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Tardígrados como
Bioindicadores da
Qualidade do Ar em Meio
Urbano
Daniel Ricardo Almeida dos Santos
Dissertação de Mestrado apresentada à
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em
Biologia
2014
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FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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Daniel Ricardo Almeida dos Santos
Mestrado em Biologia e Gestão da Qualidade da Água
Departamento de Biologia
2014
Orientador
António Paulo Fontoura Pinheiro de Magalhães, Professor associado,
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Tardígrados como
Bioindicadores da
Qualidade do Ar
em Meio Urbano
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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Agradecimentos
Gostaria de registar uma palavra de sincero agradecimento ao meu orientador,
o Professor Doutor Paulo Fontoura, do Departamento de Biologia da Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto, pelo apoio contínuo na projeção e elaboração
deste projeto, principalmente nos seus esforços na identificação das espécies
presentes e colaboração na escrita deste documento, mas também pelo saber que me
transmitiu, pela disponibilidade que me ofereceu e pelo abrir de generosas e diversas
oportunidades.
Agradeço também muito especialmente à Professora Doutora Marisa Almeida
do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do
Porto e Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de ciências da
Universidade do Porto pela sua disponibilização de tempo e recursos e que pelo seu
contributo, através da elaboração do doseamento de metais através de
espetrofotometria de absorção atómica com atomização em chama, permitiu a esta
dissertação atingir uma abrangência interdisciplinar.
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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Resumo
Amostras de musgos e líquenes foram recolhidas de oito locais de amostragem
localizados na região do grande Porto. Cada um destes locais foi caracterizado de
acordo com o nível de poluição atmosférica através de dados fornecidos pela APA
(Agência Portuguesa do Ambiente), que tem em consideração as concentrações de 5
poluentes distintos: ozono (O3), dióxido de azoto (NO2), monóxido de carbono (CO),
dióxido de enxofre (SO2) e partículas finas ou inaláveis (PM10). Para complementar
esta informação as amostras de musgos e líquenes foram sujeitas a
espectrofotometria de absorção atómica com atomização de chama para determinar
as concentrações de Cobre (Cu), zinco (Zn) e chumbo (Pb) presentes no substrato.
Os tardígrados foram extraídos, triados e identificados até à espécie, com base
na sua morfologia e morfometria. A sua distribuição pelos diferentes locais de
amostragem sugere que as espécies Milnesium tardigradum, Macrobiotus
harmsworthi, Macrobiotus persimilis e Minibiotus intermedius, constituirão um grupo de
espécies mais sensíveis, enquanto Hypsibius dujardini, Ramazzottius oberhaeuseri,
Macrobiotus lusitanicus, Paramacrobiotus areolatus e Tenuibiotus sp. serão mais
tolerantes.
Em relação aos parâmetros estruturais das comunidades de tardígrados
podemos inferir a existência de uma fraca correlação entre estes e o grau de poluição
dos locais de amostragem, já que os locais menos poluídos tendem a registar valores
mais elevados de regularidade e diversidade.
Palavras-chave: Tardígrados; Qualidade do ar; Bioindicadores; Musgos;
Líquenes
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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Abstract
Samples of mosses and lichens were collected from eight sample sites located
in the greater Porto area. Each of these places was characterized by the gradient of
atmospheric pollution as determined by data collected by APA (Agência Portuguesa do
Ambiente), which accounts for the concentrations of 5 distinct pollutants: ozone (O3),
nitrate dioxide (NO2), carbon monoxide (CO), sulphur dioxide (SO2) and particulate
matter (PM10). In order to complement this information the samples of lichens and
mosses were subjected to Flame Atomic Absorption Spectrometry to determine the
concentrations of copper (Cu), zinc (Zn) and lead (Pb).
The tardigrades were extracted, triaged and identified to the species, based on
morphology and morphometrics. Its distribution between the different sample sites
suggests that the species Milnesium tardigradum, Macrobiotus harmsworthi, M.
persimilis e Minibiotus intermedius, are more susceptible, while Hypsibius dujardini,
Ramazzottius oberhaeuseri, Macrobiotus lusitanicus, Paramacrobiotus areolatus e
Tenuibiotus sp. are more tolerant.
In regards to the structural parameters of the tardigrade community we can infer
the existence of a weak correlation between these and the pollution level of the
sampling sites, as the least polluted sites tend to contain communities with larger
values of diversity and regularity.
Key-Words: Tardigrades; Air Quality; Bioindicators; Mosses; Lichens
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Índice
Agradecimentos ............................................................................................................ 5
Resumo ........................................................................................................................ 6
Abstract ........................................................................................................................ 7
Índice ............................................................................................................................ 8
Lista de Tabelas e de Figuras ....................................................................................... 9
Lista de Abreviaturas .................................................................................................. 10
Introdução ................................................................................................................... 11
Bioindicadores ......................................................................................................... 11
Os tardígrados como bioindicadores ....................................................................... 14
Objetivos do trabalho .............................................................................................. 16
Material e métodos ..................................................................................................... 17
Localização das estações de amostragem .............................................................. 17
Caracterização das estações de amostragem ......................................................... 18
Técnicas de amostragem ........................................................................................ 21
Determinação das concentrações em metais nas amostras de musgos e líquenes 22
Preparação das amostras .................................................................................... 22
Digestão .............................................................................................................. 22
Doseamento de metais ........................................................................................ 22
Métodos de estudo dos tardígrados ........................................................................ 23
Extração e triagem ............................................................................................... 23
Identificação ........................................................................................................ 23
Parâmetros estruturais da comunidade ............................................................... 24
Tratamento estatístico ............................................................................................. 25
Correlação não paramétrica................................................................................. 25
Análise multivariável ............................................................................................ 25
Resultados e discussão .............................................................................................. 27
Concentrações de metais em musgos e líquenes ................................................... 27
As comunidades de tardígrados .............................................................................. 29
A estrutura da comunidade de tardígrados e relação com a qualidade do ar. ...... 31
Conclusão ................................................................................................................... 39
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 41
Anexos ....................................................................................................................... 45
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Lista de Tabelas e de Figuras
Figura 1 ...................................................................................................................... 18
Tabela 1…………………………………………………...…………………..……...…….…21
Tabela 2...................................................................................................................... 21
Figura 2………………………………….……………………………………………………..27
Figura 3………………………………………………………………………………….……..28
Figura 4……………………………………………………………………………………..….29
Tabela 3……………………………………………………………..…………………………31
Tabela 4………………………………………………………………………………………..33
Tabela 5…………………………………………………………………………………..……34
Figura 5 A………………………………………………………………...……………………36
Figura 5 B………………………………………………………………………………...……36
Figura 6 A…………………………………………………………………………...…………37
Figura 6 B………………………………………………………………………...……………38
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Lista de Abreviaturas
APA – Agência Portuguesa do Ambiente
PCA – Análise de Componentes Principais
Pb – Chumbo
Cu – Cobre
NO2 – Dióxido de Azoto
SO2 – Dióxido de Enxofre
AAS-F – Espectrofotometria de Absorção Atómica com Atomização em Chama
H’ – Índice de Diversidade Shannon-Weaver
IQ – Índice de Qualidade
CO – Monóxido de Carbono
S – Número de Espécies
O3 – Ozono
PM10 – Partículas finas ou inaláveis
E – Regularidade
Zn – Zinco
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Introdução
Bioindicadores
Até meados do século XX a noção de prosperidade era em grande medida
correlacionada com o nível de desenvolvimento urbano e industrial. No entanto, os
graves desastres ambientais causados por um crescimento desregulado levaram a
uma alteração de atitude da sociedade que passou a reivindicar ações
governamentais para a proteção do ambiente (Casarett e Doull, 2008).
Com efeito, um dos mais graves problemas ambientais que então surgiram foi
a poluição, que contaminou de forma crescente, não só os ecossistemas aquáticos,
mas também os solos e deteriorou ainda a qualidade do ar.
Assim, foi necessário concentrar esforços no sentido de procurar desenvolver
técnicas capazes de avaliar o grau de poluição e, simultaneamente, produzir
legislação para mitigar os efeitos dos poluentes.
No que diz respeito à qualidade do ar, a legislação inicial, proposta no início
dos anos 70, centrou-se principalmente na monotorização e regulação da
concentração atmosférica de alguns poluentes, nomeadamente ozono, dióxido de
enxofre, dióxido de azoto, monóxido de carbono, chumbo e carbonetos, considerados
perigos moderados para a saúde humana (Casarett e Doull, 2008). A determinação da
qualidade do ar era considerada sobretudo numa perspetiva antropológica sendo os
parâmetros de qualidade determinados de acordo com testes de toxicidade que
medem as respostas dos seres humanos a esses tóxicos.
Nessa época, eram utilizados sobretudo ensaios químicos para determinar a
qualidade do ar. Contudo, na maior parte dos casos, os resultados traduziam apenas a
qualidade do ar no momento da análise, não refletindo o efeito da ação continuada
desses contaminantes.
Por isso, e tendo também em conta a crescente preocupação com o impacto
dos poluentes sobre os ecossistemas e recursos naturais, observou-se um crescente
desenvolvimento e aplicação de bioindicadores para determinação do nível de
poluição ambiental.
Os bioindicadores podem ser divididos em 3 categorias: indicadores
ambientais, indicadores ecológicos e indicadores de biodiversidade. Os indicadores
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ambientais são organismos que respondem de modo previsível, observável e
quantificável a alterações ambientais, permitindo a monotorização do meio ambiente.
