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2 CARACTERISTICAS DO NIM
O nim (Azadirachta indica A Juss) é dentre as espécies vegetais que apresenta
atividade inseticida a mais estudada.( AHAMED & GRAINGE,1986;
SCHMUTERER,1988; SAXENA,1989; MORDUE & BLACKWELL,1993;
TRINDADE et al.,2000).
Essa planta teve sua origem na Índia e é considerada de grande valor econômico
além de ser apta desenvolver-se em zonas áridas por apresentar raízes muito profundas.
Foi introduzida há muitos anos em diferentes países tropicais com o objetivo de
reflorestamento, devido possuir um crescimento rápido e apresentar uma fácil
adaptação. Se as condições forem favoráveis, o nim começa produzir flores e frutos a
partir do segundo ano. (SANTOS,1994).
O nim apresenta folhas verdes escuras, composta, imparipinadas, simples e sem
estípulas. Suas flores são hemafroditas, de cor branca, aromáticas com inflorescência
densa, pentâmeras, com estames formando um tubo. O fruto é uma baga ovalada que
quando maduro, apresenta polpa de cor amarelada com casca branca. As sementes são
intermediárias, apresenta um bom índice de germinação em substrato arenoso e as raízes
são do tipo pivotante.(RADWANSKI & WICKENS,1981; NEVES &
NOGUEIRA,1996; NEVES,2004).
Os derivados dessa planta tem sido muito utilizados pelos agricultores da Ásia e
África, contra pragas na produção agrícola. No seu lugar de origem o nim é usado numa
prática antiga que ocorre em culturas de subsistência em que consiste as folhas secas do
nim serem misturadas com grãos armazenados ou seus frutos que são esmagados nas
paredes dos armazéns, para evitar danos causados por insetos.(KOUL et al.,1990;
MORDUE(Luntz) e BACKELL,1993; SCHMUTERER,1988; RODRIGUEZ,1995).
Segundo Saxena (1993), a pasta do nim tem sido empregada nas culturas de
arroz e cana-de-açúcar desde 1930 para combater a Diatraea saccharalis e cupins.
2.1 PRINCÍPIOS ATIVOS DO NIM
Durante os últimos anos, 25 diferentes princípios ativos do nim foram
descobertos e pelo menos 9 afetam o crescimento e o comportamento dos inseto. Os
princípios típicos do nim são os triterpenóides também conhecidos de limonóides dos
quais a azadiractina, nimbina e salanina são os mais importantes e com efeitos
específicos nas diferentes fases de crescimento dos insetos. Eles são extremamente
baixo aos vertebrados e apresenta persistência bastante curta em relação ao ambiente.
(CARNEIRO,2008). Em todas as partes da planta apresenta esses princípios ativos
porém a composição deles depende da região em que eles se encontram e portanto os
efeitos dos extratos variam segundo a matéria prima. Geralmente a concentração desses
compostos é mais alto nas sementes porém isso depende das condições ambientais e do
tratamento durante o processamento, o despolpamento, a secagem e armazenagem das
sementes.(CIOCIOLA JR & MARTINEZ,2002; MARTINEZ,2002; MENEZES,2005).
O local de origem, idade das sementes e o solvente utilizado na extração, pode
ocasionar variações nos teores do princípio ativo e na sua atividade biológica.
(SCHMUTERER,1987).
Os compostos bioativos do nim são utilizados na forma de pós, extratos aquosos
e/ou orgânicos (metanólico, etanólico,acetônico, clorofórmico, hexânico), óleos e pastas
além de frações parcialmente purificadas e formulações ricas em azaractina.
(SAXENA,1989).
MORDUE(Luntz) e NISBET (2000) diz que a complexidade das estruturas
moleculares de algumas substâncias vegetais como a azadiractina, tem dificultado os
estudos para o desenvolvimento de formulações de inseticidas sintéticos.
2.2 MECANISMO DE AÇÃO DO NIM
De acordo com Gallo et al. (2002), o objetivo principal do uso de extratos
vegetais é reduzir o crescimento da população de pragas. Segundo os autores, a
mortalidade do inseto é apenas um dos efeitos e que, geralmente, necessita de
concentrações muito elevadas.
Azadiractha indica é considerada atualmente a mais importante planta inseticida
em todo mundo e essa ação inseticida já foi referida para mais de 400 espécies de
insetos, das quais mais de 100 ocorrem aqui no Brasil.(PENTEADO,1999).
A azadiractina pode afetar os insetos tanto por ingestão como por contato, porém
em geral sua ação por ingestão é significativamente superior.(MARTINEZ,2002;
MENEZES,2005).
Ela apresenta uma alta capacidade como inseticida e é capaz de exercer em
diversos modos de ação sobre os insetos tais como: na alimentação, no desenvolvimento
e na reprodução. (KOUL et al.,1990; MORDUE(Luntz) e BACKELL,1993;
SCHMUTERER,1988; RODRIGUEZ,1995).
