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PODERES E CRENÇAS –
MULTIPLICIDADE E UNIDADE (séculos XIII e XIV)
A MULTIPLICIDADE DE PODERES
Durante cerca de 1000 anos, a Europa nunca mais voltou a ter uma estabilidade política comparável àquela que o Império Romano proporcionara. Nos tempos medievais o poder político fragmentava-se em múltiplas células e revestia as mais variadas formas:
Reinos
Senhorios
Cidades independentes (comunas)
Império.
Estas unidades de poder não se excluíam, antes coexistiam.
REINOS
Na época medieval, os reinos eram unidades
territoriais, sob a chefia de um rei, que agregavam
pequenas unidades regionais.
Foi durante a Idade Média que se formaram vários
reinos da Europa Ocidental, (na Europa Oriental
prevalecia o poder dos senhores).
No séc. XIII já constituem reinos sólidos os de
Portugal, Castela, Aragão, França e Inglaterra.
Em cada um destes territórios o chefe político era o
rei, pertencente a uma família nobre que se havia
destacado política e/ou militarmente.
SACRO IMPÉRIO ROMANO-GERMANO
No séc. X, o rei da Germânia, Otão I, aliou-se ao Papa e, da união dos territórios germânicos e italianos, nasceu o Sacro Império Romano-Germânico.
O Sacro Império procurava restaurar a união da Europa. Porém, a rivalidade de poder entre o imperador e o Papa, a par da oposição dos senhores locais, anularam quaisquer possibilidades de sucesso do império.
A Oriente, o imperador bizantino nunca reconheceu o Santo Império, considerando que era o único herdeiro do poder romano e que um chefe “bárbaro” nunca deveria liderar os Cristãos.
SENHORIOS
É uma terra de um senhor (nobre
ou eclesiástico), uma propriedade
fundiária.
Compunha-se, geralmente, de
terras aráveis, bosques e um ou
mais aglomerados populacionais.
O senhor concedia parcelas do
seu terreno aos camponeses, os
quais, em troca, lhe pagavam
prestações em dinheiro, géneros
(alimentos) ou trabalho.
Os feudos territoriais ou senhorios eram divididos em três partes:
1. Reserva senhorial, terras exploradas pelos camponeses ou servos cujo
rendimento pertencia na totalidade ao senhor
2. Mansos, que eram terras exploradas pelos camponeses e suas famílias
3. Terras comunais, constituídas por pastos, florestas e baldios que forneciam
frutas, madeiras, mel, castanhas etc. A caça era direito exclusivo do senhor.
A insegurança do camponês
Como é sabido por todos que eu
[camponês livre] não tenho meio para
me vestir e alimentar, pedi a vossa
piedade, e a vossa vontade concedeu-
ma e permitiu-se ser trazido e entregue
à vossa proteção. Assim fiz, nas
seguintes condições: deveis ajudar-me
e sustentar-me no que respeita a
alimentos e vestimentas, de acordo
com o que eu vos possa servir e seja
digno de vós. Enquanto eu for vivo,
dever-vos-ei serviço e obediência, e
pelo resto dos meus dias não terei o
direito de me retirar do vosso poder ou
proteção. Fórmula merovíngia, século VIII (adaptado)
Sabias que… os servos
não podiam abandonar o
senhorio, nem casar sem
autorização do senhor da
terra?
Gradualmente, o poderio económico estendeu-se
ao poderio sobre as pessoas. O medo das invasões
e a incapacidade por parte do monarca de
assegurar uma defesa eficaz levava as populações
a abrigar-se no castelo construído pelo senhor. O
senhor foi-se apropriando, muitas vezes com
consentimento régio, de direitos outrora exclusivos
do rei (aplicar a justiça, lançar impostos, recrutar
homens para o exército), até impor sobre os seus
homens o ban – exercício de poderes públicos.
Os senhorios mais ricos e poderosos eram aqueles
pertencentes a duques e condes, membros da alta
nobreza que chegaram, em alguns casos, a opor-se
ao poder do rei ou do imperador de quem eram
súbditos.
COMUNA
As cidades mais prósperas foram as primeiras a reivindicar autonomia em relação ao poder dos senhores das terras.
Os mercadores do Norte da Itália criaram, no séc. XI, a comuna, uma associação dos habitantes da cidade que juravam lealdade entre si e reclamavam direitos perante o senhor.
As lutas comunais (movimento comunal) expandiram-se nos sécs. XII, XIII e XIV até as cidades obterem, ora através da violência, ora de forma negociada, a ambicionada carta comunal que estipulava as garantias de uma (maior ou menor) autonomia administrativa.
Europa (séc. VIII-X)
Império / Reinos
Senhorios Comunas
A MULTIPLICIDADE DE PODERES
“Entre os muitos senhores, a Igreja – e as igrejas –, as
cidades, os príncipes e os reis, os homens da Idade Média não
sabem sempre de quem dependem politicamente.”
(Jacques Le Goff)
RELEMBRA!
CENTRALIZAÇÃO DO PODER REAL (SÉCS. X-XIII)
A partir do século X assiste-se ao reforço do poder real e surgem as
monarquias feudais. Os reis passam a estar no topo da hierarquia
feudal (é o suserano dos suseranos).