Indicadores ecológicos são organismos que reagem não diretamente a alterações
ambientais mas a alterações nos sistemas bióticos (como fragmentação do habitat).
Por sua vez, indicadores de biodiversidade são organismos cuja diversidade reflete a
diversidade de outras espécies presentes no habitat (McGeoch, 1998). Idealmente, um
bioindicador deve possuir várias características: elevada sensibilidade, reagindo a
mudanças, mesmo que graduais, no ecossistema, distribuição geográfica alargada,
capacidade de providenciar avaliação contínua durante condições variáveis de stress,
utilização fácil e economicamente viável. É importante referir que nenhum
bioindicador, por si só, é capaz de possuir todas estas características, pelo que é
necessário o uso de indicadores suplementares, assim como estratégias de
monotorização mais abrangentes envolvendo habitats chave e alterações a nível da
estrutura das comunidades (Noss, 1990).
Note-se que a utilização de bioindicadores deve ser considerada como
complementar dos métodos químicos e não como substituto. Entre as vantagens
resultantes da utilização dos bioindicadores podem avançar-se as seguintes: Permitem
a deteção de poluentes em concentrações muito baixas que, de outro modo, apenas
podem ser detetados por métodos químicos especializados com custos elevados.
Permitem, como já foi dito, a integração de fatores espaciais e temporais, distinguindo
entre situações de elevados níveis de poluição súbitos e de poluição moderada que
surge de modo intermitente ao longo de longos períodos de tempo, ao contrário dos
indicadores químicos que apenas fornecem informação relativa ao momento em que a
amostragem é realizada. Os bioindicadores são ainda mais eficazes para detetar os
efeitos indiretos dos poluentes sobre os ecossistemas, já que ensaios químicos
dificilmente refletem a redução em diversidade das comunidades ou, por exemplo, o
modo como o crescimento populacional de algumas espécies pode afetar outras
espécies através da competição. Os efeitos dos poluentes sobre os ecossistemas são
particularmente difíceis de determinar por ensaios químicos no caso de ocorrer
bioacumulação, uma vez que as concentrações de poluentes tendem a aumentar ao
longo da cadeia trófica, sendo as suas concentrações muito mais elevadas a nível dos
tecidos dos organismos em comparação com os níveis encontrados no meio ambiente
(Holt e Miller, 2010).
No entanto os bioindicadores também têm desvantagens. Frequentemente as
variações nas populações ou comunidades usadas como indicadores podem ser
provocadas não por poluentes ou qualquer tipo de ação humana mas por perturbações
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naturais como por exemplo a competição ou o parasitismo (Holt e Miller, 2010). Por
outro lado, muitos organismos usados como indicadores são de difícil identificação,
requerendo a intervenção de especialistas e, consequentemente, um dispêndio de
tempo considerável.
Diversos grupos de organismos podem ser usados como bioindicadores,
incluindo organismos pertencentes à microfauna, mesofauna e macrofauna. Ao nível
dos solos os protozoários são frequentemente utilizados como bioindicadores. Tendem
a reagir mais rapidamente a alterações ambientais graças ao seu crescimento rápido e
ao facto de possuírem membranas externas delicadas (Foissener, 1999).
Os principais bioindicadores usados na determinação da qualidade da água
são os macroinvertebrados bentônicos, os peixes e as algas. O facto de os
macroinvertebrados estarem confinados a um determinado local e de durante o seu
ciclo de vida apresentarem longos períodos de vida aquática, torna-os ideais para
avaliar as condições locais. A presença de espécies de maior sensibilidade é útil para
detetar alterações ambientais de curto prazo. Por outro lado, os impactos ambientais
tendem a manifestar-se sobre as comunidades de macroinvertebrados bentônicos de
maneira previsível através, por exemplo, da redução da diversidade e do tamanho dos
indivíduos de espécies dominantes. Os peixes, devido à sua elevada mobilidade e
longevidade, são boas ferramentas para analisar consequências de poluição a longo
prazo, já que as suas populações são sensíveis a variações de transparência,
concentração de oxigénio dissolvido, condutividade e concentração de nutrientes,
principalmente o fósforo. Contudo os peixes podem não ocorrer em ecossistemas
aquáticos de pequenas dimensões. As algas, por apresentarem ciclos de vida curtos,
são sensíveis a alterações súbitas e temporárias de nutrientes, sendo ideais para a
identificação destas alterações (Keeler e McLemore, 1996; Naigaga et al, 2011).
A nível da poluição atmosférica os musgos e líquenes, sendo organismos
cosmopolitas com grande capacidade de acumulação, são utilizados eficazmente
como bioindicadores, permitindo a deteção da poluição por metais assim como a de
poluentes orgânicos e radioativos. A sua grande capacidade de acumulação é
explicada pela ausência de raízes, pela sua cutícula reduzida (musgos) ou ausente
(líquenes), a ausência de estomas (líquenes) e pela reduzida espessura foliar com
uma única célula, que permite receber e absorver os nutrientes e outros elementos
diretamente por deposição atmosférica (Varga et al, 2002).
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Os vertebrados são utilizados para quantificar o valor de grandes espaços
naturais, nomeadamente o “valor de conservação” (Helliwell, 1978; Hiraldo e Alonso,
1985).
Em meio urbano a utilização de bioindicadores é problemática. Com efeito,
devido à destruição de habitats naturais e crescimento exagerado de estruturas
artificiais com predomínio do betão, a biodiversidade é reduzida, tornando-se difícil
encontrar bons bioindicadores, principalmente no que se refere a elementos da
macrofauna.
Assim e tendo em conta que musgos e líquenes são relativamente abundantes
no meio urbano, por isso sendo já utilizados como indicadores de qualidade ambiental,
e que podem servir de habitat (temporário ou permanente) a uma vasta fauna
microbiana e de micrometazoários (rotíferos, nematodes, tardígrados, etc…), a
possibilidade de incluir também esta fauna em estudos da qualidade de ar não é de
desprezar (Conti et al., 2001).
Os tardígrados como bioindicadores
Os tardígrados, vulgarmente designados: “Ursos de Água” – são animais
microscópicos, de biologia ainda muito desconhecida. Apresentam simetria bilateral e
corpo subdividido em cinco segmentos: Um segmento cefálico e quatro segmentos
que constituem o tronco. Cada um dos segmentos do tronco apresenta um par de
patas não articuladas e frequentemente adornadas com garras (Nelson e Marley,
2000; Brusca e Brusca, 2003).
São considerados como um filo independente, o filo Tardigrada, composto por
cerca de 1200 espécies repartidas por três classes: Heterotardigrada, Mesotardigrada
e Eutardigrada (Degma et al. 2009 – 2014).
A sua taxonomia é baseada sobretudo na morfologia das estruturas
esclerificadas como o aparelho buco-faringeo, garras e cutícula e, nalgumas espécies,
também na ornamentação da casca dos ovos (Bertolani e Altiero, 2009).
Os tardígrados podem encontrar-se por todo o globo e em todo o tipo de
habitats: Terrestres, marinhos e de água doce. Contudo, os tardígrados terrestres
necessitam de um grau de humidade elevado para permanecer num estado
metabolicamente ativo. Por isso são frequentemente designados como tardígrados
limnoterrestres. Encontram-se sobretudo no solo, na manta-morta, em líquenes e em
musgos (Nelson, 2002).
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As densidades de tardígrados são altamente variáveis, não sendo conhecidas
as condições ótimas de crescimento populacional. Em musgos e líquenes as
densidades tendem a variar entre 50 a 200 indivíduos por centímetro cúbico.
Variações na densidade populacional dos tardígrados estão associadas a diversos
fatores ambientais como temperatura, disponibilidade de alimento, humidade e
poluição do ar. É de notar, no entanto, que microhabitats com condições ambientais
aparentemente semelhantes localizados na mesma região exibem frequentemente
populações diferenciadas quer em termos de densidade quer de riqueza de espécies
(Nelson, 2002; Bertolani e Altiero, 2009).
Outros fatores como a competição, parasitismo e predação também são
importantes na distribuição dos tardígrados. Entre os predadores de tardígrados
encontramos nematodes, outros tardígrados, aracnídeos, ácaros e larvas de insetos.
Adicionalmente podem ser infetados por diversos parasitas incluindo protozoários e
fungos. Como competidores dos tardígrados pode apontar-se alguns crustáceos e
nematodes que também consomem matéria vegetal no mesmo tipo de habitat. Por seu
lado a dieta dos tardígrados é altamente variável podendo apresentar-se como
predadores de outros micrometazoários (rotíferos, nematodes e outras espécies de
tardígrados), ou alimentando-se dos fluídos celulares de algas, musgos, bactérias e
detritos orgânicos. (Nelson, 2002).
Uma das principais características dos tardígrados é a sua enorme capacidade
para sobreviver em condições ambientais extremas como as motivadas pela
dessecação, frio, anoxia, radiações e substâncias químicas (Nelson e Marley 2000).
Quando as condições se tornarem desfavoráveis os tardígrados têm a capacidade de
entrar num estado de latência denominado de criptobiose. Neste estado perdem
virtualmente toda a água intracelular (Hengherr et al, 2009) e os processos de
crescimento, reprodução, metabolismo e senescência são reduzidos
consideravelmente ou interrompidos.