Alimentação
Muitos insetos têm a capacidade de alimentarem-se de plantas que
contêm substâncias tóxicas, sem serem prejudicados, utilizando, principalmente,
mecanismos enzimáticos para inativação dos princípios ativos (Gillott, 1995).
Esse autor destaca que as enzimas são as mesmas envolvidas na resistência aos
inseticidas sintéticos. Destaca ainda que alguns insetos evitam as substâncias
tóxicas e alimentam-se de plantas potencialmente perigosas, como resultado de
uma estratégia espacial ou temporal, ou seja, evitando os estágios e partes da
planta onde essas substâncias estão presentes ou ocorrem em maior
concentração.
Em testes sem chance de escolha do alimento, lagartas de
Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) alimentaram-se de pequenas
porções das folhas de nim, mas regurgitaram a maior parte do material ingerido
(Ma et al., 2000). O uso de extratos de plantas, no entanto, faz com que
determinados componentes ativos presentes nos vegetais, quando utilizados de
forma mais concentrada, atuem no controle de insetos, inibindo sua alimentação
ou prejudicando-os após a ingestão.
De acordo com Mordue (Luntz) e Nisbet (2000), a deterrência é um
distúrbio que está associado a mecanismos sensoriais e causa redução do
consumo de alimento. Para estes autores, o comportamento alimentar dos insetos
depende da integração do sistema nervoso central com os quimorreceptores,
localizados nos tarsos, peças bucais e cavidade oral. Relatam, também, que
determinadas substâncias, como a azadirachtina, presente nos extratos de nim,
podem atuar sobre os quimioreceptores, estimulando as “células deterrentes
específicas” ou bloqueando os fagoestimulantes, como as “células receptoras de
açúcar”, inibindo a alimentação.
A deterrência, por reduzir o consumo de alimento, provoca
deficiência nutricional. A falta de nutrientes, por sua vez, pode ocasionar um
atraso no desenvolvimento ou deformações. Da mesma forma, a ocorrência de
deformações ou deficiência nutricional, diminui também a capacidade de
movimentação do inseto, na procura por alimentos de melhor qualidade ou de
locais para abrigo ou reprodução, tornando-o também mais suscetível ao ataque
de inimigos naturais.
Desenvolvimento
O alongamento de fases do ciclo biológico e a ocorrência de
deformações e morte durante essas fases são alguns dos efeitos de extratos
vegetais já constatados sobre insetos. Nesse contexto, Mordue (Luntz) e Nisbet
(2000) con-sideram os efeitos fisiológicos dos extratos de nim muito mais
consistentes que os efeitos de inibição alimentar. Os efeitos fisiológicos causam
interferência no crescimento e nos processos de metamorfose dos insetos, além
de prejudicarem a reprodução e outros processos celulares. Esses autores
classificam os efeitos fisiológicos em: indiretos – aqueles que são decorrentes da
interferência hormonal do ingrediente ativo; e diretos – quando há inibição da
divisão celular e síntese de proteínas, com o inseticida atuando diretamente
sobre células e tecidos.
A formação de indivíduos intermediários entre pré-pupa e pupa pode
ocorrer quando a atividade do hormônio juvenil, que controla a metamorfose, é
afetada (Tanzubil e McCaferry, 1990). Esses autores consideram, ainda, que o
atraso no desenvolvimento pode também ser decorrente da menor eficiência de
conversão alimentar, causada pelo desvio de parte dos nutrientes à degradação
de substâncias tóxicas presentes no alimento.
Riba et al. (2003) observaram que doses de azadirachtina aplicadas
em ninfas de quinto ínstar de Nezara viridula (Hemiptera: Pentatomidae) não
afetaram a duração do estádio, mas causaram mortalidade e formação de adultos
com características ninfais. Nesse trabalho, foi observado ainda que fêmeas
tratadas, e que apresentaram desenvolvimento normal, tiveram redução na
fecundidade.
Dependendo da concentração utilizada, alguns extratos podem reduzir a
viabilidade de ovos, ninfas, larvas e pupas. Souza e Vendramim (2000).
Reprodução
A redução do número de ovos e a inibição da oviposição são importantes
efeitos de extratos vegetais sobre a reprodução dos insetos. Diversos autores revelam
que a ocorrência de esterilidade está geralmente associada a distúrbios alimentares e
deficiência nutricional. Entre esses autores, Engelman (1998) relata que o número de
ovaríolos, embora seja geneticamente determinado, pode ser modificado pela qualidade
e quantidade dos nutrientes obtidos durante a diferenciação dos ovários. A alimentação
larval pode influenciar o número de ovaríolos por ovário e, conseqüentemente, reduzir o
potencial de produção de ovos. O autor destaca também que algumas espécies de insetos
não se alimentam, ou utilizam alimentos de baixa qualidade nutricional na fase adulta, e
dependem de reservas protéicas acumuladas pelas larvas. Por isso, os insetos
alimentados na fase larval com dietas ricas em proteínas formam pupas mais pesadas e
adultos que produzem mais ovos que os insetos alimentados com dietas pobres.