formado pela consciência da ilicitude do ato. Para os clássicos, o dolo depende de um juízo de valor. Integra a culpabilidade e tem como elementos a vontade e a consciência da ilicitude (componente normativo). 1

1ªapostila penal 3º semestre teoria do crime - dolo

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Teoria do Crime

Dolo: É a vontade consciente de praticar a conduta típica (visão

finalista). É a vontade consciente de praticar a conduta típica,

acompanhada de consciência de que se realiza um ato ilícito (visão

casualista).

Existem três teorias sobre o conceito de dolo:

• Teoria da vontade: dolo é a consciência e a vontade de

praticar a conduta e atingir o resultado. É quando o

agente quer o resultado;

• Teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é a

vontade de praticar a conduta com a aceitação dos riscos

de produzir o resultado. O agente não quer, mas não se

importa com o resultado;

• Teoria da representação ou de previsão: dolo é a

previsão do resultado. Para que haja dolo, basta o agente

prever o resultado.

O Código Penal adotou as teorias da vontade e do

assentimento: Dolo é a consciência da vontade ou da aceitação do risco

de produzir o resultado (art. 18, I, do CP).

Espécies de Dolo

• Dolo natural: Para os finalistas, dolo é simplesmente

querer; é a vontade, não importando a consciência da

ilicitude. É uma manifestação psicológica, não havendo

juízo de valor.

• Dolo normativo: É aquele formado pela consciência da

ilicitude do ato. Para os clássicos, o dolo depende de um

juízo de valor. Integra a culpabilidade e tem como

elementos a vontade e a consciência da ilicitude

(componente normativo).

• Dolo genérico: É a vontade de realizar o verbo do tipo

sem qualquer finalidade especial.

• Dolo específico: É a vontade de realizar o verbo do tipo

com uma finalidade especial. Sempre que o tipo tiver um

elemento subjetivo, haverá a necessidade do dolo

específico.

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• Dolo de perigo: É a vontade de expor o bem a uma

situação de perigo de dano. O perigo pode ser concreto

ou abstrato. Quando o perigo for concreto, é necessário a

efetiva comprovação de que o bem jurídico ficou exposto

a uma real situação de perigo (ex: art. 132 do CP). O

perigo abstrato, também conhecido presumido, é aquele

em que basta a prática da conduta para que a lei

presuma o perigo (art. 10 da Lei de Arma de Fogo). Os

professores Damásio de Jesus e Luiz Flávio Gomes

sustentam que os crimes de perigo abstrato não existem

mais na ordem jurídica.

• Dolo de dano: Existe quando a vontade é de produzir

uma efetiva lesão ao bem jurídico. Quase todos os crimes

são de3 dolo de dano (furto, crimes contra a honra etc).

• Dolo direto: Existe quando o agente que produzir o

resultado é o dolo da teoria do resultado.

• Dolo indireto: é aquele que existe quando o agente não

quer produzir diretamente o resultado. Subdivide-se em: -

eventual: quando o agente não quer produzir o resultado,

mas aceita o risco de produzi-lo; - alternativo: quando o

agente quer produzir um ou outro resultado.

• Dolo geral ou erro sucessivo: Conhecido como erro

dobre o nexo causal ou aberratio causae, ocorre quando

do agente, na suposição de já ter consumado o crime,

reinicia a sua atividade criminosa, e só então atinge a

consumação. Ex: A quer matar B por envenenamento;

após o envenenamento, supondo que B já estava morto,

A joga o que imagina ser um suposto cadáver no rio e B

acaba morrendo por afogamento: nesse caso, o erro é

irrelevante, o que vale é a intenção do agente, que

responderá por homicídio doloso qualificado

(envenenamento).

Espécies de dolo e ilicitude

O melhor entendimento é o de que a tipicidade é indicio da

antijuridicidade, ou seja, praticado um fato típico, presume-se, em um

primeiro momento, que seja também antijurídico, todavia a presunção é

relativa, ou seja, perdurara senão estiver presente uma causa de

exclusão da ilicitude (art. 23 do Cód. Penal). Em

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