Apesar das enormes lacunas no conhecimento sobre a biologia dos
tardígrados, nomeadamente sobre a sua ecologia, atrás referidas, da dificuldade do
seu estudo, nomeadamente de identificação (Guidetti e Bertolani, 2005), e, ainda, pelo
facto de as capacidades criptobióticas poderem complicar a interpretação dos efeitos
dos poluentes, a sua utilização como bioindicadores, nomeadamente como
bioindicadores da qualidade do ar, embora em fase embrionária, parece ser
promissória. Uma vez que os tardígrados são organismos aquáticos, a sua utilização
para estudos de qualidade do ar pode parecer despropositada, mas essa utilização
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parece ser potenciada pela sua associação a musgos e líquenes, pela sua ubiquidade
e pelas suas reduzidas dimensões, podendo ser extremamente importante em meio
urbano onde a predominância de atividades e construção humana condicionam a
biodiversidade e consequentemente, a disponibilidade de bioindicadores.
Com efeito, os tardígrados foram já utilizados com algum sucesso na avaliação
do impacte sobre a qualidade ar provocado por uma central termoeléctrica a carvão no
Missouri (E.U.A.). Os resultados deste estudo (Hohl et al., 2001) apontaram para uma
maior sensibilidade de espécies de Eutardígrados (Ramazzottius sp.) e maior
tolerância dos Heterotardígrados (Echiniscus sp.). Por outro lado, nas estações
localizadas sob a influência da central, a abundância de tardígrados era menor. Num
outro estudo realizado na Hungria (Vargha et al., 2002), estudou-se a influência de
vários metais (Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb, V e Zn) nas comunidades de tardígrados
presentes no musgo Hypnum cupressiforme. Os resultados revelaram que a
diversidade e densidade de tardígrados diminuíram quando as concentrações de
apenas um dos metais aumentaram. De facto, em função daquele impacto, os valores
médios de cerca de 100 animais pertencentes a 5-6 espécies, passaram para cerca de
40 animais de 4 -5 espécies.
Objetivos do trabalho
Com este trabalho pretende-se contribuir para um melhor conhecimento sobre
a fauna de tardígrados de Portugal e, sobretudo, averiguar as suas potencialidades
como indicadores da qualidade do ar em meio urbano. Julga-se, desta forma, dar
seguimento a algumas recomendações que a comunidade científica considera
fundamentais para a compreensão da biologia destes interessantes organismos
(Kinchin, 1994). Por outro lado, espera-se que a informação obtida permita contribuir
para, num futuro próximo, melhorar as estratégias de gestão da qualidade ambiental
em meio urbano.
Em particular, pretende alcançar-se os seguintes objetivos:
– Inventariar as espécies de tardígrados presentes na área metropolitana do
Porto e obter informações relevantes para compreender a ecologia dessas espécies.
– Procurar encontrar relações entre os parâmetros estruturais das
comunidades de tardígrados, a qualidade do ar e os teores em metais (cobre, zinco e
chumbo) do substrato.
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Material e métodos
Localização das estações de amostragem
Para a realização deste estudo escolheram-se oito estações de amostragem na
área metropolitana do Porto (Figura 1).
1 – Senhora da Hora
2 – Afonso Henriques
3 – Francisco Sá Carneiro (Campanhã)
4 – D. Manuel II
5 – Pe Joaquim Neves (Baguim)
6 – Meco, Perafita
7 – Mindelo, Vila do Conde
8 – Espinho
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Figura 1 – Localização das estações de amostragem: 1- Sr. da Hora. 2- Afonso Henriques, Águas Santas. 3-
Francisco Sá Carneiro, Campanhã. 4- D.Manuel II, Vermoim. 5- Pe. Joaquim Neves, Baguim. 6– Meco, Perafita. 7-
Mindelo, Vila do Conde. 8- Espinho.
Caracterização das estações de amostragem
A seleção das estações não foi arbitrária. Pretendeu-se que elas traduzissem
diferentes graus de contaminação atmosférica. Para isso teve-se em conta a
intensidade de tráfego automóvel e a proximidade de zonas industriais. Recorreu-se,
ainda, à informação sobre a qualidade do ar disponibilizada diariamente pela Agência
Portuguesa do Ambiente (APA) (http://qualar.apambiente.pt/) no período entre
01/01/2011 e 15/09/2011 (anexo 1). Face ao exposto, as diferentes estações podem
ser assim caracterizadas:
Local 1 - Senhora da Hora: Área urbana, com tráfego intenso, junto ao
Itinerário Complementar n.º 1. Presença de pequenas áreas verdes. Concelho de
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Matosinhos. Coordenadas geográficas: 41°11'10''N por -8°39'47''W. Possui a mais
elevada percentagem de dias classificados como muito maus para SO2, assim como a
terceira mais elevada percentagem do mesmo para NO2 e PM10. Para CO esta
percentagem é moderada. Valores de O3 não disponíveis.
Local 2 - Afonso Henriques: Área urbana, com tráfego intenso, junto ao
Itinerário Principal n.º 1. Concelho de Maia. Coordenadas geográficas: 41°11'55''N por
-8°34'32''W. Sem zonas verdes. Possui a mais elevada percentagem de dias
classificados como muito maus para NO2, a segunda maior percentagem do mesmo
para CO e a terceira maior para SO2. Valores de O3 e PM10 não disponíveis.
Local 3 - Francisco Sá Carneiro: Área urbana, com tráfego intenso, junto ao
Itinerário Principal n.º 1. Presença de áreas verdes: Parque de S.Roque e Jardim Dr.
Francisco Sá Carneiro. Concelho do Porto. Coordenadas geográficas: 41°09'52''N por
-8°35'22''W. Possui as mais elevadas percentagens de dias classificados como muito
maus para PM10 e CO, assim como a segunda maior percentagem do mesmo para
NO2. Percentagens baixas de O3. Valores de SO2 não disponíveis.
Local 4 - D.Manuel II: Área urbana, com tráfego intenso, junto à Circular
Regional Exterior do Porto. Sem áreas verdes. Concelho de Maia. Coordenadas
geográficas: 41°14'08''N por -8°37'07''W. Possui a mais elevada percentagem de dias
classificados como muito maus para O3, a segunda maior percentagem do mesmo
para SO2, e a terceira maior percentagem para CO. Percentagens intermédias de NO2
e PM10.
Local 5 - Pe. Joaquim Neves: Área urbana, com tráfego intenso. Presença de
abundantes áreas verdes. Concelho de Gondomar. Coordenadas geográficas:
41°11'17''N por -8°32'58''W. Possui a segunda mais elevada percentagem de dias
classificados como muito maus para O3, a quarta menor percentagem do mesmo para
NO2 e CO. Valores de PM10 e SO2 não disponíveis.
Local 6 - Meco, Perafita: Área suburbana. Proximidade da Refinaria de
Matosinhos. Abundantes áreas verdes. Concelho de Matosinhos. Coordenadas
geográficas: 41°13'56'’N por -8°42'47''W. Possui a menor percentagem de dias
classificados como muito maus para O3, a segunda mais elevada percentagem do
mesmo para PM10, a segunda menor percentagem de SO2 e as terceiras mais baixas
percentagens para CO e NO2.
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Local 7 - Mindelo: Área suburbana. Abundantes áreas verdes. Presença de
zonas agrícolas. Concelho de Vila do Conde. Coordenadas geográficas: 41°18'31''N
por -8°43'15'’W. Possui a menor percentagem de dias classificados como muito maus
para SO2, a terceira maior percentagem do mesmo para O3 e a segunda menor
percentagem para NO2, PM10 e CO.
Local 8 - Espinho: Área suburbana. Abundantes áreas verdes. Em
proximidade do Itinerário Complementar n.º 1. Concelho de Espinho. Coordenadas
Geográficas: 40°59'58''N por -8°37'24’'W. Possui as menores percentagens de dias
classificados como muito maus para NO2, CO e PM10 e a 3ª menor percentagem do
mesmo para SO2. Valores de O3 não disponíveis.
Através da informação disponibilizada pela APA foi, ainda, realizada a
valorização do grau de poluição local. Foram tidos em consideração as concentrações
de 5 poluentes distintos: ozono (O3), dióxido de azoto (NO2), monóxido de carbono
(CO), dióxido de enxofre (SO2) e partículas finas ou inaláveis (PM10).
Para o efeito, os valores de concentração dos poluentes considerados foram
subdivididos em classes às quais se atribuiu uma determinada pontuação cuja média
forneceu um índice global correspondente a uma classe de qualidade. Como critério
de qualidade recorreu-se ao Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, que
estabelece para cada um destes poluentes um valor limite, definido como: “um nível
fixado com base em conhecimentos científicos com o intuito de evitar, prevenir ou
reduzir os efeitos nocivos na saúde humana e ou no ambiente, a atingir num prazo
determinado e que, quando atingido, não deve ser excedido”. Esse valor limite permite
classificar uma qualidade do ar como sendo “muito má”. Note-se que os valores
divulgados pela APA para o monóxido de carbono foram sempre muito superiores ao
limite considerado no Decreto-Lei n.º 102/2010 que é de 10µg/m3. Por isso, e para ser
possível diferenciar as estações de amostragem, todas de péssima qualidade quanto a
este parâmetro, foi arbitrariamente criado um novo valor limite de 1000µg/m3. Com
base nestes valores limite foram consideradas três outras classes de qualidade do ar:
Má, Razoável e Boa (Tabela 1 e 2).
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21
O3 NO2 CO SO2 PM10 Pontuação
Muito má >120 >200 >1000 >125 >50 1
Má 120-100 200-100 1000-500 125-30 50-30 2
Razoável 100-50 100-50 500-150 30-005 30-15 3
Boa <50 <50 <150 <5 <15 4
Tabela 1 – Correspondência de classe de qualidade de ar com concentração de poluente expressa em g/m3
Como as concentrações dos parâmetros considerados variam
consideravelmente ao longo do tempo, calculou-se o número de dias em que os
valores dessas concentrações correspondiam a determinada classe (Tabela 1).
Entende-se que o resultado obtido pela multiplicação da pontuação referente a cada
classe de qualidade pela frequência de ocorrência de dias em que os valores se
encontravam dentro de cada classe (exemplo para O3 em D. Manuel II: Pontuação O3=
(0,064 x 1) + (0,098 x 2) + (0,695 x 3) + (0,144 x 4) = 2,92, representativo de qualidade
razoável) fornece um valor bem mais consistente.
Assim, embora de forma grosseira, verificou-se que todas as estações
apresentam uma qualidade do ar que, globalmente, se pode considerar “razoável”.
Contudo, as estações 6, 7 e 8 salientaram-se pela melhor qualidade global do ar, cada
uma delas com dois parâmetros de boa qualidade (pontuação> 3,50). Com pior
qualidade do ar destacaram-se as estações 1, 2 e 3 (pontuação global 2,90). As
estações 4 e 5 encontravam-se numa posição intermédia (tabela 2).
Locais de amostragem
1 2 3 4 5 6 7 8
O3 ND ND 3,12 2,92 2,92 3,25 2,88 ND
NO2 3,05 2,48 2,63 3,41 3,40 3,57 3,74 3,73
CO 2,60 2,38 2,16 2,56 2,93 2,84 3,11 2,58
SO2 3,03 3,47 ND 3,09 ND 3,70 3,90 3,54
PM10 2,52 ND 2,43 2,97 ND 2,65 2,94 3,07
Qualidade do ar
2,80 2,78 2,59 2,99 3,08 3,20 3,31 3,23
Tabela 2 – Correspondência de classe de qualidade de ar com concentração de poluente expressa em g/m3. ND –
Dados não disponíveis.
Técnicas de amostragem
A amostragem foi realizada no período compreendido entre 1 de Outubro e 30
Novembro de 2012. Para cada uma das estações de amostragem precedeu-se à
recolha de subamostras de musgos e líquenes presentes em árvores, muros e
formações rochosas para o estudo das comunidades de tardígrados e para
determinação da concentração em metais (zinco, cobre e chumbo). As amostras de
musgos e líquenes recolhidas foram secas até peso constante a temperatura
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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22
ambiente, e guardadas em envelopes de papel até ao momento das análises químicas
e biológicas.
Determinação das concentrações em metais nas
amostras de musgos e líquenes
Preparação das amostras
Em cada estação de amostragem selecionaram-se 1,5g de líquenes e 1,5g de
musgos que foram cuidadosamente limpos e divididos em 3 réplicas de 0,5g para
eliminar eventuais erros experimentais.
Digestão
A cada amostra foi adicionado 1ml de HNO3 concentrado e 6ml de H2O2.
Seguidamente as amostras foram colocadas no micro-ondas onde foi realizada a
digestão do material biológico. No micro-ondas as amostras foram expostas a 5 min
sobre potência de 250W, seguido por 5 min a 400W e 5 min a 500W, num total de 15
minutos de exposição. Posteriormente, foram sujeitas a um período de arrefecimento
de 10 minutos, removidas do micro-ondas e colocadas numa hote por um período não
inferior a 30 minutos. Após a realização da digestão, e posterior arrefecimento, o
material foi diluído através da adição de água destilada até perfazer um volume de
15ml.
Doseamento de metais
Para o doseamento dos metais recorreu-se à espectrofotometria de absorção
atómica com atomização de chama (AAS-F). Para cada metal a analisar, zinco (Zn),
cobre (Cu) e chumbo (Pb) foi previamente elaborada uma reta de calibração através
da determinação da absorvância de soluções padrão de diferentes concentrações:
0mg/L, 0,1 mg/L, 0,25mg/L, 0,5mg/L, 1mg/L e 3mg/L.
Para a determinação da concentração de metais nas amostras (em µg/g),
realizada através da respetiva absorvância, utilizou-se a seguinte fórmula:
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23
Onde:
A – absorvância
D – Declive da reta de calibração
I – Interceção da reta de calibração
F – Fator de diluição.
M – Massa de amostra de substrato
Existindo 3 réplicas, a concentração de metais foi determinada através do
cálculo da média dos resultados obtidos para cada réplica.
Métodos de estudo dos tardígrados
Extração e triagem
A extração e triagem dos tardígrados presentes nos musgos e líquenes foi,
com algumas modificações, efetuada de acordo com a técnica descrita por Degma
(2010). Para extrair os tardígrados as amostras de musgos e líquenes foram
reidratadas. Para o efeito, foram colocadas em gobelets e imersas em água por um
período de 24 horas. Deste modo, os tardígrados em anidrobiose regressam a um
estado ativo. Findo este período de tempo, os musgos e líquenes foram lavados e
espremidos como se de uma esponja se tratasse. A água residual proveniente da
lavagem foi colocada em pequenas placas de Petri e observada ao estereoscópio
(Wild, com ampliação de 50x). Os tardígrados e ovos foram então recolhidos com o
auxílio de uma micropipeta, contados e, de seguida, processados para identificação.
Identificação
Imediatamente após a triagem, os tardígrados foram transferidos com auxílio
de micropipeta para lâminas de microscopia, dando-se início ao processo de
montagem. Para que os animais ficassem plenamente distendidos foi necessário
provocar um estado de asfixia que se conseguiu através do aquecimento da gota de
água em que se encontravam passando a lâmina por uma chama. Depois, o excesso
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de água foi removido com a ajuda de papel absorvente. Colocou-se então uma gota de
meio de montagem, tendo-se utilizado um meio aquoso - líquido de Hoyer. Para evitar
a formação de cristais e proporcionar algum contraste à preparação, adicionou-se uma
gota de iodeto de potássio.
Depois de cobertas com lamela e devidamente etiquetadas, as preparações
foram colocadas em estufa, a cerca de 45º C, durante aproximadamente uma semana
para secagem. Após esta etapa foram seladas com verniz de unhas vulgar.
As preparações foram observadas com objetiva de imersão em óleo (x100)
num microscópio de contraste de fase Axioscope Zeiss equipado com câmara digital e
software Axiovision 4.7 Imaging System com módulo de medição. Sempre que
possível, os indivíduos foram identificados até à espécie, com base na morfologia e
morfometria, com auxílio à monografia de Ramazzotti e Maucci (1983) e à descrição
original das várias espécies. Em muitos casos de Eutardigrados a ausência de ovos
impediu que a identificação prosseguisse até ao nível espécie.
Parâmetros estruturais da comunidade
A informação relativa à estrutura das comunidades de tardígrados foi
sintetizada através de parâmetros estruturais da comunidade. Calculou-se o índice de
diversidade de Shannon e Weaver (1949). Este índice, independente do tamanho da
amostra, traduz a estabilidade da comunidade e é obtido através da seguinte equação:
Onde:
n1 – Número de indivíduos de cada espécie
N - Número total de indivíduos
A diversidade é máxima quando todos os grupos são equiparáveis o que pode
ser avaliado através da regularidade que é determinada pela seguinte fórmula:
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25
Onde:
H’ - Valor do índice de diversidade Shannon-Weaver
s - Número de espécies na comunidade
Além dos índices mencionados, também se recorreu à redução da informação
obtida de uma forma simplista, através da comparação do número de espécies e de
indivíduos.
Tratamento estatístico
Correlação não paramétrica
Para correlacionar alguns conjuntos de variáveis, utilizou-se um índice de
correlação não paramétrico, o índice de Correlação de Spearman, descrito, entre
outros por Corder e Foreman (2009). Esta correlação varia entre -1 e +1, conforme há,
respetivamente, uma discordância ou uma concordância absoluta entre a magnitude
(categoria) das variáveis dos dois conjuntos.
Onde:
d – Diferença aritmética entre as categorias das duas variáveis
n – Número de unidades de amostragem
Análise multivariável
Alguns métodos utilizados para exprimir a informação biológica de que os
índices de diversidade e regularidade atrás referidos são exemplo, são demasiado
sintéticos, obrigando ao recurso a métodos estatísticos que permitam uma melhor
conservação da informação como é o caso da análise multivariável. Com efeito, os
dados ecológicos são multidimensionais (na maior parte dos casos as amostras são
caracterizadas por várias variáveis, como número de organismos de cada espécie),
resultando em matrizes ininterpretáveis no seu estado bruto. As técnicas de análise
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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26
multivariável permitem detetar relações complexas entre variáveis e estrutura-las de
forma operacional. Neste trabalho, a informação contida nos dados biológicos foi
extraída através duma técnica de ordenação. A ordenação é a colocação de um
conjunto de objetos (estações de amostragem, por exemplo) num dado espaço
devidamente dimensionado (Sneath e Sokal, 1973). A técnica utilizada neste trabalho
foi a “Análise em Componentes Principais” (PCA). Para realizar esta análise recorreu-
se ao programa Statistica, versão 12 (Stat-Soft. Inc 1984-2013). Pela Análise em
Componentes Principais foi calculada uma matriz de correlações entre variáveis a
partir da matriz original de dados (objetos = estações de amostragem x variáveis =
número de indivíduos de cada espécie), previamente transformada através da
equação x’ = log (x + 1) para reduzir a variância. A partir da matriz de correlações
foram extraídos os valores e vetores próprios associados às variáveis. Os vetores
próprios, tantos como as variáveis, são ortogonais e descrevem, com economia, as
relações entre os objetos. Os valores próprios traduzem a percentagem de
variabilidade total expressa para cada uma das componentes principais. Pela
multiplicação da matriz original pela matriz de vetores próprios obteve-se uma nova
matriz que permitiu a projeção dos objetos num sistema de eixos ortogonais (as
componentes principais). A direção do primeiro eixo (PC1 - componente 1)
corresponde à direção segundo a qual se verifica uma maior dispersão dos objetos; a
direção do segundo eixo (PC2 – componente 2) é perpendicular à do primeiro e
corresponde à segunda maior dispersão. Também se fez a representação gráfica das
variáveis sobre as componentes principais cujas coordenadas foram os vetores
próprios.
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Resultados e discussão
Concentrações de metais em musgos e líquenes
As concentrações de zinco (anexo 2; figura 2) podem ser consideradas
elevadas para quase todas as estações de amostragem. Apenas nas estações 7
(Mindelo) e 8 (Espinho) os valores se situaram próximo dos 50 µg/g. Nas estações 5
(Pe. Joaquim Neves) e 6 (Meco, Perafita) as concentrações já ultrapassaram o limiar
de 55 µg/g, indicado por Varga et al. (2002) como “valor limite relativo” que, se
ultrapassado, se traduz num impacto significativo sobre as comunidades de
tardígrados.
Figura 2 – Concentrações de Zinco por local de amostragem e por substrato
As estações 1 (Senhora da Hora) e 3 (Francisco Sá Carneiro, Campanhã)
ultrapassaram claramente aquele limiar com valores próximos dos 75 µg/g. Muito
preocupante é a situação das estações 2 (Afonso Henriques) e 4 (D. Manuel II) com
valores próximos dos 200 µg/g em musgos e líquenes respetivamente. Com exceção
destas últimas estações em que as concentrações de zinco foram muito diferentes
conforme o tipo de substrato, nas restantes os valores obtidos para musgos e líquenes
foram muito semelhantes.
0
50
100
150
200
250
1 2 3 4 5 6 7 8
Co
nce
ntr
ação
de
Zn
(u
g/g)
Locais de amostragem
Líquenes
Musgos
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No que diz respeito às concentrações de cobre (anexo 2; figura 3), e tendo
como referência o “valor limite relativo” de 20 µg/g capaz de causar perturbações nas
comunidades animais (Varga et al, 2002), verificou-se que nas estações 4, 6, 7 e 8 as
concentrações se situaram abaixo do limiar de referência, com especial ênfase para as
estações 6 e 8.
Figura 3 – Concentrações de Cobre por local de amostragem e por substrato
Nas estações 1 e 3 o limiar de referência foi ligeiramente ultrapassado, mas
nas estações 2 (Afonso Henriques) e 5 (Pe. Joaquim Neves) obtiveram-se valores
consideravelmente elevados, superiores a 50 µg/g respetivamente em musgos e
líquenes. Com exceção destas duas estações, também para este metal se verificou
uma certa homogeneidade entre as concentrações obtidas em musgos e líquenes.
As concentrações de chumbo (anexo 2; figura 4) apenas ultrapassaram o “valor
limite relativo” de 25 µg/g nocivo para as comunidades de tardígrados (Varga et al,
2002) nos musgos das estações 1 (Senhora da Hora), 2 (Afonso Henriques), com
valores próximos dos 60 µg/g, e 3 (Francisco Sá Carneiro, Campanhã). Nas restantes
estações as concentrações obtidas nos musgos e nos líquenes foram semelhantes.
Nas estações 4, 7 e 8 as concentrações de chumbo situaram-se bem abaixo do limiar
de 20 µg/g que foi atingido nas estações 5 e 6.
0
10
20
30
40
50
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70
80
1 2 3 4 5 6 7 8
Co
nce
ntr
ação
de
Cu
(u
g/g)
Locais de amostragem
Líquenes
Musgos
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Figura 4 – Concentrações de Chumbo por local de amostragem e por substrato
Uma análise global mostra que a estação 2 (Afonso Henriques) se destacou
como sendo a mais poluída já que as concentrações dos três metais estudados foram
consistentemente elevadas. Contudo, as estações 1 (Senhora da Hora) e 3 (Francisco
Sá Carneiro, Campanhã) apresentaram valores muito elevados de chumbo e ainda
elevados para o zinco e o cobre. Na estação 5 (Pe. Joaquim Neves) a concentração
de cobre foi muito elevada, enquanto na 4 (D. Manuel II) se obteve um valor elevado
para zinco. As estações 6 (Meco, Perafita), apenas com valores próximos do limiar
para o chumbo e cobre, e sobretudo 7 (Mindelo) e 8 (Espinho) foram aquelas em que
a qualidade do ar, relativamente aos três metais estudados, foi de melhor qualidade.
É interessante verificar que os resultados obtidos para os metais estudados
(zinco, cobre e chumbo) estão em perfeita consonância com o índice de poluição
atmosférica calculado com base na informação fornecida pela Agência Portuguesa do
Ambiente. Assim, as estações 1, 2 e 3 foram as que evidenciaram uma pior qualidade
do ar, com especial destaque para a estação 2, as estações 6, 7 e 8 foram as menos
poluídas, enquanto as estações 4 e 5 apresentaram níveis intermédios de poluição.
As comunidades de tardígrados
No decurso deste trabalho foi contabilizado um total de 3908 tardígrados
pertencentes a 23 espécies e 9 géneros diferentes (anexo 3). Cerca de 90% das
amostras estudadas continham tardígrados. Contudo, na realidade, o número de
espécies poderá não ultrapassar as 21 porque, de acordo com Ramazzotti e Maucci
0
10
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30
40
50
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1 2 3 4 5 6 7 8
Co
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ação
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g/g)
Locais de amostragem
Líquenes
Musgos
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(1983) é provável que Echiniscus canadensis Murray, 1910, Echiniscus mediantus
Marcus, 1930 e Echiniscus trisetosus Cuénot, 1932 sejam diferentes morfotipos da
mesma espécie. A presença do género Tenuibiotus Pilato & Lisi, 2011, merece uma
referência especial, pois trata-se da primeira citação para Portugal. Infelizmente não
foram encontrados ovos, o que impossibilitou a identificação até ao nível espécie. A
inclusão de alguns indivíduos no género Tenuibiotus baseou-se na morfologia das
garras, devendo a sua presença em Portugal ser confirmada no futuro.
As espécies mais abundantes foram Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère,
1840), à qual pertenciam mais de metade (53,5%) dos indivíduos encontrados, e
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859), que representou cerca de 22%. Estas duas
espécies foram também as que apresentaram uma distribuição mais ampla, tendo sido
encontradas em todas as estações de amostragem (tabela 3). As espécies Milnesium
tardigradum Doyère, 1840, Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834, Minibiotus
intermedius (Plate, 1889) e Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais,
2009 encontraram-se também bem representadas nas diferentes estações de
amostragem. Pelo contrário, os Heterotardígrados, representados pelas seis espécies
do género Echiniscus, foram observados sempre em números muito reduzidos e de
forma muito localizada, apenas em uma ou duas estações. Este elenco de espécies
corresponde à comunidade típica de tardígrados presente em musgos e líquenes da
região norte de Portugal (Fontoura et al. 2009).Inclui também algumas espécies
consideradas cosmopolitas como Ramazzottius oberhaeuseri, Hypsibius dujardini
(Doyère, 1840), Macrobiotus hufelandi, Milnesium tardigradum e Macrobiotus
persimilis Binda & Pilato, 1972 (Meyer et al, 2013; Peluffo et al, 2006; Peluffo et al,
2007; Johansson et al, 2011). Contudo, deve referir-se que estas espécies são
consideradas em sentido lato, pois o resultado de estudos recentes aponta para que,
cada uma delas, seja, na verdade, um complexo de várias espécies crípticas.
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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31
Locais de amostragem
Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8
Echiniscus canadensis Murray, 1910
0,52
Echiniscus mediantus Marcus, 1930
0,26
Echiniscus quadrispinosus (Richters, 1902)
0,09
Echiniscus scabrospinosus Fontoura, 1982
0,08
Echiniscus testudo (Doyère, 1840)
0,09 0,21
Echiniscus trisetosus Cuénot, 1932
0,26
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 1,19
0,91 0,73 1,11 1,50 2,92
Diphascon pingue (Marcus, 1936)
0,15
1,00
Hypsibius convergens (Urbanowicz, 1925)
0,34 0,12
Hypsibius dujardini (Doyère, 1840)
2,92
0,09
0,50
Astatumen trinacriae (Arcidiacono, 1962)
0,14
0,17
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840)
35,58 50,65 19,54 46,04 0,37 0,42 0,70 14,02
Macrobiotus echinogenitus Richters, 1904
0,08
0,42
Macrobiotus harmsworthi Murray, 1907 0,20
0,97 1,60 1,50
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834
0,13 1,89
0,23 2,65 0,76 0,10 2,67
Macrobiotus lusitanicus Maucci & D. Pasa, 1984
1,19
1,00
Macrobiotus persimilis Binda & Pilato, 1972
0,55
11,53
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 2,90 7,91 17,68 3,10 4,93 24,22 2,00 10,18
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 0,86
0,35 0,23 0,73 9,97 0,10 2,75
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
0,92 2,92
0,23 1,46 0,07 1,30 0,75
Paramacrobiotus areolatus (Murray, 1907)
5,68
1,28
Paramacrobiotus richtersi (Murray, 1911)
0,17
0,55
Tenuibiotus sp. Pilato & Lisi, 2011 4,02
Tabela 3 – Densidade das espécies de Tardígrados presentes em cada local, expressas em número de indivíduos por
grama.
Apesar de escassos, os trabalhos realizados em áreas urbanas têm
identificado um número de espécies de tardígrados compreendido entre 4 e 10 (Meyer
et al, 2013; Peluffo et al, 2006; Peluffo et al, 2007; Johansson et al, 2011). De modo
semelhante, neste trabalho, realizado na área metropolitana do Porto, obteve-se, para
cada local, um número de espécies semelhante (entre 4 e 12), contudo, não pode
esquecer-se que se amostraram áreas periféricas com características mistas
(urbano/suburbano), não permitindo uma comparação apropriada.
A estrutura da comunidade de tardígrados e relação com a qualidade do
ar.
Face à abundância e distribuição das diferentes espécies de tardígrados pelas
estações de amostragem, não é fácil definir espécies mais ou menos sensíveis à
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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32
poluição atmosférica. Os resultados parecem apontar para uma maior tolerância das
espécies de heterotardígrados do género Echiniscus (com exceção de E.
scabrospinosus Fontoura, 1982), e dos eutardígrados Hypsibius convergens
(Urbanowicz, 1925), Macrobiotus lusitanicus Maucci & D. Pasa, 1984,
Paramacrobiotus areolatus (Murray, 1907), P. richtersi (Murray, 1911) e Tenuibiotus
sp. Na verdade, estas espécies apenas se encontraram nas estações de pior
qualidade. Pelo contrário, Echiniscus scabrospinosus, Astatumen trinacriae
(Arcidiacono, 1962) e Macrobiotus persimilis restringiram a sua presença às estações
de melhor qualidade. No entanto, a grande maioria destas espécies ocorreu em
densidades extremamente reduzidas, sendo mais provável que essa distribuição seja
devida ao acaso ou a fatores não relacionados com a qualidade do ar.
Tendo em conta as espécies que ocorreram em densidade mais elevada (> 1
indivíduo/g) e distribuição alargada, os resultados parecem permitir, agora com um
maior grau de confiança, a definição de dois grupos de espécies com diferentes graus
de tolerância à poluição atmosférica. Assim, as espécies Milnesium tardigradum,
Macrobiotus harmsworthi Murray, 1907, Macrobiotus persimilis e Minibiotus
intermedius, constituirão um grupo de espécies mais sensíveis, enquanto Hypsibius
dujardini, Ramazzottius oberhaeuseri, Macrobiotus lusitanicus, Paramacrobiotus
areolatus e Tenuibiotus sp. serão mais tolerantes.
É interessante referir que, apesar de realizados em condições e localizações
geográficas muito diferentes, os poucos estudos conhecidos em que se procurou
associar a qualidade do ar aos tardígrados apresentam alguns resultados
coincidentes. Meininger et al. (1985) e Meininger e Spatt (1988), respetivamente em
estudos realizados no Ohio, E.U.A. (Cincinnati) sobre a influência na briofauna do
enxofre presente na atmosfera, e na tundra do Alasca (E.U.A.) para análise da
poluição causada pelo tráfico rodoviário, também verificaram que Milnesium
tardigradum, Macrobiotus harmsworthi e Minibiotus intermedius eram espécies mais
sensíveis e Hypsibius dujardini mais tolerante. Hohl et al. (2001) estudaram o impacto
de uma fábrica de produção de energia elétrica por queima de carvão, localizada no
Missouri (E.U.A.), e concluíram que Milnesium tardigradum e as espécies dos géneros
Macrobiotus e Minibiotus seriam mais sensíveis do que as espécies do género
Echiniscus e Ramazzottius oberhaeuseri.
No que diz respeito aos parâmetros estruturais da comunidade (tabela 4)
verificou-se que apenas a estação 3 (Francisco Sá Carneiro) apresentou um número
de espécies muito reduzido (n=4). Nas restantes encontraram-se sempre 8 a 12
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
33
33
espécies. A densidade de tardígrados apresentou diferenças consideráveis de estação
para estação, tendo variado entre 14,4 na estação 5 (Pe Joaquim Neves, Baguim) e
73,6 ind/g, na estação 2 (Afonso Henriques).
No que diz respeito ao índice de diversidade (H’), variou entre um mínimo de
0,433 na estação 4 (D. Manuel II) e 2,018 na 5 (Pe Joaquim Neves, Baguim). Também
foi nessas estações que se observaram os valores extremos da regularidade (E).
Assim, verificou-se que a densidade dos indivíduos de cada espécie apresentou uma
maior equidade em Baguim, logo seguida pelas estações 7 e 8, respetivamente Vila do
Conde e Espinho. Note-se que, também nestas estações a diversidade foi mais
elevada.
Estação de
amostragem
Nº de
espécies
S
Densidade
(ind/g)
Regularidade
E
Índice de
diversidade
Shannon-
Weaver
H’
1 9 47,314 0,436 1,003
2 12 73,61 0,469 1,166
3 4 37,679 0,546 0,757
4 8 50,963 0,208 0,433
5 12 14,435 0,812 2,018
6 10 38,269 0,465 1,072
7 8 18,846 0,632 1,313
8 11 36,552 0,717 1,718
Tabela 4 – Parâmetros estruturais da comunidade de tardígrados nas diferentes estações de amostragem.
Os valores dos parâmetros estruturais da comunidade obtidos para a área
estudada são mais elevados do que aquilo que seria de esperar. Com efeito, os únicos
dados recentes que é possível utilizar como comparação, por terem sido obtidos na
mesma área geográfica e nos mesmos tipos de substrato, devem-se a Gonçalves
(2013) e foram da mesma magnitude. Aquela autora, obteve em meio suburbano/rural,
em Viana do Castelo, valores de diversidade (H’) compreendidos entre 0,837 e 1,488,
para um número de espécies de 4 a 11. Em meio rural, em Amarante, Gonçalves
(2013) encontrou 9 a 10 espécies para uma diversidade de 0,995 a 1,098. Num
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34
34
ecossistema natural de montanha (Gerês) a riqueza específica manteve-se entre 10 e
11, mas a diversidade (H’) foi superior, 1,592 a 1,892.
Em Portugal não se conhecem valores para zonas urbanas. Em trabalhos
realizados noutras latitudes obtiveram-se valores de parâmetros estruturais de
comunidades de tardígrados muito diversificados. Por exemplo, na cidade de Lake
Charles (Louisiana, E.U.A.), Meyer et al. (2013) calculou uma diversidade de 1,3, mas
na cidade de General Pico (La Pampa, Argentina) a diversidade não ultrapassou o
valor de 0,457 (Peluffo et al. 2006).
Face ao exposto, as diferenças obtidas nos valores dos parâmetros estudados
são de difícil interpretação. Elas parecem ser indicativas de alguma influência da
poluição. Repare-se que, efetivamente, nas estações 6, 7 e 8, os valores de
diversidade foram superiores aos obtidos em estações mais poluídas, como as
estações 3 e 4.
A tendência para a possibilidade dos parâmetros estruturais traduzirem a
qualidade do ar parece também poder ser observada, embora dificilmente, pelo cálculo
do índice de correlação de Spearman entre a qualidade do ar e os parâmetros
estruturais da comunidade (tabela 5). Apenas para o caso do zinco se encontraram
valores de correlação significativos entre os parâmetros estruturais (excetuo para o
número de espécies) e a concentração daquele metal.
IQ Zn Cu Pb
S 0,113 -0,089 -0,107 0,256
Ind/g -0,571 0,833* 0,286 0,476
E 0,381 -0,667* -0,048 -0,167
H’ 0,571 -0,690* -0,024 -0,214
Tabela 5 – Valores do índice de correlação de Spearman (rs) entre os parâmetros estruturais da comunidade:
IQ - índice de qualidade do ar calculado com base na informação disponibilizada pela APA (ver tabela 2) concentração
de zinco (Zn), concentração de cobre (Cu), concentração de chumbo (Pb). Correlações significativas (p> 0,05) são
assinaladas com asterisco (*).
Contudo, os fracos valores de correlação obtidos e o facto de algumas
estações apresentarem características diferentes sugerem a existência de outros
fatores a condicionar a estrutura das comunidades de tardígrados. Note-se, por
exemplo, que as estações com diversidade mais elevada (6, 7 e 8) são precisamente
as que se localizam em áreas suburbanas. De notar que na estação urbana em que se
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35
35
obteve uma maior diversidade e uma maior regularidade (estação 5), há grande
abundância de zonas verdes.
Os resultados da análise em componentes principais (PCA), apesar de
exprimirem apenas 54% da variabilidade total, permitiram compreender melhor as
relações entre os teores de metais pesados, a estrutura das comunidades e as
diferentes estações de amostragem.
A influência do tipo de substrato é claramente visível pela separação das
amostras obtidas nos líquenes e nos musgos (figura 5B). De um modo geral, as
amostras provenientes de líquenes apresentam, comparativamente aos musgos,
valores positivos da componente 1 e, com exceção da estação 6, valores negativos da
componente 2. Os líquenes parecem ser caracterizados pela presença e maior
abundância das seguintes espécies: Milnesium tardigradum; Macrobiotus hufelandi;
Minibiotus furcatus; Minibiotus orthofasciatus, Ramazzottius oberhaeuseri, e
Echiniscus quadrispinosus (Figura 5A).
A influência da qualidade do ar é evidenciada pela distribuição das estações ao
longo da componente 1, aquela que traduz a maior variabilidade (24%). Com valores
elevados desta componente foram representadas as estações em que a qualidade do
ar parecia ser melhor (6, 7 e 8), enquanto a estação 2 apresentou valores muito
negativos desta componente (Figura 5B). Esta estação caracterizada pela presença de
Echiniscus canadensis, E. mediantus, E. trisetosus, Paramacrobiotus areolatus e altas
concentrações de chumbo, cobre e zinco (Figura 5A). Assim, a análise em
componentes principais parece confirmar a suposição de que, pelo menos, as
espécies Astatumen trinacriae, Minibiotus intermedius e Milnesium tardigradum
apresentaram maior sensibilidade, caracterizando as estações de melhor qualidade.
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36
Figura 5 A. Representação das variáveis, espécies e concentração de metais no plano das duas primeiras
componentes principais (fator 1 e 2): Zn - Zinco. Cu - Cobre. Pb - Chumbo. E. can/med/tri - Echiniscus canadensis/
mediantus/ trisetosus. E.qua - Echiniscus quadrispinosus. E.sac - Echiniscus scabrospinosus. E.tes - Echiniscus
testudo. Mil - Milnesium tardigradum. D.pin - Diphascon pingue. H.con - Hypsibius convergens. H.duj - Hypsibius
dujardini. A.tri - Astatumen trinacriae. Ram - Ramazzottius oberhaeuseri. M.ech - Macrobiotus echinogenitus. M.har -
Macrobiotus harmsworthi. M.huf - Macrobiotus hufelandi. M.lus - Macrobiotus lusitanicus. M.per - Macrobiotus
persimilis. M.fur - Minibiotus furcatus. M.int - Minibiotus intermedius. M.ort - Minibiotus orthofasciatus. P.are -
Paramacrobiotus areolatus. P.ric - Paramacrobiotus richtersi. Ten - Tenuibiotus sp.
Figura 5 B. Ordenação das estações de amostragem no plano das duas primeiras componentes principais (fator 1 e 2).
As estações estão identificadas pelo número e pelas letras L – líquenes e M – musgos.
E. can/med/tri
E.qua
E.sac
E.tes
Mil
D.pin
H.con
H.duj
A.tri
Ram
M.ech
M.har
M.huf
M.lus
M.per
M.fur
M.int
M.ort
P.are
P.ric Ten
Zn
Cu
Pb
Fato
r 2
: 1
7.4
1%
Fator 1: 24.08%
1M
1L
2M
2L
3M 3L
4M
4L
5M
5L
6M
6L
7M
7L
8M
8L
Fato
r 2
: 1
7,4
1%
Fator 1: 24,08%
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A variabilidade expressa pela terceira componente (Figura 6A e 6B), apenas cerca de
13%, não traz grande informação adicional, permitindo, no entanto, reforçar as
conclusões obtidas em relação à influência da qualidade do ar. Também é observável,
em menor grau, separação de amostras por substrato com as amostras de musgos
contendo predominantemente valores menores desta componente em relação às
amostras de líquenes (figura 6A), sendo caracterizados pela presença das espécies
Hypsibius convergens, Diphascon pingue, Echiniscus scabrospinosus, Macrobiotus
harmsworthi e Hypsibius dujardini (figura 6B).
Figura 6 A. Representação das variáveis, espécies e concentração de metais no plano de duas componentes principais
(fator 1 e 3): Zn - Zinco. Cu - Cobre. Pb - Chumbo. E. can/med/tri - Echiniscus canadensis/ mediantus/ trisetosus. E.qua
- Echiniscus quadrispinosus. E.sac - Echiniscus scabrospinosus. E.tes - Echiniscus testudo. Mil - Milnesium
tardigradum. D.pin - Diphascon pingue. H.con - Hypsibius convergens. H.duj - Hypsibius dujardini. A.tri - Astatumen
trinacriae. Ram - Ramazzottius oberhaeuseri. M.ech - Macrobiotus echinogenitus. M.har - Macrobiotus harmsworthi.
M.huf - Macrobiotus hufelandi. M.lus - Macrobiotus lusitanicus. M.per - Macrobiotus persimilis. M.fur - Minibiotus
furcatus. M.int - Minibiotus intermedius. M.ort - Minibiotus orthofasciatus. P.are - Paramacrobiotus areolatus. P.ric -
Paramacrobiotus richtersi. Ten - Tenuibiotus sp.
E.can/med/tri
E.qua
E.sac
E.tes
Mil
D.pin H.con
H.duj
A.tri
Ram
M.ech
M.har
M.huf
M.lus
M.per
M.fur M.int
M.ort
P.are
P.ric
Ten
Zn
Cu
Pb
Fato
r 3
: 1
2,6
3%
Fator 1: 24,08%
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Figura 6 B. Ordenação das estações de amostragem no plano de duas componentes principais (fator 1 e 3). As
estações estão identificadas pelo número e pelas letras L – líquenes e M – musgos.
A falta de correlação esperada pode dever-se ao facto de que as densidades
populacionais, assim como a diversidade de espécies diferentes de tardígrados serem
altamente variáveis de local para local, mesmo entre microhabitats semelhantes,
variando de acordo com diversas condições ambientais como temperatura, altitude,
substrato e humidade (Guil et al, 2009). Uma vez que a biologia e ecologia dos
tardígrados ainda é muito mal conhecida, diversos fatores desconhecidos podem
influenciar as distribuições dos mesmos. Foram efetuadas diversas amostragens por
local (média de 7, entre 6 e 8), mas este número pode ter sido insuficiente.
Também não foi avaliada neste estudo a presença e impacto de predadores
naturais, parasitas e competidores que podem afetar as populações observadas.
É de notar também que os dados fornecidos pela Agencia Portuguesa do
Ambiente são incompletos, por exemplo, no local 5 não são indicadas a presença de
SO2 e PM10, sugerindo a possibilidade de o nível de poluição neste local estar a ser
sobrevalorizado.
1M
1L
2M
2L
3M
3L 4M
4L 5M 5L
6M
6L
7M
7L
8M
8L
Fato
r 3
: 1
2,6
3%
Fator 1: 24,08%
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Conclusão
A informação obtida neste trabalho foi relativamente reduzida, quer do ponto de
vista das análises químicas quer das biológicas. Com efeito, essa informação foi
fortemente condicionada pelo limitado número de locais de estudo e pelo facto de as
amostragens não refletirem eventuais efeitos sazonais. Apesar disso, os resultados
obtidos sugerem algumas conclusões sobre a resposta das comunidades de
tardígrados face à poluição atmosférica:
- A poluição atmosférica na área metropolitana do Porto parece ser considerável. As
concentrações dos metais pesados estudados foram relativamente elevadas e
capazes de causar perturbações nas comunidades animais em toda a área
metropolitana do Porto. Contudo, nas zonas suburbanas de Matosinhos (Perafita) e,
sobretudo, Mindelo e Espinho a situação era menos gravosa.
- As comunidades de tardígrados estudadas eram relativamente ricas, tendo sido
inventariadas 23 espécies pertencentes a 9 géneros. Aumentou-se consideravelmente
o conhecimento sobre a distribuição geográfica dos tardígrados da fauna de Portugal.
Com efeito, a presença das espécies Echiniscus canadensis, E. mediantus, E.
trisetosus, Hypsibius dujardini, Macrobiotus echinogenitus, Macrobiotus persimilis e
Paramacrobiotus areolatus foi, pela primeira vez, registada para o distrito do Porto. O
género Tenuibiotus é, neste trabalho, citado pela primeira vez para Portugal.
- As espécies Milnesium tardigradum, Macrobiotus harmsworthi, Macrobiotus persimilis
e Minibiotus intermedius, parecem poder ser englobadas num grupo de espécies mais
sensíveis à poluição atmosférica, enquanto Hypsibius dujardini, Ramazzottius
oberhaeuseri, Macrobiotus lusitanicus, Paramacrobiotus areolatus e Tenuibiotus sp.
serão espécies mais tolerantes. De um modo geral, as espécies do género Echiniscus
e Astatumen trinacriae foram também encontradas em locais com menor concentração
de metais pesados, contudo, a baixa densidade em que ocorreram não permitiu
classificá-las claramente como espécies sensíveis.
- As diferenças obtidas entre estações de amostragem relativamente aos
parâmetros estruturais das comunidades de tardígrados foram de difícil interpretação.
Na verdade, não se obteve uma correlação clara entre o grau de poluição e os
parâmetros estruturais da comunidade o que sugere que outros fatores ecológicos
possam ter influenciado a variação daqueles parâmetros. Mesmo assim, os resultados
parecem ter sido indicativos de alguma influência da poluição. Efetivamente, nas
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
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estações suburbanas de melhor qualidade do ar os valores de diversidade foram
superiores aos obtidos em estações mais poluídas.
- A influência do tipo de substrato na distribuição dos tardígrados foi claramente
visível: As comunidades presentes em líquenes caracterizaram-se pela presença e
maior abundância das seguintes espécies: Milnesium tardigradum; Macrobiotus
hufelandi; Minibiotus furcatus; Minibiotus orthofasciatus, Ramazzottius oberhaeuseri, e
Echiniscus quadrispinosus.
Apesar da biologia e ecologia dos tardígrados ser ainda muito mal conhecida,
desconhecendo-se a influência de muitos fatores responsáveis pela sua distribuição,
os promissores resultados obtidos permitem ainda concluir que, no futuro próximo,
com a desejável continuidade de trabalhos semelhantes a este que agora termina, a
utilização das comunidades tardígrados como descritores da qualidade do ar,
nomeadamente em meios urbanos, será um facto.
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
41
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45
Anexos
Anexo 1
Caracterização dos locais de amostragem por poluente atmosférico, através da
informação disponível pela APA:
O3
Locais de amostragem
1 2 3 4 5 6 7 8
Muito má N.D N.D 1,61% 6,36% 5,31% 0,42% 3,95% N.D
Má N.D N.D 7,63% 9,75% 10,61% 1,26% 9,88% N.D
Razoável N.D N.D 68,27% 69,49% 71,02% 72,80% 79,84% N.D
Boa N.D N.D 22,49% 14,41% 13,06% 25,52% 6,32% N.D Percentagem de dias durante o período estudado em que as concentrações de O3 correspondem às respetivas classes
de qualidade do ar. ND – Dados não disponíveis.
NO2
Locais de amostragem
1 2 3 4 5 6 7 8
Muito má 0,40% 9,06% 2,78% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Má 30,52% 40,16% 42,86% 7,91% 6,35% 5,70% 0,78% 0,50%
Razoável 32,93% 44,49% 42,86% 43,48% 47,22% 31,58% 24,90% 25,87%
Boa 36,14% 6,30% 11,51% 48,62% 46,43% 62,72% 74,32% 73,63% Percentagem de dias durante o período estudado em que as concentrações de NO2 correspondem às respetivas
classes de qualidade do ar.
CO
Locais de amostragem
1 2 3 4 5 6 7 8
Muito má 8,61% 11,46% 11,98% 10,22% 8,20% 2,11% 1,98% 1,01%
Má 22,95% 39,53% 59,92% 24,89% 16,39% 12,66% 7,11% 42,71%
Razoável 68,03% 49,01% 28,10% 64,00% 49,59% 84,39% 67,98% 53,27%
Boa 0,41% 0,00% 0,00% 0,89% 25,82% 0,84% 22,92% 3,02% Percentagem de dias durante o período estudado em que as concentrações de CO correspondem às respetivas
classes de qualidade do ar.
SO2
Locais de amostragem
1 2 3 4 5 6 7 8
Muito má 1,29% 0,39% N.D 0,40% N.D 0,00% 0,00% 0,00%
Má 22,75% 3,91% N.D 11,46% N.D 0,43% 0,00% 1,99%
Razoável 48,07% 44,14% N.D 67,19% N.D 29,13% 9,69% 42,29%
Boa 27,90% 51,56% N.D 20,95% N.D 70,43% 90,31% 55,72% Percentagem de dias durante o período estudado em que as concentrações de SO2 correspondem às respetivas
classes de qualidade do ar. ND – Dados não disponíveis.
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46
PM10
Locais de amostragem
1 2 3 4 5 6 7 8
Muito má 10,98% N.D 18,52% 7,85% N.D 11,79% 4,88% 3,09%
Má 34,96% N.D 32,80% 22,31% N.D 28,82% 25,20% 22,68%
Razoável 44,72% N.D 35,98% 35,12% N.D 41,48% 41,46% 38,14%
Boa 9,35% N.D 12,70% 34,71% N.D 17,90% 28,46% 36,08% Percentagem de dias durante o período estudado em que as concentrações de PM10 correspondem às respetivas
classes de qualidade do ar. ND – Dados não disponíveis.
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47
47
Anexo 2
Concentrações de metais pesados presentes por substrato e local de amostragem:
Zn
Locais de amostragem
Substrato Concentração
µg/g
1 Líquen 76,23
Musgo 65,09
2 Líquen 80,80
Musgo 194,87
3 Líquen 71,49
Musgo 81,75
4 Líquen 176,92
Musgo 57,47
5 Líquen 55,85
Musgo 60,80
6 Líquen 65,09
Musgo 52,95
7 Líquen 52,30
Musgo 54,35
8 Líquen 49,28
Musgo 41,56 Concentrações de zinco presentes nas amostras de musgos e líquenes.
Cu
Locais de amostragem
Substrato Concentração
µg/g
1 Líquen 22,40
Musgo 22,05
2 Líquen 26,93
Musgo 69,98
3 Líquen 19,17
Musgo 23,78
4 Líquen 19,28
Musgo 15,57
5 Líquen 51,76
Musgo 17,01
6 Líquen 11,62
Musgo 14,22
7 Líquen 11,25
Musgo 19,62
8 Líquen 8,21
Musgo 15,34 Concentrações de cobre presentes nas amostras de musgos e líquenes.
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
48
48
Pb
Locais de amostragem
Substrato Concentração
µg/g
1 Líquen 16,59
Musgo 34,21
2 Líquen 19,30
Musgo 59,26
3 Líquen 18,79
Musgo 35,38
4 Líquen 16,37
Musgo 13,15
5 Líquen 20,47
Musgo 17,86
6 Líquen 20,62
Musgo 21,54
7 Líquen 12,65
Musgo 13,73
8 Líquen 13,98
Musgo 18,77 Concentrações de chumbo presentes nas amostras de musgos e líquenes.
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
49
49
Anexo 3
Distribuição das espécies de tardígrados por local de amostragem:
Local 1 – Senhora da Hora
Espécies Densidade
(ind/g)
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 1,19
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 35,58
Macrobiotus harmsworthi Murray, 1907 0,20
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 0,13
Macrobiotus lusitanicus Maucci & D. Pasa, 1984
1,19
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 2,90
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 0,86
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
0,92
Tenuibiotus sp. Pilato & Lisi, 2011 4,02 Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 1
Local 2 – Afonso Henriques
Espécies Densidade
Ind/g
Echiniscus canadensis Murray, 1910 0,52
Echiniscus mediantus Marcus, 1930 0,26
Echiniscus quadrispinosus (Richters, 1902) 0,09
Echiniscus trisetosus Cuénot, 1932 0,26
Hypsibius convergens (Urbanowicz, 1925) 0,34
Hypsibius dujardini (Doyère, 1840) 2,92
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 50,65
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 1,89
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 7,91
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
2,92
Paramacrobiotus areolatus (Murray, 1907) 5,68
Paramacrobiotus richtersi (Murray, 1911) 0,17 Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 2
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
50
50
Local 3 - Francisco Sá Carneiro (Campanhã)
Espécies Densidade
Ind/g
Hypsibius convergens (Urbanowicz, 1925) 0,12
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 19,54
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 17,68
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 0,35 Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 3
Local 4 – D.Manuel II
Espécies Densidade
Ind/g
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 0,91
Diphascon pingue (Marcus, 1936) 0,15
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 46,04
Macrobiotus echinogenitus Richters, 1904 0,08
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 0,23
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 3,10
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 0,23
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
0,23
Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 4
Local 5 - Pe Joaquim Neves (Baguim)
Espécies Densidade
Ind/g
Echiniscus testudo (Doyère, 1840) 0,09
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 0,73
Hypsibius dujardini (Doyère, 1840) 0,09
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 0,37
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 2,65
Macrobiotus lusitanicus Maucci & D. Pasa, 1984
1,00
Macrobiotus persimilis Binda & Pilato, 1972 0,55
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 4,93
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 0,73
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
1,46
Paramacrobiotus areolatus (Murray, 1907) 1,28
Paramacrobiotus richtersi (Murray, 1911) 0,55 Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 5
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
51
51
Local 6 – Meco, Perafita
Espécies Densidade
Ind/g
Echiniscus testudo (Doyère, 1840) 0,21
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 1,11
Astatumen trinacriae (Arcidiacono, 1962) 0,14
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 0,42
Macrobiotus echinogenitus Richters, 1904 0,42
Macrobiotus harmsworthi Murray, 1907 0,97
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 0,76
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 24,22
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 9,97
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
0,07
Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 6
Local 7 – Mindelo, Vila do Conde
Espécies Densidade
Ind/g
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 1,50
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 0,70
Macrobiotus harmsworthi Murray, 1907 1,60
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 0,10
Macrobiotus persimilis Binda & Pilato, 1972 11,53
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 2,00
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 0,10
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
1,30
Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 7
FCUP Tardígrados como Bioindicadores da Qualidade do ar em Meio Urbano
52
52
Local 8 – Espinho
Espécies Densidade
Ind/g
Echiniscus scabrospinosus Fontoura, 1982 0,08
Milnesium tardigradum Doyère, 1840 2,92
Diphascon pingue (Marcus, 1936) 1,00
Hypsibius dujardini (Doyère, 1840) 0,50
Astatumen trinacriae (Arcidiacono, 1962) 0,17
Ramazzottius oberhaeuseri (Doyère, 1840) 14,02
Macrobiotus harmsworthi Murray, 1907 1,50
Macrobiotus hufelandi C.A.S. Schultze, 1834 2,67
Minibiotus furcatus (Ehrenberg, 1859) 10,18
Minibiotus intermedius (Plate, 1889) 2,75
Minibiotus orthofasciatus Fontoura, Pilato, Lisi & Morais, 2009
0,75
Espécies de tardígrados e respetivas densidades populacionais encontradas no local 8